Universidade Federal De Santa Catarina Centro De Comunicação E Expressão Curso De Pós-Graduação Em Literatura
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA Cecília Maria Cunha VIVÊNCIAS EM RETALHOS: UM ENSAIO SOBRE A CRÔNICA DE RACHEL DE QUEIROZ NAS PÁGINAS DE O CRUZEIRO (ANOS 50) Florianópolis-SC 2011 Cecília Maria Cunha VIVÊNCIAS EM RETALHOS: UM ENSAIO SOBRE A CRÔNICA DE RACHEL DE QUEIROZ NAS PÁGINAS DE O CRUZEIRO (ANOS 50) Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Literatura, Centro de Comunicação e Expressão, Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do grau de Doutor em Literatura. Orientadora: Profa. Dra. Zahidé Lupinacci Muzart Florianópolis-SC 2011 2 3 Cecília Maria Cunha VIVÊNCIAS EM RETALHOS: UM ENSAIO SOBRE A CRÔNICA DE RACHEL DE QUEIROZ NAS PÁGINAS DE O CRUZEIRO (ANOS 50) Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do Título Doutor em Literatura, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade Federal de Santa Catarina, Área de concentração em Teoria Literária. Florianópolis-SC, 31 de março de 2011. _________________________________________________________ Profa. Dr. Stélio Furlan Coordenador do Curso Banca Examinadora _________________________________________________________ Profa. Dra. Zahidé Lupinacci Muzart ORIENTADORA _________________________________________________________ Profa. Dra. Constância Lima Duarte (UFMG) _________________________________________________________ Profa. Dra. Cristina Steves (UNB) _________________________________________________________ Profa. Dra. Tânia Regina Oliveira Ramos (UFSC) _________________________________________________________ Profa. Dra. Helena Heloísa Fava Tornquist (UFSC) _________________________________________________________ Profa. Dra. Rosana Cássia Kamita (UFSC) 4 5 RESUMO Esta tese tem por objetivo o estudo da crônica de Rachel de Queiroz (1910-2003) publicada na revista O Cruzeiro no decênio de 50. Proponho uma avaliação ensaística da sua contribuição para o gênero e tento detectar a relevância de sua escrita para a crítica e a historiografia literárias. Com um amplo repertório de crônicas, publicadas por cerca de 77 anos, Rachel de Queiroz escreveu sobre os mais diferentes temas e estratégias discursivas na imprensa brasileira. Perpassado por leituras multidisciplinares, este estudo está dividido em cinco partes: anotações sobre o campo biográfico e um breve perfil do periódico; breves percursos teórico e histórico sobre a crônica; levantamento das crônicas que tematizam questões ligadas às mulheres e à literatura de autoria feminina, e, por último, crônicas que tratam de algumas facetas do artesanato da escrita.A análise da crônica de Rachel de Queiroz, portanto, é uma oportunidade de ampliação e (re) configuração do seu repertório literário na cena brasileira do século XX. Palavras-Chave: Rachel de Queiroz. Crônica. Literatura Brasileira. 6 7 ABSTRACT This thesis aims at studying the chronicle production of Rachel de Queiroz (1910-2003) published in the “O Cruzeiro” magazine in the 1950s. I propose an essay evaluation of her contribution to the genre and try to detect the relevance of her writings to literary critics and historians. With a vast repertoire of chronicles, published over a period of 77 years, Rachel de Queiroz wrote on the most diverse themes and discursive strategies of the Brazilian press. Supported by multi-disciplinarian readings, this study is divided into 5 parts: notes on the biographical field; a brief profile of the periodic; a brief theoretical and historic overview of the chronicle genre; a list of chronicles which deal with issues related to women and the literature produced by women; and, at last, chronicles which dwell on different facets of the writing craft. The analysis of the chronicle production of Rachel de Queiroz is, therefore, a great opportunity to enlarge and reconfigure her literary repertoire in the 20th-century Brazilian Literary Scene. Key Words: Rachel de Queiroz. Chronicle. Brazilian Literature. 8 9 AGRADECIMENTOS À Profa. Dra. Zahidé L. Muzart pela orientação, marcada pela liberdade de escolha de meu recorte e compreensão dos meus pontos de vista e limitações, e, principalmente, por seu exemplo de vida. Ao incentivo e à generosidade intelectual da Profa. Dra. Constância Duarte, minha gratidão sempre. Aos professores da Pós-Graduação, em especial: Dra. Tânia Regina Ramos, Dra. Cláudia Lima Costa, Dra. Suzana Scraminn, Dra. Simone Schmidt e Dr. Hernesto Weber pelos cursos ministrados. Sou muito grata a Elba Ribeiro, secretária da Pós-Graduação, pelo acompanhamento carinhoso. Agradeço à Fundação Cearense de Pesquisa (FUNCAP) pela bolsa. Ao Sr. Nirez Azevedo, Sra. Zenita e ao seu filho, Mário, pela gentileza de dar acesso ao Arquivo Nirez e me propiciar a leitura da revista O Cruzeiro. Aos pesquisadores e professores Dr. Sânzio de Azevedo, Dr. Gilmar de Carvalho, Dra. Martine Kuntz, Ms. Lourdinha Barbosa, Dra. Aurineida Cunha, Dra. Clara de Paula, escritora Ms. Socorro Acioli, Dra. Cleudene Aragão, Ms. Vânia Vasconcelos, Bibliotecária Madalena Figueiredo, gratidão pelos ensinamentos e apoio. Às amigas e amigos de sempre, em especial: Inês Medeiro. Sou grata ao Paulo Roberto pelo suporte técnico. Pela valiosa colaboração na organização das crônicas, sou grata a Karine Farrapo e Ana Orlane. Ao Núcleo Gestor da EEFM Dom Lustosa e aos professores, pelo incentivo e apoio durante a escrita, gratidão. Por fim, agradeço a minha família – em especial a vó Laura -, aos meus irmãos - Gláucia, Rejane, Aloísio, Djalma e Marquinhos -, aos cunhados e aos pais - Dona Raimunda e seu Elon - pela solidariedade e apoio nesta jornada acadêmica. 10 11 Aos meus filhos: Diego e Levi, com todo o meu amor. Ao meu avô Grijalva, um candango especial. Às tias Ancila, Preta e Isaura, pelo mundo particular de cada uma. 12 13 Quarta-feira, Outubro 11, 2006 Um texto mal feito pra comentar algo bem feito Tendo que fazer um ensaio sobre O Quinze, de Rachel de Queiroz, e no desespero de não saber o que fazer, comecei a ler mais sobre ela algumas crônicas, alguns textos, e cada vez mais me identifiquei com o jeito dela. Ela é, como dizem, modesta e acha que escreve mal pacas (e realmente também não acho grande coisa certas coisas...), assim como eu. Só a carinha de tartaruga dela (concordo numa das crônicas em que ela dizia que beleza era sim importante e fundamental, não só por atitude contraintelectual típica de quem quer ser diferente até dos que concorda, mas porque devia ter auto-crítica suficiente pra não se perdoar a feiúra) já fazem você detestar ela. Agora, junte uma carinha de vovó-tartaruga com uma comunista que virou direitona... bom, eu não gosto dela ao mesmo passo que não detesto. Realmente não concordo com tudo, mas me identifico mesmo assim. Aí não sei sobre o que falo no meu ensaio... ainda. Descobri nela uma temática que se repete bastante - e que seria um campo fácil pra eu abordar: a da morte como libertação, coisa boa - creio que ela morreu aos 92 anos por tanto dizer que dá uma preguiiiiiiiiça viver! Por mais que ela diga que a vida não promete nada e tatatá, essa foi uma sacanagem da vida que dá até pra ouvir um risinho irônico no ar. Outra temática é dela como mulher falando de mulher e criando personagens mulheres. Alguns textos ela até dá raiva de tanto que chega a ser machista... e ao mesmo tempo ela era a maior feminista enrustida da paróquia. É foda escrever sobre alguém assim..... ambígua, ambivalente... enfim, nada de diferente. E chata. Só não devo entender direito ela, nem gostar, pela situação constrangedora e forçada em que nos conhecemos. Deve ser isso. Eu sou: Marcely Costa, 20 anos. Morbidamente consciente. Ambígua, ambivalente. Nada de diferente. Aturando um monte de gente em Curitiba, estudando Letras. Disponível em: <http://filosofiacronica.blogspot.com/2006_10_01_filoso fiacronica_archive.html>. Acesso em: 28 fev. 07. 14 15 SUMÁRIO Introdução................................................................... 17 1. Biografia, revista.................................................... 27 2. Crônica: essa praia literária ................................... 93 3. Observadora literária.............................................. 119 4. Literatura feminina, sim senhor!............................ 191 5. Babugem e ruminação........................................... 247 Conclusão................................................................... 321 Referências Bibliográficas....................................... 327 Anexo......................................................................... 363 16 17 INTRODUÇÃO Posso dizer que, desde o meu primeiro livro, faço arte interessada. (...) O artista pode não ser político, enquanto homem, mas a obra de arte é sempre política enquanto ensinamento e lição; e quando não serve a uma ideologia serve a outra, quando não serve a um partido serve ao seu contrário. Mário de Andrade. O objetivo desta tese é mostrar a contribuição de Rachel de Queiroz para a crônica, a partir da sua presença no corpo editorial da revista O Cruzeiro na década de 50, e tentar detectar a relevância de sua escrita para a crítica e a historiografia literárias no Brasil. Fala-se muito de Rachel de Queiroz. Por muitos anos ela escreveu sobre as diversas possibilidades da vida. Ela foi tradutora (mais de 100 títulos), romancista (7 livros), contista, escritora para crianças, dramaturga e, principalmente, cronista (15 livros e milhares de crônicas dispersas em periódicos). E assim, o nome de Rachel (vida/literatura) comporta amplos contextos sócio-políticos e culturais do