Lembrar Contar Recontar
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL CATALÃO UNIDADE ACADÊMICA ESPECIAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM LÉA EVANGELISTA PERSICANO ERA UMA VEZ EM JAVÉ... O acontecimento discursivo na (re)construção das memórias orais pela escrita Catalão - GO 2017 TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR VERSÕES ELETRÔNICAS DE TESES E DISSERTAÇÕES NA BIBLIOTECA DIGITAL DA UFG Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), regulamentada pela Resolução CEPEC nº 832/2007, sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei nº 9610/98, o documento conforme permissões assinaladas abaixo, para fins de leitura, impressão e/ou download, a título de divulgação da produção científica brasileira, a partir desta data. 1. Identificação do material bibliográfico: [ X ] Dissertação [ ] Tese 2. Identificação da Tese ou Dissertação: Nome completo do autor: Léa Evangelista Persicano Título do trabalho: “ERA UMA VEZ EM JAVÉ... O acontecimento discursivo na (re) construção das memórias orais pela escrita” 3. Informações de acesso ao documento: Concorda com a liberação total do documento [ X ] SIM [ ] NÃO1 Havendo concordância com a disponibilização eletrônica, torna-se imprescindível o envio do(s) arquivo(s) em formato digital PDF da tese ou dissertação. Assinatura do(a) autor(a)2 Ciente e de acordo: Assinatura do(a) orientador(a)² Data: 17 / 09 / 2017. 1 Neste caso o documento será embargado por até um ano a partir da data de defesa. A extensão deste prazo suscita justificativa junto à coordenação do curso. Os dados do documento não serão disponibilizados durante o período de embargo. 2 A assinatura deve ser escaneada. LÉA EVANGELISTA PERSICANO ERA UMA VEZ EM JAVÉ... O acontecimento discursivo na (re)construção das memórias orais pela escrita Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Estudos da Linguagem, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudos da Linguagem, área de concentração: Linguagem, Cultura e Identidade. Linha de Pesquisa: 1 – Texto e Discurso. Orientador: Prof. Dr. Antônio Fernandes Júnior. Catalão – GO 2017 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG. Persicano, Léa Evangelista ERA UMA VEZ EM JAVÉ... O acontecimento discursivo na (re)construção das memórias orais pela escrita [manuscrito] / Léa Evangelista Persicano - 2017. 234 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Antônio Fernandes Júnior. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Unidade Acadêmica Especial de Letras e Linguística, Catalão, Programa de Pós- Graduação em Estudos da Linguagem, Catalão, 2017. Bibliografia. Anexos. Inclui fotografias, gráfico, lista de figuras. 1. Narradores de Javé. 2. Análise do Discurso. 3. Enunciado. 4. Saber-Poder. I. Fernandes Júnior, Antônio, orient. II. Título. CDU 82 LÉA EVANGELISTA PERSICANO ERA UMA VEZ EM JAVÉ... O acontecimento discursivo na (re)construção das memórias orais pela escrita Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Estudos da Linguagem, da Universidade Federal de Goiás – Regional Catalão, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudos da Linguagem, área de concentração: Linguagem, Cultura e Identidade. Aprovada em 30 de agosto de 2017. Dedico às minhas várias versões, ao longo desses 40 anos: com sonhos, descrenças, persistências e resistências. Só agora compreendi que ‘nosso maior medo não é nos sentirmos inadequados, mas fortes além da medida’; à Ana e ao Luke, que trazem possibilidades diárias de me reinventar e me propiciam um amor crescente; ao Francisco, no enigma que é, pelo amor e apoio incondicional; à minha mãe, Hilda, que me reprime pelos discursos, mas me apoia pelas práticas. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG), que viabilizou a efetivação financeira dessa pesquisa sobre Narradores de Javé; Ao Tony, meu professor-orientador e amigo, pela condução leve da pesquisa, de minhas dores e de nossas descobertas; À Sirlene, que me orientou nos primeiros passos na Análise do Discurso; À Lívia, esteio em momentos importantes de decisões, e a suas filhas e neta; Aos professores da Graduação e das Pós-Graduações, tanto da Universidade Federal de Goiás quanto da Universidade Federal de Uberlândia: Ademilde (também professora no Ensino Médio), Braz, Maria Helena, Erislane, Ulisses, Maria Imaculada, Gisele, Silvana, Selma, Estevane, Grenissa, Vanessa, João Batista, Alex, Bruno, Cármen, Ernesto, Cleudemar, incluindo aqueles/as que me falham à memória; À Marisa, à Regma e à Cármen, pelos ensinamentos e pelo afeto que nos une; Aos meus colegas de ingresso no Mestrado (turmas 2015 e 2016) e vivências diferenciadas ao longo do mesmo: Camila Aparecida, Carlos Henrique, Cássio, Cléber, Clécio Luís, Fernanda Lázara, Guilherme, Luana, Lucas, Maiune, Marilda Lúcia, Mayara Aparecida, Nívea, Raul, Sabrina, Solange, Wellington, Zacarias Quiraque, Bianca, Leonardo, Maurício, Nilce; A Ely, em nome das alunas e alunos de turmas da Graduação, onde realizei o estágio- docência, bem como tive o prazer de ministrar aulas e avaliar o Trabalho de Conclusão de Curso, a pedido do professor Tony; Aos Lucas, professor de Libras, colega recém-ingresso no Mestrado e já grande amigo, que também trouxe o Wilian a meu convívio e com quem construo uma história; À Sirlene Alferes, colega dos tempos de UFU, cuja amizade sobreviveu; À Dona Eurípedes e Maria Luísa, minhas amigas desde Itumbiara-GO, que me acolheram em Uberlândia-MG das necessidades mais básicas às afetivas; Às coordenadoras do Mestrado, Grenissa (anteriormente) e Luciana (na atualidade); Às secretárias do Programa, Wannisy Aparecida e Patrícia, juntamente com Luisy; Ao Carlos Augusto e Keila, colegas de trabalho da Caixa Econômica Federal, que me apoiaram e facilitaram a realização desse sonho e objetivo pessoal-profissional; Aos meus avós, pais, irmãos (Yara, Victor e Hélio), esposo, filhos, tios, primos, sobrinhos, amigos, que propiciam à minha história ser o que ela; Ao professor Omar, pela tradução do resumo para o Francês. MEMÓRIA DAS ÁGUAS Amores são águas doces Paixões são águas salgadas Queria que a vida fosse Essas águas misturadas Eu que já fui afluente Das águas da fantasia Hoje molho mansamente As margens da poesia Cachoeira da Vitória Timbó das pedras de seixo Vocês são minha memória Correm em mim desde o começo Quando o Subaé subia Beijando o Sergimirim Um amor de águas limpas Nascia dentro de mim E foi assim pela vida Navegando em tantas águas Que mesmo as minhas feridas Viraram ondas ou vagas Hoje eu lembro dos meus rios Em mim mesma mergulhada Águas que movem moinhos Nunca são águas passadas Eu sou memória das águas Eu sou memória das águas (Intérprete: Maria Bethânia & Letra: Roberto Mendes e Jorge Portugal) RESUMO Nesta Dissertação de Mestrado, nos dedicamos a estudar o filme brasileiro Narradores de Javé, lançado em 2003 nos cenários nacional e internacional por meio de festivais. Compõem o corpus da pesquisa imagens do filme e falas do roteiro (de 2008), devido à relação harmoniosa entre ambas as materialidades, cujo tema são dois grandes acontecimentos: a tentativa de produção de um livro-dossiê e a construção da barragem de uma usina hidrelétrica num vilarejo de práticas culturais relacionadas à oralidade. Tivemos por objetivo geral compreender o modo como a comunidade javelina (nordestina) e o Vale de Javé (Nordeste) são re-apresentados discursivamente na e pela ficção, inclusive re-apresentando dramas vividos por regiões e comunidades ribeirinhas em algumas localidades do país, numa fronteira porosa de (des)identificações, sendo difícil não nos sensibilizar com o que vemos na e pela tela. Discursos de ampla circulação como ‘o Nordeste é atrasado e subdesenvolvido’ e ‘o nordestino é forte e guerreiro’ compõem e atravessam a materialidade em estudo, estando relacionados ao enunciado reitor ‘se Javé tem algo de bom, são as histórias dos heróis lá do começo’, pronunciado pelo representante da comunidade e aclamado por muitos, o que nos leva a supor que os próprios javelinos (nordestinos) desacreditam de muitas riquezas do Vale (Nordeste), com exceção das histórias que (re)contam sobre os heróis fundadores. O Nordeste, enquanto região, foi gestado discursivamente nos anos de 1920 por uma série de discursos e práticas sócio-políticas que o definem como o ‘filho da seca’, tradicional, anti-moderno e cuja produção discursiva não deixa de se (re)atualizar tanto pelos nordestinos quanto por sulistas e outros. Baseamo-nos na premissa de as regiões e os sujeitos serem construídos nos e pelos discursos, pelas memórias discursivas, nas relações entre passado, presente e futuro, trabalhados em vários planos enunciativos. Essas construções comprovam a positividade das relações de saber-poder, que produzem determinados construtos de verdade, demonstrando que os discursos não são apenas efeitos de linguagem, mas são produzidos em um campo enunciativo, em dada rede de sentidos e memórias. Mais especificamente, procuramos entender o contexto e as condições históricas de produção e circulação do filme; desmistificar algumas questões que saltam a nossos olhos de espectadora-pesquisadora, como a imparcialidade do pesquisador e a naturalização de conceitos como cultura, região, ciência, verdade, história, fato histórico, documento, os quais