Narrativas De Ficção: Interações Entre Filmes E Telenovelas
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JOSÉ ROBERTO NEFFA SADEK Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação, Área de Concentração Estudo dos Meios e da Produção Mediática, Linha de Pesquisa Técnicas e Poéticas da Comunicação, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Doutor em Comunicações, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Dora Mourão. São Paulo 2006 Sadek, José Roberto Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas /José Roberto Neffa Sadek. -- São Paulo : J. R. Sadek, 2006. 222 páginas. Tese (Doutorado) - Departamento de Cinema, Rádio e TV/ Escola de Comunicações e Artes/USP, 2006. Orientador: Profa. Dra. Maria Dora Mourão. Bibliografia 1. dramaturgia – Brasil 2.cinema – Brasil 3. televisão 4. telenovelas- Brasil 5. linguagem cinematográfica 7 cinema contemporâneo – Brasil 7. narrativas de ficção. CDD 21.ed. – JOSÉ ROBERTO NEFFA SADEK Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, Área de Concentração Estudo dos Meios e da Produção Mediática, Linha de Pesquisa Técnicas e Poéticas da Comunicação, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Doutor em Comunicações, sob a orientação da Profa. Dra. Maria Dora Mourão. São Paulo 2006 Agradecimentos Agradeço a: minha orientadora Profa. Dra. Maria Dora Mourão; Prof. Dr. Ismail Xavier e Prof. Dr. Roberto Moreira; Ana Regina, Moema, Maria Eugênia, Rosana e Anthony; minhas filhas Jana e Luna e minha companheira Maristela. SADEK, José Roberto. Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas. 2006. 222 páginas. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Resumo Os filmes de ficção e as telenovelas são modalidades mais recentes do antigo hábito de contar e ouvir histórias. O cinema clássico desenvolveu normas e estratégias para organizar as narrativas. A telenovela se aproveitou de várias delas, assimilando algumas e modificando outras. Um grupo de filmes contemporâneos brasileiros aceitou algumas das características desenvolvidas pelas telenovelas e, ao mesmo tempo, herdou outras diretamente do modelo do cinema clássico, compondo um nicho de filmes bem recebido pela crítica e pelo público. Ao analisar obras do cinema clássico, telenovelas e filmes contemporâneos, as qualidades fundamentais do modo de contar histórias foram agrupadas em: organização da narrativa, personagens e protagonistas, e tempo e espaço. Expressões chave: dramaturgia, cinema, televisão, telenovelas, linguagem cinematográfica, cinema contemporâneo brasileiro, narrativas de ficção. SADEK, José Roberto. Storytelling: interactions between films and soap operas. 2006. 222 páginas. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. Abstract Fiction films and soap operas are modern versions of the ancient habit of hearing and telling stories. Classic cinema has developed norms and strategies to organize narratives. Soap opera took advantage of these characteristics, has assimilated some and changed others. A group of Brazilian contemporary films have accepted some of these changes developed by soap opera, and, at the same time, inherited others directly from the classic model of narration. These films form a specific group well accepted by critics and public. Based on the analysis of classic movies, soap operas and contemporary Brazilian films, the narrative features were grouped as follow: narrative organization, characters and protagonists, and time and space. Key expressions: drama, motion pictures, television, soap opera, film narration, contemporary Brazilian films, storytelling. Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas Índice Introdução ....................................................................................................................... 9 Como, por que e onde pretendo chegar 1 – A tradição de contar histórias ................................................................................. 16 Filiação das ficções de cinema e de TV à antiga tradição de contar histórias 2 – Luz, drama, ação! .................................................................................................... 25 Conceituação de drama e sua relação com a ação 3 – Fundamentos de um discurso ficcional .................................................................. 37 Exposição de breves informações sobre a história do cinema clássico e da telenovela 3.1 uma palavra sobre o cinema clássico 3.2 breve evolução do modelo clássico de narração 3.3 paradigmas flexíveis 3.4 a questão da verossimilhança 3.5 lá vem a televisão 3.6 histórias em capítulos 3.7 a telenovela 3.8 de 1990 em diante 4 – Organização da narrativa ...................................................................................... 74 Comparação da organização das narrativas nos filmes clássicos, telenovelas e filmes contemporâneos 4.1 estrutura narrativa 4.2 capítulos 4.3 inícios 4.4 entremeios 4.5 finais 5 – Protagonistas e personagens ............................................................................... 125 Análise de número, tipo, consistência e motivação dos personagens nas histórias escolhidas 5.1 vários protagonistas 5.2 uma palavra sobre motivação 6 – Tempo e espaço .................................................................................................... 147 Analise das alterações na construção do tempo e do espaço pelas histórias escolhidas 6.1 espaço da cena 6.2 diferentes espaços 7 Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas 6.3 tempo dos fatos 6.4 tempo entre fatos 6.5 sincronização das tramas Conclusão ............................................................................................................... 184 Bibliografia ............................................................................................................ 192 Apêndices ............................................................................................................... 198 1- Informações sobre os principais filmes e telenovelas mencionados neste trabalho 2- Linhas de pesquisa não exploradas 8 Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas Introdução Como, por que e onde pretendo chegar Este trabalho entende que os discursos audiovisuais de ficção constituem novas modalidades de contar histórias. São novas versões de um hábito ancestral das sociedades humanas. Nesta tradição está o cinema clássico, que apresenta paradigmas claros de narrativa. O primeiro ângulo da investigação desta tese considera que as telenovelas brasileiras são histórias que se apropriaram das características narrativas do modelo clássico, desenvolvendo algumas, ignorando outras, chegando a uma nova formulação audiovisual. A segunda investigação, que complementa a primeira, trata de uma das vertentes do cinema contemporâneo, a qual, por sua vez, se apropria de algumas das características narrativas das telenovelas em alguns casos e, em outros, moderniza traços de linguagem do modelo clássico. Num tom pessoal, relato nesta introdução o trajeto percorrido por esta tese, que nasceu de modo um pouco empírico. Sempre fiquei impressionado com a fidelidade e o fervor quase religioso com que os espectadores seguem as telenovelas. No Brasil, mesmo o mais cético adversário da televisão já viu partes de telenovelas, ou pelo menos trechos de capítulos. Com receptores de TV instalados em quase todas as casas, salas e salões de espera, bares, quiosques, é praticamente impossível não ter visto por acaso a algumas cenas de telenovela. Nessas olhadas fortuitas, ficava intrigado com o grau de envolvimento dos espectadores que, assistindo a algo parecido com filmes, não tinham por estes o mesmo interesse. Cada vez olhando com menos distração fragmentos de telenovelas, pareceu-me que essas narrativas eram adaptações simples do modelo de cinema clássico. Com o tempo vi que, 9 Narrativas de ficção: interações entre filmes e telenovelas se por acaso fossem realmente adaptações, não eram tão simples como me pareceram no primeiro momento. Enquanto isso, alguns filmes nacionais fizeram repentino sucesso. Eram eles Central do Brasil, de Walter Salles Junior, 1998, Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, 2002, e Carandiru, de Hector Babenco, 2003. Eles configuraram o que a mídia chamou de “renascimento do cinema brasileiro”, um exagero típico de manchetes de jornais. Os dois últimos filmes mencionados pareciam ter influência da linguagem de telenovelas ou, pelo menos, da TV, embora inicialmente não soubesse dizer como, nem exatamente em que situações. O primeiro era claramente um filme nos padrões do cinema clássico. A estas observações somei minha atração pelos segredos das narrativas, pela manipulação da linguagem que se esconde atrás das tramas. Tenho interesse neste assunto desde a década de 1980, quando, entre outras disciplinas, estudei roteiro em minha estada na Universidade de Nova Iorque, atividade a que, por imposições profissionais, nunca pude me dedicar. Lentamente e com considerável esforço, cheguei ao trajeto que percorro neste trabalho: a partir de algumas características narrativas do cinema clássico analiso as telenovelas, vejo como alguns padrões foram usados, modificados ou ignorados pela mídia eletrônica e, com essas constatações vou ao cinema contemporâneo, que, por