V. 05

julho > dezembro 2017 nº01 revista

ISSN 2238-2496

Projeto Olho Boechat do Bairro: CTR Seropédica: no Verde: licenciamento ambiental O licenciamento o uso de satélites no do complexo de ambiental de uma monitoramento de tratamento e disposição central de tratamento florestas no Estado final de resíduos urbanos de resíduos do de Belford Roxo ISSN 2238-2496

revista

Governo do Estado do Rio de Janeiro Luiz Fernando de Souza, governador

Secretaria de Estado do Ambiente v. julho > dezembro 2017 05 Antônio da Hora, secretário

Instituto Estadual do Ambiente Marcus de Almeida Lima, presidente nº01

Diretoria de Licenciamento Ambiental Mariana Palagano Ramalho Silva, diretora

Diretoria de Pós-Licença José Maria Mesquita Jr., diretor

Diretoria de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistema Paulo Schiavo Júnior, diretor

Diretoria de Gente e Gestão Antoine Lousao, diretor

Diretoria de Recuperação Ambiental Ruy Geraldo Corrêa Vaz Filho, diretor

4 Editorial

Projeto Olho no Verde: o uso de satélites no monitoramento do 6 desmatamento no Estado Produção editorial do Rio de Janeiro Gerência de Publicações e Acervo Técnico Patricia Rosa Martines Napoleão (GEPAT/DIGGES) Tania Maria Machado de Oliveira Rafael Ferreira Coordenação editorial Tania Machado

Revisão Sandro Carneiro Islaine Lemos Boechat do Bairro: Normalização Wellington Lira licenciamento ambiental

Fotos do complexo de Acervo INEA tratamento e disposição Diagramação final de resíduos urbanos Juliana Rebello 30 Paula Azevedo de Belford Roxo Philip Martins © Instituto Estadual do Ambiente (INEA) Thabata Mentzingen Paz Julia Coní Felipe Teixeira Duarte

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução Capa Marta Ferreira Honorato de dados e informações contidas nesta publicação, Corte e queimada para abertura de estrada em propriedade desde que citada a fonte. Os artigos são de inteira Eliane dos Santos Silva rural sem autorização em Rio Claro, RJ responsabilidade de seus autores.

Foto: Acervo INEA Periodicidade: semestral

Impresso com recursos do Fundo Estadual de Conservação Disponível também em: Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM). www.inea.rj.gov.br > Estudos e Publicações > Publicações O licenciamento ambiental

Endereço para correspondência: de uma central de Gerência de Publicações e Acervo Técnico tratamento de resíduos: Av. Venezuela, 110 - Sala 113 - Térreo - Saúde CEP 20081-312 - Rio de Janeiro - RJ 42 caso da CTR Seropédica Aline Lefol Nani Guarieiro E-mail: Cristiane Fernandes Nunes Moragas Madeira [email protected] Larissa Ferreira da Costa Marlus N. P. B. V. Oliveira

--- v.5, n.1 (jul./dez. 2017)- ---Rio de Janeiro: INEA, 2017 editorial editorial

blemas, de trabalhar em equipe e de ela- Marcus de Almeida Lima o Projeto Olho no Verde já identificou 270 Presidente do Instituto Estadual borar estratégias para a implementação do Ambiente (INEA) de ações ambientais em contextos de alta casos de desmatamento ilegal, somando complexidade resultou em estudos de casos cerca de 830 mil metros quadrados de mata sobre as várias questões enfrentadas pelo derrubada, o equivalente a 83 hectares com Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Três supressão irregular de vegetação. desses trabalhos foram selecionados pelo O segundo artigo, Boechat do Bairro: licen- IFHT/UERJ e adaptados como artigos para ciamento ambiental do complexo de trata- publicação na revista Ineana. mento e disposição final de resíduos urba- nos de Belford Roxo enfoca o processo de uem lida com as questões am- O primeiro deles, Projeto Olho no Verde: o licenciamento do Complexo de Tratamento bientais deve ser capaz de en- uso de imagens de satélite no monitora- e Disposição Final de Resíduos Urbanos de tender os problemas em sua mento do desmatamento no Estado do Rio Belford Roxo (CTDR-BR), um aterro sanitário complexidade para poder so- de Janeiro, aborda o Projeto Olho no Ver- com 1.637.284 m² (depois ampliado em mais Q lucioná-los. O desenvolvimento de, cujo objetivo é o combate ao desma- 594.000 m²). O licenciamento desse em- dessa capacidade foi o mote do Curso de tamento através da incorporação da tec- preendimento é bastante emblemático, pois Aperfeiçoamento e Pesquisa em Recupera- nologia do imageamento por satélite e de envolveu, além do projeto de engenharia do ção Ambiental, promovido pela Universida- processamento de dados espaciais. O pro- aterro, a compensação ambiental prevista de do Ambiente em parceria com o Instituto jeto monitora semanalmente, via satélite, a na Lei Federal, o levantamento arqueológi- Multidisciplinar de Formação Humana com cobertura florestal de uma área de sete mil co da área e a supressão de vegetação com Tecnologias (IFHT/UERJ), no último trimes- quilômetros quadrados, onde se localizam reposição florestal. tre de 2016. os principais remanescentes florestais do Rio de Janeiro. O Olho no Verde é capaz de O licenciamento da Central de Tratamen- O curso contou com uma metodologia ino- identificar desmatamentos de 200 metros to de Resíduos Sólidos (CTR) de Seropédi- vadora, baseada em estudos de caso, e teve quadrados, considerados de difícil detecção ca, que permitiu o encerramento do antigo cunho transdisciplinar, pois foi destinado mesmo por satélites. As imagens captadas Aterro Controlado de Jardim Gramacho, tanto aos profissionais que atuam em ati- são enviadas para o laboratório de georre- Com esses artigos, reafirmamos o com- alvo de duras críticas da população local e vidades-fim, para que aprimorassem sua ferenciamento da Universidade Federal do promisso de disseminar informações so- de ambientalistas, é o tema do terceiro ar- capacidade de planejar e executar as polí- Rio de Janeiro (UFRJ), onde passam por bre nossas atividades e contribuirmos para tigo. O caso da CTR de Seropédica relata ticas públicas ambientais sob uma aborda- uma triagem. A partir daí, são identificados o debate e o avanço do conhecimento tão o processo de licenciamento ambiental do gem estratégica, quanto aos servidores que os desmatamentos ilegais, emitidos alertas complexo como o da questão ambiental. empreendimento, especialmente a fase das atuam em atividades de apoio, para que de- e acionadas as equipes de fiscalização, que audiências públicas, e faz uma breve ava- O Inea continua avançando no sentido de senvolvessem a capacidade de aplicar co- tomam as providências cabíveis. liação dos critérios técnicos e de seguran- nhecimentos na área. qualificar cada vez mais o seu corpo técnico, Espera-se que, mais do que gerar núme- ça exigidos no âmbito do licenciamento de e mais ainda, criando meios para que esse A chance dada aos participantes do curso ros, o projeto tenha um efeito preventivo e empreendimentos desse tipo, tendo como recurso humano e esses conhecimentos pos- 5 de analisar e propor resoluções para pro- educativo junto à sociedade. Desde 2016, referência a legislação específica. sam ser cada vez mais bem aproveitados.

dez 2017 dez Projeto 2017 dez

> Olho no Verde: o uso de imagens de satélite no monitoramento do 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista

desmatamento no Estado 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista do Rio de Janeiro

Patricia Rosa Resumo Com cerca de 30% de sua área coberta por Mata Atlântica, Martines Napoleão o Estado do Rio de Janeiro começou, em janeiro de 2016, a utilizar tecnologias de imageamento por satélite e de Tania Maria processamento de dados espaciais para monitorar re- manescentes florestais e subsidiar ações de fiscalização Machado de e de combate ao desmatamento. Um ano depois de sua implantação, o Projeto Olho no Verde, além de promover Oliveira uma gestão ambiental integrada, ampliou seu objetivo principal de alcançar o desmatamento ilegal zero para ações que visem à recuperação ambiental de áreas de- Rafael Ferreira gradadas e proteção dos mananciais de abastecimento de água, atuando em consonância com o Cadastro Ambi- ental Rural (CAR). O projeto trouxe importantes mudanças À memória de João Batista e renovação na forma de trabalho do INEA. Com a incor- poração das geotecnologias no apoio às operações de Dias, amigo comum, fiscalização, o desmatamento passou a ser detectado por servidor público inovador, processamento digital de imagens, enquanto a emissão de alertas e os resultados das operações passaram a utilizar que acreditou que o uma plataforma de mapas online, criando, assim, um am- biente rápido, eficiente e transparente para comunicar os Projeto Olho no Verde resultados obtidos e proceder às punições cabíveis. mudaria nossa forma de Palavras-chave ver o território e de atuar Mata Atlântica. Biodiversidade. Desmatamento. Fiscalização. sobre ele. 6 7 Movimentação de terra irregular em propriedade rural; atividade embargada vado grau de endemismo de suas espécies 1. Introdução espaciais para subsidiar ações de fiscaliza- O projeto é dividido em dois componen- ção e de prevenção, para, dessa forma, alcan- tes: o primeiro corresponde ao mapeamento – são mais de vinte mil espécies de plantas, O Projeto de Mapeamento da Cobertura çar o desmatamento ilegal zero até 2018. do uso do solo e cobertura vegetal em esca- sendo oito mil endêmicas, e estima-se algo dez 2017 dez da Terra e de Detecção de Mudanças na Co- 2017 dez A incorporação de tecnologias de imagea- la 1:25.000 para sete regiões hidrográficas em torno de 1,6 milhão de espécies de ani- bertura Florestal do Estado do Rio de Janeiro mento por satélite e de processamento de do Estado do Rio de Janeiro; o segundo re- mais, incluindo os insetos. - Projeto Olho no Verde tem como objetivo o dados espaciais, ao mesmo tempo que possi- fere-se à detecção periódica de mudanças Atualmente, a Mata Atlântica brasileira combate ao desmatamento da vegetação de bilita mais rapidez e eficácia na resposta dos na cobertura florestal de áreas prioritárias está reduzida a aproximadamente 7,85% de Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro órgãos ambientais, fortalece a capacidade para o monitoramento de Mata Atlântica em sua área original, sofrendo ameaça constante por meio do monitoramento dos seus rema- do Estado na prevenção e combate a crimes fragmentos florestais e no entorno de uni- dos fatores antrópicos, já que nos seus limites nescentes florestais. Com a utilização de tec- ambientais dentro e no entorno de unidades de dades de conservação. concentram-se 70% da população do país. É nologias de imageamento por satélite, o Olho conservação (UCs), em fragmentos florestais e As áreas de Mata Atlântica selecionadas também considerado o segundo bioma mais no Verde recorre ao processamento de dados em áreas de preservação permanente (APPs). para o monitoramento são estratégicas para ameaçado de extinção do mundo, perdendo a manutenção dos recursos hídricos e dos apenas para as também quase extintas flo- revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista remanescentes florestais, além de atender restas da Ilha de Madagascar. às demandas do Cadastro Ambiental Rural O Estado do Rio de Janeiro, de acordo (CAR). O controle temporal resultante permi- com o mapeamento feito pelo INEA (2015, tirá avaliar o avanço do desmatamento e a escala 1:100.000), possui 1.390.627,41 hecta- aplicação das devidas penalidades jurídicas e res cobertos por florestas, (em estágios que legais pelos órgãos gestores, quando neces- variam de inicial a médio - avançado), man- sário. O sistema permitirá, ainda, identificar gues, restingas e comunidades relíquias). No áreas com incremento e recuperação de co- Rio de Janeiro, 51,44% da Mata Atlântica está bertura florestal, possibilitando a implemen- protegida por Unidades de Conservação fe- tação de ações de conservação e preserva- derais, estaduais e municipais.

ção dos fragmentos, estabelecendo políticas O clima da Mata Atlântica é tropical, com ambientais integradas que atuem para a re- influência do Oceano Atlântico. Sua vegetação dução do desmatamento. é formada, predominantemente, por floresta Projeto estratégico da Secretaria de Esta- tropical úmida, mas possui muitos ecossiste- Forno de carvão encontrado em propriedade rural na região de Mangaratiba; indício de atividade ilegal de produção de carvão para venda do do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual mas com estruturas e composições florísticas do Ambiente (INEA), o Olho no Verde, iniciado diferentes devido às variedades do solo, rele- em janeiro de 2016, é desenvolvido no âmbi- vo e características climáticas existentes em to do convênio realizado entre a SEA, o INEA sua ampla área de ocorrência, um dos fatores e a Universidade Federal do Rio de Janeiro para ela abrigar tanta biodiversidade. (UFRJ). O Laboratório Espaço de Sensoria-

mento Remoto e Estudos Ambientais (UFRJ) 2. Mapeamento do uso do solo e cober- é o coordenador do projeto, que ainda conta tura vegetal com o apoio técnico do INEA, da Space Ima- O primeiro componente do Projeto Olho no ging Brasil (SIB-Brasil) e da Digimap, respon- Verde corresponde ao mapeamento, em escala sáveis pela detecção de mudanças e emissão 1:25.000, de uma área aproximada de 38.355 km2 dos relatórios de desmatamento, e o apoio , equivalente a 87,6% do território do Estado do financeiro da Prumo Logística S.A. Rio de Janeiro, mapeados em duas fases, com

1.1 Importância do bioma Mata Atlântica vistas a classificar o uso do solo e da cobertura A Mata Atlântica está entre os cinco bio- vegetal em macroclasses (Quadro 1). mas mais importantes para a conservação Esse mapeamento abrange as regiões hi- da biodiversidade do mundo. Isso se deve a drográficas do Médio Paraíba do Sul, Piabanha, tico-ticoNinhos de (Zonotrichia passarinhos capensis abandonados) abrigava também três ovos, são sendoencontrados dois de pelos tico-tico fiscais e um devido de chupim ao desmatamento. ou maria-preta Na (foto,Molothrus pode-se bonariensis ver que o )ninho de 8 sua altíssima diversidade biológica e ao ele- Rio Dois Rios, Baixo Paraíba do Sul, Macaé e das 9 Quadro 1 - Classes mapeadas no Componente 1 – Mapa de Uso do Solo e Cobertura Vegetal Tabela 1 - Regiões hidrográficas mapeadas no Componente 1 – Mapa de uso do solo e cobertura vegetal

RH Nome Status Área (Km2) Percentual

dez 2017 dez Macroclasse 2017 dez Descrição da classe Subclasses incluídas mapeada RH II Guandu Fase 2 -Em elaboração 3.712,93 8,5 %

RH III Médio Paraíba do Sul Fase 1 - Concluída 6.429,06 14,7 %

RH IV Piabanha Fase 1 - Concluída 3.459,19 7,9 % Área urbana de alta, média e baixa densidade Áreas Antrópicas Não Correspondem às áreas antropizadas cujo Área industrial RH V Baía de Guanabara Fase 2 -Em elaboração 4.813,58 11 % Agrícolas (ANAs) caráter é diferenciado do agropastoril. Solos expostos RH VI Rio Dois Rios Fase 1 - Concluída 4.462,38 10,2 % Áreas antrópicas indiscriminadas (mineração) RH VIII Macaé e das Ostras Fase 2 -Em elaboração 2.012,93 4,6 %

Baixo Paraíba do Sul RH IX(A) Fase 1 - Concluída 8.298,60 19,0 % e Itabapoana Correspondem à cobertura vegetal asso- Cultivos perenes e temporários ciada às atividades agrícolas ou pecuárias, Solos em preparo RH IX(B) Baixo Paraíba do Sul Áreas Antrópicas sem detalhamento de tipologia ou intensi- Fase 2 -Em elaboração 5.169,00 11,8 % Áreas de revegetação e Itabapoana Agrícolas (AAGs) dade de uso. Incluem as coberturas herbá- Pastagens revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista ceas de gramíneas não naturais e áreas Fonte: Projeto Olho no Verde agrícolas, incluindo os cultivos perenes.

Ostras, Baía de Guanabara e Guandu. A Tabela 1 lizadas pelo geosserviço Digital Globe Basemap Correspondem à vegetação arbórea, com (DGBM), em conjunto com imagens do sensor exceção da silvicultura, recobrindo serras, apresenta as respectivas áreas mapeadas e o morros, colinas e planícies. Incluem diversas RapidEye, para o 2014 ± 1 ano, com cinco metros Áreas Naturais Flores- Vegetação Estágio Médio-Inicial (VGSI) seu percentual no Estado do Rio de Janeiro. fitofisionomias da Mata Atlântica, como a tais (ANFs) ombrófila e as matas ciliares. Foram agrupa- Vegetação Estágio Médio-Avançado (VGMA) de resolução espacial e oito bandas espectrais, dos os estágios sucessionais das florestas. 2.1 Metodologia usada no mapeamento do uso do incluindo faixas do infravermelho, disponibiliza- solo e cobertura vegetal das pelo Geocatálogo de Imagens do Ministério A metodologia desenvolvida pela equipe da do Meio Ambiente (MMA). A Figura 1 apresenta as Correspondem às diferentes formações Afloramento rochoso UFRJ para o mapeamento apresentou importan- atividades desenvolvidas no projeto. vegetacionais e não vegetacionais, Comunidade relíquia tes inovações, tanto no que se refere às imagens como área de refúgio, áreas alagadas e O projeto foi subdividido em grupos de traba- Áreas Naturais Não Campos de altitude os afloramentos rochosos. Florestais (NNFs) Áreas alagadas/Áreas úmidas de satélite utilizadas, quanto em relação ao pro- lho coordenados por professores especialistas na Apresenta maior detalhamento e descontinuidade espacial, de acordo Praias cesso de classificação. As imagens utilizadas no área, sendo que cada grupo específico se ocu- com a região. Solo exposto natural Olho no Verde correspondem a uma composição pou de cada macroclasse mapeada, conforme entre imagens dos sensores de alta resolução e apresentado no Quadro 1. de média resolução, para o 2014 ± 1 ano. Foram São formações vegetais que se estabelecem em Foi utilizado o método de classificação orien- cordões arenosos da planície costeira, com in- empregadas imagens dos sensores WorldView e tado a objetos, com a segmentação dos níveis Restinga fluência marinha e flúvio-marinha, distribuídas em mosaico. Podem ser encontradas em formações GeoEye, com resolução espacial submétrica (50 hierárquicos realizada no software de processa- herbáceas e arbóreas, como as matas de restinga. centímetros) e bandas espectrais RGB, disponibi- mento de imagens E-Cognition. Após a classifi- Outras áreas naturais

São ambientes costeiros de transição entre o Mangue ambiente terrestre e o marinho, sujeitos ao regime das marés, com espécies vegetais típicas. Pré-processamento digital Integração dos das imagens Mapeamento por grupos Mapeamentos Criação de mosaicos de imagens de trabalho Verificação do Corresponde a uma forma de exploração (2014 ± 1 ano) Mapeamento em Campo e manejo da flora, destinada ao uso econ- Plantios comerciais Silvicultura (SILVs) Edição Final ômico, à preservação e à conservação dos Reflorestamento •Imagens •Imagens •Áreas de •Áreas recursos naturais renováveis. WorldView: Landsat 5 e 8: Vegetação Antrópicas Não Resolução 0,5m Resolução 30m Florestal Agropastoris •Mapeamento final •Imagens RapidEye •Áreas Antrópicas •Áreas Naturais •MDE STRM: e validação Áreas com uso agropastoril anteriores a 22 de julho de 2008 (data limite do Código Não Agrícolas Não Florestais Áreas Agropastoris Resolução 5m Resolução 30m Florestal – Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012). Consolidadas

Figura 1 – Procedimentos metodológicos para elaboração do mapa de uso do solo e cobertura vegetaL

10 Fonte: Projeto Olho no Verde Fonte: Projeto Olho no Verde 11 cação de cada tema, foi realizado um processo pela RH IX (24%). No caso da silvicultura, que tota- Classe de uso do solo e cobertura florestal – Bacia do Rio Paraíba do Sul de integração entre os temas e regiões, com eta- lizou 25.516 hectares, correspondendo a cerca de

pa de validação em campo dos resultados obti- 5% do total mapeado, destaca-se a RH III – Médio 2.000.000 ha dez 2017 dez 2017 dez dos, de modo a dirimir dúvidas e solucionar erros Paraíba do Sul, com 50,5% da área de silvicultura 1.800.000 ha de omissão e comissão em cada mapeamento. O mapeada na Bacia, seguida pela RH VII, RH IX e Silvicultura Áreas não agropastoris RH IV, respectivamente. menor detalhe mapeado corresponde a áreas de Áreas agropastoris Áreas naturais não florestadas 1.600.000 ha 0,5 hectare para áreas de floresta e silvicultura e Em relação ao estado de fragmentação da co- Áreas naturais florestadas Água de um hectare para as demais classes. Posterior bertura florestal nas regiões mapeadas, observa- 1.400.000 ha a essa etapa, foi realizado o processo de edição -se que, apesar de ser uma cobertura bastante sig- 1.200.000 ha final do mapa e validação dos resultados, por nificativa, o mapeamento na escala 1:25.000, com

meio de comparação com dados de campo e ob- área mínima de 0,5 hectare, revela que o índice de 1.000.000 ha tidos por outras imagens. A avaliação dos resul- fragmentação nessas áreas é muito grande. tados obtidos pelo cálculo do Índice de Exatidão Observa-se que, em todas as regiões mapea- 800.000 ha revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista Global e Índice Kappa (0,839 e 0,807, respectiva- das, a maioria dos fragmentos possuía entre cin- 600.000 ha mente) apontou que os mesmos são satisfatórios co e vinte hectares, com destaque para as RH III

e coerentes com a realidade. e RH VII, com as maiores áreas florestadas. Em 400.000 ha relação aos maiores fragmentos (superiores a 2.2 Resultados do mapeamento do uso do solo e cem hectares), apesar de ocorrerem em menor 400.000 ha cobertura vegetal proporção em todas as regiões, verifica-se que 0 A Fase 1 do Projeto Olho no Verde mapeou a quantidade de fragmentos com essa área na RHRH IIIIII RH IV RH VI RH IX TOTALTOTAL 22.649,23 km do Estado do Rio de Janeiro (Ta- ² RH IX – Baixo Paraíba do Sul é bem pequena, fato 12.772,112.772,1 3.467,57 6.350,75 2.925,82 25.516,2425.516,24 bela 2), correspondente à Bacia do Rio Paraíba que, comparativamente às outras regiões, evi- 32.983,3132.983,31 1.156,17 7.331,19 13.990,21 65.866,8865.866,88 do Sul (Regiões hidrográficas do Médio Paraíba dencia a baixa cobertura florestal e os pequenos 420.780,45420.780,45 165.322,27 262.258,69 269.166,19 1.117.527,601.117.527,60 do Sul - III, Piabanha – IV, Rio Dois Rios – VII e fragmentos que constituem a RH IX. 6.060,836.060,83 10.991,11 6788,6 114.867,77 138.708,31138.708,31 porção sul da Baixo Paraíba do Sul – IX/A, o que 190.007,54190.007,54 168.380,44 179.083,04 94.176,15 631.647,17631.647,17 representou 51,8% do total das áreas a serem ma- 3. Detecção de mudanças na cobertu- 8.565,558.565,55 2.810,4 5.512,074 47.614,41 64.502,4364.502,43

peadas pelo projeto nas fases 1 e 2). ra florestal Figura 2 – Área total mapeada, por classes de uso do solo e cobertura vegetal O Componente 2 do Projeto Olho no Verde re- De modo geral, as áreas agropastoris predo- Fonte: Projeto Olho no Verde minam na Bacia do Rio Paraíba do Sul. As áreas 15 fere-se à detecção de mudanças na cobertura flo-

Área total mapeada por classe e região hidrográfica - Bacia do Rio Paraíba do Sul

420.000 ha Silvicultura Áreas não agropastoris Áreas agropastoris Tabela 2 – Área total mapeada, por classe e Região Hidrográfica 390.000 ha Áreas naturais não florestadas Áreas naturais florestadas Água 360.000 ha Região Áreas naturais não Áreas naturais Áreas não Área (ha) Silvicultura Água Áreas agropastoris Hidrográfica florestadas florestadas agropastoris 330.000 ha 300.000 ha

RH III 642.832,00 12.772,1 6.060,83 190.007,54 32.983,31 8.565,55 420.780,45 270.000 ha 240.000 ha 210.000 ha RHI IV 345.935,00 3.467,57 10.991,11 168.380,44 11.562,17 2.810,4 165.322,27 180.000 ha 150.000 ha RH VI 446.238,00 6.357,75 6.788,6 179.083,04 7.331,19 5.512,074 262.258,69 120.000 ha 90.000 ha 60.000 ha RH IX 1.346.670,00 2.925,82 11.4867,77 94.176,15 13.990,2 47.614,41 269.166,19 30.000 ha 0 Tota l 2.781.675,00 25.516,24 128.708,31 631.647,17 65.866,88 64.502,43 1.117.527,60 RH III RH IV RH VI RH IX RH III RH IV RH VI RH IX Figura 3 – Área total mapeada, por classes de uso do solo, cobertura vegetal e região hidrográfica

12 Fonte: Projeto Olho no Verde Fonte: Projeto Olho no Verde 13

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8 s dez 2017 dez 2017 dez i a t o s t 0 a n 0 c 0 r e i 0 f 0 0 e 0 0 2 0 o á 0

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1 2 2 2 9 2 8 3 0 2 8 8 4 9 3 1 6

3 Fiscal vistoria queimada de 50 mil m de vegetação na zona de amortecimento do Parque Estadual do Cunhambebe, Rio Claro

8 ² Seropédica Jardim Silva Sumidouro Tanguá Teresópolis Morais de Trajano Rios Três Valença Varre-Sai Vassouras Redonda Volta 4

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2 8 c 1 i t 81. 82. 83. 84. 85. 86. 87. 88. 89. 90. 91. n 0 4 â l

t 9 restal de áreas prioritárias para o monitoramento vação da Biodiversidade (ICMBIO), a Polícia Militar 5 8 7 A 8

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6

a de Mata Atlântica em fragmentos florestais e no Ambiental e os municípios afetados (Figura 5). G 2 2 c e M 7 O 7 entorno de unidades de conservação. Conta com 4 8 3 7 3 8 4 a disponibilização de imagens de satélite de alta O Olho do Verde utiliza 5

5 resolução, por acesso online para todo o Estado 1

4 imagens de satélite de alta 1 2 5 4 Sapucaia Saquarema Santo Antônio de Pádua Antônio de Santo Itabapoana de São Francisco São Fidelis São Gonçalo São João da Barra Meriti São João de Ubá São José de do Rio Preto São José do Vale da Aldeia São Pedro São Sebastião do Alto Rio de JaneiroRio de Maria MadalenaSanta Petrópolis Pinheiral Piraí Porciúncula Real Porto Quatis Queimados Quissamã Resende Rio Bonito Rio Claro Rio das Flores Rio das Ostras do Rio de Janeiro, e, além disso, prevê o monito- 8 7 6

3

4 resolução obtidas a cada 5 80. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 68. 69. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 7 2 9

6

4 ramento periódico visando à detecção de desma- 3 4 4

5 dois dias, o que permite 6 0 0

4 tamento em uma área de cerca de 8.000 km ² de 9 6 3 G ² 5 2 M Mata Atlântica (Figura 4). identificar, com precisão, 1 0 8

1 5 4 O projeto utiliza imagens de satélite de alta o corte de até mesmo uma 9 2 8 8 6 resolução obtidas a cada dois dias, o que permite 6 única árvore 5 W W 9 " " 3 5 0 0 ' ' 5

0 0 identificar, com precisão, o corte de até mesmo ° ° Iguaba Grande Itaboraí Itaguaí Italva Itaocara Itaperuna Itatiaia Japeri Laje do Muriaé Macaé Macuco Magé Mangaratiba Maricá Mendes Mesquita Miguel Pereira Miracema Natividade Nilópolis Niterói Friburgo Nova Iguaçu Nova Paracambi do Sul Paraíba Parati Paty do Alferes 4 4

4

4 4 6

9 3.1 Monitoramento da supressão florestal 1 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53.

3 uma única árvore. Objetiva, entre outras ações, 9

7 realizar o monitoramento da cobertura florestal, Esse processo consiste em identificar, de forma 0 9 5 semiautomática, áreas que sofreram supressão da 8 identificando desmatamentos ilegais, e desenvol- 5

2 ver um protocolo de comunicação e ações, inte- cobertura florestal, considerando a região de moni- 6

0 grando e otimizando procedimentos adotados toramento pré-definida no Estado. Essa ação é con- 3 P 3

S por setores que atuam na fiscalização ambiental. tínua ao longo do projeto e ocorre em intervalos de

Angra dos Reis Angra Aperibé Araruama Areal Armação dos Búzios do Cabo Arraial do Piraí Barra Mansa Barra Roxo Belford Bom Jardim Bom Jesus do Itabapoana Cabo Frio Macacu de Cachoeiras Cambuci Carapebus Gasparian Levy Comendador Campos dos Goytacazes Cantagalo Moreira Cardoso Carmo Abreu de Casimiro Macabu de Conceição Cordeiro Duas Barras Caxias Duque de Frontin de Paulo Engenheiro Guapimirim tempo curtos, de no máximo 72 horas, conforme dis-

2 O projeto se constitui, portanto, em importan- 0. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 5 MG Projeto Olho no Verde - Áreas de Monitoramento de - Áreas Olho no Verde Projeto te instrumento de gestão, uma vez que possibilita ponibilidade de imagens de satélites com boa qua-

a articulação institucional de diversas áreas do lidade de observação. Quando não há possibilidade

S " 0 ' 0 ° 2 2 INEA (setores de geoprocessamento, fiscalização, de obtenção de imagens nesse período, ocorre a Figura 4 – Mapeamento de uso do solo e cobertura vegetal para a Região do Médio Paraíba do Sul apoio aos municípios, áreas protegidas, licencia- busca da imagem em condições de se avaliar a mu- 14 mento) com o Instituto Chico Mendes de Conser- dança na cobertura até o prazo máximo de 90 dias. 15 Pontos Focais

ArcGIS Online dez 2017 dez 2017 dez PRUMO UFRJ Financiamento

Banco de Imagens

Alertas entregues pela DIGIMAP

SIB DIGIMAP Alertas selecionados pela sala de situação

COGEFIS* DIBAPE COGET SUPLAN SUBCLIM revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista SALA DE PREFEITURAS SITUAÇÃO

ICMBIO

COGET

COGEFIS

DIBAPE Operação Olho no Verde contra o desmatamento de vegetação de restinga na região do Parque Estadual Lagoa do Açu, nos municípios de Campos dos Goytacazes e São João da Barra

Figura 5 – Arranjo geral do Projeto Olho no Verde, etapas e atores (onde: UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro; SIB - Space Ima- As imagens obtidas junto ao sistema Digital de organizar as operações de fiscalização e tam- ging do Brasil; COGEFIS - Coordenadoria de Fiscalização; DIBAPE - Diretoria de Biodiversidade, Áreas Protegidas e Ecossistemas; COGET Globe Basemap, que corresponde ao Serviço de bém selecionar as áreas com alertas que devem - Coordenadoria de Gestão do Território e Informações Geoespaciais; SUPLAN - Superintendência de Planejamento Ambiental e Gestão Ecossistêmica; SUBCLIM - Subsecretaria de Mudanças Climáticas e Gestão Ambiental; ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação Fornecimento de Imagens Online, submetidas ao ser enviados aos municípios e ao ICMBIO. Dessa da Biodiversidade) processo de detecção de mudanças, apontam os forma, os resultados do projeto são apresentados Fonte: Projeto Olho no Verde desmatamentos ocorridos em relação à imagem considerando os alertas totais emitidos e os aler- 2 anterior, considerando-se 200 m como área mí- tas efetivamente vistoriados e que possam ter ge- nima. Nessas áreas, são gerados polígonos, en- rado algum procedimento administrativo (autos viados como alertas às equipes de fiscalização. de constatação, multas, embargos, apreensões de Os alertas contêm, além da imagem do “antes equipamentos e prisões). e depois” da área desmatada, informações úteis às operações em campo, como localidade, área 3.2 Resultados desmatada, se corresponde a Área de Preserva- 3.2.1 Distribuição espacial dos alertas ção Permanente, se o imóvel possui Cadastro Am- A área de monitoramento da supressão da co- biental Rural e a melhor rota para acessar o local. bertura vegetal abrangeu 48 municípios do Esta- Importante ressaltar que tanto a supressão como a regeneração detectadas por imageamento não do. Os critérios para seleção dos mesmos foram apresentam o tipo de vegetação envolvida, e sim baseados no Mapa de Uso do Solo e Cobertu- a existência ou não da mesma. ra Vegetal (INEA, 2013), que identificou as áreas Após a emissão dos alertas semanais, é reali- com fragmentos florestais, unidades de conser- zada uma reunião com os membros da “Sala de vação e respectivas zonas de amortecimento, Situação”, composta pelos coordenadores e téc- de modo a identificar possíveis regiões em que nicos dos setores de geoprocessamento, fiscali- a cobertura vegetal encontra-se sob pressão de

16 zação e unidades de conservação, com o objetivo atividades antrópicas. Extração ilegal de madeira em Paraty, no litoral sul do Estado. Município é um dos 48 monitorados pelo Projeto Olho no Verde 17 Ao longo do ano de 2016, foram emitidos Quadro 2 – Total de área desmatada em 2016 nas áreas monitoradas pelo Projeto Olho no Verde Tabela 3 – Ranking dos municípios monitorados com supressão de vegetação alertas semanais com alguma ocorrência de mu- Nº de alertas com dança na cobertura. Para tornar operacional a Área polígono Área dos alertas/Área dez 2017 dez Município supressão Área (m ) Ranking 2017 dez Total de alertas emitidos ² monitoramento (m ) de monitoramento (%) fiscalização, foi então criada uma instância de de vegetação ² articulação institucional, envolvendo técnicos de São Gonçalo 3 36.003,69885 30.538.146,12 0,171 1 Alertas Área total diversos setores do INEA, com o objetivo princi- Rio Bonito 13 93.983,05647 149.937.064,4 0,063 2 emitidos: vistoriafda: pal de definir as áreas a serem vistoriadas, de Seropédica 3 7.372,576213 12.021.855,88 0,061 3 acordo com critérios de seleção, tais como: (i) 364 134,14 hectares Tanguá 1 17.551,32758 29.347.950,35 0,041 4 tamanho da área a ser vistoriada; (ii) se a área Mangaratiba 16 62.804,60628 156.382.200,2 0,032 5 selecionada possui autorização de supressão de Total de desmatamento Rio de Janeiro 110.355,7851 340.392.246,7 vegetação emitida pelo órgão licenciador; (iii) se 30 0,024 6 Rio das Ostras 1 3.034,200389 12.818.514,12 0,021 7 a área se encontra em unidade de conservação; Alertas com Área total com (iv) se a área se encontra em Área de Preserva- irregulariddde: desmatamento: Valença 1 3.081,560081 183.806.217,9 0,020 8 revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista ção Permanente; (v) se corresponde a área quei- 201 71,50 hectares Pinheiral 5 34.413,96081 15.478.889,1 0,017 9 mada, natural ou antrópica; e (vi) se corresponde Nova Iguaçu 1 2.572,43603 133.747.745,5 0,017 10 Fonte: Projeto Olho no Verde a área de silvicultura. Japeri 9 21.444,69553 15.293.131,52 0,016 10

A partir daí, os alertas selecionados passaram a Maricá 5 20.736,15153 135.467.730 0,016 11

ser enviados via aplicativo de serviço de mapas on- Saquarema 4 46.450,23037 85.338.392,86 0,014 12 line, plataforma utilizada para compartilhamento tes em cada área, uma vez que o município Cambuci 22 61.681,56621 324.968.405,1 0,011 13 dos dados e também para operacionalização das pode, relativamente à área monitorada, ter so- Paraty 2 8.858,06847 574.126.856,5 0,011 13 operações em campo, permitindo a definição das Cachoeiras de frido maior impacto de desmatamento, apesar 42.887,29335 421.667.856,9 Macacu 8 0,011 13 rotas, visualização do “antes e depois” dos alertas, de a área absoluta suprimida ter sido menor. Itaguaí 14 42.965,82134 103.317.673,9 0,010 14 apresentação dos relatórios de vistoria e fotos. Exemplo disso ocorre com São Gonçalo e Rio Silva Jardim 6 10.287,25479 413.982.556,1 0,010 14 Em relação aos resultados alcançados a par- de Janeiro. No caso de São Gonçalo, foram Magé 4 7.930,866916 81.583.494,17 0,006 15 tir das operações de fiscalização realizadas pelas monitorados 3.053,81 hectares de fragmentos equipes da Coordenadoria de Fiscalização do INEA, florestais e entorno, e o desmatamento iden- Barra do Piraí 4 11.098,003 215.195.443,1 0,005 16 das Superintendências Regionais e das unidades tificado foi de 5,22 hectares, colocando o mu- Piraí 1 9.108,382961 192.824.161,1 0,005 16

de conservação, com o apoio da Polícia Ambiental nicípio como o primeiro do ranking, com uma Nova Friburgo 5 2.747,726237 558.516.270,3 0,004 17 Militar (UPAM), selecionados conforme os critérios taxa de 0,17% da área mapeada com supres- Niterói 1 1.182,185237 70.129.913,96 0,004 17 elencados, temos o Quadro 2. são. No caso do Rio de Janeiro, que ocupa a Mendes 9 18.181,61876 33.067.658,65 0,003 18 quinta posição no ranking, foram monitorados Considerando os critérios de seleção dos Casimiro de 34.093,22 hectares, com detecção de 11 hecta- 2 5.022,656407 159.798.824,8 0,003 18 alertas para envio às equipes operacionais, Abreu res de perda relativos à supressão, distribuídos Miguel Pereira 4.311,044275 159.798.824,8 em especial o tamanho mínimo adotado (1.000 3 0,003 18 por 32 áreas vistoriadas, resultando em taxa m2), foram emitidos 364 alertas de mudança da Angra dos Reis 4 9.224,393508 321.682.768,6 0,002 18 de 0,032% da área mapeada com supressão. cobertura vegetal, totalizando 134,14 hectares. Petrópolis 3 4.240,383954 157.764.465,8 0,001 19 As operações de fiscalização contra os in- Após as ações de fiscalização motivadas por es- Campos 12 5.729,939304 294.061.212,2 0,001 20 fratores que desmatam possibilitaram apon- ses alertas, foi comprovada a supressão da ve- tar indícios sobre as principais causas para Rio Claro 2 4.794,533979 335.067.461,3 0,001 20 getação de Mata Atlântica em 201 áreas, corres- a ocorrência desse crime ambiental, contri- Resende 1 1.397,683966 106.246.863,9 0,001 20 pondendo ao desmatamento de 71,50 hectares. buindo para a identificação do perfil do des- Trajano de Morais 1 1.701,351793 202.969.840,6 0,001 20 A Tabela 3 apresenta a distribuição dos matamento no Estado do Rio de Janeiro. Em Itatiaia 1 518,1672667 67.689.856,8 0,001 20 alertas com supressão de vegetação pelos mu- uma primeira análise, a partir dos dados do Guapimirim 1 601,441123 119.397.983,9 0,001 20 nicípios e respectivas áreas de monitoramento Olho no Verde, foi possível identificar que o São João da Barra 2 1.045,42 380.105.034,2 0,000 21 do Projeto Olho no Verde. Embora a área de desmatamento no Estado ocorre em peque- monitoramento por município seja variável, o nas áreas, em alguns casos apresentando ex- Teresópolis 1 654,2294039 246.544.479 0,000 21

18 ranking objetiva apontar as pressões existen- pansão ao longo do tempo, geralmente para Fonte: Projeto Olho no Verde 19 dar lugar a dois usos principais do solo: a ex- foi embargada e teve o maquinário apreendi- área dos terrenos. A operação de fiscalização rências de desmatamento para ampliação de pansão urbana e a pecuária. do pelas equipes do PEPB-INEA e da Unidade dos técnicos da unidade de conservação e da áreas de pastagens na Região do Médio Pa- No caso da expansão urbana, foi possível ob- de Polícia Militar Ambiental (UPAM). Policia Ambiental resultou na emissão de au- raíba, em Barra do Piraí, com supressão de dez 2017 dez 2017 dez servar muitos polígonos com área de até 1.000 Em outra situação, ainda na zona de entor- tos administrativos e em embargos das obras 7.700 m² (Figura 9), e, em Cambuci, na Re- m , apontando para o crescimento desordenado ² no do Parque Estadual da Pedra Branca, foi ob- nas propriedades. gião do Baixo Paraíba, no interior da unidade das cidades ou mesmo para ação criminosa de servado o corte não autorizado de vegetação O Estado do Rio de Janeiro apresenta ex- de conservação municipal Refúgio da Vida grupos que se apropriam do espaço urbano. em estágio inicial de sucessão em uma área de pressiva área de seu território ocupada por Silvestre do Chauá, onde foram suprimidos Na cidade do Rio de Janeiro, predominan- 1.500 m² dentro de uma indústria (Figura 7). pastagens, degradadas ou não. A expansão 3.000 m² de vegetação (Figura 10). temente urbana, foram identificadas 30 áreas Mangaratiba, na região da Costa Verde da atividade pecuária para áreas de borda de Outra situação identificada pelo Projeto com ocorrência de desmatamento ilegal, tota- Fluminense, ocupou o 6º lugar no ranking dos fragmentos florestais, em áreas de preserva- Olho no Verde foi o emprego das queimadas lizando 11 hectares de perda de cobertura flo- municípios com supressão ilegal de vegeta- ção permanente ou unidades de conservação como meio para promover a limpeza do ter- restal. A zona de entorno do Parque Estadual ção, com 18 alertas e mais de 6,3 hectares de foi constatada nas vistorias de fiscalização reno. Nos casos identificados, foram tomadas da Pedra Branca (PEPB), bastante pressionada Mata Atlântica desmatada. Na Ilha Jaguanum providências administrativas e legais quando revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista do Projeto Olho no Verde em 2016. As opera- por uma ocupação urbana de alta densidade, (Figura 8), na Área de Proteção Ambiental ções de fiscalização realizadas por técnicos identificados os autores da ocorrência. com áreas com ocupação irregular, favelas e (APA) de Mangaratiba, foi observado um pro- das unidades descentralizadas do INEA re- A Coordenadoria de Fiscalização do INEA também áreas para expansão urbana, viven- cesso de corte de vegetação para expansão (COGEFIS), em parceria com a UPAM e tam- ciou algumas ocorrências de supressão ilegal sultaram em diversos autos de constatação, imobiliária. No período avaliado, dez alertas de floresta para dar lugar à criação de condo- prisões e apreensões de equipamentos, além bém com outras unidades fiscalizadoras do mínios residenciais (Figura 6). Foi o caso de foram emitidos para a Ilha, com a identifica- do embargo das áreas identificadas com des- INEA, foi responsável por cerca de 30% das ção de 4.600 m de vegetação suprimida na matamento. A seguir, são apresentadas ocor- operações de fiscalização, em especial na uma área de 9.000 m²²em Campo Grande, que ²

Figura 6 – Zona de amortecimento do Parque Estadual da Figura 7 – Zona de amortecimento do Parque Estadual da Pedra Branca, Campo Grande, RJ: detectada supressão Pedra Branca, , RJ: corte de árvores em estágio irregular de 9.000 m2 de vegetação para construção de inicial de sucessão em área de 1.500 m2, sem autorização condomínio residencial. A atividade foi embargada e o maquinário apreendido

20 21 Região Metropolitana do Rio de Janeiro, mas dual da Serra da Concórdia (PESC) e o Refúgio também em outras áreas, conforme demanda. da Vida Silvestre do Médio Paraíba (REVISMEP), Nas ações de fiscalização, foram observados nos municípios de Valença e Barra do Piraí, res- dez 2017 dez 2017 dez o corte da vegetação para expansão de ativi- pectivamente, que apresentaram o maior pro- dades agropecuárias relacionadas a peque- porcional de detecção de supressão nessa cate- nos proprietários, a extração mineral, a ex- goria, com 3,6 hectares desmatados (Figura 11). pansão urbana, além da intervenção em Área Em relação aos alertas em UCs, destaca-se o de Preservação Permanente. Em alguns casos, Parque Estadual da Lagoa do Açu (PELAG), em foi possível observar que, além do corte de Campos dos Goytacazes e São João da Barra vegetação nativa, ocorreu também o corte, (Figura 12), com vegetação de restinga, que teve sem autorização, de floresta plantada. 17 alertas enviados desde agosto de 2016, cor- respondendo a 32% dos alertas enviados para

3.2.2 Supressão de vegetação em unidades de áreas menores de 1.000 hectares, totalizando Figura 9 – Em São José do Turvo, distrito de Barra do Piraí, RJ, revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista 2 conservação 0,92 hectare. A área de desmatamento na re- os fiscais detectaram a supressão de 7.700 m de vegetação para ampliação de pastagem. Os proprietários foram autuados Importante ressaltar que, nos casos de alerta em gião do PELAG denota a intensa pressão que a Unidades de Conservação de Proteção Integral, to- região tem sofrido por conta da expansão urba- dos os alertas foram objeto de fiscalização, mesmo na e também pela utilização de recursos madei- reiros, como lenha. aqueles emitidos para áreas menores de 1.000 m²², o que correspondeu a 76 alertas (4,24 hectares). Em relação às UCs de Uso Sustentável, o Ainda em relação às Unidades de Conserva- destaque ficou para a APA Macaé de Cima, em ção de Proteção Integral, foram o Parque Esta- Nova Friburgo, onde foi observada supressão

Figura 8 – Após 10 alertas, fiscais autuaram os proprietários Figura 10 – Na unidade de conservação municipal Refúgio e embargaram a obra sem licença para construções da Vida Silvestre do Chauá, em Cambuci, no Noroeste residenciais, responsável pela supressão de 4.600 m2 de Fluminense, fiscais comprovaram a supressão de 3.000 m2 vegetação na zona de amortecimento do Parque Estadual cobertura florestal. A atividade foi multada e embargada do Cunhambebe, Ilha de Jaguanum, Mangaratiba, RJ

22 23 Área da UC/Total Unidade de Conservação Uso Área em UC (m²) de Desmatamento Sustentável em UC APA Tamoios 4341,66 9,38 APA Macacu 8358,11 18,05 APA Macaé de Cima 17368,34 37,51 APA Guandu 13915,01 30,05 APA de Penedo 518,16 1,12 APA do Mico Leao Dourado 1800 3,89 Total 46301,28 Total em hectares 4,630128 Desmatamento em Unidade de Conservação de Proteção Integral - 2016 - Projeto Olho no Verde Desmatamento em Unidade de Conservação de Uso Sustentável - 2016 - Projeto Olho no Verde dez 2017 dez APA do Mico Leao 2017 dez Dourado 4% APA PETP Tamoios 13% 9% PELAG 13% APA Macacu APA Guandu 18% 30%

APA Macaé de Cima 38% revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista

Figura 12 – As imagens mostram e os fiscais compro- varam 5.000 m2 de supressão de vegetação de restinga no Parque Estadual da Lagoa do Açu, em Campos dos Goytacazes e São João da Barra. Os proprietários foram multados e a atividade embargada Figura 11 – Unidades de conservação que tiveram áreas com supressão de vegetação detectadas pelo Projeto Olho no Verde em 2016 (onde:PES PECET - Parque Estadual da Cantareira; APA - Área de Proteção Ambiental; PETP - Parque Estadual dos Três Picos; REVISMEP/PESC - Refúgio3% da Vida Silvestre do Médio Paraíba / Parque Estadual da Serra da Concórdia; PELAG - Parque Estadual Lagoa do Açu)

ilegal de vegetação em oito áreas, totalizando poliesportivas, intervenções que foram embar- 1,7 hectare desmatado. As operações de fisca- gadas pelas equipes de fiscalização do INEA. lização indicaram, na maioria dos casos, que o Nesse caso, a ferramenta de detecção mostrou- corte de vegetação era feito para dar lugar às -se muito eficiente, já que a supressão ocorreu áreas de agricultura tradicional e limpeza do no interior da ilha e não seria possível observar terreno para pousio, apontando para a necessi- o desmatamento senão a partir da vista aérea. dade de ampliação do conhecimento sobre os O município de Paraty destaca-se pelas 22 serviços ambientais prestados pela manuten- áreas vistoriadas com supressão de vegeta- ção da floresta e também para o desenvolvi- ção, totalizando 6,24 hectares. Apesar desse mento de atividades agropecuárias mais pro- total, em comparação com a área monitorada, dutivas e com menor impacto ambiental e em Paraty ocupa o 13º lugar no ranking dos mu- consonância com a legislação. nicípios que mais desmataram em 2016, isso Na Região da Baía da Ilha Grande, os muni- porque a cobertura do monitoramento é bas- cípios de Paraty e Angra dos Reis apresentaram tante expressiva, por se tratar de uma região áreas de desmatamento em ilhas e também no com elevado índice de cobertura florestal em território, em áreas da APA Cairuçu e da Reserva estágio médio-avançado protegida por unida- Figura 13 – As imagens detectaram e os fiscais comprovaram a supressão de 3.700 m2 de cobertura florestal na Ilha do des de conservação. Na Reserva Ecológica da Ecológica da Juatinga, em Paraty, e da APA de Maia, Área de Proteção Ambiental (APA) de Tamoios, Angra Tamoios, em Angra dos Reis. Juatinga, perto da região do Saco do Manan- dos Reis, RJ. O proprietário foi autuado e a obra embargada Em Angra dos Reis, no interior da Ilha do guá, foi identificado um desmatamento volta- Maia (Figura 13), que faz parte da APA de Ta- do para o comércio ilegal da madeira em um polígono de cerca de 6.000 m ². Na ocasião da moios, foi identificada a supressão de 4.341 m²² ² de vegetação em estágio inicial. A vegetação operação de fiscalização, além de terem sido 24 suprimida daria lugar a residências e quadras apreendidas motosserras usadas no corte da 25 vegetação, foram encontrados e detidos dois logias no apoio às operações de fiscalização, suspeitos de cometerem o crime ambiental. o desmatamento passou a ser detectado por Na região central do Estado, na APA da Ba- processamento digital de imagens, enquanto a dez 2017 dez 2017 dez cia do Rio São João/Mico Leão-Dourado, nos emissão de alertas e os resultados das opera- municípios de Casimiro de Abreu e Silva Jar- ções passaram a utilizar a plataforma do Arc- dim, foram identificadas duas ocorrências de Gis Online, criando, assim, um ambiente rápi- supressão de vegetação nativa, sem autoriza- do, eficiente e transparente para comunicar os ção, para expansão de atividade agropecuária resultados obtidos. e construção de moradias em áreas de borda Essa renovação operacional demandou no- de fragmentos. As operações realizadas pelas vas articulações interinstitucionais e a partici- equipes da Superintendência Regional Macaé e pação de agentes de diversos setores do INEA das Ostras (Casimiro de Abreu) e Superinten- e de outras instituições, como a Polícia Militar dência Regional Lagos São João (Silva Jardim) Ambiental e o ICMBIO, para os casos de ope- Figura 15 – O Olho no Verde detectou e os fiscais embar- revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista resultaram em embargo das atividades e cons- 2 rações em unidades de conservação federal, garam as obras que suprimiram 3.400 m de vegetação tatação de crime ambiental (Figuras 15 e 16). para construção de residências na Área de Proteção Ambi- além de algumas prefeituras. Na Fase 2 do ental (APA) da Bacia do Rio São João / Mico-Leão-Dourado, 4. Próximas etapas projeto, que teve início em março de 2017, fo- em Casimiro de Abreu, RJ O Projeto Olho no Verde trouxe importantes ram firmadas parcerias interinstitucionais com mudanças e renovação na forma de trabalho um maior número de prefeituras, o Instituto do INEA. Graças à incorporação das geotecno- Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Na-

Figura 14 – Na área da Reserva Ecológica da Juatinga, em Figura 16 – Na Aldeia Velha, Área de Proteção Ambiental Paraty, RJ, fiscais detectaram, após os alertas, a supressão (APA) da Bacia do Rio São João / Mico-Leão-Dourado, de 6.000 m2 de vegetação para extração ilegal de em Silva Jardim, os fiscais embargaram a atividade de madeira para comércio. Houve a prisão de dois suspeitos e supressão de 5.200 m2 de vegetação a foi apreendida a motosserra

26 27 turais Renováveis (IBAMA) e o Ministério Público, O Projeto Olho no Verde tem grande po- de modo a aumentar a capacidade de resposta tencial para promover uma gestão ambiental e também de abrangência da área de cobertu- integrada, ampliando seu objetivo principal dez 2017 dez Sobre os autores 2017 dez ra, objetivando o desmatamento ilegal zero. de alcançar o desmatamento ilegal zero para ações que visem à recuperação ambiental de Patricia Rosa Martines Napoleão Em relação ao Componente 1 do projeto – áreas degradadas e à proteção dos mananciais Mestre em Geografia, área de concentração em Análise da Informação Espacial, pela Univer- mapeamento do uso do solo e cobertura vege- sidade Estadual Paulista (UNESP-Rio Claro/SP), Chefe do Serviço de Gestão Ecossistêmica na tal –, no período 2017-2018, serão mapeadas, na de abastecimento de água, atuando em conso- Coordenadoria de Gestão do Território e Informações Geoespaciais (COGET/DIBAPE/INEA). escala 1:25.000, as demais regiões hidrográficas nância com o CAR e aumentando a cobertura do Estado, gerando, por fim, o mapa de uso do florestal do Estado do Rio de Janeiro, além de Tania Maria Machado de Oliveira solo e de cobertura vegetal para todo o Estado promover a conservação do solo e o aumento Jornalista, editora, gerente de Publicações e Acervo Técnico da Diretoria de Gente e Gestão do Rio de Janeiro, em escala de detalhe. qualiquantitativo da água. (GEPAT/DIGGES/INEA). revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 6 - 29 jul 6 - 29 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista Rafael Ferreira Advogado, especialista em Direito Ambiental e Administrativo, Subsecretário de Estado de Mu- danças Climáticas e Gestão Ambiental na Secretaria de Estado do Ambiente (SUBCLIM/SEA). Ricardo Wagner Ricardo

Operação Olho no Verde contra o desmatamento na região do Parque Estadual da Serra da Concórdia, no Sul Fluminense. A fiscalização 28 contou com o apoio da Unidade de Polícia Ambiental 29

Aterro sanitário Boechat do Bairro, em Belford Roxo Thiago Lontra Thiago Foto: Thiago Lontra Thiago Foto: dez 2017 dez Boechat do Bairro: licenciamento ambiental do complexo de tratamento e disposição final de resíduos urbanos de Belford Roxo jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista

Thabata Resumo Este artigo trata do processo de licenciamento do Mentzingen Paz Complexo de Tratamento e Disposição Final de Resí- duos Urbanos de Belford Roxo (CTDR-BR), um aterro Felipe Teixeira sanitário com 1.637.284 m2²(depois ampliado em mais 594.000 m2). Anteriormente, os resíduos sólidos do mu- Duarte nicípio de Belford Roxo eram descartados em um ter- reno sem sistema de tratamento de efluentes líquidos (lixão), de forma que os resíduos ficavam expostos sem Marta Ferreira nenhum procedimento que evitasse consequências am- bientais e sociais negativas. Já os aterros sanitários são Honorato instalados com infraestrutura adequada para receber resíduos de um ou mais municípios e têm uma vida útil de pelo menos dez anos. O caso do licenciamento do Eliane dos Santos CTDR-BR é emblemático, pois envolve, além do projeto de engenharia do aterro, a compensação ambiental Silva prevista na Lei Federal nº 9.985/2000 (BRASIL, 2000), o levantamento arqueológico da área e a supressão de vegetação com reposição florestal.

Palavras-chave Aterro Sanitário. Licenciamento. Belford Roxo.

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Aterro Sanitário Boechat do Bairro, em Berford Roxo 1. Introdução reutilização dos resíduos sólidos. Além disso, insti- LIXÃO Historicamente, a destinação dos resíduos só- tui a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos entre os fabricantes, importado-

dez 2017 dez lidos no Brasil foi tratada como uma questão de 2017 dez res, distribuidores, comerciantes, consumidores e Urubus e menor importância, sendo remediada por meio outros animais da acomodação dos resíduos em terrenos sem o titulares dos serviços públicos de limpeza urbana devido tratamento, causando impactos ambien- e de manejo dos resíduos sólidos. Poluição tais não apenas na localidade de armazenamen- Nesse sentido, diversos municípios, em todo o to, mas também em todo o ecossistema local. país, iniciaram o processo de adequação da desti- O crescimento demográfico da população e a in- nação dos dejetos produzidos por meio da constru- tensificação do consumo pela sociedade geraram um ção de aterros sanitários e desativação dos lixões. incremento considerável da produção de resíduos, o que levou à aprovação da Lei Federal nº 12.305, de 2 2. Lixão x Aterro sanitário Antes de iniciada a operação do CTDR-BR, os de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), que instituiu a Políti- Chorume revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista ca Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada pelo resíduos sólidos do município de Belford Roxo Decreto Federal nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. eram descartados na região conhecida como Essa lei trouxe importante avanço quanto às Babi, em um lixão sem nenhum sistema de tra- formas de descarte adequado dos resíduos (Qua- tamento de efluentes líquidos, isto é, para o cho- Lençol freático dro 1) e, de forma inovadora, propõe a prática de rume (líquido preto originado da decomposição hábitos de consumo sustentável, como também do lixo), que pode penetrar na terra carregando cria instrumentos de incentivo à reciclagem e à substâncias contaminantes para o solo e para as Figura 1 – Danos provocados pelo lixão águas subterrâneas. Moscas, pássaros e ratos se Fonte: Reprodução/Internet (https://www.infoenem.com.br/) reproduzem livremente no lixão a céu aberto, co- Quadro 1 – Destinação ambientalmente adequada locando em risco a saúde de crianças, adolescen- Geradores de resíduos tes e adultos que catam comida e materiais reci- Domicílios Todos os outros cláveis para vender. No lixão (Figura 1), os detritos Comércio setores da ficam expostos sem que nenhum procedimento Indústria sociedade evite as consequências negativas — ambientais e ATERRO SANITÁRIO sociais — do seu descarte indevido. ETE Já o aterro sanitário (Figura 2) é um local pre- Captação e queima Não há urubus, nem outros Coleta Mista Coleta Seletiva viamente selecionado e com uma cobertura no solo de gás metano animais, nem mau cheiro para evitar a contaminação dele e dos lençóis freá- ticos. Nos aterros sanitários, também há tratamento Cobertura Tratamento Destinação final Destinação final diária do chorume ambientalmente ambientalmente do chorume, além da captação e queima do gás li- adequada inadequada berado. Há, ainda, uma cobertura diária de argila colocada sobre o lixo descarregado, utilizada para Lixo novo Reutilização afastar animais ou insetos transmissores de doenças. Reciclagem Esgotada a vida útil do aterro, este deve ser fechado Celação com manta Compostagem de PVC e argila e destinado a um uso específico. Se for o caso, o ges- Incineração Lixão tor público deve buscar outro local para a disposição Biodigestão Aterro final dos resíduos sólidos da sua cidade. Aterro Sanitário Não há contaminação do lençol freático Atualmente, existem normas que regulam a Outros baseados nos órgãos implantação dos aterros. Uma dessas regras competentes é a utilização de mantas impermeabilizantes

que evitem a infiltração do chorume. Também Figura 2 – Como funciona o aterro sanitário Fonte: Reprodução/Internet 32 (http://www.portalresiduossolidos.com) é necessária a retirada desse líquido por sis- Fonte: Reprodução/Internet (https://www.infoenem.com.br/) 33 temas de drenagem eficientes, com posterior Os aterros sanitários podem ser, basica- No caso do CTDR de Belford Roxo, existe o pro- plexo de Tratamento e Disposição Final de Resí- tratamento dos efluentes sem agressão ao mente, de dois tipos: jeto tanto para o aterro sanitário como para uma duos Urbanos de Belford Roxo, inicialmente em meio ambiente. Gases também são liberados de biogás (para aproveitamento do biogás área de 1.637.284 m2² (depois ampliado em mais dez 2017 dez - Aterro sanitário convencional: os resíduos 2017 dez e podem ser comercializados como combustí- 2 são depositados acima do nível do solo para, oriundo da decomposição dos resíduos na gera- 594.000 m ), ocorresse em etapas. vel, podendo trazer benefícios financeiros. Foram propostas cinco etapas (Figura 3), as posteriormente, serem compactados. ção de energia elétrica), uma unidade de triagem Importante lembrar que, adicionalmente (local em que é feita a separação de resíduos quais previam o recebimento diário de aproxima- - Aterro sanitário em valas: os resíduos são ao tratamento dos resíduos nos aterros sani- damente 1.800 toneladas/dia de resíduos sólidos que podem ser reciclados ou reutilizados, como depositados em valas para facilitar a forma- tários, deve-se buscar outras formas ambien- urbanos de municipalidades e de grandes gera- plásticos, vidros, metais e papéis) e uma usina de ção de células e camadas, ajudando na ma- talmente mais viáveis de destinação dos resí- dores (resíduos classe II de indústria e comércio). compostagem (onde é feito o processamento de duos, como a reciclagem, a compostagem, a nutenção do aterro. Depois que uma célula ou Desta forma, considerando o impacto do resíduos orgânicos —restos de frutas, legumes, reutilização e a redução do lixo produzido, por uma trincheira são preenchidas, o aterro volta empreendimento, foi exigido pelo Instituto Es- alimentos em geral — para produção de adubo). meio do consumo consciente. a ter a topografia inicial (Quadro 2). tadual do Ambiente (INEA), no âmbito da análi- 3. Licenciamento em etapas se do licenciamento, a apresentação do Estudo Quadro 2 – Diferenças entre aterro e lixão revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista Tendo em vista a complexidade do empreendi- Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e do Relató- Aterro Lixão mento e o investimento a ser realizado na cons- rio de Impacto Ambiental (RIMA). trução do aterro sanitário, foi solicitado pelo O EIA está previsto no art. 225, §1°, IV da Entrada restrita a veículos devidamente Sem qualquer controle de entrada de empreendedor que o licenciamento do Com- cadastrados, desde que contenham apenas veículos e resíduos. Controle de entrada resíduos permitidos para aquele aterro.

Complexo de Tratamento e Destinação de Resíduos Sólidos Belford Roxo Pesagem, procedência, composição do Pesagem, procedência, composição do Recepção dos lixo, horário de entrada e de saída dos lixo, horário de entrada e de saída dos (CTDR-BR) – Aterros sanitários e unidades de tratamento resíduos veículos são observados. veículos são observados.

Antes do terreno, o local é devidamente O lixo é depositado diretamente sobre a impermeabilizado, seguindo critérios de camada de solo, o que provoca danos ao Impermeabilização engenharia. meio ambiente e à saúde.

Estações elevatórias Possui dispositivos para captação e dren- Não possui dispositivos para drenagem agem do líquido resultante da decom- interna, possibilitando maior infiltração do Etapa II Drenagem posição dos resíduos (chorume), evitando chorume na sua base ou o escoamento a sua infiltração no local. superficial sem qualquer controle. Etapa V Termoelétrica biogás

É feita diariamente com camada de solo, A exposição do lixo permite a emissão de reduz a produção de chorume; impede fortes odores, o espalhamento de lixo leve, Etapa IV Cobertura que o vento carregue o lixo e afasta além de atrair vetores de doenças (ratos, Etapa I vetores de doenças. urubus, moscas etc). Etapa III Tratamento de chorume

Acesso restrito às pessoas devidamente Além dos catadores, adentram nos lixões identificadas. O aterro deve ser bem cer- os animais por falta de cercamento e Triagem Acessibilidade cado para impedir invasores. fiscalização. Apoio Compostagem

É amenizado com a construção de um Visual impactante, área degradada. Resíduos de saúde “cinturão verde” com espécies nativas da Novas tecnologias Impacto visual região que ainda serve de abrigo para predadores de alguns vetores. Figura 3 – Mapa com indicação da localização das etapas de implantação do CTDR-BR

34 Fonte: Reprodução/Internet (http://www.portalresiduossolidos.com/) Fonte: INEA 35 Tabela 1 - Resumo das implantações das Etapas II a V do CTDR-BR

dez 2017 dez Etapa Fase Quantidade de resíduos (ton) Vida útil (ano) 2017 dez

Fase 2A 277.000 0,2 Fase 2B 523.000 0,5 Etapa II Fase 2C 370.000 0,3 Fase 2D 1.830.000 1,7

Etapa III 8.345.000 7,7 Etapa IV 3.200.000 2,9

Fase 5A 1.040.000 1,0 vEtapa V Fase 5B 4.950.000 4,5

Fonte: INEA revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista

Constituição Federal e é um estudo multidis- de Amortecimento da Reserva Biológica (REBIO) ciplinar técnico de maior alcance. Por aprofun- Federal Tinguá (ICMBIO), 5,0 km do Parque Mu- dar as informações necessárias para a análise nicipal do Mendanha e 4,0 km do Parque Muni- da viabilidade ambiental do empreendimento, cipal de Nova Iguaçu. compreende o levantamento da literatura cien- Ao analisar o pedido de licenciamento (Fi-

tífica e legal pertinente, dados coletados em gura 4), o INEA identificou, ainda, a necessidade Figura 4 – Identificação dos cursos d’água na área diretamente afetada pelo aterro de intervenções do projeto em Áreas de Preser- campo, análises de laboratório, entre outras in- Fonte: INEA vação Permanente (APPs), como faixas margi- formações. Portanto, o EIA é um requisito legal, nais de proteção (FMPs) de rios, bem como de parte integrante do processo de licenciamento instalações e atividades do empreendimento. No- -BR1 não havia vestígios de material arqueológico supressão de vegetação, a ser compensada por ambiental para obtenção de Licença Prévia. vamente, o INEA analisou o seu impacto, que foi em superfície, por cautela, concluiu-se que “a área meio da execução de Planos de Recuperação de Já o RIMA, também parte do licenciamento classificado como “Alto” — (Classe 5B), de acordo total de implantação do empreendimento é pas- Áreas Degradadas (PRADs) ou reposições flores- 2 ambiental, apresenta, com uma linguagem mais com o Decreto Estadual nº 44.820/2014, que dis- sível de prospecção arqueológica de superfície” . tais na mesma bacia hidrográfica, segundo dis- simples, as informações que compõem o EIA, põe sobre o Sistema de Licenciamento Ambiental Esse tipo de prospecção deve ser conduzido posições da Lei da Mata Atlântica (Lei Federal n º pelo empreendedor dentro dos parâmetros estabe- seja textualmente ou por meio de mapas, foto- no Estado do Rio de Janeiro. 11.428/2006) (BRASIL, 2006) e do Código Flores- lecidos pelo IPHAN, para averiguar a possível exis- grafias e figuras ilustrativas. tal (Lei Federal n 12.651/2012). º 5. Estudos arqueológicos tência de remanescentes arqueológicos a serem A Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) Segundo a certidão de zoneamento emitida A análise do meio socioeconômico no EIA le- protegidos. De fato, o empreendedor protocolou no assegura uma análise sistemática dos impactos pela Prefeitura Municipal de Belford Roxo, o em- vantou a necessidade de investigação em relação IPHAN os devidos estudos. Contudo, em razão da ambientais e tem por objetivo garantir que res- preendimento se localiza na chamada Zona Espe- ao potencial histórico, à caracterização e à ava- demora na resposta, o INEA liberou a Licença Prévia ponsáveis pela tomada de decisão apresentem cial Sete (ZE 7), estando em consonância com as liação da situação do patrimônio arqueológico da do empreendimento, condicionando o pedido de soluções adequadas à população e ao meio am- atividades permitidas no zoneamento municipal. área em estudo, pois se constatou a existência de Licença de Instalação à apresentação da anuência biente, gerando medidas de controle de altera- Após serem realizados todos os procedimen- sete sítios arqueológicos na região. Diante disso, do IPHAN. Para a implantação, foi realizado novo es- ções nas condições do ambiente impactado. tos, foram concedidas pelo INEA as Licenças concluiu-se, no EIA, que a área “é passível de pros- tudo arqueológico, que identificou, dentro da área Prévia, de Instalação e de Operação da Etapa I pecção arqueológica de subsuperfície”. diretamente afetada pela Etapa II do aterro, um 4. Impactos do licenciamento do complexo. Foram estabelecidas diversas con- O CTDR-BR está situado no município de Bel- perímetro passível de conter resquícios arqueológi- Com efeito, o EIA/RIMA apresentado pelo em- dicionantes para minimizar os impactos da ati- ford Roxo, na Baixada Fluminense, Região Metro- cos. Esse estudo também foi apresentado ao IPHAN preendedor identificou que a área diretamente vidade e compensar os danos suportados pelo politana do Rio de Janeiro. Segundo registros do para análise. Entretanto, após nove meses, o IPHAN afetada pelo empreendimento é limítrofe à Área ambiente, uma vez que se trata de obra de utili- Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Na- ainda não havia se manifestado sobre o estudo. de Proteção Ambiental (APA) do Alto Iguaçu, cria- dade pública de saneamento básico, segundo o cional (IPHAN), essa região é de grande interesse Dessa forma, considerando que a Instrução da pelo Decreto nº 44.032, de 15 de janeiro de disposto na alínea “b”, inciso I, art. 2º da Resolu- arqueológico, pois abriga sítios históricos e pré- Normativa nº 1 do IPHAN prescreve que a ma- 2013, e dista aproximadamente 8,2 km da APA Es- ção CONAMA nº 369/06. -históricos. Apesar de ter sido levantado no EIA nifestação conclusiva deve ser emitida em 90 36 tadual Gericinó-Mendanha (INEA), 6,8 da Zona Posteriormente, foi solicitada a ampliação das que na Área Diretamente Afetada (ADA) do CTDR- dias, no caso de EIA/RIMA; considerando o ofício 37 INEA/PRES nº 69/2016, de 4 de fevereiro de 2016, gestor financeiro. O empreendedor decidiu pelo Dreno de águas Setor solicitando a manifestação quanto ao caso, ten- depósito do valor no FMA. da superfície Concluído do em vista o tempo decorrido; e considerando O Termo de Compromisso de Compensação

dez 2017 dez Setor em 2017 dez Dreno de gás a urgência no licenciamento das novas etapas Ambiental (TCCA) firmado entre a SEA, o INEA e Operação Setor em do CTDR, vistos o esgotamento da capacidade o empreendedor estabelece a aplicação de 0,54% Implantação operacional da Etapa I do empreendimento, o do valor inves­tido na implantação do aterro sanitá- aumento dos impactos ambientais e o conse- rio de Belford Roxo em medidas compensatórias. quente prejuízo aos municípios atendidos, foi Importante destacar que esses recursos po- concedida, mesmo sem a anuência do IPHAN, a dem ser utilizados em projetos aprovados na Câ- Licença de Instalação, embora esta contivesse mara de Compensação Ambiental que beneficiem Células de lixo restrições ao uso das áreas com potenciais ar- Unidades de Conservação de Proteção Integral, Setor de proteção mecânica Lençol freático queológicos identificadas pelo estudo. conforme previsto no art. 36 da Lei Federal nº 9.985/2000 (BRASIL, 2000). Saída para estação de tratamento Dreno de chorume revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista 6. Compensação ambiental do Geomembrana impermeabilizante empreendimento 7. Compensação da supressão de Camada impermeabilizante Nos termos do art. 36 da Lei Federal n º vegetação Figura 5 – Implantação de aterro sanitário 9.985/2000 (BRASIL, 2000), que instituiu o Sis- Apesar da degradação avançada, a Mata Fonte: Reprodução/Internet (http://www.residuossolidos.al.gov.br/) tema Nacional de Unidades de Conservação, nos Atlântica ainda abriga uma parcela significativa casos de licenciamento ambiental de empreen- da biodiversidade do Brasil, tendo esse bioma o executada diretamente pelo empreendedor atra- sanitários se torna complexo, visto que engloba dimentos de significativo impacto ambiental, o conjunto de fisionomias e formações florestais vés da restauração florestal em área a ser apro- diversas áreas de conhecimento para que seja empreendedor é obrigado a apoiar a implanta- que possui a maior biodiversidade do planeta. vada pelo INEA ou o empreendedor poderá se compatibilizada a preservação da qualidade am- ção e a manutenção de Unidades de Conserva- A quantidade de espécies animais e vegetais é desobrigar por meio do depósito do montante biental e do equilíbrio ecológico com o desenvol- ção de Proteção Integral3, com pelo menos 0,5% impressionante: há cerca de dez mil espécies co- de recurso correspondente na Carteira da Res- vimento econômico e social do município. dos custos totais previstos para a implantação nhecidas, sendo que 50% delas são endêmicas. tauração do mecanismo do Fundo da Mata Atlân- Assim, por meio dos estudos realizados para do empreendimento, sendo o percentual fixado Infelizmente, o bioma é também o segundo mais tica, nos termos do art. 3°-B da Lei Estadual nº este trabalho, identificamos como apenas uma pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com ameaçado de extinção. Originalmente, ocupava 6.572/2013, incluído pela Lei nº 7.061/2015. Esse etapa do licenciamento — relacionada à obtenção o grau de impacto ambiental da atividade. 15% do território brasileiro (BASTOS, 2007). Por recurso deverá ser utilizado para execução de da Licença de Instalação — pode demandar a isso a importância de tal ecossistema e a prote- participação de diferentes áreas de conhecimen- Ainda segundo a Lei Estadual nº 6.572/2013, todo projetos de restauração florestal apresentados ção legal concedida a ele. to, inclusive de órgãos públicos distintos, e incluir empreendedor responsável por atividade de signi- por meio de editais e aprovados pelo Comitê Es- Segundo art. 17 da Lei Federal nº 11.428/2006 barreiras e entraves que devem ser superados ficativo impacto ambiental é obrigado a apoiar a tadual de Restauração Florestal (CERF), propor- (BRASIL, 2006), a supressão de vegetação, autori- pelo órgão licenciador, buscando, sempre, a mini- implantação e a manutenção de uma ou mais Uni- cionando ganhos de escala e melhoria da quali- zada pelo órgão ambiental competente, no bioma mização dos impactos ao meio ambiente. dades de Conservação de Proteção Integral. dade dos projetos de restauração no âmbito do Mata Atlântica, deverá ser compensada na forma Portanto, foi firmado Termo de Compromisso Estado do Rio de Janeiro. da destinação de área equivalente à extensão da de Compensação Ambiental (TCCA) entre a Secre- Referências bibliográficas área desmatada, com as mesmas características taria de Estado do Ambiente, o Inea e o empreen- ecológicas, na mesma bacia hidrográfica. 8. Conclusão AMPLA Meio Ambiente. Relatório de impacto am- biental: Central de Tratamento de Resíduo dedor, estabelecendo a aplicação de 0,54% do va- Com efeito, tendo em vista que o EIA/RIMA A utilidade pública de empreendimentos de Sólidos Belford Roxo. Rio de Janeiro, 2013. lor investido na implantação do aterro sanitário de e o parecer técnico do INEA identificaram a destinação final de resíduos sólidos é cada dia Disponível em: . Acesso em: preendedor possui a alternativa de executar as solicitação de Autorização (ASV), deverá ser pactos gerados por tais atividades. 18 de agosto de 2017. medidas de apoio à implantação e manutenção especificada pelo órgão ambiental a forma de Os aterros sanitários (Figura 5) são, em geral, de Unidade de Conservação de forma direta ou compensação, atendendo aos parâmetros míni- a primeira opção do gestor público para o encer- BASTOS, N. Z. L. Considerações sobre a lei da de depositar os recursos de compensação am- mos estabelecidos na Resolução INEA nº 89, de ramento dos vazadouros e disposição ambiental- Mata Atlântica (Lei 11. 428/2006). Rio de Ja- biental no Fundo da Mata Atlântica (FMA)4, que 3 de junho de 2014. mente correta dos resíduos. Contudo, por diver- neiro: [s. l., 2007?]. Disponível em: . Acesso em: 8 de maio de 2007. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 31 out. 2013.

dez 2017 dez BRASIL. Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Sobre os autores 2017 dez Notas Diário Oficial [da] República Federativa do 1 Perímetro específico da implantação físi- Thabata Mentzingen Paz Marta Ferreira Honorato Brasil, Poder Executivo, Brasília, 22 dez. 2006. ca do empreendimento em que as alterações Especialista em Direito Administrativo pela Especialista em Gestão Empresarial pela ______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. no ambiente são intensas, considerando, para Universidade Anhanguera; cursando espe- Universidade Cândido Mendes; bacharel em Diário Oficial [da] República Federativa do o meio socioeconômico, a área do entorno e do cialização em Direito Processual Civil pela Gestão da Informação pela Universidade Brasil, Poder Executivo, Brasília, 2 ago. 2010. empreendimento e, para os meios físico e bióti- Universidade Cândido Mendes; bacharel em Federal Fluminense (UFF). co, a área do empreendimento. Direito pela Universidade Federal do Esta- ______. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Diá- do do Rio de Janeiro (UNIRIO); assessora 2 Parecer Técnico de Licença de Instalação - Eliane dos Santos Silva rio Oficial [da] República Federativa do Brasil, jurídica na Diretoria de Biodiversidade, Áreas GELANI - N° 15/16. Especialista em Engenharia de Segurança do Poder Executivo, Brasília, 18 jul. 2000. Protegidas e Ecossistemas do INEA. 3 Espaço territorial em que é permitido apenas Trabalho pelo Centro Federal de Educação revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista revista ineana v. 5 n. 1 p. 30 - 41 jul jul 30 - 41 5 n. 1 p. v. ineana revista CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Bra- o uso indireto dos recursos naturais; ou seja, aquele Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CE- Felipe Teixeira Duarte FET/RJ); bacharel em Engenheira Eletrônica sil). Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. que não envolve consumo, coleta ou dano aos re- Bacharel em Engenharia Ambiental pela Uni- pelas Faculdades Reunidas Nuno Lisboa. Diário Oficial [da] República Federativa do cursos naturais. versidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Brasil, Poder Executivo, Brasília, 23 jan. 1986. 4 Fundo da Mata Atlântica (FMA) é um inovador atua no licenciamento de atividades de mecanismo operacional e financeiro que permite ______. Resolução nº 237, de 19 de dezembro de saneamento e resíduos no INEA. uma execução mais ágil, eficiente e transparente 1997. Diário Oficial [da] República Federativa dos projetos voltados para as unidades de con- do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 19 dez. 1997. servação – parques, reservas biológicas, estações

INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE (RJ). Gerên- ecológicas e outras – do Rio de Janeiro com recur- cia de Licenciamento de Atividades Não Indus- sos de compensações ambientais e outras verbas triais. Parecer Técnico de Licença de Instalação: não orçamentárias. GELANI nº 15/16: emitido no processo adminis- trativo nº E-07/002.13484/2014 do Instituto Es- tadual do Ambiente. Rio de Janeiro, 2016.

MASTERPLAN Consultoria de Projetos e Meio Am- biente. Relatório de impacto ambiental para a ampliação do aterro sanitário localizado no município de São Pedro da Aldeia, sob a responsabilidade da Dois Arcos Gestão de Resíduos. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: . Acesso em: 18 de agosto de 2017.

PORTAL RESÍDUOS SÓLIDOS. 2017. Disponí- vel em: . Acesso em: 18 de agosto de 2017.

40 RIO DE JANEIRO (Estado). Lei nº 6.572, de 31 de 41

Reprodução/Internet O licenciamento dez 2017 dez

ambiental de uma central de tratamento de resíduos: caso da CTR Seropédica 42 - 56 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista

Aline Lefol Nani Resumo Desde a instituição da Política Nacional de Resíduos Guarieiro Sólidos, em 2010, o avanço da destinação final ade- quada do lixo, no Estado do Rio de Janeiro, decorre dos Cristiane esforços da Secretaria do Estado do Ambiente (SEA) e do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), em con- Fernandes Nunes junto com as prefeituras, no encerramento e remedia- ção de lixões, assim como no licenciamento de novos Moragas Madeira aterros sanitários para recebimento dos resíduos só- lidos urbanos produzidos pela população fluminense. Neste sentido, temos o caso da implantação da Cen- Larissa Ferreira da tral de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTR) de Sero- pédica, que permitiu o encerramento do antigo Ater- Costa ro Controlado de Jardim Gramacho. O licenciamento desse empreendimento passou por rigoroso crivo do órgão licenciador (INEA), que, após avaliação do Es- Marlus N. P. B. V. tudo de Impacto Ambiental (EIA) e duras críticas da população local e de ambientalistas, em especial pelo Oliveira fato de o empreendimento se localizar sobre a área do aquífero Piranema, propôs medidas de controle, prevenção e mitigação dos impactos ambientais. O objetivo deste artigo é relatar o processo de licen- ciamento ambiental da CTR Seropédica, em espe- cial a fase de audiências públicas, que foi marcada por protestos de alguns grupos, incluindo a popula- ção local. Por fim, avaliamos, brevemente, os crité- rios técnicos e de segurança exigidos no âmbito do licenciamento de empreendimentos desse tipo.

Palavras-chave Licenciamento Ambiental. Resíduos Sólidos. Central de

Aterro sanitário de Seropédica, Tratamento de Resíduos. CTR Seropédica. 42na Região Metropolitana do 43 Rio: localizado sobre o aquífero Piranema, empreendimento passou por rigoroso processo de licenciamento 1. Introdução 2. O que é um aterro? o chorume (líquido poluente, de cor escura e Nos lixões, os resíduos são depositados dire- odor nauseante, originado da decomposição de tamente sobre o solo, permitindo que o chorume Em 2010, foi promulgada a Lei nº 12.305/2010, A literatura especializada convencionou dife- resíduos orgânicos, com elevada carga orgâni- se infiltre na terra e atinja as águas subterrâneas dez 2017 dez que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sóli- renciar os empreendimentos de disposição final 2017 dez ca) e gases como o metano. Trata-se, portanto, e superficiais. Ademais, a ausência de mecanis- dos. Desde então, o governo do Estado do Rio de de resíduos sólidos em três tipos: (i) aterros sani- de técnica de disposição final ambientalmente mos de controle ou recobrimento atrai vetores de Janeiro iniciou um processo de articulação políti- tários; (ii) aterros controlados; e (iii) lixões.3 adequada, na forma do artigo 2º, inciso VIII, da doenças (ratos, moscas etc.) e provoca mau-chei- ca, técnica, institucional, legal e educacional para Na definição da NBR 8.419 (ABNT, 1996), os Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. a reversão do cenário da gestão de resíduos sóli- aterros sanitários constituem: ro e incêndios espontâneos, entre diversos outros Na linha diametralmente oposta aos aterros dos urbanos dos municípios do Estado. problemas observados nos lixões (FEAM, 2010). Técnica de disposição de resíduos só- sanitários, encontra-se o lixão, como método ina- Além disso, por se tratar de técnica rudimen- Para alcançar a meta de erradicação, o Esta- lidos urbanos no solo, sem causar da- dequado de disposição final de resíduos sólidos, tar de disposição final, não é comum o controle do apoiou a implantação e operação de aterros nos à saúde pública e à sua segurança, caracterizado pela ausência de mecanismos de dos taludes4, o que ocasiona frequentes deslo- sanitários e o encerramento e recuperação de di- minimizando os impactos ambientais, controle de poluição e proteção ao meio ambiente. camentos da massa de resíduos, causando o es- versos vazadouros municipais. Segundo a Secre- método este que utiliza princípios de Na definição do IBGE (2008), os lixões se palhamento do lixo e, eventualmente, atingindo taria de Estado do Ambiente, em 2007, 82,6% (76) revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista

engenharia para confinar os resíduos assemelham aos vazadouros a céu aberto, 42 - 56 jul 5 n. 1 p. v. ineana revista dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro corpos hídricos próximos. Tais locais não costu- sólidos à menor área possível e reduzi- sendo descritos como: destinavam seus resíduos sólidos em vazadouros. mam possuir qualquer controle acerca dos tipos -los ao menor volume permissível, co- De acordo com o INEA (2016), 97,0% (16.634 t/dia) Local utilizado para disposição do lixo, de resíduos recebidos, tampouco quanto a sua brindo-os com uma camada de terra na dos resíduos sólidos urbanos gerados no Estado em bruto, sobre o terreno sem qualquer forma de disposição no solo, razão pela qual cos- conclusão de cada jornada de trabalho, (17.149 t/dia) passaram a ser encaminhados para cuidado ou técnica especial. Caracteriza- tuma ser comum encontrar resíduos perigosos e ou a intervalos menores, se necessário. aterros sanitários, 1,7% (292 t/dia) para aterros -se pela falta de medidas de proteção de lixo hospitalar sem tratamento depositados controlados e 1,3% (223 t/dia) para vazadouros. Em complementação, o IBGE (2008) define ao meio ambiente ou à saúde pública. em lixões (CEMPRE, 2010).

Como exemplo de implantação de empreendi- aterro sanitário como: mentos desse tipo, temos a Central de Tratamento Setor concluído Instalação de destinação final dos Dreno de águas de Resíduos (CTR) de Seropédica, que foi licencia- resíduos sólidos urbanos através de Setor em de superfície da e implantada como um empreendimento para a sua adequada disposição no solo, execução destinação final de resíduos sólidos de forma am- sob controles técnico e operacional Setor em bientalmente adequada. Seu principal objetivo foi Dreno de gás permanentes, de modo que nem os preparação permitir o encerramento do Aterro Controlado de resíduos, nem seus efluentes líquidos Gramacho, que era objeto de diversos problemas e gasosos, venham a causar danos à ambientais, localizado em Duque de Caixas. Células saúde pública e/ou ao meio ambien- de lixo Este artigo tem como objetivos relatar o pro- te. Para tanto, o aterro sanitário deve- cesso de licenciamento ambiental desse empreen- rá ser localizado, projetado, instalado, dimento, que teve o INEA como órgão licenciador, operado e monitorado em conformida- dando destaque à fase de audiências públicas que de com a legislação ambiental vigente foi marcada por protestos de alguns grupos, e bre- e com as normas técnicas oficiais que Dreno de chorume vemente avaliar os critérios técnicos e de seguran- regem essa matéria. Sela de cobertura ça exigidos no âmbito do referido licenciamento. Apesar dos inconvenientes ocorridos na audiên- O aterro sanitário, portanto, constitui um cia pública, o procedimento foi considerado válido empreendimento que conjuga técnicas de en- Saída para estação e seguiu seu curso natural, tendo sido emitidas as genharia para permitir o depósito final e con- de tratamento licenças prévia, de instalação e de operação. finamento dos resíduos, garantindo que os im- Atualmente, a CTR Seropédica possui autori- pactos ao meio ambiente sejam controlados. zação para recebimento de mais de dez mil tone- Além do confinamento dos resíduos, são utiliza- Lençol freático Camada impermeabilizante ladas de resíduos por dia. No ano de 2015, obteve das outras técnicas e equipamentos para evi- a maior nota no Índice de Qualidade de Destina- tar danos eventualmente gerados pelos sub- Figura 1 – Esquema de um aterro sanitário

44 ção Final de Resíduos (IQDR) do Estado do Rio.2 produtos da decomposição do lixo, em especial Fonte: Reprodução/Internet () 45 46

revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul dez 2017 Lixão do Triunfo, nomunicípio deVolta Redonda do IBGE(2011), neste sentido, é: zar osimpactos Adefinição dadisposiçãofinal. estruturais eoperacionais, de forma aminimi- lixão quepassou por intervenções de melhorias rio eolixão. Comumente, trata-se de umantigo intermediário, entre localizado oaterro sanitá- (Lei Federal 9.605/98). Sólidos como pela Lei de CrimesAmbientais gular, tanto pela Política de Nacional Resíduos sólidos emlixõeséconsiderada práticairre- como jádito, de adisposiçãofinal resíduos veis, queimade resíduos etc. (FEAM,2010). (moscas eratos), desagradá- odor epaisagem área (porcos e cavalos), proliferação de vetores 2005), também apresença éusual de animais na comumente presentes (FALCÃO, 1991apudLEITE, daatividadealém de catação de lixo emoradia, O aterro controlado é um empreendimento Em virtude dessas características danosas, Durante afase de operação de tais lixões, diariamente, após a jornada de traba- coletado, em bruto, com cuidado de, Local utilizado despejo para do lixo 5 posição final dosresíduosposição final sólidos.Consistem, maiores refinamentos noprocedimento de dis- uma modalidade de aterro sanitário, dotada de 2.1 Central de Tratamento de Resíduos gera poluiçãoedeve ser evitado (CEMPRE, 2010). preferíveldisposição final aolixão, ainda assim Por esse motivo, apesar de ser ummétodo de dade masde de mitigá-lo. eliminaroproblema, as melhorias implementadas nãotêmacapaci- co de contaminação dosolo e águasubterrânea, menos gravosa aomeioambiente. forma atornar oimpacto dadestinaçãofinal to dosresíduos econtrole de estabilidade, de como recobrimenmas técnicasde engenharia, - As Centrais de Tratamento de Resíduos são Considerando que tais- locais possuem históri Esse tipode empreendimento utiliza- algu impactos ambientais. segurança, como bem minimizar os danos públicaeà ou àsaúde riscos mada deterra, de modo a não causar lho, cobrir osresíduos com uma ca- Central deTratamento deResíduos deNova Iguaçu te ainfiltração para ointerior doaterro. São tema de drenagem daságuaspluviais queevi - tratamento doefluente percolado. energia elétrica) eumsistema de drenagem para queimado ou beneficiadopara finsde geração de resíduos (em gásmetano, especial quepode ser gem dosgasesformados pela decomposição dos percolamento de chorume, umsistema de drena - minação dosoloeáguassubterrâneas através do tema de impermeabilização para evitar aconta- dem ser destacados, como aexistência de umsis- região populosa. Alémdisso, outros aspectos po- mínima dea uma distância um curso d’água ou quedeve dolocal, dados, como aescolha estar para disposiçãode resíduos, requer alguns cui- e minimizando osimpactos ambientais esociais. gerenciamento dosresíduos, evitando apoluição tecnologias integradas capazes de promover o portanto Ademais, acobertura deve contar com sis- Sua construção, como a de qualquer aterro , em umcomplexo industrial quereúne tal de umaterro 3. Oprocesso de licenciamento ambien- co) de resíduos. eumpátiode estocagem mento ambiental (topográfico ehidrogeológi- necessários, ainda, umsistema de monitora- monitoramento específico eencerramento. vo, desde quereunidas certas condições após zer, eliminando assim oefeito estéticonegati- um espaço verde ou mesmo num parque de la- a CTR pode se armazenagem, transformar em em especial naResoluçãoem especial CONAMA nº237/1997, as regras previstas tanto federal, nalegislação aterro sanitário, oempreendedor deve observar prévio licenciamento ambiental. de causardegradação ambiental, dependerá de efetiva ou potencialmente poluidores, ou capazes 6.938/1981, aconstrução de empreendimentos Após atingirseulimite de capacidade de De acordo com oartigo10daLei Federal nº Por tal motivo, aopretender implantar um

Reprodução/Internet

47 revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul dez 2017 quanto na legislação estadual, valendo menção decisão final permaneça sob a responsabili- um edital de licitação do tipo menor preço para Itaguaí. Comparando-se aspectos positivos e nega- ao Decreto nº 44.820/2014, que dispõe sobre o dade do ente licenciador. a construção de um aterro sanitário no qual o lici- tivos, optou-se pela área localizada no município de Sistema de Licenciamento Ambiental do Estado Segundo a Resolução CONAMA nº 001/1986, tante seria o responsável pela indicação do local Seropédica, com 2.226.000 m2, a dez quilômetros dez 2017 dez 2017 dez do Rio de Janeiro. Neste sentido, em empreen- a realização de audiência pública tem como para a implantação, assim como pela construção de distância do centro urbano e que, além de estar dimentos dessa natureza, o licenciamento am- objetivo informar a população interessada do aterro sanitário, de cinco estações de transbor- desocupada, servia, eventualmente, para a conces- biental costuma se desdobrar em três atos ou sobre o projeto e seus impactos ambientais do6, além da reforma de outras duas estações. são de pastagem. O terreno em questão apresen- fases distintas: e discutir o RIMA, sempre que o órgão licen- A escolha de uma área para implantação de tava características topográficas favoráveis à ope-

(i) Licença Prévia - em linhas gerais, visa ciador julgar necessário. No âmbito do Esta- uma central de tratamento de resíduos requer o ração do aterro, como presença de grandes áreas atestar a viabilidade da concepção e localização do do Rio de janeiro, a Resolução CONEMA nº envolvimento de uma equipe multidisciplinar e planas, além de uma grande área com disponibili- do empreendimento, sem que seja autorizada 35/2011 estabelece as regras da audiência deve considerar desde parâmetros relacionados dade natural de solos argilosos, que podem ser utili- qualquer intervenção na área; pública e todo o ritual a ser atendido. aos meios físico e biológico, até aspectos sociais, zados na cobertura diária dos resíduos. Embora fora (ii) Licença de Instalação - posterior à licen- A audiência é a oportunidade de encontro econômicos e imobiliários. Encontrar uma área pró- do domínio urbano, esse local se encontra próximo ça prévia, autoriza a realização das obras para e de entendimentos entre os empreendedores, xima aos centros geradores e, ao mesmo tempo, aos centros geradores de resíduos, o que diminui os revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista construção do projeto; a população afetada e as autoridades. De toda distante de moradias, torna-se cada vez mais difícil custos com o transporte dos resíduos. (iii) Licença de Operação - conferida após as sorte, como dito acima, a audiência não constitui em regiões próximas aos centros urbanos, onde a Entretanto, como aspecto negativo, esse ter- fases anteriores, permitindo o início da operação um procedimento de votação ou escolha, de for- carência de oferta de moradias vem promovendo reno está localizado sob a região geológica da comercial do empreendimento. ma que não é conferido à coletividade o poder uma crescente pressão sobre áreas rurais. Bacia Sedimentar de , que tem boas Nesse sentido, Cunha e Consoni (1995) defi- No caso de aterros sanitários, em virtude do decisório acerca do licenciamento da atividade. condições de armazenamento e transmissão de nem cinco etapas que devem ser realizadas em elevado potencial de impacto no meio ambiente, Entretanto, é nas audiências públicas que as água subterrânea (boa porosidade e permeabi- estudos para seleção de locais de disposição: o artigo 2º da Resolução CONAMA nº 1/1986 e o expectativas socioambientais da coletividade, lidade), constituindo o sistema aquífero deno- • Diagnóstico da situação atual dos resíduos artigo 1º da Lei Estadual nº 1.356/1988 exigem, ain- notadamente da comunidade afetada, devem ser minado Aquífero Piranema. sólidos na região de estudo e prognóstico da da, a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental manifestadas, incluindo os interesses legitimamen- De modo geral, um aquífero é uma formação situação futura; (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). te contrários e aqueles que interferem no processo geológica subterrânea que funciona como reser- • Estudo geológico-geotécnico e ambiental A Resolução CONAMA nº 404, de 11 de no- por razões políticas e ideológicas, que em fases vatório de água, sendo alimentado pelas chuvas para seleção de áreas; vembro de 2008, estabelece critérios e diretri- anteriores não conseguem ser manifestados. Em que se infiltram no subsolo. São rochas com ca- • Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respec- zes para o licenciamento ambiental de aterros situações extremas, essa etapa serve como instân- racterísticas porosas e permeáveis, capazes de tivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA); de pequeno porte, ou seja, aqueles com que re- cia para os setores que se opõem ao projeto ques- reter e ceder água. Os aquíferos podem fornecer • Projeto de viabilidade técnica e econômica cebem, diariamente, até vinte toneladas de re- tionarem o seu cabimento. água para poços e nascentes em proporções su- do aterro; síduos sólidos urbanos, o que não é o caso em Na verdade, as audiências públicas são o es- ficientes, servindo como fontes de abastecimento. • Estudo e definição de órgão gestor do em- estudo. Nesses aterros, é admitida a disposição paço que a comunidade afetada tem para discutir O Aquífero Piranema, especificamente, consti- preendimento. Especificamente no EIA da CTR final de resíduos sólidos domiciliares, de resíduos os impactos ambientais negativos e positivos das tui a principal fonte de água subterrânea na re- Seropédica (S.A. PAULISTA e VEREDA, 2007), de serviços de limpeza urbana, de resíduos de atividades a serem implantadas, verificar se es- gião, com uma estimativa de disponibilidade hí- na escolha do local, foram avaliados: serviços de saúde, bem como de resíduos sólidos tes foram adequadamente aferidos e, a partir daí, drica de 1,6 m3/s, estando sua principal área de • O zoneamento ambiental previsto para a provenientes de pequenos estabelecimentos co- definir e dimensionar as medidas mitigadoras e ocorrência no distrito areeiro de Piranema. Embo- área em questão; merciais, industriais e de prestação de serviços. compensatórias a serem atribuídas ao empreen- ra com disponibilidade limitada, quando compa- • Acessos; dedor, com total transparência (ABEMA, 2013). rada às vazões do Rio Guandu, da ordem média • Proximidade à vizinhança; 3.1 Audiências públicas de 120 m3/s, essa “mancha sedimentar” apresenta • Distância dos centros geradores; A consulta popular ou audiência pública é 4. CTR Seropédica importantes características, podendo ser consi- • Titulação da área; reconhecidamente uma das principais etapas 4.1 A escolha do local e o aquífero derada uma reserva estratégica. A Bacia Hidro- • Presença de jazida de empréstimo; do processo de licenciamento. Trata-se de Diante da decisão do fechamento do aterro gráfica do Rio Guandu é fortemente dependente • Infraestrutura; uma forma de participação popular que torna controlado de Jardim Gramacho, tornou-se ne- da transposição das águas do Rio Paraíba do Sul, • Bacia hidrográfica e suas características o cidadão mais próximo do processo de deci- cessária a escolha de outra localidade para rece- que, na ausência de outro manancial de porte hidrográficas/hidrológicas. são sobre o patrimônio público. Cria-se, com ber o lixo do município do Rio de Janeiro. A Com- na região, continuará sendo a principal fonte de isso, uma possibilidade de a sociedade opinar panhia Municipal de Limpeza Urbana da Cidade Inicialmente, quatro áreas foram levantadas no abastecimento de água para as populações da 48 sobre o que é de interesse coletivo, embora a do Rio de Janeiro (COMLURB), em 2003, lançou EIA, duas no município de Seropédica e duas em Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 49 Em relação à relevância regional, a área total cacionais estudadas, o local onde o empreendi- a ser impermeabilizada representa 1,13 km2, valor mento foi instalado apresentou-se como o mais relativamente pequeno quando comparado com viável. De toda sorte, foi prevista a instalação de dez 2017 dez 2017 dez as áreas totais dos sistemas existentes na região. mecanismos redundantes de proteção ao corpo O aquífero relacionado à formação Piranema, de- hídrico, incluindo dupla camada de argila com-

Reprodução/Internet finida por Goes (1994), apresenta uma área total pactada, manta impermeabilizante de Polietile- estimada de 500 km2, sendo mapeada uma área no de Alta Densidade (PEAD) e sensores de va- aflorante de aproximadamente 180 km2 (TUBBS, zamento de chorume. 1999). Desta forma, a área a ser impermeabiliza- Tais soluções foram apresentadas à popula- da representa menos de 1% da área total mapea- ção local por meio de audiência pública realiza- da. Esse valor torna-se ainda menos expressivo da em agosto de 2009, no município de Seropé- se for considerado o fato de que parte da área dica. A audiência, contudo, teve de ser encerrada do empreendimento é formada por solo residual de forma antecipada, em virtude dos protestos revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista de alteração de rocha, e não pelos sedimentos ocorridos, que geraram risco aos participantes. correlacionados com a formação Piranema. Apesar disso, a Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) considerou a audiência válida, 4.2 A fase de audiências públicas conforme Deliberação CECA nº 5.143/2009. Central de Tratamento de Resíduos de Seropédica em setembro de 2016 Como já comentado, em empreendimentos Com vistas a permitir o aumento da par- como aterros sanitários, a fase de audiência pú- ticipação popular, a referida determinação blica se torna especialmente importante, pois Por se tratar de um aquífero essencialmen- do terreno que possui morrotes, local esse esco- exigiu, ainda, a realização de reunião pública tem como objetivo dar transparência às ações, te livre, o Piranema pode ser caracterizado por lhido para a implantação do depósito Classe I. no município de Itaguaí, além do estabeleci- assim como esclarecer aspectos litigiosos rela- grandes flutuações de nível da superfície freática A geofísica mostrou uma homogeneidade mento de um prazo para manifestação popu- cionados aos impactos ambientais do projeto, ao longo dos períodos sazonais (diferentes regi- dentro do perfil levantado e um topo rochoso lar nos autos do procedimento administrativo uma vez que a implantação de empreendimen- mes de chuva). Além disso, suas dinâmicas física situado de três a dez metros de profundidade. de licenciamento. tos desse tipo costuma gerar reações negativas e química são modificadas também pelas diver- Existe uma camada mais condutiva, relaciona- Entre os aspectos também considerados no da população próxima ao local selecionado, tais sas atividades humanas existentes na região. da, possivelmente, à presença de material mais EIA/RIMA, cumpre ressaltar a sinergia da CTR como as previstas na teoria conhecida como Como a primeira versão do EIA não trazia argiloso ou alteração de rocha. Os perfis de ca- com outros empreendimentos na região. A ava- NIMBY (do inglês “not in my backyard”; “não no muitos detalhes sobre a existência desse aquí- minhamento elétrico indicaram a existência de liação levou em conta a implantação do arco meu quintal”, em português). fero, o Grupo de Trabalho do INEA solicitou a fraturas, com orientação preferencialmente nor- Metropolitano, que, inclusive, provocou um rear- Para esse caso específico, a fase de audiên- apresentação de novos estudos sobre o tema, te/sul, definindo, assim, a direção das drenagens. ranjo da estrutura da CTR, uma vez que o Arco cias ocorreu com diversas manifestações popu- a saber: matriz de vulnerabilidade da área A análise de favorabilidade da ocorrência Metropolitano o cortaria em duas áreas dis- lares contrárias ao empreendimento. A popula- (aquífero); avaliação geofísica da área; favo- de água subterrânea mostrou que há um pre- tintas. No caso desses dois empreendimentos ção local questionava, principalmente, aspectos rabilidade da área; importância da área para domínio de valores com potencialidade média, (Arco Metropolitano e CTR), a sinergia é carac- relacionados ao recebimento de resíduos de ou- recarga do aquífero; e o impacto do empreen- relacionado preferencialmente às áreas de in- terizada pela utilização do sistema viário para o tros municípios e a fragilidade da área, em vir- dimento sobre a recarga (considerando a im- terceptação das fraturas. transporte de resíduos, além da conectividade tude da localização sobre o Aquífero Piranema. permeabilização). Quanto à influência da impermeabilização O Estudo de Impacto Ambiental avaliou am- com os municípios de Itaguaí, Seropédica e Rio da área na recarga regional, o modelo mate- A vulnerabilidade de um aquífero refere-se à bos os impactos. Com relação ao recebimento de Janeiro, que melhora de forma significativa mático gerado para a área sugeriu que 12% da maior ou menor suscetibilidade de ele ser afeta- de resíduos de outros municípios, o licenciamen- o fluxo de transporte para a CTR. precipitação total é transformada em recarga do por uma eventual carga poluidora. Foi, então, to previu como condicionante que o empreendi- efetiva (a análise de sensibilidade avaliou o elaborado um mapa que indicou um comporta- mento apoiasse o encerramento de vazadouros 4.3 Concessão de licenças mento relativamente constante ao longo do ter- range de 10 a 20% do valor total da precipita- de resíduos nos municípios de Itaguaí e Seropé- A análise do licenciamento ambiental pré- reno, com maiores níveis de vulnerabilidade às ção). Com base nesse valor, e considerando a dica. Ademais, foi previsto o recebimento gratui- vio das atividades previstas na Lei Estadual nº faixas aflorantes do material sedimentar (sedi- área a ser realmente impermeabilizada, foi cal- to de resíduos de ambos os municípios. 1.356/1988 é de competência da CECA, confor- mento correlacionado à formação Piranema) e culado o volume da redução de recarga para a Com relação à localização sobre o aquífero, o me estabelecido no Art. 5º, § 1º, inciso III, da Lei 3 50 baixa suscetibilidade em parte da porção norte área igual a 181.000 m /ano. EIA/RIMA destacou que, entre as alternativas lo- 5.101, de 04/10/07, que dispõe sobre a criação do 51 Instituto Estadual do Ambiente. Neste sentido, dencial, comercial e de resíduos industriais não vale notar que a CTR Seropédica tem recebi- CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE baseado no EIA e no respectivo Relatório de Im- perigosos (classe II); Estação de Tratamento de do as melhores notas no Índice de Qualidade (Brasil). Resolução CONAMA nº 404, de 11 de pacto Ambiental (RIMA), respeitando os procedi- Chorume; Linha de recalque, Oficina e ponto de de Destinação Final de Resíduos, em compa- novembro de 2008. Diário Oficial [da] Re- dez 2017 dez 2017 dez mentos vinculados à elaboração, análise e apro- abastecimento de veículos e equipamentos. ração com todos os aterros em operação no pública Federativa do Brasil, Brasília, Poder vação dos Estudos de Impacto Ambiental, em Estado do Rio de Janeiro. Executivo, n. 220, 12 nov. 2008, Seção 1, p. atenção à Resolução CONAMA nº 1, de 23/01/1986, 5. Considerações finais A substituição de lixões por aterros licen- 93. Disponível em: . conduziu a emissão das três licenças da CTR Se- nação final de resíduos sólidos sempre é acom- casos como este vêm gerando resultados efe- Acesso em: 20 jul. 2017. ropédica: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação panhada de diversas críticas decorrentes de tivamente positivos, permitindo que o Estado ______. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de ja- (LI) e Licença de Operação (LO). interesses conflitantes. Se, por um lado, é de do Rio de Janeiro seja um dos líderes nacio- neiro de 1986. Diário Oficial [da] República A Licença Prévia (LP nº IN015601), concedida interesse comum que o resíduo receba o devi- nais na destinação final de resíduos sólidos Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasí- na fase preliminar do planejamento do empreen- do tratamento, por outro, trata-se de empreen- ambientalmente adequada. lia, 17 fev. 1986. Seção 1, p. 2548-2549. Dis- dimento pela CECA, levou em consideração a dimento que pode gerar impactos locais, inclu- ponível em: . Acesso dimento — tendo sido avaliados aspectos técni- O licenciamento ambiental da CTR Seropédi- AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANI- em: 20 jul. 2017. cos e socioambientais —, atestou a viabilidade ca foi um processo complexo, iniciado em 2003, TÁRIA (Brasil). Resolução RDC nº 306, de ambiental e estabeleceu os requisitos básicos e ______. Resolução CONAMA nº 237, de 19 de que só obteve a primeira licença em 2011. Isso 7 de dezembro de 2004. [S.l.]: Biblioteca condicionantes a serem atendidos nas próximas dezembro de 1997. Diário Oficial [da] Re- significa dizer que o empreendimento ficou sob Virtual em Saúde, 2004. Disponível em: fases de sua implementação. pública Federativa do Brasil, Poder Executi- análise por mais de oito anos, apenas para ava- . 30841-30843. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. a destinação final em municípios vizinhos e a NÁRIO NACIONAL SOBRE O TRATAMENTO DE (classe II) com capacidade para receber 1.000 t/ financiar o encerramento de vazadouros loca- ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE EM ______. Resolução CONAMA nº 001, de 23 de dia, uma unidade de tratamento de chorume e a lizados próximos ao local. MEIO URBANO E RESTRIÇÕES AMBIENTAIS janeiro de 1986. Diário Oficial [da] Repú- readequação operacional e de leiaute em área Com relação à participação popular, em AO PARCELAMENTO DO SOLO, 3., 2014, Be- blica Federativa do Brasil, Poder Executivo, contígua aos dois subaterros. adição à audiência pública, encerrada de for- lém. Anais... Belém: UFPA, 2014. Disponível em: Brasília, 17 fev. 1986. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. abertura, mediante carta ou petição simples, pdf>. Acesso em: 20 jul. 2017. mento das exigências das licenças anteriores, foi ______. Resolução CONAMA nº 358, de 29 de iniciada em abril de 2011, a partir da emissão da para questionamentos no âmbito do proce- CARVALHO, J. C. (Org.). Novas propostas para abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e LO nº IN016380, que autorizou o início da primei- dimento administrativo. O empreendimen- o licenciamento ambiental no Brasil. Brasí- a disposição final dos resíduos dos serviços ra fase de operação da central, renovada pela LO to também foi objeto de questionamentos lia: ABEMA, 2013. de saúde e dá outras providências. Diário Ofi- nº IN029025 e pela LO nº IN035070. Ao longo do judiciais, estando pendentes de julgamento cial [da] República Federativa do Brasil, Poder período, foram emitidas averbações para inclu- ações populares e ações civis públicas pro- CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE Executivo, Brasília, n. 84, 4 maio 2005, Seção são das demais atividades contempladas na LI postas contra o empreendimento. (Rio de Janeiro). Resolução CONEMA nº 1, p. 63-65. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. nº IN035070, com vigência estabelecida até ju- ramento do Aterro de Gramacho, que havia cutivo, Rio de Janeiro, 24 out. 2011. Dispo- lho de 2021, a operar como: aterro sanitário (até sido o maior lixão em operação na América nível em: . manual de gerenciamento integrado. 3. ed. 52 para a disposição de resíduos de origem resi- terior da Baía de Guanabara. Adicionalmente, Acesso em: 20 jul. 2017. São Paulo: CEMPRE: IPT, 2010. 53 ENGENHARIA CIVIL. Disponível em: . Aces- technology, Maringá, v. 20, n. 1, 2016. Disponí- Aquífero Piranema no Município de Sero- final de resíduos sólidos urbanos e o licencia- so em: 3 jul. 2017. mento ambiental dos mesmos.

dez 2017 dez vel em: . Acesso em: 20 jul. 2017. redores, estado do Rio de Janeiro. Rio de A exemplo disso, podemos citar as publi- FLORIPAMANHÃ. Os aterros sanitários possuem li- Janeiro: FAPERJ, 1999. 123p. cações da ABRELPE, CEMPRE, INEA e IBGE, den- cenciamento ambiental específico segundo a MARQUES, E. D. Hidrogeoquímica nas Cavas de tre diversos outros órgãos. Floram. Florianópolis, 2017. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. ciências) – Universidade Federal Fluminense, Aperfeiçoamento e Pesquisa em Recupera- NHARIA CIVIL, 2017). Niterói, 2006. Disponível em: . ca Nacional do Meio Ambiental (Lei Federal nº gradadas por resíduos sólidos urbanos. Belo nologias da Universidade do Estado do Rio revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista Acesso em: 20 jul. 2017. 6.938) em 1981. De toda sorte, os atos norma- 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista Horizonte, 2010. de JaneWiro (IFHT/UERJ), em conjunto com a Universidade do Ambiente do Instituto Es- tivos mencionados acima deixam ainda mais ______. Impactos da mineração de areia na ba- GOES, M. H. B. Sobre a formação Piranema da Ba- tadual do Ambiente (INEA). evidente a inadequação do uso de lixões. cia sedimentar de Sepetiba – RJ: estudo de cia do Rio Guandu (RJ): um estudo paleoam- 6 No âmbito do programa, cada grupo de tra- Estações de transbordo são pontos de trans- suas implicações sobre as águas do aquífe- biental. In: Congresso Brasileiro de Geologia, ferência intermediários de resíduos coletados na ro Piranema. 2010. 161f. Tese (Doutorado em balho foi demandado a apresentar um estudo 38, 1994, Camboriú (SC). Anais... Camboriú cidade, criados em função da distância entre a Geociências) – Universidade Federal Flumi- de caso relacionado à gestão ambiental, utili- (SC): [s.l.], 1994. p. 322-323. área de coleta e o local de destinação final. nense, Niterói, 2010. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. Tratamento de Resíduos (CTR) de Seropédica, licenciada pelo INEA para fins de recebimento ______.Pesquisa nacional de saneamento básico, RIO DE JANEIRO (Estado). Decreto nº 44.820, de dos resíduos do município do Rio de Janeiro. 2008. Rio de Janeiro, 2010. 02 de junho de 2014. Diário Oficial [do] Estado 2 O Índice de Qualidade de Destinação Final do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 7 dez. 2015, de Resíduos Sólidos Urbanos do Estado do Rio INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE (RJ). Licença p. 1. Disponível em: . Acesso em: 20 jul. 2017. Licenciamento de Atividades de Saneamento ______. Licença de Operação IN016380, de julho e Resíduos (GELSAR) do Instituto Estadual do ______. Lei n° 1.356, de 03 de outubro de 1988. de 2016. Rio de Janeiro, 2009. Ambiente (INEA), no ano de 2013, e baseado no Diário Oficial [do] Estado do Rio de Janeiro, modelo do Índice de Qualidade de Aterro (IQA), ______. Parecer técnico da licença prévia, de 15 Rio de Janeiro, 5 out. 1988. Disponível em: lançado em 1997 pela Companhia Ambiental do de outubro de 2009. Rio de Janeiro, 2009. . fields caracterizados por aterros de resíduos sito, comparar e aferir as ações do Estado para Acesso em: 20 jul. 2017. sólidos urbanos desativados no Município de o controle e remediação destes sites, fornecen- São Paulo. 2005. 130 p. Tese (Doutorado em S.A. PAULISTA; VEREDA. Estudo de impacto am- do subsídios técnicos para o desenvolvimento de programas de gestão de resíduos. No Esta- Geografia) – Instituto de Geociências e Ciên- biental: Central de Tratamento e Disposição do do Rio de Janeiro, a metodologia passou a cias Exatas, Universidade Estadual Paulista, Final de Resíduos Santa Rosa – Seropédica – vigorar a partir da aprovação da NOP-INEA-31, São Paulo. Rio Claro, 2005. RJ. Rio de Janeiro, 2007. entretanto, de acordo com informações presta- LOCASTRO, J. K.; ANGELIS, B. L. D. Barreiras de ______. Relatório de impacto ambiental: Central das pelo INEA (2015), a configuração atual do impermeabilização: configurações aplicadas de Tratamento de Resíduos Santa Rosa – índice vem sendo utilizada, desde janeiro de 54 em aterros sanitários. Electronic journal of Seropédica – RJ. Rio de Janeiro, 2007. 2013, pelo corpo técnico do órgão com o fito de 55 dez 2017 dez Sobre os autores

Aline Lefol Nani Guarieiro Larissa Ferreira da Costa Doutora em Química Ambiental (ano) pela Graduada em Engenharia Civil com ênfase Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Recursos Hídricos (2009) pela Univer- Doutorado sandwich by School of Public sidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Health, University of California, Los Angeles mestra em Recursos Hídricos e Saneamen- (UCLA). Graduada em Química pela to (2013) pelo Instituto Alberto Luiz Coim- Universidade Federal de Lavras (UFLA) bra de Pesquisa de Engenharia (COPPE/ e com MBA em Gestão Empresarial pela UFRJ). Atuou na iniciativa privada durante

revista ineana v.5 n. 1 p. 42 - 56 jul 42 - 56 jul n. 1 p. v.5 ineana revista Fundação Getúlio Vargas (FGV). Gerente da cinco anos, desenvolvendo estudos hidroló- área de Meio Ambiente no SENAI-CIMATEC. gicos e energéticos de aproveitamentos hi- Assessora técnica da Presidência do INEA drelétricos. É servidora do INEA desde 2014. (ano) e coordenadora de contratos da Atua como chefe de serviço da Coordena- Odebrecht Ambiental (ano). doria de Planejamento e Projetos Estraté- gicos (COPPES) da Diretoria de Segurança Cristiane Fernandes Nunes Moragas Hídrica e Qualidade Ambiental (DISEQ) do Madeira INEA desde julho de 2015. Graduada em Química Industrial (2004) pela

Universidade Federal Fluminense (UFF) e Marlus N. P. B. V. Oliveira pós-graduada em Química Ambiental (2006) Graduado em Direito (ano) pela Pontifícia pelo Centro de Produção da Universidade Universidade Católica do Rio de Janeiro do Estado do Rio de Janeiro (CEPUERJ). (PUC-Rio) e mestrando em Engenharia Atuou como analista de projetos especiais Urbana e Ambiental (PUC-Rio). Ingressou na durante dois anos no Centro Industrial do FEEMA como estagiário voluntário em 2008. Rio de Janeiro (CIRJ), a serviço da Fundação Atua como coordenador no Programa de Estadual de Engenharia do Meio Ambiente Saneamento Ambiental dos Municípios do (FEEMA). É servidora do Instituto Estadual Entorno da Baía de Guanabara (PSAM). do Ambiente (INEA) desde 2009. Atua como chefe do Serviço de Petróleo, Gás e Energia (SEPGE) desde abril de 2012.

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