UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACDÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN

CURSO DE DESIGN

Produção de coleção moda praia

Inspirada em fotografias de moda dos anos 50 e 60.

Aluno(a): Gabriela Cavalcanti Vieira da cunha

Orientador(a): Daniela

CARUARU

2016

Gabriela Cavalcanti Vieira da Cunha

Produção de coleção moda praia Inspirada em fotografias de moda dos anos 50 e 60

Monografia apresentada junto ao curso de Design da Universidade Federal de Pernambuco, campus acadêmico do Agreste. Com a orientação da professora Daniela Nery Bracchi.

CARUARU 2016

C972p Cunha, Gabriela Cavalcanti Vieira da. Produção de coleção de moda praia inspirada em fotografias de moda dos anos 50 e 60. / Gabriela Cavalcanti Vieira da Cunha. – 2016. 83f. il. ; 30 cm.

Orientadora: Daniela Nery Bracchi Monografia (Trabalho de Conclusão de Pernambuco) – Universidade Federal de Pernambuco, CAA, Design, 2016. Inclui Referências.

1. Design. 2. Fotografia de moda. 3. Trajes de banho. 4. Semiótica. 5. Bailey, David Royston, 1938 -. 6. Dahl-Wolfe, Louise, 1895 – 1989. I. Bracchi, Daniela Nery (Orientadora). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-128)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

Gabriela Cavalcanti Vieira da Cunha

“Produção de coleção moda praia”

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera a aluna Gabriela Cavalcanti Vieira da Cunha

APROVADA

Caruaru, 11 de abril de 2016.

Professora Daniela Nery Bracchi

------

Professor Charles Leite

------

Maria Ribeiro ------

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a minha orientadora Prof.ª Daniela Bracchi, por seu estímulo e assistência. Aos professores que fizeram parte da construção da minha formação durante os anos de graduação, a minha família e amigos pela paciência e apoio.

Lista de figuras

Figura 1 Painel Ilustrando a história da moda ...... 19

Figura 2 Painel ilustrando a história da moda praia ...... 23

Figura 3 Painel demonstrativo dos modelos atuais de biquínis ...... 25

Figura 4: Painel demonstrativo dos trabalhos de David Bailey...... 36

Figura 5 - Painel demonstrativo dos trabalhos de Louise Dahl-Wolf ...... 38

Figura 6 - Coleção Cristóbal Balenciaga por David Bailey, 1965...... 39

Figura 7 - David Bailey - Jean Shrimpton, 1962...... 41

Figura 8- Helvin por David Bailey, 1971...... 43

Figura 9 Natalie Paine, por Louise Dahl-Wolf, 1950...... 45

Figura 10 Louise Dahl-Wolf para a Vogue, janeiro de 1959...... 47

Figura 11 Louise Dahl-Wolf, para a Harper's Bazaar, junho de 1950...... 49

Figura 12 - Painel representativo de público ...... 58

Figura 13 - Painel representativo do tema ...... 62

Figura 14 - Painel representativo de tendência ...... 65

Figura 15: Painel demonstrativo dos materiais testados ...... 66

Figura 16: Painel demonstrativo dos materiais selecionados para a coleção de acessórios ...... 67

Figura 17: Painel demonstrativo dos materiais selecionados para a coleção de moda praia...... 68

Figura 18 - Tabela pantone de cores ...... 69

Figura 19: 1° Modelo com as alternativas semelhantes...... 70

Figura 20: 2° Modelo com as alternativas semelhantes...... 70

Figura 21: 3° Modelo com as alternativas semelhantes...... 71

Figura 22: 4° Modelo com as alternativas semelhantes...... 71

Figura 23: 5° Modelo com as alternativas semelhantes...... 72

Figura 24: Modelos da coleção de moda praia, de nomes: Paine, Wolf e nature...... 73

Figura 25: Modelos da coleção de moda praia, nomeados como: Bailey e Jean ...... 73

Figura 26: Modelos da coleção de acessórios ...... 74

Figura 27: Modelos da coleção de acessórios ...... 75

Figura 28 - Editorial dos modelos Paine e Wolf...... 76

Figura 29- Editorial do modelo Nature...... 77

Figura 30 - Editorial dos modelos Bailey e Jean...... 78

Figura 31 - Editorial dos acessórios: Colar de sementes, colar de concha metalizada e brinco de conchinhas...... 78

Figura 32 - Editorial de acessórios: Colar concha, Colar conchas dégradé de azul e colar de pérolas com conchinhas vermelhas e rosas...... 79

Figura 33 - Fichas técnicas modelos 1,2 e 3...... 80

Figura 34 - Fichas técnicas dos modelos 4 e 5...... 80

Resumo

O trabalho que aqui está sendo desenvolvido para a conclusão do curso de design, tem como objetivo o estudo de duas grandes áreas abrangentes, o design de moda e a fotografia. Através do aprofundamento nesses tópicos e seus contextos históricos, foi possível gerar propostas dentro da produção de uma coleção de moda praia inspirada na análise semiótica de fotografias de moda dos anos 50 e 60. Ao decorrer da pesquisa são levantadas algumas questões acerca do processo de execução e a exposição das possibilidades de materiais para a criação de modelos, estampas e bordados inspirados nas estéticas de dois fotógrafos específicos do período, David Bailey e Louise Dahl-Wolfe.

Palavras-chave: Design; Moda praia; Fotografia; David Bailey; Louise Dahl- Wolfe; Análise semiótica; coleção.

Abstract

The work here is being developed for the completion of the design course aims to study two major broad area the design and photography. By deepening these topics and their historical contexts, it was possible to generate proposals in the production of a fashion collection inspired by the beach semiotics of fashion shoots analysis of 50 and 60. In the course of research some questions are raised about the process execution and exposure of the possibilities of materials for creating models, prints and embroidery inspired by the aesthetic of two specific photographers of the period , David Bailey and Louise Dahl – Wolfe.

Keywords: Design ; beachwear ; Photography; David Bailey ; Louise Dahl - Wolfe ; semiotic analysis ; collection

Sumário

Introdução 11 Fundamentação teórica 12 1. História da moda 12 2. Moda praia 19 3. O biquíni 24 4. Moda e semiótica 26 5. Fotografia de moda 29 5.1 Fotografia de moda dos anos 60 32 David Bailey 34 Louise Dahl-Wolfe 36 6. Analise semiótica das fotografias de David Bailey 38 7. Analise das fotografias de Louise Dahl-Wolfe 45 8. Metodologia do projeto 50 10.1 Público 53 8.2 Tema 58 10.3 Tendência 62 11. Desenvolvimento 66 Materiais Selecionados 67 Acessórios 67 Coleção de moda praia 68 Tabela Pantone de cores 69 Escolha dos modelos 69 9. Proposta Final 72 Coleção moda praia 72 Coleção de acessórios 74 Fichas Técnicas 80 Conclusão 81 Bibliografia 82

11

Introdução

Com a evolução da indumentária nos arquivos da história da humanidade é possível entender que a roupa que vestimos hoje é fruto de um processo de transformações sociais e tecnológicas. Dentro desses estudos ainda é possível perceber ramificações do vestuário para o uso especifico. Como as roupas esportivas, as roupas determinantes de posicionamento políticos, sociais ou religiosos, como os fardamentos, e as roupas para lazer como as usadas nas praias.

É dentro dessa análise do tempo que começamos a estudar a roupa de lazer nas praias como uma própria ramificação da moda, conhecida como moda praia (beachwear). Nas areias pelo mundo é possível notar variados modelos, em variados corpos, para variadas sociedades. Como no princípio, a moda praia não foi aceita por questões sociais que visavam o controle do pudor das pessoas. Com a modernidade que presenciamos hoje, ainda é possível analisar esse pudor por parte de camadas das sociedades, que aceitam ou não uma maior exposição do corpo, como o topless.

A moda praia hoje “sofre“ um processo de pouca exploração profissional da parte dos designers de moda, pois como em outras coleções de vestuário, ela também precisa de um estudo, criação e produção acompanhadas. É uma área de constante ascensão, principalmente em países de clima tropical, onde não há fortes oscilações climáticas. As areias são as passarelas de inúmeros modelos e tamanhos, que vão do cortininha ou de cintura alta ao maiô, ainda podemos ressaltar os trabalhos gráficos nas estampas produzidas. O problema que encontramos hoje é a falta dessas análises, onde o mercado é composto por grandes marcas caras que servem de painel de tendência e criação para outras marcas, focando a criação apenas nessas empresas maiores, que contam com o trabalho especializado de profissionais da área de design de moda, assim elas “monopolizam” e caracterizam o mercado e o consumo dentro do seguimento.

12

Fundamentação teórica

1. História da moda

Pensaremos nesse primeiro momento na moda como apenas vestimenta, pois suas origens surgiram junto com o homem. Na pré-história a roupa surgiu da necessidade de proteção climática contra o frio, pois era usando apenas folhas para cobrir as partes genitais. Assim foram introduzidas as peles de animais, elas eram presas ao corpo com tendões ou fibra vegetal, usando ossos e espinhos para fazer furos por onde eram introduzidos os fios, foram os primeiros indícios da técnica que hoje conhecemos como costura com agulhas.

Posteriormente outros indícios da história da vestimenta encontraram-se na mesopotâmia, Egito, Roma, Grécia, Creta onde a roupa já assumia o caráter de proteção, mas agora com o diferencial do adorno como cita Lipovetsky (1987). O adorno era fator importante no estudo dessas sociedades, pois foi onde começou a surgir a diferenciação social, política e cultural. Homens e mulheres vestiam-se diferente, no Egito, por exemplo, as roupas masculinas eram mais curtas. Em Creta os homens vestiam saias até a cintura presas com cintos e o torço descoberto, já as mulheres usavam saias longas em forma de sino, com babados e blusas de mangas com os seios à mostra. Já em Roma e na Grécia a diferença da indumentária masculina e feminina não foi tão marcante, porém nessas cidades, berços culturais, foi onde surgiu o luxo, lá não se media quantidade para o adorno em joias, era a busca da imposição do poder social através da roupa.

“A moda muda incessantemente, mas nem tudo nela muda. As modificações rápidas dizem respeito, sobretudo aos ornamentos e aos acessórios, às sutilezas dos enfeites e das amplitudes, enquanto a estrutura do vestuário e as formas gerais são muito mais estáveis. A mudança de moda atinge antes de tudo os elementos mais superficiais, afeta menos frequentemente o corte de conjunto dos trajes.” (LIPOVETSKY, IMPÉRIO DO EFÊMERO. p.33).

13

Na idade média a vestimenta é produzida através dos materiais existentes como a lã, o linho, o algodão, e ganharam um maior comprimento através da influência da igreja católica. Mas foi depois do período gótico que surgiu um dos fatores que podemos discutir como “moda”. Com o surgimento da burguesia e a excessiva necessidade de imposição do poder econômico, essa classe não produzia mais suas roupas em casa, elas eram mandadas para mestres alfaiates. Porém incomodados com a ascensão burguesa, os nobres começam a mudar suas roupas, pois não queriam ser copiados por essa nova camada da população, surgiu assim um ciclo de cópia e criação. O individualismo apareceu junto com os diferenciadores de sexo e classes sociais, na execução desses fatores foi marcante o uso excessivo de tecidos

Assim, com a chegada da idade moderna houve um crescimento na produção têxtil, cidades como Veneza, Florença, Milão, Gênova, eram fontes de tecidos de primeira qualidade como a seda, brocados, veludos e cetins. Todo esse luxo na produção têxtil refletiu na indumentária do período. Os vestidos femininos ganharam mais volumes, bordados, rendas e decotes. A roupa masculina acompanhou esse processo de transposição da prosperidade econômica, ganhando mais adorno e detalhes. A vestimenta era tão importante nessa época que a corte de Versalhes impôs regras de boas maneiras, modos, etiquetas e moda para toda a Europa. Mantendo assim um padrão no “vestir” baseado no conservantismo social relativo à história da vestimenta.

Já na idade contemporânea no século XIX, foi dividido em quatro fases: império, romantismo, era vitoriana e belle Époque. No período do império relativamente o foco era voltado para o conforto e para a praticidade. As roupas perderam um pouco do adorno excessivo, retornando a uma estética baseada na vestimenta Greco-Romana e na natureza. Foram tempos de

14

influências, a fonte de moda masculina era a cidade de Londres, diferente da feminina que se encontrava em Paris. No período romântico as roupas voltaram a ter uma expressão de “arte”, com volumes, tecidos pretos, estampas florais e o uso das anáguas.

Se a mudança resulta frequentemente das influências externas, do contato com povos estrangeiros dos quais se copia tal ou tal tipo de traje, é também ora impulsionada pelo soberano que se imita”. (LIPOVETSKY. P. 30)

Assim como Lipovetsky (1987) se refere ao processo de moda, no final do século XIX houve a ascensão dos alfaiates e o aparecimento de um nome importante na história da moda, Charles Frederick Worth, alfaiate e estilista. Ele foi responsável pela criação das primeiras etiquetas com o seu nome, mudou a cultura do ir à casa do cliente, criando seu próprio atelier em Paris. Ele vestia toda a elite Parisiense, inclusive a imperatriz Eugênia de Montijo que era uma celebridade naquela época, servindo de inspiração para uma parte das jovens, sendo imitada incessantemente. Ele ainda intitulou que haveria duas coleções por ano, inverno e verão, aumentando assim o consumo de moda e a produção. Foram os primeiros indícios da alta costura feminina.

A Belle Époque, período que foi do final do século XIX até começo do século XX, foi marcado pelas curvas na vestimenta, pela beleza da feminilidade e pela prosperidade econômica. Foram anos de um verdadeiro frenesi de consumo e diversão. Surgiram os bordeis, as práticas de esportes e lazer, onde surgiram roupas adaptadas a essas atividades. Para pratica de esportes como o tênis, o jogo de peteca, o arco e flecha, além da equitação, fizeram-se necessários que a parte inferior da roupa feminina diminuísse de comprimento. E para o lazer o tailleur foi aceito e muito usado, tornando-se parte do guarda-roupa.

15

Ela (A moda) não está ligada a um objeto determinado, mas é, em primeiro lugar, um dispositivo social caracterizado por uma temporalidade particularmente breve, por reviravoltas mais ou menos fantasiosas, podendo, por isso, afetar esferas muito diversas da vida coletiva. (LIPOVETSKY, 1987. P. 25).

A moda no século XX vai tomar passos mais rápidos, mudando de uma década para a outra. Nos primeiros dez anos do começo do século, mais especificadamente de 1914 a 1918 eclodiu na Europa a primeira guerra mundial. Acontecimento marcante da história da humanidade e da moda. Com os homens nos campos de batalha as mulheres foram induzidas a assumir cargos até então ocupados exclusivamente por eles, como motoristas de taxi, trabalhador industrial, nos setores administrativos, entre outros. Assim a roupa feminina mudou drasticamente, se libertando do espartilho e assumindo uma postura de guerra, mais séria, confortável e com uma maior liberdade de movimentos. Esse fator estético das mudanças na vestimenta foi um dos pontos marcantes para entender o processo de moda acelerado das décadas do século XX onde a temporalidade breve das inovações dependia de outros fatores da vida coletiva social.

Já nos anos 20, mesmo com o fim da guerra as mulheres não queriam mais assumir a postura de cuidar da casa e dos filhos, elas afirmavam sua emancipação. Lutando pelos seus direitos de trabalhar e ser moralmente livre. Com esse clima de pós-guerra e independência feminina esses anos foram marcados por mudanças estéticas fortes, como a androginia, onde as mulheres buscaram se assemelhar com os homens até fisicamente, mantendo o corte de cabelo bem curto. Os esportes, o trabalho e as pistas de dança foram fatores de consolidação do estilo da moda da época. Que girava em torno do funcionalismo, a simplificação e ao utilitarismo. Ainda nesses anos surgiu a maquiagem e o sutiã para consolidar a autonomia feminina frente à sociedade.

16

Nos anos de 1930 nos Estados Unidos, o cinema e a moda já andavam entrelaçados. Porem em 1929 houve uma crise econômica americana grave, conhecida como a queda da bolsa de valores de Nova York, que posteriormente vai somar na eclosão da segunda guerra mundial. No campo econômico o mundo havia sofrido um abalo, mas na moda os avanços foram voltados para o luxo e sofisticação. As roupas ganharam padrões como o maior comprimento das saias, que deveriam ficar a 25cm do chão, os decotes foram arrastados para as costas, tornando-a ponto erógeno da sensualidade feminina. Junto com Gabrielle Chanel surgiram nomes como Madeleine Vionnet, Madame Grès, Elsa schiaparelli, Jeanne Lanvin e Cristóbal Balenciaga.

Em 1939 inicia-se a segunda guerra mundial que vai perdurar até 1945. Basicamente os anos 40 foram influenciados pela guerra, as roupas femininas ganharam toques masculinos através da militarização. As mulheres voltaram a assumir cargos masculinos com maior frequência e até nos campos de batalhas elas estavam presentes, tanto nas enfermarias como nas fraqueiras de guerra. Havia escassez de materiais, transportes, alimentos e a Europa passava por um período de grandes problemas econômicos devido aos investimentos da guerra. Porem ao final dos conflitos, o Estados Unidos estava bem organizado com relação à produção de vestuário, já que as batalhas ocorreram em solo europeu, e foi assim que por volta de 1945 surgiu um novo método de produção de roupas em escala industrial, conhecida como readytowear. E em 1946, o Frances Jean-claude weill representante industrial viajou até solo americano para estudar esse novo processo, levando para a Europa e sendo intitulado com prêt-a-porter.

Mas até os séculos XIX e XX foi o vestuário, sem dúvida alguma, que encarou mais ostensivamente o processo de moda; ele foi o teatro das inovações formais mais aceleradas, mais caprichosas, mais espetaculares. Durante todo esse imenso período, o domínio da aparência ocupou um lugar preponderante na história da moda; se ele não traduz, à evidência, toda a estranheza do mundo das futilidades e da superficialidade, ao menos é sua melhor via de acesso. (LIPOVETSKY, 1987. P. 25)

17

O sentimento de retomada da sofisticação, do luxo e da extravagância tomou conta dos anos seguintes ao fim da guerra. Foi nos anos 50 que o estilista Christian Dior ficou mundialmente famoso, sendo o reflexo estético da moda. Com seu “new look” em 1947 ele já havia consolidado o estilo que viria a ser característica principal, saia a 45 cm do chão, cintura marcada, saia rodada e a busca pela feminilidade perdida no período de conturbação. Dior chegou a ostentar o luxo de suas peças através da quantidade de tecido, usando até em média 60 metros em um único vestido. Foi ainda nos anos 50 que surgiram os movimentos jovens de moda e contra-moda, essa parcela da sociedade começava a se importar e a exigir certas posturas sociais e econômicas. Com a guerra fria o mundo se dividia em dois polos de agitação em questão de avanços em diversas áreas, eram conflitos psicológicos entre os americanos e os russos, que criavam alternativas bélicas, espaciais e tecnológicas para se impor como economia mundial. Foi dentro dessa perspectiva de futuro que nos anos 60 a moda se apoderou de alguns traços espaciais e futuristas como o uso do plástico e do acrílico nas roupas.

O revivalismo buscando traços da moda do passado se fez presente nos anos 70. Os movimentos contra consumo de moda e os movimentos sociais tomaram conta do mundo. Os negros lutavam a favor dos seus direitos, os apoiavam a natureza, os punks surgiram como forma de protesto para com a sociedade europeia em crise. Foram anos de estilos variados com relação à moda, as saias exibiam vários comprimentos, os sapatos desfilavam modelos que iam da bota cano alto até a sandália de dedo. Foi a concretização da democratização da moda, uma moda em seu conjunto de espírito jovem.

Nos anos 80 a pluralidade de opções marcou o final do século XX, sendo palco de verdadeiros contrastes de estilo vivendo em harmonia. As pessoas se vestiam através de paramentos semelhantes de grupos da sociedade, ou através do individualismo, da criação e inovação própria. Era a liberdade para usar e escolher. Diz João Braga no livro, história da moda: uma narrativa, que “foram à maneira de ser igual entre os diferentes e, a0o

18

mesmo tempo, diferente entre os iguais de uma outra tribo.” (BRAGA,2004) Isso quer dizer que os anos 80 foram marcados pelos surgimentos de várias tribos e da busca cada vez maior do individualismo dentro das vastas áreas de opções.

Em 1990 houve a consolidação da maioria desses movimentos, gerando grupos maiores como os , , o construtivismo e a preocupação ecológica. A moda ganhou várias classificações e termos como os “stylist” que são responsáveis por pesquisar e orientar ideias de estilos vigentes dentro de uma nova sociedade cercada por inúmeras influências e estéticas. A imagem como artifício de divulgação ganhou tamanha importância, que se tornou mais importante do que o produto em si. O importante era e ainda é, ser diferente, inovador, performático e autêntico.

No século XXI a moda só fez seguir o seu curso de progresso, assumindo o posto de uma das grandes fontes empresariais mundiais. O começo desse século é importante ressaltar o aumento da individualidade através da customização das próprias peças. Paralelamente o uso de roupas que já foram moda, com o termo de vintage, o consumo de luxo também é fator de crescimento e consumo importante. Porém agora a moda por mais ampla que seja ela começa a ter divisões e características regionais, variando entre cidades, estados, regiões e países. Não há mais a centralização do processo de moda em Paris e Nova York. Por exemplo, o Brasil hoje tem suas próprias identidades de criação e estilo que circulam o mundo. Segundo a ABRAVEST (Associação Brasileira do Vestuário) o país exporta cerca de U$ 2, 087.204.000 em peças de vestuário por ano.

19

Figura 1 Painel Ilustrando a história da moda

2. Moda praia

É importante entender que os fatores que fizeram parte dos princípios da moda praia são basicamente estéticos, já que a sociedade girava em torno do pudor social, onde não era permitido mostrar as pernas, nem braços, e principalmente as virilhas. No século XIX as pessoas não tinham o costume do lazer nas praias, o banho de mar era muito mais terapêutico do que uma diversão.

Há dois séculos, as pessoas, principalmente as mulheres, não tinham o costume de ir à praia. Ao contrário, valorizava-se a pele branquíssima, estilo europeu, o bronzeado era sinal de trabalho ao sol, ao mesmo tempo em que denunciava uma classe social menos favorecida. Na época, praia era muito mais uma indicação médica do que um lazer. (FREITAS, 2002)

20

Com todo o exagero e agitação da belle époque um dos novos hábitos da sociedade eram as idas às praias e os banhos de mar. As roupas eram normalmente de lã, cobria o tronco e as pernas até os joelhos. Eram também usados sapatos, meias e por cima uma capa para aumentar a proteção. A ida até a água do mar era através de carroças que consistiam em casinhas puxadas por cavalos, para que se mantivesse o pudor até de fato o banho de mar. As damas e cavalheiros ao sair dos seus banhos iam até essas carroças para trocar de roupa e depois eram puxadas de volta para fora das areias da praia. Era intitulada “Bathing Machines” com a tradução de “maquinas de banho” era um dos principais instrumentos de conservação da decência.

Mas foi em 1920 que a moda praia surge na alta costura e como artefato de consumo de moda. Já em 1918 foi criada uma peça única voltada para os banhos de mar. A pele bronzeada entrou em vigor, a busca pela boa forma e saúde através do aumento do cientificismo e a afirmação dos estudos das propriedades positivas do banho de sol fez com que as areias passassem a ficar cada vez mais cheias. É valido também ressaltar que o surgimento do trem, facilitando a locomoção das pessoas até as praias, foi o começo do costume de manter casas e da pratica do turismo de lazer nesses lugares. Era a ostentação da vida cosmopolita. No primórdio de sua criação a roupa de banho foi elaborada também com o foco da vestimenta para esportes marítimos, praticados inicialmente por homens, constituído de um macacão que cobria o tórax e as pernas com a restrição da produção não ser nas cores branca e cor de pele, pois ao molhar ficava transparentes, a peça proporcionava certa “liberdade” de movimentos, mas mantendo a decência tão rigorosa do começo do século XX.

Em meados da década de 1920, as mulheres estavam descartando a desajeitada variedade compostas de túnica e calções em favor de modelos menores de uma peça. À medida que a década avançava, os trajes foram se tornando ainda menores. As mangas foram eliminadas e os calções foram para o nível das coxas. As roupas, tanto para homens como para mulheres, tinham sobre-saias que ocultavam a virilha, mas essa modéstia fora geralmente abandonada em meados da década. (MENDES, 2003,p.136)

21

O cinema sempre foi meio de transposição de moda, modos, disseminação de ideias, imitação. Na década de 1920 a revolução dos costumes advento do pós-guerra, onde se notava uma crescente independência feminina através do comprimento de suas saias mais curtas e de seus cabelos semelhantes aos cortes masculinos, transpassou para o modo de se vestir para os banhos de mar, onde a vestimenta se tornou um macacão mais curto, chegando à altura das coxas e mais justos ao corpo, vindo a virar o conhecido maiô logo em seguida, em 1930. Porém, o que ocorreu com a moda praia foi à adesão de estilistas famosos a produção desse vestuário, como Shiaparelli, Patou e Delaunay, que trouxeram alguns fatores estéticos como as listas e os blocos de cores. Porem a produção ainda era com a lã, tecido que causava desconforto no verão pela alta temperatura e trazia problemas de retenção da água, que deixava o tecido pesado e grudado ao corpo. Em 1930 a companhia norte americana JANTZEN, principal fabricante de roupas de banho, produziram roupas que se moldavam ao corpo através de uma nova técnica de tricotar, que propuseram uma elasticidade maior, mas não eliminaram os problemas do calor e da retenção. Era comum a presença de responsáveis pela fiscalização do pudor nas praias, para que ninguém mostrasse as virilhas, ou até mesmo para analisar como as pessoas saiam do mar, pois a depender da qualidade do tecido, ele grudaria mais ou menos ao corpo.

Porém não houve resistência que aguentasse os progressos da moda praia, ela resistiu a todas as proibições e limitações, até que em 1946 em pleno final da segunda guerra mundial, na França surge o primeiro biquíni, de nome inspirado no atol de bikini onde eram testadas bombas atômicas, a proposta era que a peça fosse tão explosiva quanto uma bomba. Era um pouco diferente do que conhecemos hoje. Mas conseguiu atender aos anseios do seu criador Louis Reard e como uma explosão chocou toda a sociedade da época, que resistiu a aderir à moda, vindo a grande

22

quantidade de pessoas usarem em meados dos anos 50, pois ele foi obrigado a sofrer algumas alterações, principalmente das larguras.

Os modelos da indumentária para banho mudaram bastante durante os anos. De uma forma cronológica as primeiras roupas de banho consistiam ainda no final do século XIX de um calção largo com uma túnica por cima e sapatos, já no começo do século XX já chegava a ser mais justo, com pernas compridas e tórax composto. Nos anos 1920 ainda se usava sapatos para ir ás praias, mas a vestimenta continuou seu processo de diminuição e ajustamento. Já em 1930 a roupa passou a ser dividida em duas partes, um short que cobria as pernas e o umbigo e um top composto na parte superior. O marco de 1940 foi o surgimento do primeiro biquíni em 1946, mas em 1948 apareceu a versão conhecida como “diquini”, uma adaptação do biquíni, mas com larguras maiores, foi um modelo introdutório para o modelo mais usado nos anos 1950, que eram duas peças, a parte de baixo era mais cavada e cobria o umbigo e a parte de cima um pouco menor. Em 1961 o então presidente do Brasil, Jânio Quadros, proíbe o uso dos biquínis nas areias brasileiras, mas é afastado do cargo ainda no mesmo ano. A calcinha fica bem mais cavada em 1970 e a parte de cima bem pequena. O fio dental surgiu em 1980 junto com o modelo “enroladinho” era o uso da parte de baixo toda enrolada nas laterais, modelo que deu origem ao “asa delta”, é interessante ressaltar que nesses anos começaram a aparecer os primeiros modelos de cintura baixa. A moda praia continuou seu processo de experimentar modelos e alternativas de uso, em 1996 chanel desfila com um modelo de duas bolinhas com o símbolo da marca que cobriam apenas os mamilos, a moda praia de 1990 foi de grande importância pois foram os anos de introdução de outros produtos nesse seguimento, como óculos, acessórios, malas, óleos, barracas, protetor solar, chinelos, chapéus, toalhas entre outros produtos, transformando-a no grande mercado de produção e consumo. Dentro do processo de criação nos começo do século XXI surgiu a aparição de modelos inspirados em padrões estéticos de anos passados, era a reciclagem de modelos estéticos tão conhecidos na moda, dentro do

23

segmento de moda praia. Em 2010 Lady Gaga usa modelo em capa de revista feito inteiro por carnes

Hoje o Brasil é um dos principais pólos disseminadores de moda praia, através do seu clima e do seu vasto litoral, ele movimenta grande parte da produção desse setor mundial. Países como os Estados Unidos e a Europa consomem moda praia brasileira. Com esse crescimento do consumo e exportação, a criação seguiu paralela a esses fatores, surgindo com produtos de alta qualidade e muita criatividade. Normalmente inspiradas na própria regionalidade do País, em suas praias, cores e culturas.

Figura 2 Painel ilustrando a história da moda praia

24

3. O biquíni

O biquíni surgiu logo após a segunda guerra mundial, por volta de 1946 na França. Com o nome inspirado no atol de biquíni, base militar onde havia ocorrido teste de bombas atômicas de grandes explosões. O seu criador foi Louis Réard que apresentou em Paris seu primeiro modelo feito em algodão com estampa de jornal desfilado pela stripper francesa Micheline Bernardini. O projeto era composto em duas peças separadas, pequenas, onde a parte de baixo era alta de lateral fina e a parte de cima consistia em dois triângulos com fitas para amarração.

É difícil julgar Réard, mas é interessante entender que ele intitulou tal peça com esse nome, pois acreditava no que viria a acontecer. A sociedade ficou chocada com a diminuição da peça de banho, e a princípio ela não foi aceita, causando até proibição do uso em países como a Itália, Espanha e Portugal regidos pela igreja católica. A sociedade julgou atentado ao pudor por tamanha exibição do corpo em plena década de 40. Foi então que o primeiro projeto foi alterado até chegar aos biquínis que conhecemos como marco dos anos 50, a parte de cima semelhante a um sutiã e a parte de baixo larga e de cintura alta.

No Brasil era usado como adornos nos teatros, porém é através do cinema que ele ganha repercussão e passa a ser objeto do uso de massa. Em 1956 Brigitte Bardot usou um modelo no filme “E Deus criou a mulher” que ajudou na disseminação e afirmação do biquíni, não só como símbolo de sensualidade, mas como peça de moda e uso comum em praias pelo mundo. Três anos depois, em 1959 surge a lycra para substituir o algodão e melhorar a qualidade de adesão ao corpo e retenção da água.

Em 1970 o biquíni passa por uma nova mudança de estilo, é quando surgem as tangas. E seu tamanho começa a diminuir ainda mais. Vira símbolo da liberação feminina e da adoração do corpo. Foi em 1980 que o biquíni passa a ser o que foi pensado nos anos 40, dois triângulos com amarração e dois triângulos embaixo. E também o mais ousado, o fio dental passa a ser

25

usado. A mulher tinha liberdade para mostrar seu corpo diante de todos os processos sociais que enfrentou. E as praias tornaram-se o que é hoje, fonte de muita diversidade de modelos e mulheres. Existem aqueles modelos mais finos, os fios dentais para as mulheres mais confiantes e independentes sexualmente, mas também existem os mais largos, de laço, de cintura alta, para as várias mulheres que frequentam as areias pelo mundo. É a variedade de modelos, mulheres e personalidades.

Quadro com a multiplicidade de modelos existentes no mercado hoje, todos fruto de um processo social e econômico do progresso no desenvolvimento do seguimento e da peça biquíni.

Figura 3 Painel demonstrativo dos modelos atuais de biquínis

26

4. Moda e semiótica

As questões que a semiótica estuda surgiram na Grécia antiga como uma das filosofias do pensamento, baseado nos comportamentos humanos para com alguns objetos, culturas, acontecimentos, palavras, representações da linguagem em geral. Conhecido como pai da semiótica Charles Sander Pierce (1839-1913) foi responsável por delimitar essa área de estudo dos signos e significados. Seus focos fazem uma pirâmide dividida em signo- objeto-interpretante, conhecido como “triádico” seus estudos se dividem ainda mais especifico nos processos de: significação, responsável pela interpretação do que é visto, natureza, que envolve a cultura que é a bagagem do observador e o conceito, responsável pela ideia da mensagem. Outro nome conhecido dentro desse campo do pensamento está Ferdinand de Saussure (1857-1913) que defende a significância que os signos geram através do conceito, conhecido como significado, e a imagem, como o significante, dentro de um contexto social. Mas atual encontraremos outro pensador, Algirdas Julien Greimas que em 1960 ficou conhecido pelos seus novos parâmetros do pensamento, onde ressalta que independente dos fatores individuais, os fatos sempre terão uma lógica comum. A análise de Greimas é dividida em três tipos de níveis, o discursivo, onde se localiza as projeções do sujeito e concerne na análise da pessoa, do espaço e do tempo, o nível narrativo são as relações estabelecidas pelo sujeito e o objeto e o nível fundamental que é o eixo semântico da construção do texto nas articulações da narrativa. Focaremos na análise dos estudos da semiótica discursiva, presente em fotografias e imagens.

Semiótica significa estudo dos signos, e é primeiramente a área de estudo que o homem usa para se comunicar. Onde os seres humanos se comunicam através da linguagem, escrita, pelos movimentos do corpo, pelas imagens, pelas músicas, pelos perfumes e odores e etc. então é possível

27

dizer que tudo que o homem faz, exprime na sociedade tem um sentido, um signo.

A semiótica prefere estudar o significado. O significado que ordena o sentido em descrições um pouco mais precisas e, sobretudo, válidas para grandes comunidades de pessoas. O sentido é uma condição humana, o significado é um fato social. Algo que tem um certo significado quando uma comunidade de intérpretes lhe atribui um mesmo sentido. (SORCINELLI,2008, p.158)

Alguns fenômenos de significados que conhecemos são a moda e os costumes. Todos esses signos representam algo para alguém, de forma explicita ou não. A sintaxe da moda é o conjunto expressivo de seus adornos materiais junto com seus significados mais amplos. Como por exemplo, um produto de moda que pode vir a significar luxo e prazer para uma pessoa dentro de uma camada da sociedade, pode representar exagero e futilidade para outra pessoa dentro ou fora da mesma camada, pois cada uma tem sua própria bagagem de signos e significados.

A sintaxe da vestimenta é composta por várias camadas, como as roupas íntimas, roupas e sobretudos. E dentro de cada camada existem regras combinatórias, ainda podendo conter camadas externas como joias, bolsas, luvas, sapatos, chapéus, óculos entre outros. A sintaxe ainda varia dentro de atividades exercidas, grupos sociais e faixas etárias.

A moda modifica os elementos individuais e, mais raramente, as regras sintáticas do vestir. Por exemplo, o uso do tênis com saias longas, ou então o smoking feminino, introduzido por Saint Laurent, foram inovações sintáticas. Mudar a cor das roupas ou os seus materiais, ao contrário, é uma mudança apenas de elementos individuais. (SORCINELLI, 2008, p.160)

Através das regras da sociedade que nos enunciam dentro dela, somos compostos por discursos preparados a partir do nosso comportamento e do vestuário. Esses discursos são ornamentados com base nos códigos da indumentária. Que correspondem à expressão e significados de forma explicita e definida. É possível dizer que a sociologia estuda o

28

comportamento do homem para com seus semelhantes, incluindo o modo de se vestir e ornar. Já a psicologia indaga o que o ser humano quer passar com seu comportamento, suas posturas e o modo de se apresentar aos outros. É importante ressaltar que os signos dentro da moda normalmente funcionam em oposição e semelhança, como por exemplo, a definição de uma roupa como “séria” e “alegre” ou um corte de cabelo “feminino” ou “masculino”.

No final do século XIX, foi o primeiro a ressaltar que muitos bens caros e inúteis não tinham outro objetivo senão a ostentação da riqueza e da opulência. O vestuário pode ter essa função. Por meio de roupas e joias, além de objetos como automóveis, mobílias e acessórios, as pessoas exibem seu nível social. (VEBLEN, 2003)

As bases das estratégias e técnicas de comunicação dentro do setor de moda agem em torno do que é significado, dos valores semióticos e os motivos da escolha do consumidor. É entender que os signos absorvem vida no ato de comunicar.

Os signos também são relacionados com fatores de tempo, e a quantidade de conhecimento adquirido. Como podemos ressaltar o aparecimento do biquíni na moda praia, que a princípio mexeu com a sociedade. Se levarmos em conta a época é possível entender que as pessoas não possuíam repertorio suficiente para aceitar aquela forma de se vestir. Assim foi necessário que ele passasse por várias fases do conhecimento social para se tornar o que conhecemos hoje, uma peça livre de pré-julgamentos ofensivos, sendo apenas uma parte do guarda-roupa usada para certas épocas (verão), em alguns lugares (praia, piscina, rios).

É através das imagens que se pode fazer uma análise semiótica da moda, em casos mais específicos com base em fotografias de moda. O semi- simbolismo dos signos dentro da semiótica considera objetos plásticos como objetos significantes, tornando-os passível de diversas interpretações e representante de vários repertórios. Um exemplo do semi-simbolismo na semiótica da fotografia é o nu, onde o inteligível é capaz de orientar o olhar.

29

O nu é separado em natureza e cultura, onde o corpo exposto é a figurativização da natureza e os seus ornamentos (roupas, acessórios), a cultura.

“Há no chamado nu artístico a construção de uma estética que realiza a nudez em meio a valores culturais, e é entre eles que o corpo que se despe adquire seu estatuto semiótico”. (FLOCH, 1983, p. 154)

5. Fotografia de moda

Com as primeiras décadas do século XX o mundo passava por mudanças notáveis em todos os setores, a economia estava agitada em torno das grandes guerras, a sociedade mudava seu jeito de pensar e se portar, ressaltando assim, o surgimento do estilista Paul Poiret (1879-1944) personagem importante na história da moda que ainda nos primeiros anos, liberou a mulher do espartilho dando-a mais liberdade e alterando seu “vestir”, além de ser responsável por introduzir as artes e outras culturas dentro da moda, como também de fundar empresas de perfumaria (Rosine, 1911) e design de embalagem (Collin, 1912). Junto com todos esses avanços é importante ressaltar que as artes começaram a se tornar mais presentes na vida cotidiana, não havia mais toda a centralização nas pinturas, agora ela abrangia outras áreas em acessão como o cinema e a fotografia.

A fotografia de moda é de extrema importância para a análise não só do processo evolutivo da vestimenta, mas também da sociedade em si, baseada no comportamento e composição dos objetos dentro da imagem. As modelos dos anos 40 se portavam diferentemente das dos anos 70, por exemplo, as moças da quarta década do século XX se portavam mais neutras, femininas, sérias, havia a construção de todos os fatores sociais e

30

econômicos da guerra dentro das imagens, como mostra a fotografia de Cecil Beaton em setembro de 1941, tirada frente aos destroços do Inner Temple. Já na década de 70 as mulheres já vinham com uma bagagem de signos decorrente de processos sistemáticos sociais, que transpuseram em posturas, em expressões do corpo, rosto e artisticamente diferentes, pois cada período se difere entre si, com base nos seus avanços. Afirmam: “Conseguimos identificar em muitos registros fotográficos de moda a ligação entre moda, fotografia e comportamento: “...Moda não é o simples retrato do óbvio, mas o estudo do comportamento humano.” (Persichetti, 2008, p.10.)

Representar hoje, em uma exposição, a moda dos anos 1930 não é fácil. A moda -de qualquer época – não é feita somente de roupas, mas de como as roupas eram vestidas, de como ressaltavam ou escondiam as formas de quem as vestia, de como sublinhavam certos movimentos e impediam outros. Basta olhar as fotografias das modelos dos anos 1930 para verem representados gestos e posturas típicas da época, modos de mover a cabeça, as mãos, o corpo que, repetidos hoje, seriam apenas caricaturas. (RUSCONE, 1982, P.334)

Ao certo é difícil afirmar em que data surgiu à fotografia de moda, mas acredita-se que em 1892, na revista parisiense La mode pratique foi impressa a primeira fotogravura, que consistia em foto e texto, em uma mesma impressão. Porem nessa época a moda ainda não era fator definido que andaria progressivamente junto com a fotografia. Mas as revistas já eram pontos importantes de disseminação desse novo processo artístico, ao trocar as gravuras e desenhos, e implantar as primeiras imagens. A vogue e a harper’s bazaar ficaram conhecidas por incentivar os nomes mais conhecidos da fotografia de moda.

Foi através da evolução e difusão de tecnologias e materiais de impressão capaz de gerar uma montagem mais fácil na página e sua disponibilização com o texto, que podemos entender o nascimento da fotografia de moda. Por volta da década de 1920 ainda havia discussões em torno da moda na fotografia e a fotografia na arte, causando o aparecimento de artistas dramáticos capazes de usar dessas técnicas como forma de expressão.

31

Passando a fotografia da função documental a qual tanto era assimilada, para a artística. Não anulando a importância dessa outra classificação, pois o estudo da fotografia de moda não está longe da análise da fotografia documental.

Adolf de Meyer (1868-1946) é o primeiro nome de importância na produção de imagens de moda. De vida bastante agitada, de várias viagens entre Europa, América e Oriente. Foi com ele que houve uma forte junção da arte e moda, sendo a ponte para analise determinante do estilo de cada período. Chegando ao ponto de transcender o material e sobrepor a arte como a dimensão conceitual e a roupa como uma dimensão mercantil e material. Ele ainda fez parte do grupo exclusivo de fotógrafos em 1892, intitulado com Photographic society of great britain, composto por ideais de secessão das técnicas voltadas para as artes na fotografia, ficaram conhecidos através do estilo nomeado como “pictorialismo”. De Meyer fez muitos trabalhos ao decorres das décadas seguintes, através de contatos com pessoas influentes nos meios de teatro e moda, produzindo ensaios incríveis.

Também os motivos sugeridos pelos vários objetos e sujeitos fotografados eram posteriormente transformados por De Meyer em eficazes elementos estilísticos. Aos retratos femininos da alta sociedade londrina, acrescentavam-se naturezas mortas com vasos de cristal e flores, e de todos esses elementos o barão sabia extrair superfícies refletoras muito sugestivas. (MARRA, 2008, p.88)

A história da fotografia de moda é muito extensa e a partir de 1920 toma vários posicionamentos e segue seus avanços. Junto com as revistas surgiram ainda nomes importantes como Cecil Beaton (1904-1980), Irving Penn (1917-2009), Richard Avedon (1923-2004), Martin Munkácsi (1896- 1963), Louise Dahl-wolfe (1895-1989), GenevieveNaylor (1915-1989), Norman Parkinson (1913-1990), para a produção dos variados estilos dentro da fotografia de moda. Até hoje nos deparamos com personagens inovadores dentro dessa área criativa, onde seus trabalhos são reflexos daquilo que acreditam dentro da nossa sociedade e costumes vigentes, transpondo conceitos e atitudes.

32

5.1 Fotografia de moda dos anos 60

A fotografia de moda nos 1960 pode ser dividida em dois fundamentos de análise, o pop e o op. O pop que significa popular foi um estilo voltado para a extravagância, de traços artísticos focados no comportamento. E o fundamento do Op que significa optico, foi oposição complementar dando foco a uma fotografia analítica, requintada, respeitando as normas da obra e a formalidade da estética da imagem.

No estilo Pop, o principal representante foi David Bailey (1938) que consegui transmitir comportamentos de vida, modos de interpretação de uma época e de uma cultura. Sua fama maior ainda foi atribuída a toda desfaçatez que exibia e produzia, ele obteve sucesso ao transferir o conceito de que “cada sessão de fotografia era como um ato sexual; e a câmera, um pênis” (C. Seeling, Moda. II secolo degli stilisti). Sua afirmação nessa área de produção deu-se aos contatos que ele mantinha com pessoas influentes e por seu início vir junto com o pop, exatamente em 1960.

Era esse, com efeito, o espírito mais autêntico do pop: a massificação indistinta do gosto, e, portanto, das imagens, a ponto de superar, sem embaraços, aqueles critérios de diferenciação social que tinham até então caracterizado os comportamentos culturais dos quais a moda era um espelho. (MARRA, 2008, p. 156)

O chinês Yasuhiro Wakabayashi, mas conhecido como Hiro, foi um dos principais nomes do estilo op. Voltando suas produções para a pesquisa, equilíbrio visual, o experimentalismo estético e usando até de artifícios da linguagem. Para somar na composição dos seus trabalhos ele ainda utilizava com muita precaução elementos como o uso do enquadramento, da iluminação e das cores.

33

Toda a provocação que uma combinação tão destoante poderia suscitar é sufocada por Hiro em um clima de refinada manumentalidade, que acaba por exaltar os contrastes de cor de “material” em relação àqueles componentes emotivos potencialmente sugeridos pela bizarra combinação dos dois elementos. Justamente porque se baseia em uma exasperante perfeição formal, a beleza proposta por Hiro é sempre uma beleza álgida, intencionalmente fria, asséptica, matemática e racional. (MARRA, 2008, p.157)

Ainda analisando todo o repertório da fotografia de moda dos anos 1960 dentro dessas duas divisões paralelas e opostas, que ressaltam as vertentes do comportamento-conceito e do formal-visual existem artistas que vão se encontrar a meio caminho dos dois lados, apresentando trabalhos com ambas as classificações. Entre eles se encontra William Klein, fotógrafo documental que entra no meio da moda trazendo identidades das reportagens. Através do uso de certos artifícios técnicos usados para a documentação ao serem expostas dentro da fotografia de moda ganhavam outro significado, tornando-a uma obra, enquanto a primeira era essencialmente comportamental. Ele também programou o uso do realce de grão na ampliação e da objetiva grande-angular em suas criações. Porém ele não valorizava a fotografia de moda como arte, dizia que apenas eram trabalhos com fins lucrativos, pois na década de 60 as artes visuais ainda tentavam superar a distância existente entre a alta cultura e a cultura de massa.

É interessante falarmos de mais dois nomes dentro desse período responsáveis por uma estética inquieta e atormentada focada em fatores sociais, normalmente de crítica. Colocando em cena situações e comportamentos da sociedade. Estamos falando de Bob Richardson e Diane Arbus. O primeiro voltado para a estética do protagonista perante a imagem. Bob tentava transmitir o conceito de que estava surpreendendo seus

34

personagens de alguma fora, invadindo suas intimidades, às vezes de formas eróticas. Já Diane ficou conhecida por seu trabalho duro, frontal, técnico, objetivo, chegando a ser intitulado como entediante, porem foi um dos primeiros relatos da fotografia imparcial, da relação fria com o mundo. Estética que só veio ser mais marcante em 1990.

David Bailey

Nascido em Londres no dia 2 de janeiro de 1938, morava com o pai que exercia a profissão de alfaiate e com a mãe. Quando jovem tinha problemas no colégio por conta de uma dislexia não diagnosticada. E sempre nutriu dificuldade de relacionamentos sociais. Foi recrutado para o exército em 1956, servindo em Singapura. Voltando do período militar ele tentou ingressar em uma universidade de artes, pois apreciava muito a área de história e mais especificadamente de fotografia, mas diante do problema do seu rendimento escolar e por ter abandonado a escola aos 15 anos, ele não conseguiu. Então começou a trabalhar em jornais menores, até que em 1960, com apenas 22 anos ele é contratado pela vogue britânica, e assim inicia-se um grande romance que durou muitos anos. Ainda é vivo, com 83 anos continua a transmitir seus conhecimentos na área.

Famoso pela estética programada da fotografia dirigindo as modelos para as posições imaginados por ele, já que naquela época não existia a direção de moda, o que podemos atribuir maior envolvimento do fotografo, tornando mais perceptível o estilo empregado na imagem. Suas imagens buscavam o natural, o expressivo e o espontâneo. Produziu fotografias que ficaram muito conhecidas dos artistas da época, como dos The Beatles, Mick Jagger,Twiggy, The Rolling Stones. E namorou modelos como a Jean Shrimpton e a Catherine Deneuve. Foi por fotografar o movimento jovem Swinging London do começo da década de 60 que iniciou sua carreira até hoje consolidada. Outro estilo pelo qual ficou conhecido foi através do seu talento em transmitir toda a sensualidade da década e os comportamentos

35

sociais relativos ao sexo, ao montar uma modelo para o clique ele praticamente fazia alusões a posições sexuais.

“A criação da imagem de moda tornou-se tão explicita como a apropriação pela máquina de um corpo que a ela se entrega.” (Marra, 2008, p.155)

Produziu também uma serie de 37 fotografias, intituladas como “David Bailey’s Box of pen-ups” que tinham uma estética tecnicamente uniforme. Mas causou um grande escândalo na sociedade, por mais que estivesse em uma década ponto de partida de movimentos culturais, a junção de personagens famosos, presidiários, pessoas comuns e integrantes da realeza foi motivo de grande polêmica e discussões.

É interessante também ressaltar que dentro da vida criativa e de personalidade exótica, David Bailey foi inspiração para um filme de grande repercussão, o Blow-up (1966), do cineasta italiano e amigo do próprio fotografo, Michelangelo Antonioni. A história gira em torno de um personagem principal construído através da inspiração em Bailey, era o retrato da vida de um fotógrafo de moda londrino, interpretado por David Hemmings.

36

Figura 4: Painel demonstrativo dos trabalhos de David Bailey.

Louise Dahl-Wolfe

Louise Emma Augusta Dahl nascida na Califórnia em 19 de novembro de 1895 foi uma fotógrafa americana de trabalhos muito conhecidos. De pais imigrantes e filha do meio de três. Estudou artes na universidade da Califórnia (1914), e design, decoração e arquitetura na universidade da Columbia (1923). Com tanto embasamento e conhecimento a fotógrafa foi conhecida como de moda “ambiental” e exótica, pois preferia tirar suas fotos ao ar livre, com uma iluminação natural, em lugares como a América do sul e África. Ela foi responsável por 86 capas para a revista harper’sbazaar, 200 fotos coloridas e incontáveis fotos em preto e branco.

Suas imagens eram compostas pela percepção das luzes e sombras, manipulando as posições e locações para transformar a fotografia em algo magnifico, organizado para que pareça natural, como se a imagem fosse um congelamento de algum acontecimento. Seu estilo é determinado como retratismo dentro da fotografia de moda.

37

Lauren Bacall foi um nome vinculado a sua imagem profissional, pois em 1943 produziu um ensaio para a Harper’s Bazaar que transformaria a modelo, clicada por ela, em um dos rostos mais conhecidos da moda da época. Bem como Mary Jane Russell que análises atraves dos trabalhos de Louise, concluem que 30% das suas fotos, são da modelo que chegou a ser julgada como o favorito tema de suas produções. Em 1933 abre seu estúdio em Nova York onde trabalha como freelance para empresas como a Bonuit Teller e Saks Fifth Avenue, seu estúdio foi considerado a casa da publicidade e da moda. Ainda retratando seus feitos, os produtores Neff e Madeline Bell fizeram um documentario intitulado “Louise Dahl-Wolfe: Painting Wilh Light ( Louise Dahl-Wolfe: Pintura com luz, 1999).”que conta a história de sua vida, seus trabalhos bem como discute sua estética de criação.

Fotografou a moda casual americana dos anos 1940 e 1950. Junto com a editora Carmel Snow da harper’s bazaar ela transformou e consolidou a cara da revista durante 22 anos (1936-1958). Conhecida pela grande sensibilidade pelas cores, em 1950 viajou para Hammamet, na Tunísia, onde fotografou a modelo Natalie Paine usando trajes de banho, em uma das fotos mais bonitas e naturais da história da fotografia de moda. Serviu de inspiração para vários profissionais que vieram consecutivamente, até sua morte por pneumonia em 1989, em New Jersey, Estados Unidos.

38

Figura 5 - Painel demonstrativo dos trabalhos de Louise Dahl-Wolf

6. Analise semiótica das fotografias de David Bailey

Foram selecionadas três fotografias para analise dentro do vasto repertório que o profissional tem. As imagens são todas em preto e branco. A primeira foto foi retirada para uma das coleções do estilista Cristóbal Balenciaga em 1965, compostos pelo rosto, chapéu e ombros da roupa, ambos produzidos em renda preta. A segunda é uma fotografia da modelo Jean Shrimpton em 1962, a qual ele manteve romance por quatro anos, fazendo dela uma personalidade muito presente em suas fotografias. A imagem a mostra na lateral, com uma mão levantada até o rosto em preto e branco. A terceira, é a fotografia de uma modelo de nome não identificado, por volta do final da década de 1960, porem essa imagem trabalha com vários pontos característicos das fotografias de Bailey, como o erotismo e a sensualidade.

39

Figura 6 - Coleção Cristóbal Balenciaga por David Bailey, 1965.

IMAGEM 5: A análise dessa fotografia no campo da imagem expressiva na plástica consiste em formas predominantemente circulares, o chapéu tem formas arredondadas, os detalhes do caimento da blusa ao conter ondulações em suas bordas, a luminosidade nos ombros a mostra, o queixo mais evidente proeminente dentro do rosto, o nariz e sua forma, o próprio brinco da modelo em formas circulares. Com cores em preto, branco e cinza. Preto em evidencia através da cor do vestido. O cinza nos contrastes e como fundo, e o branco como sinais de luminosidade da fotografia. A organização espacial da foto é considerada como o posicionamento do objeto, onde nessas em questão a modelo está inclinada para a lateral mais ao canto direito da foto, deixando uma margem de fundo a esquerda, porem seu chapéu de tamanho considerável, ocupa a parte superior esquerda,

40

causando um equilíbrio estético onde o corpo se encontra fixo na parte inferior direita e o seu acessório na parte superior esquerda. Ainda podemos analisar a textura dentro dessa imagem que é notável através do material que está sendo utilizado na vestimenta do personagem, no caso especifico a renda e todos os seus bordados floreios, fazendo contraste com a pele limpa e lisa da modelo e o fundo limpo.

Nessa primeira fotografia conseguimos perceber alguns traços do estilo do fotografo de moda David Bailey, primeiramente por ser uma foto para a moda, sendo material de reconhecimento do estilista cristóbal Balenciaga, também pela disponibilização da modelo ao projetar os ombros e levantar o pescoço, forma que a deixou mais sensual e feminina. Mostrando mais o os ombros, através do brilho que irradia diretamente sobre esse ponto, fator plástico do artista e também o trabalho bem sucedido nos contrastes de luz e sombra. Apesar de ser uma fotografia de mais de 50 anos atrás sua qualidade transcende a data, sendo difícil o reconhecimento por pessoas que não tem repertório no campo da fotografia. Essa imagem transpassa todo o glamour da moda, de forma simples do trabalho talentoso do Bailey.

41

Figura 7 - David Bailey - Jean Shrimpton, 1962.

IMAGEM 6: A expressão plástica dessa imagem surge das formas que o corpo produz dentro do contexto imaginado pelo artista. É interessante notarmos as linhas que ele impõe IMAGEM 2: Através do braço direito mais baixo voltado para trás e o braço esquerdo levantado para frente criando duas linhas perpendiculares, uma dos ombros e outra de todo o comprimento dos dois braços. Nessa fotografia há também a forte marcação das linhas do rosto e costas proporcionadas pelo contraste e pelas sombras. Nessa imagem o mais interessante é jogo de luz e sombra que causam um

42

efeito de ponto focal levado diretamente para o rosto e costas da modelo. Ainda no uso de cores como preto, azul e cinza. Na parte topológica da foto o objeto mantém seu tronco central e sobrepõe o equilíbrio através do posicionamento dos braços. A textura é em sua maioria lisa, a não ser pelo movimento dos cabelos que transmite uma ideia de embaçado, misturado. O semi-simbolismo também se mostra presente nessa fotografia, como o contraste de natureza e cultura, do nu e vestido, onde o vestido e as pulseiras significam a cultura e seus braços e costas à mostra a natureza. Onde a leitura é desviada através dos tons de cinza e o preto do cabelo e do vestido em concordância para o branco refletindo a luz sobre a pele exposta da modelo. Realçando o foco na beleza natural, e nos detalhes do rosto e expressão.

Essa imagem é muito rica de significados, pois quem conhece a história do artista sabe que ele manteve romance de quatro anos com a modelo da foto, onde ao olhar desse ângulo, ela se torna sugestiva e sensual. Ao parecer que ela está se prestando sensualmente de uma forma natural, que pode ser analisada como o modo que ele a vê. Ou apenas um editorial com traços da estética feminina dele para divulgar o trabalho dela.

43

Figura 8- Helvin por David Bailey, 1971.

IMAGEM 7: As formas dentro da expressão plástica dessa fotografia são divididas entre linhas e curvas, seguindo as linhas dos braços e ombros, e as curvas circulares dos seios e rosto. As cores dentro do já muito usado trio de preto, branco e cinza, não são tão realçadas com o contraste como nas outras, mas através da luz e sombra, é uma imagem mais limpa visualmente, pois a busca da marca do beijo em cima dos seios como ponto focal, aparentemente é ser seu objetivo. A disponibilidade da modelo na

44

imagem é central do tronco para baixo e um pouco inclinada para a esquerda na parte de cima.

De textura notável na roupa e fundo, representa um tecido liso mais brilhoso, como uma seda. E há também a renda como borda da roupa que a modelo usa, em uma textura mais ornamentada e grossa. Ainda podemos notar a textura do cabelo, que ao estar um pouco solto apresenta uma sensação de crespo. É perceptível também a duplicidade da linha dos olhos, que encontra-se na parte de cima da imagem, mas que consegue ser replicada pela linha dos seios e a forma arredondada dos lábios. Ambas as três formas remetentes a círculos, levando o olhar do observador para esses espaços em evidência.

Essa foto é muito importante para analise dentro do estilo do fotografo David Bailey, pois seu trabalho foi muito conhecido por utilizar da sensualidade e erotismo como forma de arte e beleza. Nessa imagem é perceptível o objeto que ele pretende deixar em evidencia, os seios à mostra com uma marca de beijo em cima, é sugestivo, é sutil e é delicado. É o modo que ele vê a mulher, de forma sensual, porém feminina, no casa da fotografia Marie Helvin casou com David Bailey em 1975.

45

7. Analise das fotografias de Louise Dahl-Wolfe

Foram selecionadas três fotografias da Louise Dahl-Wolfe com traços do seu estilo e do seu trabalho, principalmente para revistas importantes da área de moda como a Harper’s Bazzar e a Vogue. As imagens são em colorido e muito ricas em detalhes. A primeira é uma famosa foto tirada da modelo Natalie Paine, em Hammamet, na Tunísia. A segunda uma foto que foi capa da vogue em janeiro de 1959. E a terceira também foi capa de uma revista de moda, sendo que dessa vez foi a Harper’s bazaar em junho de 1950.

Figura 9 Natalie Paine, por Louise Dahl-Wolf, 1950.

IMAGEM 8: A análise expressiva plástica da imagem contém formas variadas, dentro do corpo da modelo e do ambiente da foto. Como por exemplo, as linhas que ela cria ao posicionar o corpo deitado com a perna direita dobrada para cima e o braço direito também dobrado para cima,

46

criando um ângulo obtuso atem o rosto. Já as formas do fundo da imagem variam entre as ondas da parte de cima da janela, ou as linhas e círculos entalhados na madeira que ocupa as duas laterais da foto. Ainda podemos perceber as linhas produzidas pela claridade da janela oposta e dentro do jarro e do mapa, objetos que compõem o conjunto plástico. As cores são em evidencia o verde-escuro da roupa de banho, depois o vermelho dos lábios, depois a cor bronzeada na modelo, as linhas em rosa do mapa, as frutas amarelas da cesta, as flores brancas, o fundo preto e a janela branca. Na topologia da imagem a modelo e a cesta de frutas estão em linha horizontal, em contraste com as linhas verticais delimitastes da largura da janela, porém o mapa encontra-se a direita da imagem, trazendo um desconforto visual com relação à quantidade de objetos, mas equilibrando se fomos observar o ponto focal, que é a cor do maiô. Na imagem está presente, variadas texturas que vão da roupa de banho drapeada dando a ilusão de movimento e volume, da janela entalhada, das flores, do mapa em papel liso, das frutas de casca rugosa, do lenço em sua cabeça de tecido liso e suave, do chão liso como mármore.

É importante considerar a estética de Louise Dahl-Wolfe como ambiental, pois suas fotos eram tiradas ao ar livre, trazendo para a imagem várias significações. Além do seu notável trabalho com as disposições de cores, chegando a ser chamada de colorista. Como nessa foto onde a modelo transmite a ideia de lazer, deitada na janela ao sol, relaxada, protegendo o rosto com a mão de uma forma despojada, mas elegante. O mapa ainda entra nessa imagem como sugestivamente objetivo de limite espacial, como se ela estivesse em outro país, talvez de férias em um lugar com o verão marcante.

47

Figura 10 Louise Dahl-Wolf para a Vogue, janeiro de 1959.

IMAGEM 9: As formas predominantes nessa fotografia são as circulares, encontradas nas curvas do quadril das modelos, das costas, das sombrinhas de sol, dos chapéus, do trançado do cesto, dos rostos. As cores que estão em evidencia são o rosa e o vermelho, onde todos os acessórios que estão em contato com as modelos, tirando o cesto que tem a cor em marrom, são rosa e vermelho. Vermelho nos detalhes das sombrinhas, nos maiôs, na toalha, nos chapéus e no batom. O rosa na cor das sombrinhas, no

48

complemento do maiô e no chapéu e na cor pálida da pele que remete a um rosa bem clarinho. Ainda tem a cor creme da areia e o azul no céu e no mar. Os objetos estão disponibilizados no centro da imagem, porém uma modelo encontra-se mais para a direita, virada para esse sentido, segurando um dos guarda-sóis, e a outra sentada de costas ereta. O equilíbrio da fotografia é através da luminosidade, que irradia mais sobre a esquerda do que a direita, onde contem muito mais objetos compositores. As texturas se apresentam na forma de tecido liso e fino nos guarda-sóis, de um tecido liso, mas resistente nas roupas, de um tecido mais macio e grosso na toalha, no baú é liso e duro, e ainda tem a textura da areia, é importante também a coerência entre as texturas da areia, do baú e da roupa de banho que vão das texturas mais fortes ás mais lisas. Mas, o baú, a areia, e a pele das modelos ainda são parecidas dentro da composição da imagem pela cor neutra, em tons semelhantes de bege, dividindo a imagem em três níveis de observação. A uma importância alternância das cores vermelho e rosa na divisão da imagem através das duas modelos, a do lado esquerdo e a do lado direito, consistindo em a da esquerda com chapéu rosa e roupa vermelha, e a da direita com o guarda-sol e um bolero por cima rosa, espelhando as composições de cores. O contraste azul e vermelho, um dos mais fortes do círculo cromático, aparece na imagem pelo mar azul e a vestimenta vermelha.

Como um editorial de moda essa imagem transmite a ideia de moda para a praia, cercada de significados como as sombrinhas em modelo japonês, analise exercida através de uma bagagem de signos, que naquela época já se tinha com a cultura japonesa acendendo dentro da moda. O baú usado como acento na praia, o chapéu trabalhado em palha também representam algo simbólico, pois não se vai à praia com um baú. Como se fosse um conceito usado na vida cotidiana, as modelos parecem estar na praia relaxando com toda a elegância e luxo que se pode ter em um ambiente assim. É um estilo também comerciável, pois ela não só está criando a fotografia, mas todos os signos que ela possa representar no sentido de adesão de moda.

49

Figura 11 Louise Dahl-Wolf, para a Harper's Bazaar, junho de 1950.

IMAGEM 10: A plástica expressiva dessa imagem contém formas lineares e circulares, encontradas na forma circular do chapéu, do rosto, do quadril descendo para as pernas, nos peixes estampados no lenço e da fachada onde ela se encontra. E nas linhas retas do lenço, do sinto, do corte da roupa. Em cor predominantemente azul, encontrão no vestuário e em todo o fundo da imagem. Também tem as cores: marrom no lenço, chapéu e cinto, e tons terrosos como o vermelho e laranja nas cores do tecido. A modelo

50

está disposta topologicamente a esquerda da imagem, jogando todo o peso visual para sua direção. Textura rígida do couro do cinto, rugosa do chapéu de palha, lisa, porém resistente do macacão, liso e macio do lenço estampado, liso e macio do lenço da cabeça e a parede lisa.

Nessa imagem, a significação da postura da modelo diz que ela se encontra em um momento de lazer, e ao visualizar alguma coisa, que para ela foi motivo de alegria, ela projeta toda a felicidade para a imagem. Ao encostar- se à parede talvez indique que ela passou alguns minutos naquela posição. Relaxada apoiando os braços na cintura e confortável, é como se ela tivesse ali aproveitando o que de belo a vida tem para oferecer em um dia de verão. Também é possível identificar a elegância e o jogo de cores característico da fotografa de moda, como o padrão azul contrastado com cores terrosas, e a pele bronzeada.

8. Metodologia do projeto

Estamos adaptados a raciocinar, quando nos referimos a produção de coleção de moda, apenas os fatores estéticos relacionados a criatividade e beleza. Porém criar uma coleção voltada para o consumo transpassa essas questões. Uma das metodologias estudadas na área de design de moda confirma que os designer/estilistas precisam de fundamentações cientificas para produzirem uma coleção, que frequentemente são compostas por etapas determinadas através da pesquisa, criação, desenvolvimento, edição e representação. Dentro da pesquisa é analisado o público a qual o produto será destinado dentro do mercado consumidor. A seguir o surgimento do tema que direcionará a coleção uniformemente e a tendência que representará o que vai estar em vigência na estação, além de serem bancos de dados para inspirar e influenciar a coleção. Existem muitos autores que propõe uma metodologia de coleção de moda, mas todos utilizam o mesmo parâmetro de pesquisa de público, tema e tendência. Nesta pesquisa utilizou-se a metodologia de Renfrew (2010, destacando ainda que a

51

criatividade é presente em todas os fatores de análise e produção de uma coleção de moda, pois o seu objetivo é elaborar produtos que são releituras de outros produtos de diversas áreas, da história, das artes, e das ciências, intensificando a necessidade de uma metodologia elaborada para que o projeto caminhe para o sucesso.

“Uma coleção é um conjunto de roupas, acessórios ou produtos concebidos e fabricados para a venda aos lojistas ou diretamente aos clientes. Esse conjunto de peças pode ser inspirado por uma tendência, tema ou referência de design, refletindo influencias culturais e sociais, e normalmente desenvolvido para uma temporada ou ocasião especial.” (RENFREW, 2010, p. 11).

A análise do público consumidor é um conjunto de características que determinará o gênero, a faixa etária e as condições financeiras ou de classes em que estão inseridas. Ainda que esses sejam os três passos iniciais para a demarcação do alvo, eles sozinhos são muito deficiente de informações, um erro muito cometido hoje nas análises de público é a falta de informações complementares. Sendo assim, junto com as três primeiras determinações é importante informar a demografia, o estilo de vida, a estrutura familiar, raça e etnicidade, geografia e consumo, pois juntos é possível imaginar e determinar um público consumidor do produto a ser executado, levando em conta não só os fatores estéticos e visuais, mas também os sociais e culturais. Aumentando o índice de consumo do objetivo elaborado para aquele usuário especifico, atendendo as especificações de determinado mercado, no caso da produção de moda a ser guiada por essa metodologia de pesquisa, o de moda praia.

“O modo como nós percebemos, as coisas que valorizamos, o que gostamos de fazer com o tempo livre – todos esses fatores ajudam a determinar quais os produtos que vão chamar nossa atenção” (ibid, p. 28).

Quando nos referimos ao estudo da tendência as coisas se tornam mais abrangente, pois hoje esse termo é utilizado para quase todas as circunstâncias contemporâneas da vida, como as tendências sócias, tendência alimentar, tendência esportiva, tendências de palavras, leituras, grupos, entre muitos outros. Porém, o termo “tendência” é determinado através da análise do que ainda vai acontecer, do que estar por vir, como diz CALDAS “Crer que a história se escrevem sobre a linha direcionada e evolutiva, feita de etapas predefinidas, significa afirmar que existe um movimento contínuo em direção a um devir inexorável” CALDAS, 2004 p. 29). Concluindo que todos os fatores pré-determinados das circunstancias

52

da vida são passivas de uma tendência pretensiosa do que irá acontecer, no caso da moda, o que se estará vestindo e se fazendo naquele dado período.

“O conceito de tendência que se generalizou na sociedade contem foi construído com base nas ideias de movimento, mudança, representação de futuro, evolução e sobre critérios quantitativos”. (CALDAS, 2004, p.22)

O tema é o que guia a coleção, dando continuidade as ideias inicialmente impostas na produção. Pode ser através de dois meios: global e o local. Global referente a uma projeção que é símbolo comum em vários lugares, e o local referente a cultura, personalidade, como por exemplo o nordeste e o nordestino. Levamos em consideração o mercado consumidor atual de rápida produção e de público cada vez mais exigente, e os processos criativos de diferentes pessoas responsáveis por essa excursão, não é difícil imaginar um pequeno grau de dificuldade nessa tarefa. Com o tema o criador consegue delimitar as fronteiras do conjunto de sua obra, especificando os tecidos, as cores, os caimentos, as formas, as texturas, modelos, entre outros. Conduzindo à originalidade sua coleção, e seduzindo o consumidor de moda avido por novidades e tendências. Um exemplo de tema muito explorado é o regionalismo nordestino, através do marrom, dos tranças, da textura do barro, do caimento do algodão, ele já gerou embasamento para várias coleções. Vale ressaltar que tema é qualquer assunto contextualizado historicamente ou não, que induza um processo criativo especificando os traços estéticos e simbólicos. Como ressaltam alguns estilistas ao responder a pergunta “Como vocês começam suas coleções?” no livro e Renfrew (2010), algumas das respostas foram: “Uso elementos que foram reunidos durante todo o ano e trabalho em cadernos e esboços” GILES DEACON, “Estou sempre juntando elementos, mas nem sempre sei quando e onde usá-las. Nunca descarto uma ideia depois que a coleção já está pronta...” SHELLEY FOX, “Começo com silhuetas; em seguida, vem a pesquisa, que começa com o tema e depois a cartela de cores” RICHARD NICOLL, “Encontro coisas diferentes, novidades em tecidos, e em seguida faço uma pesquisa mais aprofundada em bibliotecas e mercados de busca de temas e inspiração” MARKUS LUPFER, “Geralmente começo visitando bibliotecas, pesquisando imagens e observando como as roupas são usadas” WILLIAM TEMPEST, “Pode ser qualquer coisa que me interesse ou algo que eu gostaria de conhecer ou aprender” JAMES NEW, “Pego elementos-coisas antigas que vou juntando e objetos- e os transformo em roupas 3D, para então fazer os esboços no papel” SOPHIE HULME.

53

10.1 Público

O público alvo dessa coleção são mulheres jovens entre 23 e 30 anos. Moram em lugares com maior facilidade de deslocamento para chegar às praias e parques, onde a pratica de esportes e relaxamentos fazem parte da sua rotina. De vida agitada e rotina organizada, ela busca ser uma pessoa calma e acredita nas energias que a natureza lhe proporciona. Em cidades como Olinda, por exemplo, mora em bairros como casa caiada, janga, Maria farinha, e na cidade do Recife, Boa viagem e piedade, bairros próximos ao mar. Precisa se sentir em contato com a natureza, mantendo sua busca através das idas às praias, o conhecimento sobre novos lugares, idas ao parque, escutar várias músicas e novas bandas, ter uma alimentação saudável, aprender sempre uma nova atividade ao ar livre, e sua casa é cheia de artigos para a prática de esportes, tanto no mar como na terra. Como pranchas de surf, bodyboarding, stand up paddle, kate surf, skate, patins, bicicletas.

De vida bastante ativa, ela concilia sua vida profissional e acadêmica com suas atividades físicas e saídas com amigos. Ela já acabou a faculdade ou está muito próximo de se formar, são jovens que trabalham com a natureza ou na área de criação, como design, arquitetura, publicidade, cinema, dança, biologia, engenharia de pesca ou oceanografia. Seus horários no trabalho são comerciais, tendo algumas horas do seu dia para sua vida pessoal, seus treinos e dedicação a alimentação saudável. Seu dia vai contar com pelo menos 2horas dedicadas a uma atividade como academia, atividade funcional na praia, dança, corridas, pedaladas, yoga e pilates. E nos fins de semana pratica outros esportes com frequência.

Busca uma independência morando sozinha, ou pode até morar com os pais ainda, mais em uma relação de liberdade e responsabilidade. Está sempre

54

em busca do crescimento próprio, espirituosa, acredita que o meio ambiente é sua fonte de prazer e emoção. Costuma ter como diversão, idas a parques abertos, trilhas nas matas, reservas ambientais, praias exóticas e praias mais próximas de sua casa. Sua personalidade é marcada pela calma, pela curiosidade e por ser extrovertida.

Nas horas vagas o primeiro lugar que planeja ir é uma boa praia para descansar e curtir o mar praticando algum tipo de esporte marítimo, ou até mergulhos. Praias como Paiva, Maria farinha, porto de galinhas, Itamaracá, pontas de pedra, búzios, praia do francês, maragogi, Fernando de Noronha. Ela é encantada com o fundo do mar. Mas pode também fazer parte de viagens para acampamentos em lugares como bonito, macuca, Amazônia e trilhas ambientais, contanto que esteja com amigos, ela prefere uma boa aventura. Quando programa uma viagem mais longa sua primeira referência são os melhores lugares para a prática esportiva e a bagagem cultural do lugar. Sonha em conhecer lugares como a ilha de Palau na indonésia, Austrália, Chile, Califórnia, África, famosos por suas ilhas paradisíacas onde não existem muitos moradores, por suas belezas marítimas quase intocadas, por seu grande acervo cultural e histórico, e principalmente por ser muito conhecida pela beleza e formação dos seus mares, boa parte ideal para o surf. Sempre aberta a conhecer novas pessoas, acredita na espiritualidade do ser humano e na gentileza para com o próximo, tendo como perspectiva que “gentileza gera gentileza”. Como boa defensora do no meio ambiente e da cultura, ela apoia movimentos em pró da preservação de sua cidade, como o ocupe estelita, o ocupe o cine Olinda e a revitalização de lugares abandonados para o uso da população em geral. Mesmo tendo dinheiro ela acredita que a cidade é para toda a comunidade sem restrição econômica, e não apenas para uma pequena camada da sociedade, onde ela pode vir a estar inserida, mas prefere buscar a conscientização social do país.

Para suas saídas a noite com os amigos ou namorado prefere lugares mais tranquilos como barzinhos alternativos, a cidade alta em Olinda, barchef , bar central, lesbian bar, Burburinho, bodega do vei, gentileza, o Recife

55

antigo, onde ela possa conviver com pessoas da área de criação ou do meio artístico. Tendo convívio com intelectuais virando a noite conversando sobre arte, sociedade e vida saudável. Já quando está viajando um vinho acompanhado de uma boa comida, quando chega à noite são suas preferências. Durante o dia parques, açaís, sorveterias, esportes na cidade, cinema da fundação são seus programas alternativos escolhidos para quando não está viajando.

Com uma vida tão saudável e esportiva ela é dotada de um corpo bonito, o que aumenta a projeção da sua imagem, usuária frequente de mídias sociais, posta fotos de suas aventuras diariamente. São fotos de viagens, dias na praia, práticas de esportes e até das comidas que encontra ou que prepara. Difundindo um estilo de vida próprio, adora ser reconhecida como praiana e saudável e até como ambientalista. Adora tirar fotos e editar para postar. Através do seu contato com as artes se identifica com alguma das áreas como moda, cinema, música, literatura e fotografia, vindo a entender um pouco delas. No cinema gosta de filmes clássicos antigos como bonequinha de luxo, pulp fiction, darty dancing, e cineastas como Woody Allen e Quentin Tarantino, já na música ela curte um som mais como MPB, soul, alternativo, indie, rap, reggae. Escuta artistas como Chico Buarque, Vinicius de Moraes, céu, Marcelo jeneci, Cícero, nação zumbi, Johnny hooker, mombojó, two door cinema club, maroon 5, criolo, Felipe ret, natiruts, groundition e bob Marley. Na literatura admira bons escritores como Chico Buarque, Clarisse Lispector, Jorge amado, e livros de romance e poesia. Entende também de fotografia, sabendo os ângulos e aplicativos/programas de edição, o photoshop é um dos seus favoritos. É uma jovem empolgante que gosta de testar sempre coisas novas.

Baseada nas ideologias que acredita da natureza e bem estar, se alimenta muito bem. Segue uma alimentação baseada em frutas, verduras e cereais. Comer um açaí no fim de semana é um dos programas que estão inseridos na sua rotina. Assim como as experiências com receitas à base de frutas,

56

como gelatinas, sucos, cremes e molhos. Já nas suas refeições principais não pode faltar legumes e verduras.

Quando não está de roupa de banho como biquínis e maiôs na praia, ela costuma ter a preferência por roupas de tecidos mais leves e confortáveis, de estilo romântico. Seus \acessórios são feitos com materiais naturais como sementes, fios de couro e cordas de lã. Adora os lançamentos de moda praia como as saídas de banhos, as estampas e modelos, compra em lojas como a rush, a movimento, a rosa chá e a farm as mais conhecidas no setor moda praia. Suas roupas do dia a dia, compra em lojas como a oh boy!, farm, zara, toli, pois são marcas que produzem peças originais, com estampas produzidas exclusivamente, suas coleções normalmente tem peças de tecidos leves e modelos românticos que ela busca encontrar. Com preferência em modelos diferentes com estampas coloridas, franjas, bordados ou clássicos, porem quando a ocasião é mais formal prefere cores sóbrias como o branco, marrom, preto, azul marinho e o nude. O seu perfil de consumo de moda é de uma pessoa que consome moderadamente, compra quando necessário, normalmente duas vezes no mês. Consome o que está na moda contanto que atenda às suas restrições de caimento, conforto e modelos, preferindo os mais soltinhos, de tecido leve, vestidos longos, cavas grandes, decotes fundos, alcinhas finas para que possa mostrar seu corpo e bronzeado. Mas quando se trata de moda praia seu consumo aumenta através da freqüência em que ela vai para esses lugares, tendo vários modelos de biquínis que vão do cortininha ao de cintura alta, até as malhas para esportes.

Seus símbolos de moda e estilo são normalmente mulheres que praticam esportes marítimos, que levam uma vida de musculação, alimentação saudável e dietas. No instagram e facebook segue karol knopf figura pública que apresenta vários programas (ilhas paradisíacas, 60 dias na Amazônia) em um canal de esporte e é atleta de stand up paddle, Gabriel Medina campeão mundial de surf, cloé Calmon campeã nacional de bodyboarding, Claudinha Gonçalves surfista e participante de programas femininos (Noronha por elas, sul por elas, sal e sol) de um canal de esportes, Adriano

57

Souza surfista profissional, Quarteto radical que consiste em viagens e práticas esportivas de 4 meninas de vários estados do nordeste (Pernambuco, alagoas, Paraíba), Bella Falconi atleta fitness, bela Gil e suas receitas veganas. Assiste canais na televisão como o canal off, multishow, GNT, Discovery em busca de inspiração, conhecer novos esportes, entender melhor a natureza, compreender o que consome e seus resultados positivos e negativos, pela trilha sonora dos seus programas e pelos esportistas famosos que acompanha a carreira e vida. Lê revistas de surf como a fluir, e a alma surf, mas também lê a vogue, pois independente da vida natural que busca ter ela entende que toda a sua projeção como símbolo de vida saudável leva com ela uma demanda de pessoas que a admiram, ela precisa de informações de moda para melhorar sua imagem, gosta de estar bem consigo e sempre bem vestida, acompanha blogueiras como Camila Coutinho do garotas estúpidas, a Chiara Ferragni do the blonde salad, Camila coelho, Lia Camargo do Just lia, site como o lookbook.nu para ficar antenada no que o mundo está usando e o próprio site da vogue como fonte de inspiração para suas escolhas de moda. Uma garota de duplos interesses, que ama a natureza, mas acima de tudo ama a si mesma.

Uma mulher que gosta de aventura, aberta a novas experiências, que adora conhecer lugares e sua cultura. Que apoia projetos sociais e ambientais, sempre acompanhando as notícias do país. Que seu trabalho não há impede de viver com tranquilidade, é uma profissão que gosta e dar prazer a ela, mas que ainda deixa tempo para que possa praticar esportes e viver novas emoções. O que mais marca é que seu lugar preferido é a praia e o mar. Onde ela estiver vai sempre buscar as areias e o sol. Uma mulher de alma livre e espírito praiano.

58

Figura 12 - Painel representativo de público

8.2 Tema

Os signos fazem parte do repertório de todo indivíduo constituído de uma vivência social. A moda é um campo de estudo cercado de significados, que variam de acordo com as assimilações através do contato constante ou não. Os profissionais responsáveis pela criação e produção de conceitos de moda trabalham de acordo com os signos adquiridos por eles, porém é importante ressaltar que com a vasta exploração da área, gera uma busca maior em inspirações abstratas da história da humanidade.

59

“Contra a ideia de que a moda é um fenômeno consubstancial à vida humano-social, afirmamo-la como um processo excepcional, inseparável do nascimento e do desenvolvimento do mundo moderno.” (LIPOVETSKY, 2007, p.24)

A moda em seus diversos seguimentos é constituída das referências históricas, do passado e da idealização do futuro pesquisado. Fazendo parte da construção da sociedade, essas narrativas são fontes de conceitos presentes na fase de criação de um projeto de moda, bem como suas percepções, ou bagagens de conhecimento, remetem a memórias individuas ou coletivas. Sendo a fotografia anexada nos conceitos de semi-simbolismo dentro da semiótica, passando de um objeto apenas estético para um cercado de significações e interpretações.

A fotografia é considerada a pratica de fixar a imagem de qualquer objeto através de uma chapa ou película com o auxílio da luz. “A fotografia é a base tecnológica, conceitual e ideológica de todas as mídias contemporâneas e, por essa razão, compreendê-la e defini-la é um pouco também compreender e definir as estratégias semióticas, os modelos de construção e percepção, as estruturas de sustentação de toda a produção contemporânea de signos visuais e auditivos, sobretudo daquela que se faz através de mediação técnica.” (FLORES, PAULA). Segundo FLORES, ela busca definir a fotografia como arte e sua presença essencial na vida contemporânea, lembrando que a foto não resulta apenas dos processos mecânicos, mas de outros fatores externos e do conjunto estético do seu produtor. Apesar de todas as alterações nos processos fotográficos a um consenso em torno de suas finalidades, sendo possível dizer que se tratava de uma imagem que poderia ser guardada, uma memória definitiva de pessoas, paisagens e coisas. É através desses fatos guardados através de processos tecnológicos que outras artes surgiram, como o cinema e as variações dentro do próprio campo da fotografia (documental, artística, de moda). A fotografia possibilitou a expansão visual estética da história, servindo de acervo incontestável dos processos econômicos, sociais e estéticos da humanidade.

60

Hoje é comum assistirmos a conceitos históricos sociais, figurativizações de campos filosóficos e das artes em desfiles de moda, em parte por escassez de estéticas vigentes, em parte pelos excessos criativos, vindo a depender dos artifícios de análise do pesquisador. A fotografia pode ser julgada como um objeto de registro de acontecimentos e fases das sociedades, tornando- se fonte de pesquisa e análise para o embasamento sobre certos assuntos. Alguns exemplos dessas transcrições artísticas e filosóficas passada através da imagem para a moda podem ser encontrados em coleções como a da empresa Opening Ceremony (OC), que em maio de 2014 lançou no mercado uma inspirada nas pinturas surrealistas do artista belga René Magritte. Ou as coleções da estilista Liliya Hudyakova, normalmente inspiradas em fotografias de paisagens. Ainda tem desfiles baseados em poesia, do texto escrito que gera uma criação única advento da interpretação individual, como a da empresa mineira Botões. Entre outros exemplos, pois é possível pensar que “A vida imita a arte mais do que a arte imita a vida” (Wilde, Oscar), sendo assim adaptado, dizer que A vida imita a arte bem como a arte inspira a moda.

Assim como a fotografia é uma arte, e inspira à moda, a moda se baseia existencialmente na fotografia. É através das fotos que podemos fazer analises estéticas de artistas e somar conteúdos aos processos criativos, ainda que algumas estejam inseridas em interpretações individuais voltando- se a unicidade na geração de alternativas de produção. A moda é um fenômeno estético, social, econômico, dentro desse contexto entendemos que para que aja sua difusão é preciso usar de artifícios tecnológicos, onde a fotografia está em destaque, sendo a principal fonte percussora das tendências, artistas e eventos do seguimento. A moda é o que conhecemos, pois com a criação da fotografia de moda e seus precursores como Edward Steichen (1879-1973), Cecil Beaton (1904-1980), Man Ray (1890-1976), Richard Avedon (1923-2004), entre outros nomes, é o que é hoje.

Nessa coleção será abordada a percepção da arte dentro de fotografias de moda de dois fotógrafos famosos nos anos 50 e 60, David Bailey e Louise

61

Dalh-Wolfe. Seus trabalhos a serem analisados como semi-simbólicos e recipientes de signos, serão destrinchados com relação ao simbolismo do conjunto estético da obra. Trabalhando com a percepção das texturas, caimento dos tecidos, cores, formas, topologias, desenhos, detalhes, estampas, assim como o conteúdo da imagem com relação à interpretação individual da análise semiótica e seus elementos utópicos, como a feminilidade, sensualidade, postura, leveza, fluidez, identificação cultural, emoções.

O processo de criação depois da análise das fotografias será com base nesses elementos práticos e utópicos. Onde podemos observar em uma das imagens de David Bailey, que a modelo está disposta na imagem de forma central, com traços de concordância entre seus movimentos ligando pontos do cotovelo com a cintura, em preto e branco, levando tons de cinza para suavizar a composição, suas formas em linhas retas e paralelas, que passa o sentido de sensualidade, leveza, movimento e confiança (Imagem 2). É importante também ressaltar que as imagens escolhidas do fotografo David Bailey foram em preto e branco, mantendo a cartela de cores em escala do preto ao branco passando por vários tons de cinza. Já as fotografias de Louise Dah-Wolfe são todas em colorido, mas com uma escala de cores determinada, de azul, rosa, vermelho, verde, creme, bege. Transformando a paleta de cores da coleção determinada em preto, branco, cinza, bege, creme, azul, verde, rosa e vermelho.

Com relação a estampas e bordados, o foco será nos detalhes, pois se tratando de coleção moda praia o conforto e caimento são critérios de grande importância na produção. Os detalhes em bordados irão remeter a sensualidade e feminilidade presente em ambos os trabalhos dos fotógrafos escolhidos. Já as estampas serão com o foco nas cores e contrastes, misturando o preto e branco de Bailey com o colorido de Dahl-Wolfe. As formas dos modelos também irão adquirir o foco na sensualidade e leveza, com alças, bordas (larguras) e bustos trabalhados com fios e trançados. Os tecidos vão ser com preferência os que contêm grande quantidade de elastano, como a Lycra, a malha, a malha suplex, entre outros usados na

62

confecção de artigos de moda praia, como biquínis, maiôs e malhas para esporte.

Figura 13 - Painel representativo do tema

10.3 Tendência

TENDÊNCIA “Ao ar livre”

Com a revolução industrial o mundo se manteve em um ritmo acelerado de desenvolvimento, apareceram novas tecnologias e processos de produção. O problema encontrado é que poucos são analisados como menos prejudiciais para o meio ambiente. Dentro desse crescimento tecnológico apareceram novos costumes nas sociedades como o uso exagerado de televisões, computadores, celulares entre outros objetos, citamos como exemplo outro costume, o nordeste é conhecidos por suas comidas regionais típicas e boas para a saúde como a batata doce, a macaxeira, a

63

goma de tapioca, carboidratos de boa qualidade alimentar, e dentro dessa região por advento da modernidade encontram-se empresas mundiais que trabalhando com foco na praticidade, como os fast-foods, lojas de conveniência, drives tours. De forma gradativa e despercebida a cultura, a natureza e a boa alimentação foi deixada de lado e julgadas como ultrapassada.

Aos poucos essas problemáticas foram estudadas e se tornaram foco de processos de adesão de moda, sendo seu oposto deflagrado como uma forma de vida que uma parte da população brasileira anseia entender. Como uma alimentação mais saudável, programas de lazer que tenham um maior contato com a natureza, preocupações com o meio ambiente e com a cultura das suas cidades, o culto a um corpo belo e saudável, a pratica diária de esportes, as trocas das tecnologias moveis por objetos mais rústicos, como trocar o celular por um livro, desprendimento tecnológico, com o uso moderado de artigos de comunicação (celular, tablet, computador, câmeras, chapinhas e escovas para o cabelo, entre tantos outros) e em foco o culto a tudo que seja julgado “natural”.

A sociedade contemporânea é cada vez mais controladora e monótona. Esta situação faz com que o risco e aventura passem a ser uma necessidade na vida do cidadão. As atividades ao ar livre têm um componente de incerteza e imprevisibilidade, tornando-se assim particularmente especiais (betrán, 1999). Explica parcialmente o crescimento pela pratica de esportes ao ar livre nos parques, praias e campos. Essas práticas são caracterizadas por valores hedonistas com uma atenção voltada ao corpo, aumentando a tendência através da massificação e diversidade de esportes, a feminização, prolongamento do ciclo de vida, individualismo, deslocamento de lugares fechados para os abertos, das tecnologias esportivas, multipraticas e o gosto pela aventura e o desconhecido.

64

Alguns estudos, alternativas e tendências na contemporaneidade para os problemas derivados da tecnologia e sua dependência estão em constante crescimento, e atingem várias vertentes da vida humana. Estudos afirmam que aulas ao ar livre aumentam o rendimento escolar, pois proporcionam às crianças as possibilidades de descobrir os fundamentos das lições através da observação do meio ambiente, assim aumentando o entusiasmo e dedicação. Segundo Richard Louv em seu livro “o princípio da natureza”, ele explica que a tecnologia reduz a percepção de detalhes e a observação dos jovens, e transcreve em sua obra como a natureza pode estimular as atividades mentais e criativas, melhorar a saúde e bem-estar, ajudar na criação de empresas, comunidades e economias sustentáveis e dinâmicas, além de fortalecer os vínculos afetivos sociais. Uma alternativa encontrada foi a dos treinamentos funcionais para pessoas que estão acima do peso ideal, o que pode acarretar em problemas de saúde físicos e mentais, com esses treinos realizados ao ar livre, em parques, praças e praias a perda calórica é elevada potencializando o processo de perda de peso e aumento do condicionamento físico. Já se tratando de uma das tendências vigente, podemos citar a dos casamentos em lugares abertos, como o campo e praias, onde o foco de produção é o natural, as cores mais leves, vestidos soltos, a transparência, as flores e frutas. Cecília Grizzi assessora de eventos em Pernambuco afirma que a procura por lugares ao ar livre para casamentos aumentou cerca de 70% esse ano e continuará no ano de 2016, ainda diz: “as vantagens de casar ao ar livre são inúmeras”.

As pessoas estão mais preocupadas com o corpo e a saúde, a prática de esportes e uma alimentação controlada e saudável não é mais caso de restrições medicas. Quanto mais pessoas aderem à forma de viver melhor e expõem seus projetos, atividades e corpo nas redes sociais, mais pessoas anseiam por compreender os benefícios desses “novos” costumes. Passando a consumir produtos aprovados pela área de saúde como bons para um bom funcionamento do organismo. Essa tendência é exposta atualmente através de grandes figuras da moda e de meios populares da

65

mídia, como por exemplo, as entrevistas para revistas do segmento feitas com Gisele Bündchen, modelo de destaque no mundo da moda, onde ela afirma praticar esportes como o surf, o yoga e meditação e manter uma alimentação equilibrada e saudável. Onde recentemente postou uma foto de sua filha de apenas 2 anos de idade nas redes sociais tomando um suco natural conhecido como suco verde (feito com frutas e legumes), que se tornou um dos símbolos da boa alimentação.

Está “antenada” na alimentação, na moda, em práticas esportivas e ter as praias como espaço de exibição do seu corpo e o prazer pelo mar e sol são características da mulher da marca. Onde com o aumento dessa tendência do “ar livre” encontrasse um grupo consideravelmente grande e em ascensão.

Figura 14 - Painel representativo de tendência

66

11. Desenvolvimento

Nesta etapa do desenvolvimento foram realizado os testes de materiais, a soluções dos problemas de execução, e os materiais escolhidos para a produção da coleção de cinco peças de moda praia, e seis peças de acessórios.

No processo de testes de materiais foram testados a tinta acrílica e PVA para a pintura nas conchas para serem utilizadas nos acessórios, a tentativa sem sucesso de produzir um furo nas conchas para a introdução dos arcos de metal, os búzios como opção de conceito, mas foi descartado por não representar um elemento dentro do conceito da coleção, a rede de tecido que foi substituída pela rede de pesca. A corda e a fita de tecido entraram como teste para o bordado do biquíni Paine (Verde com bordados), a palha da costa que foi retirada por mesmo sendo natural ter grande índice alérgico, conchas de plástico que foram substituídas pelas originais. Ainda foram experimentados o trançado de crochê, as miçangas de plástico e um descolorante para tecido que não conseguiu alterar a cor da rede de pesca por ter uma fibra muito plástica.

Figura 15: Painel demonstrativo dos materiais testados

67

Materiais Selecionados

Acessórios

Os materiais selecionados para a produção dos acessórios foram tesoura, pano, pérolas, fechos, correntes, arco para brinco, conchas, esmaltes, conchas pintadas, linha de pesca, barra de metal para bijuterias e sementes coloridas. Primeiro é utilizado a tesoura e pano para furar as conchas, ao encaixar uma das pontas da tesoura onde se pretende ter o furo e fazer um pouco de pressão em cima, mantendo o pano grosso embaixo da concha para que a concha não quebre com o atrito em uma superfície dura. Depois da limpeza das conchas é usado os esmaltes para pintar, logo em seguida é colocados os fechos e anexado nas correntes. As pérolas e sementes foram utilizadas em dois modelos da coleção junto com as conchas.

Figura 16: Painel demonstrativo dos materiais selecionados para a coleção de acessórios

68

Coleção de moda praia

Os materiais escolhidos na coleção de moda praia foram a lycra serre lisa doutex na cor rosa, lycra praia jacaranda na cor verde, azul escuro e vermelho, malha UV line luna na cor azul, malha luna polian na cor preta, linha de costura, forro na cor bege, rede de pesca, conchas, linha de pesca, bojo e sementes para bordado. A lycra praia jacaranda foi utilizada nos modelos nomeados como Paine (verde), nature (maiô de rede) e Jean (modelos vermelho e rosa). A lycra serre lisa doutex foi utilizada nos modelos Bailey e Jean (Blusa rosa de manga e blusa rosa com decote frontal). A malha UV line luna usada no modelo Wolf (Modelo azul com preto. Nas tiras do trançado e nas alças) e a malha luna polian também no modelo wolf (Modelo azul com preto. Na calcinha e parte superior). Foram utilizadas as sementes no bordado do modelo Paine. As conchas nos fechos do modelo nature e o bojo nos modelos nature e Bailey para dar estrutura as partes superiores.

Figura 17: Painel demonstrativo dos materiais selecionados para a coleção de moda praia.

69

Tabela Pantone de cores

A escolha das cores da coleção também foi pensada dentro da analise semiótica das fotografias de moda. O azul marinho, verde, rosa, vermelho e preto simbolizando as cores e estéticas presentes nas fotos. Como a predominância do preto e branco nas imagens de David Bailey e dos contrastes de cores como o rosa com vermelho, e o verde com as texturas de Louise Dahl-Wolf.

Figura 18 - Tabela pantone de cores

Escolha dos modelos

Em torno de 30 modelos foram pensados e desenhados até os cinco modelos finais. Porem dentro da análise das fotografias foram selecionadas estéticas dos dois fotógrafos escolhidos, gerando assim traços individuais para cada modelo dos selecionados no final do projeto. Dentro desse padrão é possível analisar que outros modelos analisados continham o mesmo

70

conceito, gerando assim mais quatro opções dentro do modelo final com estética semelhante para cada um.

Figura 19: 1° Modelo com as alternativas semelhantes.

Figura 20: 2° Modelo com as alternativas semelhantes.

71

Figura 21: 3° Modelo com as alternativas semelhantes.

Figura 22: 4° Modelo com as alternativas semelhantes.

72

Figura 23: 5° Modelo com as alternativas semelhantes.

9. Proposta Final

Coleção moda praia

Os modelos selecionados levando em consideração os critérios dos padrões estéticos encontrados dentro da analise semiótica das fotografias de David Bailey e Louise Dahl-Wolf, bem como suas diagonais, ângulos, cores, bordados. Os modelos foram nomeados dentro das histórias dos fotógrafos escolhidos, bem como os modelos Wolf através da semelhança com o cenário de uma de suas fotos e Bailey por ter um sensualidade tão característica do artista, além do Painel em homenagem a modelo fotografada por Dahl-wolf em uma das fotos que foram analisadas, e Jean, modelo, musa e uma das esposas de Bailey. E o último é referente ao estilo de Louise Dahl-wolf e concentra o espirito natural da coleção tão conectada com o meio ambiente através da praia.

Paine: Modelo de biquíni verde com bordados em sementes vermelhas e rosa.

Wolf: Modelo de maiô feito em malha Luna ou popularmente conhecido como fluit, em preto e azul escuro, com trançado na parte do abdômen

73

Nature: modelo de maiô em malha azul escuro todo coberto com rede de pesca.

Bailey: Modelo de biquíni com parte superior em rosa e decote grande e parte de baixo comprida em preto.

Jean: Modelo de biquíni com parte superior em rosa e com mangas curtas e parte de baixo em vermelho com tiras.

Figura 24: Modelos da coleção de moda praia, de nomes: Paine, Wolf e nature

Figura 25: Modelos da coleção de moda praia, nomeados como: Bailey e Jean

74

Coleção de acessórios

Os acessórios escolhidos são produzidos em conchas e correntes, com o trabalho de cores e texturas. A coleção começa com um modelo simples de uma concha em cordão de linha de pesca ou náilon, o segundo sem sementes rosa, vermelha e creme também utilizadas no bordado de uma das peças da coleção de moda praia, terceiro consiste em três camadas de pérolas com conchas em vermelho e rosa entre elas. Quarto várias tiras de corrente ligadas por uma barra de metal para bijuteria e finalizada com uma concha grande em azul metálico. Quinta modelos são três camadas de corrente com conchas em dégradé anexada em casa tira e o último é o brinco em correntes e conchas naturais pequenas.

Figura 26: Modelos da coleção de acessórios

75

Figura 27: Modelos da coleção de acessórios

Editorial

O editorial foi realizado com o objetivo de expor as peças finalizadas nos lugares mais comuns de uso, como a praia. Os lugares escolhidos foram a praia de Itamaracá, o iate clube de Itamaracá, o forte Orange e a praia do forte, todos localizados no estado de Pernambuco. Os efeitos escolhidos foram poucos em busca de manter a beleza e naturalidade do lugar, foi utilizado apenas retoques para retirar manchas e sinais, contraste para melhorar a iluminação e uma camada de cor solida inclusa como luz indireta para remeter a estética de Louise Dahl-wolf também no editorial.

Modelo: Karoline Espíndola

Maquiagem, cabelo e fotografia: Gabriela Cavalcanti

76

Figura 28 - Editorial dos modelos Paine e Wolf.

77

Figura 29- Editorial do modelo Nature.

78

Figura 30 - Editorial dos modelos Bailey e Jean.

Figura 31 - Editorial dos acessórios: Colar de sementes, colar de concha metalizada e brinco de conchinhas.

79

Figura 32 - Editorial de acessórios: Colar concha, Colar conchas dégradé de azul e colar de pérolas com conchinhas vermelhas e rosas.

80

Fichas Técnicas

Figura 33 - Fichas técnicas modelos 1,2 e 3.

Figura 34 - Fichas técnicas dos modelos 4 e 5.

81

Conclusão

A possibilidade da criação de moda praia baseada na história da indumentária e da fotografia de moda, mas especificadamente no processo de moda praia e da interferência do design de moda no mercado. Gerando possibilidades e inovação. Com a criação pratica de cinco peças da coleção, mais a projeção publicitária dela.

A ideia inicial veio do questionamento da produção dentro do seguimento de moda praia, se haveria análise na produção de muitas peças no mercado. Com a pesquisa inicial foi descoberto que poucas marcas, apenas as de maior nome utilizam o design nas produções.

A partir dessa problemática surgiu a análise do público que mais consome moda praia, as tendências vigentes no mercado e um tema central para iniciar a produção. Então surgiu o público jovem intermediário, independente e aventureiro, que matem como lazer o ao livre e a natureza. O tema surgiu do abrangente material semiótico dentro da fotografia, e mais especificadamente da fotografia de moda, centralizando em dois profissionais, David Bailey e Louise Dahl-Wolf. E a tendência foi notada dentro do público e da sociedade atual com seu maior contato com o que é saudável e natural.

Ao final desse projeto foi possível a criação de uma coleção de moda praia com cinco peças, e mais seis peças de acessórios dentro das características examinadas dentro da análise inicial. Bem como a produção editorial dos produtos. Mostrando as etapas e procedimentos do design de moda na produção de moda praia com conteúdo histórico, acadêmico e criativo, gerando possibilidades inovadoras e exclusivas. Afirmando que é necessário uma maior presença do design dentro do seguimento, e sua importância para o sucesso da produção.

82

Bibliografia

ACHKAR, MICHELLE. Fio dental, asa-delta, polêmicas: conheça 20 fotos da história do biquíni.

BRAGA, JOÃO (1961). História da moda: Uma narrativa. 8° Edição. Anhembi Morumbi. (coleção moda e comunicação, Castilho, Kathia (Coordenação).

COTADA. F. C. A sociedade no século XX. Revista brasileira de história e ciências sociais. Volume 1, numero 2. , 2009.

CRANE, DIANA. A moda e seu papel social: Classe, gênero e identidade das roupas. 2° Edição. São Paulo. Editora SENAC, 2006.

HACKING, JULIET. Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro, editora sextante, 2012. 576 páginas.

KÖHLER, CARL. História do vestuário. Edição 3°. Editora WMF, 1993. 568 páginas.

LIPOVETSKY, GILLE. O império do efêmero: A moda e seu destino nas sociedades modernas. Companhia de letras, 2007. 294 páginas.

MARRA, CLAUDIO. Nas sombras de um sonho: História e linguagens da fotografia de moda. São Paulo. Editora SENAC, 2008. 224 Páginas.

MENDES, VALERIE D. Moda do século XX. Edição 2°. Editora Martins Fontes – WMF, 2003. (coleção: mundo da arte).

PIETROFORTE, A.V. Semiótica visual: Os percursos do olhar. Editora contexto, 2004. 164 páginas.

SORCINELLI, PAOLO. Estudar a moda: corpos, vestuários, estratégias. São Paulo. Editora SENAC, 2008. 214.

83

HESPANHOL, GRAZIELA. História da moda. Brazil. , janeiro 2014.