FAUNA Parte 1: Consolidação de Dados Secundários NÍVEL COMPILATÓRIO DSEE-FN-RT-001

PLANO DA OBRA

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO

ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIO- ECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO

Parte 1: Consolidação de Dados Secundários Parte 2: Sistematização das Informações Temáticas Parte 3: Integração Temática Parte 4: Consolidação das Unidades

Governo do Estado de Mato Grosso - Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN) Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)

PROJETO DE DESENVOLVIMENTO AGROAMBIENTAL DO ESTADO DE MATO GROSSO - PRODEAGRO

ZONEAMENTO SÓCIO-ECONÔMICO-ECOLÓGICO: DIAGNÓSTICO SÓCIO- ECONÔMICO-ECOLÓGICO DO ESTADO DE MATO GROSSO E ASSISTÊNCIA TÉCNICA NA FORMULAÇÃO DA 2ª APROXIMAÇÃO

FAUNA Parte 1: Consolidação de Dados Secundários NÍVEL COMPILATÓRIO

MARIA CRISTINA OLIVEIRA L. MURGEL

CUIABÁ

OUTUBRO, 1997

CNEC - Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores S.A.

GOVERNADOR DO ESTADO DE MATO GROSSO Dante Martins de Oliveira

SECRETÁRIO DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL Edison Antonio Costa Brito Garcia

GERENTE ESTADUAL DO PRODEAGRO Mário Ney de Oliveira Teixeira

ASSESSOR TÉCNICO PRINCIPAL DO PNUD Pedro Celso Antonieto

COORDENADOR DO ZSEE Márcia Silva Pereira Rivera

EQUIPE TÉCNICA DE ACOMPANHAMENTO E SUPERVISÃO DA SEPLAN

Coordenadora do Módulo Meio Biótico/Uso e Ocupação do Solo LUZIA IVO DE ALMEIDA ARIMA (Geógrafa)

Supervisora do Tema Fauna LÍLIAN PATRICIA PINTO (Bióloga)

Consultor do Tema Meio Biótico/Uso e Ocupação do Solo RICARDO RIBEIRO RODRIGUES (Biólogo/Botânico)

EQUIPE TÉCNICA DE EXECUÇÃO

CNEC - Consórcio Nacional de Engenheiros Consultores S.A.

LUIZ MÁRIO TORTORELLO (Gerente do Projeto) JOÃO CARLOS B. HOENISCH (Coordenador de Produção) KALIL A. A. FARRAN (Coordenador Técnico) MARIA CRISTINA OLIVEIRA L. MURGEL (Coordenadora)

TÉCNICA

MARÍLIA KERR DO AMARAL (Bióloga - Mamíferos) FERNANDO MENDONÇA D’HORTA (Ornitólogo) SANDRO BASSETO LAROCA (Eng o Civil) PAULO EMÍLIO VANZOLINI (Zoólogo - Consultor) ELIZABETH HOFFLING (Bióloga – Consultora Aves)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 1

2. BASE DE DADOS 1

2.1. MAMÍFEROS 2

2.2. AVES 3

2.3. RÉPTEIS E ANFÍBIOS 5

2.4. INVERTEBRADOS 6

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 8

4. DESCRIÇÃO DO TEMA 9

4.1. ENQUADRAMENTO BIOGEOGRÁFICO 9

4.2. VERTEBRADOS 15

4.2.1. Mamíferos 15

4.2.2. Aves 27

4.2.3. Répteis e Anfíbios 34

4.2.4. Considerações sobre a Fauna de Vertebrados 44

4.3. INVERTEBRADOS 48

4.3.1. Invertebrados de Interesse Agronômico 48

4.3.2. Invertebrados de Interesse Médico - Sanitário 50

5. CONLUSÃO 64

5.1. NORTE 65

5.2. NOROESTE 65

5.3. ALTO XINGU 66

5.4. CHAPADA DOS GUIMARÃES 66

5.5. CUIABÁ 67

5.6. RIO ARAGUAIA 68

5.7. RIO DAS MORTES 68

5.8. ALTO GUAPORÉ / ALTO PARAGUAI 68

5.9. PANTANAL 69

6. BIBLIOGRAFIA 71

ANEXOS

ANEXO I – LISTA SISTEMÁTICA DOS MAMÍFEROS DE MATO GROSSO

ANEXO II – DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE MAMÍFEROS

ANEXO III – LISTA SISTEMÁTICA DAS AVES DE MATO GROSSO

ANEXO IV – DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE AVES

ANEXO V – LISTA SISTEMÁTICA DOS RÉPTEIS E ANFÍBIOS DE MATO GROSSO

ANEXO VI – DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE SERPENTES

ANEXO VII – DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE LAGARTOS

ANEXO VIII – DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES DE ANFÍBIOS

ANEXO IX – INVERTEBRADOS DE INTERESSE AGRONÔMICO

MAPAS

A001 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA E/OU OBSERVAÇÃO DE MAMÍFEROS

A002 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA E/OU OBSERVAÇÃO DE AVES

A003 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA E/OU OBSERVAÇÃO DE SERPENTES

A004 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA E/OU OBSERVAÇÃO DE LAGARTOS

A005 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA E/OU OBSERVAÇÃO DE ANFÍBIOS

LISTA DE QUADROS

001 NÚMERO DE ESPÉCIES DE MAMÍFEROS POR FAMÍLIA 16

002 LOCALIDADES DE MAMÍFEROS 17

003 FAMÍLIA DE AVES X N 0 ESPÉCIES 28

004 LOCALIDADES DE AVES 31

005 LOCALIDADES DE SERPENTES 35

006 LOCALIDADES DE LAGARTOS 37

007 LOCALIDADES DE ANFÍBIOS 39

008 ESPÉCIES DE PRIMATAS INDICATIVAS DE AMBIENTE 47

009 ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS IDENTIFICADOS EM CUIABÁ – MT 52

010 ESPÉCIES DE CULICÍDEOS COLETADOS NO PARQUE NACIONAL DO XINGU, 1987 54

011 ESPÉCIES DE DÍPTEROS HEMATÓFAGOS COLETADOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UHE DE COUTO DE MAGALHÃES – MT – 1989 57

012 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES DE INSETOS DA FAMÍLIA CULICIDADE COLETADOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA ZPE DE CÁCERES – MT 58

013 VETORES DE DOENÇAS COLETADOS NA FAZENDA ROSATINA, MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO – MT 58

014 ESPÉCIES DE FLEBOTOMÍNEOS CAPTURADOS NO MUNICÍPIO DE ARIPUANÃ – MT 59

015 NÚMERO DE LOCALIDADES POR REGIÃO 64

LISTA DE MAPAS

001 DIVISÃO FITOGEOGRÁFICA DE RIZZINI E HERINGER (1963) 10

002 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS 13

003 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA DE VETORES E HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS DE DOENÇAS 63

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório documenta a compilação de dados secundários relativos ao tema Fauna, visando subsidiar os trabalhos do Diagnóstico Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de Mato Grosso.

Nesta etapa do trabalho, privilegiou-se o levantamento das informações depositadas em instituições científicas, bem como literatura especializada, contando, para isto, com a participação de diversos especialistas.

A investigação precisa desse tipo de material, tem como principais objetivos:

− a identificação das espécies de ocorrência provável e/ou comprovada no Estado de Mato Grosso, de maneira a se obter a Lista Máxima das Espécies de Ocorrência Provável no Estado; e

− a identificação do grau de conhecimento das diversas regiões do Estado de Mato Grosso, a partir da espacialização das informações obtidas.

Ressalta-se que, de modo geral, uma lista produzida a partir das informações secundárias, tende a ser mais extensa do que mostra a realidade. Entretanto, neste tipo de trabalho, representa uma medida de cautela, como forma de melhorar o suporte estatístico para as fases subseqüentes do estudo, como também, favoreceu o dimensionamento de levantamentos complementares.

Salienta-se, ainda, que embora muitos dos autores consultados para a elaboração das listas de espécie utilizem a denominação de subespécies, este nível taxonômico não foi aqui considerado, a menos que fossem extremamente relevantes ao argumento.

2. BASE DE DADOS

Conforme citado anteriormente, os levantamentos secundários relativos à fauna basearam-se, fundamentalmente em:

− coleções zoológicas institucionais;

− artigos científicos sobre a área de estudo; e

− experiência individual dos profissionais que trabalharam.

Em relação às coleções institucionais têm-se que nem todas estão catalogadas de forma a subsidiar um levantamento dessa natureza.

Assim, os trabalhos por ora desenvolvidos concentraram-se, principalmente, no levantamento dos registros constantes da Coleção Zoológica do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), que se encontra perfeitamente catalogada e, seguramente, em condições de subsidiar um trabalho dessa natureza, abrangendo um período de aproximadamente 90 anos.

Outra coleção zoológica pesquisada foi a do Departamento de Zoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), tendo o trabalho se restringido ao material de mamíferos e

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aves, pois os demais (répteis, anfíbios e peixes), não estavam acessíveis à consulta por encontrarem-se em fase de reorganização e/ou por estarem sem um curador responsável.

Em relação à Coleção Zoológica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), acredita-se que possa haver registros zoológicos importantes do Estado. Entretanto, de acordo com informações obtidas junto ao Departamento de Vertebrados do Instituto de Biociências da UFMT, esses registros não se encontravam organizados de maneira sistematizada, o que impossibilitou a sua consulta nessa primeira etapa de trabalho.

Ressalta-se que, embora a pesquisa direta em coleções tenha se concentrado na coleção do MZUSP, muitas das referências bibliográficas citadas nesse documento referem-se a materiais depositados em outras coleções que não daquela instituição, podendo-se citar:

− Departamento de Zoologia da Universidade de Campinas;

− Museu Nacional do Rio de Janeiro;

− Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia;

− British Museum;

− American Museum Natural History;

− Academy Natural History Sciences of Philadelphia;

− Smithsonian Institution;

− Museu de História Natural de Viena.

Assim, para cada um dos grupos analisados, aos dados levantados diretamente nas coleções foram somados aqueles pesquisados em bibliografias especializadas, como catálogos faunísticos gerais, monografias e/ou teses.

A seguir, são apresentadas as principais fontes bibliográficas e os registros depositados em coleção dos diversos grupos zoológicos.

2.1. MAMÍFEROS

Para os Mamíferos, aos dados levantados na coleção do MZUSP e do MPEG, soma- se aqueles pesquisados nos catálogos faunísticos gerais, especialmente o de VIEIRA (1955), que possui informações a respeito da distribuição das espécies e, também, COSTA et. al. (1980), que apresenta uma listagem relativamente atual das espécies dos Cerrados, embora seja considerado insuficiente quanto à distribuição das mesmas.

Esses dados permitiram identificar as principais lacunas do conhecimento sobre este grupo, indicando a necessidade de rever as expedições do século XIX e início do século XX. Foram, então consultadas:

a) PELZEN (1883) e VANZOLINI (1993), a respeito da viagem de Natterer no período de 1817 a 1835, mais especificamente entre os anos de 1824 a 1830, quando percorreu o Estado de Mato Grosso;

b) COPE (1889) e SMITH (1922), sobre a viagem de H. H. Smith, do Rio de Janeiro à Cuiabá, pelo rio Paraguai, entre os anos de 1882 e 1886 (American Naturalist Exploring Expedition);

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c) THOMAS (1903), a respeito da coleção que A. Robert fez à Chapada em 1902 (ainda dentro da Percy Sladen Expedition to Central Brazil);

d) MIRANDA-RIBEIRO (1914), sobre o relato da “Comissão de Linhas Estratégicas Telegraphicas do Mato Grosso ao Amazonas (“Comissão Rondon”);

e) MILLER (1915), sobre a viagem do rio da Dúvida, conhecida como “Roosevelt Rondon Scientific Expedition”, entre 1913 e 1914;

f) ALLEN (1916), sobre os principais mamíferos da expedição Roosevelt-Rondon;

g) VIEIRA (1941), a respeito da expedição a Salobra (atualmente no pantanal de Mato Grosso do Sul);

h) VIEIRA (1945), sobre a coleção de mamíferos da Expedição de Olivério M. de Oliveira Pinto às regiões de Barra do Aricá (rio Aricá) e Palmeiras (localidades próximas à Cuiabá;

i) VIEIRA (1953), sobre a coleção da Expedição Butantan ao rio das Mortes e Serra do Roncador.

Qualquer que tenha sido a fonte, contudo, atualizações de nomenclatura sempre foram necessárias. Neste aspecto, a fonte básica foi WILSON e REEDER (1993), obra considerada padrão no assunto, sendo a mais apropriada para ser seguida no banco de dados a ser constituído.

Além de WILSON e REEDER (op.cit), também foram consultados Vieira (op. cit) e HONACKI et al. (1982), dado que o intervalo de tempo entre as informações mais antigas e mais recentes, muitas vezes não permitiu o uso de uma única fonte. Mesmo assim, restou ainda uma espécie de roedor, cujo nome científico não se encontra relacionado com os atuais, constituindo um sinonímia não encontrada ( Scapteromys modestus Miranda-Ribeiro, 1914, Muridae, Rodentia).

Em relação às informações quanto à ecologia de mamíferos procurou-se, da mesma forma, utilizar fontes consagradas tais como: EMMONS (1990t), AURICCHIO (1995), HUSSON (1962), HERSHKOVITZ (1972), entre outras.

2.2. AVES

Para elaboração da lista máxima de espécies de aves, de ocorrência originalmente comprovada e/ou provável no Estado de Mato Grosso, foram consultados os materiais e registros das expedições seguintes.

a) PELZEN (1870) e VANZOLINI (op. cit), a respeito da viagem de Natterer no período de 1817 a 1835, mais especificamente entre os anos de 1824 e 1830, quando percorreu o Estado de Mato Grosso;

b) ALLEN (1891; 1892; e 1893), a respeito da coleção feita por Mr. Hebert H. Smith, entre os anos de 1882 e 1886, nas regiões da Chapada dos Guimarães e Cuiabá;

c) MENEGAUX (1917), sobre o material colecionado durante o ano de 1909 e início de 1910, na região de Poconé e Cáceres;

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d) NOUMBURG (1930), sobre a coleção feita, entre outubro de 1913 e abril de 1914, pelo ornitólogo George Cherrie, durante a Expedição Roosevelt - Rondon;

e) STONE e ROBERTS (1934), sobre a coleção feita por Mr. J. A. G. Rehn, membro da Mato Grosso Expedition, entre os meses de junho e setembro de 1931, na região de Descalvados;

f) PINTO (1938), a respeito da coleção feita pelo Sr. Walter Garbe entre agosto e novembro de 1937, nas regiões do rio das Mortes e do rio Araguaia;

g) PINTO (1940), sobre a coleção feita entre os meses de agosto e outubro de 1937 por uma Expedição Científica do Museu Paulista, chefiada por O. Pinto, auxiliado pelo taxidermista José Leonardo Lima, nas regiões de Cuiabá e da Chapada dos Guimarães.

h) PINTO e CAMARGO (1948), sobre uma coleção de aves do Rio das Mortes (próximo a Xavantina).

i) PINTO e CAMARGO (1952), a respeito do material coletado por E. Dente e W. A. Bokermann, durante expedição ao Brasil Central do Instituto Butantan, realizada no 2º semestre de 1949, na região do rio das Mortes;

j) FRY (1970), sobre o material coletado na Serra do Roncador, pela Expedição Chavantina - Cachimbo, organizada pela Royal Society e Royal Geographical Society of London, durante os meses de agosto e setembro de 1968.

k) NOVAES (1976), sobre a coleta e observações feitas, pelo autor e pelo laboratorista Miguel M. Moreira, membros de uma Expedição do INPA, entre os meses de setembro e novembro de 1975, na região de Aripuanã (Dardanelos e Ilha dos Patos).

l) WILLIS (1976), sobre um levantamento desenvolvido no mês de julho de 1975, pelo autor, junto a uma Expedição do Departamento de Zoologia da UNICAMP, nas proximidades de Tangará da Serra e Barra dos Bugres

m) SILVA e ONIKI (1988), sobre um levantamento efetuado no mês de janeiro de 1986, fevereiro e março de 1987 pelos autores, na Estação Ecológica da Serra das Araras;

n) CINTRA e YAMASHITA (1990), sobre um levantamento efetuado pelos autores, entre os anos de 1982 e 1986, na região de Poconé;

o) WILLIS e ONIKI (1990), sobre um levantamento efetuado pelos autores no mês de julho de 1985 e durante o ano de 1987, na região sudoeste de Mato Grosso;

p) NOVAES e LIMA (1991), a respeito da coleta realizada nos meses de julho e agosto de 1976; junho, julho e agosto de 1977; agosto de 1978; março, maio, junho, agosto e outubro de 1979; e agosto de 1980 pelos Srs.: E. Dente e Dr. Werner C. A. Bokermann, nas proximidades do rio Peixoto de Azevedo (Fazenda São José).

Com relação à nomenclatura, devido à grande variação quanto aos nomes dos gêneros e espécies de aves utilizados nos diferentes levantamentos executados pelos vários autores, procurou-se uniformizá-los adotando-se algumas revisões.

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Assim, os nomes apresentados neste documento seguem diferentes autores: para a família Ardeidae - PAYNE e RISLEY (1976), para a família Cracidae - VAURIE (1968), para as famílias Ramphastidade e Galbulidae - HAFFER (1974), para a família PICIDAE - SHORT (1982), para a família Tyrannidae - TRAYLOR (1979), para a espécie Lanthrotriccus euleri - LANYON e LANYON (1986) e para a família Hirundinidae - TURNER e ROSE (1989). Para várias espécies de outras famílias foi utilizada a denominação dada por MORONY e SIBLEY (1993), além da atualização fornecida pela “American Ornithologists” Union (1991) quanto a Phalacrocorax brasilianus, Isobrychus sinensis e Speotyto cunicularia .

Utilizou-se para a seqüência das famílias de aves e espécies nelas incluídas, aquela fornecida por MORONY et al. (1975), com exceção da família Cathartidae, hoje incluída na Ordem Ciconiformes (KÖNIG, 1982) e a seqüência das espécies de Tyrannidae (TRAYLOR, op. cit). Para a atualização dos gêneros e espécies, principalmente daqueles registrados nos levantamentos mais antigos, foram consultados os trabalhos de PETERS (1931), CORY et al. (1918-1949), PINTO (1944 e 1978), GRANTSAU (1988) e SICK (1985).

Quando se fez necessária a atualização de gêneros e/ou espécies, principalmente as obtidas em trabalhos mais antigos, utilizou-se, de forma sistemática, além da bibliografia já citada, a literatura (CORY et al., 1918 - 1949; PETERS, 1931-1979; PINTO, 1944 e PINTO, 1978).

Destacando-se em relação aos outros grupos, as aves contam com bibliografia abrangente e recente, a respeito de suas características ecológicas e distribucionais. O database, elaborado por STOTZ et. al. (1996), reúne informações sobre todas as espécies, residentes e migrantes neotropicais, contribuindo significativamente para a caracterização da avifauna e respectivas inferências sobre os ambientes amostrados.

2.3. RÉPTEIS E ANFÍBIOS

Diferentemente de mamíferos e aves, grande parte da coleta de répteis e anfíbios em Mato Grosso, bem como na maior parte do Brasil, tem sido esporádica e incidental.

Entre os principais registros que permitem estabelecer um padrão de cobertura mais ligado à ecologia regional, permitindo uma consideração conjunta dos dois grupos, destacam- se a expedição do Instituto Butantan ao rio da Mortes, em 1949; bem como as repetidas explorações zoológicas do Parque Indígena do Xingu.

Boa parte do material herpetológico, coletado nessas expedições, encontra-se depositado na seção de Herpetologia do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.

Além dessa coleção, cumpre destacar a utilização do material depositado na coleção dos Instituto Butantan do Estado de São Paulo que, enriqueceram em muito as informações referentes às serpentes, principalmente aquelas relativas às regiões Norte e Noroeste do Estado.

Observa-se que, tanto para os répteis, quanto para os anfíbios, poucas são as espécies citadas em literatura, como ocorrentes em Mato Grosso, que não se encontram depositadas na coleção do MZUSP e/ou no Instituto Butantan, o que permite afirmar que a impossibilidade de consulta à coleção do MPEG não chega a prejudicar a qualidade da lista obtida.

Em relação à nomenclatura aqui utilizada, tem-se que esta seguiu principalmente PETERS, MIRANDA e DONOSO-BARROS (1986), no caso dos Répteis; e FROST (1985) e

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DUELMAN (1993), para os Anfíbios. A lista de anfíbios contou ainda com a contribuição do Dr. William Ronald Heyer, que a revisou em 1996.

No que tange aos aspectos ecológicos de répteis e anfíbios, poucas são as referências bibliográficas, sendo que para esse trabalho contou-se com os arquivos sistemáticos do Dr. Paulo Emílio Vanzolini e do Dr. William Ronald Heyer.

2.4. INVERTEBRADOS

Como já previsto no Termo de Referência do Diagnóstico Sócio-Econômico Ecológico do Estado de Mato Grosso, com relação aos invertebrados, verifica-se que o atual grau de conhecimento dos vários filos não permite um estudo detalhado, de forma a subsidiar um projeto com objetivos aplicados de conservação.

Entretanto, reconhecendo a importância de se ter alguma informação sobre esses animais no âmbito do projeto, sobretudo no que se refere aos invertebrados de interesse médico sanitário e agronômico, procurou-se levantar o maior número possível de dados sobre o assunto.

No tocante à fauna entomológica e malacológica de interesse médico-sanitário, o estudo baseou-se nas informações disponíveis em literatura específica e em dados obtidos junto à Fundação Nacional de Saúde - Coordenadoria Regional de Mato Grosso (FNS-CRMT).

Além destas fontes, procurou-se levantar informações relevantes ao contexto do projeto, como por exemplo aqueles invertebrados utilizados como indicadores ambientais.

Entretanto, quase nada foi encontrado de forma sistematizada, com exceção de uma única tese sobre a concentração e incorporação de mercúrio por moluscos aquáticos do pantanal de Poconé (CALLIL,1996).

Quanto aos de interesse agronômico, recorreu-se a consultas informais aos pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso e a um relatório da EMBRAPA sobre gafanhotos (EMBRAPA, 1997)

Considerando os dados relatados acima, observa-se que desde as descrições Histórico- Geográficas da então “Capitania de Mato Grosso” (datada de 1797, In FRANCO, 1857), já havia considerações a respeito da fartura de pesca e caça nessa região do país. Alguns catálogos faunísticos e artigos em revistas de Zoologia ou História Natural, datados do século XIX, também fazem referências às espécies aí encontradas.

Entretanto, a compilação desse tipo de informação apresenta algumas dificuldades em virtude das muitas modificações ocorridas até hoje. A área do Estado de Mato Grosso, por exemplo, já se alterou duas vezes, com a separação do então território de Rondônia e com a divisão em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul em 1977.

Além dos limites administrativos, os nomes científicos encontrados nos catálogos tradicionais e/ou em artigos mais antigos, como por exemplo os de GOELDI (1893), VIEIRA (1955) e CABRERA (1957; 1960), freqüentemente sofreram atualizações, dada a continuidade dos estudos e revisões sistemáticas de taxa. Por outro lado, catálogos faunísticos gerais, embora úteis, são insuficientes no que diz respeito à análise da distribuição das diversas espécies animais. Dessa forma, a utilização destas fontes pressupõe o trabalho adicional de atualização e complementação das informações, sobretudo das de cunho sistemático.

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Superando então tais dificuldades pode-se dizer que, do ponto de vista sistemático, os dados e informações disponíveis, levantados e sistematizados para a elaboração deste documento, foram bastante satisfatórios, podendo-se dizer que as listagens de espécies apresentadas nos ítens que se seguem, representam a quase totalidade das espécies conhecidas para o Estado de Mato Grosso.

Após a sistematização de tais listas, são agora esperadas poucas surpresas sistemáticas na fase de obtenção de dados primários. Os grupos em que, provavelmente, se terá algum avanço desse ponto de vista são os roedores, os marsupiais, os répteis subterrâneos e os anfíbios da mata.

Em contrapartida, do ponto de vista ecológico, os dados e fontes consultadas permitem apenas a análise em relação aos grandes Domínios Morfoclimáticos, i.e., quanto à fidelidade da fauna às grandes formações vegetais. Esse tipo de análise é feito em escala “continental”, o que equivale dizer que, os dados obtidos contribuem em muito para precisar o foco do padrão geral. Nesta análise procurou-se dar uma maior ênfase às áreas de transição ecológica que, embora compreendam porção significativa do Estado de Mato Grosso, são precariamente conhecidas.

No tocante a outros enfoques ecológicos, tais como aqueles fornecidos pela Ecologia de Comunidade ou pela Autoecologia (cada espécie isoladamente), tem-se que estes dependem de estudos monográficos demorados, sendo que o grau de informação de que se dispõe varia muito de grupo para grupo e, dentro de um mesmo grupo, de família para família, de espécie para espécie.

Assim, admite-se que o partido metodológico adotado neste trabalho conduziu, inevitavelmente, a uma assimetria no tratamento dos diversos grupos, o que constitui um fator importante nesse tipo de trabalho, pois sua análise e compreensão consistem na base para o entendimento das eventuais deficiências do conhecimento existente.

Acredita-se que, como questão de método, o levantamento de coleções sistemáticas e da literatura chegue a resultados bem próximos dos objetivos desejados, entre os quais o estabelecimento do banco de dados. Desta forma, os trabalhos de campo objetivarão o reconhecimento do “status” da fauna como um todo, sendo que a sistematização elaborada constitui suporte estatístico para as etapas futuras do estudo.

Com relação às informações referentes aos invertebrados, considera-se que as mesmas configuram uma contribuição de caráter esporádico, não cabendo portanto, nesse trabalho, uma análise crítica sobre as fontes que subsidiaram a elaboração desse tópico.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O estudo de fauna, desenvolvido nessa etapa, é resultado de uma investigação zoogeográfica, ou seja, o estudo da distribuição espacial dos animais acima da ordem de grandeza da movimentação individual.

Para esse tipo de investigação pode-se seguir duas orientações. A primeira, denominada filogenética, onde as distribuições são descritas e explicadas em termos da história geológica total dos grupos zoológicos e dos continentes. Por essa linha, a zoogeografia dos marsupiais (família Didelphidae) na América do Sul, por exemplo, deveria iniciar-se no Mezosóico, há dezenas de milhares de anos, no super-continente Gondwana e incluir toda a história fóssil dos marsupiais em geral.

Por razões óbvias, não é essa a linha de pensamento que interessa a um estudo com finalidades de planejamento, como o que se apresenta. Nesse caso, é necessário lançar mão de uma outra linha de pesquisa, de âmbito intra-continental (não planetária), pela qual a distribuição dos diversos grupos zoológicos é investigada em termos da ecologia presente e da evolução dos ecossistemas sob a influência dos ciclos climáticos, em escala geológica curta, de no máximo poucas centenas de milhares de anos.

No entanto, esta segunda linha de pesquisa, embora permita a compreensão mais eficiente das distribuições geográficas em áreas extensas, não é por si só suficiente no presente contexto, sobretudo quando se considera que, do entendimento da fauna (juntamente com a vegetação e com as disciplinas dos meios físico e sócio-econômico), devem resultar medidas práticas de preservação e conservação dos diversos ecossistemas.

Tendo em vista tais finalidades, a investigação zoogeográfica aqui realizada, foi acrescida de um “ingrediente” ecológico, de maneira a se ter, ainda que de forma preliminar, um modelo sinecológico flexível, de aplicação regional, onde as espécies ou grupos relevantes possam ser examinadas, pelo menos, em termos de sua distribuição; e de suas necessidades mínimas ambientais

Dentro desta linha metodológica, a atual etapa de trabalho, inclusive a montagem dos cartogramas de Fauna, com a espacialização das localidades de coleta, baseou-se, fundamentalmente, nos seguintes materiais :

− coleções zoológicas institucionais, adequadamente catalogadas;

− artigos científicos específicos sobre a área de estudo, ou de caráter geral que incluam material sobre a mesma;

− experiência individual dos profissionais que trabalharam nesse levantamento, quer sobre a área em si, quer no grupo por eles levantados, permitindo a elaboração de analogias e interpolações.

A consulta a coleções zoológicas constitui etapa fundamental para a montagem de um banco de dados, com lista máxima de espécies e cartogramas, uma vez que estas configuram o dado mais confiável e duradouro a respeito da ocorrência de uma dada espécie, em um dado local (EMMONS,1990). Ressalte-se que, muitas vezes o material depositado em coleção já se encontra na literatura.

O levantamento exaustivo destas informações permitiu, então, que para cada um dos grupos analisados, fossem levantadas as principais localidades de coleta, devidamente

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identificadas por suas coordenadas geográficas, denominação e tipologia (rio, serra, município, etc.), bem como as diversas espécies nelas encontradas.

Para a obtenção das coordenadas, referentes às localidades encontradas, utilizou-se PAYNTER et al. (1991) e VANZOLINI (1992 e 1993).

As localidades levantadas, referentes a cada grupo zoológico estudado, foram plotadas em base cartográfica (1:1.500.000), de maneira a se obter o respectivo padrão de distribuição dos registros de coleta e/ou observação, em todo o território do Estado de Mato Grosso.

A partir da análise destes cartogramas e das listas faunísticas encontradas, foi possível identificar, nas diversas regiões do Estado de Mato Grosso:

− a intensidade do “ esforço “ de coleta e/ou inventário faunístico; e

− a distribuição dos atuais registros da fauna.

Observa-se que, para cada um dos diferentes grupos, considerou-se, além das localidades pertencentes ao atual Estado de Mato Grosso, outras mais que, apesar de não pertencerem aos domínios político-administrativos do Estado, objeto desse trabalho, constituem referênciais ecológicos de suma importância nesse tipo de análise.

A inclusão das espécies de ocorrência provável foi definida em função da experiência direta dos profissionais envolvidos no estudo, que estabeleceram o grau de extrapolação dos dados distribucionais externos à área, tendo como critério básico a analogia ecológica.

4. DESCRIÇÃO DO TEMA

4.1. ENQUADRAMENTO BIOGEOGRÁFICO

A área do Estado de Mato Grosso está contida em diferentes Divisões Fitogeográficas, Províncias Biogeográficas ou, ainda, Domínios Morfoclimáticos, conforme o sistema adotado para a classificação da paisagem

De acordo com RIZZINI & HERINGER (1963), a área do Estado de Mato Grosso divide-se em duas províncias fitogeográficas:

− Província do Planalto Central - situada no sul do Estado, compreendendo as subprovíncias do Planalto Central e da Depressão Matogrossense; e

− Província Amazônica, localizada na porção Norte do Estado, compreendendo a subprovíncia da Planície Terciária.

Conforme visto no Mapa 001, a Subprovíncia do Planalto Central ocuparia o antigo Planalto Cristalino-Sedimentar, entre a Planície Amazônica e a Cordilheira Marítima, sendo composta por dois setores:

− Setor das Serras, com ocorrência de campos limpos nas partes altas, cerrado nas encostas e a mata mesófila ao longo dos cursos d’água;

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Mapa 001 Divisão Fitogeográfica de Rizzini e Heringer (1963)

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− Setor dos Planaltos Propriamente Ditos, com ocorrência de cerrados e da floresta mesófila nas regiões mais baixas, quentes e secas; campo sujo, cerrado e campo limpo nas regiões mais altas, frias e úmidas; “prairie” e campos limpos nas partes rasas, com concreções ferruginosas (cangas) subjacentes; veredas e vazantes nas porções “mais ricas em água”;

A Subprovíncia da Depressão Matogrossense, também chamada, por esses e outros autores, de Complexo do Pantanal, corresponderia à enorme depressão (com altitude de até 200 m), com depósitos holocênicos, que se expande para a Bolívia, Paraguai e Argentina.

Na Província Amazônica, a Subprovíncia da Planície Terciária, “... englobaria todo o sul do rio Amazonas, incluindo a margem norte, aquém da faixa correspondente ao Complexo Cristalino, desdobrando-se na direção Oeste-Leste...” (RIZZINI,1962). Essa planície arenosa, estender-se-ia desde a base dos Andes até o Oceano e estaria recoberta por floresta densas e úmidas (pluviais e pantanosas).

HUECK (1966; 1972) delimitou a América do Sul em diferentes regiões florestais apresentando, para o Estado de Mato Grosso:

− Região dos Campos Cerrados do Brasil Central - que compreenderia, toda a região ocupada pelos campos cerrados propriamente ditos, pelas matas semidecíduas e úmidas dos cerrados;

− Região das Matas do Amazonas, que compreenderia a região ocupada pela mata pluvial tropical.

No sistema de classificação estabelecido por HUECK (op.cit.), o Pantanal do Mato Grosso seria uma categoria à parte.

Baseados nos estudos de HUECK (op.cit), dentre outros, sobretudo em trabalhos de vegetação e composição faunística desenvolvidos : RINGUELET (1961), VELOSO (1966), CABRERA (1971) e RZEDOWSKI (1972), CABRERA e WILLINK (1973), propuseram uma nova classificação da paisagem, em Províncias Biogeográficas, pela qual a área do Estado de Mato Grosso estaria contida em duas principais províncias: Província dos Cerrados, (sul do Estado); e a Província Amazônica (Norte e Noroeste do mesmo).

Em termos zoogeográficos, no entanto, permaneceu o aspecto levantado por VANZOLINI (1970) de que, embora os tipos de vegetação da América do Sul estivessem razoavelmente bem descritos, ilustrados e mapeados por HUECK (1966), do ponto de vista zoológico, nem sempre era conveniente utilizar uma classificação “... muito fina, ou por ser ela irrelevante no caso, ou por faltarem dados para o seu uso. Na prática, adota-se ainda uma divisão sumária, em grandes tipos fisionômicos e ecológicos (sem considerações florísticas)...”, como a que serviu de base a AB’SABER (1967) na conceituação dos Domínios Morfo- Climáticos do Brasil.

Um dos conceitos mais importantes na classificação por Domínios refere-se ao de “áreas nucleares”, onde estão superpostas as feições definidoras do Domínio (solo, clima, padrões de drenagem, relevo e vegetação), separadas por faixas que não são necessariamente de transição gradual, mas com características específicas e setorizadas, podendo apresentar fisionomias locais muito diversas (VANZOLINI, 1986; AB’SABER, 1977).

Outros aspectos a considerar são a dimensão temporal e o clima, que conferem equilíbrio instável às áreas nucleares, resultando em processos de expansão e regressão daquelas áreas. Além disso, deve-se considerar a ordem de grandeza relativa ao tamanho destas áreas, que corresponde a milhões de quilômetros quadrados (VANZOLINI, op. cit.).

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Em função desses aspectos, torna-se difícil estabelecer limites precisos para cada Domínio. Nas Zonas ou faixas de transição, componentes de duas ou mais áreas de contato interpenetram-se, diferenciam-se (ou se misturam), formando mosaicos complexos (AB’SABER, op.cit).

Neste sentido, os Domínios Morfoclimáticos constituem o quadro de referência da compartimentação ecológica da paisagem mais adequado às interpretações da distribuição biogeográfica, sendo atualmente mais utilizado que outras subdivisões, anteriormente propostas.

Especificamente em Mato Grosso podem ser diferenciados dois domínios principais: o Domínio Morfoclimático dos Cerrados e o Domínio Equatorial Amazônico. Além disso, freqüentemente, é necessário encarar aspectos específicos das áreas de transição que ocupam porção significativa do estado, como o Complexo do Pantanal, conforme ilustrado no Mapa 002.

A área atribuída ao Domínio do Cerrado caracteriza-se pela presença de extensos platôs (chapadas e chapadões), de altitude relativamente pequena, com solos extremamente profundos. As temperaturas médias situam-se entre 21 e 26º C e as precipitações anuais entre 1300 e 2900 mm, sendo a estação seca bem definida ( de maio a setembro).

A fisionomia vegetal predominante é constituída por bosques abertos, com árvores contorcidas e grossas, de pequena altura (entre 8 e 12m); um estrato arbustivo e outro herbáceo, onde predominam gramíneas e leguminosas.

Em função de peculiaridades edáficas, topográficas e climáticas do Domínio dos Cerrados, pode-se distinguir pelo menos 3 tipos de Cerrado - ou de Savana, conforme a terminologia do Projeto RADAMBRASIL (Brasil,1983):

− Campos Cerrados (Savana Parque) - constituídos por vegetação herbácea, principalmente gramíneas, com poucos arbustos e raras árvores;

− Cerrado Propriamente Dito (Savana Arbórea Aberta) - com a presença de arbustos e indivíduos arbóreos característicos, com troncos contorcidos e grossos, casca quebradiça (ritidoma) e folhas coriáceas;

− Cerradão (Savana Arbórea Densa) - formação florestal, não muito densa (ou fechada), mas com dossel constituído por espécies do Cerrado.

Uma das características marcantes do Domínio dos Cerrados corresponde a presença das Florestas de Galeria (ou matas-ciliares). Estas começam, em geral, nos pequenos pântanos dos nascedouros dos ribeirões, sob a forma de alamedas ( “veredas”) de buritis ( Mauritia sp ). Ao longo dos cursos d’água, as veredas vão progressivamente adquirindo outras espécies de árvores, encorpando, ocupando gradualmente as “rampas” dos interflúvios. Quando as matas ciliares se fundem no interflúvio, considera-se o fim da área nuclear do Domínio dos Cerrados.

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Mapa 002 DOMÍNIOS MORFOCLIMÁTICOS DO ESTADO DE MATO GROSSO

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Dentre as famílias botânicas mais representativas dos Cerrados, tem-se: Leguminosae, Annonaceae, Vochysiaceae, Bombacaceae, Proteaceae, Malpighiaceae, Melastomataceae e Myrtaceae. Entre os gêneros mais freqüentes nestas formações, pode-se citar: Bombax, Miconia, Byrsonima, Annona, Aspidosperma, Cassia, Myrcia, Qualea, Didymopanax, Eugenia, Jacaranda, Machaerium, Roupala, Vochysia, Kielmeyera ( RIZZINI, 1963)

Zoogeograficamente, valem para este Domínio as considerações de VANZOLINI (1963), de que os Cerrados não possuem uma fauna própria. Uma de suas características pode ser a forte insolação durante o dia e a irradiação durante a noite (com variações térmicas muito altas), produzindo adaptações similares às do deserto.

O Domínio Equatorial Amazônico compreende os baixos platôs e as planícies florestadas. O clima é quente (exotérmico) e úmido (mas não super úmido), com temperaturas médias em torno de 26º C, (com pouca variação anual) e precipitação anual entre 2.000 e 3.000 mm.

A vegetação característica do domínio amazônico é a floresta pluvial densa, onde é comum a ocorrência dos gêneros Hevea, Tabebuia e Virola , entre outros.

A fauna que ocorre no Domínio Amazônico compõe-se, principalmente, por formas ombrófilas e folívoras (sobretudo os mamíferos), sendo que a maior parte das espécies é distribuídas, por amplos setores.

O Pantanal matogrossense compreende um caso particular de área ou faixa de transição entre o domínio dos Cerrados e o domínio do Chaco Central (AB’SABER, op.cit).

Situado na área rebaixada da depressão do rio Paraguai, compreende uma área cronicamente inundável, submetida a inundações de diversas ordens de grandeza e diferentes periodicidades (CARDOSO, 1984), que representam o fenômeno ecológico mais importante do Pantanal.

Fitogeograficamente, ADÁMOLI (1984) o define como “... um carrefour fitogeográfico de primeira linha, no qual convergem quatro das principais províncias fitogeográficas da América do Sul: Amazônia, Cerrados, Florestas Meridionais e Chaquenha...”.

Em termos florísticos, pode-se encontrar, no Pantanal, comunidades vegetais com coeficientes de similitude altamente representativos das diversas “áreas nucleares”, sobretudo naqueles enclaves onde as características de cada feição possam se manifestar em sua plenitude.

Para ADÁMOLI (op.cit.), a contribuição biológica oriunda de cada uma das diferentes províncias passa por diversos “filtros”, i.e., a maior ou menor expressão de cada uma dessas províncias depende das condições ambientais locais encontradas (principalmente a ocorrência ou não de inundações e, no caso positivo, de suas características). As espécies adaptadas a essas diferentes condições são aquelas que, finalmente, formam as diversas fitofisionomias do Pantanal.

Os ciclos de cheias e vazantes criam condições e pressões peculiares, que resultam em uma alta complexidade biótica. Pequenos desníveis de terreno ou pequenas diferenciações edáficas condicionam formações vegetais completamente distintas. Associativamente a esta variedade de ambientes, soma-se a influência das grandes formações vegetais marginais na composição e estrutura de suas comunidades animais.

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Do ponto de vista zoológico, é importante ressaltar, ainda, que a fauna associada a esse complexo apresenta características semelhantes, ou seja, baixos índices de endemismo e predominância de espécies de ampla distribuição (BROWN Jr, 1986), o que explica a ausência de um centro de endemismo faunístico, próprio do Pantanal (CABRERA & WILLINK, 1973; CRACRAFT, op.cit.; BROWN Jr, op.cit).

As áreas de transição em Mato Grosso caracterizam-se por serem o contato entre os dois Domínios - Amazônico e dos Cerrados. Desta forma, cada área de transição apresenta aspectos peculiares, em maior ou menor grau, de cada um dos Domínios, sendo que em algumas áreas há o predomínio das formas típicas de um dado Domínio.

Logo, a caracterização florístico-fisionômica e zoológica dessas áreas só poderá ser feita no nível de trabalho de campo, mesmo assim, com as limitações de um levantamento pontual.

Salienta-se, ainda, que as áreas de transição ou tensão ecológica ocupam uma grande parte do Estado de Mato Grosso, concentrando-se sobretudo na faixa compreendida entre os paralelos 10 ° e 15 ° S.

4.2. VERTEBRADOS

4.2.1. Mamíferos

Com base, principalmente, nas coleções depositadas no Museu de Zoologia Universidade de São Paulo e na consulta a localidades definidas para cada espécie citada, elaborou-se uma lista de mamíferos de ocorrência comprovada, compreendendo 141 espécies (ANEXO I).

Através da consulta em catálogos faunísticos gerais, especialmente COSTA et al. (op. cit.), coleções depositadas em outras instituições científicas e bibliografia pertinente, foi possível adicionar à primeira listagem 43 espécies, totalizando, então, 183 espécies, pertencentes a 33 famílias, conforme mostrado no Quadro 001 .

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QUADRO 001 NÚMERO DE ESPÉCIES DE MAMÍFEROS POR FAMÍLIA FAMÍLIA ESPÉCIES DE OCORRÊNCIA ESPÉCIES DE TOTAL COMPROVADA OCORRÊNCIA PROVÁVEL MARSUPIALIA Didelphidae 15 01 16 15 1 16 XENARTHA Bradypodidae 01 00 01 Megalonychidae 00 01 01 Dasypodidae 05 01 06 Myrmecophagidae 02 00 02 08 02 10 CHIROPTERA Emballonuridae 04 01 05 Noctilionidae 02 00 02 Mormopidae 02 00 02 Phyllostomidae 28 19 47 Furipteridae 00 01 01 Thyropteridae 00 01 01 Vespertilionidae 06 03 09 Molossidae 08 02 10 50 27 77 PRIMATA Callitrichidae 02 01 03 Cebidae 12 02 14 14 03 17 CARNIVORA Canidae 04 00 04 Felidae 06 01 07 Mustelidae 03 00 03 Procyonidae 03 00 03 16 01 17 CETACEA Platanistidae 01 00 01 01 00 1 PERISSODACTYLA Tapiridae 01 00 01 01 00 01 ARTIODACTYLA Tayassuidae 02 00 02 Cervidae 05 00 05 07 00 07 RODENTIA Sciuridae 02 03 05 Muridae 23 06 27 Erethizontidae 01 00 01 Caviidae 02 00 02 Hydrochaeridae 01 00 01 Dasyproctidae 01 01 02 Agoutidae 01 00 01 Ctenomydae 02 00 02 Echymidae 07 03 08 36 13 49 LAGOMORPHA Leporidae 01 00 01 01 00 01 TOTAL 141 42 183 FONTE: Coleções do MZUSP e MPEG

O Quadro 002 apresenta as localidades consideradas para este levantamento, as quais encontram-se plotadas no MAPA A001 - Distribuição dos Registros de Coleta e/ou Observação de Mamíferos.

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QUADRO 002 LOCALIDADES DE MAMÍFEROS ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LMA1 Rio São Manoel -07:20 -57:17

LMA2 São Simão, Rio Juruena -08:17 -58:19

LMA3 Alta Floresta -09:53 -56:05

LMA4 Aripuanã -10:20 -59:12

LMA5 Campo de Chiropotes -10:10 -59:27

LMA6 Rio Arinos -10:25 -58:08

LMA7 Barra do Tapirapés -10:39 -50:36

LMA8 Diauarum -11:11 -53:15

LMA9 Rio das Mortes -11:45 -50:44

LMA10 Lagoa Ipavu -12:15 -53:23

LMA11 Posto Leonardo -12:15 -53:20

LMA12 Rio Doze de Outubro -12:22 -59:08

LMA13 Posto Kuluene -12:38 -52:55

LMA14 Retiro do Veado Branco -12:49 -59:50

LMA15 Campos Novos -12:50 -59:45

LMA16 Juruena -10:20 -58:29

LMA17 Utiariti, Rio Papagaio -13:02 -58:17

LMA18 Rio Suiá Missu -13:23 -52:05

LMA19 São Domingos, Rio das Mortes -13:30 -51:24

LMA20 Molha Saco -13:40 -51:29

LMA21 Pindaíba -14:58 -52:19

LMA22 Dumbá -14:30 -51:00

LMA23 Santo Afonso -14:30 -57:01

LMA24 Xavantina -14:40 -52:21

LMA25 Salto da Felicidade -14:40 -52:20

LMA26 Tapirapoã -14:51 -57:45

LMA27 Fazenda do Padre Baptista -14:59 -59:34

LMA28 Vila Bela da Santíssima Trindade -15:00 -59:57

LMA29 Salto do Alegre, Rio Jaurú -15:02 -58:45

LMA30 Engenho do Capitão Gama -15:17 -59:15

(continua...)

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QUADRO 002 LOCALIDADES DE MAMÍFEROS (...continuação) ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LMA31 Pontes e Lacerda -15:13 -59:20

LMA32 Chapada dos Guimarães -15:17 -55:48

LMA33 Cuiabá -15:36 -56:06

LMA34 Fazenda Maravilha -15:36 -56:15

LMA35 Fazenda Aricá, Rio Aricá -15:37 -55:42

LMA36 Cabeça de Boi -15:40 -53:43

LMA37 Porto Campo -15:42 -57:43

LMA38 Registro do Araguaia -15:44 -51:50

LMA39 Registro do Jauru -15:45 -58:33

LMA40 Porto Esperidião -15:51 -58:28

LMA41 Santo Antônio do Leverger -15:47 -56:04

LMA42 Palmeiras -15:52 -55:24

LMA43 Barra do Garças -15:49 -52:09

LMA44 Salto de Sepotuba -15:55 -57:39

LMA45 Cáceres -16:14 -57:41

LMA46 Caiçara -16:05 -57:43

LMA47 Jacobina -16:15 -57:20

LMA48 Poconé -16:15 -56:36

LMA49 Angelical, Rio Jaurú -16:22 -57:46

LMA50 Rondonópolis -16:15 -54:52

LMA51 Tucum -16:28 -57:48

LMA52 Paratudal -16:40 -57:48

LMA53 Descalvado -16:45 -57:42

LMA54 Ilha de Taiamã -16:50 -57:25

LMA55 Rio Pixaim, rod. Transpantaneira -16:53 -56:58

LMA56 Porto Jofre -17:17 -58:45

LMA57 Fazenda Jofre -17:20 -56:49

LMA58 Uacurizal -17:51 -57:35

LMA59 Rio São Lourenço -17:53 -57:27

FONTE: Coleção MZUSP (1996); MPEG (1996); VANZOLINI (1992,1993); PAYTER et al (1991)

A distribuição das espécies de mamíferos nas respectivas localidades é apresentada no Anexo II.

Considerando-se os diferentes tipos de ambientes presentes na área (aberto ou fechado), pode-se dizer que no Estado de Mato Grosso ocorrem mamíferos típicos das formações abertas, outros característicos das formações fechadas e aqueles que se adaptam

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aos dois tipos de ambiente. Nos três casos tem-se animais de hábitos terrestres, ribeirinhos e aquáticos.

As diferentes ordens que constituem este grupo caracterizam-se não só pelo número de espécies que compreendem mas, sobretudo, pelas suas peculiaridades ecológicas, conforme analisado a seguir.

4.2.1.1. MARSUPIALIA (marsupiais)

Trata-se de um grupo pouco conhecido e estudado no Brasil, que compreende animais de pequeno porte, geralmente de hábito arborícola e/ou terrestre, representados pelas cuícas e gambás. No geral, estes animais possuem ampla distribuição nos domínios dos Cerrados, Amazônico e no Pantanal.

A lista do Anexo I apresenta 16 espécies, todas elas pertencentes à família Didelphidae, sendo que, destas, apenas 2 foram classificadas como prováveis em Mato Grosso:

− Gracilinanus agilis , cujo registro encontrado refere-se ao Pantanal do Mato Grosso do Sul, com a distribuição indicada na literatura (EMMONS, op.cit.) e

− Micoureus demerae , coletada em 1986 por Gardner (ABC/CNEC/ ELETRONORTE, 1987), em Rondônia, na Cachoeira Nazaré, rio Ji-Paraná. VIEIRA (1955), contudo, cita uma espécie, hoje sinonímia de M. demerae (WILSON & REEDER, op. cit.), com localidade tipo em Goiás, o que sugere sua presença em Mato Grosso.

Dentre as espécies de ocorrência comprovada, destacam-se:

− Micoureus constantiae e Monodelphis doméstica , por terem sido descritas pela primeira vez, no Estado de Mato Grosso. As localidades tipo dessas espécies são, respectivamente, Chapada dos Guimarães e Cuiabá;

− Chironectes minimus , por ser uma forma semi-aquática, localmente abundante e, geralmente, encontrada em rios de áreas com escarpa, como o local de seu único registro para o Estado - Chapada dos Guimarães, feito por H.H. Smith (SMITH, 1922).

4.2.1.2. XENARTHA

Compreendem as preguiças (Bradypodidae e Megalonychidae), os tatus (Dasypodidae) e os tamanduás (Myrmecophagidae). São animais que possuem hábitos variáveis, segundo cada grupo.

4.2.1.2.1. Bradypodidae

São animais arborícolas, folívoros, típicos das áreas florestadas.

Os levantamentos realizados apontam apenas uma espécie, não identificada, de Bradypus coletada em Mato Grosso, mais precisamente na localidade Campo de Chiropotes, por AYRES em 1981. Muito provavelmente, trata-se Bradypus variegatus (SCHINZ, 1825), dado que o local e tipo de observação, relatados por AYRES (op. cit.), coincidem com as informações de literatura. Além disso, a área de distribuição geográfica desta espécie abrange todo o Estado de Mato Grosso (EMMONS, op.cit);

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Além dessa, considerou-se como espécie provável Choloepus unicinctus , coletada em 1914 por Miranda-Ribeiro, no Rio Jaru em Rondônia.

4.2.1.2.2. Dasypodidae:

Os tatus são animais terrestres, preferencialmente noturnos e solitários.

Das espécies listadas, 5 tiveram suas ocorrências comprovadas e possuem ampla distribuição. A forma considerada provável - Tolypeutes matacus foi incluída por ter distribuição indicada para o Sul do Estado, bem como para todo o Chaco (VIEIRA, 1955; e COSTA, op.cit.)

4.2.1.2.3. Myrmecophagidae

As duas formas de tamanduá apresentadas na lista em anexo, Myrmecophaga tridactyla e Tamandua tetradactyla, possuem ampla distribuição em quase todos os ambientes do Brasil (EMMONS, 1990), sendo que o primeiro é considerado uma espécie ameaçada de extinção (FONSECA et al., 1994).

4.2.1. 3. CHIROPTERA (morcegos)

É o grupo mais numeroso dos mamíferos que ocorrem na Região Neotropical (cerca de 40%). Apesar de muitas “lendas”, a maioria dos morcegos é benéfica - muitas formas são insetívoras e outras se alimentam de pólen; além das frugívoras que desempenham importante função na dispersão de sementes, auxiliando na regeneração das áreas florestadas.

Constitui o grupo mais diversificado, com cerca de 77 espécies consideradas, sendo 51 espécies com ocorrência originalmente comprovada e 26 prováveis.

Observa-se que, no material consultado na coleção zoológica do Departamento de Zoologia do MPEG, constam ainda 288 morcegos coletados na Estação Ecológica da Serra das Araras, que ainda se encontram em estudos de identificação.

A inclusão das espécies prováveis baseou-se, principalmente, nos registros de Cachoeira Nazaré, localizada em Rondônia, cuja coleção, feita por iniciativa do Convênio ABC- MZUSP/ ELETRONORTE/CNEC, em 1987 (hoje depositada no Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG), permitiu discriminar diversas formas de morcegos, típicas de formações florestais, com forte influência amazônica.

As famílias Emballonuridae e Furipteridae estão, freqüentemente, associadas às fendas de rochas existentes em paredões e pedrais de rios. Algumas formas de Noctilionidae, do gênero Noctilio , habitam preferencialmente os ambientes mais úmidos, assim como alguns molossídeos, como Molossops mattogrossensis .

Na família Emballonuridae, apenas uma espécie foi considerada provável, Cormura brevirostris - coletada por GARDNER (In ABC/CNEC/ELETRONORTE, op.cit), em Rondônia. De acordo com EMMONS (op.cit.), trata-se de uma forma com distribuição tipicamente amazônica.

A família Noctilionidae é restrita à região Neotropical e compreende um gênero com duas espécies relativamente comuns, de ampla distribuição. Ambas as formas têm sua ocorrência originalmente comprovada no Estado.

A família Furipteridae, juntamente com Thyropteridae, foi considerada provável. Ambas possuem distribuição tipicamente florestal. As espécies encontradas em Rondônia, apesar de raras e/ou incomuns, podem ocorrer no Noroeste do Estado.

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Na família Moomopidae, cuja distribuição, em nível regional parece estar associada à disponibilidade de ninhos adequados, Pteronotus gymnonotus destaca-se por ter sua localidade tipo em Mato Grosso.

A Família Phyllostomidae é a mais numerosa, em termos de espécies, sendo que 18 são consideradas prováveis e 25 de ocorrência comprovada. Várias formas possuem sua localidade tipo em Mato Grosso: Mycronycteris behnni, Phyllostomus discolor e Phyllostomus elongatus .

Os representantes neotropicais da família Vespertilionidae são pouco estudados, sobretudo no que se refere à sua história natural e hábitos sociais; porém, alguns gêneros considerados possuem distribuição mundial ( Myotis e Eptesicus ).

Entre os morcegos da família Molossidae, apenas uma espécie foi incluída como provável: Molossops abrasus , uma espécie rara em coleções (GARDNER, op.cit.), apesar de, sabidamente, possuir uma distribuição bastante ampla. Entre as formas listadas, duas apresentam sua localidade - tipo em Mato Grosso: Eumops auripendulus e Molossops mattogrossensis .

4.2.1.4. PRIMATAS

Segundo EMMONS (op.cit.), todas as espécies de primatas neotropicais estão classificadas como CITES II, isto é, não estão atualmente ameaçadas, mas podem vir a ficar, por falta de regulamentação e fiscalização das atividades antrópicas, que acabam por destruir e/ou modificar os habitats naturais.

Os dados levantados permitem identificar 17 espécies para o Estado de Mato Grosso, sendo que destas, 14 possuem ocorrência originalmente provável nesse estado.

Das três espécies de Callitrichidae, apenas uma, Saguinus fuscicolis não teve sua ocorrência confirmada em Mato Grosso, a partir dos dados levantados. Sua inclusão na lista baseou-se em um registro feito por Gardner em Rondônia, na área de distribuição geográfica indicada em literatura, que inclui o Norte e o Oeste do Brasil.

Para as outras duas espécies de Callitrichidae, Callithrix argentata e Callithrix humeralifer , os limites de distribuição são mal estudados. VIVO (1985) afirma ainda, que pode haver uma terceira espécie na região, Callithrix emiliae .

Entre as 14 espécies da família Cebidae listadas, 3 foram classificadas como de ocorrência provável: Aotus infulatus e Callicebus donocophilus , coletadas no pantanal do Mato Grosso do Sul (WILSON & REEDER, op. cit.); e Callicebus brunneus, coletado em Rondônia.

Das espécies de primatas, classificadas como de ocorrência confirmada em Mato Grosso, destacam-se:

a) Cebus apella (macaco-prego): por ser das poucas espécies de mamíferos com registros em todas as regiões do Estado;

b) Alouatta caraya (bugio): por ser uma forma típica dos Cerrados, ocorrendo nas matas de galeria, sendo, também encontrado no Pantanal.;

c) os macacos observados em Campo de Chiropotes: Alouatta seniculus , Cebus albifrons, Chiropotes albinasus, Lagothrix lagotricha, Pithecia irrorata e Saimiri ustus , todos típicos das formações florestais, com influência amazônica, com distribuição nas regiões Norte e Noroeste do Estado

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4.2.1.5. CARNÍVORA

Neste grupo estão os predadores que ocupam o topo da pirâmide trófica, principalmente os felóides e canóides de maior porte. Por serem espécies que demandam área de vida muito extensas (sem um consenso de sua dimensão), são animais de conservação difícil, além de, historicamente, serem alvos de fortes perseguições humanas

Foram levantadas 17 espécies de carnívoros para o Estado de Mato Grosso, pertencentes a quatro famílias.

a) Canidae

São animais essencialmente terrestres, solitários, ou que vivem em pequenos grupos. Possuem hábitos preferencialmente noturnos, o que explica, em parte, a falta de informações em relação à ecologia da maioria das espécies.

Da listagem apresentada, destacam-se duas espécies, por serem considerados animais florestais extremamente raros: Pseudalopex vetulus e Speothos venaticus (considerado CITE I por EMMONS, op.cit.).

b) Felidae

São, também, animais solitários e de hábitos noturnos. Todos os felinos sul americanos estão listados como CITES II. (EMMONS, op.cit.), porém são animais de ampla distribuição, destacando-se neste aspecto, Puma concolor , a suçuarana, que ocorre do Canadá ao Norte da Argentina.

c) Mustelidae

Compõe um grupo de animais semi-aquáticos (lontra, irara e ariranha), habitantes de ambientes ribeirinhos, mata-ciliar ou floresta pluvial. Surpreendentemente não há registros destes animais nas regiões do Xingu e Araguaia.

A lontra ( Lontra longicaudis ) e a ariranha ( Pteronoura brasiliensis ) são formas ameaçadas de extinção (FONSECA et al., op.cit.).

d) Procyonidae

Grupo de animais arbóreos ou semi-arbóreos, de ampla distribuição, sendo que apenas Potos flavus possui distribuição mais restrita a ambientes florestados.

4.2.1.6. CETACEA

A família é representada por animais aquáticos, piscívoros, de até 160 Kg. Possuem hábitos noturnos e diurnos, freqüentemente solitários, podendo apresentar-se em pequenos grupos de dois a quatro indivíduos. No Brasil conta-se com um gênero e uma única espécie, Inia geoffrensis , o boto cor de rosa.

Na lista apresentada em anexo, a referência de Inia geofrensis corresponde a coleta feita em 1949, no rio das Mortes (localidade Rio das Mortes), mas muito provavelmente ocorre em outros rios, como o Xingu.

Segundo EMMONS (op.cit.), é um endêmico da bacia amazônica, com algumas populações isoladas, no alto curso da drenagem dos rios Madeira e Beni. WILSON & REEDER (op.cit.) acrescentam a esta distribuição, outra população isolada na bacia do Rio

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Orinoco e consideram a espécie vulnerável (IUCN). Apenas VIEIRA (1951), descreve a ocorrência do boto em São Domingos, citando que foi coletado um único exemplar, embora a espécie seja comum nos rios Araguaia e das Mortes. São animais aquáticos.

4.2.1.7. PERISSODACTYLA

Esta ordem é representada por uma única espécie Tapirus terrestris (anta), que é o único perissodáctilo brasileiro. São animais grandes (cerca de 250 Kg), que ocorrem em todos os tipos de ambientes, preferencialmente nas matas.

Sua ocorrência é originalmente comprovada no Estado de Mato Grosso, mas seu “status” é atualmente desconhecido, pois é uma das formas mais fáceis de caçar.

4.2.1.8. ARTIODACTYLA

Este grupo é representado por 7 espécies ( 2 porcos-do-mato e 5 veados), todas elas de ocorrência originalmente comprovada no Estado de Mato Grosso.

As duas espécies de porcos, a queixada ( Tayassu peccari ) e o cateto ( Pecari tajacu ), são animais de ampla valência ecológica.

Quanto aos veados, salienta-se que são animais cujas populações vêm sofrendo grande redução, em virtude da caça. Duas espécies, Blastocerus dichotomus e Ozotocerus bezoarticus , são consideradas ameaçadas de extinção (FONSECA , op.cit.).

Os “catingueiros”, “garapus” e “mateiros” do gênero Mazama são animais ecologicamente tolerantes e de ampla distribuição, ocorrendo em ambientes florestados. Sua sistemática, porém, não é fácil e sua ecologia, pouco conhecida.

4.2.1.9. RODENTIA

Estes animais são abundantes nas formações ditas abertas. Possuem excelente valência ecológica, adaptando-se a regiões antropizadas, especialmente plantações.

Observa-se que a coleta de pequenos roedores, no século XIX e início do XX, não era o interesse principal dos pesquisadores. Além desse fato, não há muitos estudos recentes e as formas encontradas nos Cerrados podem variar muito de um local para outro. Assim, a lista por ora apresentada constitui uma primeira aproximação pois, provavelmente, durante as campanhas de campo, deverá ser ampliada.

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Os roedores estão representados na lista, em anexo, por 47 espécies, sendo 38 de ocorrência originalmente comprovada no Estado de Mato Grosso.

a) Sciuridae

A família Sciuridae (caxinguelê, quatipuru) é pouco conhecida em termos de sua história natural, sendo sua sistemática extremamente difícil.

Das cinco espécies listadas, duas têm ocorrência provável no Estado: Microsciurus flaviventer e Sciurus igniventris . Segundo EMMONS (op.cit.), a área de distribuição dessas espécies não incluiria Rondônia, mas há registro de ambas na localidade de Cachoeira Nazaré (ABC- MZUSP/ CNEC/ ELTRONORTE, op.cit.), portanto, admite-se a probabilidade de sua ocorrência no Noroeste do Estado.

b) Muridae

Consiste na mais numerosa família de mamíferos, com formas arbóreas ( Oecomys sp), semi-aquáticas (Nectomys squamipes ) ou com grande capacidade de adaptação (Oryzomys capito )

Nela se encontram, inclusive, as espécies de rato doméstico, Rattus rattus , Rattus norvegicus e Mus muscullus, todas essas de distribuição mundial.

Das 27 espécies consideradas, 6 foram classificadas como prováveis: Calomys callosus e C. laucha , formas registradas no Pantanal do Mato Grosso do Sul; Kunsia fronto , animal típico dos Cerrados, cuja distribuição é pouco conhecida (COSTA et al., op.cit); Oecomys bicolor e Psedoryzoys simplex , que têm sua distribuição na região central e norte do País (COSTA ET AL, op.cit.); e Rattus norvegicus que, como dito, tem distribuição mundial e foi coletado em Miranda (MS)

Das espécies com ocorrência originalmente comprovada, destaca-se, por possuir localidade tipo em Mato Grosso, Oecomys roberti .

c) Erethizontidae

Esta família é representada no Brasil por animais noturnos, arbóreos e solitários (ouriço cacheiro ou porco espinho), que podem ser encontrados desde as matas tropicais até as capoeiras. A espécie ocorrente em Mato Grosso é considerada a de distribuição mais ampla.

d) Caviidae

Os preás são animais típicos das formações abertas. No Mato Grosso ocorrem apenas duas espécies: Cavia aperea e Galea spixii , sendo que não foram encontrados registros dessas espécies para as regiões Norte, Noroeste, Xingu e Araguaia

e) Hydrochaeridae

A capivara é sempre encontrada próxima à água, tendo populações numerosas em áreas alagadiças. A maior parte dos registros encontrados refere-se ao Pantanal.

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f) Dasyproctidae

As cutias são animais diurnos, terrestres, solitários, que ocorrem em diversos ambientes. Verifica-se que há registros para quase todas as regiões do Estado.

Das duas espécies consideradas, Dasyprocta azarae e D. punctata . A segunda talvez não fosse provável pois, para alguns autores, sua distribuição restringe-se à América Central, incluindo D. variegata (WILSON & REEDER, op.cit.). Porém, EMMONS (op.cit.), considera D. variegata uma espécie válida e de ampla distribuição no Brasil.

g) Agoutidae

A paca que ocorre no Brasil ( Agouti paca ), inclusive em várias regiões do Estado de Mato Grosso, corresponde a uma forma solitária, terrestre, noturna, que pode ser encontrada em diferentes tipos de ambiente (abertos e/ou fechados).

h) Ctenomydae

As duas espécies listadas, vulgarmente conhecidas por tuco-tuco, possuem ocorrência originalmente comprovada em Mato Grosso. Uma delas, inclusive, Ctenomys nattereri , possui localidade tipo nesse Estado. São, contudo, animais muito raros em coleções e pouco se conhece de sua ecologia, embora Miller (In ALLEN, op.cit) afirme que os índios nhabiquaras conhecem a forma de se obter o tuco-tuco, pois apreciam sua carne.

i) Echimyidae

Família com formas relativamente grandes (130 a 900g), com alguns representantes terrestres e muitos arbóreos. Possuem hábitos noturnos.

A sistemática ainda deve ser revista. Das 9 espécies listadas, 3 são prováveis, Clyomys laticeps, Echimys sp e Proechimys sp , sendo que as duas últimas foram identificadas ao gênero por Gardner (ABC/CNEC/ ELETRONORTE, 1987).

Das demais, destaca-se Isothrix bistrata , que possui localidade tipo no rio Guaporé e é incomum em outras regiões do Estado (EMMONS, op.cit).

4.2.1.10. LAGOMORPHA

Há apenas uma espécie na região Neotropical, o tapiti ( Sylvilagus brasiliensis ). Trata- se de um animal noturno, terrestre e solitário, com distribuição em formações abertas, ou nos limites das áreas florestadas. Em Mato Grosso há registros desse animal para as regiões do rio das Mortes, Chapada e Pantanal.

Observa-se que, entre as espécies registradas, oito estão incluídas na Lista Oficial das Espécies Ameaçadas de Extinção (Portaria IBAMA 1522/1989) e/ou no Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção (FONSECA et al., 1994). Tais espécies apresentam ampla distribuição e seu “status” de conservação não é localizado. A seguir são apresentadas algumas informações sobre essas espécies e os principais problemas que enfrentam. As informações provêm de FONSECA et al. (1994).

a) Tatu-canastra ( Priodontes maximus ) - espécie altamente especializada, que parece não tolerar fortes perturbações. Extinguiu-se em muitos locais devido ao desmatamento, à colonização humana e à agricultura. É freqüentemente caçado e apreciado como alimento, o que contribui para a diminuição de suas populações. Segundo FONSECA et al. (1994), no Planalto Central brasileiro,

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considerado habitat ótimo para a espécie, a principal ameaça é a extensiva “conversão de paisagens naturais em monoculturas, principalmente de soja, além de desmatamento para a obtenção de carvão e implantação de pastagens”. b) Tamanduá-bandeira ( Myrmecophaga tridactyla ) - provavelmente desapareceu em muitas regiões do Brasil Central, em decorrência da ocupação de áreas extensas por atividades agropecuárias. Modificações fisionômicas da vegetação, com provável alteração nas comunidades de suas presas (cupins e formigas), ou o ataque de cães, são alguns dos fatores que podem ter levado à diminuição das populações. O comportamento não agressivo e lento do animal pode ampliar as ameaças decorrentes da caça. Ainda são desconhecidos os reais efeitos que fatores como a caça e a modificação do habitat têm sobre a espécie. c) Lobo-guará ( Chrysocyon brachyurus ) - espécie de campos e cerrados com vegetação arbórea esparsa, pode ser considerado, a despeito de sua inclusão na lista oficial de espécies brasileiras ameaçadas, como sendo freqüente a pouco freqüente nas áreas onde ainda ocorre, especialmente em regiões como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o norte de Goiás. A perda de habitat é uma das principais ameaças à espécie, pois grande parte de sua área de distribuição já foi ocupada por empreendimentos agropecuários. A predação ocasional de animais domésticos pode tornar a espécie alvo de caça e a sua suscetibilidade a doenças, como a parvovirose, aumenta a mortalidade frente à ocupação humana. Aliadas a estes fatores, existem crendices populares que levam ao abate do animal. d) Onça-pintada ( Panthera onca ) - o desmatamento e a caça são os responsáveis pela rarefação de suas populações, na maioria dos países sul e centro- americanos; vários autores consideram a espécie praticamente extinta nas regiões sul, sudeste e nordeste do Brasil. Além da Amazônia, uma população significativa parece resistir no Pantanal. e) Suçuarana ou onça-parda ( Puma concolor ): a caça e a alteração do habitat, com a conseqüente redução no número de presas, são as principais ameaças à sua sobrevivência. A caça é intensa, especialmente por essa espécie ser considerada um importante predador de animais domésticos; prejuízos significativos aos rebanhos lhe são atribuídos. f) Lontra ( Lontra longicaudis ) e ariranha ( Pteronura brasiliensis ) - ameaçadas principalmente pela destruição do habitat e pela poluição das águas: o desmatamento da margem dos rios e as queimadas contribuem para a descaracterização do habitat, enquanto a poluição da água afeta diretamente as populações de peixes, que são a principal fonte de alimento de ambas as espécies. A caça para o mercado de peles, embora tenha diminuído nas últimas décadas, ainda contribui para a redução de suas populações. Medidas para a preservação incluem a conservação dos ambientes ribeirinhos, a manutenção da qualidade das águas, através do controle de esgotos e defensivos agrícolas, além do combate à caça e ao comércio de peles. g) Veado-campeiro ( Ozotoceros bezoarticus ) - as principais ameaças que enfrenta são a caça e a destruição ambiental. Sua conservação depende de estudos que revelem claramente qual a relação entre suas populações e a atividade humana. Não estão esclarecidas, por exemplo, a transmissão de doenças e a competição alimentar com animais domésticos, apontadas como ameaças à sobrevivência da espécie.

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4.2.2. Aves

As aves, sobretudo aquelas associadas com os cerrados, distinguem-se de outros habitantes dessa formação, fundamentalmente por sua visibilidade. Os mamíferos, répteis e anfíbios tendem à vida noturna e subterrânea, enquanto as aves do cerrado são, em sua maioria, diurnas. Possivelmente, por essa razão, tem-se sobre elas mais e melhores informações, quando comparadas com as de outros grupos.

A lista apresentada no Anexo 3, contém 761 espécies pertencentes a 67 famílias, (46 Não-Passeriformes e 21 Passeriformes), conforme mostrado no Quadro 003.

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QUADRO 003 FAMÍLIAS DE AVES X N O ESPÉCIES FAMÍLIA N0 DE ESPÉCIES NÃO PASSERIFORMES Rheidae 001 Tinamidae 012 Podicepedidae 001 Phalacrocoracidae 001 Anhingidae 001 Ardeidae 014 Cathartidae 005 Ciconiidae 003 Threskiornitidae 006 Anhimidae 002 Anatidae 008 Pandionidae 001 Accipitridae 033 Falconidae 013 Cracidae 009 Phasianidae 001 Psophiidae 001 Opisthocomidae 001 Aramidae 001 Rallidae 012 Heliornithidae 001 Eurypigidae 001 Cariamidae 001 Jacanidae 001 Recurvirostridae 001 Charadriidae 004 Scolopacidae 015 Lariidae 004 Rynchopidae 001 Columbidae 017 Psitacidae 032 Cuculidae 012 Tytonidae 001 Stirgidae 012 Nyctibiidae 003 Caprimulgidae 015 Apodidae 008 Trochilidae 029 Trogonidae 006 Alcedinidae 005 Momotidae 002 Galbulidae 005 Bucconidae 014 Capitonidae 001 Ramphastidae 010 Picidae 023 PASSERIFORMES Dendrocolaptidae 024 Furnariidae 035 Formicariidae 054 Contingidae 007 Conopophagidae 005 Rhinocryptidae 001 Pipridae 014 Tyrannidae 106 Oxyruncidae 001 Hirundinidae 015 (continua...)

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QUADRO 003 FAMÍLIAS DE AVES X Nº ESPÉCIES (...continuação) FAMÍLIA N0 DE ESPÉCIES PASSERIFORMES Motacillidae 001 Troglodytidae 008 Mimidae 003 Muscicapidae 011 Emberizidae 084 Parullidae 010 Vireonidae 009 Icteridae 017 Ploceidae 001 Fringilidae 001 Corvidae 004 TOTAL 761 FONTE: MZUSP(1996) e MPEG(1996) (conclusão)

Na coleção zoológica do MPEG constam, ainda, as informações relativas a uma coleção recente, feita em1993, em várias localidades da região rio Teles Pires, a qual está em estudo e, portanto, pode ser incluída neste trabalho.

Também observa-se que não foram incluídas muitas das espécies relacionadas por DUBS (1992), pelo fato deste autor referir-se a uma área mais abrangente do pantanal matogrossense que inclui o Estado do Mato Grosso do Sul.

Da mesma forma, na lista apresentada não se considerou os levantamentos de Ji- Paraná (STOTZ In ABC/CNEC/ELETRONORTE, op.cit.), por esta área estar fora dos limites do Estado do Mato Grosso. Estes levantamentos relacionaram 447 espécies de aves, representando trabalhos intensos de campo. Pode-se supor que algumas espécies de aves que não estão relacionadas entre as 761, seriam acrescidas com um maior esforço de coleta e observações de campo.

A região Neotropical engloba cerca de 2800 espécies de aves, distribuídas em 86 famílias, das quais 31 são endêmicas na região (WELTY, 1979). Segundo HAFFER (1985), a avifauna Neotropical conta com cerca de 3300 espécies. Tais dados, portanto, mostram ser esta a avifauna mais rica do mundo, com cerca de 9000 espécies. No Brasil ocorrem 1640 espécies (SICK, 1993), incluindo as aves migratórias, principalmente do Hemisfério Norte, que têm o território brasileiro como local de invernada.

As 761 espécies de aves registradas no Estado do Mato Grosso estão distribuídas em 67 famílias, sendo 20 delas incluídas na Ordem Passeriformes, conforme o Quadro 003.

As famílias mais bem representadas são aquelas que agregam um maior número de espécies na região Neotropical (SICK, 1985 e 1993): Tyrannidae (106), Emberizidae (84), Formicariidae (54) e Furnariidae (35), pertencentes à Ordem Passeriformes, que representa cerca de 55% das aves levantadas para o Estado em questão.

Embora os levantamentos de passeriformes encontrem maiores dificuldades, devido ao fato de serem animais menos conspícuos, principalmente aqueles de florestas, este valor encontra-se próximo ao da porcentagem de Passeriformes que existem no mundo: SICK (1993), 58,5% e, segundo GILL (1995), 59,2%.

Entre as aves não-passeriformes, o maior número de espécies é encontrado nas famílias Psittacidae (32), Trochilidae (29),Accipitridae (33), Picidae (23) e Columbidae (17).

Os Falconiformes (47 espécies) representam os principais predadores terrestres diurnos de maior porte, tendo uma representação bastante expressiva. Além destes, tem-se como principais predadores noturnos os representantes das famílias Tytonidae, Strigidae,

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Nyctibiidae e Caprimulgidae, incluindo 31 espécies. Outras famílias que merecem ser mencionadas, por possuírem espécies predadoras de menor porte são: Cuculidae, Apodidae, Momotidae, Galbulidae, Bucconidae, Picidae, Dendrocolaptidae, Furnariidae, Formicariidae, Conopophagidae, Tyrannidae, Hirundinidae, Trogloditidae, Mimidae, Parulidae e Vireonidae.

Entre os grandes frugívoros, preferencialmente de interior de mata, estão os representantes das famílias Tinamidae, Cracidae e Phasianidae. Ainda as famílias Psittacidae, Trogonidae, Ramphastidae, Cotingidae, Pipridae, Muscicapidae, Emberizidae e Corvidae, possuem espécies preferencialmente frugívoras, sendo muitas delas dispersoras de sementes, cumprindo um papel importante na recuperação de formações vegetais.

Os nectarívoros, representados em sua grande maioria pelos Trochilidae (29), têm importante função na polinização de um grande número do espécies vegetais.Como os principais saprófagos, aparecem os Cathartidae (5).

Na realidade, das 761 espécies de aves que caracterizam a avifauna do Estado do Mato Grosso, assim como de outras regiões, a maior parte está associada a determinados ambientes ou formações vegetais.

O Quadro 004 apresenta as localidades consideradas para este levantamento, as quais encontram-se plotadas no Mapa A002 - Distribuição dos Registros de Coleta e/ou Observação de Aves.

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QUADRO 004 LOCALIDADES DE AVES LEVANTADAS NO MZUSP E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ID LOCALIDADES LATITUDE LONGITUDE LAV1 Cachoeira das Panelas -9:10 -60:39 LAV2 Rio Branco -9:37 -60:33 LAV3 Fazenda São José -10:10 -54:50 LAV4 Dardanelos -10:25 -59:27 LAV5 Ilha dos Patos -10:27 -59:27 LAV6 "Camp 30" -10:45 -60:20 LAV7 Rio das Mortes -11:45 -50:44 LAV8 Jacaré, Rio Culuene -12:04 -53:24 LAV9 Rio Doze de Outubro -12:22 -59:08 LAV10 Ribeirão Tanguro -12:36 -52:56 LAV11 Rio Cristalino -12:38 -50:40 LAV12 Campos Novos -12:50 -59:45 LAV13 Mutum Cavalo -12:50 -58:35 LAV14 Rio do Calor -12:50 -58:42 LAV15 Serra do Roncador -12:54 -51:52 LAV16 Uriariti, Rio Papagaio -13:02 -58:17 LAV17 Garapu -13:13 -52:39 LAV18 São Domingos, Rio das Mortes -13:30 -51:24 LAV19 Córrego Primavera -13:32 -59:18 LAV20 Pontal da Serra Azul -13:34 -51:10 LAV21 Serra Solteira -13:35 -51:55 LAV22 Sítio do Velho Ângelo Severo -14:12 -51:05 LAV23 Travessão do Araguaia -14:16 -50:58 LAV24 Aldeia Queimada -14:27 -58:07 LAV25 Dumbá -14:30 -51:00 LAV26 Arraial de São Vicente -14:31 -59:47 LAV27 Xavantina -14:40 -52:21 LAV28 Rio Manso -14:42 -56:16 LAV29 Tangará -14:43 -57:32 LAV30 Ribeirão Pindaíba -14:48 -52:00 LAV31 Tapirapoã -14:51 -57:45 LAV32 Fazenda Francisco Xavier -14:55 -59:47 LAV33 Pindaíba -14:58 -52:19 LAV34 Vila Bela da Santíssima Trindade -15:00 -59:57 LAV35 Barra do Bugres -15:04 -57:11 LAV36 Campos do Encanto -15:10 -59:37 LAV37 Água Fria -15:11 -55:45 LAV38 Ponte do Guaporé -15:12 -59:22 LAV39 Cachoeira -15:15 -55:38 LAV40 Chapada dos Guimarães -15:17 -55:48 LAV41 Engenho do Capitão Gama -15:17 -59:15 LAV42 Estrada Cuiabá/Chapada, km 40 -15:17 -55:55 LAV43 Abrilongo -15:19 -55:35 LAV44 Ribeirão do Cágado -15:20 -59:25 LAV45 Dourado -15:21 -59:10 LAV46 Portão de Pilatos -15:23 -52:57 LAV47 Estiva Nova -15:27 -59:01 LAV48 Engenho do Capitão Antônio Correia -15:31 -55:14 (continua...)

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QUADRO 004 LOCALIDADES DE AVES LEVANTADAS NO MZUSP E REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ( continuação) ID LOCALIDADES LATITUDE LONGITUDE LAV49 Rio Manso -15:31 -55:14 LAV50 Tatuba -15:31 -55:07 LAV51 Córrego Fundo -15:32 -58:55 LAV52 Rio dos Porrudos -15:32 -55:01 LAV53 Alecrim -15:33 -54:48 LAV54 Engenho do Pari -15:35 -55:05 LAV55 Cuiabá -15:36 -56:06 LAV56 Córrego das Areias -15:37 -58:49 LAV57 Lavrinhas -15:37 -54:37 LAV58 Ribeirão Barbado -15:38 -56:04 LAV59 Estação Ecológica Serra das Araras -15:39 -57:13 LAV60 Sangrador -15:39 -53:54 LAV61 Ponte de Cuiabá -15:41 -56:07 LAV62 Aricá -15:42 -55:57 LAV63 Samambaia -15:42 -53:45 LAV64 Taquaral -15:42 -52:18 LAV65 Araguaiana -15:43 -59:51 LAV66 Recanto Passárgara -15:44 -56:05 LAV67 Registro do Jauru -15:45 -58:33 LAV68 Avuaçu -15:46 -56:10 LAV69 Santo Antônio do Leverger -15:47 -56:04 LAV70 Barra do Garças -15:49 -52:09 LAV71 Caité -15:50 -58:18 LAV72 Corcundo -15:51 -16:46 LAV73 Pouso das Pitas -15:51 -58:24 LAV74 Fazenda de Cima -15:55 -56:36 LAV75 Salto de Sepotuba -15:56 -57:39 LAV76 Torixoréu -15:57 -52:22 LAV77 Cabeceiras do Cabaçal -16:00 -57:43 LAV78 Pau Seco -16:00 -57:56 LAV79 Coutinho -16:01 -57:03 LAV80 Lagoa de Cachororé -16:02 -57:43 LAV81 Rio das Flechas -16:02 -57:17 LAV82 Caiçara -16:05 -57:43 LAV83 Porto Limão -16:10 -58:05 LAV84 Pouso dos Irmãos na Campina -16:12 -57:20 LAV85 Cáceres -16:14 -57:41 LAV86 Pantanal do Poconé -16:15 -56:37 LAV87 Poconé -16:15 -56:36 LAV88 Rondonópolis -16:15 -54:52 LAV89 Córrego das Inhumas -16:32 -54:39 LAV90 Ponta Branca -16:44 -52:45 LAV91 Descalvado -16:45 -57:42 LAV92 São João -16:56 -56:38 LAV93 Rio Cuiabá -17:05 -56:36 LAV94 Pantanal -17:10 -57:00 LAV95 Rio São Lourenço -17:53 -57:27 FONTE: Coleção MZUSP (1996); MPEG (1996); VANZOLINI (1992,1993); PAYTER et al (1991) (conclusão)

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A distribuição das espécies levantadas nas diferentes localidades está apresentada no Anexo 4 e pode ser visualisada no MAPA A002, que evidencia a presença de formas características dos cerrados, das regiões florestadas, do Pantanal e outras comuns a todas.

CRACRAFT (op.cit.) propôs 33 áreas de endemismos na América do Sul e listou os táxons representativos para cada uma delas. Destas, duas incluem parte do Estado. O “Centro Rondônia”, o “Centro Pará” e o “Centro Cerrado”, abrangem boa parte do mesmo.

Para o noroeste de Mato Grosso foram levantadas quatro espécies, classificadas pelo referido autor, como sendo endêmicas do “Centro Rondônia”: Pyrrhura rhodogaster, Dendrocolaptes hoffmannsi, Regmatorhina hoffmansi e Pipra nattereri. Foram também diagnosticadas para o Estado, duas espécies endêmicas do “Centro Pará”: Rhegmatorhina gymnops e Hemitriccus aenigma .

Um grande número de espécies ocupa principalmente as áreas florestadas. As principais famílias com representantes típicos deste ambiente são: Tinamidae, Cracidae, Psophiidae, Phasianidae, Trogonidae, Ramphastidae, Galbulidae, Bucconidae, Formicariidae, Furnariidae, Tyrannidae e Emberizidae.

Embora não se tenha muitos estudos relativos à avifauna da hiléia, i.e., da região florestada situada no Domínio Amazônico propriamente dito, pode-se inferir que esta apresenta uma elevada riqueza de formas.

STOTZ (In ABC/CNEC/ELETRONORTE,op.cit.) levantaram 447 espécies em uma área próxima aos limites do Mato Grosso, situada na mesma formação que abrange o noroeste do Estado, o que indica a possibilidade de uma alta diversidade da avifauna da região, maior do que a amostrada até agora.

No “Centro Cerrado” definido por CRACRAFT (op. cit.), que inclui 31 espécies, foram registradas 18 no Mato Grosso ( Penelope ochrogaster, Columbina cyanopis, Amazona xanthops, Cypseloides senex, Phaethornis nattereri, Heliactin cornuta, Geobates poecilopterus, Herpsilochmus longirostris, Melanopareia torquata, Antilophia galeata, Poospiza cinerea, Paroaria baeri, Saltator atricollis, Neothraupis fasciata, Cypsnagra hirundinacea, Basileuterus leucophrys, Cyanocorax cyanopogon, Cyanocorax cristatellus)

Uma boa base para um entendimento preliminar da distribuição ecológica da avifauna do Estado de Mato Grosso são os registros feitos por de FRY (1968), que realizou uma excelente pesquisa sobre a ecologia das aves, na região que fica entre os rios Araguaia e Xingu, mais precisamente, próximo às cabeceiras de um afluente deste último, o Suiá Missu, no contato entre as formações abertas (campos e cerrado) e a mata, em uma época que essa região ainda não tinha sofrido perturbações antrópicas significativas.

FRY (op. cit.) encontrou uma proporção muito maior de Passeriformes (58%), do que aquela encontrada para formações vegetais semelhantes em outras partes do mundo (por exemplo as savanas da Nigéria, para onde se estima uma proporção de 52% de Passeriformes, em relação às outras famílias). Nessa ocasião, famílias que, sabidamente, habitam preferencialmente as matas, como Dendrocolaptidae e Formicariidae, apresentaram apenas 8 espécies no conjunto.

A título de ilustração, é interessante notar que o levantamento de FRY (op.cit.) identificou um maior número de espécies no cerrado (112) que na mata de galeria (94) ou na mata de transição (67), que ele chamou de “dry forest”. O número de espécies comuns às formações abertas e fechadas era muito pequeno e, praticamente, restrito a aves que freqüentam o topo das árvores em ambientes de qualquer tipo.

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Nas florestas limitantes com os cerrados, FRY (op. cit.) encontrou uma avifauna completamente diversa. Os tucanos (Ramphastidae) eram representados por apenas cinco espécies. Entre os passeriformes, foram identificados sete Dendrocolaptidae, onze Pipridae, oito Formicariidae e quatro Turdidae. Apenas três Emberizidae e seis Tyrannidae. Além da discrepância numérica, os tiranídeos da mata eram representados por formas pequenas, ao passo que nas formações abertas esses animais tinham peso corporal relativamente maior (por vezes o dobro), i.e., a biomassa do cerrado era, aproximadamente o dobro da encontrada na floresta.

Muitas são as espécies de aves de ambientes aquáticos continentais, migratórias ou não, que se encontram distribuídas em 19 famílias, para este levantamento.

A diversificada ornitofauna aquática da região, pode ser atribuída à abundância e de áreas alagáveis e recursos alimentares na forma de plantas e pequenos animais aquáticos. Uma parcela significativa das espécies encontradas na região do Pantanal é altamente dependente de áreas alagadas, rios e outros corpos d'água. CINTRA & YAMASHITA (op.cit.) relatam, para o Pantanal de Poconé, que cerca de 19 % das aves encontradas naquela área (317) tinham hábitos aquáticos. Segundo esses autores, este número seguramente seria maior se o levantamento fosse feito no início da primavera. A maioria destas espécies, de hábitos aquáticos, como biguás, garças, colhereiros, maçaricos e andorinhas, nidifica no Pantanal.

Outro aspecto que deve ser observado é que a região do Pantanal, incluindo-se aí a área do Pantanal de Transição, constitui-se em uma área de passagem e parada de três rotas migratórias dentro da América do Sul: Brasil Central, Cisandina e do Rio Negro (SICK , op.cit.).

4.2.3. Répteis e Anfíbios

Com base nos dados consultados foi possível elaborar para os Répteis, uma lista com 169 espécies de ocorrência comprovada e/ou provável (Anexo 5), sendo 4 crocodilos, 9 quelônios, 50 lagartos e 106 serpentes.

Para os Anfíbios, a lista apresentada no Anexo 5 possui cerca de 77 espécies, todas elas com ocorrência comprovada em Mato Grosso

Do ponto de vista herpetológico, o grupo com maior número de registros em Mato Grosso é o das serpentes, para o qual foram identificadas 84 localidades, conforme apresentado no Quadro 005, no MAPA A003. Distribuição dos Registros de Serpentes, e no Anexo 6.

Tal fato se deve, sobretudo, à sedimentação da Coleção do Instituto Butantan e à recente coleta nas regiões Norte e Noroeste do Estado, conseqüência direta da abertura de uma fronteira agrícola.

Em relação aos lagartos, amphisbaenídeos e anfíbios, pode-se dizer que a cobertura é bastante razoável, tendo sido discriminadas 58 localidades para os lagartos (incluindo os amphisbaenídeos) e 45 para os anfíbios, conforme verifica-se nos Quadros 006 e 007, bem como nos MAPAS A004 e A005.

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QUADRO 005 LOCALIDADES DE SERPENTES ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LSE1 Cafeara, Rio Teles Pires -7:33 -57:58 LSE2 Alta Floresta -9:53 -56:05 LSE3 Rio Peixoto de Azevedo -10:09 -55:02 LSE4 Matupá -10:10 -54:56 LSE5 Aripuanã -10:20 -59:12 LSE6 Santa Terezinha -10:35 -50:36 LSE7 Barra do Tapirapés -10:39 -50:36 LSE8 São José do Xingú -10:48 -52:44 LSE9 Porto Velho, Rio Tapirapés -10:47 -51:00 LSE10 Cafeara -11:00 -55:20 LSE11 Marcelândia -11:05 -54:31 LSE12 Diauarum -11:11 -53:15 LSE13 Fazenda Mato Verde, Rio Araguaia -11:13 -50:40 LSE14 Analândia do Norte -11:16 -54:31 LSE15 São Félix do Araguaia -11:36 -51:12 LSE16 Lago Itaci -11:41 -50:41 LSE17 Sinop -11:52 -55:32 LSE18 Rio Batoví -11:58 -53:26 LSE19 Posto Leonardo -12:15 -53:20 LSE20 Vera -12:47 -55:18 LSE21 Sul do Amazonas -12:20 -52:10 LSE22 Rio Ferro -10:30 -54:57 LSE23 Sorriso -12:32 -55:42 LSE24 Juruena -10:20 -58:30 LSE25 Rio Buriti -12:50 -58:28 LSE26 Tapurah -12:44 -56:31 LSE27 Ribeirão Cascalheira -12:56 -51:49 LSE28 " Base Camp " -12:48 -51:46 LSE29 Rio Sete de Setembro -12:58 -52:50 LSE30 Utiariti, Rio Papagaio -13:02 -58:17 LSE31 São José do Rio Claro -13:26 -56:45 LSE32 Tanguros -13:28 -52:14 LSE33 Canarana -13:29 -52:21 LSE34 São Domingos, Rio das Mortes -13:30 -51:24 LSE35 Barracão Queimado -13:44 -59:43 LSE36 Paranatinga -14:26 -54:26 LSE37 Pindaíba -14:58 -52:19 LSE38 Cocalinho -14:24 -51:00 LSE39 Nortelândia -14:15 -57:17 LSE40 Cachoeira -14:25 -55:39 LSE41 Tangará da Serra -14:05 -57:01 LSE42 Xavantina -14:40 -52:21 (continua...)

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QUADRO 005 LOCALIDADES DE SERPENTES (...continuação) ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LSE43 Nova Xavantina -14:40 -52:20 LSE44 Nobres -14:32 -56:22 LSE45 Serra da Borda -14:48 -59:42 LSE46 Alto do Sapé -14:48 -59:24 LSE47 Sapezal -14:58 -57:12 LSE48 Vila Bela da Santíssima Trindade -15:00 -59:57 LSE49 Barra do Bugres -15:04 -56:11 LSE50 Mundo Novo -15:13 -55:30 LSE51 Salto do Céu -15:09 -58:09 LSE52 Pontes e Lacerda -15:13 -59:20 LSE53 Casalvasco -15:19 -59:19 LSE54 Chapada dos Guimarães -15:17 -55:48 LSE55 Araputanga -15:29 -58:20 LSE56 Meruri -15:30 -53:05 LSE57 São Marcos -15:30 -52:55 LSE58 Cuiabá -15:36 -56:06 LSE59 Serra do Roncador -15:40 -55:00 LSE60 Mirassol d'Oeste -15:35 -58:17 LSE61 Gustavo Dória -15:43 -55:39 LSE62 Nossa Senhora do Livramento -15:46 -56:21 LSE63 Poxoréo -15:42 -54:18 LSE64 Porto Esperidião -15:51 -58:28 LSE65 Fazenda Serrinha -15:52 -55:48 LSE66 Barra do Garças -15:49 -52:09 LSE67 Brilhante -15:48 -55:04 LSE68 Cabeceiras do Cabaçal -16:00 -57:43 LSE69 Cáceres -16:14 -57:41 LSE70 Tesouro -15:55 -53:32 LSE71 Torixoréu -15:57 -52:22 LSE72 Poconé -16:15 -56:36 LSE73 Guiratinga -16:21 -53:45 LSE74 Rondonópolis -16:15 -54:52 LSE75 Diamantino -16:32 -55:03 LSE76 Fazenda Santa Edwiges -16:38 -55:11 LSE77 Descalvado -16:45 -57:42 LSE78 Ilha de Taiamã -16:50 -57:25 LSE79 Rio Pixaím, Rod. Transpantaneira -16:43 -56:58 LSE80 Porto Jofre -17:17 -58:45 LSE81 Alto Araguaia -17:49 -53:12 LSE82 Aguas Emendadas -17:21 -53:24 LSE83 Insuá -17:37 -57:42 LSE84 Alto Taquari -17:49 -53:17 FONTE: Coleção MZUSP (1996); VANZOLINI (1992,1993) (conclusão)

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QUADRO 006 LOCALIDADES DE LAGARTOS ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LLA1 Cafeara, Rio Teles Pires -07:33 -57:58 LLA2 Alta Floresta -09:53 -56:05 LLA3 Aripuanã -10:20 -59:12 LLA4 Santa Terezinha -10:35 -50:36 LLA5 Aldeia Tapirapés -10:38 -51:37 LLA6 Barra do Tapirapés -10:39 -50:36 LLA7 Porto Velho, Rio Tapirapés -10:47 -51:00 LLA8 Garimpo da Micharia, Rio Teles Pires -10:50 -55:30 LLA9 Igarapé Jenipapo -10:55 -59:25 LLA10 Diauarum -11:11 -53:15 LLA11 Fazenda Mato Verde, Rio Araguaia -11:13 -50:40 LLA12 São Félix do Araguaia -11:36 -51:12 LLA13 Rio Papagaio -11:55 -58:25 LLA14 Jacaré, Rio Kuluene -12:04 -53:24 LLA15 Posto Leonardo -12:15 -53:20 LLA16 Lagoa Ipavu -12:15 -53:23 LLA17 Sinop -11:52 -55:32 LLA18 "Base Camp" -12:48 -51:46 LLA19 Utiariti, Rio Papagaio -13:02 -58:17 LLA20 Garapu -13:13 -52:39 LLA21 Córrego do Jacubim -13:20 -52:09 LLA22 São Domingos, Rio das Mortes -13:30 -51:24 LLA23 Cabeceiras Butantan -13:32 -52:00 LLA24 Local do Massacre -13:37 -51:38 LLA25 Pindaíba, Rio das Mortes -14:22 -51:43 LLA26 Mata do Diabo -14:25 -51:45 LLA27 Dumbá -14:30 -51:00 LLA28 Aldeia de Caça dos Índios Xavantes -14:34 -52:13 LLA29 Xavantina -14:40 -52:21 LLA30 Vila Bela da Santíssima Trindade -15:00 -59:57 LLA31 Barra do Bugres -15:04 -56:11 LLA32 Pontes e Lacerda -15:13 -59:20 LLA33 Chapada dos Guimarães -15:17 -55:48 LLA34 Cuiabá -15:36 -56:06

(continua...)

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QUADRO 006 LOCALIDADES DE LAGARTOS (...continuação) ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE

LLA35 Várzea Grande -15:32 -56:17 LLA36 Estação Ecológica Serra das Araras -15:39 -57:13 LLA37 São José da Barra -15:40 -55:17 LLA38 Serra do Roncador -15:40 -55:00 LLA39 Serra da Pitomba -15:49 -52:10 LLA40 Porto Esperidião -15:51 -58:28 LLA41 Santo Antonio do Leverger -15:47 -56:04 LLA42 Fazenda Serrinha -15:52 -55:48 LLA43 Barra do Garças -15:49 -52:09 LLA44 Fazenda Santa Fé -16:01 -55:45 LLA45 Cáceres -16:14 -57:41 LLA46 Poconé -16:15 -56:36 LLA47 Baía de Chá Mariana -16:18 -55:53 LLA48 Rondonópolis -16:15 -54:52 LLA49 Fazenda Santa Inês -16:30 -56:45 LLA50 São Lourenço -16:32 -55:02 LLA51 Fazenda Santa Edwiges -16:38 -55:11 LLA52 Descalvado -16:45 -57:42 LLA53 Ilha de Taiamã -16:50 -57:25 LLA54 Couto de Magalhães -17:10 -53:05 LLA55 Itiquira -17:08 -54:25 LLA56 Alto Araguaia -17:19 -53:12 LLA57 Fazenda Jofre -17:20 -56:48 LLA58 Porto Caracará -17:52 -57:27

FONTE: Coleção MZUSP (1996); VANZOLINI (1992,1993) (conclusão)

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QUADRO 007 LOCALIDADES DE ANFÍBIOS ID LOCALIDADE LATITUDE LONGITUDE LAF1 Aripuanã -10:20 -59:12 LAF2 Barra do Tapirapés -10:39 -50:36 LAF3 Diauarum -11:11 -53:15 LAF4 Fazenda Mato Verde, Rio Araguaia -11:13 -50:40 LAF5 Posto Leonardo -12:15 -53:20 LAF6 Posto Kuluene -12:38 -52:55 LAF7 Utiariti, Rio Papagaio -13:02 -58:17 LAF8 Garapu -13:13 -52:39 LAF9 Córrego Jacubim -13:20 -52:09 LAF10 Mombuca -13:23 -52:21 LAF11 Rio Butantan -13:25 -52:02 LAF12 Serra Solteira -13:26 -13:26 LAF13 Aldeia Velha, Serra do Roncador -13:30 -51:50 LAF14 São Domingos, Rio das Mortes -13:30 -51:24 LAF15 Brejo do Rodeio -13:33 -51:33 LAF16 Local do Massacre -13:37 -51:38 LAF17 Lagoa Santa Terezinha -14:14 -51:42 LAF18 Pindaíba, Rio das Mortes -14:22 -51:43 LAF19 Dumbá -14:30 -51:00 LAF20 Xavantina -14:40 -52:21 LAF21 Vila Bela da Santíssima Trindade -15:00 -59:57 LAF22 Pontes e Lacerda -15:13 -59:20 LAF23 Bezerra -15:19 -59:52 LAF24 Chapada dos Guimarães -15:17 -55:48 LAF25 Serra do Roncador -15:40 -55:00 LAF26 Porto Esperidião -15:51 -58:28 LAF27 Santo Antônio do Leverger -15:47 -56:04 LAF28 Palmeiras -15:52 -55:24 LAF29 Barra do Garças -15:49 -52:09 LAF30 Cáceres -16:14 -57:41 LAF31 Poconé -16:15 -56:36 LAF32 Piranema -16:18 -56:31 LAF33 Descalvado -16:45 -57:42 LAF34 Ilha de Taiamã -16:50 -57:25 LAF35 Rio Pixaim, Rodovia Transpantaneira -16:53 -56:58 LAF36 Couto de Magalhães -17:10 -53:05 LAF37 Porto Jofre -17:17 -58:45 LAF38 Alto Araguaia -17:19 -53:12 LAF39 Fazenda Jofre -17:20 -56:48 LAF40 Itiquira -17:08 -54:25 LAF41 São Félix do Araguaia -11:36 -51:12 LAF42 Porto Velho, Rio Tapirapés -10:47 -51:00 LAF43 Posto Jacaré -12:05 -52:34 LAF44 Fazenda Nova Quênia -12:08 -52:34 LAF45 Coxipó da Ponte -15:38 -56:04 FONTE: Coleção MZUSP (1996); VANZOLINI (1992,1993)

As coletas de jacarés e quelônios, por sua vez, têm sido bastante esporádicas, necessitando de sistematização.

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Considerando as diferentes formas listadas no Anexo 5, bem como a sua distribuição nas diversas localidades para as quais se tem registros, apresentadas nos MAPAS A003, A004 e A005, pode-se tecer as considerações que se seguem.

4.2.3.1. CROCODYLIA

Das seis espécies de jacarés (todas da Família Alligatoridae) conhecidas no Brasil, três ocorrem com certeza em Mato Grosso (Vanzolini, 1993):

− Caiman crocodilus , que ocorre em todos os rios da Bacia Amazônica;

− Caiman yacare , forma característica da drenagem do rio Paraguai; e

− Paleosuchus palpebrosus , para a qual se tem registro de coleta em Cáceres.

Com relação às outras três espécies que ocorrem no Brasil, tem-se que Melanosuchus niger provavelmente tenha existido, no século passado, no alto Guaporé, mas não há registros recentes desta espécie. Paleosuchus trigonatus, cuja distribuição curiosamente muito se sobrepõe à do único congênere, Paleosuchus palpebrosus , possivelmente ocorre em Mato Grosso, mas, com base nos registros disponíveis, não foi ainda assinalado.

Um dos problemas que restam na sistemática dos jacarés do Brasil, refere-se às relações entre Caiman crocodilus e Caiman yacare . Se forem, como suspeitam alguns autores, subespécies, os integrantes serão encontrados entre o alto Guaporé e o alto Paraguai, mais precisamente entre as localidades de Porto Esperidião e Vila Bela da Santíssima Trindade, com especial atenção à interposta Serra de Santa Bárbara. Essa questão deverá ser, dentre outras, tarefa obrigatória dos trabalhos de campo deste projeto.

4.2.3.2. TESTUDINES (quelônios)

Cinco famílias de quelônios existem no Brasil. Destas, quatro possuem ocorrência comprovada e/ou provável em Mato Grosso.

a) Testudinidae

Das duas espécies brasileiras, uma, Geochelone carbonaria, é comum em toda a Amazônia Meridional e em Goiás , tendo sido também assinalada em Mato Grosso do Sul (WILLIAMS, 1960). Certamente ocorre em Mato Grosso, embora ainda não assinalada .

Para outra espécie desta família, Geochelone denticulata , os dados disponíveis na coleção do MZUSP, bem como na bibliografia, permitem dizer que é uma forma abundante em toda a Amazônia, inclusive em Rondônia, e que muito provavelmente deve ocorrer nas áreas florestadas do Norte e Noroeste de Mato Grosso.

b) Kinosternidae

Compreende uma única forma brasileira, Kinosternon scorpioides , que foi coletada na localidade de Barra do Tapirapés, não havendo mais registros sobre sua ocorrência em Mato Grosso.

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c) Pelomedusidae

Três espécies de Podocnemis são comuns nos afluentes da margem direita do Amazonas. Duas delas são assinaladas em Mato Grosso: Podocnemis expansa , no rio das Mortes; e Podocnemis unifilis , nos rios Araguaia, da Mortes e Alto Xingu (nas localidades de Diauarum e Lagoa Ipavu). A terceira, Podocnemis sextuberculata , é possível mas não comprovada.

d) Chelidae

Para esta família têm-se quatro espécies de ocorrência comprovada e/ou provável no Estado de mato Grosso:

− Chelus fimbriatus , uma forma comum na Ilha do Bananal, que muito provavelmente deve ocorrer nas margens matogrossenses do Rio Araguaia;

− Phrynops geoffroanus , o chelídeo de mais ampla distribuição, tendo sido registrado no Parque Indígena do Xingu;

− Phrynops wermuthi que, segundo os dados disponíveis em coleção e na bibliografia mais específica, ocorre no alto Madeira, no Alto Juruá e no Tapajós, o que permite inferir sua ocorrência no Estado de Mato Grosso;

− Acanthochelys macrocephala , descrita originalmente em Caiçara (próximo a Cáceres). Há também um registro em Poconé. Aparentemente, essa forma parece ser característica da Bacia do Alto Paraguai.

Ainda com relação a esta família, é preciso considerar que na coleção do MZUSP há uma espécie nova, ainda não descrita, de Phrynops da Chapada dos Guimarães.

Cumpre observar que, tanto os Crocodylia e Tetudines, com relativa certeza, estão associados às matas ciliares, envolvidos nos ecossistemas aquáticos e ribeirinhos.

4.2.3.3. SAURIA

Este grupo compreende os lagartos e, na presente análise, inclui, também os Amphisbaena (cobra-de-duas cabeças).

Na lista apresentada em anexo, bem como no Mapa A004, verifica-se que todas as espécies apresentadas possuem ocorrência comprovada no Estado de Mato Grosso, não havendo citação de espécies prováveis.

Apenas um gênero, que sabidamente ocorre em abundância no Estado de Mato Grosso, Cnemidophorus (Teiidae), não foi incorporado nesta análise, por acreditar-se que possui estrutura muito mais complexa do que a comumente aceita (VANZOLINI, com. pes.)

De um modo geral, as diversas formas listadas, em função de seu reduzido tamanho corporal, pouca vagilidade e dinâmica populacional simples, não necessitam de áreas muito extensas para sua sobrevivência. Sendo assim, é possível dizer que tais animais apresentam uma tendência a especializações ecológicas mais restritas, quando comparadas a outros grupos, bem como a relativa facilidade de adaptação a áreas menores e mesmo antropizadas (campos, sítios habitacionais ocupados ou não, áreas recém derrubadas e outros).

Nas áreas ditas abertas, citam-se os lagartos: Phyllopezus pollicaris, Anolis meridionalis, Hoplocercus spinosus, Iguana iguana (camaleão) , Polychrus acutirostris (lagarto-

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cego ), Tropidurus torquatus (lagartixa-preta), Tupinambis teguixin (teiú) e os amphisbaenídeos: Amphisbaena alba, Amphisbaena neglecta e Amphisbaena sivestrii.

Dentre as espécies listadas, cumpre salientar que o teiídeo Ameiva ameiva (calango- verde) é o lagarto de formação aberta que mais rapidamente coloniza áreas desmatadas e, até certo ponto, pode adentrar na mata, seguindo caminhos que lhe forneçam insolação direta (VANZOLINI, 1986).

Com relação às espécies adaptadas à mata, deve-se aqui destacar dois gêneros: Mabuya e Kentropyx que, ao que parece, têm capacidade de regular sua temperatura corporal pela exposição direta ao sol ou outros recursos de comportamento. Sendo assim, adaptam-se bem a clareiras, capoeiras e beiras-de-roça

4.2.3.4. OPHIDIA

Conforme mencionado acima, as serpentes compreendem o maior número de espécies de Répteis registradas neste trabalho (106), sendo que todas as espécies mencionadas tiveram sua ocorrência comprovada no Estado de Mato Grosso.

Apenas um gênero, Thamnodynastes (Colubridae), assinalado para o Estado de Mato Grosso, não foi incorporado, por estar em fase de revisão por Robert Thomas e John Bailey (VANZOLINI, com. pes.). Na literatura, 5 espécies desse gênero são consideradas válidas, mas os autores da revisão advertem que estas são na realidade cerca de 20 formas.

Destaca-se, ainda para as serpentes, a grande quantidade de registros para a região Norte do Estado (13), o que pode ser considerado elevado, quando comparado com os demais grupos aqui estudados.

Como já dito, estes registros referem-se, em sua maior parte, ao material depositado na coleção do Instituto Butantã e estão diretamente associados às áreas de colonização nova e fronteira agrícola. Um reflexo disso é a relativa pobreza dessa coleção no que se refere às formas de Typlopidae, Anomalepididae e Leptotyphlopidae, pois geralmente os fazendeiros que enviam estes animais para o Instituto não os reconhecem como serpentes, associando-os a “minhocas”.

É extremamente difícil generalizar sobre a ecologia das serpentes sul-americanas, uma vez que são poucas as observações diretas. Pode-se, de maneira muito simplificada, analisá-las segundo a tolerância aos diferentes tipos de ambientes.

Nesse sentido, esse animais podem ser classificados segundo três categorias:

I. espécies de ampla distribuição e larga tolerância ambiental;

II. espécies típicas das formações abertas;e

III. espécies de mata.

Como formas de ampla distribuição e larga tolerância ecológica pode-se citar: entre as Typhlopidae - Typhlops brongersmianus ; entre as Boidae - a jibóia ( Boa constrictor ) e a salamanta ( Epicrates cenchria ); entre as Colubridae - a falsa-coral ( Erythrolamprus aescullapii ) e Iamantodes cenchoa ; várias espécies do gênero Liophis; Leptodeira annulata, Leptophis ahaetulla, Lygophis lineatus, Oxybelis aeneus, Phylodryas viridissimus, Spilotes pullatus (caninana) , Tantilla melanocephala e Waglerophis merremii (boipeva).

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Entre as espécies de formações abertas tem-se, entre as Anomalepididae - Liotyphlops ternetzii ; entre as Colubridae - Chironius flavolineatus; entre as - neuwedii (jararaca) e a cascavel ( Crotalus durissus ).

Finalmente, como espécies de mata, podem ser citadas: entre as Typhlopidae - Typhlops reticulatus ; entre as Boidae - Corallus caninus e Corallus enydris ; entre da Colubridae - Mastigodryas boddaerti, P. sulphureus, Rhinobothryum lentiginosum ; entre as Elapidae - Micrurus lemniscatus e M. spixii ; entre as Viperidae - Bothrops atrox e Lachesis muta (surucucu-bico-de jaca).

Nos três casos, têm-se espécies fossoriais (que passam praticamente todo o tempo enterradas); semi-fossoriais (que frequentam camadas superficiais do solo, mas alimentam-se na superfície do solo e nos estratos mais baixos da vegetação); sub-arborícolas (que frequentam todos os níveis da vegetação, mas descem ao chão); arborícolas (que raramente são vistas no chão).

4.2.3.5. ANNURA

É extremamente difícil caracterizar os anfíbios a partir de dados secundários, pois são poucos os estudos e levantamentos realizados, tanto nos cerrados como nas regiões florestadas do Domínio Amazônico.

Entre os materais consultados destacam-se:

− a coleção feita por Werner C. A. Bockerman em 1949, no rio das Mortes, como membro da Expedição Butantan;

− a coleção feita na década de 80 pelo Programa POLONOROESTE

− a coleção feita por Janalle Caldwell, em 1989, no rio Araguaia, como membro de uma Expedição feita pelo MZUSP/ELETRONORTE;

As diversas famílias listadas no Anexo 5, destacando-se Hylidae e Leptodactylidae, possuem ampla distribuição em todas as regiões do Estado, conforme pode ser observado no Mapa A005.

Do ponto de vista ecológico, cumpre destacar para esse grupo o fato de muitas formas serem potencialmente resistentes ao processo de ocupação. Aspecto este apontado pelo levantamento do Programa POLONOROESTE (VANZOLINI, 1986).

Para esses animais, o local de reprodução assume maior importância. Grande parte das espécies é extremamente dependente da água livre para a desova e o desenvolvimento de girinos, sendo poucas as formas que constroem seus ninhos em espuma sobre o solo.

Observa-se que nos Leptodactylidae, podem ser diferenciados dois grupos considerando as afinidades ecológicas das espécies. No primeiro grupo, Leptodactylus fuscus, L. ocellatus, L. podicipinus, Physalaemus cuvieri e Pseudopaludicola mystacalis, são espécies de ampla distribuição na América do Sul, ocorrendo sempre em áreas abertas. Estas quatro espécies desovam em poças de água parada, onde as formas larvais se desenvolvem. No segundo grupo, Adenomera hylaedactyla e Eleutherodactylus cf. fenestratus são espécies exclusivas de áreas florestadas, com fase larval terrestre em ninhos de espuma ( Adenomera ) ou com ovos de desenvolvimento direto ( E. cf. fenestratus ). Ambas as espécies apresentam uma distribuição ampla em regiões florestadas da Bacia Amazônica, podendo ser prejudicadas pelo desmatamento.

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Salienta-se que a família Pseudidae, representada por Lysapsus limellum, Pseudis minuta e Pseudis paradoxus , é composta por anfibios de existência totalmente aquática, tanto na fase larval quanto na adulta.

4.2.4. Considerações Finais sobre a Fauna de Vertebrados

Dada a freqüente escassez de informação ecológica sobre as espécies animais nas diferentes paisagens naturais, adotou-se, no presente contexto, na análise dos diversos grupos de vertebrados terrestres, a contraposição “formações abertas (cerrado)” vs “formações fechadas (mata ciliar, floresta ombrófila e floresta estacional)”.

Nos MAPAS A001, A002, A003, A004 e A005, estão plotados os pontos de registro de cada grupo, como também é apresentada a distribuição de cada registro obtido neste trabalho, por Domínio (no caso, amazônico e cerrado), bem como áreas de transição (tensão ecológica) e pantanal.

Da leitura desta distribuição, verifica-se que a grande maioria das espécies encontradas no Estado de Mato Grosso se constitui de formas de ampla distribuição, de ocorrência comprovada em mais de um Domínio. Tais espécies, nesse estágio dos estudos, poderiam ser classificadas como não-informativas ou euriécicas.

Por outro lado, têm-se em todos os grupos analisados um significativo número de formas, cujos atuais registros estão restritos a um único domínio ou região, porém não são necessariamente exclusivos do mesmo; para algumas espécies, contudo, os dados de literatura permitem avaliar o seu grau de fidelidade ecológica.

Considerando a distribuição dos animais levantados nos diferentes tipos de ambiente (aberto e fechado), pode-se dividir as espécies quanto ao grau de fidelidade a um determinado tipo de formação, em duas categorias: as euriécicas, capazes de viver normalmente em uma maior variedade de tipos de ambiente, incluindo cerrado e mata; e as estenoécicas, limitadas a um tipo extremo de ambiente (ombrófilo, como a mata; ou heliófilo, como os cerrados).

Observa-se que o conhecimento destes tipos de preferência/tolerância ecológica é muito importante no contexto de estudos que visam subsidiar a adoção de práticas conservacionistas e/ou manejo sustentado dos ambientes naturais. Numerosas formas próprias das formações abertas, acompanham o desmate provocado pelo homem, constituindo importantes indicadores das modificações ecológicas a que estão sujeitas muitas regiões.

A utilidade dos indicadores é indiscutível no planejamento de áreas de conservação, pois tais espécies fazem parte de uma realidade ecológica que ocorre quando o habitat está preservado, de forma que áreas com várias espécies indicadoras (de diversos níveis taxonômicos) devem ser prioritárias para conservação.

Como regra geral, espécies indicadoras correspondem a animais diurnos, com comportamento conspícuo, fáceis de observar e/ou amostrar, que possuem taxonomia definida no nível de espécie, apresentam especializações e são sensíveis a mudanças ambientais (STOTZ et al.,1996), o que faz das aves os indicadores ambientais mais tradicionalmente utilizados.

As aves são conhecidas por serem um grupo de grande valor como ferramenta para análises ambientais, cumprindo um papel chave no diagnóstico de comunidades biológicas integrais. A diversidade quanto à sensitividade aos distúrbios ambientais, abundância relativa,

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estrato de forrageamento e especializações em habitats, fazem deste grupo um importante e eficiente tradutor das características qualitativas e quantitativas de um ambiente.

Algumas espécies de répteis podem também ser utilizadas como indicadores ambientais, como por exemplo o lagarto Ameiva ameiva, tipicamente encontrado em áreas que sofreram perturbação.

No atual estágio dos trabalhos, considerando apenas dados de coleção e bibliografia, já é possível para alguns grupos se proceder à análise de sua distribuição versus a indicação de uma dada condição ambiental.

No caso específico de mamíferos, tem-se uma gama de ordens com preferências ecológicas bastante distintas e com graus de conhecimento ecológico muito variável. Os macacos, da ordem Primates, por exemplo, possuem preferências ecológicas estudadas na literatura e contam com um número significativo de registros no estado de Mato Grosso, suficientes para uma análise preliminar de sua distribuição por regiões, que serve como exemplo e justificativa da metodologia aqui adotada.

Da análise da distribuição da ocorrência dos animais, é possível, para cada região, tecer as seguintes considerações:

a) Região Noroeste

Região com 6 localidades com registros. Fundamentalmente, corresponde a uma fauna típica de ambiente amazônico. Além dos dados referentes ao sítio de pesquisa da referida tese de mestrado em Primatologia, há vários registros de morcegos (dados MZUSP).

São apenas 3 localidades com registros, embora respondam pela comunidade de macacos mais bem representada em Mato Grosso. Adicionalmente, permite comparações com outras regiões amazônicas.

b) Região do Alto Juruena

Região com 5 localidades com registros, geralmente relacionados à viagem da “Comissão de Linhas Telegraphicas Estratégicas de Matto Grosso ao Amazonas” - (MIRANDA- RIBEIRO,1914 e ALLEN,1916).

Há 2 localidades com registros, sendo que Retiro do Veado Branco é muito próxima de Rondônia, onde há outros registros de macacos de ambiente amazônico - coletados na mesma época ( Ateles chamek, Saimiri ustus, Lagothrix lagothicha In MIRANDA-RIBEIRO, op.cit.).

c) Região do Xingu

Apresenta somente 4 localidades com registros e com poucas formas, constituindo a região menos conhecida do estado.

Apenas 1 localidade com registro de primatas, sendo que Cebus apella está representado em todas as regiões em Mato Grosso.

d) Região do Araguaia / Rio das Mortes

Região também pouco conhecida, obrigando o agrupamento das duas bacias, pois há mais dados do Rio das Mortes que do Araguaia propriamente dito.

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e) Região da Chapada dos Guimarães

Região que mais possui dados sobre mamíferos em geral, sendo principalmente referentes às expedições de naturalistas do século passado (PELZELN,1883; COPE,1889; OLDFIELD,1903).

Das espécies encontradas nesta localidade, apenas Alouatta caraya pode servir como indicador, como discutido nos comentários.

f) Região do Alto Guaporé

Região com apenas 4 localidades, mas com registros antigos (século XIX) e também vários de Rondon.

As 2 localidades com registros de macacos apresentam uma associação de formas de ambiente fechado e cerrado, algo similar à região do Alto Juruena.

g) Região do Alto Paraguai

Região bastante bem representada, dentro do contexto do estado, com 16 localidades. Cáceres e Caiçara respondem pela maior parte dos registros de mamíferos na região.

A ocorrência de Ateles chamek em Angelical, Rio Jauru, deve ser analisada em função da época do registro - 1914.

h) Região do Pantanal do Cuiabá

Região com 12 localidades, razoavelmente bem representada. Também aqui, como na região do Pantanal do Alto Paraguai, há uma forte influência de elementos de formações abertas e do pantanal.

Há 5 localidades com macacos, representando uma comunidade primatológica típica do Pantanal, apesar da ausência de registros de Alouatta caraya .

A análise da distribuição deixa claro que a região noroeste, além do expressivo número de primatas, possui os primatas mais possivelmente úteis como indicadores, uma vez que são animais típicos da Hiléia, com maior ou menor grau de especialização ambiental, tais como a estrutura social, massa corporal, tamanho relativo dos grupos, taxa de reprodução, forma de alimentação, tipo de locomoção, aparato bucal, entre outros.

Entretanto, o fator mais limitante se refere ao hábito alimentar, isto é, animais com uma estratégia de alimentação menos flexível são mais sensíveis a alterações. As espécies com dieta altamente dependente de frutos, um recurso sazonal, seriam mais sensíveis, ao passo que àquelas com habilidade em se deslocar para outros pontos da floresta ou de consumir fontes alternativas de alimento (pequenos animais ou folhas) seriam mais tolerantes (CHIVERS, In Box,1991).

Entre os mais exigentes destacam-se os cuxiús, Chiropotes albinasus, e os macacos barrigudos, Lagothrix lagotricha. Ainda exigentes, mas em menor grau, figuram os guaribas - Alouatta seniculus, os quatás - Ateles chamek, os caiararas - Cebus albifrons e os micos de cheiro - Saimiri ustus. Seguem animais de mata, porém mais tolerantes, como os parauacús - Pithecia irrorata e os zog zog -Callicebus moloch, bem como os saguis de orelhas nuas - Callithrix humeralifer

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Um aspecto importante é que Cebus apella teve sua ocorrência relatada em todas as regiões de Mato Grosso. Tal fato, embora esperado, em vista da versatilidade desta espécie, surpreende em virtude de ser a única forma de mamífero que ocorre em todas as regiões do estado, mesmo naquelas mal representadas, como a do rio Xingu. A simpatria entre os dois macacos prego - Cebus apella e Cebus albifrons - é comum em ambientes do domínio amazônico, pois o fator limitante é a mata - essencial para a C. albifrons.

A ocorrência parapátrica das duas espécies de Alouatta era esperada considerando- se dados da literatura (FLEAGLE,1988). Alouatta caraya é um bugio típico de cerrado, ao passo que o guariba Alouatta seniculus somente ocorre em formações fechadas do Amazonas ao Mato Grosso - dentro do Domínio Amazônico.

A ocorrência do quatá - Ateles chamek - e do parauacu - Pithecia irrorata - na região do Alto Guaporé, apesar de surpreendente considerando o atual uso da região, deve ser analisada em relação a época em que estes registros foram feitos - as expedições de Natterer no final do século passado (PELZEN, op.cit. e VANZOLINI, op.cit.). O contato entre a mata e o cerrado, bem como a presença da chamada mata de poaia, podem ter sido alguns dos fatores determinantes para a existência destas formas tipicamente florestais na região.

No Quadro 008 sugere-se uma categoria ambiental para cada espécie, classificando- as em indicativas, e não indicativas quanto ao ambiente.

QUADRO 008 ESPÉCIES DE PRIMATAS INDICATIVAS DE AMBIENTE

Espécie Indicativo de Indicativo de Não indicativo Mata Cerrado Callithrix argentata x - indefinição taxonômica Callithrix humeralifer x - indefinição taxonômica Alouatta caraya X Alouatta seniculus X Aotus azarae x - indefinição taxonômica Aotus infulatus x - indefinição taxonômica Ateles chamek X Calicebus moloch X - Cebus albifrons X Cebus apella x - muito tolerante quanto ao habitat Chiropotes albinasus X + + Lagothrix lagothricha X + Pithecia irrorata X - - Saimiri ustus X FONTE: Legenda X, X - e X - - espécies florestais menos exigentes e X + e X + + espécies mais exigentes quanto ao habitat.

Desta forma, é possível utilizar macacos como indicadores principalmente de ambientes amazônicos. Apesar de serem animais com grande flexibilidade comportamental, a taxa de reprodução é relativamente baixa, de forma que a presença de várias espécies de macacos é um dos primeiros sinais de que se trata de um ambiente preservado (BEARDER, In BOX, op.cit.).

Vale ressaltar, porém, que a ausência de primatas em várias áreas de outras regiões do país nem sempre significa alteração significativa do ambiente, menos ainda extinção local.

4.3. INVERTEBRADOS

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4.3.1. Invertebrados de Interesse Agronômico

Através de consultas informais a pesquisadores da UFMT, foi elaborada uma lista (Anexo 9) que apresenta as pragas das principais culturas do Estado de Mato Grosso. Além destas informações, foi realizada uma pesquisa frente a um relatório da EMBRAPA (1997), referente aos gafanhotos, dada sua importância no Estado.

De acordo com o relatório da EMRBAPA (op. cit), a partir de 1983, populações de uma espécie de gafanhoto ( Rhammatocerus schistocercoides ) trouxeram sérios problemas às zonas recentemente cultivadas e economicamente valorizadas, dos estados de Mato Grosso e Rondônia, infestando uma grande região compreendida entre os paralelos 12º e 15º Sul e os meridianos 52º e 61º Oeste. Estas zonas são, essencialmente, regiões de cerrado onde a vegetação natural foi substituída por culturas industriais de soja, cana-de-açúcar, arroz e milho.

Esta espécie, até então conhecida unicamente pela comunidade científica e mencionada na literatura como oriunda do Mato Grosso e regiões vizinhas, parece ter uma distribuição geográfica bem mais ampla, estando presente em uma grande parte das regiões de savanas da América do Sul e Central. Recentemente, pululações têm sido sinalizadas também na Colômbia.

No Brasil, a região da Chapada dos Parecis representa certamente a zona mais ativa de pululação da espécie. Esta zona se estende de Vilhena, em Rondônia, até Canarana e Rio Araguaia, no leste do Estado de Mato Grosso, abrangida pelas coordenadas geográficas 52º a 61º de longitude Oeste e 12º a 15º de latitude Sul. Trata-se de uma faixa de vegetação do tipo campo cerrado e de transição entre o Cerrado e as florestas Ombrófilas e Estacional, situada ao sul da Floresta Amazônica.

De acordo com o relatório da EMBRAPA, (1997), a área de pululação de R. schistocercoides corresponde, no interior da zona descrita anteriormente, às regiões cobertas de savanas herbáceas (campo) e de savanas arborizadas (campo cerrado e cerrado).

Duas zonas principais de pululações podem ser aí distinguidas. A primeira se situa entre o Rio Juína, a oeste e o Rio Arinos, a leste. Esta é uma zona de pululação quase permanente, mesmo considerando que a intensidade do fenômeno varie muito de um ano para outro. A segunda zona, onde as pululações significativas parecem ser bem menos freqüentes, se estende do oeste de Paranatinga até a região de Canarana, a leste.

Os dados coletados mostram que R. schistocercoides vive em zonas de cerrados, submetidas a condições amenas e chuvosas, marcadas por certos episódios muito frios, ao longo da estação seca. Trata-se aliás, de zonas de cerrado onde a estação das chuvas começa mais cedo e termina mais tarde e onde os períodos secos durante a estação chuvosa (verrinados) são os mais curtos. Estas condições são sensivelmente diferentes daquelas existentes ao pé da Chapada, nas zonas situadas mais a leste ou ao sul, como em Cuiabá, por exemplo.

Os fatores meteorológicos constituem elementos importantes na dinâmica destas populações. Em particular, a forte irregularidade pluviométrica em certos períodos do ano, desempenha papel fundamental no determinismo de suas pululações.

Os enxames aparecem a partir de abril, apresentando um comportamento de nomadismo muito característico, durante toda a estação seca até o início da estação das chuvas, quando eles se reproduzem e tornam-se um pouco sedentários. Esses enxames nômades encontraram naturalmente as zonas cultivadas, causando danos sobre as culturas mais relacionadas à sua alimentação habitual. Os bandos ninfais encontraram, igualmente, facilidade para invadir as culturas mais próximas, causando prejuízos consideráveis.

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De um modo geral, a agricultura foi implantada na região da Chapada dos Parecis respeitando amplamente os biótopos de reprodução do gafanhoto, invadindo somente uma parte de seus ambientes de sobrevivência e de nomadismo em estação seca.

A reprodução das zonas de campo e campo cerrado, devido à implantação da agricultura, tende a desfavorecer o inseto que passa a dispor, para sua sobrevivência em estação seca, de menores áreas de seu habitat natural que no passado. Os novos ambientes, destinados a uma agricultura intensiva mecanizada, são geralmente desfavoráveis ao gafanhoto, com exceção de zonas plantadas com cana-de-açucar.

Em relação as queimadas, praticamente sobre as zonas de vegetação natural, as conseqüências são:

− a curto prazo, às queimadas contribuem, durante a estação seca, para o rebrotamento da vegetação herbácea, aumentando a qualidade da alimentação para o gafanhoto;

− a longo prazo, as queimadas permitem a manutenção de uma formação vegetal muito aberta, bem mais adequada ao inseto.

A importância econômica desta espécie de inseto é real, embora flutuante de um ano a outro e difícil de se avaliar. Para o ano de 1984, estimou-se perdas de 84 milhões de litros de álcool, 600.000 toneladas de soja, 75.000 toneladas de arroz e 22.500 toneladas de milho. Mesmo sendo estimativas pouco precisas, estas cifras dão idéia da amplitude do problema.

De 1985 a 1989, 5 milhões de dólares foram gastos para o combate da praga no Mato Grosso, sendo 41% deste montante para pulverizações aéreas e 43% compra de inseticidas e prestação de serviços (Folha do Estado de Cuiabá, 13/3/1995). Dezenas de milhares de litros de inseticida foram utilizados, principalmente de fenitrothion e malathion.

O problema torna-se mais complexo pela coexistência, dentro das áreas de pululações acridianas, de dois modos igualmente diferentes de vida e ocupação das terras: aquele dos imigrantes, agricultores ou pecuaristas, vindos essencialmente dos estados do sul do Brasil e outro, tradicional, das tribos indígenas locais (Parecis, Nambiquaras, Baiquiris, principalmente). Para os primeiros, o gafanhoto é uma praga a ser combatida por todos os meios; para os índios é um elemento natural do ecossistema, às vezes uma criatura mitológica, freqüentemente um elemento importante da dieta alimentar cotidiana.

Em relação aos inimigos naturais, têm-se que os pássaros são os mais freqüentemente citados, talvez por serem os mais visíveis. Às vezes, bandos de garças são observados alimentando-se de ninfas ou de adultos jovens do inseto. O seu impacto sobre as populações do gafanhoto pode ser significativo, mas muito pontual. A tentativa de liberação de galinhas-d’angola no cerrado, para controle das pululações de gafanhotos, demonstram um ato de boa vontade louvável, assim como um completo desconhecimento da ecologia do acridíneo.

A única perspectiva realista de inimigos naturais, para controle deste gafanhoto reside atualmente no emprego de biopesticidas à base de esporos de fungos deuteromicetos entopatogênicos, os quais têm sido estudados já há alguns anos, em particular na África.

No Brasil, as linhagens de Metarhizium flavoviridae e de Beauveria bassiana são estudadas na EMBRAPA-CENARGEN. As pesquisas realizadas já confirmaram o grande potencial destes fungos para o controle. No entanto, a seleção de uma linhagem adequada adaptada ao gafanhoto do Mato Grosso e às condições ecológicas nas quais ele vive, assim como a definição de formulações e de um produto comercial, ainda necessitam de muitas pesquisas.

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Segundo estudos da EMBRAPA (1997), estes produtos constituem, a única alternativa realista para substituir, ao menos parcialmente, os inseticidas clássicos. Eles são menos nocivos para o ambiente, podendo ser eventualmente utilizados nas reservas indígenas, que constituem, entre numerosos outros, apenas um dos reservatórios naturais do gafanhoto e onde os tratamentos clássicos são geralmente interditados.

4.3.2. Invertebrados de Interesse Médico - Sanitário

A compilação dos resultados obtidos nesta etapa dos trabalhos encontra-se sintetizada no MAPA 003, apresentado a seguir (Página 63), onde pode-se verificar que a parte central do Estado do Mato Grosso, área de colonização recente, é pouco estudada e, portanto, merece atenção especial nas fases consecutivas do projeto, quando, após análise crítica, também deverão ser realizados levantamentos de dados primários para aferir a ocorrência dos vetores e hospedeiros intermediários identificados.

Na seqüência é apresentada uma síntese dos trabalhos e estudos disponíveis para o Estado de Mato Grosso sobre a fauna de vetores e hospedeiros intermediários de doenças.

4.3.1.1. Fauna Entomológica

Dentre a fauna entomológica de interesse médico-sanitário pesquisada encontram-se os triatomíneos e os dípteros hematófagos, destacando-se entre estes últimos os flebotomíneos e os culicídeos.

4.3.1.1.1.Triatomíneos

Estes insetos são os transmissores da Doença de Chagas ou Tripanossomíase Americana, parasitose causada pelo Trypanossoma cruzi, com ampla prevalência nas Américas Central e do Sul.

Esta doença é uma zoonose de animais silvestres, transmitida por triatomíneos silvestres, que se encontram cada vez mais adaptados ao ciclo doméstico, tendo se tornado mesmo uma endemia humana e de animais domésticos em várias regiões das Américas, principalmente no Brasil.

A literatura científica sobre a epidemiologia da Doença de Chagas chama a atenção para o fato de que os desmatamentos, queimadas e outras agressões ecológicas nas grandes florestas, tenham contribuído para a migração de triatomíneos para os ecótopos artificiais criados pelo homem.

Segundo FORATTINI (1980), considerando a distribuição atual da domiciliação tritomínea no Brasil, pode-se verificar sua associação com espaços abertos, os quais podem ser considerados como naturais e artificiais. Naturais são aqueles situados nos domínios paisagísticos das caatingas e dos cerrados, enquanto os artificiais são os originados da ação antrópica, resultando em expansão da paisagem aberta, principalmente em virtude da devastação da cobertura florestal do domínio tropical atlântico. As espécies mais encontradas na primeira são Triatoma sordida, T. brasiliensis e T. pseudomaculata, que outrora habitavam florestas tropicais atlânticas, hoje em espaços abertos como os cerrados.

Para o Estado do Mato Grosso foram obtidas apenas duas referências bibliográficas para o assunto. A primeira trata-se de uma monografia apresentada em 1982, ao NPG/BIO da UFMT, como conclusão do Curso de Especialização em “Biologia do Cerrado II”, referente a um levantamento preliminar da fauna de triatomíneos, abrangendo a área situada entre o

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córrego Rio dos Peixes e córrego Coxo, no município de Cuiabá. A segunda refere-se a um levantamento realizado pela ELETRONORTE para compor os estudos ambientais da UHE de Couto de Magalhães, elaborado pela equipe técnica do CNEC, em 1989.

A região abrangida pelo levantamento de triatomíneos, realizado no município de Cuiabá, apresenta fisionomia bastante diversificada, com vários gradientes de cobertura vegetal, com formas variando desde campo limpo até cerradão.

Neste levantamento foram capturados um total de 301 indivíduos, dos quais 290 foram identificados como T. sordida e 11 como Psamolestes sp., conforme apresentado no Quadro 009.

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QUADRO 009 ESPÉCIES DE TRIATOMÍNEOS IDENTIFICADAS EM CUIABÁ - MT Local de Coleta Ambiente Data Barbeiros Capturados Pesquisa Espécie

Fazenda São José Galinheiro 23.01.82 32 barbeiros 23 100% Triatoma negativo sordida _ 9 Fazenda São José Galinheiro 23.01.82 43 barbeiros 22 100% Triatoma negativo sordida 21 Fazenda Boa Sorte Galinheiro 23.01.82 67 barbeiros 47 100% Triatoma negativo sordida 20 Fazenda Lobo Galinheiro 05.02.82 16 barbeiros 9 100% Triatoma negativo sordida 7 Fazenda Boa Sorte Galinheiro 05.02.82 16 barbeiros 10 100% Triatoma negativo sordida 6 Fazenda São Pedro Galinheiro 05.02.82 Não foram encontrados - - Sub-total 174 barbeiros 111 63 Fazenda São José Domicílio 23.01.82 12 barbeiros 8 100% Triatoma negativo sordida Humano 4 Fazenda São José Domicílio 23.01.82 21 barbeiros 16 100% Triatoma negativo sordida Humano 5 Fazenda Boa Sorte Domicílio 23.01.82 30 barbeiros 18 100% Triatoma negativo sordida Humano 12 Fazenda Lobo Domicílio 05.02.82 10 barbeiros 7 100% Triatoma negativo sordida Humano 3 Fazenda Boa Sorte Domicílio 05.02.82 12 barbeiros 8 100% Triatoma negativo sordida Humano 4 Fazenda São Pedro Domicílio 05.02.82 31 barbeiros 22 100% Triatoma negativo sordida Humano 9 Sub-total 116 barbeiros 79 37 Fazenda São José Ninhos de 23.01.82 3 barbeiros 100% Psamolestes negativo sp. Pássaros Fazenda Boa Sorte Ninhos de 23.01.82 Nenhum - - Pássaros Fazenda Lobo Ninhos de 23.01.82 8 barbeiros 100% Psamolestes negativo sp. Pássaros Sub-total 11 barbeiros

FONTE: NINCE, J.A., 1983.

Todos os barbeiros foram encontrados em locais diferentes, porém em nichos ecológicos equivalentes.

Nos galinheiros das fazendas, onde se encontrou o maior número de barbeiros, conforme Quadro 009, estes estiveram sob cascas de árvores usadas para feitio do galinheiro, nos ninhos das aves, entre amontoados de tijolos e até mesmo nas palhas utilizadas como telhado. Já nos domicílios humanos, onde a freqüência é menor, os insetos foram encontrados sobre colchões, frestas das paredes, portas e entre as roupas das pessoas.

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No laboratório observou-se através dos exames das fezes dos barbeiros que, apesar de sua incidência ser relativamente alta, nenhum estava contaminado pelo protozoário Trypanossoma cruzi . Também não se tem notícia de alguém doente na região.

A procura feita em ambiente silvestre, como tocas de tatu, gambá e ninhos de ratos, não resultou sequer um inseto capturado. Em ninhos de aves foram encontradas as espécies de Psamolestes sp.

Ainda no laboratório, observou-se que todos os indivíduos coletados estavam fartamente alimentados por sangue, cuja procedência não foi investigada por não se dispor de precitina específica para esta pesquisa. No entanto, no exame de sangue não se constatou nenhum exemplar infectado por protozoários tripanossomatídeos.

Já no levantamento realizado pela ELETRONORTE/CNEC, que abrangeu um total de 12 localidades pesquisadas, foram coletados exemplares de triatomíneos somente no galinheiro e domicílio humano da Fazenda Engenho Velho, localizada à margem da estrada MT-465, no município de Alto Taquari. Os indivíduos coletados foram identificados como T. sordida pelo laboratório da Faculdade de Saúde Pública da USP, e encontram-se incorporados à Coleção desta instituição.

Pelas informações obtidas até o momento, pode-se concluir que, do ponto de vista epidemiológico, é de grande importância o encontro de T. sordida na região estudada, uma vez que sua ocorrência revela sempre o risco de reinstalação da doença e que, em áreas onde foi desenvolvido o controle triatomíneo, não foi possível a eliminação total da domiciliação desta espécie.

Por outro lado, a constatação da presença de espécie estritamente silvestre, como o Psamolestes sp., levanta a problemática da adaptação do comportamento de diversas espécies frente a diferentes fatores. Se, o que foi observado para espécies em vias de domiciliação, for verdade para todo o grupo ou parte dos triatomíneos, deve-se considerar que o problema da domiciliação triatomínea tenha uma dimensão muito maior do que se possa esperar.

Embora não se tenha constatado em laboratório, nenhum indivíduo infestado pelo protozoário causador da Doença de Chagas, sua ocorrência na área pesquisada também merece destaque, pelo fato do cerrado estar recebendo um grande contingente populacional de outros estados para colonizá-lo e, se por ventura, um destes for portador da doença, haverá indivíduos humanos e vetores contaminados, caso não seja adotada uma medida de controle de pessoas nesta região.

4.3.1.1.2. Dípteros Hematófagos

A distribuição de dípteros hematófagos foi elaborada com base em trabalhos publicados e em informações fornecidas pela Fundação Nacional de Saúde - Coordenadoria Regional de Mato Grosso - FNS/CRMT, onde se verificou a ocorrência de diversas espécies com reconhecido papel epidemiológico.

Um inquérito sobre mosquitos, realizado por OLIVEIRA (1989), em aldeias indígenas malarígenas do Parque Nacional do Xingu, no final da estação chuvosa, resultou na coleta de vinte e sete espécies de culicídeos, conforme mostrado no Quadro 010.

Anopheles darlingi , o mosquito mais freqüente e antropofílico, foi encontrado infectado com Plasmodium falciparum e parece ser o principal vetor da malária na área. Outros anofelinos e culicídeos foram pouco freqüentes ou escassos, sendo que a fauna local inclui vetores de febre amarela e outras arboviroses.

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RIBEIRO, (1994) apresenta a relação das espécies de anofelinos que ocorrem em 13 dos municípios de alta transmissão de malária no Estado de Mato Grosso, são eles: Alta Floresta, Apiacás, Aripuanã, Guarantã do Norte, Juina, Matupá, Nova Bandeirante, Nova Guarita, Paranaita, Peixoto de Azevedo, Terra Norte, Vila Bela da Santíssima Trindade e Vila Rica. Todos eles situados ao norte, exceto Vila Bela da SS. Trindade que está situado a noroeste do Estado.

QUADRO 010 ESPÉCIES DE CULICÍDEOS COLETADOS NO PARQUE NACIONAL DO XINGU, 1987

Isca Humana Armadilha Espécies Dentro da Próximo à LongedaArmadilha de Total Armadilha Armadilha Floresta Margem do Rio Luz Anopheles darlingi 4 67 0 423 9 503 Anopheles albitarsis 0 2 0 0 0 2 Anopheles argyrutarsus 1 0 0 0 0 1 Anopheles braziliensis 0 1 0 0 0 1 Anopheles triannulatus 0 2 2 33 0 37 Anopheles (Nyssorchynchus) spp. 0 0 0 17 0 17 Anopheles mediopunctatus 0 1 0 0 0 1 Chagasia bonneae 0 1 0 0 0 1 Aedomyia squamipennis 0 0 0 0 48 48 Culex usquatus 0 1 0 0 1 2 Culex chrysonotun 1 2 0 9 0 12 Culex (Melanoconion) spp. 0 7 2 1 40 50 Haemagogus leucocelaenus 0 0 1 0 0 1 Haemagogus janthinomys 0 0 9 0 0 9 Psorophora albipes 0 0 73 1 0 74 Psorophora ferox 0 0 3 0 0 3 Psorophora (Janthinosoma) spp. 0 0 7 0 0 7 Coquillettidia fasciolata (?) 0 2 0 0 0 2 Coquillettidia hemanoi 0 0 2 0 0 2 Mansonia titillans 1 23 0 7 2 33 Uranotaenia pulcherrima 0 0 0 0 2 2 Johnbelkinia longipes 0 0 3 0 0 3 Wyeomyia melanocephala 0 0 2 0 0 2 Wyeomyia (Dendromyia) spp. 0 1 12 0 0 13 Total 7 110 116 491 102 826 FONTE: OLIVEIRA, R. L. de, 1989.

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Para cada município foram feitas capturas noturnas de mosquitos e levantamento de criadouros na área urbana, peri-urbana e em dois garimpos, um situado no município de Matupá e outro em Peixoto de Azevedo. Foram encontradas 19 espécies de anofelinos do Gênero Anopheles pertencentes aos subgêneros Nyssorchynchus, Arribalzagia, Anopheles e Mysorhynchella. São elas:

a) Subgênero Nyssorchynchus (Blanchard, 1902):

− Anopheles darling ( Root, 1926)

− Anopheles albitarsis ( Lynch Arribálzaga, 1878)

− Anopheles deaneorum (Rosa Freitas, 1989)

− Anopheles nuneztovari ( Gabaldón, 1940)

− Anopheles braziliensis (Chagas, 1907)

− Anopheles oswaldoi (Peryassú, 1922)

− Anopheles triannulatus (Neiva & Pinto, 1922)

− Anopheles strodei (Root, 1926)

− Anopheles evansae (Brèthes, 1926)

− Anopheles galvaoi (Causey, Deane & Deane, 1943)

− Anopheles rondoni (Neiva & Pinto, 1922)

− Anopheles rangeli (Gabaldón, Cova-Garcia & Lopes, 1940)

− Anopheles benarrochi ( Gabaldón, Cova-Garcia & Lopes, 1941)

− Anopheles argyritarsis (Robineau-Desvoidy, 1827)

b) Subgênero Arribalzagia (Theobald, 1903)

− Anopheles mediopunctatus (Theobald, 1903)

− Anopheles minor (Lima, 1929)

c) Subgênero Anopheles (Meigen, 1818)

− Anopheles matogrossensis (Lutz & Neiva, 1911)

− Anopheles peryassui ( Dyar & Knab, 1908)

d) Subgênero Mysorhynchella (Theobald, 1907)

− Anopheles parvus (Chagas, 1907)

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Das espécies identificadas, 10 são consideradas por alguns autores como transmissoras da malária humana, em maior ou menor grau. Em todos os municípios trabalhados, foram capturados mosquitos adultos da espécie An. darlingi , a principal espécie vetora da malária na região amazônica; em cinco foram encontrados os seus criadouros (Apiacás, Guarantã do Norte, Juina, Matupá e Peixoto de Azevedo). O Índice de Picada Homem/Hora (IPHH) da referida espécie variou de 0,1 a 24,5; os índices mais baixos foram nas áreas urbanas e os mais altos nos garimpos.

A espécie An. albitarsis foi a que apresentou maior densidade em todos os municípios, o IPHH variou de 0,5 a 30,9. A terceira espécie mais freqüente foi o An. triannulatus e as demais espécies consideradas vetoras, An. deaneorum, An. nuneztovari, An. braziliensis, An. oswaldoi, An. strodei, An. evansae, An. galvaoi, ocorrem em baixas densidades.

CHARLWOOD & WILKES (1978-79) registraram a ocorrência de An. triannulatus bachmanni no município de Aripuanã e observaram que são insetos de pouca importância como vetor da malária, devido a seu comportamento de vôo.

O levantamento da fauna entomológica na área de influência da UHE Couto de Magalhães, realizado pela ELETRONORTE/CNEC, abrangeu áreas dos municípios de Alto Araguaia e Alto Taquari. Os resultados obtidos estão sintetizados no Quadro 011 , apresentado a seguir, segundo as estações de coleta, quais sejam:

− Estação D - Córrego Boiadeiro - próximo à ponte da BR-364 - Alto Araguaia/MT

• Estação de captação de água - Alto Araguaia/MT

• Córrego Gordura/Garimpo de diamante - Alto Araguaia/MT

− Estação G - Ribeirão do Sapo - Alto Araguaia/MT

− Estação H - Cabeceira do rio Taquari - Alto Taquari/MT

• Sede de Alto Taquari - Alto Taquari/MT

− Estação I - Fazenda Enfurnado - Alto Taquari/MT

• Vila Buriti - Alto Taquari/MT

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QUADRO 011 ESPÉCIES DE DÍPTEROS HEMATÓFAGOS COLETADOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA UHE DE COUTO DE MAGALHÃES - MT - 1989

Espécies Coletadas Estações de Coleta Total D G H I Aedes fluviatilis 0 0 0 1 1 Aedes sacapularis 7 0 0 0 7 Aedes serratus 1 0 0 0 1 Anopheles albitarsis 6 16 0 0 22 Anopheles argyritarsis 6 1 6 0 13 Anopheles evansae 4 0 0 0 4 Anopheles galvaoi 70 0 0 0 70 Anopheles lutzi 28 4 0 0 32 Anopheles mediopunctatus 1 55 0 0 56 Anopheles parvus 3 0 0 0 3 Anopheles peryassui 0 8 0 0 8 Anopheles strodei 55 0 0 0 55 Chagasia farjadoi 3 29 0 0 32 Culex (Culex) sp. 35 0 9 11 55 Culex (Melanoconion) sp. 4 1 2 0 7 Culex corniger 0 0 0 3 3 Culex imitator 0 0 1 0 1 Culex mollis 4 0 2 34 40 Culex nigripalpus 0 0 3 1 4 Culex quinquefasciatus 1 0 17 2 20 Coquillettidia arribalzagae 2 2 0 0 4 Coquillettidia juxtamansonia 5 77 0 0 82 Coquillettidia venezuelensis 1 0 0 0 1 Limatus durhami 0 0 0 18 18 Lutzomyia aragoi 0 1 0 0 1 Psorophora ferox 4 0 0 0 4 Phoniomyia sp. 0 0 1 0 1 Uranotaenia sp. 6 0 0 0 6 Total 246 194 41 70 551 FONTE: ELETRONORTE/CNEC -1989.

No EIA/RIMA, elaborado para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres, é apresentado o resultado do levantamento de vetores, onde foram coletados um total de 1.137 indivíduos, que estão distribuídos em 33 espécies distintas, compondo a relação apresentada no Quadro 012, por ordem de freqüência.

Considerando-se toda a fauna Culicidae encontrada na área da ZPE de Cáceres, destaca-se a presença de algumas espécies vetoras da malária como: Anopheles triannulatus, An. albitarsis, An. strodei e An. darlingi , sendo este último considerado o mais importante vetor da malária na América do Sul, além de apenas duas espécies vetoras de arboviroses, Psorophora ferox e Culex (Mel.) ribeirensis.

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QUADRO 012 RELAÇÃO DAS ESPÉCIES DE INSETOS DA FAMÍLIA CULICIDAE COLETADOS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA ZPE DE CÁCERES - MT

Espécies Frequência % Mansonia humeralis 239 21,0 Coquillettidia juxtamansonia 192 17,0 Anopheles matogrossensis 114 10,0 Anopheles triannulatus 81 7,0 Anopheles darlingi 77 7,0 Mansonia sp. 73 6,5 Coquillettidia chrysonotum/albifera 70 6,0 Anopheles argyritarsis 38 3,3 Coquillettidia venezuelensis 31 3,0 Anopheles albitarsis 26 2,3 Culex nigripalpus 24 2,0 Culex (Mel) gr educator 19 1,8 Psorophora confinnis 19 1,8 Psorophora varipes/albigenu 18 1,7 Culex quinquefasciatus 13 1,0 Aedomyia squamipennis 12 1,0 Culex gr coronator 11 0,9 Culex (Melanoconion) gr atratus 10 0,9 Anopheles strodei 9 0,8 Mansonia indubitatus 8 0,7 Coquillettidia hemanoi 8 0,7 Psorophora ferox 7 0,6 Culex (Melanoconion) ribeirensis 6 0,5 Culex amazonensis 6 0,5 Mansonia amazonensis 5 0,4 Coquillettidia shannoni 5 0,4 Anopheles galvaoi 4 0,3 Culex (Melanoconion) sp. 4 0,3 Culex sp. 3 0,2 Culex declarator 2 0,2 Aedes serratus 1 0,1 Psorophora ciliata 1 0,1 Psorophora discrucians 1 0,1 FONTE: EIA/RIMA ZPE de Cáceres/MT

O estudo realizado pela Tetron Mineração Ltda na "Fazenda Rosalina" - Depósito Aurífero de Nossa Senhora do Livramento, localizado no município de Nossa Senhora do Livramento, Baixada Cuiabana, também mostrou a ocorrência de vários vetores de doenças que se encontram descritos no Quadro 013, onde se observa a presença da An. albitarsis , vetor da malária no litoral brasileiro; An. darlingi o vetor mais importante de malária na América do Sul; e An. Noroestensis, vetor secundário da malária no Estado de São Paulo.

QUADRO 013 VETORES DE DOENÇAS COLETADOS NA FAZENDA ROSALINA, MUNICÍPIO DE NOSSA SENHORA DO LIVRAMENTO - MT Espécies Frequência % Aedes fluviatilis 326 69,5 Anopheles darlingi 61 13,0 Anopheles noroestensis 31 6,6 Anopheles oswaldoi 17 3,6 Anopheles triannulatus 10 2,1 Anopheles matogrossensis 10 2,1 Anopheles albitarsis 8 1,7 Anopheles rondoni 6 1,3 FONTE: Tetron Mineração Ltda.

Neste estudo também foram identificados 131 indivíduos da espécie Lutzomyia flaviscutellata , importante vetor da Leishmaniose Tegumentar Americana, agente etiológico da Leishmania mexicana.

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Ainda com relação à fauna flebotomínea, merece destaque o Estudo Preliminar Entomológico e Parasitológico realizado por LAISON et al., na floresta que circunda o Centro de Pesquisa de Humboltd, no município de Aripuanã, onde verificou-se a ocorrência de diversas espécies de flebotomíneos, algumas das quais transmissoras da Leishmaniose Tegumentar Americana. Os resultados obtidos encontram-se sintetizados na Quadro 014.

QUADRO 014 ESPÉCIES DE FLEBOTOMÍNEOS CAPTURADOS NO MUNICÍPIO DE ARIPUANÃ - MT

Espécies Frequência % Brumptomyia cunhai 4,0 0,6 Brumptomyia sp. 4,0 0,6 Lutzomyia evangelistal 2,0 0,3 Lutzomyia anduzei 90,0 12,6 Lutzomyia antunesi 2,0 0,3 Lutzomyia withimani 1,0 0,1 Lutzomyia yuilli 78,0 11,0 Lutzomyia (Nyssomyia) sp. 3,0 0,4 Lutzomyia micropyga 1,0 0,1 Lutzomyia dendrophila 129,0 18,1 Lutzomyia shannoni 148,0 20,8 Lutzomyia scaffi 6,0 0,8 Lutzomyia lutziana 4,0 0,6 Lutzomyia lichyi 1,0 0,1 Lutzomyia sp. (longipalpis Gp) 1,0 0,1 Lutzomyia monstruosa 1,0 0,1 Lutzomyia furcata 4,0 0,6 Lutzomyia tuberculata 10,0 1,4 Lutzomyia acanthopharynx 20,0 2,8 Psychodopygus complexus 131,0 18,4 Psychodopygus bispinosus 4,0 0,6 Psychodopygus carrerai 2,0 0,3 Psychodopygus davisi 48,0 6,7 Psychodopygus hirsutus 3,0 0,4 Psychodopygus lainsoni 3,0 0,4 Não identificados 12,0 1,7 Total 712,0 100,0 Fonte: LAINSON, R. et al., 1976.

Lutzomyia anduzei é uma das espécies antropófilas mais comumente encontradas, e, sendo um dos vetores mais importantes da leishmaniose cutânea no Norte do Pará, é possível que seja também responsável pela transmissão na área de Aripuanã.

Embora os trabalhos disponíveis tenham sido realizados em áreas específicas, muitas das quais com características ambientais bastante diferenciadas, os resultados obtidos permitiram traçar um panorama geral sobre a ocorrência de dípteros hematófagos no Estado do Mato Grosso, sob o ponto de vista epidemiológico.

O encontro de espécies vetoras da febre amarela silvestre, como o Ha. leoucocelaenus e Ha. janthinomys, assume importante papel na transmissão desta doença, uma vez que o ciclo silvestre é mantido, principalmente, pela circulação do vírus entre macacos e mosquitos do gênero Haemagogus. Segundo trabalho desenvolvido pela FNS-CRMT, a

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última notificação desta doença no Mato Grosso foi em 1992, quando ocorreram dois casos com óbitos.

Já o ciclo urbano da febre amarela e do dengue é mantido pela transmissão do vírus do homem doente ao homem sadio, por meio da picada de alguns mosquitos do gênero Aedes , sendo que até o presente momento não foi encontrado o Ae. albopictus no território do Mato Grosso, estando o Ae. aegypti , principal vetor destas doenças, presente em 86 dos 117 municípios existentes. Porém, há uma grande preocupação dos técnicos da vigilância entomológica da FNS-MT com relação à introdução do Ae. albopictus no Estado, uma vez que este mosquito apresenta ampla distribuição nos estados de MG, ES, RJ, SP e PR, cujo fluxo migratório com Mato Grosso é intenso.

Hoje é sabido pela FNS-MT que o Ae. aegypti está presente nos municípios restritos a três ecossistemas: pantanal, floresta amazônica e cerrado. No entanto, a discriminação dos municípios onde está presente o vetor não foi obtida até o presente momento.

Embora seja conhecido que o Ae. aegypti seja uma espécie primordialmente urbana é doméstica, em 1993 foi detectada sua presença em áreas rurais como Nossa Senhora da Aparecida, distrito de Cuiabá e Fazenda de Cima, distrito de Poconé, o que torna possível inferir que a infestação rural seja comum em outros municípios.

Os anofelinos são tidos como vetores transmissores da malária e sua marcante presença em todas as áreas pesquisadas é muito importante, destacando-se o Anopheles darlingi , vetor principal da doença e, An. albitarsis e An. braziliensis , espécies apontadas como vetores secundários, dentre outras, cujas potencialidades são discutidas por Faran (1981).

Os mosquitos Culex (Melanoconion) spp. foram identificados em diversos pontos, mostrando-se dispersos pelo Estado do Mato Grosso, podendo contribuir na manutenção de ciclos enzoóticos de arbovirus no ambiente silvestre.

Já os Culex (Culex) spp. quando em alta densidade, algumas espécies antropofílicas podem constituir problema de incômodo, como por exemplo Cx. quinquefasciatus , espécie adaptada ao ambiente antropogênico, sendo típica de áreas com saneamento precário. No Brasil, esta espécie ainda é tida com vetora de filariose (FORATTINI, 1965).

Ainda no campo das arboviroses, merece ser destacado também, o encontro de mosquitos do gênero Aedes e Psorophora, que são tidos como dotados de certo potencial epidemiológico (FORATTINI, 1965), o contato com o ambiente natural sempre propicia riscos, além de serem causadores de incômodo quando em alta densidade, dada a elevada antropofilia que apresentam.

Formas imaturas de mosquitos do gênero Coquillettidia e Mansonia estão associadas a plantas aquáticas flutuantes, ou de áreas brejosas, como: Pistia, Eichhornia e Typha . Embora se desconheça o papel vetor de mosquitos destes gêneros, é sabido que quando assumem altas densidades, podem produzir severo incômodo, pois são bastante antropofílicos.

Com relação aos flebotomíneos, há que se destacar a grande variedade de espécies observadas no Estado do Mato Grosso, considerado como área endêmica de Leishmaniose Tegumentar Americana que, embora seja uma doença silvestre, é transmita ao homem quando em contato com o vetor. Assim sendo, a rica fauna observada sustenta a transmissão e manutenção de focos naturais da doença.

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Dentre os flebotomíneos relatados, destaca-se a presença de Lutzomyia longipalpis, L. withimani, L. shannoni, L. anduzei, L. flaviscutella e Psychodopygus carrerai , espécies estas já conhecidas como vetoras da Leishmaniose.

4.3.1.2. Fauna Malacológica

Dentre as espécies de gastrópodos registrados no Estado do Mato Grosso encontram-se hospedeiros intermediários de Schistosoma mansoni (Sambon, 1907) - Biomphalaria straminea e B. tenagophila .

As espécies registradas encontram-se listadas a seguir, segundo município de ocorrência.

− Biomphalaria occidentallis Paraense, 1981

Alto Paraguai, Arenápolis, Cabaçal, Cáceres, Cachoeirinha, Cuiabá, Diamantino, Jaciara, Jauru, Nortelândia, Nossa Senhora do Livramento, Pontes e Lacerda, Quatro Marcos, Rondonópolis, Rosário Oeste, Santa Elvira e Várzea Grande

− Biomphalaria schrammi (Crosse, 1864)

Alto Araguaia, Arenápolis, Guiratinga, Juscimeira e Rondonópolis.

− Biomphalaria straminea (Dunker, 1848)

Diamantino.

− Biomphalaria tenagophila (Orbigny, 1835)

Várzea Grande.

− Drepanotrema anatinun (Orbigny, 1835)

Lago Peri, no rio Juruena (Haas, 1949a).

− Drepanotrema cimex (Moricand, 1839)

Cáceres e Cuiabá.

− Drepanotrema depressissimum (Moricand, 1839)

Alto Araguaia, Rondonópolis e São Pedro.

− Drepanotrema lucidum (Pfeiffer, 1839)

Alto Araguaia, Alto Paraguai, Arenápolis, Cáceres, Cuiabá, Diamantino, Guiratinga, Jauru, Pontes e Lacerda, Rondonópolis e São Pedro.

− Pomacea Perry, 1810

Alto Araguaia, Barra do Bugres, Cáceres, Poconé, Quatro Marcos e Rio Branco.

A esquistossomose, doença causada pelo S. mansoni , é uma endemia relativamente comum na área em análise. Todavia, até o presente momento, só foi registrada a ocorrência

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do hospedeiro intermediário nos municípios de Várzea Grande e Diamantino, fato este que recomenda a ampliação de investigações no Estado todo.

Do ponto de vista epidemiológico, além de Biomphalaria straminea , espécie incriminada como vetora da esquistossomose em Fordlândia e Belém (Estado do Pará) e de transmitir a infecção em Goiânia (Estado de Goiás), merece destaque o registro de B. tenagophila , também discriminada como hospedeiro intermediário da doença.

Do ponto de vista ecológico, cumpre salientar a importância dos moluscos como indicadores do grau de perturbação de um dado ambiente. CALLIL (1996) estudou 5 espécies de moluscos aquáticos que ocorrem no Pantanal Matogrossense, na região do Rio Bento Gomes, município de Poconé, com relação à incorporação e concentração de mercúrio (Pomacea lineata, P. escalaris, Marisa planogyra, Anadontites trapesialis e Castalia ambigua ).

Como resultado final desta pesquisa, os organismos indicadores utilizados indicaram a presença de uma fonte de mercúrio para a área de estudo, na localidade Tanque dos Padres a aproximadamente 3 Km da área urbana de Poconé, em virtude da retomada da atividade garimpeira, na década de 80.

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MAPA 003 DISTRIBUIÇÃO DOS REGISTROS DE COLETA DE VETORES E HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS DE DOENÇAS

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5. CONCLUSÃO

O planejamento do trabalho inclui, no chamado nível compilatório, uma primeira fase de compilação de dados secundários, para a qual foram utilizados os dados de literatura e coleções de museus.

As informações levantadas e registradas neste documento permitiram uma primeira caracterização da fauna. Também indicaram os pontos merecedores de complementação e refinamento na fase que se seguirá, da obtenção de dados primários através de levantamentos de campo, sendo especialmente importantes a análise, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, das áreas de tensão ecológica.

Uma terceira fase deverá harmonizar os dados finais da fauna presente com os demais elementos da paisagem, utilizando-se ainda das informações secundárias complementadas e refinadas pelos levantamentos de campo.

Considerando os 5 mapas relativos aos grupos de vertebrados (MAPAS A001 a A005), e que pese as peculiariedades de cada um dos grupos analisados (Mamíferos, Aves, Répteis e Anfíbios), podem ser identificados nove regiões, utilizando-se como critério básico o padrão de distribuição nas diversas localidades levantadas.

O Quadro 015 apresenta para cada uma das regiões consideradas, o número de localidades para as quais se tem registro, em cada um dos grupos estudados.

QUADRO 015 NÚMERO DE LOCALIDADES POR REGIÃO Mamíferos Aves Lagartos Serpentes Anfíbios TOTAL NORTE 3 5 4 13 0 25 NOROESTE 6 6 2 4 2 20 ALTO XINGU 5 4 4 8 4 25 CHAPADA DOS 1 6 1 7 1 16 GUIMARÃES CUIABÁ 7 16 9 9 4 45 RIO ARAGUAIA 5 10 11 13 7 46 RIO DAS MORTES 6 9 11 9 15 50 ALTO PARAGUAI/GUAPORÉ 11 32 11 14 5 72 PANTANAL 11 7 5 8 7 38 TOTAL 59 95 58 84 45 337

Da análise do Quadro 015, juntamente com os respectivos Mapas, pode-se depreender que o conhecimento dos diversos grupos, em cada uma das regiões consideradas, é bastante diferenciado.

De um modo geral, evidencia-se da leitura desses registros o baixo conhecimento de determinadas regiões, como por exemplo o Alto Xingu, o Norte e o Noroeste do Estado frente às regiões de Cuiabá, Pantanal e Alto Guaporé e Alto Paraguai, rio da Mortes e rio Araguaia.

Esse padrão de distribuição das diversas localidades de coleta e/ou observação, deve-se principalmente às expedições do final do Século XIX, sobretudo quando se considera os registros de aves e mamíferos.

Mesmo os registros mais recentes, bastante expressivos para alguns grupos, tendem, de certa forma, a priorizar as regiões do Pantanal, de Cuiabá e da Chapada dos Guimarães, o que pode ser explicado pelas peculiariedades ecológicas das mesmas (entre elas a existência de ambientes mais conservados), associadas a maior facilidade de acessos nelas encontradas.

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Considerando os diferentes grupos estudados, pode-se, então, tecer, nessa fase do trabalho algumas considerações sobre cada uma das regiões identificadas, como se segue.

5.1. NORTE

Abrange as seguintes localidades: Rio São Manoel; São Simão ( rio Juruena); Cafeara (Rio Teles Pires); Alta Floresta; Rio Peixoto azevedo; Matupá; Rio Ferro, Cafeara; Marcelândia; Analândia do Norte; Vera; Sorriso; Sinop; Tapurah; São José do Rio Claro; Garimpo Micharia.

A região Norte apresenta-se mal documentada para a maioria dos grupos investigados, com excessão aos répteis, para os quais tem-se cerca de 17 localidades, sendo 13 referentes às serpentes e 4 relativas aos lagartos.

O maior número de coleta e/ou observação das serpentes na região Norte do Estado, deve-se principalmente, aos registros da Coleção do Instituto Butantã do Estado de São Paulo. Por se tratar de uma região de colonização nova, i.e., de desmatamentos recentes, muitos exemplares de serpentes encontrados pelos fazendeiros foram encaminhados a esse Instituto.

A baixa cobertura encontrada para essa região, deve-se, em grande parte, à maior dificuldade de acesso e à existência de áreas indígenas extensas.

Das localidades apontadas para os mamíferos, destaca-se Alta Floresta, com dados relativos bastante significativos da fauna de morcegos. As demais, rio São Manoel e cachoeira São Simão, rio Juruena e referem-se a levantamentos acidentais. Observa-se que, recentemente, durante o ano de 1995, foi realizado, por iniciativa da Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEMA, um inventário faunístico no Estação Ecológica Estadual de Apiacás, porém, esses dados não estavam disponíveis por ocasião da elaboração deste documento.

Assim, essa região deverá ser uma das prioridades de estudos nas fases subsequentes.

5.2. NOROESTE

Utiariti; Rio Branco; Cachoeira das Panelas; Camp 30; Dardanelos; Ilha dos Patos; Campo de Chioropotes; Aripuanã; Juruena; Rio Buriti; Igarapé Jenipapo; Mutum Cavalo; Rio do Calor, Rio Doze de Outubro, Campos Novos; Córrego Primavera.

A região Noroeste também se encontra mal documentada para a maioria dos grupos estudados, sobretudo répteis e anfíbios, para os quais os registros existentes são esporádicos e/ou acidentais.

Tanto para as aves, quanto para os mamíferos, parte dos registros feitos nessa região refere-se à Expedição Rooselvelt - Rondon (Localidade – “Camp 30”, Utiariti e Tapirapoã).

Para esses grupos, especialmente para as aves, há também importantes registros feitos pelo Instituto de Pesquisas da Amazônia - INPA nas proximidades do rio Aripuanã, nas localidades de Dardanelos e Ilha dos Patos (NOVAES,1976).

Para os mamíferos especificamente, a outra localidade, para a qual se tem registros, Campos de Chiropotes, refere-se a um levantamento de uma única Ordem, Primatas, feito por

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AYRES (1981), porém apresenta registros importantes para outras formas, tais como Puma concolor, Eira barbara, Nasua nasua, Tayassu peccari, Bradypus sp.

Para todos os grupos, no entanto, essa região, assim como a anterior, possui um forte apoio indireto, i.e., os registros referentes à Rondônia, cuja a fauna de vertebrados encontra-se melhor estudada, seja pelo Programa POLONOROESTE, desenvolvido pelo Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq, na década de 1980, seja por diversos empreendimentos hidroelétricos promovidos, principalmente pela ELETRONORTE em Rondônia.

Essas regiões Norte e Noroeste possuem fortes afinidades amazônicas, o que foi claramente evidenciado pelas serpentes, grupo para o qual se tem mais informações.

Do mesmo modo que a região Norte, esse setor também deverá ser priorizado em termos de levantamentos primários.

5.3. ALTO XINGU

Diauarum, Jacaré (rio Kuluene); Posto Leonardo; Lagoa Ipavu; Rio Tanguro; São Domingos; Fazenda São José; São José do Xingu; Batoví; Sul do Amazonas; Sete de Setembro; Ribeirão Cascalheira; Tanguro; Canarana; Rio Suiá Missu; Posto Jacaré; Posto Kuluene.

Essa região encontra-se relativamente bem documentada para a maioria dos grupos estudados. A maior parte das localidades para as quais se têm registros referem-se ao Parque Indígena do Xingu (Posto Leonardo, Lagoa Ipavu, Posto Jacaré e Posto Culuene), realizados de forma não sistemática pelo MZUSP.

Para os anfíbios admite-se que esta região foi muito bem coberta pelos zoólogos Gertrud Rita Kloss e Paulo Emílio Vanzolini, em diversas ocasiões. Acredita-se que a eventual necessidade de levantamentos nessa área, para este grupo será apenas em função de um apuramento maior das informações.

Por outro lado, o levantamento de qualquer grupo, na área do Parque Indígena, pode significar um referencial ecológico importante, tendo em vista os objetivos finais desse trabalho.

5.4. CHAPADA DOS GUIMARÃES

Chapada dos Guimarães, Nortelândia; Tangará da Serra; Nobres; Sapezal; Mundo Novo; Cachoeira.

Embora muito próxima de Cuiabá, a região da Chapada dos Guimarães, foi aqui individualizada por situar-se em uma situação altimétrica peculiar, que condiciona um cerrado típico, o que implica em diferenças ecológicas importantes.

Para todos os grupos estudados há registros na Chapada dos Guimarães, sendo que para alguns, como por exemplo aves, têm-se levantamentos em épocas distintas:

− H.H.Smith, entre 1882 e 1886 (ALLEN, 1993);

− O.Pinto, em 1937 ( PINTO,1940);

− Willis e Oniki, em 1987 (WIILIS & ONIKI, 1990).

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No caso dos mamíferos é interessante notar, ainda, que os registros existentes referem-se a uma única campanha com duração de aproximadamente 6 meses (THOMAS, 1903) e à campanha feita po H.H Smith.

5.5. CUIABÁ

Lavrinhas; Alecrim; Tatuba; Engenho do Capitão Antônio Correia; Aricá; Cuiabá; Avuaçu; Pita Canuda; Fazenda de Cima; Corcundo; Rondonópolis; Santo Antônio de Leverger; Inhumas; Rio Manso; Recanto Passárgada; Ribeirão Barbado; Cuiabá; Vázea Grande; São José da Serra; Fazenda Serrinha; Baía de Chá Mariana; Itiquira; Fazenda Santa Fé; Fazenda Aricá (rio Aricá); Palmeiras; Fazenda Maravilha; Gustavo Dória; Nossa Senhora do Livramento; Poxoréu; Fazenda Serrinha; Brilhante; Tesouro; Guiratinga; Coxipó da Ponte.

Para todos os grupos tem-se um bom número de localidades nessa região de Cuiabá.

Para certos grupos, como aves, o número de localidades é bastante expressivo (16). Para este grupo tem-se, também, um número elevado de levantamentos nesta região, a saber:

− Natterer, entre 1824 e 1830 (PELZELN, 1868-1870)

− H. H. Smith, entre 1882 e 1886 (ALLEN, 1893);

− G. Cherrie, em 1913 (NOUMBURG, 1930)

− O.Pinto, em 1937 (PINTO,1940)

− Willis e Oniki, em 1987 (WILLIS & ONIKI, 1990)

Do mesmo modo que para as aves, para os mamíferos, répteis e anfíbios, embora não se tenha um número tão elevado de localidades (cerca da metade do valor encontrado para aves), pode-se dizer que a área está razoavelmente bem explorada, mas para alguns grupos, como por exemplo os anfíbios, o número de espécies é pequeno, indicando a necessidade de maiores investigações.

Observa-se que, para aves e mamíferos, grande parte das localidades relativas a essa região diz respeito aos levantamentos feitos por expedições do século passado, sobretudo por Natterer e H.H.Smith.

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5.6. RIO ARAGUAIA

Cocalinho; Barra do Garças; Torixoréu;Couto Magalhães; Alto Araguaia; Lago Itaci; Barra do Tapirapés; Registro do Araguaia; Santa Terezinha; Aldeia Tapirapé; Porto Velho, rio Tapirapé; Fazenda Mato Verde; São Félix; Mata do Diabo; Taquaral; Portão de Pilatos; Cabeça de Boi; Samambaia; Sítio do Velho Angelo Severo; Rio Cristalino; Travessão do Araguaia; Ribeirão Pindaíba.

Para essa região, tem-se também uma grande quantidade de registros para répteis e anfíbios, que são os dois únicos grupos para os quais se tem registros referentes às localidades do Alto Araguaia, especialmente bem trabalhadas por Janalee Caldwell em 1988 (CNEC, 1989), que levantou os anfíbios dessa área.

Para as aves e mamíferos a maior parte dos registros nessa região refere-se às coletas e/o observações de Natterer (PELZELN, 1883), sendo que para o segundo tem-se, também, dados da Comissão Rondon (MIRANDA-RIBEIRO, 1914), além de alguns levantamentos ocasionais.

5.7. RIO DAS MORTES

Base Camp; São Domingos (rio das Mortes); Paranatinga; Pindaíba; Xavantina; Nova Xavantina; Meruri; São Marcos; Serra do Roncador; Rio das Mortes; Dumbá; Ponta da Serra Azul; Serra Solteira; Garapu; Córrego Jacubim; Mombuca; Rio Pimentel; Aldeia Velha; Brejo do Rodeio; Local do Massacre; Molha Saco; Lagoa Santa Terezinha; Cabeceiras do Butantan: Aldeia de Caça dos Índios Xavantes; Serra da Pitomba.

Para todos os grupos levantados tem-se que essa região apresenta uma boa base de dados, não necessariamente, refletida no número de localidades, mas através dos registros efetuados por expedições significativas.

Para os mamíferos tem-se os registros da Expedição Butantan (Vieira, 1951); para as aves tem-se o levantamento feito por Fry, na Serra do Roncador (FRY, 1968); para répteis e anfíbios tem-se, o material coletado por Werner C.A. Bokerman, também, da Expedição Butantan.

É interessante notar que os dados relativos a essa região referem-se, em alguns casos, a uma época em que a área era ocupada por índios Xavantes. Dado que há boas coleções dessa área, seria da maior importância compará-las com dados mais atuais, como forma de buscar o entendimento das modificações faunísticas decorrentes das alterações antrópicas que aí se instalaram.

Observa-se que, para as áreas de Cerrados, existentes nessas 6 últimas regiões, embora as espécies existentes sejam conhecidas para a maioria dos grupos estudados, faltam informações atualizadas sobre o levantamento de uma fauna local completa, o que poderia ser objeto dos futuros levantamentos primários, em localidades estrategicamente definidas.

5.8. ALTO GUAPORÉ / ALTO PARAGUAI

Barracão Queimado; Serra da Borda; Alto do Sapé; Vila Bela da Santíssima Trindade; Barra do Bugres; Salto do Céu; Pontes e Lacerda; Casalvasco; Araputanga; Mirassol d’Oeste; Porto Esperidião; Cabeceiras do Cabaçal; Cáceres; Fazenda Santa Edwiges; Salto do Alegre (rio Jauru); Tapirapoã; Engenho do Capitão Gama; Registro do Jauru; Salto do

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Sepotuba; Caiçara; Retiro do Veado Branco; Estação Ecológica da Serra das Araras; Fazenda Santa Inez; São Lourenço, Utiariti (rio Papagaio); Rio Papagaio; Coutinho; Pde. M. Alves; Fazenda Sangrador; Rio da Flechas; Pouso dos Dois Irmãos na Campina; Jacobina; Lagoa Chacororé; Pau Sêco; Fazenda Pindaíval; Córrego das Areias; Córrego Fundo; Estiva Velha; Dourado; Fazendado Pde Baptista, Fazenda Francisco Xavier; Pilar do Arraial; São Vicente; Tangará; Ribeirão do Cágado; Campos do Encanto; Caité; Estiva Nova; Bezerra; Aldeia Queimada; Porto Campo.

Essa região é a que concentra a maior quantidade dos registros considerados, compreendendo os trabalhos desenvolvidos no Século XIX, os inventários mais recentes, como o Programa POLONOROESTE, desenvolvido pelo CNPq entre os anos de 1980 - 85, e também alguns levantamentos de aves (WILLIS, 1976; SILVA & ONIKI, 1988; WILLIS & ONIKI, 1990).

Embora bem documentada para a maioria dos grupos, faltam informações referentes às relações entre as bacias Amazônica e do Paraguai.

5.9. PANTANAL

Poconé, Piranema; Rio Pixaim; Porto Jofre; Fazenda Jofre; Itiquira; São Lourenço; São João; Descalvados; Posto do IBAMA; Pantanal; Porto Limão; Ilha de Taiamã; Insua; Taquari; Poconé; Angelical (rio Jauru); Tucum; Ucurizal.; Porto Caracará; Paratudal.

Essa região é relativamente bem conhecida para a totalidade dos grupos estudados. Para alguns tem-se estudos exaustivos em determinadas regiões, como é o caso do trabalho desenvolvido por SCHALLER (1983), para mamíferos.

Além disso, há boas coleções para os Estado do Mato-Grosso do Sul, que servem como apoio indireto na identificação de sua fauna. Além de alguns estudos específicos, como o de CINTRA & YAMSHITA (1990).

Observa-se, ainda, que o projeto PCBAP, através da EMBRAPA - MS, vem trabalhando nessa região, bem como na anterior, desenvolvendo alguns estudos de fauna. porém, os resultados desses trabalhos ainda são parciais, não sendo possível sua utilização.

Em relação aos peixes, o cartograma apresentado reflete claramente o estágio de conhecimento deste grupo.

Como já mencionado anteriormente, verifica-se que a maior parte das localidades de coleta apuradas encontram-se na Bacia Paraná/Paraguai.

Assim como para os outros grupos de vertebrados, para a Bacia do Paraná/Paraguai há boas informações quanto as espécies aí ocorrentes, tanto em função de levantamentos mais remotos, quanto devido às expedições mais recentes, sobretudo na região dos de Cuiabá.

Observa-se que, mais recentemente, pesquisadores da EMBRAPA - MS , sob a coordenação do Prof. Dr. Agostinho Catella, através do Programa de Conservação do Alto Paraguai - PCBAP, desenvolveram uma série de levantamentos de peixes nessa região, porém, por ocasião da elaboração deste relatório, as informações relativa a esses estudos não estavm disponíveis por se encontrarem em fase de sistematização.

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Além disso, conta-se com as informações relativas ao Pantanal do Mato Grosso do Sul, sendo que, atualmente, está em preparação pelo Dr Heraldo Britski, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, o “Catálogo de Peixes do Pantanal”.

Para as outras bacias, no entanto, verifica-se que a quantidade de informações que se dispõe é bastante restrita.

Para a bacia do Araguaia /Tocantins tem -se cerca de 4 localidades de coleta que em sua maior parte, se referem a uma série de coletas feitas em alguns córregos na região de Alto Araguaia e Barra do Garças.

Na bacia do rio Madeira tem-se parte das coletas concentradas na região de Aripuanã, relativas às expedições feitas pelo MZUSP e pelo INPA.

Outra parte das informações sobre a ictiofauna do Madeira refere-se ao material coletado na sub-bacia do rio Guaporé, na região de Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes Lacerda, pelo MZUSP, através do Programa POLONOROESTE e pela expedição MZUSP/ USNM.

Em relação à bacia do rio Tapajós, a maior parte do esforço de coleta registrado, refere-se ao material coletado por Bokerman, em 1980, no rio Peixoto de Azevedo, no Município de Cachimbo; pelo Convênio CEMAT/ ENGEVIX, em 1988, no rio Apiacás, em Juara; e por N. Menezes e H. Britiski na sub-bacia do rio Arinos, na região de Nobre e Diamantino.

Para bacia do Xingu tem-se o menor esforço registrado (cerca de 10 localidades), sendo que as localidades levantadas apontam uma cobertura espacial bastante pequena. Os materiais pesquisados, em sua maior parte, referem-se a campanhas realizadas na década de 60, GOSSE (1964) e MCCONNEL (1968).

Os registros mais recentes referem-se a duas campanhas, uma feita em 1984 e a outra em 1993, ambas na região da confluência dos rios Kuluene e Sete de Setembro, no Alto Xingu.

A análise do Mapa 003 - Distribuição dos Registros de Coleta de Vetores e Hospedeiros Intermediários de Doenças, pode-se depreender que os estudos relativos à fauna entomológica e malacológica de interesse médico - sanitário no Estado de Mato Grosso são, ainda, em algumas regiões, bastante precários, sendo que para a região Norte, de colonização nova, praticamente inexistem informações dessa natureza.

Para a fauna triatomínea os estudos disponíveis indicam a existência de levantamentos específicos somente nos municípios de Cuiabá e Alto Taquari.

Em relação aos dípteros hematófagos verifica-se que os registros relativos de anofelinos concentram-se nas regiões do extremo norte, Alto Paraguai e de Cuiabá, existindo um único levantamento na região do Alto Araguaia (municípios de Alto Araguaia e Alto Taquari). Além desses deve ser destacado o estudo realizado no Parque Nacional do Xingu.

Já para os outros gêneros de dípteros tem-se registros esporádicos, não se observando uma cobertura significativa para nenhuma região do Estado.

Quanto aos moluscos límnicos, os levantamentos disponíveis referem-se, apenas ao Sul do Estado, com maior concentração na região de Cuiabá.

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ANEXOS

ANEXO - MAPAS