As perdas dos fundos de pensão

Masp: um museu de Primeiro Mundo XIV CONECEF Congresso Nacional dos Empregados da Caixa 7 Janio de Freitas comenta Capa: a falta de candidatos As incertezas quanto ao futuro da Caixa 18 A perda dos fundos de Pág.8 pensão, por Aloysio Biondi

1 9 As complicadas campanhas salariais deste semestre

2 3 Saiu o CD do VI FENEC

2 4 A FENAE Seguros comemora seus 25 anos

2 7 O futebol de mesa sobrevive

2 8 Masp: um museu de Primeiro Mundo

3 2 Tárik de Souza mostra as novas caras do protesto

3 3 As belezas da ilha do Mel

3 6 Entulhos poluem Mercosul social - as grandes cidades Navegantes - pág. 5

Berta Lutz: uma médica à frente da emancipação da mulher, Pág. 22 Da R e d a c ã o

FENAE AGORA edição 8 - ano 1 - n° 8-setembro/1998

Publicação da FENAE- Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal ndefinição. Esta é a palavra-chave frente difíceis negociações. A irredutibilida-

Administração e redação: que caracteriza o futuro da Caixa. Se de do governo diante das reivindicações dos Setor Comercial Sul, quadra 1, edifício União, isso é motivado por falta de clareza do trabalhadores e a flexibilização das relações 6o andar, Brasília/DF, CEP: 70300-901 atual governo, pelo fisiologismo po- trabalhistas são obstáculos a serem ultrapas- Telefone: (061) 323-7516 I Fax: (061) 325-6057 lítico (tal qual o utilizado na reforma da sados. Telex: (061) STM400 - Caixa Postal 33794 Previdência) ou por uma proposital dissi- Felizmente ainda existem iniciativas em Homepage: www.fenae.org.br E-mail (Internet): [email protected] mulação, é difícil dizer, pois a direção da nosso país favoráveis à cidadania. E o caso . (Alternex): [email protected] Caixa não dialoga com a sociedade, muito do Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis

Diretoria Executiva menos com seu corpo funcional. Sofre do Chateaubriand. Com 51 anos de existência Presidente: mesmo mal do presidente da República: guarda um acervo em nível de Primeiro Carlos Casèr autosuficiência em demasia. Mundo: obras de Renoir, Degas, Monet, Vice-Presidente: José Francisco Zimmermman Propostas de descentralização do FGTS Manet, Cèzanne, Delacroix, Van Gogh, Diretor Financeiro: e da entrada dos Correios na prestação de Rembrandt e outros. Suas exposições tam- Carlos Borges Diretor de Relações no Trabalho: serviços bancários - o chama- bém disseminam o melhor da João Alberto,Garcia Moschkovich do Banco Postal -, associação As tendências cultura. Nos mês passado, as Diretor Administrativo: com as lotéricas para recebi- pinturas e esculturas de Sal- Admilson dos Santos Canuto Diretor de Esportes: mento de contas, esvaziamen- para a CEF vador Dali e algumas obras Jorge Cruz Marçal to da área comercial, redução de Caravaggio e seus "segui- Diretor Cultural: não são Emanoel Souza de Jesus do número de agências e do dores" levaram imenso pú- Suplente: José Durval Fernandes Reis quadro de pessoal... as ten- alvissareiras blico ao Masp. Conselho Fiscal dências não são nada alvis- Os empregados da Caixa, Orlando Martins Pinto Jesus Rodrigues Alves sareiras. por sua vez, também fazem Cláudio Pimentel Corrêa. Diante dessas preocupações, a repor- arte. Nesta edição divulgamos o lançamento Suplentes: Danilo Aguilar Ferreira tagem da FENAE AGORA ouviu depu- do CD do VI Fenec, que contém as músicas dos Bernadete Santos de Aquino tados, técnicos e liderança do movimento dos 12 finalistas do Festival de Música realizado Conselho Deliberativo Nacional pela FENAE eAPCEFs em março deste ano. Presidente: Jorge Peixoto de Mattos empregados. A direção da empresa, infeliz- Vice:Presidente: Maria Auxiliadora N. de Almeida mente, recusou-se a pronunciar-se. Sérgio Como sempre há espaço para o lúdico, Secretário: Fernando de Mello Cutolo e seus diretores esquivaram-se nas procuramos os aficionados pelo futebol de mesa, Editor: Afonso Costa (MTb - RJ 16.234) inúmeras vezes que foram procurados. Isso o tradicional jogo de botão. Em sua maioria são Redação: Antônio José, Evandro Peixoto e nos leva à indagação: foi por medo de discor- pessoas de 20 a 40 anos, que dedicam parte do Marcio Sardi Colaboradores: Janio de Freitas, Aloysio Biondi, dar do governo federal ou por estar planejan- seu final de semana para voltar á infância e es- Tárik de Souza, José Trajano e Adacir Reis do medidas prejudiciais à empresa e aos seus quecer as preocupações do dia-a-dia. Diagramaçáo: HélderNarde Um bom programa para fugir do es- Ilustração: Lisarb empregados? Impressão: Bangraf Enquanto pairam essas dúvidas, traba- tresse, para. aqueles que podem, é buscar um Tiragem desta edição (75 mil exemplares) lhadores em campanha salarial se organi- refúgio tranquilo. A ilha do Mel, no Paraná, comprovada por Price Waterhouse, cuja carta-relatório encontra-se em nosso poder zam para o embate com o governo federal, oferece belas praias, trilhas e construções previsto para este segundo semestre. Bancá- históricas que levam os visitantes a acredi- Os artigos assinados são de tarem nas lendas sobre sereias, que até hoje responsabilidade dos seus autores rios, petroleiros, metalúrgicos, funcionários Distribuição gratuita dos Correios e outras categorias têm pela persistem na ilha.

FA 4 set/98 O trabalho é pratica- mente ignorado nas discussões para implementação do Mercosul. A famosa reunião de Ouro Preto, que no final de 94 definiu a união aduaneira entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, além de uma zona de livre comércio, não pro- duziu uma linha sequer sobre relações trabalhis- tas, emprego e seguridade social. O endereço eletrônico icd.ax.apc.org/informes/atila5.html conta toda a história da área social no Mercosul, em artigo de Atila Roque. Verdes Loucos Os mais pes- simistas contam que quatro novos tranquilos tipos de vírus no ar nascem todo dia De janeiro a outubro de 97, dois na Internet. São brasileiros por adoção voaram entre os Os ecologicamente corretos com- poucos os programas antivírus que con- pontos extremos do continente ameri- pram apenas produtos com o selo verde seguem acompanhar a evolução da mal- cano. O inglês Gérard e a queniana do Forest Stewardship Council (FSC), dade na rede. E preciso ter cuidado Margi, que se casaram no Brasil, deram a ou Conselho de Manejo Florestal. Em quando algum arquivo é baixado da volta ao mundo como "treino" para esta www.wwf.org.br/fsc, o Fundo Mundial Internet, principalmente textos em for- aventura. Depois, conheceram pelo ar o para a Natureza (World Wide Found for mato .doc, arquivos compactados e jogu- cabo Froward (Chile), cabo Príncipe de Nature, WWF) explica o que é o selo inhos. Mas pelo menos por enquanto não Gales (Alasca), a península de Boothia verde - certificado que comprova a se pega vírus lendo e-mail ou navegando (Canadá) e a Ponta do Seixas (Brasil). O origem dos produtos fabricados com na rede. casal narra suas proezas em matérias extraídas da floresta. extremoss.com.br. Nossa língua

O tupinambá chegou a suplantar o português como a língua mais falada no Brasil durante o período de colonização. Era a chamada língua geral, que acabou proibida por decreto real em 1757. Hoje, sem saber, falamos várias palavras em tupinambá, co- mo abacaxi, mandioca e piranha. O endereço www.leca.ufrn.br apre- senta a história da linguagem nacional. I

FENAE AGORA: [email protected]

FA 5 set/98 Dos LEITORES

Dúvida NR - O objetivo da revista é debater e for- Duarte). Aonde??? Aqui: Tomei conhecimento da revista FENAE talecer a cidadania de todos os brasileiros: http://members.tripod.com/~jebl/ AGORA através de um amigo empregado da trabalhadores, aposentados, donas de . Caixa Econômica Federal. A publicação é casa, jovens etc. Esperamos intensificara Parabéns pelo layout da página muito bem feita e merece elogios. consciência de que somente lutando jun- "Navegantes". Tirando a falta de alguns Entretanto, fiquei em dúvida quanto à tos pelos direitos de todos, poderemos al- URLs, a revista tem nota 10. afirmativa (contida no exemplar n° seis) de cançar a verdadeira cidadania João Eli Barile Leal que o atual estado de Rondônia, antigo ter- Paraíba do Sul (RJ) ritório de Guaporé, tenha sido da Bolívia. Ao E- mail que me consta foi o Acre o pedaço da Bolívia Um e-mail curto, direto e coletivo Desejo que se incorporou ao Brasil em função da chegou à redação da FENAE AGORA com Através de um amigo, conheci a revista presença dos seringueiros brasileiros. a seguinte mensagem: "Gostaríamos muito FENAE AGORA. Se possível, gostaria de re- Roldão Simas Filho de receber essa revista que é ótima e também ceber a publicação. Favor informar-me ain- Brasília (DF) parece ser muito instrutiva. da como proceder para efetuar pagamento de Maurício Almeida de Assis Filho, Eva despesas e assinatura da revista, para, enfim, NR - O leitor tem razão. O ciclo da Dias da Silva, Antonio Colaço Neto poder recebê-la. borracha provocou a incorporação do Segundo, Paulo Sérgio Feitosa e Paulo Siqueira Acre e de outras áreas pertencentes ao Claudiane Félix Diniz Piumhi (MG) Peru (e, em seguida, à Bolívia), incluindo João Pessoa (PB) ainda parte de Rondônia. No entanto, no Comunicado acordo em que o Acre foi cedido pela Faraó Venho por meio deste ofício comunicar Bolívia ao Brasil, a participação de Tendo em vista notinha publicada na re- que, através de amigos, tomei conhecimento Rondônia restringe-se à franquia da vista FENAE AGORA (seção "Navegan- da publicação feita por esta federação: FE- navegação pelo Rio Madeira aos boli- tes"), sob o título "Faraó revisitado", e rela- NAE AGORA. Solicito, se possível, ser in- vianos, além da construção da ferrovia cionada à menção que é feita sobre "sites in- cluído entre os que têm a honra de receber Madeira-Mamoré. teressantes para escolher" na Internet, infor- regulamente a publicação. Interessei-me pela mo o endereço de uma página brasileira so- revista devido à importância dos temas trata- Aposentados bre o Egito antigo, sob nossa responsabili- dos. Parabenizo a diretoria da FENAE e seus dade, e que traz um breve história da des- Ildo da Silva Gobbo colaboradores pela revista FENAE AGORA: coberta da tumba do chamado "faraó meni- Ijuí (RS) bons artigos, excelente papel, diagramação no". O endereço ê o seguinte: pafeita etc. Tenho certeza que dentro de http:/Iwww.nitnet.com.brl—mareio. No NR - Com frequência, o que muito pouco tempo teremos uma concorrente às re- menu do site há uma opção chamada "A nos agrada, temos recebido inúmeras cor- vistas semelhantes que vemos em nossas ban- maravilhosa descoberta da tumba de Tut- respondências Brasil afora com pedidos cas de jornais (Veja, IstoE, Época, Exame...). Anfyh-Amon". de envio da revista FENAE AGORA. Na Comecei a ler a revista ávida para encon- Márcio Luiz Ramos D'Albuquerque medida do possível, nossa intenção é trar um artigo que falasse sobre a saga do E-mail atender a todas as solicitações, mas os economiário aposentado. A cada página que problemas de custos nos impedem de virava minha desolação aumentava e, ao Navegantes fazê-lo com a regularidade que chegar ao fim da publicação, tive certeza do A revista faz um belo trabalho na página gostaríamos. que ouvia por aí: "aposentado da Caixa não "Navegantes", dedicada aos internautas. Mas é mais economiário ". éfrequente a descrição de um site, sem seu Espero que vocês aperfeiçoem cada vez URL. No exemplar que recebi, o redatorfala mais sua revista, pois na vida só temos dois que há 225 endereços sobre Vera Fischer. lados: um é o meu aposentado, sem ter um Parece até que ele ficou com todos, não é? A seção "Dos Leitores" é o espaço pingo de consideração por parte da pessoa da Diga-me o endereço. Eu também quero ver de opinião do leitor. FENAE AGORA ativa, e o outro é o de vocês, que estão na ati- Vera. Valeu, colega redator? Eu tenho um se reserva o direito de resumir as car- va e, pelo que estou vendo (atual política da site sobre Jovem Guarda, Beatles, arquivos, tas, sem prejuízo do conteúdo. As cor- CEF), nunca poderão sair dessa posição. midi, bossa nova, Tropicália, que tem a co- respondências devem ser identificadas Ana Maria de Souza laboração de outro empregado da Caixa (assinatura e endereço). (RJ) Econômica Federal (Fernando de Freitas [email protected]

FA 6 set/98 O velho refrão

Janio de Freitas

ma novidade inespera- da, pelo pais afora: houve mais vagas para candidatos, nos par- tidos, do que pre- tendentes a candidatura para deputado. Não há, ao menos por ora, explicação convincente para a repentina escassez do que foi sempre abundante demais. Os efeitos, porém, não prometem boa coisa. Tudo confirma e nada tenta negar que a ainda atual composição do Congresso foi a pior, em todos os senti- dos, de quantas houve nos períodos ditos de liberdades democráticas. Nem seria difícil sustentar que a atual composição do Congresso chega a ser pior até do que as existentes no regime militar, porque cionadas, entre os candidatos novatos, é insuficiente democracia brasileira. E o agora houve a possibilidade de menor considerado muito menor que o dos provável agravamento da má quali- aviltamento da atividade parlamentar. novos oportunistas. Só poderia ser as- dade do Congresso pode ser traduzida O Congresso, particularmente a sim, aliás, em um quadro pré-eleitoral como ameaça, mesmo. Câmara, ficou só na possibilidade. em que até o partido do próprio presi- A única possibilidade positiva é de Feita a ressalva merecida por qual- dente da República, o PSDB tão man- que a deterioração do Congresso acabe quer previsão, a perspectiva para o tido a sebo, vende direito de candi- forçando um movimento de vigilância próximo Congresso é de que mantenha datar-se por sua sigla e cobra até a in- e cobrança, por parte das adormecidas nível tão baixo quanto o atual. Isso, na clusão no programa eleitoral que a lei entidades representativas da sociedade e melhor hipótese. Porque o baixo inte- diz ser gratuito. da opinião pública. O que, de resto, se- resse por candidatar-se estaria indican- A chave do regime democrático, ria prudente começar desde logo a do que só o farão os já amarrados à vida mesmo que apenas parcialmente preparar. Já que, tudo indica, as eleições política, que levariam para o Congresso democrático, como o brasileiro, está no vão tornar concreto o velho refrão "de o mesmo que já lhe deram de bom ou Congresso. Executivo e Judiciário têm mal a pior". ruim, e grande número de novas pre- que trilhar, sem alternativa, o caminho senças resultantes de maus motivos para legal e administrativo que o Congresso candidatar-se. delimita. Daí que a subserviência da Janio de Freitas, Por quase toda parte, o número de Câmara e do Senado, nos últimos qua- pessoas aparentemente bem inten- tro anos, significa um retrocesso na já jornalista

FA 7 set/98 Evandro Peixoto

Capa

As mudanças que ocorrem no sistema financeiro

o meio do caminho há redirecionada, com incertezas quanto às cascas de banana. A aven- perspetivas de futuro. Não se tem um de- tura no mundo de econo- senho acabado da empresa que deverá mia globalizada é real- emergir desse período de indefinições, mar- mente um perigo, espe- cado por políticas de governo que não con- cialmentNe em países que ainda não atingi- seguem dizer com clareza (ou tentam es- ram a maturidade, que ainda estão nos conder) onde se quer chegar. São grandes cueiros quando se tem por parâmetro a dis- as expectativas e muitas as formas de des- tribuição de renda e a justiça social. piste utilizadas pela direção da empresa. Recessão, desemprego, privatizações indis- Depois de um corte substancial na rede criminadas, endividamento (interno e ex- de agências e no quadro de pessoal, vários terno) vertiginoso, vulnera- serviços até então realizados bilidade nas bolsas. Falên- nos balcões da empresa cias, fusões e incorporações A tradição do foram transferidos para as no sistema financeiro. O contato com o lotéricas, de forma que um capital privado fecha o cer- grande contingente de pes- co em busca de espaços até cliente está soas (potenciais correntistas então ocupados por ban- ou poupadores) está dei- cos públicos no mercado. quebrada xando de estabelecer contato Em meio ao fu- direto com a Caixa - é verda- racão, busca-se saber de que isso desafoga um que destino está sendo pouco o atendimento, mas o reservado às instituições financeiras fato é que a tradição centenária de um rela- oficiais. Fica a indagação: para cionamento estreito com o público está onde vai a Caixa Econômica sendo quebrada. Federal? Sua atuação nos segmen- A CEF investiu por volta de R$ 35 mi- tos comercial, de prestação de lhões na padronização das instalações de serviços e de fomento vem sendo 5.955 lotéricas, que passaram a receber, além

FA 10 set/98 e na Caixa deixam margens a inúmeras dúvidas quanto ao futuro da Caixa

das contas de água, luz, telefone e gás, tam- bém as de condomínios, escolas, carnês de habitação e outras cobranças. A remune- ração por autenticação varia de R$ 0,10 a R$ 0,18. Estima-se em cerca de R$ 11 milhões a receita para as lojas lotéricas. Na Federação Nacional dos Empresários Lotéricos (FE- NAL), a avaliação é de que muitos lotéricos hoje sobrevivem desse "grande negócio" que é o recebimento de contas. O resultado das autenticações, para a CEF, não é informado. O gerente de área de loterias, José Maria Nardeli, adotou a postura de não conceder entrevista. Discute-se também no Ministério das Comunicações a idéia de utilização dos Correios na prestação de serviços típicos de instituições financeiras, como a cap- tação e administração de contas correntes e de poupança, segmentos em que a Caixa sempre foi referência no mercado, sobretudo para os pequenos poupadores.

Na área de fomento, o ponto Os bancos privados estão "de olho" no mercado ocupado pela Caixa e demais bancos públicos FGTS forte da CEF, volta e meia Os programas habitacionais, geridos mento do seguro-desemprego (cerca de reaparece uma ameaça: a de descentra- com dinheiro do Fundo de Garantia (mé- R$ 4,5 bilhões ao ano), PIS/Pasep (R$ 900 lização do FGTS, o que implicaria em dia anual de R$ 2,5 bilhões), mais a pres- milhões/ano), aposentadorias e pensões - pulverizar os recursos do fundo para to- tação de serviços na área social - paga- representam mais de 50% de toda a dos os bancos. FA 11 set/98 movimentação da Caixa. há correntes interessadas não só em "reti- Caixa no segmento comercial não preju- A mais recente declaração pública a rar o FGTS e o PIS da Caixa", como tam- dica, muito pelo contrário, fortalece seu favor da retirada do FGTS da Caixa par- bém em "esvaziar a atuação comercial da papel social na área de fomento. tiu de ninguém menos que Jorge Bor- empresa e assumir os programas da área nhausen, presidente na- pública". O parlamentar, A direção da Cai- cional do PFL, partido de pe- que é do quadro de em- xa recusou-se a so na base de sustentação do Parte do PFL pregados da CEF, alerta receber a reportagem de FENAE AGO- atual governo. Em busca de para o risco de se voltar ao RA para conversar sobre os assuntos aqui sua justificativa para essa quer tirar o estágio anterior, lembran- abordados. O presidente Sérgio Cutolo, idéia, nossa reportagem ten- do que antes da centra- segundo informou o seu consultor espe- tou por duas semanas PIS e o FGTS lização do FGTS na Cai- cial, Serra Gurgel, não recebe "órgãos de seguidas contactar o senhor xa, "'havia um cenário classe" para entrevistas. Gurgel disse ain- Bornhausen, em Santa da Caixa propício às fraudes, ao da que Cutolo é "suficientemente in- Catarina, onde ele está em calote pelas empresas e, teligente" para não se posicionar sobre campanha eleitoral, mas não portanto, à dilapidação do questões como descentralização do FG- obteve retorno das inúmeras patrimônio público", da- TS e criação do chamado "banco postal". ligações. A Força Sindical, também, já se da a "forma irresponsável" com que eram Os reiterados pedidos de entrevistas aos manifestou favorável a essa medida. No tratadas as contas do fundo por muitos diretores Eduardo Tavares e Sandra Bea- ano passado, sua direção chegou a en- bancos. Segundo ele, os registros eram in- triz foram igualmente recusados. O cer- comendar uma pesquisa para saber a consistentes, haviam titulares cadastrados ceamento ao trabalho jornalístico desta opinião dos trabalhadores quanto ao que incompletamente, várias contas para um revista atinge em cheio o direito à infor- chamou de "quebra do monopólio da mesmo titular em vários bancos, ausência mação dos leitores, entre os quais estão 68 CEF como gestora dos recursos do de mecanismos de controle, "entre muitas mil empregados da Caixa, incluindo FGTS". A consulta teria alcançado 73% de outras aberrações". aposentados. aprovação para a idéia. A Força é uma cen- Danilo de Castro disse ainda que a di- Para o deputado Airton Xerez (PS- tral sindical de relacionamento estreito vergência que tem com a atual gestão da DB-RJ), empregado e ex-superintenden- com o governo e está engajada na reeleição Caixa é em função de a direção da empre- te da empresa no Rio de Janeiro, a direção de Fernando Henrique Cardoso. sa estar "aceitando a pressão do governo da Caixa deveria, sim, se posicionar sobre O ex-presidente da Caixa, deputado para reduzir a atuação comercial". Para o a proposta de descentralizar o FGTS. Danilo de Castro (PSDB-MG), diz que deputado, "a expansão da presença da "Acho até que antes ela deveria se posi-

FA 12 set/98 cionar em defesa do trabalhador, em de- fesa da casa, em defesa da dignidade das pessoas, coisa que eu acho que a Caixa está fazendo muito pouco". anco Postal em Quanto ao "banco postal", Xerez con- sidera uma idéia boa, que pode ser aper- feiçoada, que pode servir como banco popular, em benefício da comunidade fase de estudos mais pobre. Ele não vê problema em a Caixa competir com os Correios na cap- tação de poupança. Seu entendimento é de que há espaço para todos e que, além Está em estudo na Secretaria de mas distintas pelos Correios do Canadá, disso, "a Caixa não tem essa capilaridade Serviço Postal, do Ministério das Co- França, Japão Inglaterra e Alemanha. toda". Para o deputado, o ideal é tonar a municações, a idéia de se abrir para os Neste último país, o segmento financeiro Caixa um banco múltiplo, um banco Correios a prestação de serviços típicos dos Correios é explorado em forma de comercial mais segmentado - para uma de instituições financeiras, como a cap- empresa virtual e chamado de "banco classe média, média-média, padrão co- tação de depósitos em contas correntes postal", denominação que vem sendo operativas -, ficando os serviços mais do e de poupança. utilizada também por aqui, embora isso povão, mais sociais - tipo PIS, seguro-de- A novidade surgiu em abril de 97, não signifique que a fórmula alemã seja a semprego - para essa modalidade: os lo- com a segunda edição do Paste (Pro- mesma que se pensa para o Brasil. téricos, os bancos postais casados com a grama de Recuperação e Ampliação dos Na Secretaria de Serviço Postal, o Empresa de Correios e Telégrafos. Assim, Sistema de Telecomunicações e Sistema que se discute é guardado a sete chaves, segundo ele, "as nossas lojas não ficariam Postal). A apresentação do documento le- mas o chefe de gabinete, Arnaldo Ro- entulhadas com um padrão de poupador va a assinatura do então titular da pasta cha Mundim, confirma que o assunto que não vai trazer os benefícios finan- das Comunicações, ministro Sérgio vem tendo desdobramentos internos. ceiros que a Caixa está precisando". Motta. A tese é a de que "nas economias As referências do Paste são, no entanto, Para Carlos Eduardo Carvalho, asses- estabilizadas, em que a atividade bancá- em serviços que "abrangem não só a sor econômico da Confederação Nacional ria se concentra na intermediação de ca- simples captação de depósitos e a ad- dos Bancários (CNB-CUT) e professor de pitais, os Correios desempenham um im- ministração de contas correntes e de economia da PUC-SP, a descentralização portante papel de prestador de serviços poupança, como também as operações de serviços para as lotéricas e mesmo a cri- bancários de baixo custo e voltados para a de concessão de financiamentos às pes- ação do '"banco postal" contêm aspectos população em geral". A inspiração veio soas físicas". O documento enfatiza, positivos, entre outros, o de deixar os fun- da '"lógica de mercado" adotada de for- por exemplo, que no Japão o maior sis- tema de poupança popular - segmento que, no Brasil, tem a CEF como refe- rencial - é gerido por uma unidade de Ativo total da CEF: 111 bilhões negócios dos Correios. Segundo o diretor Comercial dos Correios, Roberval Borges, a empresa acompanha as discussões que são feitas FGTS no âmbito da Secretaria de Serviço Postal. Ele também não dá pistas de por onde se está caminhando, mas faz questão de registrar que os Correios terão plenas condições de adequar suas unidades para a prestação de serviços no setor financeiro. Roberval vê como positivo o fato de os serviços hoje prestados pelos bancos chegarem atra- vés dos Correios a número muito maior de brasileiros, já que a empresa está presente em praticamente todos os mu- nicípios do país. Isso, por si só, dá bem a idéia do que pode vir a ser este poten- cial concorrente da Caixa no mercado.

FA 13 set/98 cionários da Caixa "mais disponíveis para ra Brasileira da Indústria da Construção um atendimento especializado e para Civil (CBICC), que já defendeu em ou- aprofundar o relacionamento da CEF com tros momentos a criação de uma Agência seus clientes efetivos de maior interesse". Nacional da Habitação, cuja finalidade Ele prevê que nas atividades de banco seria substituir a CEF em seu papel na se- comercial de varejo, a concorrência para a tor habitacional, inclusive tirando da em- Caixa vai crescer muito, "à medida que os presa a gestão de 70% dos recursos do bancos estrangeiros entrarem mais pesado FGTS, entregou recentemente ao gover- na disputa pelo mercado". no um documento com novas reivindi- O deputado Edinho Bez (PMDB- cações. Uma delas é a de se criar um ins- SC), empregado da Caixa, acha que a trumento de interlocução única entre o empresa não deve se retrair governo e os que atuam na caso os Correios entrem no área de habitação. O presi- segmento bancário. Ele Empresários dente da CBICC, Luís Ro- apostaria na competição, querem um berto Ponte, explica que inclusive com a ampliação poderia ser um ministério, de postos avançados (sem outro uma agência ou uma secre- característica de agência) taria. "O nome não importa", liberação de penhores para outros bancos para novos municípios. Ao interlocutor diz ele. Embora esse "inter- (medida que já vem sendo ventilada no seu ver, isso manteria a locutor único" não implique Congresso) seriam etapas que buscam re- CEF como referência para em um resgate da idéia origi- duzir o custo operacional da CEF, para um público tradicional, so- nal da Agência Nacional da deixá-la conforme interessa ao setor priva- bretudo os pequenos poupadores. O par- Habitação, Roberto Ponte deixa claro que os do. Segundo Nedson, há setores do gover- lamentar critica a falta de posicionamen- empresários continuam entendendo que a no que defendem a extinção pura e sim- to da direção da Caixa diante de questões CEF não deve ser o único aplicador de re- ples do FGTS e outros a mudança de que podem interferir na definição do fu- cursos do FGTS. Segundo ele, "a Caixa tem funções do fundo. turo da empresa. "A acomodação da dire- deformação de visão" por financiar menos o Outro parlamentar do quadro de toria da CEF é de quem acha que nada empreendedor. pessoal da Caixa, Vanio dos Santos (PT- vai acontecer", alfineta Edinho Bez. SC), foto à direita, é da opinião de que o governo promove o desmonte da CEF e O deputado Nedson Privatização pode conduzi-la tanto para a privatiza- Para comprovar Micheleti (PT-PR), Ministério? ção como para a sua transformação em que há movimen- empregado da CEF, foto à esquerda, cita uma simples agência de fomento. Isso tações concretas em torno de questões as experiências da Argentina e Uruguai, passaria, inclusive, pelo desestímulo ao diretamente onde os bancos hipotecários foram colo- quadro funcional e pela flexibilização de ligadas aos cados na lista de privatizações após pas- direitos dos bancários. Segundo Vanio, o interesses sarem por um processo de desfiguração que se constata é que estão sendo abertos da Caixa, de suas funções sociais, para sustentar a os espaços da Caixa para os bancos priva- a Câma- avaliação de que privatizar a Caixa é real- dos. "A pulverização de serviços para as mente onde o governo pretende chegar. A transferência de serviços para lotéricas, a utilização dos Correios e a Habitação depende de recursos do FGTS

0 Orçamento Geral da União aplicou apenas 10% do investido pelo fundo no ano passado stério das Comunicações, desde Sérgio Motta Criado há 32 anos, em 13 de lotéricas e para os Correios são medidas setembro de 1966, o Fundo de Ga- PROJETO DE MUDANÇAS que visam reduzir a área de atuação da rantia por Tempo de Serviço (FGTS) empresa", ressaltou. é hoje uma fonte quase que exclusiva O presidente da FENAE, Carlos de recursos para o setor habitacional. Caser, observa que o uso das lotéricas pela De acordo com dados oficiais, foram Caixa já começa a se caracterizar como aplicados R$ 2 bilhões do fundo em 96 uma verdadeira terceirização, dada a pro- e R$ 3 bilhões em 97, sendo que nesses gressiva transferência de serviços típicos dois anos o Orçamento Geral da de caixas executivos, como pagamentos União destinou para a habitação ape- de aposentadorias, pensões e PIS-Pasep. nas R$ 210 milhões em 96 e R$ 290 Ele lembra que assim não vai ser preciso o milhões em 97. Ministério das Comunicações criar o ban- No ano passado, a Secretaria de co postal, porque "daqui a pouco as casas Política Urbana, do Ministério do

lotéricas vão estar movimentando conta Planejamento, estimava em R$ 53,3 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO corrente e de poupança". bilhões o total de recursos necessários FENAE Entre cerca de cem mil pessoas que para fazer frente ao déficit habitacional Federação Nacional das Associações do Pessoal da CEF hoje trabalham na CEF, o número de de 5,6 milhões de moradias no país (4 prestadores de serviços, estagiários e milhões no meio urbano e 1,6 milhões total de recursos disponíveis para o se- menores já ultrapassa 40%. De acordo no meio rural). tor. Foram estimados inicialmente R$ com dados do Sindicato dos Bancários de A Caixa Econômica Federal é o 8,49 bilhões. São Paulo, só naquele estado a empresa agente operador do FGTS. Ela cen- Como se constata pelos números, o utiliza os serviços de mil menores que traliza todos os recursos, mantém e FGTS é o suporte para as ações da deveriam ser carentes, mas que, na ver- controla as contas vinculadas, participa Caixa na área da habitação, sobretudo dade não o são. Já estão sendo chamados da rede arrecadadora e administra os para os programas voltados para a dentro da empresa de "menores paren- ativos e passivos do fundo. De acordo moradia popular. E são nos alicerces tes". com o Informe AZUL da Caixa, entre da casa própria que está um dos princi- Caser considera indispensável para 1995 e 1997, foram contratados mais de pais pilares do banco social construído a Caixa a existência de limites claros R$ 7,8 bilhões em habitação sanea- pela sociedade ao longo deste século. para a uso das lotéricas e para a terceiri- mento e infra-estrutura, com a empre- Para o presidente da FENAE, Carlos zação de serviços, além de uma posição sa estando presente em 68,94% dos Caser, não há dúvida de que a descen- definitiva no meio político e na socie- municípios brasileiros (em 3.829 dos tralização dos recursos do fundo, de dade quanto à permanência dos recur- 5.554). De 1995 a 1998, foram aplica- forma que venham a ser pulverizados sos do FGTS na empresa. O "banco dos mais de R$ 5 bilhões em financia- para as demais instituições financeiras, postal", a seu ver, é uma possibilidade mentos habitacionais, através dos pro- provocaria um forte impacto na base diante da qual a Caixa deve ter um po- gramas Carta de Crédito FGTS e de sustentação da empresa. "Resta sicionamento estratégico, para que não Carta de Crédito CEF. Foram assina- saber se quem defende esta idéia não venha sofrer maiores impactos com a dos 258.602 contratos. Os R$ 5 bilhões estaria pretendendo exatamente isso: eventual concretização dessa idéia. aplicados correspondem a 59,71% do abalar as estruturas da Caixa".

FA 15 set/98 Nada indica que a CEF será privatizada

Apesar de tudo, a Caixa deverá continuar como instrumento de políticas públicas

arlos Eduardo Carvalho, pode viabilizar, inclusive, a movimentação professor de economia da em contas correntes e a captação em PUC-SP e assessor eco- poupança através dos Correios. O que essa nômico da Confederação retirada de clientes e usuários das agências Nacional dos Bancários pode significar para a presença da CEF no C (CNB-CUT), participa mercado e para o papel social atribuído à do debate acerca das perspectivas para a empresa? Caixa Econômica Federal. Confira a entre- vista: Carlos Eduardo -Não conheço deta- lhes do projeto para opinar com sufi- FA - Uma empresa inserida no mercado e ciente segurança. Em tese, essas iniciati- servindo como instrumento de políticas vas contêm aspectos positivos: facilitam a públicas, um mero banco de fomento ou vida do cidadão e do cliente da CEF, au- uma instituição engolida pelo setor priva- mentam a capilaridade da CEF a baixo do. Para onde vai a Caixa Econômica custo e desafogam o movimento das Federal? agências. Os funcionários da CEF pode- riam ficar mais disponíveis para um Carlos Eduardo - É difícil apresentar posições divergentes dentro do governo, atendimento especializado e para apro- respostas precisas com um grau razoável de entre os mais liberais (a Fazenda e o BC) e fundar o relacionamento da CEF com segurança, pois não se sabe o que pensa o os que defendem maior presença estatal na seus clientes efetivos de maior interesse governo sobre isso. Apesar do compromis- formulação e financiamento de políticas (mutuários, tomadores de crédito em so de privatização ou extinção de empresas públicas. Dentre as três alternativas indi- geral) e também com seus clientes poten- públicas do governo FHC, a gestão de cadas na pergunta, apesar de toda as dúvi- ciais, em especial os trabalhadores que Sérgio Cutolo não indica que as ações do das, acredito que as ações do governo até vão tratar do PIS-Pasep do FGTS e que governo na CEF se orientem nessa direção. aqui apontam mais para a primeira. Desde podem se tornar clientes ativos. Um pon- A CEF voltou a desenvolver programas de o início do governo FHC tenho insistido to precisa ser resguardado: que as ativi- financiamento habitacional, conservou al- que as iniciativas tomadas pela direção da dades do "banco postal" fiquem sendo gumas de suas prerrogativas (gestão de CEF não indicavam um propósito de li- parte da atividade da CEF, não sejam fundos, por exemplo) e não sofreu iniciati- quidá-la ou privatizá-la, nem de transfor- parte de um organização diferente. vas voltadas para acabar com sua estrutura má-la em simples agência de fomento. O "banco postal" deveria ser no máxi- de banco comercial. O que significa isso, é Apesar das dúvidas, vale a pena repetir mo um prestador de serviços para a CEF. difícil saber com certeza. Pode ser fruto de sempre, continuo pensando da mesma for- Outro aspecto a ser discutido é o estatuto uma política de manter a CEF como banco ma. jurídico dos funcionários das lotéricas e para as políticas sociais, deixando o crédito agências dos Correios que passariam a comercial para os bancos privados (no li- FA - A Caixa já descentralizou parcela dos desenvolver operações e atividades tipica- mite, significaria privatizar os estaduais, e serviços para as agências lotéricas e está em mente bancárias. Esse pessoal deveria talvez até o Banco do Brasil, mantendo a discussão no Ministério das Comunicações passar a ser considerado bancário e a ter CEF) , Pode ser reflexo de indefinições e a criação do chamado "banco postal" , que todos os direitos da categoria.

FA 16 set/98 Plenário Urnas em reforma abarrotadas Se há uma "reforma" que anda de eleitores em época de eleições é a do plenário da Câmara dos Deputados. Aprovei- as eleições de 4 de outubro, se- tando a ausência de seus parlamen- gundo o Tribunal Superior Elei- tares, o presidente da Casa, deputado toral (TSE), teremos cerca de Michel Temer (PMDB-SP), resol- 106 milhões de eleitores, com veu implantar um sistema de identi- 57% desse total votando em urnas eletrôni- ficação digital, visando acabar com cas. Roraima é o estado com menos elei- os "pianistas". tores (170 mil) e São Paulo, o de maior Quanto às demais reformas, o densidade eleitoral (23 milhões). presidente Fernando Henrique Car- Os jovens até 24 anos somam 21 mi- doso pediu para esquecê-las, ao me- lhões de eleitores. A população feminina é nos no período eleitoral... em média maior que a masculina, mas o número de eleitores masculinos supera o feminino. Os eleitores analfabetos somam 8,5 Senado: milhões. No Distrito Federal, segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), foram deferidas carimbo oficial? 600 candidaturas para um total de 24 vagas Das indicações feitas pelo presidente da República, cabe ao de deputado distrital. Senado aprovar os nomes que venham a ocupar os seguintes Teremos 12 candida- cargos: ministros dos tribunais superiores, ministros do Tribunal tos à Presidência da de Contas da União, presidente e diretores do Banco Central, República. chefes de missão diplomática e procurador-geral da República. Ao contrário de um Parlamento com maior peso político, como o norte-americano, que já recusou inúmeras indicações do Executivo, no Brasil o Senado Federal homologa as indi- cações em 99% dos casos. História do Congresso Nacional

onsta no livro "Brasil: de Cas- cias (aqui se incluindo políticos que op- telo a Tancredo", do brasilia- taram por ficar fora da luta ou que - à es- C nista Thomas Skidmore - edito- querda - afirmavam que a eleição não ra Paz e Terra - 5a edição - página 486, a tinha sentido). curiosa história sobre o Congresso A composição dos votos era revelado- Nacional: "A 15 de janeiro de 1985, o ra: Tancredo obteve todos menos cinco colégio eleitoral elegeu Tancredo Neves e dos 280 votos do PMDB. Recebeu tam- José Sarney por 480 votos de um total de bém 166 votos do PDS, quase tanto 686. Paulo Maluf recebeu apenas 180 vo- quanto os 174 de Maluf", naquela oca- tos. Houve 17 abstenções e nove ausên- sião o candidato oficial do partido.

FA 17 set/98 Artigo Quando os fundos de pensão perdem

Aloysio Biondi

s fundos de pensão ou sob a forma de contratos futuros, na ten- banco que foi incluído no Proer ê final- "fechados", de estatais e tativa de "salvar"' o real e evitar a grande mente "vendido", ele é liquidado - os va- ex-estatais, perderam R$ crise. Os interesses nacionais justificariam lores que lhe foram destinados são retirados 4 bilhões no primeiro essas intervenções ilegais - mesmo que as do "balanço" do Proer e passam afigurar semestre. Causa: prejuízos operações de socorro tenham trazido lucros no balanço do Banco Central. Feche-se o Ocom operações nas bolsas. Às perdas podem ou evitado prejuízos (o que dá na mesma) a parênteses, e volte-se ao pedido de infor- ser mero reflexo da queda dos preços das grupos que conseguiram vender seus países mações do Congresso. A resposta foi um so- ações, no período. Mas existe também a (ou realizar outras operações, nos mercados lene "não". Veja-se, agora, o contraste com hipótese de que esse "rombo" tenha sido futuros), antes da grande queda dos merca- o México. Mesmo lá, em um país dominado provocado pela forma ilegal com que a dos? A resposta pode ser encontrada nos por um partido único ha décadas, o governo equipe econômica do governo agiu, ao or- países que também vêm sendo atingidos enfrenta resistência no Congresso, inclusive denar aos fundos, em momentos de crise agu- pela crise no mercado financeiro. Em todos de seus partidários, para aprovar as contas da, que realizassem operações de "socorro" eles, o banco central assumiu, ele próprio, a do seu programa de socorro ao mercado fi- nas bolsas de valores, comprando ações para luta contra as "corridas", utilizando todo o nanceiro. Por quê? Os congressistas até con- evitar que seus preços despencassem ainda mais. arsenal de armas disponíveis - isto é dentro cordam em que o governo, o Tesouro, o As perdas dos fundos representam "queima" das normas de mercado, sem manobras e contribuinte, "pague", cubra o "rombo" das de patrimônio dos seus contribuintes. Neste bastidores nada transparentes e com uso de contas dos bancos socorridos, quando esse estranho país chamado Brasil, no entanto, dinheiro de cidadãos, como os associados "rombo" resultar realmente das brutais os- semanas após a divulgação dos resultados dos fundos de pensão. Ou os acionistas do cilações de mercado e da crise que se abateu do semestre, desconhecia-se qualquer ini- BB. Ou os contribuintes em geral. sobre a economia mexicana em 1994. Mas ciativa - principalmente e sobretudo na os congressistas se rebelaram contra o paga- Justiça para apuração de responsabilidade. O caso Proer - O anestesiamento da mento indiscriminado aos banqueiros, isto Em cena a mesma apatia total que tem per- sociedade brasileira diante da ação au- é, querem que o "rombo" provocado por mitido, ao governo Fernando Henrique toritária do governo Fernando Henrique fraudes, desvios, operações especulativas seja Cardoso, passar como um trator por sobre Cardoso pode ser avaliado em toda sua ex- investigado e coberto pelos próprios leis, direitos, em uma escala jamais vista em tensão com dois fatos recentes, relacionados acionistas dos bancos. Aqui? E tudo "sigi- regimes pretensamente democráticos. A ao Proer - o programa de socorro aos ban- loso", "secreto". Nem o Congresso Nacional mesma falta de reações que encorajou o cos. Aqui, o Congresso solicitou infor- tem o direito a qualquer informação. Bom governo FHC a repetir todas as estrepolias mações minuciosas sobre os prejuízos resul- para os banqueiros. Ruim para os con- com os fundos, BNDESpar, Banco do tantes do programa - que, a propósito, não tribuintes. Brasil na nova "rodada"' da crise, nesta úl- desembolsou "apenas" R$ 20 a R$ 25 bi- tima segunda quinzena de agosto. Bilhões e lhões, como se repete constantemente. Na bilhões de dólares e reais foram novamente Aloysio Biondi, verdade, a cifra desembolsada é muito despejados no mercado, em dinheiro vivo jornalista maior. Por quê? Acontece que, quando um

FA 18 set/98 Negociações complicadas

Bancários, petroleiros e outras categorias têm campanhas salariais dificultadas pela "fiexibilização" adotada pelo governo federai apesar do excesso de trabalho

om a série de propostas com que as categorias devem trabalhar. públicos arcaram com perdas reais em de alteração nas leis tra- O Departamento Intersindical de seu salário. balhistas, o governo fe- Estatística e Estudos Sócio-Econômicos No ano passado, entre todos os traba- deral inseriu novas preo- (Dieese) avalia que as negociações ocorri- lhadores, as negociações não redundaram cupações às negociações das em 1997 demonstraram um "en- em recomposição salarial para nada salariais que acontecem no segundo durecimento patronal evidente no setor menos que 79,81% das categorias. Em semestre. Tradicionalmente, as categorias privado" em relação ao ano anterior. outras palavras, praticamente quatro em com data-base a partir de primeiro de ju- Durante todo o ano de 96, por exemplo, cada cinco trabalhadores tiveram reajuste lho encontram mais dificuldades em suas nenhuma empresa estatal concedeu a abaixo da inflação ou nem ao menos con- campanhas salariais do que as demais. A seus empregados reajuste igual ou superi- seguiram aumento salarial em 97. nova investida pela flexibilização das re- or ao Índice de Custo de Vida (ICV- Este ano, os trabalhadores das empre- lações de trabalho, agora, é mais um fator Dieese). Ou seja, todos os funcionários sas públicas, em especial, querem garan- Medidas do governo atingem todos os setores

As diversas alterações na legis- lação trabalhista sugeridas pelo gover- no têm alvos distintos entre os traba- lhadores. A demissão temporária deve ser usada e abusada pelas empresas de tir maiores conquistas. Por isso, fun- No ano passado, além do reajuste, os construção civil. A redução da jornada cionários de bancos públicos (como a metalúrgicos obtiveram a garantia de que de trabalho pode ser apropriada pelo Caixa Econômica Federal, Banco do Bra- os patrões não iriam utilizar mão-de-obra setor de serviços. Já o banco de horas é sil e Banco da Amazônia, por exemplo), presidiária sem antes negociar com os ideal para a indústria. petroleiros e trabalhadores dos Correios sindicatos e nem contratar menores. Especialistas em negociações cole- planejam a realização de atos conjuntos Com 16 sindicatos filiados e 300 mil tivas avaliam que boa parte das mu- durante a campanha, além de ações unifi- trabalhadores na base, a FEM começa danças sugeridas pode aumentar o cadas junto à Secretaria do Conselho de agora a preparar nova negociação com as poder da negociação coletiva. Isso Coordenação e Controle das empresas. Emprego, salá- pode acontecer caso se respeite a legis- Empresas Estatais e ao Mi- rio e direitos sociais devem lação, que determina a negociação de nistério da Fazenda, com Metalúrgicos ser os motes da campanha. muitos desses pontos apenas através apoio da CUT. foram os mais Pelo menos uma das dos sindicatos. Ou seja, teoricamente Resta saber qual será a re- reivindicações dos meta- o processo de desregulamentação das ceptividade do governo. Uma prejudicados lúrgicos paulistas promete relações trabalhistas não beneficia referência podem ser os acor- causar polêmica. Ela se apenas o empregador. dos fechados com os empre- ano passado refere à redução paulatina É claro que o sucesso na negoci- gados da Empresa Brasileira da jornada para 35 horas ação vai depender da força da catego- de Pesquisa Agropecuária semanais até o ano de ria. Em que pese as tentativas de en- (Embrapa) e da Companhia 2002. Hoje, a média de fraquecer o movimento sindical e a de Desenvolvimento do Vale do São trabalho é de 42 horas. O FEM reconhece noção de categoria, levadas adiantes Francisco (Codevasf). O governo ofereceu que a questão vai ser delicada, porque o pelo governo federal, a negociação de reajuste de 2,5%, aceito pelos primeiros e governo já acenou com a instituição da cláusulas não-econômicas pode ga- trocado por um abono pelos demais. minijornada semanal de 25 horas, redu- nhar corpo. zindo salários e outros direitos. Entretanto, o presidente da CNB, Vantagens O Dieese considera os Sérgio Rosa, alerta que a legislação so- metalúrgicos entre as Privatização A campanha salarial bre pontos que fazem parte da negoci- categorias mais prejudicadas nas negoci- dos telefônicos deve ação pode ser prejudicial. ações salariais do ano passado, ao lado assumir este ano contornos totalmente "Sob a alegação de que a lei im- dos funcionários de empresas públicas. diferentes. A venda do sistema Telebrás pede a geração de empregos, o gover- Os trabalhadores paulistas filiados a lançou a categoria para a negociação com no resolve de uma canetada itens que sindicatos da Central Única dos Traba- a iniciativa privada. Aos 40 mil trabalha- os bancários, por exemplo, vêm dis- lhadores (CUT) estão entre as exceções dores de empreiteiras, juntam-se agora os cutindo exaustivamente desde o na categoria metalúrgica em 97: tiveram cerca de 90 mil funcionários de ex-empre- primeiro semestre com a federação reajuste de 4% a 5%, em média. Para este sas públicas. dos bancos", reclama ele. Sérgio Rosa ano, a Federação Estadual dos Metalúr- O coordenador-geral da Federação observa que a mudança nas leis tra- gicos da CUT (FEM) espera reposição de Interestadual dos Trabalhadores em Em- balhistas, quando é feita, tende sem- 2,5% e piso estadual de R$ 500,00. A data- presas de Telecomunicações (Fittel), Luís pre a prejudicar os trabalhadores. base da categoria é em novembro. Antônio Sousa e Silva, lamenta que a pri-

FA 20 set/98 vatização do setor possa causar a demis- reajuste de 29%, o maior índice entre to- são de até 30% desse total nos próximos das as categorias naquele ano. Todas as Empregados 12 meses. Somente até o final do ano, demais reivindicações foram ignoradas. 10% dos funcionários de empresas vendi- Para 98, os 39 mil petroleiros reivin- das devem perder o emprego. dicam reajuste da inflação dos últimos 12 da Caixa já A Fittel aponta ainda que a maior meses, reposição das perdas após o plano parte das demissões deve se concentrar no Real, produtividade e reintegração dos estão em Nordeste, já que nas demais regiões a demitidos na greve, entre outros. meta exigida de expansão tende a impedir demissões. campanha Redução O presidente da Confe- De qualquer forma, os sindicatos da deração Nacional dos categoria já estão acostumados a negoci- Bancários (CNB/CUT), Sérgio Rosa, in- ações difíceis. forma que "a garantia de emprego vai ser uma das questões fundamentais nesta A campanha salarial dos empre- gados da Caixa Econômica Federal Já os pertroleiros iniciam campanha". Quando se vê a evolução do tamanho da categoria, fica fácil entender deste ano será marcada pelo combate sua campanha ainda bus- ao esvaziamento da empresa, atitude cando recuperar-se da greve de 1995. O a razão. Os bancários já foram 811 mil da qual o governo federal é acusado. movimento foi considerado ilegal pelo em 1989. Hoje são 460 mil. Com relação às cláusulas econômi- Tribunal Superior do Trabalho, que apli- Sérgio Rosa complementa que a defe- cas, o funcionalismo reivindica 2,93% cou multa diária de R$ 50 mil sobre os sa do emprego tem reflexos, inclusive, em de reajuste - entre setembro do ano sindicatos, bloqueou recursos e penhorou outras reivindicações da categoria, como passado e agosto deste ano - e bens das entidades. o melhor atendimento. Os bancários de- reposição de 30,87%, referente ao que A greve, de 32 dias, foi uma resposta fendem ainda, nesta campanha, melhores foi pago aos demais bancários a partir aos três acordos seguidos que a empresa condições de trabalho, garantias aos ban- de setembro de 1994. Os empregados assinava e não cumpria. Recentemente, o cos públicos, queda nas tarifas e partici- da Caixa não obtiveram esta recom- Congresso Nacional concedeu anistia aos pação nos lucros. posição. sindicatos. Porém, o governo federal ve- Entre as cláusulas econômicas puras, tou a devolução dos valores confiscados. estão o reajuste básico de 7,7%, para re- A negociação com a empresa, que Para a Federação Única dos Petro- compor o poder de compra dos salários já começou, também inclui produ- leiros (FUP), a medida é uma clara repre- desde setembro de 1994, e produtividade tividade de 14,8% e participação nos sália à categoria num momento em que a de 14,8%. O índice de reajuste varia de lucros, em moldes diversos aos que negociação salarial é retomada. Em 1995, banco a banco, de acordo com as perdas vêm sendo utilizados atualmente pela um dos reflexos positivos da greve foi o verificadas nos últimos quatro anos. empresa pára remunerar os emprega- dos. Durante o XIV Congresso Nacio- nal dos Empregados da Caixa, no iní- cio de agosto, os representantes do Defasagem salarial funcionalismo também demonstra- ram preocupação com a jornada de

Inflação do período 111,11% seis horas na empresa, que vem sendo Perdas salariais Reajuste necessário ICV - Dieese desrespeitada em várias cidades. O respeito à jornada estabelecida para o bancário foi objeto de cartilha que a FENAE e outras entidades represen- tativas dos empregados editaram re- centemente. Além disso, o funcionalismo da Caixa está insatisfeito com vários ou- tros pontos da gestão atual. E por isso que a gestão paritária nas direções da Caixa, FUNCEF e SASSE também está sendo reivindicada, ao lado da volta da figura do diretor represen- tante na empresa, suprimido este ano de forma unilateral.

FA 21 set/98 CDN elege o presidente da FENAE

professor Ar- funcional, para o correto atendi- thur Ferreira Eeonorn.iários mento de sua enorme clientela", de Souza Filho diz editorial do FENAE Notícias foi reconduzi- reconduzem de março a maio daquele ano. De do mais uma dirigentes ; acordo com o jornal, a reunião do veOz à Presidência da FENAE. CDN serviu não somente para Ele foi eleito por aclamação da FENAE reconduzir os dirigentes de en- pelos membros do Conselho tão, mas também para "reafirmar Deliberativo Nacional da Fe- a unidade da classe". deração, na sétima reunião Já na época, a recém-criada anual, em março de 1978, no FUNCEF merecia destaque na Ceará. Souza Filho foi o pauta do encontro do movimen- primeiro presidente da FE- to dos empregados da Caixa. Os NAE e estava iniciando, em participantes da reunião em 78, o sétimo de seus 11 anos à 0 FENAE Notícias de março de 78 noticiou a eleição do presidente Fortaleza discutiram ainda a frente da entidade. SASSE, a Caixa como empresa pública "A Caixa é feita por nós, servidores. ção financeira do país e para cumprir e a situação das associações estaduais Para manter-se como segunda institui- suas finalidades depende de seu quadro do pessoal.

NOSSOS PERSONAGENS Uma médica à frente da emancipação da mulher

e as mulheres têm hoje partici- bonne, Berta Lutz é aprovada do Partido Republicano pação decisiva na vida política em concurso para o Museu Na- Feminino. Apesar de ter sido brasileira, isso deve-se em muito cional, em 1919, tornando-se a adotado pela primeira vez S ao desprendimento e à determi- segunda mulher a entrar para o em 1928, no Rio Grande do nação de Berta Maria Júlia Lutz, nascida serviço público no país. Funda Norte, o sufrágio feminino só em 1894, em São Paulo. e assume a liderança da Liga foi oficializado em 1932, por Filha do medico e cientista Adolfo para a Emancipação Intelectual meio de um decreto-lei assi- Lutz, fundador da medicina tropical, da da Mulhér.Em 1922, é a repre- nado por Getúlio Vargas. Em zoologia médica rio Brasil e responsável sentante brasileira na assem- 1934, Berta Lutz é eleita de- pela identificação dos priricipas transmis- bléia da Liga das Mulheres Eleitoras, rea- putada suplente e assume o mandato dois sores da malária, Berta herdou de seu pai o lizada rios Estados Unidos. anos depois. Defende na Câmara Federal a espírito humanista e revolucionário. Foi A discussão sobre o direito das mu- mudança da legislação referente ao traba- uma das pioneiras no Brasil na defesa do lheres brasileiras de manifestar sua vontade lho da mulher, a igualdade salarial, a li- voto feminino e dos direitos da mulher. nas urnas começou na preparação da cença de três meses à gestante e a redução Depois de ter se formado em ciências Constituição de 1891. Vinte anos depois, a da jornada de trabalho, então de 13 horas. naturais na Universidade de Paris, a Sor- reivindicação voltou à tona com a criação Berta morreu no Rio de Janeiro, em 1976.

FA 22 set/98 Música FENAE e APCEFs lançam CD do VI Festival de Música

As 12 melhores músicas do evento realizado em março mostram o talento dos empregados da Caixa

música dos empregados da Caixa Econômica Federal continua a ecoar no segundo semestre deste ano. Foi lança- A do o CD com as músicas fi- nalistas do VI Festival Nacional de Música dos Empregados da CEF (Fenec), trazendo repre- sentantes de 12 estados. O CD abre com a canção vencedora, "Minha voz", composta e interpretada pela CD do festival reúne talentos da Caixa paranaense Luciana Walt. Da primeira à última faixa, o ouvinte fica conhecendo a "Minha voz" grande variedade de sons produzidos por Luciana Walt (PR) quem trabalha na Caixa. O presidente da "Lixo" FENAE, Carlos Caser, fala que "o objetivo Raul Marques (PB) da Federação, com o CD, é incentivar a "Meu país" produção de música brasileira através dos necessário, dentro e fora da empresa", diz Cícero de Holanda (SE) talentos existentes na empresa". Aparecida. "Casa, flor e amor" Cada um dos participantes receberá 20 Por falar em voz, a de maior destaque no Miguel Pacífico (AC) exemplares para divulgação. Muitos já pediram Fenec pertence justamente à vencedora. Além "Valsa de um violeiro" cotas maiores, para vender em seus estados. A do primeiro lugar, Luciana Walt recebeu por Zé Rodrigues (ES) tiragem total do CD é de mil exemplares. "Minha voz" os prêmios de melhor intérprete, "Canto igual" O Fenec foi realizado em março deste arranjo, letra e música. Milton Magalhães (RS) ano, na sede da APCEF/PB. João Pessoa Em segundo lugar ficou o representante da "Lamento pra uma fada" também sediou a gravação do álbum, pro- casa, o paraibano Raul Marques, com "Lixo". Nilson Aquino (BA) moção conjunta da FENAE e das associações "Meu país" deu a Cícero de Holanda o terceiro "Beleza, delicadeza" de pessoal da Caixa. lugar. Ao todo, 17 estados enviaram represen- Wilma Araújo (AL) Gravado e mixado no SG Studio, pré-mas- tantes para o festival. "Despertar" terízado pela Somax, o CD tem direção artística A vitória de Luciana foi merecida, inclusive Ronaldo Oliveira (RJ) de Donato Barbosa e produção de Maria pela história musical da paranaense. Ela canta "Grito da raça" Aparecida Diniz, presidente da APCEF/PB, e na noite curitibana desde os 15 anos e trabalha Rosinha Peixoto (RR) Emanoel Souza de Jesus, diretor Cultural da na Caixa desde 1989. A empresa, ao lado do "Planeta vida" FENAE. "O festival e seu resultado, este CD, governo do estado da Paraíba, SASSE, FE- Edimar Costa da Silva (RN) são a mostra de que as vozes dos empregados NAE Seguros e Fenaetur, apoiou a produção "Gente do choro" da Caixa podem se unir quando isso se faz do CD. Anna Claudia (MA)

FA 23 set/98 FENAE

FENAE Seguros come- morou no dia 30 de julho seu 25° aniversário com uma solenidade no Rio de Janeiro. O evento con- tou com uma palestra da jornalista Miriam Leitão sobre "Mudanças estruturais no Brasil e seu impacto no setor de seguros". Estiveram presentes todos os presi- dentes da FENAE desde a sua criação: Arthur Ferreira de Souza Filho, José Gabrielense Gomes Duarte e Sérgio Nu- nes da Silva. Eles receberam uma home- nagem e compuseram a mesa juntamente com o atual presidente da Federação, Carlos Caser. Da diretoria da FENAE compareceram ainda José Francisco Zim- mermman, vice-presidente; Carlos Borges, diretor Financeiro; e José Durval Reis. Jair

FA 24 set/98 Míriam Leitão: o perfil do Brasil não é mais o mesmo

"O Brasil vem passando por pro- fundas mudanças nos últimos anos." Assim a jornalista Miriam Leitão co- meçou sua pales- tra sobre as alte- rações estruturais que o país atra- vessa. Ela demonstrou através de gráficos e tabelas que o perfil do brasileiro hoje Seguros é outro: aumentou sua expectativa de vida, mudaram seus hábitos de con- sumo, democratizou-se o mercado de trabalho com a maior participação da mulher, cresceu o mercado de trabalho informal, a concentração urbana etc. Para a jornalista, o somatório des- ora 25 anos sas mudanças com as inovações tec- nológicas, a estabilidade da moeda e a Pedro Ferreira, diretor representante dos recursos via comissionamento e ajudando abertura do mercado brasileiro aos empregados da Caixa na SASSE e o diretor na promoção dos eventos realizados pelas produtos importados revolucionou o Financeiro da CUT, Remígio Todeschini, APCEFs e pela FENAE. país, que não é mais aquele que co- também prestigiaram a solenidade. No início, a atuação da FENAE Seguros nhecemos. Ela lembrou que muitas Representantes do mercado segurador e restringia-se aos seguros cativos da Caixa. pessoas - inclusive partidos políticos - da Caixa ligados à área compareceram em Com o desenrolar dos anos, a experiência e a ainda não se deram conta dessa revi- grande número, demonstrando a ampli- capacitação profissional da empresa, tendo à ravolta estando, portanto, defasados tude do trabalho e das parcerias que vêm frente seu diretor administrativo e finan- para com a realidade nacional. sendo desenvolvidas pela FENAE Seguros. ceiro, Marcus Vinícius de Oliveira, e seu di- Miriam Leitão abordou, também, Ao completar seus 25 anos, a FENAE retor comercial, Sérgio Almedia, possibili- os reflexos das mudanças no mercado Seguros ocupa a quinta colocação no taram a ampliação de seu trabalho, atin- segurador. Citou a entrada de empre- ranking entre as 50 mil corretoras exis- gindo a todo o mercado segurador. sas internacionais no país e o cresci- tentes em todo o país. Sua especialização Com uma atividade voltada prioritaria- mento de sua participação no setor. é em riscos industriais, patrimoniais e mente para os clientes da Caixa, a FENAE Setor que, se comparado com os pa- pessoais, com uma rede espalhada em 20 Seguros vem fortalecendo as operações da drões internacionais, ainda deverá regiões estrategicamente localizadas. SASSE (seguradora da CEF), participando crescer muito. A expectativa, portan- A FENAE Seguros foi fundada em de parcerias com empresas líderes do merca- to, é de um mercado disputado e com 1973 com o objetivo de fortalecer as asso- do, como a Sul América, a Icatu Hartford, a forte tendência de aumento nos pró- ciações de pessoal da Caixa, levantando Porto Seguro e a Minas Brasil, entre outras, ximos anos.

FA 25 set/98 Sou (quase) Vasco desde criancinha

José Trajano

aqui do meu exílio vo- de São Januário. luntário em São Paulo, No início de minha vida profissional, fiquei imaginando, como como repórter, passei anos fazendo a cober- em um filme, como ve- tura do Vasco. Época em que acompanhei de lhos amigos deviam estar perto gente como Zezé Moreira, Elba de se sentindo com a mais Pádua Lima (saudoso amigo ), importante vitória vascaína de todos os tem- , Paulo Amaral, Duque, Paulinho pos. de Almeida, Eli do Amparo, como Imaginei o dia seguinte, com a moçada treinadores, e jogadores como Brito, cruzmaltina voltando de Guaiaquil car- Fontana, Barbosinha, Célio, Mário, regando a taça, desfilando em carro aberto Quincas, Pereira, Saulzinho, Lorico, pelas ruas do centro do Rio. Vi a festa no bar Maranhão, Alcir, Pedro Paulo, Rubilota, da Maria, com Aldir Blanc vestido de jo- Clemente, Adilson (irmão do grande Al mu; gador; a cantoria varando a madrugada na o Pernambuquinho), Zezinho, Joel, Russo e casa do Paulinho da Viola; as risadas e cau- • muitos outros, como o goleiro Marcelo, sos do Sérgio Cabral rodeado de amigos; o aquele mesmo que abandonou o jogo no Waltinho no bar do Lourenço pagando Maracanã porque engoliu um frango entre "saideiras" até o dia clarear. Imaginei o as pernas. Cristo com a cruz de malta no peito. E a Enfim, não fui Vasco não sei porquê. minha cidade maravilhosa feliz e orgulhosa, para casa. Mas talvez devesse ter sido. Estaria sofrendo como nos velhos tempos, quando meu pai Sempre morri de inveja do torcedor do menos todos esses anos de 60 para cá. Mas no era Vasco (depois virou a casaca e virou Vasco. Sempre tremi vendo seu time entrar dia da final da Libertadores eu fui. Fiquei América, como eu) e me dizia que Ipojucan em campo em jogos contra o meu diante da televisão torcendo. Que nem um era o melhor jogador do mundo. Ameriquinha. A primeira partida que assisti vascaíno. Muito mais para que tudo isso que Lembro de um dos meus times de botão, em minha vida foi em São Januário, um imaginei acima acontecesse, do que por ou- com um ataque demolidor reunindo Vasco e Renner, em 54, se não me engano, tra coisa qualquer. Devo estar saudoso de Sabará, Delem, Ipojucan, Pinga e Parodi. ano em que o time gaúcho foi campeão do mim. Quinteto maravilhoso, mas que nunca jo- Rio Grande do Sul. Desfilei pela pista de Casaca! Casaca! A turma é boa, ê mes- gou junto, a não ser na mesa lá de casa. Não atletismo na abertura dos jogos infantis; mo dafuzarca. esqueço de um goleiro chamado Sivuca, que quebrei o pau com a torcida do Flamengo era albino que nem o extraordinário músico, após uma partida de basquete de 11 a 13 e que foi um fiasco em um torneio início, anos na quadra atrás do gol da barreira; daqueles do tempo em que era no Maracanã cheguei até a tocar (ou fingir que tocava) José Trajano, e a gente chegava de manhã e voltava à noite contrabaixo num baile de estudantes na sede jornalista

FA 26 set/98 A nostalgia prevalece e Um jogo em que todos voltam você faz de tudo à infância

Peteca, bola de gude, jogo de botão. O futebol de mesa, mais conhecido como botão, E grande a lista de práticas esportivas não divulgadas pela mídia no Brasil. E a sobrevive e encanta, principalmente aos adultos idade não é empecilho para os adeptos de esportes pouco conhecidos. Não por saudosismo, mas ignorando precon- oce rotina. Os botões são toque por botão), a ceitos e desafiando o tempo, um nú- apenas o meio, mas o que paulista (três mero elevado de adultos tem como leva um seleto grupo de toques hábito a prática de jogos e pas- "marmanjos" a praticar o co- satempos tidos como infantis. futebol de mesa, uma mo- Muitas vezes, o que é visto dalidade esportiva cada vez mais rara em como divertimento natu- tempos de império dos jogos eletrônicos, são ral de crianças se trans- a aventura de compartilhar com os amigos forma num oportuno um passatempo que vicia e o prazer de se di- meio de suprimir o es- vertir por horas a fio. É exatamente assim tresse do dia-a-dia agi- que o carioca Maurício Nascente, dono do tado de quem mora em sebo Berinjela (livros usados e CDs impor- conglomerados urbanos. tados), define um "hobby" que ainda faz a O futebol de mesa e alegria de muita gente. análogos como bola de gude O futebol de mesa faz parte do cotidiano são atividades que desenvol- vem as habilidades manuais, a co- de atores, cantores, gerentes de banco, de- le ti vos ordenação motora e o instinto de com- sempregados e um sem número de outros com chute petição entre seus simpatizantes. Só profissionais. 'A livraria Berinjela, com suas após o passe) e a carioca que tradicionalmente o jogo de botão é cinco mesas, possui mais de 100 pessoas (três toques por botão e 12 coletivos). Os um esporte praticado, em sua maioria, cadastradas e reúne em média de 30 a 40 jo- tipos de botões mais comuns são de galarite, por pessoas do sexo masculino. As re- gadores de botão em disputas de finais de acrílico, plástico, osso e de casca de coco. gras e os tipos usados de botão foram es- semana", diz Nascente, que esclarece ser a No futebol de mesa quem manda é o tabelecidas por homens. média de idade dos praticantes dessa "ma- dono do time. Esse jogo começou a ser di- nia" entre 20 e 40 anos. O desempregado fundido na Europa, na década de 20, mas No Brasil as primeiras regras desse Júlio César Leiroz é outro aficcionado por há quem garanta que sua origem é mais esporte foram organizadas pelo carioca um joguinho de botão, um hábito adquiri- antiga e imprecisa. No Rio de Janeiro, na Geraldo Décourt, em 1930. Na época, do na infância. Ele joga por prazer e só com década de 40, surgiram no país os botões de os botões eram extraídos das roupas, amigos do peito, mas não obedece as regras vidro de relógio, celulóide, osso e casca de ganhando posteriormente a companhia das federações do ramo. coco. Antes disso, o botão não era praticado das tampas de frascos de cosméticos, em superfícies lisas, mas sobre cobertores. pomadas e garrafas. As bolas passaram a OOrige reconhecimentm o do Os primeiros jogadores eram botões de ser confeccionadas a mão décadas de- futebol de mesa como es- casacos e blusas que, acionados aos pulos, pois, via papel de embrulho de choco- porte pelo Conselho Nacional de Desportos caiam dentro de uma lata. Vencia o "jogo de late, cortiça ou de madeira. Daí foi um data de 1988, quando foi admitida a existên- pulgas", como era chamado, quem fizesse pulo para que esse jogo se tornasse cor- cia de três regras distintas: a baiana (um mais "cestas". riqueiro no país.

FA 27 set/98 C u l t u r a Exposição de Dalí abrangeu a diversidade da sua obra

Talento prodigioso como pintor, es- cultor, gravurista e designer, o espanhol Salvador Dali (1904-1989) pertence àquela categoria rara dos que reúnem os atributos tanto da criatividade multi- facetada quanto de um rigor científico O Masp abriga obras de Rembrandt, Van único, transgressor e visionário. Ele era dono de uma técnica ímpar para expres- Gogh, Monet, Renoir e outros grandes gênios sar sua arte. Uma pequena mostra das obras desse ícone do surrealismo ficou no Museu de Arte de São Paulo (Masp), de avenida Paulista, na me- uma aventura, o sonho de criar no Brasil oito a 23 de agosto, numa exposição que trópole de São Paulo, con- um museu com uma coleção de arte eu- incluiu desde telas e esculturas em for- tinua ocupando o privilé- ropeia e brasileira seguiu diversas etapas matos monumentais até objetos, qua- gio de ser o coração admi- antes de se tornar realidade. dros, desenhos e fotos que retratam o nistrativo e financeiro do A primeira sede do Masp esteve situa- cotidiano de um mundo impregnado de Brasil. Lá se decide o destino do país, em- da à rua Sete de Abril 230. Foi a partir imagens provocativas e alucinadas. bora o poder central tenha assento em desse suporte físico que o museu passou a A exposição "Salvador Dali", com Brasília. Pois é justamente em meio ao oferecer a seus frequentadores, através do curadoria-geral de Robert Descharnes concreto dos edifícios-sedes das maiores então Instituto de Arte Contemporânea, (amigo e colaborador do artista espa- . instituições financeiras brasileiras e à cursos acerca da história da arte e de suas nhol por cerca de 40 anos), ofereceu ao pirâmide da poderosíssima Fiesp (Fede- questões culturais nas mais diferentes público brasileiro a dimensão da per- ração das Indústrias do Esta- áreas: gravura, desenho, sonalidade polêmica de Dalí não ape- do de SP) que funciona, em pintura, tecelagem, fo- nas como pintor, mas como cenógrafo, um edifício de quatro an- Assis tografia, desenho indus- gravurista, desenhista e escultor. A mos- dares, construídos de cimen- trial, propaganda, cinema, tra do Masp teve o cuidado de destacar a to e vidro, desde sete de no- Chateaubriand dança, rádio, música, figura de Gala, mulher, musa inspi- radora e força motriz do trabalho desse vembro de 1968, o Museu de concretizou o teatro, artes gráficas etc. Arte de São Paulo (Masp) Paralelamente aos artista catalão. cujo prédio foi inaugurado seu sonho cursos, o acervo do Masp Foram expostas no Masp vedetes pela rainha Elizabeth II. foi adquirido em leilões, como 13 peças da coleção Moser, do A fundação do Masp é coleções particulares e ga- Museu Salvador Dalí de São Peters- anterior ao final da década lerias. A crise pós-Segun- burgo, Flórida (EUA), e o famoso óleo de 60. Na verdade, o museu foi criado em da Guerra Mundial que reinava na Eu- sobre madeira "Le spectre de Vermeer dois de outubro de 1947 pelo jornalista ropa foi propícia para a aquisição de de Delft pouvant être utilisé comme Assis Chateaubriand (proprietário dos obras valiosas, vendidas a preços baixos. table". Outras obras-primas são "Mado- Diários e Emissoras Associados, na época A partir de 1956 o mercado de obras de na de Port Lligat" (um dos trabalhos de a maior rede de comunicações do Brasil) arte na Europa e nos EUA se fechou em Dali mais reproduzidos no mundo), o e pelo professor Pietro Maria Bardi (mar- sete copas, o que dificultou a compra de painel cenográfico "Bacanal", a escul- chand e crítico de arte na Itália, recém- novas peças. O passo seguinte foi adquirir tura "Rinocerante" e o bronze "Cristo chegado ao Brasil). Como resultado de um espaço definitivo para o museu, cujo de São João da Cruz".

FA 29 set/98 terreno da avenida Paulista fora doado pela Prefeitura de São Paulo, com a con- dição de que a vista do centro da cidade nunca ficasse escondida. Assim surgiu um edifício que se tornou único no mun- do: dois andares de subsolo e dois andares acima do nível da Paulista e uma grande praça entre eles, concebido pela arquiteta modernista italiana Lina Bo Bardi. "Um local que fosse capaz de recolher arte antiga ou moderna, indiferentemente", disse à época Chateaubriand.

Cinquentenário No ano passa- do, o Masp completou 50 anos de existência. Seu a- cervo chega perto de mil obras. A coleção do museu abrange relíquias da arte ita- liana, arte francesa e a escola de Paris, arte da península Ibérica, do centro e do norte da Europa e arte do Brasil. Da escola ita- liana pode-se apreciar obras de Rafael, Andrea Mantegna, Botticceli e Bellini ou de pintores como Rembrandt, Frans Hals, Cranach ou Memling. Entre os espanhóis estão Velazquéz e Goya. A maior parte do núcleo de arte eu- é a coleção completa de esculturas de Edgar palestras e seminários são aliados à pro- ropeia é de origem francesa, com ênfase Degas. Trata-se de obras de bronze, feitas gramação das exposições temporárias, vi- para os pintores impressionistas. Encon- em uma tiragem de 73 peças e que só po- sando fornecer ao visitante a possibilidade tram-se ali obras de Renoir, dem ser vistas em dois outros museus de se aprofundar em temas variados. Manet, Monet, Cèzanne além do Masp: o Metropolitan de New O Masp também reúne música e cine- e Degas, bem como York e o Museu D'Orsay, em Paris. ma. Os dois auditórios projetados por os quatro retratos E fato que o Masp foi concebido para Lina Bo Bardi servem como locais múlti- das filhas de Luiz ser um local dinâmico, com perfil de cen- plos para essas atividades, abrigando des- XV (pintados tro cultural. Tanto que pos- de os amantes da música por Nattier) ou sui mais de nove espaços clássica até os apreciadores as alegorias diferenciados para a realiza- 0 Masp reúne de filmes de curta-me- das quatro ção de exposições tem- tragem. estações de porárias. Promove e abriga ainda música, entre 30 e 50 exposições Delacroix. Arte Segundo Luiz Marcam temporárias por ano. Foram cinema, cursos Hossaka, um de presença tantas de 1947 para cá que o e biblioteca seus curadores-chefes, o ainda dois público brasileiro se acostu- Masp vem adquirindo o monstros mou a apreciar o trabalho de hábito de oferecer cursos de sagrados do artistas de primeira linha co- história da arte em nível de movimento mo Michelangelo Buonarroti (que divide pós-graduação. Uma meta: retomar a função pós-impres- - com Leonardo da Vinci - o título de educadora que o museu exercia em seus sionista, como gênio da renascença italiana), Claude primeiros anos de existência. o o Van Gogh e Tou- Monet, Pablo Picasso, Caravaggio (res- Grupos de escolas de 1 e 2 grau ouse-Lautrec. ponsável, junto com Shakespeare e Mi- também visitam todos os anos o museu, Um dos desta- guel de Cervantes, pela introdução do representando cerca de 30% do número ques do "personagem" no cenário cultural dos total de visitantes. A biblioteca do Masp, acervo, séculos XVI e XVII), Salvador Dalí e o com seus mais de 25 mil volumes, tem se porém, brasileiro Candido Portinari. Cursos, constituído em verdadeiro centro de

FA 30 set/98 Um lugar de apoio

0 curador-chefe do Masp revela a política do museu e suas diversas iniciativas artísticas

Meca das artes plásticas bra- de suas preocupações é divulgar as sileiras, o Museu de Arte de São Paulo obras de artistas brasileiros, de artis- Assis Chateaubriand (Masp) tem tas estrangeiros residentes no Brasil perseguido com sucesso desde quan- ou ainda de estrangeiros, permitindo do foi fundado, em 1947, a tradição de assim que se divulgue as artes plásti- apoiar e incentivar a arte e a cultura cas num âmbito mais internacional, em todas as suas dimensões. dando possibilidade a que o público Visitá-lo, por exemplo, seja em brasileiro tenha acesso à produção da documentação da história das artes plás- que época do ano for, constitui uma criatividade humana. ticas contemporâneas. Saíram de seu a- autêntica maratona. O museu tem O Masp possui uma area de 2.100 cervo as pesquisas para exposições como hoje o maior acervo histórico da m para abrigar toda a sua coleção de "retrospectiva de Antônio Bandeira" e América do Sul, avaliado em torno de obras de arte. para livros como "Chatô - o rei do US$ 100 milhões, reunindo preciosi- Brasil", do jornalista Fernando Morais. dades como um quadro de Van Gogh, FA - De que maneira o Masp se Atualmente, o Masp está em proces- seis de Modigliani e um auto-retrato mantém? so acelerado de revitalização. Hossaka do pintor holandês Rembrandt. Hossaka - O museu é privado e diz que para isso o museu deverá passar Na primeira quinzena de agosto, seus recursos vêm, em sua maioria, em breve por uma série de obras arqui- o curador-chefe do Masp, Luiz Hos- da iniciativa privada. tetônicas, como por exemplo a troca do saka, manteve um bate-papo com a piso, do ar-condicionado e ainda a cons- revista FENAE AGORA. Alguns tre- FA - Como o Masp faz intercâmbios trução de um terceiro subsolo para ativi- chos da entrevista estão reproduzidos com museus de outras partes do dades técnicas e melhor armazenamen- nesta página. mundo? to da coleção. Hossaka - Isto é muito comum. Tais como os conceituados museus FA - Em que consiste hoje a política Em seus 51 anos de existência, o do mundo, o Masp elabora sua agenda de cultural do Masp? Masp sempre manteve intercâmbios atividades com pelo menos três anos de Hossaka - A política cultural do com museus de outras partes do antecedência. Tamanho profissionalismo Masp, definida em seus estatutos, mundo, não só de informações, mas recebe o apoio dos incentivos fiscais, seja consiste em apoiar e incentivar a arte de empréstimos de cromos para livros no plano federal, estadual ou municipal. e a cultura em todas as suas dimen- e obras de arte para exposições. Fran- A coisa é feita nos seguintes termos, de sões. De modo particular, a arte ça, Alemanha, Itália, Inglaterra, acordo com Hossaka: "Com um bom brasileira. A atuação do Masp não se Holanda, Dinamarca, Bélgica, Ja- projeto em mãos, saímos à cata de pa- resume a exposições de artes plásti- pão, Espanha, Suíça e Estados Uni- trocinadores. Só que esta é uma tarefa cas. O museu atua também nos cam- dos são os países com que o Masp difícil, pois apenas agora está se criando pos da música, dança para todas as mais intercambia informações e no Brasil essa mentalidade de patro- faixas etárias (clássica e moderna), peças de obras de arte. Há sempre cínio". cinema, fotografia, publicidade. Uma uma grande reciprocidade.

FA 31 set/98 A r t i g o

As novas caras do protesto

Tárik de Souza

truculência da ditadura não in- a questão das drogas pelo ângulo da faixa "Acame", aberta por uma piadinha timidou a MPB. Ao contrário, marginalidade ("Malandragem dá um tem- racista do lendário programa radiofônico como escreveu o poeta Paulo po", "Maloca o flagrante"). Garoto zona sul, "Piadas do Manduca", de Renato Murce. César Pinheiro na parceria com que na gíria da favela seria chamado deplay- Mas em matéria de contundência - e co- Maurício Tapajós, "Pesadelo", "você corta um boy, Gabriel O Pensador tomou a defesa dos erência - nada se compara aos Racionais verso I eu escrevo outro/ você me prende vivo/ oprimidos a partir do explosivo "Tô feliz MCs, que utilizam o rap como reportagem eu escapo morto". Tanto a dupla (autora do hi- (matei o presidente) ", em que encenava a da marginalidade da periferia paulista. no da volta do exílio, "Tô voltando") quanto execução do ex-presidente Fernando Collor, Lançados pelo selo independente Zimbabwe, Geraldo Vandré ("Disparada", cuja cabeça decapitada era usada como bola eles abriram firma própria, a Cosa Nostra. "Caminhando", "Arueira"), Chico Buarque de futebol. Gabriel sempre alternou uma Na contramão do sistemão, conseguiram ('Apesar de você", "Cálice", 'Acorda amor", corrosiva crítica de costumes ("Lôraburra", vender 500 mil cópias de seu último disco, "Construção"), Gonzaguinha "Retraio de um playboy") com cutucadas no "Sobrevivendo no inferno". Recusando-se a ("Comportamentogeral", "Poise, seu Zé", sistema como as recentes "Sem saúde", "Bala aparecer nos programas de maior audiência "Erva rasteira") e mais Taiguara (um dos perdida", "Dança do desempregado" e da TV ou endossar o esquema de jabá de boa recordistas em músicas censuradas) Sirlan (au- "Brazucâ", lançada numa das inúmeras co- parte das rádios, o grupo chegou incólume ao tor de "Viva Zapátria", que teve o disco de es- letâneas da Copa do Mundo, em que ele con- primeiro plano. Tributam apenas Jorge Ben tréia inteiramente vetado) e inúmeros outros, trapõe a glória do craque da pelota com o ir- Jorna regravação de Jorge da Capadócia, in- num amplo espectro que cobre de Ivan Lins e mão desempregado. Personagem comum na fluência também nítida de "São Gonça", do Vitor Martins a Raul Seixas e Paulo Coelho, de favela, Zé Batalha acaba na ponta de um CD do Farofa Carioca. Afinal, Benjor, anti- alguma forma bateram de frente com o regime tiro enquanto o mano marca o gol da vitória. go Jorge Ben, fundou a conexão afrobrasileira militar. Os indicadores econômicos e sociais do Também mesclando paródia e humor com o rhythm & blues americano, e profeti- país não melhoraram nos últimos anos (pelo com dardos contra as injustiças sociais, o zou a nova marginalidade em seu épico contrário), mas do mesmo modo que a grupo estreante Farofa Carioca, tripulado en- "Charles, anjo 45". Mesmo eventualmente opressão tornou-se mais sutil, a canção de tre outros por Gabriel Moura, sobrinho do teatralizando situações ("Tô ouvindo alguém protesto adquiriu novos contornos. maestro Paulo Moura, em "Moro no Brasil" me chamando", "Diário de um detento", que Sambista com largo trânsito nos morros e enumera logo o beabá da questão: "miséria e virou um clipe com valor de curta-metragem periferia carioca, o pernambucano Bezerra fome derrotam nossa nação / pra completar, sobre o sistema carcerário), os Racionais con- da Silva antecipou-se aos manos americanos violência ao cidadão". Enfiando vinhetas, jugam com talento, arte & indignação do gangsta rap com seu sambandido, que ex- desde o "Guarani" de Carlos Gomes, à aber- ("Gênesis", "Periferia é periferia" e "Capítulo punha o outro lado da guerra contra a delin- tura do finado Repórter Esso ou à reclamação 4, versículo 3"). O Brasil seria melhor se eles quência. Gravando compositores desconheci- contundente de uma usuária de trens, o não tivessem razão em sua ira santa. dos, alguns protegidos da caçada policial por Farofa, que mistura com naturalidade samba pseudônimos, Bezerra exibiu a saga dos de- e funkj radiografa "A lei da bala", exalta os serdados dos inúmeros planos econômicos pivetes vendedores de miudezas ("Menino da Tárik de Souza, ("Sonho de operário", "E o bicho, é o bicho", Central") e fustiga o racismo ("a carne mais "Violência gera violência"), além de abordar barata no mercado/ea carne negra") na jornalista

FA32set/98

Badalação e tranquilidade agora estão protegidas

O guia de turismo Grey Xavier já não pode contar nos dedos quantas vezes foi à ilha do Mel. Mas não per- deu as contas. Apesar de morar em Porto Alegre, já esteve nada menos que 68 vezes na ilha do litoral paranaense. "Para a moçada, o principal atrati- Turismo vo são as festas características da ilha. Em dezembro, mês preferido pelo pessoal que faz excursão, todo o final de semana tem festa nos bares à beira da praia", conta ele. Xavier também é fa das caminhadas nas trilhas. Ele é Lendas e trilhas agente de turismo da Estação Trip Brasil, que costuma levar estudantes gaúchos para a ilha mais famosa do Paraná. Segundo Pedro Eugênio Leite, de uma bela ilha empregado da Caixa Econômica Fe- deral e presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o con- 0 mais belo recanto do litoral paranaense encanta os trole de entrada está garantindo a pro- teção de "um dos pontos mais bonitos do litoral paranaense". Ele lembra dos visitantes com suas praias e construções históricas tempos, não muito remotos, em que a ilha superlotava no carnaval, provo- cando poluição e outros problemas. uito antes de se tornar Os banhistas podem escolher entre as "O controle já é um grande avanço e um dos pontos mais praias Grande, do Miguel, de Fora, parte dessa nova visão que começa a procurados do litoral Prainha, do Forte e do Farol - a maior, se ter sobre a natureza e seu aproveita- sul do Brasil, a ilha do com quatro quilômetros de extensão. mento", acrescenta. Mel já era famosa por Algumas delas são extremamente tran- O sindicalista prefere frequentar a lendas sobre sereias que encantavam e quilas. Outras produzem ondas de até ilha nas épocas em que não há risco faziam desaparecer marinheiros de pas- dois metros de altura. Todas são praias de lotação excessiva. "Do final de sagem para o porto de Paranaguá. Das de areias brancas. novembro até a metade de dezembro sedutoras com rabo de peixe não há Para chegar de uma a outra, há a não há tanto movimento e as muriço- vestígio, mas o visitante que desembarca opção de andar por trilhas como o cami- cas já sumiram", diz ele. Para quem na ilha paranaense é assaltado, de ime- nho do Belo e o da Figueira. Já quem gosta de badalação, o melhor período diato, por encantamento semelhante ao gosta de mistério pode conhecer a gruta são os meses de janeiro e fevereiro. que levava marujos ao fundo do mar. das Encantadas, criada pelo movimento Em qualquer desses meses o turista, A pequena extensão, 27 quilômetros das marés. A partir dela surgiram as len- de quebra, ainda escapa do frio para- quadrados, não impede a sucessão de das das sereias. naense. belas praias, trilhas e atrações históricas. Por sua posição, a ilha orienta nave-

FA 34 set/98 ser creditada exatamente à falta de in- ecológica, que somente não abrange os fra-estrutura - até para desembarcar era povoados. Mas destina o resto da ilha a preciso andar 100 metros com água na pesquisas e educação preservacionista. cintura. Além do fluxo de turistas já ter Com 22 quilômetros quadrados, a es- sido bem menor, a maior parte deles era tação não é o único título da ilha do Mel. de mochileiros e malucos em geral, A Unesco (Organização das Nações menos preocupados com conforto e Unidas para a Educação, a Ciência e a mais com o ambiente do que os atuais Cultura) transformou este paraíso ecoló- frequentadores. gico em reserva da biosfera, juntamente Até o final da década passada, não com toda a serra do Mar no Paraná, por havia transporte regular e a eletricidade, considerá-los um dos ecossistemas mais produzida por gerador, era cortada entre raros e bem preservados do planeta. as duas e as 10 horas da manhã. Hoje, e- Mas existe a ameaça de um estranho xiste um trapiche, para descer na ilha sem processo erosivo. Em formato seme- molhar os pés, e a promessa para breve de lhante a um "8", a ilha começou a di- energia vinda em cabos submarinos. vidir-se há alguns anos. Quando cheia, a A gravação de "A ostra e o vento", no maré praticamente separa a ilha do Mel gadores e também já foi ponto estratégi- entanto, juntou os dois lados em exatamente onde a largura é menor. co. Mas até estas características viraram protestos - contudo, pouco entusiásticos Nem sempre foi assim. Dez anos atrás, atração. Uma delas é o farol das Conchas, - contra a descaracterização da ilha. A havia até casas e árvores no trecho, des- com 18 metros, inaugurado em 1872 e em produção construiu uma escada de aces- truídas pela água. funcionamento até hoje. No farol Walter so às locações principais, modificando o Geólogos têm saído do continente Lima Júnior gravou "A ostra e o vento", morro do farol. Por essas e outras, os já para estudar a erosão. Até agora, não foi filme com Lima Duarte. Já a fortaleza saudosistas temem com razão que o encontrada uma definição sobre a causa Nossa Senhora dos Prazeres, de 1770, vi- charme da ilha vá por água abaixo. do problema. rou centro de educação ambiental. Agora, o fluxo fez com que o gover- Uma das hipóteses que chegou a se A preservação desses monumentos e no do Paraná limitasse a lotação máxi- cogitar, porém nunca comprovada, cita que da natureza mantêm a ilha praticamente ma para cinco mil turistas, número a dragagem de um canal que leva ao porto igual há 200 anos. Só mesmo a presença definido após estudos am- de Paranaguá teria acelera- do homem alterou a paisagem. Não tan- bientais e de capacidade de 0 avanço da do a erosão. O canal da Ga- to pelos povoados dos pescadores, mas infra-estrutura. A medida lheta costuma ser assoreado pelo incentivo ao turismo. é parte de um plano de maré ameaça - obstruído por areia -, evi- gestão conjunto do gover- tando que navios de grande A ilha atrai cada vez no estadual e Ministério do dividir a ilha porte cheguem com segu- Mudanças mais pessoas por unir a Meio Ambiente. Além do rança ao porto. A retirada da beleza pouco explorada a facilidades de controle de entrada, as em duas areia, segundo a hipótese, balneário. Pousadas, transporte regular propriedades serão regu- teria aumentado a violência e fornecimento de energia elétrica mu- larizadas, inclusive para da maré. daram, inclusive, o perfil dos frequenta- evitar a proliferação de Sem se preocupar com dores. Os hippies dos anos 70 e 80 gra- pousadas, bares e restaurantes ao mes- esse problema, os turistas comparam a dualmente cedem espaço a adolescentes mo tempo em que garante o ecoturismo. ilha ao Nordeste, pelo clima e astral. e outros típicos turistas da civilização. Medidas importantes para proteger a Para comprovar, basta visitá-la no Para acompanhar a transformação, ilha, que tem 95% de sua área compos- verão, junto com as milhares de pessoas várias benfeitorias vêm sendo implan- tos por ecossistemas de restinga, man- que ficam perto de estourar o limite im- tadas, incluindo até um minishopping. gue e floresta Atlântica - por isso, em 82, posto para a sobrevivência da estação Grande parte da preservação pode o território recebeu o título de estação ecológica. Treinamento, adequação e reciclagem são as saídas

A diminuição do entulho na cidade não será possível apenas com a reci- clagem do material. As empresas de construção civil têm papel importante para evitar, antes que aconteçam, as perdas provocadas por elas mesmas. Carlos Luciano Vargas, da Universi- dade Estadual de Ponta Grossa, sugere algumas medidas: "Redução de esto- ques, reprogramação do recebimento de materiais, treinamento e redimen- sionamento de equipes de trabalho, diminuição do tempo de espera e das to da necessidade de São Paulo. Isto capital baiana, também chamada Lim- distâncias". porque a média mensal havia sido de ape- purb, está implantando projeto para rea- Já o Centro de Estudos de Cultura nas 45 toneladas em 93 e 75 no ano proveitar as cerca de 1.300 toneladas de Contemporânea (Cedec) avalia que o seguinte. Já em 95, pulou para 4,9 mil entulho produzidas diariamente na ci- destino do lixo pode incluir a geração toneladas no ano, ou 375 por mês. dade. Das 614 mil toneladas de lixo reco- de renda e o respeito ao ambiente. Isso, Aliado à isso, a prefeitura ainda teve lhidas no primeiro semestre deste ano, 247 no entanto, deve ser feito com a in- que enfrentar a "terceiriza- mil eram entulho. clusão da comunidade na discussão. ção branca" no serviço. En- O projeto está na fase Em Belo Horizonte essa prática já quanto a média paga às em- O lixo da da preparação de 22 locais. acontece. preiteiras era de R$ 33,00 por construção Os pequenos produtores Reciclado, o entulho se presta a di- tonelada recolhida, muitas despejarão os resíduos em versos usos. Na capital mineira, por contratavam caminhoneiros civil cresce 17 pequenas áreas. Já os exemplo, o material é usado na pavi- independentes para fazer o grandes geradores uti- mentação e contenção de encostas. Em mesmo trabalho por R$ cada vez mais lizarão cinco locais, im- Londrina, Paraná, terceira maior ci- 10,00. "Tem alguma coisa plantados em regiões dade da região Sul, uma central trans- errada nisso", declarou à degradadas, de topografia forma diariamente 100 toneladas de época o diretor do Depar- acidentada, pedreiras de- entulho em areia e pedregulho. Esse tamento de Limpeza Urbana (Limpurb), sativadas ou jazidas de material arenoso. material serve para a fabricação de blo- Carlos Alberto Venturelli. Além de corrigir a topografia, o mate- cos e canaletas de concreto que, em rial será reaproveitado, na segunda fase do seguida, são usados na habitação popu- Em Belém, praticamente projeto. Até o final do ano, duas usinas de lar. Na Bahia, a intenção da Limpurb é Usinas não há reciclagem de en- reciclagem serão implantadas. produzir principalmente manilhas e tulho. Estimativas do setor de construção As usinas estão em estudo também meio-fio. civil do Pará mostram que 15% do materi- no Distrito Federal. O Serviço de Lim- Uma empresa de Brasília também al usado em edificações são desperdiça- peza Urbana (SLU) considera que o rea- adotou a reciclagem e obteve bons re- dos. Hoje, os dejetos são levados para um proveitamento é a única forma de dimi- sultados. A cada nove sacos de cimento aterro na periferia. nuir a montanha de entulho na capital utilizados anteriormente, a Via Enge- O mesmo acontece em Salvador. do país, que cresce três mil toneladas a nharia passou a usar apenas seis, além Contra isso, a companhia de limpeza da cada dia. de mais dois de massa reciclada.

FA 3 7 set/98 Meio Ambiente grandes cidades Os restos das construções constituem-se em um grave problema para as cidades, representando até 60% de todo o lixo dos principais municípios brasileiros

ijolos, concreto, cerâmica, de orientação a prefeituras, alerta que "a canos, aço. Os mesmos deposição dos resíduos provenientes da materiais que servem para construção civil constitui um grave pro- construir casas e edifícios, blema ambiental para os municípios". Até vias públicas e calçadas, há pouco tempo, o dilema maior das também são responsáveis grandes cidades era destinar áreas para por um aumento considerável no deposição desse tipo de lixo. Hoje, está ca- volume de lixo espalhado pelas da vez mais difundida a idéia da reci- cidades. É o entulho, que já clagem de entulho. responde por até 60% de Problemas com a sobra da construção todo o material descar- levaram o município de São Paulo a gas- tado nas capitais. tar em 18 meses três vezes mais do que O Instituto Bra- planejava fazer em cinco anos com a cole- sileiro de Adminis- ta. Contrato assinado em 1995 com em- tração Municipal preiteiras previa o recolhimento de 780 (Ibam), orga- mil toneladas de terra e entulho até o ano nização não- 2000. Pois somente entre julho daquele governa- ano e janeiro de 97 as empresas contabili- mental zaram dois milhões de toneladas. Com isso, os gastos mensais previstos de R$ 312 mil saltaram para R$ 2,87 mi- lhões. Não à toa, o município abriu con- corrência no início deste ano para remo- delar o processo de recolhimento. A medi- da buscou corrigir o subdimensionamen- Calma BUI! Eu fiz isto com 160 milhões de brasileiros e até agora tudo bem.

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