José Bonifácio, Primeiro Chanceler Do Brasil MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
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José Bonifácio, primeiro Chanceler do Brasil MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Embaixador Celso Amorim Secretário-Geral Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Jeronimo Moscardo INSTITUTO RIO BRANCO (IRBr) Diretor Embaixador Fernando Guimarães Reis A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo, Sala 1 70170-900 Brasília, DF Telefones: (61) 3411 6033/6034/6847 Fax: (61) 3411 9125 Site: www.funag.gov.br João Alfredo dos Anjos José Bonifácio, primeiro Chanceler do Brasil Brasília, 2008 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170-900 Brasília – DF Telefones: (61) 3411 6033/6034/6847/6028 Fax: (61) 3411 9125 Site: www.funag.gov.br E-mail: [email protected] Capa: Coroação de D. Pedro I pelo Bispo do Rio de Janeiro, Monsenhor José Caetano da Silva Coutinho, no dia 1º de dezembro de 1822, na Capela do Paço Imperial. 1828, Rio de Janeiro. Óleo sobre tela, 340x640cm Doação do Embaixador Assis Chateaubriand. Equipe Técnica Coordenação: Eliane Miranda Paiva Programação Visual e Diagramação: Cláudia Capella e Paulo Pedersolli Originalmente apresentado como tese do autor no LII CAE, Instituto Rio Branco, 2007. Impresso no Brasil 2008 Anjos, João Alfredo dos. José Bonifácio, primeiro Chanceler do Brasil / João Alfredo dos Anjos. – Brasília : Fundação Alexandre de Gusmão, 2007. 424 p. ISBN 978-85-7631-098-3 Tese apresentada no LII CAE (Curso de Altos Estudos) como requisito para progressão funcional a Ministro de Segunda Classe. 1. História - Brasil. 2. Política Externa - Brasil. 3. Serviço Diplomático - Brasil. 4. Instituto Rio Branco. 5. Curso de Altos Estudos. I. Autor. II. Título. CDU: 981"19" Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei n° 10.994 de 14/12/2004. A João Antônio, a Luiz Francisco, ao futuro. Agradecimentos Os agradecimentos do autor especialmente a Diva, pela ajuda sempre pronta; a Gabriela, pela revisão e pela paciência; e a Afonso Carbonar, Alberto da Costa e Silva, Alejandro Mendible, Ana Carla Luiz, do Museu Paulista, Arnaldo Duarte do Amaral, Diego Ramiro, Flávio Goldman, George Torquato Firmeza, Gladys Ann Garry Facó, José Antônio de Castelo Branco de Macedo Soares, José Carlos de Araújo Leitão, José Eduardo Ribeiro de Assis, Márcia Cavalcanti de Albuquerque, Marco Antônio Diniz Brandão, Newman Caldeira, Patrick Petiot, Rodrigo Garcia, Aos entrevistados, por seu tempo, atenção, críticas e sugestões, À Banca Examinadora do LII CAE, pelas críticas e aportes, Ao Instituto Rio Branco, À Biblioteca do Itamaraty, em Brasília, Ao Arquivo Histórico e à Biblioteca do Itamaraty, no Rio de Janeiro, À Biblioteca da Fundação Joaquim Nabuco, no Recife, À equipe de atendimento do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Aos arquivos e bibliotecas consultados, por seu profissionalismo e atenção, Aos colegas e amigos da AFEPA, Paulo Guapindaia Joppert, Juliano Rojas Maia, Rômulo Figueira Neves e Viviane Prado Sabbag. Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 CAPÍTULO I: O cenário internacional na época da Independência do Brasil .................... 39 CAPÍTULO II: O início da gestão de José Bonifácio ........................................................... 65 CAPÍTULO III: Buenos Aires e as Províncias do Rio da Prata ............................................... 99 CAPÍTULO IV: A Grã-Bretanha ........................................................................................ 129 CAPÍTULO V: A França................................................................................................... 179 CAPÍTULO VI: A Áustria e os Estados alemães ................................................................. 203 CAPÍTULO VII: Os Estados Unidos da América ................................................................. 229 CAPÍTULO VIII: A unidade do território e o final da gestão de José Bonifácio .................... 259 CONSIDERAÇÕES FINAIS: José Bonifácio e a gênese da Política Externa brasileira ............................. 285 DOCUMENTO 1 .............................................................................................. 299 DOCUMENTO 2 .............................................................................................. 303 NOTAS AO TEXTO ............................................................................................ 311 FONTES PRIMÁRIAS E BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 389 ICONOGRAFIA ................................................................................................. 409 “O Brasil quer viver em paz e amizade com todas as outras nações, há de tratar igualmente bem a todos os estrangeiros, mas jamais consentirá que eles intervenham nos negócios internos do país. Se houver uma só nação que não queira sujeitar-se a esta condição, sentiremos muito, mas nem por isso nos havemos de humilhar nem submeter à sua vontade.” José Bonifácio a Henry Chamberlain, Cônsul britânico no Rio de Janeiro. 1 “(...) o Senhor d’Andrada vai mais longe e eu o ouvi dizer na Corte, diante de vinte pessoas, todas estrangeiras, que se fazia necessária a grande Aliança ou Federação Americana, com liberdade de comércio; que se a Europa se recusasse a aceitá-la, eles fechariam os seus portos e adotariam o sistema da China, que se viéssemos atacá-los, suas florestas e suas montanhas seriam as suas fortalezas, que numa guerra marítima nós teríamos mais a perder do que eles (...)” Ofício do Barão de Mareschal ao Príncipe de Metternich, Rio de Janeiro, 17 de maio de 1822. 2 INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Raros são aqueles que se dão conta de que José Bonifácio de Andrada e Silva foi o primeiro Chanceler do Brasil. A rigor, ele foi o último Ministro dos Negócios do Reino do Brasil e Negócios Estrangeiros e o primeiro Ministro dos Negócios do Império do Brasil e Negócios Estrangeiros. Aos 58 anos, Bonifácio se tornou o primeiro brasileiro a chegar ao cargo de Ministro de Estado e em sua gestão, de apenas 18 meses, estabeleceu a primeira Política Externa do Império, com ecos perceptíveis na atualidade. A prioridade no estabelecimento de relações de coordenação política com Buenos Aires, que hoje pode parecer natural, não o era no Brasil do início do século XIX. Ao contrário, as Américas hispânica e portuguesa tinham histórico de conflitos e intrigas políticas, exemplificados na questão da Cisplatina e nos enredos do carlotismo, que pretendeu elevar Carlota Joaquina ao trono do Vice-Reino do Prata. Com Bonifácio, o Brasil saía do paradigma da competição entre Portugal e Espanha e dava o primeiro passo em direção a uma proposta de relação cooperativa com o Prata, o que chegou a causar a indignação de historiadores como Pandiá Calógeras. Para o autor de A Política Exterior do Império, as instruções de Bonifácio a Corrêa da Câmara, o primeiro enviado do Brasil ao Prata, apresentavam o país “quase súplice, como solicitante de proteção”, embora reconhecesse o envio do representante brasileiro como um “ato de audácia”. Queria Calógeras que o primeiro Chanceler brasileiro agisse de acordo com a política joanina no Prata e não 15 JOÃO ALFREDO DOS ANJOS desconhecesse, segundo ele, tudo “quanto acontecera” entre 1808 e 1822. Bonifácio optara por uma nova política: propor uma confederação com as Províncias do Prata. 3 Outra linha marcante de atuação do Chanceler foi a da preservação da autonomia decisória do Estado em relação aos centros internacionais de poder. Não interessava ao Estado nascente reproduzir a relação de subordinação estabelecida entre Portugal e a Grã-Bretanha. Ciente do peso dos interesses comerciais britânicos, Bonifácio procuraria valer-se do acesso ao mercado consumidor brasileiro como recurso de poder para garantir não apenas o reconhecimento da Independência, mas a efetiva soberania do Estado brasileiro sobre o território que se unificava. Preocupava-se o Ministro com as disparidades internas – fim da escravidão, integração das comunidades indígena e africana, reformas do ensino e do uso da terra, utilização racional dos recursos naturais – e a capacidade de atuação externa do país, dois lados da mesma moeda. Para garantir a unidade soberana do território fazia- se necessário o estabelecimento e a articulação de relações externas e capacidade efetiva de defesa militar. Por essas razões, o pensamento e a ação de José Bonifácio possuem relevância não apenas para a História Diplomática, como também guardam particular atualidade e permanência para a Política Externa brasileira. 4 O foco do estudo é a gestão ministerial de Bonifácio, entre janeiro de 1822 e julho de 1823. Suas propostas e sua ação são analisadas sob a ótica de uma hipótese de trabalho: a de que o reconhecimento da Independência era importante para o Chanceler, mas desde que respeitada a unidade territorial do Brasil e a sua soberania plena. Para Bonifácio, o território ideal do Império iria do Prata ao Amazonas, o que ele chamava de “peça majestosa e inteiriça”. Tal território