Memórias Históricas Da Faculdade De Medicina Da Bahia 1916 – 1923 ─────1925 – 1941 Anexo 1

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Memórias Históricas Da Faculdade De Medicina Da Bahia 1916 – 1923 ─────1925 – 1941 Anexo 1 MEMÓRIAS HISTÓRICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA 1916 – 1923 ─────1925 – 1941 ANEXO 1 Memórias da Participação da FMB em Acontecimentos Notáveis do Século XIX Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 Guerra do Paraguai Abolicionismo Canudos CRISTINA MARIA MASCARENHAS FORTUNA Salvador – Bahia – Brasil 2 0 1 2 ÍNDICE - Agradecimentos 3 - Introdução 4 - A Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 na Bahia e a FMB 5 - A Guerra do Paraguai e a FMB 70 - O Movimento Abolicionista no Brasil e a FMB 153 - Canudos e a FMB 187 AGRADECIMENTOS A Profa. Achilea Lisboa Bittencourt, filha do Farmacêutico Achilles Farias Lisboa, pelas informações e material fornecido sobre a fascinante História de seu ilustre genitor. A Profa. Julieta Gonçalves Diniz, guardiã das preciosas memórias do notável clã dos Gonçalves Diniz, em que várias gerações tiveram importantes participações na História da FMB. Ao Dr. José Roberto Campos de Barros, bisneto do Dr. Antônio Joaquim de Barros Sobrinho pelas informações fornecidas do admirável Abolicionista que foi seu bisavô. A Sra. Rosa Carmela Orrico Dalforno responsável pela totalidade da digitação. 3 INTRODUÇÃO Ao ser fundada, em 18 de fevereiro de 1808, a ‘Escola de Cirurgia da Bahia”, desde o início de sua existência e nas sucessivas alterações que sofreu, que a transformaram no “Colégio Médico Cirúrgico da Bahia” (1816) e “Faculdade de Medicina da Bahia” (1832), contribuiu para a formação de homens que teriam papéis relevantes em episódios que moldariam as transformações e a história do povo brasileiro. Alguns deles, inclusive, participando de vários destes fatos históricos. Para a preservação de nomes relacionados a FMB que tiveram presença em notáveis acontecimentos do século XIX procedemos este levantamento, já que muitas fontes primárias da FMB estão em precaríssimo estado de conservação podendo, em pouco tempo, estarem irremediavelmente perdidas. Temos consciência da omissão de nomes devido a magnitude da participação da FMB nos eventos mais marcantes, na Bahia, no século XIX, não tendo sido possível pesquisar todas as fontes existentes. Podem existir incorreções na grafia de nomes e datas de nascimento. Na grafia devido a maioria das fontes primárias da FMB serem manuscritas, algumas quase bicentenárias, em estado extremamente precário. Quanto as datas de nascimento, no século XIX a comprovação de idade era feita através das certidões de batismo, que muitas vezes não traziam a data do nascimento mencionada dizendo só quanto meses e ou dias teria a criança na data do batismo o que ocasionou, nos próprios documentos existentes na FMB, as vezes existirem divergências nas datas de nascimento de registros de matrícula, registro de diplomas etc. 4 A Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 na Bahia e a Faculdade de Medicina da Bahia ÍNDICE - A Epidemia de “Cholera morbus” de 1855, na Bahia, e a Faculdade de Medicina 7 da Bahia - Faculdade de Medicina da Bahia 1855 – Corpo Docente 8 - Título de Doutor 11 - Professores da Faculdade de Medicina da Bahia e a Epidemia de “Cholera 12 morbus” de 1855 - Médicos Graduados pela FMB e a Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 21 - Médicos que foram acusados de não cumprimento do dever no curso da 31 Epidemia de “Cholera morbus” 1855 - Cirurgiões e Médicos Falecidos durante Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 32 na Bahia - Médicos Graduados por outras Instituições e a Epidemia de “Cholera morbus” de 34 1855 na Bahia - Farmacêuticos e a Epidemia de “Cholera morbus” 38 - Alunos Matriculados em 1855 no Curso de Medicina na FMB 39 - Acadêmicos do Curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia e a 48 Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 - Alunos da FMB falecidos na Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 67 - Referências 68 6 A Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 na Bahia e a Faculdade de Medicina da Bahia “Cholera morbus” é uma milenar patologia humana, que se aceita ser as síndromes diarreicas de curso fatal descritas em antiquíssimos textos de medicina chinesa, hindu, grega etc. Seu agente etiológico só foi descoberto em 1884 pelo Bacteriologista alemão Robert Koch (Henrich Hermann Robert Koch, 11.12.1843 – 27.05.1910) que isolou o então denominado “Kommabazillus”. Em 1855, quando a epidemia do “Cholera morbus” chegou a Bahia, os médicos enfrentaram o “Inimigo Invisível” (David 1996) de que nada sabiam e só podiam “tratar” empiricamente. Apesar da dedicação da maioria de Estudantes, Professores e Médicos a epidemia ceifou em torno de 36.000 vidas na Bahia. O levantamento dos nomes de Estudantes, Professores e Médicos que enfrentaram esta epidemia tiveram como fontes principais as publicações de: Dra. Anna Amélia Vieira Nascimento. Prof. Dr. Antônio Carlos Nogueira Britto. Prof. Dr. Jayme de Sá Menezes. Prof. Dr. Manoel Ladislau Aranha Dantas. Prof. Dr. Onildo Reis David. 7 Faculdade de Medicina da Bahia 1 8 5 5 - Corpo Docente - Diretor – Prof. Dr. João Francisco d’Almeida Diretor Interino após o mês de outubro – Prof. Dr. Jonathas Abbott Lentes Proprietários Cadeiras 1o ano - Dr. Vicente Ferreira de Magalhães - Física em Geral e particularmente em suas aplicações à Medicina. - Dr. Eduardo Ferreira França - Química e Mineralogia. - Dr. Jonathas Abbott - Anatomia Descritiva. 2o ano - Dr. Manoel Maurício Rebouças - Botânica e Zoologia. - Dr. Salustiano Ferreira Souto - Química Orgânica. - Dr. Justiniano da Silva Gomes - Fisiologia. - Dr. Jonathas Abbot - Anatomia Descritiva sendo os alunos obrigados a dissecações anatômicas. 3o ano - Dr. Justiniano da Silva Gomes - Fisiologia. - Dr. Elias Jozé Pedroza - Anatomia Geral e Patológica. - Dr. Jozé de Góes Siqueira – - Patologia Geral. Examinador 8 4o ano - Dr. Manoel Ladislau Aranha Dantas - Patologia Externa. - Dr. Alexandre Jozé de Queiroz - Dita Interna. - Dr. Mathias Moreira Sampaio - Partos, Moléstias de Mulheres Pejadas e de Meninos Recém Nascidos. 5o ano - Dr. Alexandre Jozé de Queiroz - Patologia Interna. - Dr. Jacintho de Alencastre - Anatomia, Topografia, Medicina Operatória e Aparelhos. - Dr. Joaquim de Souza Velho - Matéria Médica e Terapêutica. o 6 ano - Dr. João Baptista dos Anjos - Higiene e História da Medicina. - Dr. Malachias Álvares dos Santos - Medicina Legal. - Dr. Antônio Jozé Ozório - Farmácia. - Dr. João Antunes d’Azevedo Chaves - Clínica Externa do 3o e 4o anos – Presidente - Dr. Antônio Polycarpo Cabral - Clínica Externa do 5o e 6o anos Lentes Substitutos - Dr. Alexandre Braulio de Magalhães Tacques - Seção de Ciências Accessórias. - Dr. Antônio de Cerqueira Pinto 9 - Dr. Antônio Jozé Alves - Seção de Ciências Cirúrgicas. - Dr. Antônio de Freitas - Dr. Antônio Januário de Faria – Examinador Seção de Ciências Médicas. - Dr. Domingos Rodrigues Seixas 10 Título de “Doutor” O título de “Doutor” foi concedido aos Lentes graduados como Cirurgiões por resolução da “Assembleia Geral Legislativa” através do Decreto no 34 de 16 de setembro de 1834. “A Regência Permanente em Nome do Imperador Dom Pedro II Tem Sanccionado e Manda que se execute a seguinte Resolução da Assembléia Geral Legislativa: Art. 1o Ficão autorizadas as Escolas de Medicina e os Cursos Jurídicos do Império a conferir o gráo de Doutor nas matérias respectivas aquelles de seus Lentes Proprietários e Substitutos já despachados, que não tiverem esse título. Art. 2o Ficão revogadas as disposições em contrário. ” 11 Professores da Faculdade de Medicina da Bahia e a Epidemia de “Cholera morbus” de 1855 - Dr. Antônio de Cerqueira Pinto (1820 – 17.10.1896) Graduado pela FMB em 1842. Lente Substituto da “Seção de Ciências Accessórias” 1855. Lente da Cadeira de Química Orgânica e Biológica 1858. Diretor da FMB 1891-1895. Membro titular da “Academia de Sciências Médicas da Bahia”. Foi designado para atuar em Nazaré. Diretor do “Posto Sanitário da Cruz do Paschoal”. Menezes 1994, página 90 Britto 2002, página 253 - Dr. Antônio Januário de Faria (10.03.1822 – 25.10.1883) Graduado pela FMB em 1845. Lente Substituto da “Seção de Ciências Médicas” 1855. Lente da Cadeira de Clínica Interna 1864. Diretor da FMB (1874-1881). Orador do “Instituto Histórico da Bahia” (1856). Tem estátua na Rotunda do Anfiteatro Alfredo Britto. Patrono da Cadeira no 23 da “Academia de Letras da Bahia”. Participante da conferência convocada pelo Governo 24.07.1855. Vide também “Professores da FMB e a Guerra do Paraguai”. 12 Britto 2002, página 99 - Dr. Antônio Jozé Alves (16.03.1818 – 24.01.1866) Graduado pela FMB em 1841. Lente Substituto da “Seção de Ciências Cirúrgicas”. Lente da Cadeira de Clínica Externa 1862. Membro do “Instituto Histórico da Bahia” (1856). Patrono da Cadeira no 9 do “Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins”. 24.07.1855, Participante da conferência convocada pelo Governo. Diretor do “Hospital do Carmo” (Convento do Carmo). Um dos primeiros médicos a diagnosticar ser “Cholera morbus” a patologia dos primeiros habitantes de Salvador afetados pela epidemia. Vide também “Professores da FMB e a Guerra do Paraguai”. Britto 2002, páginas 99, 249, 257 - Dr. Antônio Jozé Osório (1816 ou 1817 – 1868) Graduado pela FMB em 1839. Lente da Cadeira de Farmácia 1855. Participante da conferência convocada pelo Governo 24.07.1855 Britto 2002, página 99 - Dr. Antônio Polycarpo Cabral (1789 – 1865) Graduado pela Universidade de Coimbra. Lente da Cadeira de Clínica Interna. Concorrente e vencedor do 1o concurso para Professor realizado na FMB, para a Cadeira de Química Médica 1831. 13 Participante da conferência convocada pelo Governo em 24.07.1855. Autor da proposta de criação dos postos sanitários e hospitais temporários. Prestou serviços médicos às vítimas da “Sabinada” como “Diretor dos Hospitais” 1837. Albuquerque 1920, página 103 Britto 2002, páginas 99, 252 - Dr. Domingos Rodrigues Seixas (1829 ou 1830 – 1890) Graduado pela FMB em 1851. Lente Substituto da “Seção de Ciências Médicas” 1855. Lente da Cadeira de Higiene e História da Medicina 1858. Escreveu “Da Cholera morbus Epidêmica de 1855 na Província da Bahia”oferecida a FMB. Participante da conferência convocada pelo Governo em 24.07.1855. Patrono da Cadeira no 14 do “Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins”. Vide também “Professores da FMB e a Guerra do Paraguai”.
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    Dois pesos, duas medidas: os acordos financeiros de maio de 1961 entre Brasil e Estados Unidos durante os governos Jânio Quadros e João Goulart FELIPE PEREIRA LOUREIRO* No dia 13 de março de 1961, em uma recepção dada aos aos embaixadores latino- americanos no salão Leste da Casa Branca, o Presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, anunciou a formação de uma “Aliança para o Progresso” entre os Estados Unidos e a América Latina. O governo norte-americano estaria disposto a fornecer “assistência econômica de longo prazo” aos países do hemisfério que se comprometessem a promover uma “revolução” em suas sociedades. Essa revolução consistiria no fomento ao desenvolvimento econômico e a “reformas sociais de caráter vital”, por meio de planjemento e com respeito à democracia. A partir de então, a ajuda financeira dos Estados Unidos dependeria do desempenho dos países latino-americanos com relação às metas da Aliança para o Progresso. Sem isso, concluiu Kennedy, “nossa revolução e o nosso sonho terão falhado”1. Na realidade, porém, a Aliança para o Progresso ficou muito aquém das promessas. Tomando-se apenas o caso do Brasil, é perceptível que o clima de otimismo demonstrado no início de 1961 pelas autoridades brasileiras e norte-americanas se transformara, em meados de 1962, em ceticismo ou em total descrença. Roberto Campos, por exemplo, que havia aparentado entusiasmo quando a Aliança fora lançada, escreveria, em carta a um alto oficial do governo norte-americano datada de setembro de 1962, que a administração Kennedy parecia estar convencida “das vantagens da linha dura” quanto à assistência financeira ao Brasil.
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