As Aves Dos Montados
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O MONTADO E AS AVES BOAS PRÁTICAS PARA UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL Título: O Montado e as Aves: Boas Práticas para uma Gestão Sustentável Autores: Pedro Pereira, Carlos Godinho, Inês Roque, João E. Rabaça Participação especial: Rui Alves Ilustrações © Pedro Pereira (Capítulos 4 e 8), Carlos Godinho (Capítulo 6) Fotografia da capa © Carlos Godinho Fotografia da contracapa © José Heitor Fotos dos capítulos © Barn Owl Trust, Carlos Godinho, Inês Roque, Marisa Gomes, Pedro Pereira Capa, Criação Gráfica e Paginação: Lúcia Antunes © Copyright Câmara Municipal de Coruche (Edifício dos Paços do Concelho, Praça da Liberdade, 2100-121 Coruche) Universidade de Évora (Largo dos Colegiais 2, 7004-516 Évora) 1ª Edição, Maio 2015 Depósito legal: 393739/15 ISBN: 978-989-8550-27-9 Impressão Gráfica e Acabamento: Rainho & Neves, Santa Maria da Feira Tiragem: 3000 exemplares Citação recomendada para a obra: Pereira, P., Godinho, C., Roque, I. & Rabaça, J.E. 2015. O montado e as aves: boas práticas para uma gestão sustentável. LabOr – Laboratório de Ornitologia / ICAAM, Universidade de Évora, Câmara Municipal de Coruche, Coruche. Citação recomendada para o capítulo 2: Alves, R. 2015. Novos e velhos desafios da gestão do montado, IN: Pereira, P., Godinho, C., Roque, I. & Rabaça, J.E. O montado e as aves: boas práticas para uma gestão sustentável. LabOr – Laboratório de Ornitologia /ICAAM, Universidade de Évora, Câmara Municipal de Coruche, Coruche. O MONTADO E AS AVES BOAS PRÁTICAS PARA UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL PEDRO PEREIRA CARLOS GODINHO INÊS ROQUE JOÃO E. RABAÇA ÍndicE 07 INTRODUÇÃO 21 CAPÍTULO 1 O montado 26 CAIXA 1.1 As atividades no montado 33 CAPÍTULO 2 Novos e velhos desafios da gestão do montado 39 CAPÍTULO 3 As aves dos montados 47 CAIXA 3.1 Gaio: o grande promotor de regeneração natural no montado 49 CAIXA 3.2 As aves na certificação florestal: o exemplo da Companhia das Lezírias, S.A. 57 CAPÍTULO 4 Comunidades de aves dos meios florestais e agrícolas: a utilização do espaço ecológico 82 CAIXA 4.1 Importância dos padrões geográficos das aves na definição de regiões bioclimáticas 87 CAPÍTULO 5 A heterogeneidade paisagística do montado: elementos singulares 102 CAIXA 5.1 Disponibilização de estruturas artificiais para as aves 115 CAPÍTULO 6 As aves de rapina e a gestão florestal do montado 143 CAIXA 6.1 Proteção legal das aves de rapina 149 CAPÍTULO 7 Comunidades de aves associadas a diferentes tipologias de montado 182 CAIXA 7.1 Importância da dispersão de frutos pelas aves no contexto etnobotânico do montado 04 • CAPÍTULO 2 187 CAPÍTULO 8 Elaboração de um esquema de monitorização das pragas de insetos do montado 240 CAIXA 8.1 Potencial do controlo de pragas florestais através do aumento de cavidades para aves insetívoras 251 CAPÍTULO 9 Bioindicadores da qualidade do montado 273 CAIXA 9.1 Aplicação das ferramentas de conservação do montado 281 CAPÍTULO 10 Potencialidades das aves do montado: o turismo ornitológico 304 CAIXA 10.1 Código de ética do observador de aves 307 GLOSSÁRIO 315 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 341 ANEXO I Fichas de campo: monitorização das pragas do montado (Capítulo 8) 357 ANEXO II Fichas de campo: censos de aves (Capítulo 9) 381 ANEXO III Tabelas: frequência tabelada e valor de conservação (Capítulo 9) CAPÍTULO 2 • 05 INTRODUÇÃO O livro que o leitor tem à sua disposição é o resultado do projeto SUBERMAN – Manual de Boas Práticas de Gestão dos Montados para as Aves, submetido pela Câmara Municipal de Coruche ao Programa Operacional do Alentejo, Eixo 1, Promoção da Cultura Cientifica e Tecnológica e Difusão do Conhecimento (ALENT-53-2011-03). Este projeto integrou as atividades do Observatório do Sobreiro e da Cortiça da autarquia de Coruche e teve como objetivo fundamental disponibilizar à socie- dade civil os resultados de projetos de I&DT desenvolvidos pelo LabOr – Labora- tório de Ornitologia da Universidade de Évora1 no sistema montado e ancorados no conhecimento consolidado atualmente existente. Com esta publicação pretendemos dotar os gestores e proprietários de áreas de montado e os técnicos envolvidos na fileira da cortiça, de um conjunto de inicia- tivas suscetíveis de promoverem a diversidade biológica do sistema, utilizando as aves como modelo de referência. Adicionalmente, a informação contida no livro é também útil para todos os cidadãos, especialmente se tivermos em conta que a perda de biodiversidade constitui um dos problemas mais graves com que a humanidade se depara na atualidade. Em síntese, a obra pretende acrescentar valor à expressão holística do sistema montado: através da difusão do conhecimento científico procuraremos enriquecer 1 O LabOr está integrado no ICAAM - Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas, Universidade de Évora. INTRODUÇÃO • 07 INTRODUÇÃO o património de opções da gestão agrossilvo-pastoril. Este desígnio está aliás cla- ramente expresso no Livro Verde dos Montados (Pinto-Correia et al. 2013). O acrónimo do projeto – SUBERMAN –, resulta da conjunção e abreviatura dos termos “SUBER” e MANual” e pretende expressar uma ideia assertiva e vigorosa: associar à árvore que constitui a matriz do montado de sobro (suber, a designação dada pelos romanos ao sobreiro) um manual prático para a sua gestão. Embora o foco primordial se encontre nos montados de sobro, o campo de atuação do livro é mais vasto e pretende envolver todas as realidades do sistema montado. Os montados constituem um sistema agrossilvo-pastoril sustentável ampla- mente reconhecido pela sua riqueza e diversidade biológica (Blondel & Aron- son 1999). De resto, a preservação da biodiversidade constitui um dos ser- viços ambientais das áreas de montado, porque o seu caráter multifuncional e a prática cultural enraizada nestes sistemas de exploração potenciam a preserva- ção destes valores biológicos (Pinto-Correia et al. 2013). Para além dos produtos do montado que se impõem pelo seu valor de uso direto, ou seja, bens e serviços privados transacionáveis, os montados incluem também bens com um valor público de uso indireto, dos quais os mais importantes são a proteção do solo, a quantidade e qualidade dos recursos hídricos, a biodiversi- dade e o sequestro de carbono (Belo et al. 2009). De acordo com a Estratégia Nacional para as Florestas (ENF)2 existe ainda uma apre- ciável lacuna ao nível da investigação florestal. Este facto, aliado à relevância eco- nómica do setor florestal3, torna urgente a promoção do conhecimento científico sobre estas áreas. Foi neste contexto que a Câmara Municipal de Coruche (um dos membros fundadores da Rede Europeia de Regiões Corticeiras criada no final de 2006 2 Consultar http://www.icnf.pt/portal/icnf/docref/enf 3 O valor económico total das florestas Portuguesas ultrapassa em muito os valores encontrados em outros países mediterrânicos (em termos de produtos comerciais e ambientais). No caso do sistema montado, estima-se que o sobreiro represente 44% do valor total da floresta nacional (Fonte: Estra- tégia Nacional para as Florestas). 08 • INTRODUÇÃO O MONTADO E AS AVES BOAS PRÁTICAS PARA UMA GESTÃO SUSTENTÁVEL em Espanha) criou o Observatório do Sobreiro e da Cortiça e assumiu um importante compromisso quanto ao contributo para a investigação no âmbito da fileira da cortiça. Ademais, as autarquias têm adquirido uma importância crescente no setor florestal, sendo agentes privilegiados para a promoção deste tipo de iniciativas. Na maior parte dos casos, a biodiversidade dos montados tem sido avaliada com base nas espécies com estatuto de conservação desfavorável (Aronson et al. 2009, Branco et al. 2010). Mas apesar do acréscimo em conhecimento científico nas últi- mas décadas, persiste uma lacuna de informação sobre o valor latente das espécies comuns (mais abundantes e/ou com áreas de distribuição mais amplas), nomeada- mente no que refere ao seu papel de bioindicadores das medidas de gestão pratica- das. Todavia, sabemos que alterações nos padrões de distribuição e abundância de espécies comuns podem refletir as intervenções humanas nos ecossistemas (Gregory et al. 2005) e, deste modo, o conhecimento das respostas das comunidades bióticas à gestão poderá fornecer indicações úteis quanto às medidas que deverão ser imple- mentadas por forma a compatibilizar as diversas valências do sistema montado. O foco no grupo das aves é particularmente relevante, não só pela sua importân- cia funcional na ecologia do montado, mas também pelo seu caráter atrativo para o Homem. As aves são frequentemente utilizadas como bioindicadores devido à sua conspicuidade, diversidade e ao facto de utilizarem as três dimensões do espaço, o que lhes confere uma boa plasticidade para responderem rapidamente a altera- ções de habitat (Rabaça & Godinho 2009, Roché et al. 2010). Com o crescente inte- resse na preservação dos recursos naturais, é frequente a procura de soluções que aliem a sustentabilidade económica das produções florestais à manutenção, recupe- ração ou incremento das populações silvestres. Neste sentido, capitalizar o conhe- cimento existente sobre a avifauna dos sistemas de montado, através da produção de conteúdos especificamente concebidos para responder a questões relacionadas com a gestão destes sistemas, surge como uma abordagem relevante nos contextos geográfico – no país líder mundial da produção corticeira – e temporal – em plena Década da Biodiversidade 2011-2020.4 4 Ver http://www.cbd.int/doc/strategic-plan/UN-Decade-Biodiversity.pdf INTRODUÇÃO • 09 INTRODUÇÃO Neste livro pretendemos utilizar o conhecimento da avifauna associada ao mon- tado para promover e valorizar a relação