Os Produtores
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O uia de teatro G P Os produtores Ou a história de dois vigaristas que não querem fazer sucesso! Jornal do Teatro Em Cartaz Cláudia Jimenez Cininha de Paula Companhia Aplauso Deborah Evelyn Felipe Hirsh Luiz Salem Miguel Paiva Pedro Brício Pedro Paulo Rangel Miguel Falabella, Suely Franco Juliana Paes e Vladimir Brichta ANO IX Nº 92 EXEMPLAR GRATUITO BASTIDORESbastidores Em todas as posições “Em meus vinte e poucos anos de carreira, joguei em muitos lados desse campo, sempre vestindo a camisa do meu time: o da comédia! Por opção e vocação, faço parte, com muito orgulho, deste escrete. Na posição de ator, bati bola com os maiores craques da seleção da diversão do teatro brasileiro de comédia. Algumas vezes como artilheiro, outras como centroavante, mas até de ponta direita e esquerda já atuei. Mas durante todo o tempo dessa peleja, venho ensaiando uma nova jogada, ou seja, adentrar o gramado como autor. No passado arrisquei alguns passes, sempre em parceria: com Aloísio de Abreu em Subversões, Licia Manzo em Salada e Stella Miranda em Risoto, balançamos a rede e corremos para o abraço! Agora é a hora de uma jogada individual, numa nova partida. Eu me sinto meio como o goleiro na hora da cobrança do pênalti, com o agravante de que sou eu mesmo quem cobra a falta. O que me tranqüiliza é que, neste amistoso, batendo bola comigo em campo, conto com o auxilio luxuoso e a garra de Alcemar Vieira. Na reta- guarda, estão Stella Miranda, Gringo Cardia, Cao Albuquerque, os irmãos Caldi e Mart’nália, companheiros de outros campeonatos que junto aos novos parceiros que chegaram para essa rodada formam um Über time! Über? Über é uma expressão alemã que destaca o que é mais que demais! O máximo! Pode ser alguma coisa, algum lugar, um jeito de ser, de estar ou de contar! Über é também o nome de batismo deste meu primeiro texto, que se apropria do termo e amplia o conceito. Uma despreten- siosa reflexão por diversos lados: o lado que se vê, o lado que se esconde e o lado que é impossível controlar. A bola está rolando na arena do Teatro Candido Mendes, em Ipanema. Posso garantir que se você vier e se divertir, a gente vai ter a GAÇÃO certeza de ter marcado um gol! De placa! L ” DIVU Luiz Salem, abril de 2008 JORNALDOTEATROjornal do teatro Pela internet Da teoria à prática Um oceano literalmente separa o Uma reflexão sobre o teatro, elenco de What’s Wrong with the combinando teoria e prática, é a World?, de Julian Maynard Smith proposta do projeto Três Vezes e Rubens Velloso. No palco do Teatro, que ocupa o Centro Cultu- Oi Futuro, no Rio, ficam Andrea ral Justiça Federal durante todo o Tedesco, Beto Matos e Marcos mês de abril. A programação inclui Azevedo, que contracenam ao vivo, seminário (sextas-feiras, 18 horas), pela internet, com Sue Hart, Helen oficina para atores (também sextas, Palmia e Thomas Powtill, da Station das 14h às 17h)) e a peça O Animal Opera House, em Londres. Uma do Tempo, de Valère Novarina, com peça vivida simultaneamente em Ana Kfouri à frente do elenco. A dois países, pelo mesmo elenco. direção é de Antonio Guedes. Dias: No roteiro, reflexões sobre o que é segundas e quartas, 19 horas. real e o que é virtual. Interatividade Cada espectador de Cuidado com Circo no Palco o Cão, novo trabalho da Companhia Sob direção de Jorge Fernando, do Teatro Íntimo, tem uma respon- o grupo Irmãos Brothers come- sabilidade além de assistir e aplaudir mora 15 anos levando acrobacias a montagem. Antes do início do e palhaçadas ao palco do Teatro espetáculo, o público recebe lan- das Artes. Em diferentes esquetes ternas para lançar luz sobre o palco, humorísticos, o universo circense levando a diferentes apresentações entra em cena trazendo pernas de a partir dos pontos iluminados. A pau, malabarismos, monociclo, ilu- peça, de Tarcísio Lara Puiati, com sionismo e números de trapézio. O direção de Renato Farias, está sendo espetáculo ganhou o Prêmio Jovem encenada na Sede da Cia dos Ato- Carequinha Funarte, de 2007. res, na Lapa, até o fim de abril. Aplauso é uma publicação mensal da Sociedade Cultural Itaipava Ltda. Redação, adminis- tração, publicidade, informações sobre assinatura e correspondência: Rua Gal. Venâncio Flores, 620/101, CEP 22441-090, Rio de Janeiro, RJ. Tels.: (21)2233-6648, 2263-1372 e 2516-5056. E-mail: [email protected]. Diretora: Ivonette Albuquerque. Colabo- radores: Walkyria Garotti (edição de arte); Olga de Mello (textos). Jornalista responsável: Catarina Arimatéia MTb.: 14135. Certificado de Registro de Direito Autoral nº 155.441. Impressão: Grafitto. Capa: William Aguiar / Divulgação www.aplauso.art.br PALAVRAPALAVRApalavra de diretor Pedro Brício Diamantes e patrocínio Acabei de dirigir uma peça inspirada na obra do escritor OBO V GL T americano F. Scott Fitzgerald, Fitz / O Jam. O espetáculo fala sobre os impasses do capitalismo, os delírios da fantasia, de uma DIVULGAÇÃ montanha de diamantes que explode. Duran- “O teatro brasileiro é um ótimo investimento”, diz Brício, novo gestor te o processo, fiquei pensando muito nessa do Teatro SESC da Barra relação entre arte x dinheiro – tão presente na vida de Fitzgerald e também nas nossas. Fiquei pensando que uma boa peça de teatro é como diamante, que tem seu valor por ser ter produzido muitos, muitos “diamantes” ‘um objeto raro, de grande beleza. Mas como nos últimos anos. encontrar esses diamantes? Para criá-los e Daí a importância de formar platéias e talhá-los precisamos apenas do trabalho, do atraí-las com espetáculos de qualidade, sem talento e da sorte, ou é necessário alguém megalomania, mas com investimento no para financiar essa aventura? profissionalismo, no critério e na inteligência. Em outras palavras, o teatro precisa de É um investimento no longo prazo – coisa patrocínio para poder existir? rara nesse país – que comprova que o público Hoje em dia, sim. Quase nenhuma peça quer ir ao teatro, mas muitas vezes não pode consegue ser produzida e se manter em pagar por ingressos tão caros. Apesar da cartaz apenas com a bilheteria. Deveríamos lentidão nas políticas culturais públicas, acho trabalhar para reverter essa situação. Temos que o teatro brasileiro vive um momento cria- de seduzir o público com as nossas peças tivo muito bom. Se conseguirmos aprimorar para não dependermos tanto dos patroci- os nossos modos de produção, em harmonia nadores. E, em relação a eles, precisamos com o governo e os patrocinadores, temos mostrar que o teatro brasileiro é um ótimo tudo para levar ao público “diamantes” dos investimento – por seu valor cultural e por mais preciosos. Torço por isso.” Nossa Odisséia radicado no Brasil há 16 anos, onde foi um dos fundadores do grupo L’acte – Atos da O lúdico e o real, a ousadia e a paixão, o mergulho Criação Teatral. em si mesmo e o refl exo no trabalho coletivo. Com esses ingredientes, a Companhia Aplauso começa a Viagem íntima Trabalhando com direção de atores em trabalhar seu novo espetáculo Por Olga de Mello oficinas e laboratórios na Funarte e na Os atores da companhia serão instados Ca sa de Artes de Laranjeiras (CAL), esta a não apenas conhecer o texto do poema, s viagens de um guerreiro, que en- ganhar um aspecto brasileiro em Nossa Odis- é a primeira experiência de Thierry com mas a intervir em cada linha, criando novos frenta perigos por vinte anos até séia, o novo espetáculo que a Companhia jovens de baixo poder aquisitivo. “O Rio é relatos a partir de suas próprias trajetórias. A voltar para casa, formam a base de Aplauso apresentará, em junho, sob a coor- um choque visual para quem vem de países “Quero que cada um conte sua odisséia, Odisséia, o poema épico atribuído a Homero, denação de Thierry Trémouroux, que acaba muito homogêneos, como eu. As cores, a que fale um pouco de sua história, suas pai- que conta as aventuras de Ulisses, o Rei de de assumir a direção artística do grupo. luminosidade, os sons são inebriantes, mas xões, suas frustrações, seus lamentos, suas Ítaca, aguardado em seu castelo pela fi el Não há um Ulisses escolhido. “Nem sei a pobreza cala fundo. Trabalhar diretamente glórias. Ulisses percorre diversos caminhos Penélope. se Ulisses será um ator específi co ou se com pessoas que têm uma realidade dife- antes de chegar em casa, passa por tenta- Coragem, paixão e fi delidade são alguns diversos meninos e meninas irão mostrar rente da juventude dourada da Zona Sul é ções, precisa usar de subterfúgios diversos dos valores cantados no clássico, que vai suas diferentes facetas”, diz Thierry, belga instigante”, diz Thierry. para sobreviver, sem questionamento ou “É impressionante como os alunos “O projeto é tão intenso que não “O aprendizado não é apenas para a conseguem absorver tudo o que é novo sem “Hoje o grupo mostra outra atitude visual, acrescenta apenas a eles, mas também carreira artística, mas para a vida”. preconceitos, sem barreiras culturais”. gestual e até no modo de se vestir”. obriga o professor a se renovar”. Rodrigo Braga, pesquisador musical Lílian Secco, diretora Musical Eduardo Gomes, coreógrafo Christian Landi, preparação de atores FOTOS: DIVULGAÇÃO FOTOS: julgamento moral. Esses meninos, não. A À fl or da pele “Queremos desconstruir o aprendizado Quem são eles partir do tema “Valores e Virtudes”, que o cênico para procurar a emoção dentro Uma das situações vividas por Ulisses Criada em 2005, a companhia é Galpão Aplauso vem trabalhando, eles se dos atores. A pergunta principal é: ‘o que e seus companheiros – o fato de só con- formada por 50 jovens de comunidades me emociona?’.