Arnaldo Antunes, Trovador Multimídia
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Universidade de Brasília Instituto de Letras Departamento de Teoria Literária e Literaturas Arnaldo Antunes, Trovador Multimídia Simone Silveira de Alcântara Brasília, Novembro de 2010 Arnaldo Antunes, Trovador Multimídia Simone Silveira de Alcântara Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Literatura Brasileira do Departamento de Teoria Literária e Literaturas (TEL), da Universidade de Brasília (UnB), como um dos requisitos para obtenção do título de Doutor, elaborada sob a orientação do Professor Doutor Adalberto Müller Júnior. Banca Examinadora: Professor Doutor Adalberto Müller Júnior (Presidente - UFF) Professora Doutora Cláudia Neiva de Matos (UFF) Professor Doutor Clodomir Souza Ferreira (Fac-UnB) Professor Doutor André Luís Gomes (UnB) Professor Doutor Henryc Siewierski (UnB) Suplente: Professor Doutor Ricardo Araújo (UnB) Brasília Novembro de 2010 ii À Luana, Lua que me faz Crescente. iii Agradecimentos Impossível nomear todas as pessoas que conviveram comigo nestes anos de pesquisa para poder, assim, ser justa ao agradecer a todos, um a um, por terem colaborado com o desenvolvimento destas ideias, de forma direta ou indireta. Entretanto, por meio de minha imaginação, posso colocá-las participando de uma grande roda de capoeira, na qual jogamos uns com os outros, enquanto alguns tocam os instrumentos, batem palmas e cantam. Com suas cordas coloridas, vejo alguns desses capoeiristas, diversidade que tanto me encanta: Meus pais, Maria da Glória e Adalberto Alcântara, e meus irmãos Maurício, Andréa, cunhados e sobrinhos, obrigada por terem sempre sido companheiros com o seu apoio; Minha filha, Luana, obrigada por sua admiração ao trabalho, pelo companheirismo e pela compreensão; Enrico Timm, obrigada por todas as canções que entoou ao som do violão, enquanto eu exaustivamente escrevia; Ricardo Campos da Nóbrega, obrigada por seu amor e pelas dicas tecnológicas; Meu irmão de coração Carlos Magno Gomes, obrigada por nossas infinitas conversas teórico-sentimentais depois do cinema; Minhas amigas Adriana Sacramento, Elaine Duarte, Márcia Selva, Maristela Nascimento e Valquíria Figueiredo Ramos, obrigada pelo carinho e pela atenção sem medidas; Meu amigo Wanderson Bomfim, obrigada por, com sua sensibilidade musical, me apresentar ao jazz; Minha amiga de infância, Adriana Andrade, obrigada pelos registros e pelas conversas relaxantes no estresse da finalização deste trabalho; iv Minha professora de História da Arte, Vera Pugliese; meus professores de música Felipe Pessoa e Marcelo Arantes, minha professora de teatro Nanda Rocha, obrigada por todos os caminhos indicados; Meu professor de Estética, Fernando Bastos (in memorian), obrigada por me contar, para acalentar minhas angústias no início do doutorado, sua própria experiência com seu orientador Eudoro de Souza: “terminou o doutorado, Fernando, agora pode começar a estudar Platão!”; Meu orientador Adalberto Müller, obrigada pela confiança, pela amizade, pelas leituras e, sobretudo, por direcionamento tão certeiro em momento inicial, bastante difícil para mim; Funcionários e professores deste departamento, em especial Dora Duarte Silva, obrigada por seu compromisso com os alunos da pós-graduação, e professor Ricardo Aráujo, obrigada por todo o incentivo de quando esta pesquisa começou; CAPES, obrigada pelo incentivo financeiro ao final deste doutoramento; Arte de brincar com o próprio corpo e com o do outro no tempo e no espaço, a capoeira requer a presença ativa de todos para que o jogo ocorra e, por isso, essa imagem me remete à ajuda de todos os meus amigos e parentes citados. Não teria havido o jogo deste doutoramento, portanto, se não houvesse essas parcerias; e a roda, nesse contexto, simboliza estes encontros que resultaram na tese. A cada um desses capoeiristas da vida, novamente obrigada! Juba O que é a capoeira, é a roda, meu irmão capoeira é poesia que mexe com o coração Mestre Kenura v Sumário Introdução:.....................................................................................................001 Capítulo 1: Ambiência multimídia..........................................................................................016 Capítulo 2: O buraco ensina a caber a semente ensina a não caber em si............................068 2.1. Das origens a outras bossas....................................................................................069 2.2. Da Bossa Nova à Tropicália...................................................................................105 2.3. Do Rock dos anos 80 à Jovem Guarda.................................................................109 2.4. Titãs – tudo que a antena captar meu coração captura.............................120 Capítulo 3: Arnaldo Antunes, trovador multimídia................................................................129 3.1. Arnaldo Antunes.........................................................................................130 3.2. Arnaldo Antunes Ao vivo no estúdio...........................................................143 3.3. Reouvindo canções.....................................................................................172 3.4. Performance do silêncio..............................................................................202 Considerações Finais...............................................................................214 Bibliografia...................................................................................................221 vi Resumo: Esta pesquisa analisa o projeto poético de Arnaldo Antunes a partir dos estudos de intermedialidade e dos estudos de cultura. Nessa perspectiva, faz-se necessária a compreensão dos contextos da Canção Popular Brasileira, uma vez que a obra do poeta e cancionista requer um exame de sua inserção no contexto musical. Além disso, percebe-se, sobretudo no DVD Ao vivo no estúdio - obra em análise nesta tese -, a performance multimídia do poeta, por meio da qual se evidenciam os cruzamentos entre as mídias que dão suporte às categorias artísticas utilizadas pelo trovador multimídia. Para essa análise, portanto, compreende-se que as mídias são instrumentos fundamentais de observação da sociedade, uma vez que, por meio delas e com elas, os indivíduos podem observar a si mesmos e aos outros, conhecendo novas sensibilidades proporcionadas por novas tecnologias, ou melhor, por novas possibilidades de comunicação. Nesse contexto, são fundamentais para definir um novo horizonte nos estudos literários as ideias de Hans Ulrich Gumbrecht acerca da mídia literatura; de Siegfried J. Schmidt acerca do sistema literário; de Vilém Flusser acerca das imagens técnicas; de Friedrich Kittler acerca dos sistemas de informação; de Marshall McLuhan acerca dos meios como extensões humanas; e, enfim, do medievalista Paul Zumthor acerca da vocalidade e da performance. Palavras-chave: Arnaldo Antunes - trovador multimídia - Canção Popular Brasileira - Ao vivo no estúdio - Intermedialidade - performance - poesia vii Abstract: This research analyses Arnaldo’s Antunes poetical project from the studies of intermediality and media theory, widening, thereby, literature studies to cultural studies. In order to do it, the understanding of the context of Brazilian pop music is needed, since the poet is seen as a songwriter, in which work there are many paths leading to our musical history. Furthermore, it is perceived, especially, in the DVD Arnaldo Antunes no estúdio - the work analyzed in this thesis -, his multimedia performance, by means of the evidence of interlacement among media that support artistic categories used by multimedia troubadour. Thus, to this analysis, media are understood as ways of observation of society, since, by means of them and with them, the individuals can observe themselves and others, knowing new sensibilities provided by new technologies, or better, by new possibilities of communication. In this sense, Ulrich Gumbrecht research on media literature; Siegfried J. Schmidt theory of literary system; Vilém Flusser ideas about a technical images world that needs decoding; Friedrich Kittler essays on system networks; Marshall McLuhan conception of media as extensions; as well as the Paul Zumthor conceptions on body and performance define a new horizon for literary studies. Key-words: Arnaldo Antunes - Multimedia Troubadour - Brazilian Folk Song - Ao vivo no estúdio - Intermediality - Performance - Poetry viii INTRODUÇÃO tô louco pra fazer um rock pra você tô punk de gritar seu nome sem parar primeiro eu fiz um blues, não era tão feliz e de um samba-canção até baião eu fiz tentei o chá chá chá, tentei um yê, yê, yê tô louco pra fazer um funk pra você e tá consumado Arnaldo Antunes O poeta paulista Arnaldo Antunes é sujeito multimídia em constante pesquisa das “extensões do homem”1 na era tecnológica, em diálogo permanente com a história da Canção Popular Brasileira, contexto cultural bastante importante na abordagem que vamos realizar neste trabalho. O ex-integrante da legendária banda de rock Titãs transita entre várias artes e procedimentos criativos desde que iniciou sua carreira artística, uma vez que sua poesia se utiliza de linguagens e mídias múltiplas, seja por meio de suas diversificadas influências; seja por sua tendência a passear pelas fronteiras; seja ainda por sua habitual reflexão acerca do som, da palavra, da comunicação e da não-comunicação, dos ruídos e, sobretudo, do silêncio. Como o próprio Arnaldo Antunes entoa em canção homônima: “antes de existir a voz existia o silêncio/ O silêncio/ foi a primeira coisa que existiu/ um silêncio