O Poder Local Em Penela (1640-1834).Pdf
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Coleção Raiz do Tempo dirigida por Margarida Sobral Neto Terra e Conflito. Região de Coimbra. 1700-1834 da Inquisição. Portugal 1551-1700 Margarida Sobral Neto JaiMe riCardo teixeira gouveia Violência e Justiça em Terras do Montemuro. Sociolinguística Urbana de Contacto. 1708-1820 O Português Falado e Escrito no Reino Unido aNabela raMoS João Corrêa-CardoSo O Município de Alter do Chão nos Finais do A Anunciação à Virgem Maria na Religiosidade séc. XVIII. Rostos do Poder Concelhio Popular do Interior da Beira tereSa CaSquilho ribeiro Maria adelaide Neto Salvado Memórias da Alma e do Corpo. A Misericórdia de O Cancioneiro Musical de Penha Garcia Setúbal na Modernidade Flávio PiNho lauriNda abreu Campos Monteiro – Domus Mea est Orbis Meus Da Monarquia À República (1876-1933) aMadeu Carvalho hoMeM JoSé eduardo FirMiNo riCardo Os Cantares Tradicionais de Lafões. Sua Multiculturalidade, identidades e mestiçagem: preservação enquanto património cultural O diálogo intercultural nas ideias, na política, JoSé FerNaNdo oliveira nas artes e na religião A Beira Alta de 1700 a 1840. Gentes e subsistências João Maria aNdré João NuNeS de oliveira O Espaço ibero-magrebino durante a presença O Museu da Guarda entre o Passado e o Futuro. árabe em Portugal e Espanha Espaços e Colecções (Do Al-Garbe à expansão portuguesa em dulCe heleNa PireS borgeS Marrocos) Miguel de aragão SoareS Turismo em Espaço Rural – Motivações e Práticas. Holandeses em Ferreira de Aves – Sátão Vínculos quebrantáveis. O Morgadio de Boassas e aCáCio PiNto suas relações. Séculos XVI-XVIII NuNo reSeNde A Congregação Beneditina Portuguesa no percurso para a extinção (1800-1834) O Cortejo de Oferendas da Santa Casa da Paulo oliveira Misericórdia de Tondela – 1952. Património Iconográfico Um Buraco no Inferno iNêS do CarMo borgeS e JoSé MaNuel rodrigieS aNtóNio ribeiro CoiMbra A Quinta da Costa em Canelas – Vila Nova de Gaia Tocha – Uma História com Futuro (1766-1816). Família, Património, Casa Margarida Sobral Neto SuSaNa guiMarãeS Ladeia e Ladera – Subsídios para o Estudo do Crónica dos Ausentes. O Estado e a Sociedade Feito de Ourique numa Região do Interior Salvador diaS arNaut alCideS SarMeNto Nos Caminhos de um Reino Matriz Sarzedas – Vila Condal JoaquiM M. PalMa João MariNho doS SaNtoS Problemática do Saber Histórico – Guia de Estudo A Folha – Jornal Diocesano de Viseu (1901- Margarida Sobral Neto -1911) Paulo bruNo alveS O Poder Local em Penela (1640-1834) CriStóvão Mata O Professor do Ensino Liceal: Portalegre (1851- -1963). O Caso do Liceu de Portalegre e do Professor António Raul Galiano Tavares helder MaNuel guerra heNriqueS Arte Poética: Dom, Descrença, Desafio. Horácio, Sá de Miranda, Sophia de Mello Breyner Maria adeliNa vieira Através das Beiras – Pré-História e Proto- -História raquel vilaça O Lugar Feminino no Liceu de Sá de Miranda. Braga (1930-1947) adília FerNaNdeS A Lousã no Século XVIII. Redes de Sociabilidade e de Poder Maria do roSário CaStiço de CaMPoS Viseu de Portugal e Viseu do Brasil. História e Histórias FerNaNdo vale História da Primeira República em Torre de Moncorvo (1910-1926) adília FerNaNdeS O Solar de Santana, Museu Municipal de Tondela e a Arquitectura Senhorial da Região iNêS da CoNCeição do CarMo borgeS O Sagrado e o Profano em Choque no Confessionário. O delito de solicitação no Tribunal O Poder Local em Penela (1640-1834) Coimbra • 2014 Título: O Poder Local em Penela (1640-1834) Autor: Cristóvão Mata Capa: Palimage © 2014 Cristóvão Mata Direitos reservados por Terra Ocre, Lda. Edição: Palimage Apartado 10032 3031-601 Coimbra [email protected] www.palimage.pt Data de edição: setembro de 2014 ISBN: 978-989-703-116-8 Depósito Legal n.º 380755/14 Impressão: Artipol – Artes Tipográficas, Lda. PaliMage é uMa MarCa editorial da terra oCre ediçõeS Cristóvão Mata O Poder Local em Penela (1640-1834) A Imagem e A Palavra Nota Introdutória Identidade com futuro é o lema do Município de Penela. Este entendi- mento do presente ancora-se na convicção de que o desenvolvimento de qualquer território passa, obrigatoriamente, pelo reconhecimento e valori zação do património que possui. O concelho de Penela é marcado por uma forte herança histórica e cultural, assente em património de elevado valor, quer na riqueza das suas formas, quer no seu estado de conservação. A Villa romana do Rabaçal; o Castelo de Penela; os Pelourinhos de Podentes e Penela; as igrejas de São Miguel, Santa Eufémia, Espinhal, Misericórdia e tantas outras; os solares da Quinta da Boiça e do Espinhal; o Castelo do Germanelo ou a aldeia de xisto da Ferraria de S. João evocam passados múltiplos e de sentidos diversos e que convidam a uma viagem no tempo. Viagem que se pode fazer, igualmente, através da rede dos Castelos e Muralhas Medievais, projecto de cooperação que visa potenciar a competitividade territorial pela valorização do conjunto patrimonial dos castelos medievais da linha defensiva do Mondego. Para além do investimento na preservação da materialidade do passado, o município de Penela tem apostado na construção e da divulgação da memória histórica. Com esse objectivo acolheu o Centro de Estudos de Histórica Local e Regional Salvador Dias Arnaut. Esta instituição fazendo jus ao seu patrono, eminente investigador do passado medievo nacional e da história da sua pequena pátria, tem como missão divulgar conhecimento e promover investigação histórica à escala nacional e regio- nal. É neste contexto que se insere a obra que agora se publica, O Poder local em Penela, 1640-1834, fruto de um projecto de pesquisa histórica patrocinado pelo município, que desvenda uma parte muito expressiva - 7 - do passado histórico de Penela numa temática de grande actualidade: os agentes e as práticas da governança local. Este é um dos propósitos maiores de uma Edilidade que se quer cada vez mais próxima dos seus Munícipes, na firme convicção de que unidos e solidários, será possível levar por diante um projecto sempre conjunto e que a todos nos dignifique, cívica e existencialmente. Luís Filipe Lourenço Matias Presidente da Câmara de Penela - 8 - Prefácio O livro Poder Local em Penela (1640-1834) de autoria de Cristóvão Mata resulta de uma tese de mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no ano de 2012, tendo sido elaborada no âmbito de uma bolsa de investigação patrocinada pelo município de Penela. Insere-se num dos objetivos do Centro de Estudos de História Local e Regional Salvador Dias Arnaut (CEHLR – SDA), em particular no que concerne à promoção e divulgação do conhecimento sobre a História da vila de Penela. O município de Penela é um dos concelhos mais antigos do país, remontando a sua constituição a 1137, data em que lhe foi concedido foral medieval. A sua História, sobretudo a época medieval, está intrin- se ca mente ligada à reconquista cristã, expressa na materialidade dos castelos do Germanelo e de Penela. O relevante serviço prestado ao reino por este território valeu-lhe o reconhecimento de D. Afonso Henriques e dos restantes monarcas medievos que recompensaram a vila com importantes privilégios usufruídos pela população e sobretudo pelos senhores de Penela. O passado medieval da Vila e do território onde se integra (a região da Ladeia) foi objeto de análise por alguns historiadores nomeadamente por Salvador Dias Arnaut que a Penela dedicou vários estudos. O essen cial desse conhecimento está vertido nas páginas deste livro por ser incon- tornável para a compreensão da História de Penela na época moderna. A carga simbólica acumulada ao longo da época medieval (a associada à reconquista potenciada pela dignidade do ciclo medievo dos senhores de Penela, em que se destaca o Infante D. Pedro) explica a doação, pelo rei D. Manuel I, em 1500, da vila de Penela a D. Jorge de Lencastre, fundador - 9 - Cristóvão Mata da Casa de Aveiro, uma das casas aristocráticas mais prestigiadas da monarquia portuguesa moderna até ao reinado de D. José. Devido a esta mercê régia Penela manteve, na época moderna, o estatuto de vila senhorial o que, na prática, significou a atribuição à casa de Aveiro da tutela sobre a governação concelhia bem como o direito à cobrança da pesada tributação consagrada no foral manuelino. O estudo O Poder Local em Penela revela-nos a História de um período importante do passado desta vila indissociável da História de Portugal. O período cronológico no qual se concentra o principal esforço de investigação vai de 1640 a 1834. A data inicial reporta-se a um tempo já avançado da época moderna, justificando-se, neste contexto, a escolha do ano de 1640 não pelo significado político que carreia na História Nacional mas por circunstâncias específicas à investigação histórica, concretamente a inexistência de atas de vereação para o período anterior. O desaparecimento dos registos das decisões camarárias referentes ao século XVI e às primeiras décadas do XVII impossibilitou que este livro aborde, com profundidade, a centúria de quinhentos, tempo assinalado na arquitetura religiosa de Penela por várias expressões da arte renascentista. A cronologia desta obra ultrapassa, entretanto, o ciclo de vida da Casa de Aveiro, extinta em 1759. Escolheu-se para data final 1834, marco legislativo das reformas emblemáticas que assinalam o fim de instituições, de cariz económico e social, relevantes no Antigo Regime e a criação de condições para a construção da sociedade e do estado liberal. Esta opção permitiu estudar as circunstâncias do exercício do poder local, em Penela, para além do longo ciclo dos senhores. Com efeito, entre 1759 e 1834 a governação e o povo do município de Penela libertaram- -se da tutela senhorial ficando apenas na dependência do poder régio, um poder pós-pombalino dotado de instrumentos mais eficazes de controlo do território, ficando, no entanto, neste campo sempre aquém das casas senhoriais mais próximas das populações e consequentemente mais asfixiantes das autonomias e das liberdades municipais. Num panorama historiográfico em que escasseiam os estudos sobre municípios de tutela senhorial, este livro de Cristóvão da Mata acrescenta conhecimento reforçando resultados já apresentados por outros autores, nomeadamente no que concerne ao perfil social das vereações concelhias, problemática central do estudo.