TRAJETÓRIA DO FEMININO NO BRASIL: UM CAMINHO REPLETO DE OBSTÁCULOS

Cláudia Moraes e Silva Pereira1 Alfredo Cesar Antunes2

Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar a trajetória histórica do futsal feminino brasileiro e as implicações frente às questões de gênero. É perceptível a existência de uma tensão entre futsal e mulher atleta, no que diz respeito à representação social do futsal como um esporte masculino e a prática realizada por mulheres, em função das representações existentes em relação à construção da feminilidade. Traçar o percurso histórico da modalidade torna- se importante para interpretar o sentido da prática das diferentes agentes envolvidas no processo de constituição da modalidade. A pesquisa é de caráter qualitativo. Utiliza-se como metodologia a pesquisa bibliográfica. São selecionados artigos de periódicos científicos encontrados Portal Capes que discutem o futsal feminino no país e seus aspectos históricos. São excluídos artigos que trabalham com aspectos técnicos e de saúde referente ao futsal. Além disso, livros e outros materiais são elencados para a pesquisa. A história do futsal feminino no Brasil carrega contextos para além da prática esportiva em si, que podem se colocar como barreiras para a participação da mulher atleta na modalidade. Contextos estes vinculados a concepção histórica da mulher na sociedade e a construção de uma imagem voltada para a feminilidade. Assim, buscamos relacionar na história aspectos de gênero que influenciam a consolidação da modalidade no país.

Palavras-chave: Futsal feminino; História; Gênero. Introdução Discutir sociologicamente o esporte moderno é ir além da melhor tática ou estratégica para se vencer um campeonato. Esporte possui um caráter polissêmico, ou seja, possui vários sentidos e significados, mediante ao contexto em que está inserido. Wanderley Marchi Jr (2004, p. 5) conceitua o esporte como “[...] uma atividade física em constante desenvolvimento, construída e determinada conforme uma perspectiva sociocultural, e em franco processo de profissionalização, mercantilização e espetacularização”. Entender o esporte desta maneira permite identificar as relações (internas e externas) existentes em uma modalidade esportiva e quais os reais interesses que se colocam através da realização e investimento na modalidade. Especificamente, a trajetória do futsal feminino possui elementos diferenciados do futsal masculino no Brasil. A participação feminina passa por inúmeras restrições e complicações em função do contexto social da mulher esportista no país e pela construção do futebol como esporte nacional masculino. Em relação à implementação da modalidade no país, uma das barreiras mais relevantes ocorreu vinculada à política nacional. Em 1941 foi elaborado o Decreto-Lei 3199 que proibia a participação das mulheres em esportes que não condiziam com a feminilidade. Em seu artigo 54 está explícito: “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições

1 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil. 2 Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Brasil.

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de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país” (BRASIL, 1941, p. 1). As mulheres foram proibidas de participar de esportes como futebol, futsal, hugby, lutas, polo aquático e halterofilismo. Apenas em 1979 o decreto foi revogado. A participação feminina dentro do campo esportivo emerge de um contexto e social relacionado a papéis e funções sociais da mulher construídas historicamente. Segundo Rubio e Simões (1999, p.50) "o papel desempenhado pela mulher no esporte confunde-se e mescla-se com seu papel social na história da humanidade, história essa escrita e interpretada de um ponto de vista masculino". A partir disso, mulher e esporte se apresenta como uma relação repleta de nuances. Ainda assim, como dados relevantes, a seleção brasileira de futsal feminino, desde a sua consolidação no campo esportivo, conquistou todos os títulos internacionais disputados. No Campeonato Sul-Americano de Futsal Feminino organizado nos anos de 2005, 2007, 2009 e 2011 as atletas brasileiras saíram vitoriosas, assim como nas cinco edições do Campeonato Mundial Feminino de Futsal, nos anos de 2010, 2011, 2012, 2013, 2014 (CBFS, 2015). Nesse aspecto, intentamos refletir a trajetória do futsal feminino no Brasil a fim de observar a existência de possíveis barreiras e limitações mediante resultados positivos em competições esportivas internacionais. Entendendo o esporte como fenômeno sociocultural, é possível que as vitórias da Seleção Brasileira não representem as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na prática do futsal feminino, o que nos possibilita aprofundar em questões históricas e culturais da participação da mulher no esporte.

Reflexões acerca do subcampo esportivo futsal e as implicações na participação feminina O esporte da atualidade é denominado de esporte moderno, diferente de outros contextos históricos no qual este esteve presente. Como definição, o esporte é um fenômeno social e processual presente na sociedade contemporânea, repleto de significados e sentidos que se entrelaçam no contexto esportivo, vinculados a processos de mercantilização, espetacularização e profissionalização (MARCHI JUNIOR, 2004; SALVINI, 2012). Para uma leitura adequada do esporte é possível uma análise relacional baseada na Teoria Reflexiva de Bourdieu realizada pela “análise da relação entre posições sociais (conceito relacional), as disposições (ou os habitus) e as tomadas de posição, as ‘escolhas’ que os agentes sociais fazem nos domínios mais diferentes da prática” (BOURDIEU, 1996, p. 17, grifos do autor).

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O esporte sociologicamente pensado se insere em um campo macrossocial sofrendo influências internas e externas à sua prática e se consolida como prática social. A estrutura e o funcionamento do esporte moderno “estão fundamentados em uma lógica ditada por uma sociedade que tem como referência a produção” (RUBIO, 2011, p. 86), organizado sobre os pilares da sociedade capitalista. Nesse aspecto, o esporte moderno pode ser considerado um produto a ser consumido, um espetáculo a ser vendido e uma profissão a ser adquirida. O futsal, como todo e qualquer esporte, está imerso neste contexto relacional. Originário nacionalmente da Associação de Moços de São Paulo, em 1940, a modalidade surge das “peladas” organizadas em quadras e basquete e hóquei como uma adaptação da prática do futebol de campo, já que havia grandes dificuldades de se encontrar campos livre para a realização do futebol. Surge primeiramente como futebol de salão3 (CBFS, 2015) e carrega símbolos inerentes ao futebol que se transferem ao futsal, pela proximidade entre as modalidades e pela grande repercussão nacional. Entre o futebol e o futsal, o futebol em termos de mercantilização, espetacularização e profissionalização pode ser considerado o campo de maior destaque no contexto esportivo. Já o futsal ainda busca o seu espaço. Considera-se na pesquisa o futsal como subcampo dentro do campo esportivo. De acordo com a Teoria Reflexiva de Pierre Bourdieu, campo é um espaço social estruturado que ao mesmo tempo se apresenta como um campo de forças representado pelas necessidades dos agentes envolvidos e como um campo de lutas, no qual os agentes se enfrentam conforme as posições no campo de forças. Tais relações podem determinar a conservação ou a transformação da estrutura do campo (BOURDIEU, 1996). Pode ser entendido como um espaço de lutas e de disputas entre “o amadorismo e o profissionalismo, o esporte-prática e o esporte-espetáculo, o esporte distintivo (de elite) e os esporte popular (de massas)” (BOURDIEU, 1993 apud MARCHI JUNIOR, 2004, p. 55). Repleto de disputas e competições, o campo esportivo se estrutura mediante interesses de agentes e instituições participantes desse campo tais como atletas, árbitros, técnicos, gestores como prováveis agentes e mídia, imprensa, confederações e patrocinadores como possíveis instituições.

3 De acordo com Wilton Carlos de Santana, o futebol de salão é o precursor do futsal. Regido e organizado pela Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), o futebol de salão surge na década de 30, sendo praticado por muitos países inclusive o Brasil. Na década de 80, houve um interesse da Federação Internacional de Futebol (FIFA – Federation Internacionale Football Association) em assumir o futebol de salão. Não obtendo sucesso, a FIFA realiza o 1º campeonato de futebol cinco (futebol de salão com regras alteradas) e obtém uma fusão deste com o futebol de salão, sem aceitação da FIFUSA. Atualmente o futebol de salão no Brasil aparece como uma modalidade marginalizada, enquanto o futsal como esporte em ascensão. (SANTANA, 2010).

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As disputas e aproximações que ocorrem dentro do subcampo vão determinar interesses e ações relacionadas aos processos de profissionalização, mercantilização e espetacularização da modalidade. Dependendo das relações de poder e das lutas dentro do subcampo do futsal, o espaço social se organiza e reorganiza na busca de adequações ou transformações da estrutura estabelecida. As instituições são responsáveis pela distribuição do capital cultural, ou seja, pela transmissão dos saberes e conhecimentos reconhecidos, podendo ser classificados como incorporado, objetivado e institucionalizado.

O capital cultural existe sob três formas, a saber: a) no estado incorporado, sob a forma de disposições duráveis do organismo. Sua acumulação está ligada ao corpo, exigindo incorporação, demanda tempo, pressupõe um trabalho de inculcação e assimilação. Esse tempo necessário deve ser investido pessoalmente pelo receptor - "tal como o bronzeamento, essa incorporação não pode efetuar-se por procuração"; b) no estado objetivado, sob a forma de bens culturais (quadros, livros, dicionários, instrumentos, máquinas), transmissíveis de maneira relativamente instantânea quanto à propriedade jurídica. Todavia, as condições de sua apropriação específica submetem-se às mesmas leis de transmissão do capital cultural em estado incorporado; c) no estado institucionalizado, consolidando-se nos títulos e certificados escolares que, da mesma maneira que o dinheiro, guardam relativa independência em relação ao portador do titulo. (NOGUEIRA; CATANI, 1998, apud MARCHI JUNIOR, 2004, p. 41, grifos do autor).

Pensando no subcampo do futsal, o capital cultural em estado incorporado poderia ser relacionado com as construções sociais que mantém aspectos tradicionais de se pensar a modalidade, como no caso de identifica a prática do futsal com uma prática apenas masculina. Em estado objetivado está relacionado a livros, figuras, imagens que demonstram meninos e homens realizando a prática, o que dificilmente ocorre com atletas mulheres. E, por fim, no estado institucionalizado exemplifica-se a formação profissional enquanto técnicos e cientistas da área. O capital cultural incorporado define o habitus, isto porque relaciona-se diretamente às experiências individuais e coletivas dos sujeitos e a construção de comportamentos e linguagens que acompanham-no durante sua trajetória de vida.

A cada classe de posições corresponde uma classe de habitus (ou de gostos) produzidos pelos condicionamentos sociais associados á condição correspondente e, pela intermediação desses habitus e de suas capacidades geradoras, um conjunto sistemático de bens e de propriedades, vinculadas entre si por uma afinidade de estilo. [...] Uma das funções da noção de habitus é a de dar conta da unidade de estilo que vincula as práticas e os bens de um agente singular ou de uma classe de agentes [...]. O habitus é esse princípio gerador e unificador que retraduz as características intrínsecas e relacionais de uma posição em um estilo de vida unívoco, isto é, em um conjunto unívoco de escolhas de pessoas, de bens, de práticas. (BOURDIEU, 1996, p.21-22).

O corpo é a objetivação do habitus no qual está sujeito a um processo de socialização. “O habitus engendra práticas ajustadas ao princípio de visão e divisão de um campo e ajusta esta construção de ordem social, àqueles que também as reconhecem e apreciam” (SALVINI, 2012, p.

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50). Nesse sentido, aproximações de comportamentos, gostos e estilos de vida das atletas de futsal feminino podem se aproximar ao masculino, pela consolidação do habitus existente no subcampo do futsal já estabelecido. Assumir este habitus pode estar relacionado a uma estratégia para maior aceitação em um campo que historicamente se construiu como masculino. Por outro lado, ocorre uma dinâmica de tentar feminizar os corpos das mulheres futebolísticas, feminizando a aparência de seus corpos, na tentativa de construir uma identidade do futsal feminino mais próxima aos ideais sociais esperados pela mulher atleta (GOELLNER, 2006). Reforça-se assim o habitus referente a feminilidade da atleta relacionada ao “belo sexo”, ao corpo dócil e delicado, longe de processos de masculinização que possam surgir com a prática do futsal. Estabelece, portanto, a sociedade que Bourdieu (2010) denomina de androcêntrica4 em que se constituem esquemas classificatórios que revelam os modelos que devem ser seguidos e que são absorvidos a partir do que se denomina de dominação masculina, através da violência simbólica. O autor nomeia de ‘poder simbólico’ a relação de poder estabelecida na sociedade sem uso de força física, mas um poder invisível, que coloca todos os seres humanos submetidos à ordem androcêntrica. Sendo campo esportivo um espaço amplo, de intensas negociações e conflitos, composto por diferentes estruturas e agentes que possuem um capital cultural e um habitus construído, a inserção das mulheres no esporte passa por “batalhas” e disputas enfrentadas para se inserirem neste espaço social (BOURDIEU, 1996).

Aspectos Metodológicos A fim de sustentar a pesquisa com artigos e discussões atuais sobre a temática pesquisada, buscamos artigos científicos que, em seu desenvolvimento, explanassem sobre a trajetória do futsal feminino no Brasil. Optamos em trabalhar com o Portal Capes, por ser uma base de dados acessível e disponível facilmente. Em primeira busca obtivemos 410 artigos que levantamos com a palavra-chave futsal feminino. Quando refinamos a busca por artigos analisados por pares, obtivemos um total de 117 artigos publicados entre os anos de 2007 e 2016. Não restringimos a análise em base a um critério

4 Na lógica androcêntrica, Bourdieu (2010) desenvolve o conceito de que o homem situa-se como o centro da sociedade e todos os outros elementos constituintes desta se colocam na lógica de satisfação ao modelo masculino. Nesse sentido, constituem-se esquemas classificatórios que revelam os modelos que devem ser seguidos e que são absorvidos a partir do que se denomina de dominação masculina.

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temporal, já que estamos buscando aspectos históricos do desenvolvimento da modalidade e, portanto, mantemos todos os artigos encontrados. Dos 117 trabalhos que aparecem no Portal Capes, 23 destes são indicados mais do que uma vez no levantamento. Nesse aspecto o total de artigos para a análise da pesquisa se estabelece em um número de 94 trabalhos válidos para a primeira análise. Como critério para seleção, realizamos a leitura de todos os resumos dos 94 artigos a fim de encontrar relações com a história do futsal feminino e aspectos históricos que contribuíram com o desenvolvimento da modalidade esportiva. Foram excluídos artigos com as seguintes temáticas encontradas: futsal e pedagogia do esporte, treinamento e alto rendimento no futsal, motivação e aspectos da aprendizagem motora pelo futsal, temas que não envolvesse diretamente o futsal feminino como aspectos nutricionais de atletas da modalidade, todos os quais não apresentavam nenhum aspecto referente a história do futsal feminino. A partir disso delimitamos 11 artigos que compõe a análise da pesquisa, como observamos no organograma abaixo: Figura 1 - Organograma representativo da seleção dos artigos analisados para a pesquisa

293 83 410 94 117 11

23 Fonte: Os autores

Os 11 artigos que selecionamos estão representados em uma tabela a qual delimita os autores, o título, as palavras-chave e o objetivo. Percebemos que nenhum artigo trata exclusivamente sobre a trajetória do futsal feminino, contudo são trabalhos que apresentam em seu desenvolvimento aspectos históricos da modalidade, vezes de forma menos frequente, vezes de forma mais profunda. Tabela 1 - Relação dos artigos selecionados para análise

Autor Título Palavras-chave Objetivo BASTOS, P.V.; O futsal feminino escolar Futsal; Futsal Realizar levantamento e quantificar os dados NAVARRO, A.C. feminino; Prática primários sobre a prática do futsal feminino escolar. escolar. ROSA, C.F., A prática do futsal Futsal; Formação; O objetivo foi investigar a presença do futsal COSTA, N.G.R; feminino na formação Futebol; no histórico de formação de jogadoras da elite NAVARRO, A.C. das jogadoras brasileiras Feminino; do futebol. de futebol. Contribuição. FELTRIN, M.B. Caracterização de Futebol Feminino; Quantificar o total de estudos na literatura LOPES, C.H.; praticantes de futebol Atletas; brasileira que buscaram investigar e NAVARRO, A.C. feminino no Brasil. Treinamento; caracterizar as praticantes de futebol feminino PELLEGRINOTTI; Caracterização. do país. I. .L.; DELAFIORI,

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R. MARTINS, L.N Futsal feminino: perfil Futsal feminino; Identificar o perfil das atletas de futsal das atletas nos jogos de Prática feminino da categoria adulta da região central 2012 sistemática; do estado de Minas Gerais e discutir possíveis e implicações Iniciação implicações para a modalidade. pedagógicas esportiva. LISBÔA,I. ; Análise dos índices de Índice de Massa Analisar os Índices de Massa Corpórea de MEDEIROS, W.; massa corpórea nas Corpórea, Futebol jovens atletas de futebol do gênero feminino ROBERTO, J.; categorias de base do Feminino, de um programa de treinamento esportivo da SALES, R.P. futebol feminino de São Categorias de cidade de São José dos Campos nas suas José dos Campos-SP Base. categorias de base. CUSIN, M.A. Perfil psicológico das Futsal; Futsal Investigar o perfil psicológico das atletas NAVARRO, A.C atletas femininas da Feminino; Perfil femininas da federação paulista de futsal federação paulista de Psicológico; Alto futsal Rendimento ROCHA; R.E.R. Composição corporal, Futsal. Avaliar a composição corporal, qualidades WALTRICK, T.; qualidades físicas e Composição, físicas e características dermatoglíficas das VENERA, G.D. características Corporal. atletas da Seleção Brasileira de futsal dermatoglíficas das Qualidades feminino por posição de jogo. atletas da seleção Físicas. brasileira de futsal Predisposição feminino por posição de Genética. jogo. MÉDICI, B.M.; Perfil nutricional de Composição Avaliar o perfil nutricional de jogadores CAPARROS, D.R.; jogadores profissionais corporal; profissionais de futsal NACIF, M. de futsal Comportamento alimentar; Hidratação MOREIRA, M.A. Perfil de IMC, Futsal feminino; O objetivo desse estudo foi de verificar e NAVARRO, A.C.; somatotipo, agilidade e Categoria; IMC; comparar às possíveis diferenças do índice de ZANETTI, M.C. resistência anaeróbica Somatotipo; massa corporal (IMC), somatotipo, agilidade láctica de atletas de Testes físicos. e resistência anaeróbica láctica de atletas de futsal feminino das futsal feminino das categorias sub 15, 17, 19 e categorias sub 15, 17, 19 adultos do município de São José do Rio e adulto. Pardo. MENEZES, R.V.; Influência de um período Futebol; O objetivo deste estudo foi verificar avaliar e LOPES, A.G. de preparação física na Resistência física; analisar alterações na resistência aeróbia em capacidade de resistência Aptidão física. universitárias praticantes de futsal. aeróbia em universitárias praticantes de futsal SILVA; F.M.; Perfil de lesões Fisioterapia; Neste estudo, objetivou-se caracterizar os SILVA; J.A.M.D.; desportivas em atletas de Futebol; tipos de lesões em atletas do sexo feminino, ALMEIDA NETO, futsal feminino de Traumatismos em praticantes de futsal A.F.; SALATE, Marília atletas. A.C.B. Fonte: Os autores Os artigos foram lidos na íntegra e os elementos históricos sobre a trajetória do futsal feminino no Brasil são apresentados nos resultados da pesquisa.

Resultados Como resultado do levantamento das fontes o primeiro tópico que sistematizamos foi a cronologia dos acontecimentos em relação à modalidade no país. Bastos e Navarro (2009), ao

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estudar sobre o futsal feminino escolar, trazem a tona alguns aspectos do caminho traçado pelo futsal feminino no país. Das informações obtidas por esta pesquisa em conjunto com os artigos de Martins (2013), Lisboa, Medeiros e Sales (2014), Rocha, Waltrick e Venera (2013), Medici, Caparros e Nacif (2012), Moreira, Navarro e Zanetti (2014), construímos a cronologia abaixo: Tabela 2 - Trajetória Cronológica do Futsal Feminino

Ano Acontecimento 1928 Primeira participação das mulheres nos esportes nas Olimpíadas de Amsterdã 1930 O Futsal ou “Futebol de salão” teve origem na América do Sul, mais especificamente em Montevidéu (Uruguai), na década de 30, através do professor Juan Carlos Ceriani. Na mesma época o esporte chegou ao Brasil. 1941 Proibição das mulheres em participar de modalidades esportivas pelo Decreto Lei 3199 1965 Deliberação do Conselho Nacional de Desportos nº 7/65: proibição de práticas esportivas pelas mulheres tais como: lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, pólo aquático, pólo, rugby, halterofilismo e baseball. 1979 Revogação do Decreto Lei e da Deliberação do Conselho Nacional de Desportos 1982 Primeiro Campeonato Mundial de Futsal 1983 A prática do futsal feminino foi autorizada pela FIFUSA (Federação Internacional de Futebol de Salão). O Conselho Nacional de Desportos liberou a prática do Futebol e Futsal para as mulheres e a prática do futsal feminino se oficializou. 1986 Resolução nº2: o Conselho Nacional de Desporto baixou a Recomendação nº2 que reconheceu a necessidade de estimular a participação da mulher nas diversas modalidades desportivas no país, mas nenhuma prática estava oficializada pela CBFS. 1987 A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já havia cadastrado quarenta mil jogadoras e dois mil clubes de futebol. 1992 Foi organizado o primeiro campeonato oficial pena CBFS: I Taça Brasil de Clubes com 10 equipes participantes indicadas pelas Federações. Foram organizados campeonatos estaduais em quase todos os estados que garantiriam vagas para as próximas edições da Taça Brasil. 2001 Realização de campeonatos com participantes juvenis. Convocação da primeira seleção brasileira de futsal feminino para um desafio internacional contra o Paraguai. 2002 Realização do primeiro Campeonato Brasileiro de Seleções Femininas na cidade de São Paulo 2003 Surgiram as competições de categorias de base (sb-15, sub- 17, sub-20 e adulto). A CBFS organiza a primeira competição Taça Brasil de Clubes para categoria sub-20. 2004 Acontece a primeira Taça Brasil sub-15 2005 Acontece os Jogos Abertos Brasileiros onde participaram os campeões dos estados do Paraná, , , do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Ainda foi convocada mais uma vez a seleção brasileira para fazer amistosos na Espanha, cuja equipe foi considerada uma das melhores do mundo. Disputou o I Campeonato Sul Americano na cidade de Barueri contra as equipes do Paraguai, Uruguai, Argentina, Peru e Equador. Ainda em 2005, a CBFS criou a I Liga Futsal Feminino com 10 equipes divididas em 3 grupos, com lançamento oficial na cidade de Londrina. Criação das Taças Brasil do Sub-15, 17, 20 e do campeonato brasileiro de seleções 2006 II Liga de Futsal feminina com 12 equipes e a seleção brasileira é convocada para mais amistosos na Espanha. 2007 A Fédération Internationale de Footbal Association (FIFA, 2007) oficializa 175 mil mulheres registradas, sendo estas participantes regulares de competições de Futsal, em todo o mundo. 2008 Realização do primeiro Campeonato Mundial de Futsal Feminino. 2012 21ª edição da Taça Brasil de Clubes. No Paraná acontece a Taça Paraná e o Paranaense feminino nas categorias mirim (sub 13), infantil (sub15) Infanto (sub17) Juvenil (sub20) e adulto. Em Minas Gerais estão sendo realizados o campeonato Metropolitano Adulto Feminino e o Estadual sub 15, 17, 20 e adulto. Fonte: Os autores

Para além dos dados cronológicos, outros elementos aparecem nos artigos que corroboram com a fundamentação teórica com a qual iniciamos o presente trabalho. O primeiro aspecto que

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encontramos foi a relação existente entre a trajetória da modalidade e a história da educação física no Brasil. A fragmentação da prática esportiva em nível educacional se apresenta na discussão de Bastos e Navarro (2009) onde afirmam que a história da educação física contribuiu para a caracterização dos comportamentos femininos e masculinos, mantendo papéis sexuais distintos e determinados pelo sexo. Quando a educação física é introduzida nas escolas, a participação das meninas nas práticas esportivas foi restrita. Bastos e Navarro (2009) também chamam a atenção para comparação na educação de meninos e meninas, onde aqueles são livres e libertos, jogam bola na rua e desenvolvem atividades relacionadas a motricidade ampla. Enquanto que as meninas cabem o desencorajamento e a proibição de brincadeiras e atividades amplas em detrimento de atividades que desenvolvam a motricidade fina. No mesmo sentido, Cusin e Navarro (2013) e Menezes e Lopes (2015) relacionam a trajetória do futsal feminino com aspectos históricos e culturais do desenvolvimento do esporte na sociedade, e as influências dos valores de gênero neste processo. Com base das discussões de Kinijnik, os autores ressaltam o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho nas décadas de 60 e 70 que interferiu na inserção das mesmas no esporte, já que este é entendido como fenômeno cultural e social. Com o desenvolvimento do esporte moderno, a mulher passa a contribuir nas funções de treinadora, dirigente, árbitra, repórter, apresentadora de programas esportivos, dentre outros. Ainda, destacam a existência de diferenças na frequência de participantes mulheres em atividades físico-esportivas e no esporte de rendimento, que se estabelecem em ideias do senso comum a partir de estereótipos que ainda inibem a participação feminina. Por fim, dois artigos se preocuparam em refletir algumas barreiras contemporâneas que as atletas encontram por treinarem futsal. Silva, Silva, Almeida Neto e Salade (2011) já apontavam para a crescente popularidade da modalidade tanto nas categorias masculinas como femininas, indicando a existência de altos níveis de habilidade técnica, tática e demanda por desempenho individual, que precisam cada vez mais de incentivo e divulgação da atividade esportiva. Feltrin, Lopes, Navarro, Pellegrinotti e Delafiori (2012) sugerem que os aspectos que bloqueiam a divulgação do futsal feminino relaciona-se a falta de tradição, cultura brasileira, estrutura tecnológica, omissão da mídia, falta de patrocinadores e, contrariando a ideia do artigo anterior, a baixa popularidade. Assim apontam como saída a adoção de um mecanismo de incentivo por parte das federações e confederações, além de capacitação dos profissionais que trabalham como o futsal feminino.

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Percebemos que três aspectos predominam nos artigos quando se trata de trajetória do futsal feminino no Brasil. O primeiro é a cronologia que nos passa a visão de como o futsal se estabelece concretamente nos espaços esportivos, principalmente no que diz respeito ao alto rendimento. O segundo aspecto foca nas discussões de gênero que influenciam tal prática, como sugerimos na fundamentação teórica da presente pesquisa. Ao compreender historicamente o esporte, é necessário observar que possui uma função social vinculada a elementos macrossociais, que auxiliam na construção de valores e condutas. Nesse aspecto, a trajetória do futsal feminino acompanha construções históricas e culturais de gênero, principalmente em relação a mulher em sociedade. Por fim, o terceiro ponto aparece na extensão do anterior, onde, a partir das reflexões sobre a mulher e o esporte, observamos barreiras e limitações acerca do investimento à modalidade em função dos aspectos culturais que perpassam o futsal feminino. Invisibilidade e falta de patrocínio aparecem como principais elementos concretos. Isto posto, concluímos que, para observar a trajetória do futsal feminino no Brasil precisamos nos aprofundar em aspectos históricos e culturais que atravessam o gênero, o esporte e a modalidade esportiva citada. Além disso, os estudos atuais pouco abordam tais aspectos, o que pode dificultar reflexões nesse sentido e a superação de barreiras apresentadas pelas pesquisas. Portanto, apontamos para a atenção para tais aspectos a fim de contribuir com uma análise mais ampla e completa sobre a trajetória do futsal feminino no país.

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TRAJECTORY OF THE FEMALE FUTSAL IN BRAZIL: A REPLY PATH OF OBSTACLES

Abstract: The objective of this work is to present the historical trajectory of Brazilian women futsal and the implications for gender issues. The existence of a tension between futsal and female athlete is perceptible, about the social representation, as a masculine sport, and the practice performed by women, in function of representations existing in relation to the construction of femininity. Tracing the historical course of the modality becomes important to interpret the meaning of the practice of the different agents involved in the process of constitution of the modality. This research is qualitative. Bibliographic research is used as methodology. Articles from Portal Capes are selected from periodical portals that discuss women's futsal in the country and its historical aspects. Articles dealing with technical and health aspects of futsal are excluded. In addition, books and other materials are listed for research. History of women's futsal in Brazil carries contexts beyond the sports practice itself, which can be placed as barriers to the participation of female athletes in the sport. These contexts are linked to the historical conception of women in society and the construction of an image focused on femininity. Therefore, we seek to relate in history aspects of gender that influence the consolidation of the modality in the country. Key-words: Woman futsal; History; Gender.

12 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X