UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS HENRIQUE BOSSO DA COSTA Entre O Lulismo E O Cetici
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS HENRIQUE BOSSO DA COSTA Entre o lulismo e o ceticismo: Um estudo de caso com prounistas de São Paulo São Paulo 2015 HENRIQUE BOSSO DA COSTA Entre o lulismo e o ceticismo: Um estudo de caso com prounistas de São Paulo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciência Política. Orientador: Prof. Dr. André Vitor Singer São Paulo 2015 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. COSTA, Henrique Bosso da. Entre o lulismo e o ceticismo: Um estudo de caso com prounistas de São Paulo. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciência Política. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA Prof. Dr.: ___________________________ Instituição: _______________________________ Julgamento: _________________________ Assinatura: ______________________________ Prof. Dr.: ___________________________ Instituição: _______________________________ Julgamento: _________________________ Assinatura: ______________________________ Prof. Dr.: ___________________________ Instituição: _______________________________ Julgamento: _________________________ Assinatura: ______________________________ AGRADECIMENTOS Ao professor André Singer, meu orientador, agradeço imensamente pela oportunidade e pela confiança. Desde nosso primeiro contato há alguns anos, ainda com outro projeto em mente, até a transição para os estudos acerca do lulismo, tive o privilégio de estar presente neste que é um dos debates urgentes da política brasileira. Com as dificuldades que o desenvolvimento intelectual pressupõe, com as alegrias e decepções que lhe são decorrentes, tive em Singer um interlocutor criterioso, justo e atencioso, postura que terei sempre como horizonte. Ao professor Ruy Braga e à professora Marília Pontes Sposito, pelas observações cuidadosas e sugestões precisas não apenas por ocasião do meu exame de qualificação, mas nas valiosas oportunidades que tivemos de discutir minha pesquisa. O formato final desta dissertação é fruto dessas reflexões. Ao Departamento de Ciência Política da USP, nos nomes da professora Rossana Rocha Reis e do professor Rogério Arantes, que ocuparam a coordenação de pós-graduação no período de execução desta pesquisa e que atenciosamente forneceram todas as condições para a sua realização. À professora Cibele Rizek, que me contemplou com excelentes e generosos comentários por ocasião do Seminário Discente de 2014, e ao professor Gabriel Feltran pela disposição em ler e opinar sobre o texto. À competente, atenciosa e carinhosa recepção dos funcionários da secretaria do DCP, Rai, Vasne, Márcia, Ana Maria e Léo, que me proporcionaram não apenas o suporte técnico necessário, mas também amizade e boas histórias. A Fabiano Ferreira e Joel Abreu, a quem devo a ajuda com a seleção dos entrevistados e a generosa disponibilidade. Solidariedade que foi essencial para a boa execução do trabalho de campo. Aos amigos e colegas da Ciência Política, com quem pude dividir reflexões e angústias intelectuais, companheirismo e aprendizado constante nas salas de aula, grupos de estudo, cafés e bares e que ajudaram a construir esta trajetória: Vinícius Valle, Leonardo Brito, Rafael Moreira, Danilo Fiore, Maria Letícia Diniz, Aiko Amaral, Juliana Bueno, Caio Barbosa, Christian Schallenmueller, André Kaysel e Thais Pavez. Estendo ao professor Bernardo Ricupero, presença marcante no Grupo de Pesquisa Pensamento e Política no Brasil, estes agradecimentos. E agradeço especialmente a Camila Góes e Camila Rocha, leitoras criteriosas e pesquisadoras brilhantes que me contemplaram com críticas, inspiração e estímulo. A Maíra Kubík Mano, companheira nos momentos mais importantes e presença iluminada nos mais difíceis. A Tica Moreno, sempre pronta a dar incentivo, sinceridade e broncas mais que necessárias. A Beth Queijo pelas boas conversas e pela dica que deu a partida no trabalho de campo. A João Brant, parceiro na empreitada rumo a pós-graduação na USP. Aos amigos e amigas que, de alguma forma, contribuíram para esta dissertação ou para manter seu autor no caminho de seu bom cumprimento: Betina Sarue, Táli Pires, Mariana Pires, Renato Florentino, Pilar Veras, João Carlos Ribeiro Júnior, Tomás Arruda, Fábio Senne, Carlos “Virtude” Menegozzo e Alcimar Frazão. Morando há mais de uma década na capital, estive distante da minha família e nem sempre pude lhes dar a atenção que merecem. Pela paciência e pelo amor incondicional que sempre estiveram prontos a me oferecer, além do suporte de todas as ordens, agradeço a minha mãe, Josane, minha avó, Pompéia, minha tia, Roselaine, e meu pai, Egidio. Também meus tios, tias, primos e amigos de Americana. Meus pensamentos estão sempre com vocês. A Daniela Avelar, luz, raio, estrela e luar. Finalmente, agradeço à Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, pelo financiamento a esta pesquisa. A teoria socialdemocrata e, mais ainda, a sua práxis estavam determinadas por um conceito de progresso que não se orientava pela realidade, mas que tinha uma pretensão dogmática. O progresso, tal como ele se desenhava na cabeça dos socialdemocratas, era, primeiro, um progresso da própria humanidade (e não somente das suas habilidades e conhecimentos). Ele era, em segundo lugar, um progresso interminável (correspondente a uma perfectibilidade infinita da humanidade). Em terceiro lugar, ele era tido como um progresso essencialmente irresistível (como percorrendo, por moto próprio, uma trajetória reta ou em espiral). Cada um desses predicados é controverso, e cada um deles oferecia flanco à crítica. Mas essa, se ela for implacável, tem de remontar muito além de todos esses predicados e dirigir-se àquilo que lhes é comum. A representação de um progresso do gênero humano na história é inseparável da representação do avanço dessa história percorrendo um tempo homogêneo e vazio. A crítica à representação desse avanço tem de ser a base crítica da representação do progresso em geral. WALTER BENJAMIN RESUMO No ano de 2005, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu início ao Programa Universidade para Todos (Prouni) com o propósito de abrir espaço para uma demanda reprimida de jovens de classes baixas no ensino superior. Através do programa, o governo passou a dar isenções fiscais às instituições de ensino superior (IES) privadas em troca da concessão de bolsas de estudo, beneficiando cerca de 1,4 milhão de pessoas até 2014. O Prouni está inserido no contexto do que André Singer chamou de lulismo, o pacto de governabilidade que permitiu a execução de reformas graduais com a inclusão de vastos contingentes da população no mercado formal de trabalho e no acesso ao consumo. No caso da educação, garantiu também a retomada do crescimento do setor privado estagnado naquele momento. Aliado às políticas públicas, o avanço do regime de acumulação flexível e sua demanda por um determinado tipo de mão de obra pouco qualificada e de baixa remuneração: 95% dos empregos criados entre 2003 e 2012 pagavam até 1,5 salário mínimo. Neste estudo de caso estendido, utilizou-se a abordagem etnográfica em uma grande universidade privada da cidade de São Paulo. Com alguns de seus alunos, a pesquisa acompanhou suas dinâmicas de vida, sua relação com a escola e com o trabalho e aspectos ideológicos que pudessem clarificar posições políticas, de modo que se chegou a dois grupos distintos de bolsistas do Prouni – alunos de Pedagogia e da área de tecnologia – que se mostraram como duas realidades singulares. No decorrer da pesquisa, eles se mostraram radicalmente diferentes em suas concepções e tiveram que se deparar com momentos determinantes em sua formação política, revelando, de um lado, uma categoria entre o projeto do trabalhador e o lulismo e, de outro, um setor dinâmico do capitalismo pós-fordista em que aspectos de negação da condição operária, tensão com as novas plataformas e um novo desafio para a manutenção do modo de regulação lulista se mostraram na ordem do dia. Palavras-chave: Prouni, lulismo, Partido dos Trabalhadores, classes sociais, ideologia, ensino superior ABSTRACT In 2005, the Luiz Inácio Lula da Silva administration started the University for All Program (Prouni) in order to make room for a pent-up demand for lower classes of young people in higher education. Through the program, the government started to give tax breaks to the private institutions in exchange for granting scholarships, benefiting some 1.4 million people by 2014. The Prouni is inserted into the context of what André Singer called lulism, the governability pact that allowed the execution of gradual reforms with the inclusion of vast portions of the population in the formal labor market and access to consumption. In the case of education, also ensured the resumption of private sector growth stagnated at that time. Allied to public policies, the advancement of flexible accumulation regime and their demand for a particular kind of unskilled labor and low-paid: 95% of the jobs created between 2003 and 2012 were paying up to 1.5 minimum wage. This extended case study used the ethnographic approach in a large private university in São Paulo. With some of his students, the study