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Ação antibacteriana e antiaderente de Cochliocarpum (gomez) macbr sobre microrganismos orais Antimicrobial and antiadherent activity of pithecellobium cochliocarpum (gomez) macbr tested on oral microorganisms O presente artigo corresponde à parte da tese de Doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas pela UFPE. Renata Patrícia Freitas Soares de Jesus1, Maria Regina Macedo Costa2, Isla Vanessa Bastos3, Geraldo Bosco Lindoso Couto4 , Maria do Socorro Vieira Pereira5, Ivone Antônia de Souza6

1Doutoranda em Ciências Farmacêuticas pela UFPE 2Mestranda em Odontologia Social pela UFPB 3Mestranda em Ciências Farmacêuticas pela UFPE 4Professor Adjunto do Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva da UFPE 5Professora Adjunta do Departamento de Biologia Molecular da UFPB 6Professora Adjunta do Departamento de Antibióticos da UFPE

DESCRITORES: RESUMO

Pithecellobium cochliocarpum; Atividade O biofi lme dental é o fator de maior importância na etiologia da cárie e das doenças periodontais . Diversos antimicrobiana; Atividade antiaderente. produtos de origem v egetal mostraram ser pot encialmente interessantes no que se r efere a sua atividade antimicrobiana. O objetivo do estudo foi o de avaliar a atividade antibacteriana e antiaderente do Pithecello- bium cochliocarpum (Gomez) Macbr. (babatenon) frente Streptococcus mutans, S. sanguinis, S. salivarius, S. mitis, S. oralis e Lactobacillus casei. Para a determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM), os ensaios foram realizados em triplicata, em meio sólido, através da técnica de Ágar-Difusão em placas de Petri. Em rela- ção à determinação da Concentração Inibitória Mínima de Aderência (CIMA) da bactéria ao vidro na presença de sacarose a 5%, utilizou-se a técnica dos tubos inclinados. Em estudo comparativo, foi determinada a CIM e a CIMA do digluconato de clorexidina a 0,12%. Quanto à CIM, o Pithecellobium cochliocarpum apresentou atividade antibacteriana similar ao digluconato de clorexidina frente a todas as linhagens ensaiadas. Os halos variaram entre 10 a 30mm c om resultado destacado (até a diluição 1:512) frente a S. sanguinis, S. oralis e L. casei. Já a CIMA frente ao babatenon mostrou-se efetivo na inibição da aderência até a última diluição consi- derada (1:512) para S. sanguinis, S. mitis e S. oralis, apresentando desempenho médio superior à clorexidina. Conclui-se que o Pithecellobium cochliocarpum apresentou potencial atividade antimicrobiana e antiaderente, ressaltando a impor tância de se a valiar um agent e fi toterápico mais ac essível à população com perspectiva da prescrição nos serviços de Atenção Básica, estando em consonância com as novas dire- trizes do Ministério da Saúde. 331 Keywords: Abstract

Abarema cochliocarpa, antimicr obial ac ti- The dental biofi lm is the major factor in the etiology of caries and periodontal diseases. Several products have vity, antiadherent activity. shown to be potentially inter esting with r egard to its antimicr obial activity. The aim of this study w as to ev aluate the antibacterial and adher ent the ethanol ex tract of P ithecellobium cochliocarpum (Gomez) Macbr (babatenon) front Streptococcus mutans, Streptococcus sanguinis, Streptococcus salivarius, Streptococcus mitis, Streptococcus oralis and Lactobacillus casei. To determine the minimum inhibitor y concentration (MIC) tests were perfomed in tri- plicate on solid medium, using the technique of A gar Diff usion in petri dishes r elation to determining the minimum inhibitory concentration of adherence (CIMA) of the bac teria to glass in the pr esence of sucrose at 5%, w e used the technique of inclined tubes . In a c omparative study, it w as determined the CIM and CIMA v alues of chlorhexidine 0.12%. As for CIM, P ithecellobium cochliocarpum showed antibacterial activity similar to chlorhexidine gluc onate against all strains tested. The zones ranged from 10 to 30 mm with outstanding results (up to dilution 1:512) against S. sanguinis, S. oralis and L. casei. Already the CIMA in relation the babatenon was eff ective in inhibiting adhesion to the last dilution was considered (1:512) for S. sanguinis, S.oralis and S. mitis, showing average performance than chlorhe- xidine. It is concluded that Pithecellobium cochliocarpum showed signifi cant antimicrobial activity and antiadherent emphasizing the importance of evaluating an agent herbal medicine mor e accessible to people with perspec tive of the prescription in primary care services, and in line with new guidelines from the Ministry of Health.

Endereço para correspondência Renata Patrícia Freitas Soares de Jesus Rua do Sossego, 246/32 - Ed. Lotus Boa Vista – Recife/PE CEP: 50.050-080 INTRODUÇÃO de programas preventivos e curativos tem estimulado a As infecções humanas, particularmente aquelas avaliação da atividade de dif erentes extratos de plantas que en volvem a pele e muc osas, c onstituem um sério para o controle do biofi lme dental bem como de outras problema, especialmente em países desen volvidos tro- afecções bucais. Inúmeros trabalhos vêm sendo realiza- picais e subtropicais. As plantas têm sido valorizadas dos par a a valiação de espécies v egetais na Odont olo- como produtos naturais importantes para a manuten- gia2,3, 4,5. ção da saúde , especialment e na última década, c om a O Brasil apresenta um grande potencial para o de - realização de muitos estudos sobre terapias naturais1. O senvolvimento da Fitoterapia, inclusive no que se refere importante cr escimento mundial da fi toterapia dentro à Odont ologia, vinculado ao c onhecimento tradicional

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e tecnologia para validar cientifi camente este esclareci- badas a 37ºC por 18-20 horas em micr oaerofi lia. Foram mento6. Atualmente a F itoterapia faz par te do Sist ema realizadas perfurações no meio de cultura (Agar Mueller Único de Saúde, sendo possível a sua inclusão médica e Hinton – DIFCO, acrescido de sacar ose a 5%) de apr oxi- odontológica7,8. madamente 6mm de diâmetr o. Nos orifícios , c olocou- Pithecellobium c ochiliocarpum ( Gomez) M acbr é -se um v olume de 50 µl da sol ução do ex trato diluído, uma árvore de grande porte endêmica do Brasil perten- variando de 1:1 a 1:5 12. A s placas f oram incubadas em cente L eguminosae-mimosaceae, enc ontrada na M ata estufa bacteriológica a 37ºC por um período de 24 ho - Atlântica. Sua dec ocção tem sido amplament e utilizada ras. Os mesmos pr ocedimentos f oram r ealizados c om pela população devido a sua pr opriedade antisséptica, o gluconato de clor exidina a 0,12% (c ontrole positivo). cicatrizante, anti-infl amatória, analgésica e antiulcerogê- Cada ensaio f oi realizado em duplicata fr ente a cada li- nica8. É c onhecida popularmente como babatenon, ba- nhagem selecionada. F oi considerada como CIM a me - batimão ou barbatimão. Estudos fi toquímicos relatam a nor concentração do extrato que inibiu completamente presença de saponinas, fl avonoides, catequinas e terpe- o crescimento bacteriológico. nos. Poucos estudos t êm demonstrado suas atividades biológicas. Estudo realizado com o ex trato hidroalcoóli- Determinação da Concentração Inibitória Mínima de co das cascas de P. cochliocarpum demonstrou atividade Aderência antibacteriana em cepas Gram-positivas9, 10. A c oncentração I nibitória M ínima de A derência Em virtude da biodiversidade presente nos diferen- (CIMA) da bac téria ao vidr o foi determinada na pr esen- tes biomas brasileir os, exist e uma cr escente demanda ça de sacar ose a 5%, de ac ordo com Gerbara, Zar detto para pr odutos naturais que impulsionam as in vestiga- e M ayer (1996), usando -se c oncentrações cr escentes e ções científi cas e a busca por dr ogas naturais. Assim, o dobradas da solução diluída do extrato, variando de 1:1 objetivo deste estudo foi o de verifi car a ação antimicro- a 1:512. A partir do crescimento overnight, as linhagens biana e antiaderente do extrato das cascas de P. cochlio- foram subcultivadas a 37ºC em caldo Müeller-H inton carpum (Gomez) Macbr frente a Str eptococcus mutans, (DIFCO), em micr oaerofi lia, por um período de 40min, S. sanguinis, S. salivarius, S. mitis, S. oralis e Lactobacillus obtendo-se um inóculo de 106 UFC/ml . A incubação f oi casei. a 37ºC por 24 horas em microaerofi lia, com os tubos incli- nados a 30º. Os mesmos pr ocedimentos também foram realizados com o gluconato de clorexidina a 0,12% (con- MATERIAIS E MÉTODOS trole positiv o). C ada ensaio f oi r ealizado em duplicata Material Botânico e obtenção do extrato frente a cada linhagem selecionada. A CIM A foi defi nida Amostras de P. cochliocarpum foram coletadas no como a menor concentração do agente antibacteriano NUPA (Núcleo de Pesquisa e Processamento de Alimen- que impediu a aderência bacteriana ao tubo de vidro. tos/ UFPB) em João P essoa – PB e post eriormente iden- tifi cadas pela botânica Dra. R ita de C ássia de A. P ereira. Análise estatística Uma ex cicata f oi depositada no herbário “Prof. Laur o Os r esultados obtidos no t este da C oncentração Pires Xavier”, da Universidade Federal da P araíba, sob o 332 Inibitória Mínima foram coletados, organizados e apr e- número 61.336. O processo de secagem foi efetuado em sentados em forma de tabelas com os seus respectivos temperatura ambiente, durante 24 horas. Em seguida, foi valores das médias dos halos , indicando a inibição do colocado na estufa a 33°C, durante uma semana, sendo, crescimento bac teriano. P osteriormente, os r esultados posteriormente, triturada a pó . A ex tração foi realizada obtidos foram transferidos para um banc o de dados in- em álcool etílico 95% (p/p) e , após uma semana de ma- formatizado e calculado os parâmetr os estatísticos que ceração, foi obtido o ex trato bruto por fi ltração. Este foi incluíram valor es das r espectivas medidas descritivas evaporado em rotavapor a 40°C, obtendo-se resíduo es- mínimo, máximo , média e desvio -padrão mediant e o curo e higroscópico. emprego do programa SPSS (Statistical Package for So- cial Sciences), versão 13.0. O nível de confi ança utilizado Cepas Bacterianas para a obt enção dos int ervalos foi de 95%. Utiliz ou-se, Utilizaram-se, neste estudo, linhagens bacterianas ao nível de 5% de sig nifi cância, o teste t-Student (para padronizadas de Str eptococcus mitis A TCC 903, Str ep- duas amostras independentes) na comparação da ini- tococcus sanguinis A TCC 15300, Str eptococcus mutans bição bacteriana mínima de cada ex trato em relação ao ATCC 25175, Str eptococcus salivares ATCC 7073, S. ora- digluconato de clor exidina a 0,12%. P ara o seu uso , ve- lis ATCC 10557 e Lac tobacillus casei ATCC 9595, obtidas rifi caram-se, inicialmente, as pr emissas de normalidade mediante solicitação na Fundação Tropical de Pesquisas e igualdade de variâncias atra vés dos seguint es testes: e Tecnologia “André Tozello” (Campinas- SP) e I nstituto Kolmogorov-Smirnov (uma amostra) para normalidade e Adolfo L utz (São P aulo- SP), r espectivamente. F oram Levene para verifi cação da homogeneidade dos dados. replicadas em A gar Sangue inclinado (“ slants”), e , pos- teriormente, estocadas, repicadas no Laboratório de Ge- nética de M icrorganismos – Depar tamento de Biologia RESULTADOS Molecular/CCEN, da Universidade Federal da Paraíba. Os r esultados da atividade antimicr obiana para a determinação da C oncentração I nibitória M ínima em Determinação da Atividade Antimicrobiana do Extra- meio sólido c om halos de ini bição do ex trato da casca to de Pithecellobium cochliocarpum. de babatenon sobre S. mitis , S. mutans , S. sanguinis , S. A atividade antimicr obiana em placas f oi determi- oralis, S. salivarius e L. casei estão apr esentados nas ta- nada pelo mét odo de difusão em meio sólido , para a belas 1. Nesse ensaio , fi cou demonstrado que t odas as determinação da C oncentração Inibitória Mínima (CIM) amostras utilizadas foram sensíveis ao extrato. Os halos do extrato etanólico de P. cochliocarpum (EEPc) sobre as de inibição variaram de 10 a 30mm. linhagens bacterianas. As linhagens foram cultivadas em A ação antimicr obiana f oi homogênea para as li- caldo nutritivo (BHI-Brain Hear t Infusion-DIFCO) e incu- nhagens ensaiadas, e a inibição do crescimento bacte-

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e S. sanguinis, com halo de inibição até a diluição 1:32. O S. mitis, apresentou halo de inibição até a diluição 1:16. Na tabela 3, fi cou demonstrado que o EEP c apre- sentou atividade antiaderente em todas as cepas estuda- das. O extrato etanólico de P. cochiliocarpum apresentou maior atividade antiaderente frente a todas as bactérias estudadas, quando c omparado ao c ontrole positiv o (1:16), e atividade antiader ente maior fr ente ao S. san- guinis, S. oralis e S. mitis com CIMA de 1:512.

riano diminuiu , c onforme a r edução na c oncentração do extrato, com a formação de halos de inibição a par tir do extrato bruto até a última diluição do ex trato (1:512) frente às amostras de S. sanguinis, S. oralis e L. casei. A Fi- gura 1 expressa a ação antimicrobiana in vitro do extrato

Admitiu-se normalidade para a Concentração Inibi- tória Mínima do ex trato considerado (verifi cada através do teste não-paramétrico de normalidade de Kolmogo - rov-Smirnov) e igualdade de variâncias populacionais (verifi cado através do teste de Levene) (Tabelas 4 e 5).

333 hidroalcoólico de P. cochliocarpum frente a uma amostra de S. aureus multiresistente. Em relação aos ensaios da atividade antimicr obia- na realizados com o digluconato de clorexidina a 0,12% (Tabela 2), t odas as linhagens selecionadas f oram inibi-

Conforme resultados do teste-t (tabela 6), o extrato de Babatenon teve desempenho médio superior ao Glu- conato de clorexidina a 0,12% nas c oncentrações E1:8 a E1:128 quant o à c oncentração inibit ória mínima ( CIM), entretanto houv e dif erença sig nifi cativa apenas nas concentrações E1:64 (sig. p-valor < 0,05) e E1:128 (sig. p- -valor < 0,01). A clor exidina apresentou média superior com as c oncentrações EB v s SP e E1:2, sendo , por ém, estatisticamente não-signifi cante.

das pela ação dessa substância, c omo esperado . A s li- nhagens de S. oralis, S. salivarius e L. casei foram as mais sensíveis, apresentando halo de inibição at é a diluição 1:128; o padrão de sensibilidade é seguido por S. mutans

Odontol. Clín.-Cient., Recife, 9 (4) 331-335, out./dez., 2010 www.cro-pe.org.br Ação antibacteriana e antiaderente de pithecellobium cochliocarpum (Gomez) macbr sobre microorganismo orais Jesus RPFS, et al. DISCUSSÃO C onsiderando os c onstituintes pr esentes no v e- As af ecções odont ológicas podem ser evidencia- getal, a atividade antimicrobiana positiva do extrato de das por sint omas carac terísticos de div ersas etiologias. P. cochliocarpum fr ente às amostras estudadas suger e Algumas dessas afecções vêm sendo tratadas com a fi to- ter sido devido à pr esença de compostos como taninos terapia, sendo algumas espécies vegetais indicadas nos (compostos polifenólicos), previamente encontrados na casos de gengivite, abscesso na boca, infl amação e aftas planta26, uma vez que esses compostos têm comprova- 8, 11, 12, 13 . Porém, apesar das inúmeras possibilidades de da ação antimicr obiana e possuem uma ação inespecí- uso de plantas medicinais por parte dos profi ssionais da fi ca sobre o microrganismo, rompendo a parede celular área da saúde , seu uso na odont ologia tem sido pouc o bacteriana e inibindo os sistemas enzimáticos para a for- 27 explorado, seja para tratar doenças bucais ou para tratar mação desta . doenças sistêmicas com manifestações bucais14,15, 16, 17. A resistência bacteriana frente aos antimicrobianos Os fi tofármacos aplicados em odontologia têm é considerada como um problema inerente à terapia an- assumido um papel impor tante c om atividade antimi- timicrobiana; por esse motiv o, é impor tante buscar no - crobiana e antifúng ica fr ente às af ecções bucais pelo vas fontes terapêuticas as quais sejam mais efi cazes para 28 considerável avanço do desen volvimento de derivados o tratament o de inf ecções, c omo as bac terianas . O P . naturais com ação bactericida ou fungicida12, 18, 19, 20, 21. No cochiliocarpum é uma alt ernativa extremamente viável presente estudo, as cepas bacterianas de S. mitis, S. mu- para o descobrimento de novos produtos com princípios tans e S. sanguis , S.oralis, S. salivares, L. casei f oram sus- ativos pr omissores, além de ser uma alt ernativa mais ceptíveis à ação do ex trato etanólico da casca do caule econômica no c ontrole de doenças para países em de - P.cochliocarpum. A inibição do crescimento mostrou-se senvolvimento. homogênea, de acordo com o grau de concentração do extrato. Houve uma diminuição proporcional do diâme- CONCLUSÃO tro dos halos à medida que a c oncentração diminuía, O ex trato etanólic o d a casca d e P ithecellobium conforme a tabela 01. Est es resultados foram mais sig- cochliocarpum apresentou ação antimicr obiana signifi - nifi cativos dos que os enc ontrados, quando utilizada a cativa e atividade inibitória mínima de aderência in vitro clorexidina a 0,12%, conforme tabela 02. sobre as linhagens de S. mitis , S. mutans , S. sanguis , S. O biofi lme dental é uma película de micr organis- oralis, S. salivares e L. casei, presentes no biofi lme bacte- mos que se desen volve naturalment e sobr e as super- riano supragengival, apresentando-se como opção tera- fícies dos dent es. Nas fases iniciais do seu pr ocesso de pêutica para as infecções orais, sendo acessível à popu- formação, o biofi lme bacteriano necessita de polissaca- lação, uma vez que tem seu uso difundido na medicina rídeos ex tracelulares, permitindo a adesão , interação e popular. multiplicação das bactérias22. Sabe-se que a adesão das bac térias às super fícies dentais c onstitui um pr ocesso c omplexo multifat orial, REFERÊNCIAS 334 infl uenciado pelo ambient e bucal , mor fologia dental , 1- Corrêa, MFP, Melo GO, Costa SS. Substâncias de origem superfície bacteriana e hábitos do hospedeiro e superfí- vegetal potencialmente úteis na terapia da asma. Revista cie do substrato24. De acordo com Pereira et al., (2006)17, Brasileira de Farmacognosia, 2008;18: 132-138. vários fatores estão associados a esse pr ocesso, dentre 2- C outo G BL. B iocompatibilidade d o e xtrato h idro-al- estes, a interação de proteínas, adesinas, lectinas e inte- coólico da Lippia sidoides Cham ( Verbenaceae). Revista rações hidrofóbicas. Dessa forma, a interferência com a do Conselho Regional de Odont ologia de P ernambuco, adesão bacteriana nas super fícies dos dent es pode ser 2000;3: 83-90. um caminho para se obter o controle do biofi lme den- 3- Feres M, Figueiredo LC, Barreto IM, Coelho MH, Arau- tal, e , c onsequentemente, se pr evenir a instalação de jo MW, Cortelli SC. In vitro antimicrobial activity of plant patologias orais utilizando pr odutos que c ontenham P. extracts and pr opolis in saliva samples of health y and cochliocarpum. periodontally-involved subjec ts. Journal I nternational Neste estudo, o extrato da casca de P. cochliocar- Academic of Periodontology, 2005; 7: 90-96. pum foi efetivo na inibição da ader ência das cepas utili- 4- Paixão CCB. Uso de plantas medicinais em pacient es zadas, representada pela ausência de aderência ao vidro portadores de af ecções bucais . Odont ologia Clínic o- na presença de sacarose, apresentando os melhores re- -científi ca, 2002; 1: 1-4. sultados sobre o S. sanguis , S. oralis e S. mitis , agentes 5- Vendola MC C. Equinac ea purpur ea na odont ologia. importantes envolvidos nas afecções bucais. Essa ativi- Tecnicas Esteticas, 2004; 1: 3-12. dade é representada pela ausência de aderência da bac- 6- Albuquerque UP, Hanazaki N. As pesquisas etnodirigi- téria à par ede do tubo de vidr o, demonstrando a capa- das na desc oberta de no vos fármacos de int eresse mé- cidade dos ex tratos de inibir a sínt ese do glucan o pela dico e farmacêutico: fragilidades e perspectivas. Revista glicosiltransferase24. Os resultados são promissores, uma Brasileira de Farmacognosia, 2006;16: 678-689. vez que esses micr organismos também são os maior es 7- Brasil. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigi- responsáveis pela formação do biofi lme bacteriano. lância Sanitária. Portaria nº 971, de 3 de maio de 2006. S. mutans estão diretamente envolvidos na 8- Silva MIG, Gondim APS, Nunes IFS, S ousa FCF 2006. etiopatogenia da cárie, doenças periodontais, estomati- Utilização de fi toterápicos nas unidades básicas de aten- tes e outras infecções orais por contribuírem para o de- ção à saúde da família no município de M aracanaú (CE). sequilíbrio da microbiota oral, na medida em que criam Rev Bras Farmacogn 16: 455-462 condições fa voráveis à ader ência de micr oorganismos 9- Araújo C W, Peixoto Neto PAS, Campos NV, PorfírioZ, oportunistas às super fícies dentárias , muc osas orais e Caetano LC. Antimicrobial activity of Pithecolobium ava- próteses25. Neste estudo, o ex trato de P. cochliocarpum remotermo bark. Fitoterapia, 2002; 73:698-700. apresentou atividade inibitória frente a cepas de S. mu- 10- Santos SC, F erreira FS, Rossi-Alva JC, F ernandez LG tans maior do que o gluconato de clorexidina. 2007. A tividade antimicr obiana in vi tro d o ex trato de

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