Violência, Sexualidade E Muito Mais Nos Significados Do Funk Pernambucano/ “É Nós Do Recife Para O Mundo”
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Tudo junto e misturado: violência, sexualidade e muito mais nos significados do funk pernambucano/ “É nós do Recife para o mundo” Jaciara Josefa Gomes Recife, fevereiro de 2013 143 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Tudo junto e misturado: violência, sexualidade e muito mais nos significados do funk pernambucano/ “É nós do Recife para o mundo” Jaciara Josefa Gomes Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial, para obtenção do Grau de Doutora em Linguística. Orientadora: Prof.ª Drª. Virgínia Leal Recife, fevereiro de 2013 Catalogação na fonte Bibliotecária Maria Valéria Baltar de Abreu Vasconcelos, CRB4-439 G633t Gomes, Jaciara Josefa Tudo junto e misturado: violência, sexualidade e muito mais nos significados do funk pernambucano “É nós do Recife para o mundo” / Virgínia Leal. – Recife: O Autor, 2013. 217 p.: il. Orientador: Virgínia Leal. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, CAC. Linguística, 2013. Inclui bibliografia e anexos. 1. Linguística. 2. Análise do discurso. 3. Significados do Funk. 4. Violência. 5. Sexualidade. I. Leal, Virgínia (Orientador). II. Titulo. 410 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2013-73) JACIARA JOSEFA GOMES Tudo junto e misturado: violência, sexualidade e muito mais nos significados do funk pernambucano/ “É nós do Recife para o mundo” Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do Grau de Doutor em Linguística em 26/02/2013. TESE APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA: _________________________________________________ Profª. Drª. Virgínia Leal Orientadora – LETRAS – UFPE _________________________________________________ Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra LETRAS – UFPE __________________________________________________ Profª. Drª. Herimatéia Ramos de Oliveira Pontes LETRAS – UFPE __________________________________________________ Profª. Drª. Vicentina Maria Ramires Borba DLCH – UFRPE ___________________________________________________ Profª. Drª. Viviane Maria Heberle LÍNGUA E LITERATURA ESTRANGEIRAS – UFSC Recife – PE 2013 A Darcy, mainha, sua força, determinação e amor me fazem seguir em frente e me tornam uma pessoa melhor. A Gilmar, meu pai de criação e coração, seus ensinamentos e trabalho me fazem buscar mais da vida e dos homens. A Gilda Lins (em memória), minha eterna professora, seu compromisso político, social e científico me orientam a ir além das aparências e a ver o mundo e os homens por múltiplos pontos de vista. Aos funkeiros pernambucanos que, através da música, reinventam a si próprios e se (re)posicionam na vida moderna. AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida, pela família, pelos amigos, por me dar paciência e sabedoria para viver. A Virgínia Leal, por me acolher em um contexto tão difícil, mas principalmente por confiar em mim como pesquisadora e, assim, permitir que eu seguisse com minhas perspectivas teóricas sem impor condições. A autonomia e o crédito que me foram dados só revelam sua extrema humildade e humanidade, além de sua valiosa competência para discutir sobre tudo. A Gilda Lins, porque não apenas me viu, acreditou em mim e em meu trabalho, mas, sobretudo, porque me mostrou aos outros, me colocou em outros espaços, me fez SER. Aos professores do PGLetras/UFPE, por me ‘contaminarem’ com o vírus da curiosidade, do querer saber, querer conhecer e querer ser. Também por me mostrarem a importância de trilhar outros caminhos, experimentar outras influências e, assim, tornar-me outra. Aos professores Benedito Bezerra, Felipe Trotta, Herimatéia Pontes, Karina Falcone, Siane Gois, Vicentina Ramires e Viviane Heberle, que leram essa pesquisa em diferentes momentos de sua realização trazendo contribuições fundamentais e possibilitando novas e importantes reformulações. Aos funcionários do PGLetras da UFPE, Diva, Jozaías e bolsistas que sempre estiveram dispostos a me ajudar, a retirar qualquer dúvida com muita afetividade. Aos meus ex-alunos da Escola Padre Machado (em Casa Amarela, Recife-PE), especialmente a Breno, Jean e Júlio, por terem ‘dado início a essa pesquisa’, por me permitirem conhecer o mundo deles, o funk produzido na Região Metropolitana do Recife. Aproveito para agradecer também a diretora, Francisca Neide, por me ajudar a organizar meus horários. Sua grandiosidade é tamanha que nossas diferenças nunca a fizeram dificultar minha vida, pelo contrário. Também aos colegas professores, especialmente a Eduardo e a Samuel. Aos meus pais, Darcy e Gilmar, Mariza e Paizinho, por estarem sempre comigo para tudo e por tudo. Por cuidarem de mim. A toda a minha família (irmãos, sobrinhos, tios, primos) por me querer bem e por estar comigo quando necessito; em especial, a Jacilene, minha irmã querida. A todos os amigos e amigas e, em especial, aos que estiveram mais presentes nos momentos críticos dessa caminhada para me aconselhar, orientar, fornecer material, tranquilizar, ouvir, fazer sorrir e ajudar a refrescar minhas ideias: Alfredina, Aliete, Ana Cristina, Carol, Clara, Gustavo Amorim, Magda e Morgana. Todos vocês foram fundamentais nesse processo e são essenciais em minha vida. À Capes, pelo auxílio financeiro no começo da pesquisa. Ao CNPq, pelo financiamento dos três últimos anos de pesquisa. A todos, muito obrigada! Quando o dj soltar MC Leozinho do Recife Quando o DJ soltar essa batida funk no teu coração Quando ouvir cantar nas rádios e nas televisão (2x) Oi vem falar que é nós Do Recife para o mundo a gente solta a voz Eu canto pra alegrar e os males espantar E sempre te direi que dentro das favelas o meu funk eu cantei e geral vibrou sempre que assistiu meu show Eu agradeço a Deus pela família linda e o dom que ele me deu Meu som toca os corações de várias gerações Quando o DJ soltar essa batida funk no teu coração Quando ouvir cantar nas rádios e nas televisão (2x) RESUMO Nessa pesquisa, buscamos responder a seguinte questão: que significados são desvelados no funk, além dos eixos de violência e sexualidade, e como se dá a construção destes? Investigamos os significados representacionais, os identificacionais e os acionais. Para tanto, nos pautamos em estudos críticos do discurso, especificamente em Fairclough, como também nas ideias de Giddens, sobre a modernidade, e de Thompson sobre ideologia que são basilares para aquele no processo de construção de significados em práticas sociais situadas. De gênero musical importado até se tornar um relevante elemento da cultura juvenil em periferias brasileiras, o funk e muitos de seus produtores e consumidores continuam sofrendo com estigmas como música de preto, favelado, bem como continuam sendo responsabilizados por propagar a violência e a prática de sexo livre. Esse é o recorte social que nos leva a investigar produções desse gênero em Pernambuco, estado de múltiplas riquezas culturais, onde não é difícil surgirem novidades na discografia. O funk pernambucano, embora muito influenciado pelas produções cariocas, mostra traços identitários bem particulares, sobretudo ao se fundir ao (tecno)brega e acentuar a temática da sexualidade. As letras analisadas são principalmente do MC Leozinho do Recife, mas também estudamos produções gravadas pelo MC Sheldon e pelos MCs Metal e Cego. Tais composições apresentam elementos bem característicos da modernidade em que processos de deslocamentos são constantes favorecendo a (re)criação de diferentes identidades, bem como a realização de várias ações não devendo então ser rotuladas de forma fixa, nem rígida, nem colocadas em fronteiras classificatórias estanques, já que é extremamente movediço o universo em que os sujeitos constituem a si próprios e constroem o mundo em que vivem. Mostramos ainda que o funk não se furta a promover reflexividade e que resulta de um processo de hibridização cultural bastante intenso, em que os atores sociais, normalmente, se comprometem com o dito, seja para estabelecer, manter ou resistir a situações de dominação. Palavras-chave: funk pernambucano, significados representacionais, significados identificacionais, significados acionais. ABSTRACT In this research we try to answer the following question: what meanings are revealed in funk, besides the violence and sexuality axis, and how are these constructed? We have investigated the representational, identificational and actional meanings. To accomplish that, we based our research on critical studies of discourse, mainly, on Fairclough’s, as well as on Giddens’ ideas about modernity and Thompson’s on ideology, which are basilar for that in the process of meaning construction in situated social practices. From musical genre, until it becomes a relevant element of juvenile culture in Brazilian outskirts, funk and many of its producers and consumers still suffer with stigmas, such a Negro, ‘favela’ dweller music, and they continue being held responsible for spreading violence and the practice of free sex. This is the social profile that led us to investigate productions of this genre in Pernambuco, State of multiple cultural richness, where it is not difficult to pop up news in discography. The Pernambucano funk, although much influenced by “cariocas” productions, show very particular identity traces, especially when merging into (techno)brega and emphasizes the sexuality thematic. The analyzed lyrics are, mainly, from “MC Leozinho do Recife”, but we have also studied productions recorded