Viver Em Toritama É Trabalhar
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL VIVER EM TORITAMA É TRABALHAR RECIFE 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL VIVER EM TORITAMA É TRABALHAR ERICA PAULA ELIAS VIDAL DE NEGREIROS VIVER EM TORITAMA É TRABALHAR Dissertação de Mestrado apresentada a Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Serviço Social. Orientadora: Prof.ª Doutora Vitória Régia Fernandes Gehlen. RECIFE 2010 Negreiros, Erica Paula Elias Vidal de Viver em Toritama é trabalhar / Erica Paula Elias Vidal de Negreiros. - Recife : O Autor, 2010. 80 folhas : tab. e gráficos. Orientadora: Profª. Drª Vitória Régia Fernandes Gehlen Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Serviço Social, 2010. Inclui bibliografia e anexos. 1. Arranjos produtivos locais. 2. Cotidiano. 3. Trabalho. 4. Modo de vida. I. Gehlen, Vitória Régia Fernandes (orientadora). II. Título. 361 CDD (22.ed.) UFPE/CSA 2011 - 043 À minha mãe, pelos esforços no curso de meus estudos e de minha vida. À minha grande amiga Cirlene Maia, por nunca me deixar desistir. À minha mais que orientadora Vitória Gehlen, por tudo. À minha amada sobrinha Maria Fernanda, na certeza de que será uma pessoa de bem. À minha irmã Elane Vidal, por tudo. Aos moradores de Toritama. AGRADECIMENTOS À Vitória, pela liberdade, compreensão e ensinamentos. Sem dúvida, uma Mestra que marcou a história da minha vida. Aos professores do Departamento de Serviço Social que, direta ou indiretamente, contribuíram em minha formação e na conclusão dessa etapa da minha vida acadêmica, especialmente às professoras Anita Aline, Ana Vieira. Aos colegas do GRAPP – Grupo de Estudos em Gênero, Raça, Meio Ambiente e Políticas Públicas , especialmente a Magaly Colares e Amanda Roberta. Às colegas do GET – Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho , além dos colegas do Projeto de Pesquisa “Questão Social nos Arranjos Produtivos Locais – a realidade de Toritama”, especialmente a Luane e às professoras Ângela Amaral e Ana Elizabete Mota. A Cirlene, pela amizade e cada segundo de alegria, brincadeira, incentivo e companheirismo. Seu lugar em meu coração está reservado para sempre. A todos os amigos que compreenderam minha ausência e torceram para que eu alcançasse sucesso em meu objetivo, especialmente Dolores (minha “Tôtote”), Geysa França, Laedja Lopes, Leonardo Santana, Sandra Roberta, Márcia Dias e Andréa Raquel. A minha eterna amiga Maria Helena Sette ( in memorian ), pelo desejo de que estivesses compartilhando essa conquista comigo. Aos companheiros do Albergue Antônio Nery Filho, pela força nos momentos finais, especialmente a Francegleydeci Cunha e Márcia Silva. À Mariquinha pelos cuidados maternos quando precisei de sua casa em Taquaritinga do Norte/PE. A cada uma das pessoas trabalhadoras na confecção do jeans em Toritama, pela sempre calorosa recepção. Às Diretoras das Escolas Municipais de Toritama, pelas portas que abriram para minha coleta de informações. É inevitável a contradição e o conflito entre o vivido e o viver, uma vez que o primeiro se define na experiência, muitas vezes dolorosa, da vida como ela é, ao passo que o segundo se define na experiência, às vezes carregada do sentimento da frustração, da constatação da vida como ela poderia ser, ou seja, do quanto ela poderia ser diferente. Lacombe (2008, p.163) RESUMO O presente trabalho tem por objetivo estabelecer uma relação entre o modelo econômico sob a lógica de Arranjo Produtivo Local e o modo de vida da população residente na cidade de Toritama, interior de Pernambuco. Para isso se parte da premissa de que qualquer atividade produtiva é resultado de mudanças não apenas nas características do território, mas também nas relações sociais entre seus moradores. Desse modo, portanto, as discussões acerca da atividade produtiva da cidade e a forma de reprodução social apresentam-se intrinsecamente relacionadas. Também se faz possível a percepção de que as características de um território envolvido na estratégia de desenvolvimento econômico regional ultrapassam a dimensão do ambiente de produção e alcança os espaços de reprodução social, repercutindo nas relações com a cidade e na condução da vida social. Palavras-chave: Arranjos Produtivos Locais; Cotidiano; Trabalho; Modo de vida RESUMEN El presente trabajo tiene por objetivo establecer una relación entre el modelo económico bajo la lógica de Desarrollo Productivo Local y el modo de vida de la población residente en la ciudad de Toritama, interior de la provincia de Pernambuco. Para ello se parte de la premisa de que cualquier actividad productiva supone cambios no sólo en las características territoriales, sino también en las relaciones sociales de sus habitantes. De ese modo, por lo tanto, las discusiones acerca la actividad productiva de la ciudad y la forma de reproducción social se presentan intrínsecamente relacionadas. Asimismo se hace posible percibir que las características de un territorio involucrado en la estrategia de desarrollo económico regional traspasan la dimensión del ambiente de producción y alcanza los espacios de reproducción social, lo que a su vez repercute en las relaciones con la ciudad y en la conducta de la vida social. Palabras clave: Arranjos Produtivos Locais ; Cotidiano; Trabajo; Modo de vida. LISTA DE TABELAS TABELA 1 20 Cidades e sua área de produção sob a modalidade de Arranjo Produtivo Local TABELA 2 35 Quantitativo populacional das cidades do Pólo de Confecções do Agreste (1970 - 2009) TABELA 3 38 Crescimento do PIB entre 1991 e 2000 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 43 Evolução Populacional de Toritama SUMÁRIO INTRODUÇÃO 15 1 ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE AS REGIÕES DE DESENVOLVIMENTO 1.1 A estratégia econômica 18 1.2 A repercussão nas cidades 24 1.3 A relação com o modo de vida 29 2 PÓLO DE CONFECÇÕES DO AGRESTE PERNAMBUCANO 2.1 Caracterizando o Pólo 34 2.2 Toritama: de região das pedras às “pedras” da região 37 2.2.1 Um resumo Histórico 37 2.2.2 Um passeio pela “cidade do jeans” 40 2.2.3 Saindo do trajeto ao parque das feiras e conhecendo a cidade: a 43 cadeia do jeans 3 VIVER EM TORITAMA É TRABALHAR 3.1 Metodologia 47 3.2 As vozes dos moradores da “cidade do jeans”: o modo de vida 49 CONCLUSÃO 62 REFERÊNCIAS 64 ANEXO A: Um passeio fotográfico pela “Cidade do Jeans” 69 ANEXO B: Localização e dados de gerais de Toritama 73 ANEXO C: Toritama aquece o comércio de jeans 75 ANEXO D: Desemprego no Sertão: Pólo Textil emprega 75 mil 76 pessoas e dinamiza interior de Pernambuco ANEXO E: Jipe é alongado e vira ônibus no Agreste 77 ANEXO F: Campus Agreste da UFPE é inaugurado nesta sexta-feira 80 1. INTRODUÇÃO A estratégia de Desenvolvimento Regional surgiu na busca do capital em estabelecer novas formas de acumulação de riquezas, a fim de reestabilizar a economia e seus índices de lucro reduzidos com a crise estrutural desencadeada após a Segunda Guerra Mundial. Desse modo, nas décadas de 60 e 70 no Brasil, os Pólos de Desenvolvimento e os Complexos Industriais tiveram destaques nos Planos Nacionais de Desenvolvimento, os quais visavam o crescimento da economia nacional. A partir do Plano Plurianual 2004-2007, o país inseriu a temática Arranjos Produtivos Locais (APL´s) como estratégia para desconcentrar espacialmente a produção e valorizar as potencialidades produtivas dispersas no país, dentre as quais está a abundante existência de mão-de-obra barata, face à escassez de trabalho, principalmente nas regiões interioranas. Surge nesse contexto a valorização de pequenas unidades produtivas informais, disfarçadas sob a idéia de empreendedorismo, seguindo a tendência de transferir para o trabalhador a responsabilidade sobre seu potencial de empregabilidade e de condições satisfatórias de trabalho e renda, ignorando o processo histórico de seletividade no mercado de trabalho, reduzindo a responsabilidade de intervenção do Estado, e enfraquecendo as conquistas dos direitos sociais. Considera-se que as expressões desse processo de desenvolvimento não se limitam à definição do território como local de produção, como local de troca. Mais que isso, no território produtivo está presente uma racionalidade que ultrapassa o momento da produção, estando presente nas relações sociais e na relação da sociedade com o território. Desta forma, a intensificação de atividades produtivas em determinados territórios, além de atender aos interesses de reestruturação do capital e de representar características peculiares na relação da sociedade com esses territórios, também redefine as relações sociais e o modo de vida das populações. O interesse pela temática do presente trabalho surgiu a partir da inquietação sobre a prática produtiva intensa, repetitiva e constante realizada pelos moradores da cidade de Toritama na confecção de roupas de jeans. Chama atenção a transformação das residências em ambientes de produção; as peças de roupa armazenadas nas calçadas e em todos os cômodos das casas; a diminuição do espaço de residência, em prol do espaço produtivo; o barulho incessante das máquinas de costura; o ar que irrita o nariz; o trabalho de idosos e crianças; as relações de trabalho; a ausência de condições ergonômicas adequadas; a expansão imobiliária irregular e sem estrutura urbana; o papel de propaganda exercida pela rádio comunitária; os diálogos associados ao trabalho; o amanhecer e o anoitecer sob os ruídos da produção do jeans. Também como forma de atender ao desejo de explicitar o lado real e sem romantismo de como a estratégia de formar Arranjos Produtivos Locais tem influência no modo de vida de seus moradores e na sua relação com o território em que vivem. Assim, no primeiro capítulo disserta-se sobre o papel desse modelo de desenvolvimento face à economia e a funcionalidade desse processo no capitalismo. Será possível entender a relação que tal iniciativa aponta ao território e em como isso se expressa na reprodução social. No segundo capítulo aproxima-se a realidade do território em estudo e apresentam-se as principais questões que o envolve.