O G uia de teatro

P Os produtores Ou a história de dois vigaristas que não querem fazer sucesso! Jornal do Teatro Em Cartaz Cláudia Jimenez Cininha de Paula Companhia Aplauso Deborah Evelyn Felipe Hirsh Luiz Salem Miguel Paiva Pedro Brício Pedro Paulo Rangel Miguel Falabella, Suely Franco Juliana Paes e Vladimir Brichta

ANO IX Nº 92 exemplar gratuito bastidoresbastidores Em todas as posições “­­Em meus vinte e poucos anos de carreira, joguei em muitos lados desse campo, sempre vestindo a camisa do meu time: o da comédia! Por opção e vocação, faço parte, com muito orgulho, deste escrete. Na posição de ator, bati bola com os maiores craques da seleção da diversão do teatro brasileiro de comédia. Algumas vezes como artilheiro, outras como centroavante, mas até de ponta direita e esquerda já atuei. Mas durante todo o tempo dessa peleja, venho ensaiando uma nova jogada, ou seja, adentrar o gramado como autor. No passado arrisquei alguns passes, sempre em parceria: com Aloísio de Abreu em Subversões, Licia Manzo em Salada e Stella Miranda em Risoto, balançamos a rede e corremos para o abraço! Agora é a hora de uma jogada individual, numa nova partida. Eu me sinto meio como o goleiro na hora da cobrança do pênalti, com o agravante de que sou eu mesmo quem cobra a falta. O que me tranqüiliza é que, neste amistoso, batendo bola comigo em campo, conto com o auxilio luxuoso e a garra de Alcemar Vieira. Na reta- guarda, estão Stella Miranda, Gringo Cardia, Cao Albuquerque, os irmãos Caldi e Mart’nália, companheiros de outros campeonatos que junto aos novos parceiros que chegaram para essa rodada formam um Über time! Über? Über é uma expressão alemã que destaca o que é mais que demais! O máximo! Pode ser alguma coisa, algum lugar, um jeito de ser, de estar ou de contar! Über é também o nome de batismo deste meu primeiro texto, que se apropria do termo e amplia o conceito. Uma despreten- siosa reflexão por diversos lados: o lado que se vê, o lado que se esconde e o lado que é impossível controlar. A bola está rolando na arena do Teatro Candido Mendes, em Ipanema. Posso garantir que se você vier e se divertir, a gente vai ter a certeza de ter marcado um gol! De placa! ” divu l gação Luiz Salem, abril de 2008 jornaldoteatrojornal do teatro Pela internet Da teoria à prática Um oceano literalmente separa o Uma reflexão sobre o teatro, elenco de What’s Wrong with the combinando teoria e prática, é a World?, de Julian Maynard Smith proposta do projeto Três Vezes e Rubens Velloso. No palco do Teatro, que ocupa o Centro Cultu- Oi Futuro, no Rio, ficam Andrea ral Justiça Federal durante todo o Tedesco, Beto Matos e Marcos mês de abril. A programação inclui Azevedo, que contracenam ao vivo, seminário (sextas-feiras, 18 horas), pela internet, com Sue Hart, Helen oficina para atores (também sextas, Palmia e Thomas Powtill, da Station das 14h às 17h)) e a peça O Animal Opera House, em Londres. Uma do Tempo, de Valère Novarina, com peça vivida simultaneamente em Ana Kfouri à frente do elenco. A dois países, pelo mesmo elenco. direção é de Antonio Guedes. Dias: No roteiro, reflexões sobre o que é segundas e quartas, 19 horas. real e o que é virtual. Interatividade Cada espectador de Cuidado com Circo no Palco o Cão, novo trabalho da Companhia Sob direção de Jorge Fernando, do Teatro Íntimo, tem uma respon- o grupo Irmãos Brothers come- sabilidade além de assistir e aplaudir mora 15 anos levando acrobacias a montagem. Antes do início do e palhaçadas ao palco do Teatro espetáculo, o público recebe lan- das Artes. Em diferentes esquetes ternas para lançar luz sobre o palco, humorísticos, o universo circense levando a diferentes apresentações entra em cena trazendo pernas de a partir dos pontos iluminados. A pau, malabarismos, monociclo, ilu- peça, de Tarcísio Lara Puiati, com sionismo e números de trapézio. O direção de Renato Farias, está sendo espetáculo ganhou o Prêmio Jovem encenada na Sede da Cia dos Ato- Carequinha Funarte, de 2007. res, na Lapa, até o fim de abril.

Aplauso é uma publicação mensal da Sociedade Cultural Itaipava Ltda. Redação, adminis- tração, publicidade, informações sobre assinatura e correspondência: Rua Gal. Venâncio Flores, 620/101, CEP 22441-090, , RJ. Tels.: (21)2233-6648, 2263-1372 e 2516-5056. E-mail: [email protected]. Diretora: Ivonette Albuquerque. Colabo- radores: Walkyria Garotti (edição de arte); Olga de Mello (textos). Jornalista responsável: Catarina Arimatéia MTb.: 14135. Certificado de Registro de Direito Autoral nº 155.441. Impressão: Grafitto. Capa: William Aguiar / Divulgação www.aplauso.art.br palavrapalavrapalavra de diretor Pedro Brício Diamantes e patrocínio

Acabei de dirigir uma peça inspirada na obra do escritor americano F. Scott Fitzgerald, Fitz Jam. O espetáculo fala sobre os impasses do

capitalismo, os delírios da fantasia, de uma divulgaçã o / t v gl obo montanha de diamantes que explode. Duran- “O teatro brasileiro é um ótimo investimento”, diz Brício, novo gestor te o processo, fiquei pensando muito nessa do Teatro SESC da Barra relação entre arte x dinheiro – tão presente na vida de Fitzgerald e também nas nossas. Fiquei pensando que uma boa peça de teatro é como diamante, que tem seu valor por ser ter produzido muitos, muitos “diamantes” ‘um objeto raro, de grande beleza. Mas como nos últimos anos. encontrar esses diamantes? Para criá-los e Daí a importância de formar platéias e talhá-los precisamos apenas do trabalho, do atraí-las com espetáculos de qualidade, sem talento e da sorte, ou é necessário alguém megalomania, mas com investimento no para financiar essa aventura? profissionalismo, no critério e na inteligência. Em outras palavras, o teatro precisa de É um investimento no longo prazo – coisa patrocínio para poder existir? rara nesse país – que comprova que o público Hoje em dia, sim. Quase nenhuma peça quer ir ao teatro, mas muitas vezes não pode consegue ser produzida e se manter em pagar por ingressos tão caros. Apesar da cartaz apenas com a bilheteria. Deveríamos lentidão nas políticas culturais públicas, acho trabalhar para reverter essa situação. Temos que o teatro brasileiro vive um momento cria- de seduzir o público com as nossas peças tivo muito bom. Se conseguirmos aprimorar para não dependermos tanto dos patroci- os nossos modos de produção, em harmonia nadores. E, em relação a eles, precisamos com o governo e os patrocinadores, temos mostrar que o teatro brasileiro é um ótimo tudo para levar ao público “diamantes” dos investimento – por seu valor cultural e por mais preciosos. Torço por isso.” Nossa Odisséia radicado no Brasil há 16 anos, onde foi um dos fundadores do grupo L’acte – Atos da O lúdico e o real, a ousadia e a paixão, o mergulho Criação Teatral. em si mesmo e o refl exo no trabalho coletivo. Com esses ingredientes, a Companhia Aplauso começa a Viagem íntima Trabalhando com direção de atores em trabalhar seu novo espetáculo Por Olga de Mello oficinas e laboratórios na Funarte e na Os atores da companhia serão instados Ca sa de Artes de Laranjeiras (CAL), esta a não apenas conhecer o texto do poema, s viagens de um guerreiro, que en- ganhar um aspecto brasileiro em Nossa Odis- é a primeira experiência de Thierry com mas a intervir em cada linha, criando novos frenta perigos por vinte anos até séia, o novo espetáculo que a Companhia jovens de baixo poder aquisitivo. “O Rio é relatos a partir de suas próprias trajetórias. A voltar para casa, formam a base de Aplauso apresentará, em junho, sob a coor- um choque visual para quem vem de países “Quero que cada um conte sua odisséia, Odisséia, o poema épico atribuído a Homero, denação de Thierry Trémouroux, que acaba muito homogêneos, como eu. As cores, a que fale um pouco de sua história, suas pai- que conta as aventuras de Ulisses, o Rei de de assumir a direção artística do grupo. luminosidade, os sons são inebriantes, mas xões, suas frustrações, seus lamentos, suas Ítaca, aguardado em seu castelo pela fi el Não há um Ulisses escolhido. “Nem sei a pobreza cala fundo. Trabalhar diretamente glórias. Ulisses percorre diversos caminhos Penélope. se Ulisses será um ator específi co ou se com pessoas que têm uma realidade dife- antes de chegar em casa, passa por tenta- Coragem, paixão e fi delidade são alguns diversos meninos e meninas irão mostrar rente da juventude dourada da Zona Sul é ções, precisa usar de subterfúgios diversos dos valores cantados no clássico, que vai suas diferentes facetas”, diz Thierry, belga instigante”, diz Thierry. para sobreviver, sem questionamento ou

“É impressionante como os alunos “O projeto é tão intenso que não “O aprendizado não é apenas para a conseguem absorver tudo o que é novo sem “Hoje o grupo mostra outra atitude visual, acrescenta apenas a eles, mas também carreira artística, mas para a vida”. preconceitos, sem barreiras culturais”. gestual e até no modo de se vestir”. obriga o professor a se renovar”. Rodrigo Braga, pesquisador musical Lílian Secco, diretora Musical Eduardo Gomes, coreógrafo Christian Landi, preparação de atores FOTOS: DIVULGAÇÃO FOTOS: julgamento moral. Esses meninos, não. A À fl or da pele “Queremos desconstruir o aprendizado Quem são eles partir do tema “Valores e Virtudes”, que o cênico para procurar a emoção dentro Uma das situações vividas por Ulisses Criada em 2005, a companhia é Galpão Aplauso vem trabalhando, eles se dos atores. A pergunta principal é: ‘o que e seus companheiros – o fato de só con- formada por 50 jovens de comunidades me emociona?’. Na busca dessa resposta, incomodam com as mentiras e os atos de seguir escapar do gigante Polifemo depois que participaram de ofi cinas de desrespeito que Ulisses comete para salvar de cegá-lo – a princípio era vista como um descobrimos o lúdico, a memória afetiva, e circo, teatro, dança, música e artes a si e a seus companheiros. Vejo isso a feito audacioso dos gregos, mas passou por nos apropriamos da vivência particular para plásticas no projeto Talentos da Vez. partir de refl exões que estamos exercendo”, uma nova leitura. O elenco entendeu que os formar uma trama coletiva, sem espaço para São considerados artistas completos, explica o diretor. gregos invadiram uma propriedade alheia, narcisismo”, conta o diretor. que já somam em seus currículos por isso foram aprisionados. Ao tirarem a A primeira parte da jornada dos jovens os espetáculos 5 x Rodrigues & visão de seu captor, estão condenando o atores da Companhia Aplauso será mostra- Rodrigues, Amazônia, vida e mistério Polifemo à miséria. A partir deste episódio, da em julho, mas Nossa Odisséia poderá e e O Mambembe, além de turnês pelo a companhia discutiu violência, invasão e a deverá sofrer alterações antes de alcançar Nordeste, Centro-Oeste e Alemanha. dor de quem é espoliado. um formato fi nal.

“Inserir fi losofi a na arte é contextualizar a ciência na rotina dos alunos do Galpão Aprendizado Aplauso. Quando trazemos o estudo de mitos e associamos linguagem a eles, Os professores do Galpão Aplauso estamos articulando a relação entre teoria não se limitam ao ensino das artes e prática, o que pode ser direcionado cênicas, mas seguem um plano de à vida, mas também à evolução trabalho que, ao longo dos próximos profi ssional. É uma experiência de grande dois anos, desenvolverá atividades que “Refl etir sobre afetividade e emoção não intensidade para alunos e professores!” privilegiarão a refl exão sobre valores é fácil para nenhum jovem da atualidade, Noeli Ramme, professora de fi losofi a (verdade, liberdade, justiça) e virtudes mais acostumado a respostas diretas (solidariedade, respeito, dignidade, e objetivas, sem aprofundamento “Ao refl etir sobre o gesto, os jovens saem honestidade), levando temas como em relação aos temas. Nosso projeto de suas referências únicas e pessoais, direitos humanos, justiça social e “O projeto do Galpão Aplauso não se limita tem encontrado muita receptividade, obtendo o embasamento necessário equilíbrio entre conduta individual e a ensinar artes cênicas a jovens. O grande tanto entre os alunos quanto entre para incorporar na vida o que a arte está bem-estar coletivo a serem estudados trunfo do projeto é sua continuidade, com os professores, que também vem apontando”. e tratados no cotidiano dos alunos. o encaminhamento que eles recebem trabalhando com sensibilização para Cristina Novaes, cenógrafa e Noções que serão utilizadas na para a carreira artística. E o trabalho não é os valores e virtudes que perpassam pesquisadora de conteúdo apresentação de peças. Para melhor importante apenas para a vida dos alunos, diferentes aspectos da vivência. O entendimento da Odisséia, por exemplo, mas para todos que estão envolvidos “É importante que os alunos percebam interesse é grande. Professores e alunos os jovens têm sido estimulados a neste processo. Para mim é mais que um que a arte não se limita a um espetáculo, estão engajados, entusiasmados por conhecer a mitologia grega e um aprendizado, é algo que me nutre e me mas a questionamentos de valores e essa refl exão que promove mudanças na pouco de fi losofi a, tudo com exercícios integra à realidade de um outro Brasil, paixões que estão fora do teatro”. vivência de cada um” concretos e lúdicos, relacionados ao do qual eu permaneci distanciada por Jacqueline Cavalcanti Chaves, psicanalista Sophie Sheila Fahri, psicanalista e dia-a-dia de cada um. muito tempo”. e pesquisadora de conteúdo pesquisadora de conteúdo Beth Martins, diretora de circo m 1968, um escritor de televisão fez sua brilhantismo de Mel Brooks. O personagem estréia como cineasta na direção de uma foi um grande presente. O Miguel é um ator E ácida comédia sobre Max Bialystock e de grande criatividade, irreverência, carisma Leo Bloom, dois produtores teatrais vigaristas. e generosidade. O encontro com ele, em uma Os produtores O filmePrimavera para Hitler tornou o diretor peça que fala de amizade, é uma das grandes Mel Brooks e o ator Gene Wilder os principais alegrias que já tive no palco”, diz Brichta. Clássico da comédia musical, nomes da comédia de Hollywood nas duas Pródigo em elogios aos companheiros de sucesso da Broadway chega ao Rio décadas seguintes. Em 2002, Brooks animou- cena, Falabella diz que Brichta tem total se a iniciar uma carreira teatral, levando a domínio do personagem, ao qual imprime Por Olga de Mello mesma história – em forma de musical – para charme, enquanto ressalta a performance a Brodway. Os Produtores foi o musical que de Juliana Paes, que assumiu o papel de mais prêmios ganhou em toda a história da Ulla, uma bela dançarina sueca, depois que Broadway, permanecendo cinco anos em Danielle Winits engravidou. E acrescenta: cartaz e contabilizando um público superior “Não apenas Wladimir e Juliana são ótimos. a quatro milhões de espectadores. Temos um elenco com mais de vinte atores Na pele de Max Bialystock, Miguel Fa- e dançarinos. O Malcom MacDowell costuma labella, que também dirige o espetáculo, dizer que um ator só pode se considerar gran- incorpora mais um personagem de moral de se consegue se encantar com o colega em dúbia à galeria de tipos não muito honestos cena. Tenho a sorte de contar com um grupo que popularizou na televisão. “Max Bialys- de craques, que sabem fazer arte com prazer. tock, o produtor picareta, um velho judeu É delicioso ter a oportunidade de apresentar novaiorquino, é igual ao malandro brasileiro. histórias que farão o público sair do teatro Quando assisti à peça em Nova York, senti cantarolando e com um sorriso nos lábios”. vontade de trazer para cá, mas ainda não Miguel Falabella assina a adaptação do era velho o bastante para fazer o Max nem musical, coreografado por Chet Walker. A tão jovem para viver o Leo. A idade certa direção musical é de Gerardo Gardelin com chegou e adorei entrar nesse personagem, Felipe Senna. Alberto Negrin assina os cená- que já foi interpretado por dois mestres como rios; Fabian Luca, os figurinos. A iluminação Zero Mostel, no cinema, e Nathan Lane, no é de Jorge Peres. O som, de Pablo Abal. teatro”, diz Miguel Falabella. Superprodução Confetes A versão nacional de Os Produtores tem mais de 350 figurinos e 60 perucas – todas de cabelos Vladimir Brichta, que faz Leo Bloom – vivi- naturais. Entre atores e profissionais de apoio, do no cinema por Gene Wilder, e por Mathew o espetáculo conta com uma equipe de 116 Broderick na Brodway – confessa não ser profissionais. A estrutura do Vivo Rio foi adaptada um profundo conhecedor nem espectador para a encenação. A casa ganhou mais 20 varas de musicais. “O produtor Sandro Chaim me de iluminação e cenários, para comportar a convidou para o espetáculo no segundo se- mega-estrutura da peça. Os cenários ocupam ar / di v ulg a çã o o : Willi am Agui

t mestre de 2006. Topei porque havia visto a cinco carretas e totalizam uma quantidade f o montagem argentina e me encantara com o superior a 10 toneladas de equipamentos. O jardim das cerejeiras Profética, a peça mostra a sociedade russa no início do século, já em processo de mutação

ltima peça escrita pelo russo Anton Sem vilões nem heróis Tchecov, que morreu seis meses de- Um dos maiores sucessos de Tchecov, a Ú pois da estréia, em 1904, O Jardim história, que aponta para os novos tempos na das Cerejeiras provoca refl exões fi losófi cas Rússia, falando em direitos dos trabalhadores e sociais. “Não é uma encenação particular- rurais ignorados pelos aristocratas, tornou-se mente difícil. É forte, emocionante, intensa emblemática para o regime sovié tico. A viúva e contemporânea”, diz Moacyr Chaves, que de Tchecov, Olga, representou Liúba na ence- dirige a montagem que estréia no Teatro nação com que o Teatro de Arte de Moscou Maria Clara Machado, com Déborah Evelyn celebrou a capitulação alemã para o exército à frente do elenco. soviético na Segunda Guerra Mundial. Para o diretor, o texto estava adiante “O interessante é que a peça não tem vilões de seu tempo – e até do momento atual: nem heróis. Lopakihn não é um grosseirão “Não é à toa que este é o último trabalho que fi cou rico, mas um fi lho de ex-servos que de Tchecov. A peça estava adiante até do tenta ajudar a família. Só que os aristocratas próprio autor. Ele mesmo morreu sem ver não estão preparados para lidar com outro tipo as mudanças que estavam para ocorrer, de vida. A inadaptação para o trabalho é culti- Para todas as horas com a queda do tzarismo russo, o fi m da vada até hoje pela classe média e pelas elites. Com O Jardim das Cerejeiras, Moacir aristocracia e a ascensão dos socialistas. O Nós também mantemos serviçais domésticos, Chaves inicia o projeto de criar um próprio Tchecov se mostrava deslocado com escravos urbanos que nos servem em troca de repertório de peças no Teatro Maria a nova ordem social que se aproximava”, salários baixos”, diz Moacyr Chaves. Clara Machado, do qual é diretor. A idéia conta Moacyr Chaves. Esta é a terceira montagem de Tchecov da é que todos os horários do teatro sejam O enredo é aparentemente simples. O qual Deborah Evelyn participa. A primeira foi ocupados por quatro peças ao mês. Jardim das Cerejeiras é uma propriedade ainda como estudante de teatro na Universidade “Ainda não fechamos a programação, rural de uma família aristocrata falida. A de São Paulo, quando fez A Gaivota. Há oito mas não queremos apenas evitar a dona das terras, Liúba, e seu irmão, Gaiev, anos, ela atuou em As Três Irmãs, sob a direção ociosidade dos espaços. O teatro não mantêm-se passivos, sem encontrar solução de Bia Lessa. “Tchecov é recorrente em minha precisa ser efêmero. Em qualquer grande cidade existe uma programação para obter dinheiro. As terras acabam sendo vida e na vida de quem ama teatro. Ele fala teatral clássica permanente. É isso que compradas por Lopakihn, um homem que sobre a ansiedade do ser humano, sobre nossa pretendemos ter aqui”, afi rma o diretor. enriqueceu com seu próprio trabalho. pequenez diante da vida”, diz Deborah. DIVULGAÇÃO FOTO: cia, pois estamos perdendo as referências da Hoje como antes infância: morrem tios, avós... Decidi investir No Natal a Gente Vem Te Buscar conta em um texto que abordasse esse período, a história da Solteirona, que pensa estar No Natal a gente além de problemas universais”, conta a atriz, viajando para a casa de uma prima, mas, também produtora do espetáculo. na verdade, será deixada em um asilo. Para Partiu de Cláudia e do produtor Marcelo Naum, a Solteirona é um personagem sem- Sabá o convite a Naum para ficar à frente pre presente na sociedade, não exatamente do espetáculo. A nova montagem sofreu na figura de uma mulher que não se casou, poucos cortes. “Enxuguei um pouco do texto mas na de algum parente desprotegido pela caudaloso e repetitivo do jovem dramaturgo, fortuna. “Ela pode ser cada um de nós. A mas nada mudou na estrutura e nas idéias. solteirona representa o medo que sentimos Tornei-o apenas um pouco mais ágil para as de nós mesmos. Quando velhos, sem forças, impacientes platéias de hoje”, conta Naum, nossa geração morta, quem vai cuidar de que considera a peça seu primeiro texto nós? Se guardarmos dinheiro ou tivermos teatral bem sucedido, pois a família “antiga parentes que nos internem num asilo bem e caipiramente paulistana”, mostrada em cuidado, ótimo! A Solteirona aparenta pouca cena, contém valores com os quais o públi- inteligência, mas é alguém que quer continu- co se identifica. “Em 1979, quando Marieta ar vivo, que enfrenta a casa de repouso para Severo era a protagonista, a montagem onde vai sem estar cansada. A vida não foi tinha um ar mais romântico. Agora, graças muito boa para ela, que, apesar de tudo, nem ao temperamento de seus intérpretes, houve pensa em morrer”, afirma Naum. uma modernização”, diz Naum. Os valores mencionados pela peça vem te buscar continuam vigorando, acredita Naum: Cláudia Jimenez em uma crônica melancólica Reencontro “As pessoas ainda se casam, têm filhos, No Natal a Gente Vem Te Buscar foi cuida-se da educação no lar, na escola, o primeiro grande sucesso de Naum sobre a família, o abandono e a velhice muitos se apóiam em alguma religião. Há Alves de Souza. O espetáculo atual conta os anos 80, depois de correr o Brasil e familiares e o abandono dos idosos, com amores, ódios, disputas, trabalho... Apenas também com a participação de Analu Portugal com No Natal a Gente Vem Te Cláudia Jimenez vivendo a Solteirona, uma aparentemente, a família assumiu novos Prestes, que trabalhou na histórica Buscar, Naum Alves de Souza acredi- mulher que a família deixa de lado, na Sala papéis. Homens podem trocar fraldas e N montagem carioca, há 30 anos: “Naquela tava que não voltaria a encenar a peça, pois Marília Pêra do Teatro do Leblon. época eu estava muito distante da mãe e lavar louça enquanto mulheres trabalham, o texto ficaria datado. Trinta anos depois, ele da tia da Solteirona. Agora, já se passou por exemplo, numa oficina mecânica ou em perdeu a conta das vezes em que sua peça Balanço uma vida. Tenho outra leitura, elas estão cargos executivos. Mas não mudou nada: os foi montada, não apenas em países de lín- Às vésperas de completar 50 anos, Cláudia bem mais próximas”. O veterano Ernani casamentos continuam, os filhos nascem, gua portuguesa, mas também na Argentina, Jimenez identifica na peça temas que lhe Moraes, que contracenou com Cláudia na crescem. A única diferença é que a maioria Uruguai, Paraguai e Canadá. Agora, Naum interessam neste momento. “É uma fase da televisão e na peça Pequeno Dicionário das relações dura pouco. O ‘até que a morte retoma a direção – e os cenários e figurinos – vida em que fazemos uma profunda reflexão Amoroso, e Rodrigo Phavanello, este nos separe’ não passa de uma frase que desta crônica melancólica sobre as relações sobre o que ficou, o que tem ou não importân- estreando no palco, completam o elenco. ninguém leva a sério”. S ch w enc k / d i v ul ga çã o : R obert f oto literatura entra em cena no Centro Não Sobre o Amor Cultural Banco do Brasil em abril, A melancolia também atravessa boa parte A literatura é a A com adaptações teatrais de textos de Não sobre o Amor, que traz trechos das que não foram imaginados, originalmente, cartas de Victor Shklovski e Elsa Triolet, com para o palco. No Teatro 1, Suely Franco Leonardo Medeiros e Arieta Correa vivendo a Não Sobre o Amor estrela o musical Um Homem Célebre, ba- dupla de escritores russos. Shklovski lançou e Um Homem seado em conto de Machado de Assis, sob o livro em 1923, inserindo cartas fi ctícias e direção de Pedro Paulo Rangel. No Teatro criando uma narrativa através da correspon- estrela 3, a correspondência entre dois escritores dência com sua amiga Elsa, que havia se mu- Célebre são adaptados para o refl ete sobre a solidão, os sentimentos e o dado para a França. Na peça, Felipe Hirsh e exílio em Não sobre o Amor, inspirado em Murilo Hauser, diretor assistente, que também teatro e sobem aos romance do russo Victor Shkolvski, adaptado assina a adaptação, incluíram a correspon- palcos do CCBB por Felipe Hirsh. dência entre o poeta Wladimir Maiakovski e sua amante, Lylia Brik, irmã de Elsa. Por Olga de Mello O título da peça vem de um pedido de Elsa a Victor, de que o amor não seja assunto entre eles. “A proibição leva-os a falar de banali- dades, da vida e de referências particulares. Tudo, então, passa a soar amoroso. À primeira vista pode parecer uma história de amor, mas essa idéia se transforma, no decorrer dessa relação, em outras idéias. A mulher que nega o seu amor é também a impossibilidade de voltar para casa, são a juventude e autocon- fi ança perdidas, é a distância do que somos autenticamente”, explica Felipe Hirsch. Os atores fi cam juntos no palco, porém não dialogam. Victor fala para a personagem Alya, o alterego de Elsa, em monólogos. A cena se divide entre a narração das lembran- ças de Shklovsky e acontecimentos produzi- dos por sua mente, onde Alya toma forma. A encenação não-realista é sublinhada pelas projeções e o cenário de Daniela Thomas, parceira de Hirsch desde 2001, quando mon- taram Nostalgia. O cenário inverte os planos de uma casa comum e retira os elementos de seus planos habituais, o que exige esforço FOTO: CAROL SACHS / DIVULGAÇÃO CAROL SACHS FOTO: dos atores. A cama, cadeira e mesa estão nas paredes e não no piso. >> >> Um Homem Célebre Ambientado em fi ns do século 19, época em todos os salões de baile da cidade”, diz de efervescência política no Rio de Janeiro, Pedro Paulo Rangel. então capital do Império, Um Homem Cé- Musicais melancólicos não são novidade lebre conta a angústia de um compositor nos 50 anos de carreira de Suely Franco, que de polcas que almeja criar peças eruditas viveu a cantora Linda Batista na premiada com a qualidade de Beethoven e Mozart. Somos Irmãs, encenada há 10 anos, no Quanto mais ele ganha prestígio e popu- mesmo CCBB. . “Musical é o que mais gosto laridade com sua música, mais deprimido de fazer em palco, seja triste ou alegre”, diz fi ca, pois percebe que jamais terá o mesmo Suely, que festeja também o reencontro com talento que seus ídolos. “É um conto pouco Pedro Paulo Rangel, seu amigo e compa- conhecido de Machado, que trata com a sua nheiro em diversos trabalhos: “Não poderia ironia característica o drama do compositor, deixar passar a oportunidade de comemorar o que nos permitiu montar um espetáculo tanto tempo de profi ssão cantando sob a divertido, apesar da tristeza do protagonista. batuta do Pepê”. O diretor, por sua vez, Este pode ter sido o primeiro momento em está completando 40 anos de carreira, com que a literatura brasileira refl etiu sobre o diversas passagens pelo universo da música. que depois chamaríamos de indústria cul- “Estudei música, dirigi óperas e até o coral tura – a arte transformada em mercadoria Garganta Profunda”, lembra Pedro Paulo para entretenimento. O compositor sofre Rangel. A direção musical do espetáculo pressão de seu editor, que exige novas fi cou a cargo de Wladmir Pinheiro, responsá- composições, pois suas polcas são tocadas vel também pela adaptação do conto. FOTO: DIVULGAÇÃO FOTO: não perca nãopercaO espectador assistiu, gostou e indica I Love Neide “Vale a pena deliciar-se com a energia e a interpretação de Eduardo Martini, neste irresistível e engraçadíssimo monólogo”. Cristiana Oliveira, atriz o s: divulgaçã t f o Otelo “A tragédia do mouro de Veneza é, sem dúvida alguma, uma das mais belas peças do repertório mundial. Vale uma ida ao teatro para conferir a genialidade de Shakespeare e o inspirado Iago de Diogo Vilela”. Miguel Falabella, ator

Cuidado com o cão “É um espetáculo que envolve, instiga e, por meio de atuações corajosas, provoca emoções violentamente delicadas”. Thiago Mendonça, ator

Como passar em concurso público “Um texto divertidíssimo, hilariante e muito bem encenado pelos atores do grupo G7, de Brasília, que têm um timing perfeito para a comédia. Riso do começo ao fim”. Zulma Mercadante, atriz em cartaz emcartazpeças, horários, teatros e preços

AMIGAS, PERO NO MUCHO CAMILLE CLAUDEL Comédia. Amigas falam sobre suas dis- Tem Sempre Algo de Ausente que me simulações, devaneios e dores. Texto: Atormenta. A vida de Camille Claudel e Célia Forte. Direção: José Possi Neto. sua paixão pelo escultor Auguste Rodin. Com Cláudio Fontana, Elias Andreato, Camille é representada pelas atrizes San- Leopoldo Pacheco, Romis Ferrreira e dra Calaça, Ingrid Koifman, Luísa Pitta e Jonatan Harold ao piano. Teatro Leblon Maria Calaça. Texto e direção: Sandra – Sala Marília Pêra (Rua Conde de Ber- Calaça. Casa de Cultura Laura Alvim nadotte, 26, Leblon). Fone: 2274-3536. – Espaço Rogério Cardoso (Av. Vieira Sexta e sábado, 23h30. R$ 50. Souto, 176, Ipanema). Fone: 2299-5583. Terças e quartas, 21h. R$ 20. BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTE Charles Möeller e Cláudio Botelho CAROLINA fazem uma releitura das músicas dos A biografia da mulher de Machado de Beatles, contando a trajetória de uma Assis e seu encontro com a morte. jovem da adolescência à vida adulta. Texto: Tarcísio Lara Puiati. Direção: Texto: Charles Möeller e Cristiano Renato Farias. Com Júlia Rabello, Gualda. Direção: Charles Möeller. Di- Laura Castro, Marta Nobrega e Sarah reção musical: Cláudio Botelho. Com Cintra. Academia Brasileira de Letras Gottscha, Marya Bravo. Teatro Leblon (Av. Presidente Wilson, 203, Centro) – Sala (Rua Fone: 3974-2500. Terça e quarta, 12h. Conde de Bernadotte, 26, Leblon). Entrada grátis. Fone: 2274-3536. Quinta, 18h. Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h. R$ 50 AS CENTENÁRIAS (qui. e sex.) e R$ 60 (sáb. e dom.). Duas carpideiras, que passam a vida em velórios e enterros no interior do BOOM Nordeste, encontram com celebrida- Jorge Fernando faz um cientista com des locais e entram em confronto com poderes paranormais, que incorpora a Morte. Texto: Newton Moreno. Dire- diferentes espíritos. Texto: Luís Carlos ção: Aderbal Freire-Filho. Com Marie- Góes. Direção: Marcus Alvisi. Teatro ta Severo, Andréa Beltrão e Sávio Moll. dos Grandes Atores (Avenida das Teatro Poeira (Rua São João Batista, Américas, 3555, loja 116/117, Barra 104, Botafogo). Fone: 2537-8053. da Tijuca) Fone: 3325-1645. Sexta e Quintas, sextas e sábados, 21 h. Do- sábado: 21h. Domingo, 20h30. R$ 50 mingo, 20 h. R$ 60 (quinta, sexta e (sex. e sáb.) e R$ 40 (dom.). domingo). R$ 70 (sábado). peças, horários, teatros e preços emcartaz

COMO PASSAR EM CONCURSO PÚBLICO Pedro Vasconcellos. Com Carol Castro, O grupo Cia de Comédia G7 satiriza a Marcelo Faria, Duda Ribeiro. Teatro obsessão dos brasileiros pela estabi- das Artes (Marquês de São Vicen- lidade no emprego público, em texto te, 52, Shopping da Gávea). Fone: de criação coletiva. Teatro dos Quatro 2540-6004. Quinta, sexta e sábado, (Marquês de São Vicente, 52, Shopping 21h. Domingo, 20h. R$ 60 (qui., sex. da Gávea). Fone: 2274-9895. Quinta e e dom.) e R$ 70 (sáb.). sábado, 19h30. Domingo, 19h. R$ 30. ENSAIOS DE MULHERES CUIDADO COM O CÃO Os bastidores de uma decadente or- A Companhia de Teatro Íntimo parte de questra feminina. Texto: Jean Anouilh. uma nota policial para mostrar como o Direção: Daniel Herz. Com Anderson amor e a violência dividem espaço em Mello, Charles Fricks, Felipe Môna- um casamento. Texto: Tarcísio Lara co, Leandro Castilho. Teatro Miguel Puiati. Direção: Renato Farias. Com Falabella (Av. Dom Hélder Câmara, Augusto Garcia, Fernanda Boechat, 5.332, Norte Shopping, Cachambi). Gabriela Haviaras. Sede da Companhia Fone: 2595-8245. Quinta a sábado, dos Atores (Rua Manoel Carneiro, 10, 21h. Domingo, 20h. R$ 30 (qui., sex. Lapa) Fone: 2242-4176. Sexta, sába- e dom.) e R$ 35 (sáb.) do, domingo e segunda, 20h. R$ 10. A FALECIDA DOIS PARA VIAGEM O universo do subúrbio carioca e os tipos Um feitiço prende no tempo dois atores criados por Nélson Rodrigues ganham que tentam apresentar uma comédia ao destaque na história de Zulmira, tuber- público. Texto: Miguel Thiré, Ma­teus So- culosa que planeja seu funeral nos mí- lano e Jô Bilac. Direção: Jô Bilac. Com nimos detalhes. Direção: João Fonseca. Miguel Thiré e Mateus Solano. Teatro Com Rafaela Amado e Guilherme Piva. Candido Mendes (Rua Joana Angélica, Centro Cultural Justiça Federal (Av Rio 63, Ipanema). Fone: 2267-7295. Sexta Branco 241, Centro). Fone: 3212-2550. e sábado, 23h. R$ 25. Quinta a domingo, 19h. R$ 20. DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS FITZ JAM Adaptação do romance de Jorge Os atores Daniela Fortes, Leonardo Amado, em que a viúva Flor volta a se Netto, Marina Vianna e Renato Linha- casar, mas continua recebendo visitas res pesquisaram os contos do escritor do falecido marido Vadinho. Direção: Francis Scott Fitzgerald para mostrar em cartaz emcartazpeças, horários, teatros e preços

a festiva Era do Jazz, antes da queda nha. Teatro Maria Clara Machado (Rua da Bolsa de Nova York em 1929. Texto Padre Leonel Franca, 240, Gávea). e direção: Pedro Brício. Espaço SESC Fone: 2274-7722. Terça a sábado, (Rua Domingos Ferreira, 160, Copa- 21h. Domingo, 20h. R$ 30. cabana). Fone: 2548-1088. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 19h30.R$ 16. LUCIO 80 30 Um velho ator ensaia uma peça no UM HOMEM CÉLEBRE quarto do hospital, onde espera o re- O musical baseado em conto de Ma- sultado de exames de saúde. Texto e chado de Assis conta a história de um direção: Lucio Mauro Filho. Com Lucio compositor popular que sofre por não Mauro, Lucio Mauro Filho, Alexandre conseguir tornar-se um criador de peças Barbalho e Luly Barbalho. Teatro Le- clássicas. Direção: Pedro Paulo Rangel. blon – Sala Tônia Carreiro (Rua Conde Com Suely Franco, Júlia Rabello, Laura de Bernadotte, 26, Leblon). Fone: Castro. Centro Cultural Banco do Brasil 2274-3536. Quinta, sexta e sábado, – Teatro 1(Rua Primeiro de Março, 66, 21h. Domingo, 20h. R$ 50 (qui. e sex.) Centro). Fone: 3808-2020. Quarta a e R$ 60 (sáb. e dom.). Até 4 de maio. domingo, 19h30. R$10. MAMÃE NÃO PODE SABER I LOVE NEIDE! Uma família que vive de aparências Monólogo com Eduardo Martini inter- entra em pânico com a iminente visita pretando uma especialista em auto- da mãe, que mora em outra cidade ajuda e sua trajetória em um programa e pensa que o genro é o prefeito do de televisão. Texto de Pablo Diego e Rio de Janeiro. Texto e direção: João Marcelo Saback. Direção: Eduardo Mar- Falcão. Com Flávia Guedes, Rodrigo tini. Teatro dos Grandes Atores (Aveni- Fagundes, Thaís Lopes e Wendell Ben- da das Américas, 3555, loja 116/117, delack. Teatro Glória (Rua do Russel, Barra da Tijuca) Fone: 3325-1645. 632, Glória). Fone: 2555-7262. Quinta Sexta e sábado, 21h. Domingo, 20h. R$ a sábado, 21h30. Domingo, 20h30. R$ 50 (sex. e dom.). R$ 60 (sáb.). 30 (qui. e sex.). R$ 40 (sáb. e dom.).

O JARDIM DAS CEREJEIRAS A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA O clássico de Anton Tchecov mostra Thereza Falcão adaptou o romance a decadência de uma família de aris- de Moacyr Scliar sobre uma mulher tocratas russos no fim do século 19. que, no século 10 antes de Cristo, foi Direção: Moacir Chaves. Com Deborah uma das 700 esposas do Rei Salo- Evelyn, André Stock, Cláudia Sardi- mão. Direção: Guilherme Piva. Com peças, horários, teatros e preços emcartaz

Inês Viana. Teatro dos Quatro (Rua 2274-3536. Quinta a sábado, 21h30. Marquês de São Vicente, 52, Shopping Domingo, 20h. R$70 (qui., sex. e da Gávea). Fone: 2264-9895. Terça e dom.) e R$80 (sáb.). quarta, 19h30. Quinta, 17h. R$ 40. ONDE VOCÊ ESTAVA QUANDO EU ACORDEI? MINHA MÃE É UMA PEÇA Cristina Flores e Márcia do Valle vivem Texto e interpretação de Paulo Gusta- duas mulheres que decidem mudar de vo. Uma mulher aposentada e sozinha vida, cansadas da hipocrisia em que procura o que fazer, já que seus filhos estão enredadas. Texto e direção: Sidnei em breve não necessitarão mais de Cruz. Casa Mercado 45 (Rua do Merca- seus cuidados e atenção. Direção: do, 45, Centro) Fone: 8137-8140. Sába- João Fonseca. (60min). Teatro dos do, domingo e segunda, 19h. R$ 20. Quatro (Rua Marquês de São Vicen- te, 52, Shopping da Gávea). Fone: OTELO 2264-9895. Quinta a sábado, 21h30; O sucesso de um estrangeiro em domingo, 20h30. R$ 50. Veneza atrai a inveja e provoca uma tragédia motivada por vaidade e ciú- NÃO SOBRE O AMOR me. Direção: Marcus Alvisi e Diogo A relação por cartas entre escritores. Vilela. Com Luciano Quirino, Diogo Texto: Felipe Hirsch e Murilo Hauser, Vilela, Reinaldo Gonzaga. Sesc Gi- baseado na obra de Viktor Shklovski. nástico (Avenida Graça Aranha, 1287, Direção: Felipe Hirsch. Com Leonardo Centro). Fone: 2279-4027. Quinta a Medeiros e Arieta Correa. Centro Cul- domingo, 19h. R$ 25. tural Banco do Brasil – Teatro 1 (Rua Primeiro de Março, 66, Centro). Fone: PÃO COM MORTADELA 3808-2020. Quinta, sexta e domingo, A infância e a juventude do escritor 19h. Sábado, 18h e 20h. R$ 10. Charles Bukowski, em adaptação de João Fonseca e Sacha Bali. Com NO NATAL A GENTE VEM TE BUSCAR Gustavo Nunes, Jorge Lucas, Rosanna Mulher pensa que vai morar com uma Viegas e Sacha Bali. Casa da Gávea prima, mas a família decide interná-la (Praça Santos Dumont, 116). Fone: em um asilo. Texto e direção: Naum 2239-3511. Sexta e sábado, 21h. Alves de Souza. Com Claudia Ji- Domingo, 20h. R$30. menez, Rodrigo Phavanello, Analu Prestes e Ernani Moraes. Teatro do UM PRESENTE DOS DEUSES Leblon – Sala Marília Pêra. (Rua Con- Uma História da Índia. A Companhia de de Bernadotte, 26, Leblon). Fone: Travessia Teatro mostra a cultura hin- em cartaz emcartazpeças, horários, teatros e preços

du através da dramaturgia tradicional Rodolfo Vaz, Rodrigo Fregnan. Teatro da Índia, com música, cantos e histó- Poeira (Rua São João Batista, 104, rias místicas. Texto e direção: Leandro Botafogo). Fone: 2537-8053. Terça, Lobo. Teatro do Sesi (Avenida Graça quarta e quinta, 21h. R$ 40. Aranha, 1, Centro) Fone: 2563-4455. Terça e quarta, 20h. R$ 25. ÜBER Em quatro histórias curtas, Luis Salém OS PRODUTORES e Alcemar Vieira mostram situações O musical de Mel Brooks e Thomas limites que revelam o lado oculto de Meehan mostra como dois vigaristas um suburbano aspirante a playboy, de planejam enriquecer investindo em um cozinheiro que é astrólogo e de um uma peça que tem tudo para fracas- baiano que se muda para a Finlândia. sar. Direção: Miguel Falabella. Com Texto: Luis Salém. Direção: Stella Mi- Vladimir Brichta, Juliana Paes, Miguel randa. Teatro Candido Mendes (Rua Falabella. Vivo Rio (Rua Infante Dom Joana Angélica, 63, Ipanema). Fone: Henrique, 85, Parque do Flamengo). 2267-7295. Sexta e sábado, 21h. Fone: 2272-2900. Sexta e sábado, Domingo, 21h. R$ 40. 21h30. Domingo, 19h. R$ 30 a R$ 150. VALENTE! RÁDIO NACIONAL O encontro imaginário entre Assis Va- As Ondas que Conquistaram o Brasil. lente, Madame Satã e Carmem Miran- Musical de Fátima Valença mostra a da, nos momentos que antecedem o importância da Rádio Nacional para a suicídio do compositor. Texto de Ana- cultura brasileira. Direção: Fábio Pillar. maria Nunes. Direção Cláudio Villela. Com Adriana Quadros, André Dias, Teatro Gláucio Gil (Praça Cardeal Ar- Cláudia Vigonne. Teatro Villa-Lobos coverde, s/n). Fone: 2547 7003. Sexta (Av. Princesa Isabel, 440, Copaca- e sábado, 21h. Domingo, 20h. R$30. bana). Fone: 2275-6695. Quinta a sábado, 21h. Domingo, 20h. R$ 30 WHAT’S WRONG WITH THE WORLD? (qui.) e R$ 40 (sex. a dom.). Série Play on Earth. Atores no Rio de Janeiro contracenam com um elenco SALMO 91 em Londres por meio de conexão da Gabriel Villela dirige a adaptação de Internet. Direção: Julian Maynard Smith Dib Carneiro Neto para o livro Estação (Londres) e Rubens Velloso (Rio). Oi Carandiru, de Drauzio Varella, que Futuro (Rua Dois de Dezembro, 63, conta a vida no extinto presídio de São Flamengo). Fone: 3131-3060. Terça a Paulo. Com Pascoal da Conceição, sábado, 19h30. Domingo, 16h. R$ 10. depois do teatro DEPOISDOTEATROA peça termina, as cortinas se fecham, mas o programa continua Cláudia E. Braseiro da Gávea Tradicional restaurante do Baixo melhores são em palitos). As faro- Gávea, o Braseiro reabriu de- fas também são variadas: simples pois de um tempo fechado para ou com o que mais você quiser reforma. Resultado: ficou mais acrescentar. Maravilhosas! Para confortável e não perdeu as carac- acompanhar, chopp e caipirinha terísticas de sempre: boa comida, de lima são duas ótimas opções. serviço ágil e preço bom. Aliás, Mas o melhor estava ainda por que boa combinação essa! vir... a conta. Preço muito bom Como entrada, peça as lingüi- e você vai embora sem cheiro ças, que vêm bem grelhadas e em algum de gordura. Vale mesmo porção individual. Coma quantas uma ida lá! quiser... Na hora do prato princi- Curiosidade: o lugar é conhe ci- pal, lembre-se de que o especial do como ponto quente de azara- da casa são os galetos, sempre ção, por conta dos muitos jovens grelhados, sem gordura e sabo- que fi cam do lado de fora beberi- rosos, assim como as picanhas. cando e paquerando... Eles podem vir com arroz de Praça Santos Dumont, 116, brócolis, farofa e batatas fritas (as Gávea. Fone: 2239-7494

Pizzaria do Supermercado Zona Sul Você vai achar que está lendo errado, mas é isso mesmo: atualmente, uma das melhores pizzas está no Zona Sul, o supermercado “chiqui- nho” da Cidade. As pizzas são fi ninhas, com massa crocante e recheios deliciosos, feitas na frente do cliente com a cozinha exposta para você acompanhar tudo. Tem mesas confortáveis e bons vinhos, que podem vir em taça ou em garrafa. Dependendo da hora e do movimento, eles até levam a pizza nas mesas para você. Um excelente programa para depois do teatro. Rua Dias Ferreira, 290, Leblon. Fone: 2259-4699 Um exército de deram grandes contribuições à peça. Paulo sofrer. Isso tudo de maneira divertida, me- Autran, com quem Célia trabalhou de 1989 xendo com as histórias de todo mundo que mulheres em até a morte do ator, foi o primeiro a ler o tem mãe, irmã, sobrinha, prima, neta, avó, guerra, vividas texto. “Ele levou para casa, fez algumas cunhada, amigas, em geral”, conta Célia. correções, disse o que não funcionaria Os atores fizeram preparação corporal por quatro bem e me entregou, mandando que eu com a coreógrafa Vivian Buckup para homens, encenasse”, lembra Célia, que, a princípio, aprender os movimentos femininos sem marcou apenas uma leitura da peça. Por mostrar afetação. “Andar de salto alto foi o invade o Teatro sugestão do ator Marcelo Médici, homens mais fácil deste trabalho. É difícil, no início, do Leblon... tomaram o lugar de atrizes para lerem os porque dói, incomoda. Mas em cena, a gen- personagens femininos. José Possi Neto te esquece”, diz o ator Leopoldo Pacheco, Por Olga de Mello estava na platéia e se entusiasmou com para quem o universo feminino continua a idéia, concebendo um espetáculo com bem diferente do masculino: “Somos atores a l R o d r ig u ez / div ul gaçã mulheres vividas por homens. mostrando as mulheres por um filtro mas- Geralmente associado a espetáculos culino. A situação é cômica desde o início,

o : Pasch f oto dramáticos, Possi não apenas quis dirigir a porque fica muito engraçado ver homens peça, como desenhou cenário e figurinos. se passando por mulheres. Mas aos poucos Amigas, “Adorei esta comédia rasgada, falando o público se esquece dos atores, de rir de sobre mulheres com vidas muito medianas, nossas figuras, de nossas vozes graves, para sem personagens que são uma exceção. se concentrar na história”. Fiz diversos laboratórios para os atores se pero no mucho acostumarem em encarnar mulheres, sem qualquer afetação. Eles não tinham sequer maquiagem ou roupas femininas, mas um eterna animosidade entre mulheres, cinco dias, estava pronto. “Eu imaginei uma traje que se transforma e que marca o que se odeiam mesmo quando se cena, outra veio e a trama toda aconteceu. crescimento de cada personagem”, conta A amam, só pode ser compreendida por Queria falar de mães, irmãs, primas, amigas o diretor. quem vive no universo feminino, certo? Não e essas idiossincrasias femininas, aqueles das / div ul gaçã o : PJ o ã C a l das f oto para os atores Cláudio Fontana, Leopoldo Pa- pequenos caprichos, implicâncias, segredos, Filtro masculino checo, Elias Andreato e Romis Ferreira, que cumplicidades. E a disputa, claro, porque A peça mostra o encontro de quatro ami- interpretam quatro personagens femininas na as mulheres amam e odeiam com muita gas que se gostam, mas que também têm comédia Amigas, pero no mucho, primeira intensidade. Bem diferente dos homens, que constantes desavenças provocadas pelas incursão da jornalista e produtora teatral Célia tem uma maneira linear de compreender o diferenças nos estilos de vida. Há uma dona Regina Forte na dramaturgia. A peça, depois mundo, a amizade e o amor”, diz Célia. de casa, uma executiva, uma mulher mais de uma temporada de nove meses em São recatada, outra bastante namoradeira. “Eu Paulo, chega à Sala Marília Pêra no Teatro do Troca de papéis não quis desvendar questões psicológicas ou Leblon, onde fica até o fim de maio. Embora a temática seja o relacionamen- sociais, mas sim mostrar essas estranhezas O texto surgiu por acaso, numa noite. Em to das mulheres, foram os homens que que as mulheres provocam e que as faz A idéia surgiu durante uma viagem à Eu­ pista bem sucedido e mulherengo. O terceiro ropa de Cininha e da coreógrafa e atriz Stella torce ardorosamente pelo Flamengo, reza Antunes, que também atua na peça. “Quería­ com devoção para São Jorge e tem paixão mos montar uma comédia sobre mulheres e pela Mangueira. a inversão das relações na atualidade, mas “As semelhanças entre esses homens tão sem um tom dogmático, feminista. Decidi­ diferentes vão aparecer e levar a situações mos, então, falar com o Miguel Paiva, pelo inesperadas, sempre com graça. O humor vasto conhecimento que ele tem do universo mexe com os sentimentos de forma tão feminino”, conta Cininha. eficaz quanto o drama. O público pode rir A ligação do autor e da diretora tem enquanto percebe que todas essas mudan­ mais de duas décadas. Em 1983, Cininha ças que vivenciamos não acabam com o ro­ estreou no teatro como atriz em Pó de mantismo, que pode continuar independente guaraná, peça de Paiva e de Zé Rodrix. Os da evolução”, afirma Miguel Paiva. dois assinavam também o musical Band Age, a primeira incursão de Cininha como diretora teatral. “Eu queria um texto que não fosse unilateral. Miguel tem uma visão Radical e Gatão Há mais de vinte anos, Miguel Paiva feminina sem esquecer da figura masculina. trata dos questionamentos de gênero O resultado foi um trabalho tão agradável nas tiras em quadrinhos da Radical Chic que pouco ensaiamos”, diz ela. “Fazíamos e do Gatão de Meia-Idade, personagens encontros duas ou três vezes por semana. que representam dois adultos solteiros, Às vésperas da estréia, aumentamos o vivendo em grandes cidades. “Graças à número das reuniões. Mas não era ensaio, Radical, consegui me manter atualizado O nosso amor era uma diversão”. em relação aos questionamentos femininos, que hoje são bem menos a gente Nada de princípes radicais do que há vinte anos. A Radical inventa Arquétipos masculinos não faltam no amadureceu, é menos cínica hoje, mas espetáculo. E todos vividos pelo ator Carlos continua sendo admirada por mulheres Dirigida por Cininha de Paula, comédia de Miguel Bonow, que encarna os homens que entram de diversas gerações. Já o Gatão, como Paiva discute as relações amorosas de três viúvas em cena. Além dos maridos das viúvas todos os homens, permanece perplexo”, Por Olga de Mello interpretadas por Stella Antunes, Luciana conta Miguel Paiva, que admite o Coutinho e Stella Maria Rodrigues, Bonow fascínio pelo mundo feminino: “mas m velório, três homens, três viúvas. em cartaz no Teatro Vanucci. “O amor que também faz mais sete homens que surgem nesta peça fui bem mais generoso com É neste ambiente de dor que Miguel construímos geralmente é diferente do que na vida e na imaginação das mulheres. Os os homens, embora ainda tenha muitas U Paiva propõe uma análise bem humo­ desejamos, pois normalmente a realidade maridos estão bem longe da imagem de críticas à dificuldade masculina para se rada sobre as relações amorosas, com suas não tem a ver com idealizações”, lembra príncipe encantado. Um é advogado, detesta desprender da idéia do poder. paixões, desavenças, separações, perdas e Miguel, que escreveu a peça a pedido de futebol e não quer saber de participar das O elemento autoritário machista ainda zz i / di vul ga çã o o s: Gu ido G iacoma

está muito presente na sociedade”. t

ganhos, em O Nosso Amor a Gente Inventa, Cininha de Paula, diretora do espetáculo. fantasias sexuais da mulher. Outro é um gol­ f o cenaabertacena aberta Suely Franco (ao centro) em “Pippin”, 1974, Teatro Manchete Colecione os últimos 9 anos de teatro

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