Narrativas Da Moçambicanidade Os Romances De Paulina Chiziane E Mia Couto E a Reconfiguração Da Identidade Nacional
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Departamento de História Área: História Cultural Narrativas da Moçambicanidade Os romances de Paulina Chiziane e Mia Couto e a reconfiguração da identidade nacional Maria do Carmo Ferraz Tedesco Brasília/ DF, novembro de 2008. Departamento de História Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação Área: História Cultural Linha de Pesquisa: Culturas e Identidades Orientadora: Profª Drª Cléria Botelho da Costa Narrativas da Moçambicanidade Os romances de Paulina Chiziane e Mia Couto e a reconfiguração da identidade nacional Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de História, área de Concentração em História Cultural, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Doutora em História Cultural. Maria do Carmo Ferraz Tedesco Matrícula 04/25460 Brasília/ DF, novembro de 2008. UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA Exame de Tese TEDESCO, Maria do Carmo. Narrativas da Moçambicanidade. Os romances de Paulina Chiziane e Mia Couto e a reconfiguração da identidade nacional. Tese de Doutorado em História, Área de Concentração em História Cultural, apresentada ao Programa de Pós- Graduação de História do Departamento de História da Universidade de Brasília, em novembro de 2008. Comissão Julgadora Tese para obtenção do grau de doutor Profa. Dra. Cléria Botelho da Costa (Presidente e Orientadora) Profa. Dra. Marilúcia Mendes Ramos (Examinadora) Prof. Dr. Wilson Trajano Filho (Examinador) Profa Dra Nancy Alessio Magalhães (Examinadora) Prof. Dr. Wolfgang Adolf Karl Döpcke (Examinador) Prof. Dr. José Walter Nunes (Suplente) Novembro de 2008 Ujaama: escultura maconde representando a familia Para Manoel, Marina e Aída Para a minha família AGRADECIMENTOS A Cléria Botelho da Costa, pela orientação e pelo apoio, desde o primeiro momento, frente aos problemas que tivemos que enfrentar. Aos professores, coordenadores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em História da UnB, pelo apoio ao longo desses anos de trabalho. Aos funcionários e professores do Arquivo Histórico de Moçambique, da Universidade Eduardo Mondlane, do Centro de Estudos Africanos da UEM e do Centro de Estudos Brasileiros, todos de Maputo, em especial aos professores António Sopa e Gerhard Liesegang Aos colegas do Curso e ao Grupo Imaginários, pelas interessantes e proveitosas discussões e em especial a Maria Zeneide, minha companhia nas inúmeras viagens a Brasília. Aos colegas da sub-área de História do CEPAE-UFG, que concordaram em restringir minha participação nas reuniões apenas às indispensáveis, em especial a Andréa Delgado que administrou a organização dessas atividades. A todos os demais amigos e colegas do CEPAE-UFG sempre solidários. A todos os amigos que suportaram o longo distanciamento social que marcou a realização deste trabalho, especialmente as etapas finais, em particular Cristina e Vilma. Aos amigos moçambicanos, que me proporcionaram uma vivência do seu cotidiano, Mario Jorge, Ábida, Manito e, especialmente, Sandra, com sua simpaticíssima família poligâmica. Aos alunos que, com sua curiosidade e vontade de conhecer a África, me estimularam para este projeto de estudo. RESUMO Este estudo analisa a reconfiguração das identidades moçambicanas nos romances de Mia Couto e Paulina Chiziane, no contexto das transformações que tiveram lugar em Moçambique nas últimas décadas. Tenta compreender, ainda, como essas obras, produzidos entre 1990 e 2006, estabelecem representações da sociedade e são responsáveis pela construção de sentidos, instauradores de uma determinada imagem para a identidade cultural coletiva. A partir de intersecções entre os estudos de Homi Bhabha, Stuart Hall e Katthryn Woodward, consideram-se os processos de construção das identidades culturais, analisadas como relações de força, onde os signos diferenciadores do Eu podem estar submersos no discurso da nação, mas sempre passíveis de emergir a qualquer momento, indicando que o discurso homogêneo é truncado pelas histórias heterogêneas de grupos em disputa. O recurso ao romance como fonte para um estudo histórico parte da compreensão de que a literatura, além de ficção, é uma forma de representação do tempo vivido e que, tal como os estudos historiográficos, promove um ordenamento e uma configuração da experiência temporal dos homens. A fundamentação teórica dessas considerações, buscada em Ricoeur, estabelece semelhanças entre os procedimentos do literato e do historiador, tanto na representação da ação, quanto na composição da intriga, mecanismos através dos quais ambos buscam atingir, com suas tramas, a compreensão e a verossimilhança. Reafirma-se, com Paul Veyne, que o conhecimento histórico tem na compreensão o seu eixo principal e que, portanto, a operação do historiador implica construção de tramas e estabelecimento de itinerários, o que faz da história “apenas uma narrativa verdadeira”. Quanto ao tratamento dos textos, adota-se o procedimento sugerido por Richard Johnson, explorando problemas e temáticas, formas subjetivas ou culturais que tais textos explicitam. A partir da análise dessas temáticas e das relações com outros textos acadêmicos, jornalísticos, relatórios de governos e depoimentos orais, promove-se uma interpretação das tramas construídas pelos dois autores estudados. A reflexão sobre o diálogo estabelecido nos romances com os acontecimentos contemporâneos, particularmente a crise do socialismo, a guerra civil e a recuperação da tradição enquanto forma de expressão da sociedade, conduz aos sentidos que cada autor atribui às suas intrigas. ABSTRACT In this study, we analyze the reconfiguration of the Mozambicans identities in the Mia Couto and Paulina Chiziane’s novels, in the context of the transformations that had place in Mozambique in the last decades. We try to understand how these workmanships, produced between 1990 and 2006, represent the society and are responsible for the construction of meanings, and establish determined image for the collective cultural identity. From intersections among the studies of Homi Bhabha, Stuart Hall and Katthryn Woodward, the processes of construction of the cultural identities, analyzed as force relations are considered, where the signs differentiators of Self can be submerged in the speech of the nation, but always possible to emerge at any time, indicating that the homogeneous speech is truncated by heterogeneous histories of groups in dispute. The resource of the novel as source for a historical study begins in the understanding that the literature, more than fiction, it’s also a representation of the lived time and, like the historiography’s studies, promotes an order and a configuration of the secular experience of the men. The theoretical foundation of these considerations, searched in Ricoeur, establishes similarities among the procedures of the novelist and the historian, as representation of the action, and as the intrigue’s composition. These are the mechanisms through which both search to reach, with its narratives, the understanding and the likelihood. Paul Veyne reaffirms that the historical knowledge has in the understanding its main axle and that, therefore, the operation of the historian implies construction of texture and establishment of the route, what it makes of the history “only one true narrative”. About the treatment of the texts, we adopted the procedure suggested by Richard Johnson, exploring the thematic problems and, the subjective or cultural configurations that such texts are explicating. From the analysis of these thematic ones and the relations with other academic texts, journalistic and government’s speeches, promoting an interpretation of the configurations constructed for the two studied authors. The reflection on the dialogue established in the novels with contemporaries events, particularly the crisis of the socialism, the civil war and the recovery of the tradition while configuration of society’s expression, leads to the directions that each author attributes to its intrigue. RÉSUMÉ Cette étude analyse la reconfiguration des identités mozambicaines dans les romans de Mia Couto et Paulina Chiziane, dans le contexte des transformations qu’ont eu lieu à Mozambique ces dernières décennies. Aussi, l’étude essaye de comprendre comment ces ouvrages, produites entre 1990 et 2006, établissent les représentations de la société et sont responsables par la construction des sens, instaurateurs d’une image déterminé pour l’identité culturelle collective. A partir d'intersections entre les études de Homi Bhabha, Stuart Hall e Katthryn Woodward, on considère les processus de construction des identités culturelles, analysés comme des relations de force, où les signes différentiateurs du Moi peuvent être submergés dans discours de la nation, mais toujours passibles d’émerger à tout le moment, indiquant que le discours homogène est tronqué par les histoires hétérogènes des groupes en dispute. Le recours au roman comme source pour une étude historique part de la compréhension que la littérature, plus que de la fiction, est aussi une forme de représentation du temps vécu et que, tel les études historiographiques, promeuve un ordonnément et une configuration de l’expérience temporale des hommes. Le fondement théorique de ces considérations, cherché en Ricoeur, établi les similitudes entre les procédures du romancier et de l’historien, tant dans la représentation de l’action, quant dans la composition de l’intrigue, mécanismes à travers lesquels les deux cherchent à atteindre, avec ses trames, la compréhension et la vraisemblance. On peut réaffirmer, avec Paul Veyne, que la connaissance