Ecologia De Pescadores Artesanais Da Baía Da Ilha Grande
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Execução: Associação para a Pesca, Diversidade e Segurança Alimentar (FIFO), 2009 www.fisheriesandfood.org Editora RIMA (no prelo) Biblioteca Nacional no. 013239-V02 1 Ecologia de Pescadores Artesanais da Baía de Ilha Grande Estudo executado por FIFO (2009) com base no Diagnóstico Socioambiental das comunidades de Pescadores Artesanais da Baía de Ilha Grande, R.J. patrocinado por IBIO/Ministério da Justiça. Apoio: Capesca: Preac/CIS-Guanabara/Lepac/CMU [UNICAMP] & IDRC, Canadá Redação e Entrevistas: Alpina Begossi, Priscila F. Lopes e Luiz Eduardo C. de Oliveira Participação nas entrevistas de todas as comunidades: Henrique Nakano e Priscila F. Lopes Colaboradores (FIFO): Eduardo Camargo: logística na pesquisa de campo, etnomapeamentos e organização de coordenadas de pesqueiros. Mariana Clauzet: Entrevistas Renato A.M. Silvano/Ariane R. Ribeiro: Entrevistas Tainá Barreto Andreoli: Entrevistas e digitação de dados Índíce Capítulo1. Introdução 4 Capítulo 2. O Pescador Artesanal da Baía da Ilha Grande 15 Capítulo 3. Uso de Recursos Naturais 61 Capítulo 4. A Pesca na Baía da Ilha Grande: sua caracterização e seus conflitos 90 Capítulo 5. O manejo da Pesca Artesanal 153 Capítulo 6. A percepção da conservação na Baía de Ilha Grande 218 Capítulo 7. Conclusões Gerais 254 2 CAPÍTULO 1 Introdução Alpina Begossi Pesquisa e ciência - buscam a realidade e se baseiam em métodos científicos; dão suporte à credibilidade. De acordo com Wilson (2009) credibilidade é procurar garantir que o resultado científico reflita a realidade; no caso da ecologia e de outras ciências, que reflita a natureza, da forma mais próxima possível. Mesmo podendo parecer paradoxal, a pesquisa é repleta de emoção. A ecologia humana encontra-se nessa “emoção científica”: populações humanas, animais, plantas, comportamento, evolução, pescador. Cada pesquisa de campo, uma viagem; cada paper, outra viagem nos dados, números e na memória das paisagens e das pessoas que conversamos. Talvez por isso, por todo o prazer que esse trabalho diverso nos proporciona, nós ecólogos humanos acabamos por desfrutar dos lugares mais lindos desse mundo. E desse Brasil. Assim será descrever o estudo na Baía da Ilha Grande: voltar a desfrutar dos números, das comunidades que ali vivem e das suas interações e percepções sobre a natureza. Desfrutar dos que ainda usam de forma interativa a natureza e o mar, e dos que gostariam de continuar a usá-los, no futuro. Esse estudo se baseia no Diagnóstico Socioambiental das Comunidades de Pescadores Artesanais da Baía e Ilha Grande, IBIO/FIFO 2009. Essa pesquisa foi realizada de janeiro a maio de 2009, em 34 comunidades de pescadores artesanais nas regiões de Paraty, Angra dos Reis e Ilha Grande. Entrevistamos 413 pescadores artesanais, durante o verão de 2009, de Trindade à Conceição do Jacareí, no Estado do Rio de Janeiro. Nosso interesse pela região é antigo, visto todos os trabalhos citados nesse volume sobre os pescadores artesanais da costa sudeste do Brasil ou ainda denominados “os Caiçaras da Mata Atlântica”. Em particular, nós da FIFO, abraçamos o projeto patrocinado 3 por IBIO por estarmos interessados em dar continuidade aos nossos estudos na área. Também porque havíamos submetido um projeto de pesquisa ao IDRC (Instituto de Desenvolvimento em Pesquisa do Canadá), na região de Paraty, o que aumentava nosso interesse sobre as regiões de Paraty, Angra do Reis e Ilhas da Gipóia e Grande. O projeto citado foi aprovado: esse estudo então também fornecerá subsídios para diversos outros sub-projetos sobre a Ecologia de Pescadores em Paraty. Para maiores informações, consultar www.fisheriesandfood.org. Nosso interesse também se enquadrava nas prioridades do CAPESCA (Programa: Capacitação de Pescadores Artesanais para o manejo Pesqueiro), nosso laboratório na PREAC (Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários) UNICAMP, que estaria realizando atividades no LEPAC (Laboratório de Artes e Ciências) da UNICAMP em Paraty, a partir de 2008. E, sem dúvida, o apoio de nossos amigos e colaboradores, Mohamed Habib e Carlos Fernando de Andrade (Pró-Reitor da UNICAMP (PREAC) e Professores da UNICAMP, respectivamente) nos deixavam ainda mais entusiasmados com as perspectivas de seguir a ecologia de pescadores artesanais em Paraty, através do CAPESCA e do LEPAC. No início de 2009, a parceria FIFO-CAPESCA-PREAC-IDRC, se torna mais atuante através do projeto IDRC-UNICAMP, colocando ainda na equipe o grupo de Fikret Berkes (Dist. Prof. da University of Manitoba, Canadá). Essas parcerias e atividades nos auxiliarão a continuar as pesquisas na Baía de Ilha Grande, em especial na região de Paraty, nos próximos cinco anos, incluindo o projeto sobre manejo adaptativo das comunidades pesqueiras. Esse livro Ecologia de Pescadores Artesanais da Baía de Ilha Grande poderá ainda ser útil como base de dados ou informações para o desenvolvimento de projetos na região, bem como para pescadores, alunos e interessados no mar e na pesca. 1.1. Procedimentos Os procedimentos realizados para a coleta de dados em janeiro e fevereiro de 2009, nas 34 comunidades pesqueiras artesanais de Paraty, Angra dos Reis, Ilhas da Gipóia e Grande, incluíram a realização de entrevistas abertas e semi-estruturadas com pescadores artesanais, bem como a realização de reuniões para o retorno dos resultados obtidos aos pescadores artesanais. Visando contribuir para compreender as interações do que denominamos “livelihood” ou Modo de Vida das comunidades locais de pescadores artesanais (Capítulo III) com a natureza e com as dinâmicas locais e regionais da Baía da Ilha Grande, elaboramos um Questionário (Anexo 1.1), para servir de base para as entrevistas com pescadores artesanais da Baía de Ilha Grande. Esse questionário inclui cinco módulos: aspectos sociais, sobre a pesca, sobre os peixes, sobre o uso dos recursos naturais e sobre a relação com a conservação. A escolha desses módulos se deve a importância de compreender pelo menos quatro aspectos das populações de pescadores artesanais, visando analisar o seu contexto de vida, o uso do espaço e recursos, bem como sua dinâmica de decisões (Begossi, 2008): 1) compreender o uso do ambiente onde as comunidades de pescadores artesanais estão inseridas; 2) conhecer o uso do espaço marinho dos pescadores artesanais; 3) obter 4 informações sobre a dinâmica de seus comportamentos e processos e decisões; e 4) adquirir dados sobre o conhecimento que os pescadores possuem sobre as espécies. Ou seja, a escolha desses módulos tem como base a necessidade de obter as informações sobre a inserção ecológica e econômica dos pescadores artesanais e de suas famílias. Os módulos do questionário usado nas entrevistas abordaram esses aspectos, especialmente os aspectos 1 e 2. Os dois últimos, 3 e 4, pudemos inferir a partir da análise dos resultados obtidos nos capítulos que seguem (II a VI). Esses métodos fazem parte de métodos usados, com pescadores artesanais da Mata Atlântica e da Amazônia, nas áreas de Ecologia Humana e Etnobiogia (Begossi et al., 2004; Silvano et al., 2008). Para endereçar as particularidades locais, ou seja, os diferentes tamanhos populacionais de cada comunidade de pescadores artesanais, utilizamos o procedimento de entrevistas em residências (dos pescadores), na forma a seguir (exceção a esse método deu-se em uma comunidade, no Perequê, Angra dos Reis, onde foram entrevistados 18 pescadores reunidos por um pescador da própria comunidade). a. Comunidades com até 50 famílias: entrevistas em todas as casas. b. Comunidades com 50 famílias ou mais: entrevistas em 50% das casas, uma casa sim e uma não. Caso uma casa estivesse fechada, a seguinte seria abordada. As entrevistas foram realizadas com pescadores artesanais, maiores de 18 anos, que pescam em tempo parcial ou integral, que utilizam apetrechos de relativo baixo esforço de pesca ou de pequena escala (linha e anzol, espinheis, redes e outros), que pescam através de barcos de pequeno porte, na “costeira”, ou em canoas a motor ou remos e que não sejam pescadores embarcados (trabalham em traineiras e arrastos de grande porte). Em sua maioria, o tempo das entrevistas com cada pescador variou, aproximadamente, entre 15-30 minutos. As entrevistas, baseadas em questionários (Anexo 1.1), abordaram cinco módulos do diagnóstico-socioambiental. A- Dados Pessoais: nome, local de nascimento, tempo moradia, estado civil, escolaridade, condições de saneamento, condições de renda, dentre outros. B- Pesca e Peixes: • Pesca: tempo como pescador, pesqueiros ou pontos de pesca, resultados da ultima pescaria, venda do pescado, variação em abundância no pescado e renda da pesca artesanal, dentre outros. • Peixes: espécies mais freqüentes, método ou apetrecho empregado na pesca, local de desenvolvimento da espécie citada e época de ocorrência da mesma. C- Uso de Recursos Naturais: pescado mais utilizado para consumo e para a venda, espécies de pescado que são usadas na medicina caseira, espécies de plantas extraídas de ambientes naturais e espécies cultivadas. 5 D- Conflitos, Unidades de Conservação e Outros: problemas e sugestões sobre os recursos pesqueiros e sobre a sua própria comunidade, percepção sobre as unidades de conservação locais, bem como sobre a situação atual dos recursos pesqueiros, dentre outros. O resultado desse estudo inclui 34 comunidades de pescadores artesanais das regiões de Paraty, Angra dos Reis e Ilha Grande. As 34 comunidades de pescadores artesanais, de Trindade a Conceição de Jacareí (Paraty, Angra dos Reis e Ilha da Gipóia e Ilha Grande), são a seguir: REGIÃO DE PARATY 1.Trindade 2. Praia do Sono 4. Ponta Negra 4. Cajaíba (Pouso incluído) 5. Saco do Mamanguá (Baixios e Cruzeiro) 6. Paraty-Mirim 7. Ilha do Algodão 8. Ponta Grossa 9. Paraty (inclui Parque Imperial, Mangueira, Chácara, Pontal, Jabaquara e Ilha das Cobras) 10. Ilha do Araújo 11. Praia Grande 12. São Gonçalo 13. Tarituba ANGRA 14. Perequê 15. Mambucaba 16. Frade 17. Vila Velha (aqui Mercado) 18. Ponta Leste 19.Garatucaia ILHA GRANDE 20. Ilha da Gipóia 21. Abraaõ 22. Saco do Céu 23. Japariz 24. Bananal 25. Matariz 26. Sítio Forte 27. Maguariqueçaba 28.Praia Longa 29. Araçatiba 30. Praia Vermelha 31.