Floresta Tropical Pluvial Atlântica-Cap 02.P65
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capítulo II Floresta Tropical Pluvial Atlântica Floresta Tropical Pluvial Atlântica 162 | VI Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza, 2003 Floresta Tropical Pluvial Atlântica Utilização da Aspiração Ambiental para o Estudo da Paulo, e posteriormente serão depositadas na Coleção Entomológica Fauna de Culicidae em Área de Transição entre a “Padre Jesus Santiago Moure”, Departamento de Zoologia da Floresta Ombrófila Mista e Densa, no Estado do Paraná Universidade Federal do Paraná. Adriana Félix dos Anjosa (adriana @bio.ufpr.br), Ana Cristina Dalla 3. Resultados Bonnab e Mário A. Navarro- Silvac Foram coletados 414 espécimens, distribuídos em 12 gêneros aPós-Graduação em Entomologia-UFPR, bolsista CAPES e 37 espécies: Anopheles (Kerteszia) cruzii Dyar & Knab, 1908; bGraduação-UFPR, bolsista CNPQ, PIBIC c Depto.de Zoologia-UFPR Culex (Culex) acharistus Root, 1927; Culex (Culex) bidens Dyar, 1922; Culex (Microculex) elongatus Rozeboom & Komp, 1950; 1. Introdução Culex (Microculex) imitator Theobald, 1903; Culex (Microculex) A grande potencialidade vetorial dos culicídeos somado ao microphyllys Root, 1927; Culex (Microculex) neglectus Lutz, 1904; aumento no número de pessoas infectadas, pelos diversos agentes Culex ocellatus Theobald, 1903; Limatus durhami (Theobald, 1901); patógenos por eles veiculados, levou a um aumento significativo no Oclerotatus (Oclerotatus) crinifer (Theobald, 1903), Oclerotatus número de pesquisas dentro da família Culicidae. (Oclerotatus) nubilus (Theobald, 1903), Oclerotatus (Oclerotatus) Estudos em ecossistemas com reduzida ação antrópica são scapularis (Rondani, 1848), Oclerotatus (Oclerotatus) serratus estratégicos para o conhecimento da biodiversidade culicidiana, (Theobald, 1901), Oclerotatus (Oclerotatus) terrens (Walker, 1956), gerando informações sobre a amplitude da distribuição, biologia e Onirion personatum (Lutz, 1904), Psorophora (Janthinosoma) ferox ecologia das espécies, podendo também auxiliar no delineamento (Von Humboldt, 1819); Runchomyia (Runchomyia) reversa Lane & de estratégias para o controle de possíveis vetores em condições de Cerqueira, 1942; Runchomyia (Runchomyia) theobaldi Lane & degradação das condições naturais. Cerqueira, 1942; Sabethes (Peytolunus) aurescens (Lutz, 1905); Até o momento, estudos sobre a ecologia de culicídeos em Sabethes (Sabethinus) idiogenes Harbach, 1994; Sabethes (Sabethinus) áreas sobre influência do Ecossistema de Mata Atlântica, restringi- intermedius (Lutz, 1905); Sabethes (Peytonulus) undosus (Coquillett, ram-se aos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo (Guimarães et 1905); Sabethes (Sabethinus) xyphydes Harbach, 1994; Shannoniana al, 1985, 2000a,b,c,d, 2001; Guimarães & Arlé, 1984; Guimarães fluviatilis (Theobald, 1903); Trichoprosopon compressum Lutz, 1905; & Victório, 1986, 1987; Forattini, 1986). Trichoprosopon pallidiventer Lutz, 1905; Uranotaenia (Uranotaenia) O objetivo do trabalho foi o conhecimento da fauna de calosomata Dyar & Knab, 1907; Uranotaenia (Uranotaenia) lowii Culicidae, utilizando-se a aspiração ambiental, em uma das poucas Theobald, 1901; Wyeomyia (Phoniomyia) antunesi Lane & Guima- áreas de contato entre a Floresta Ombrófila Mista e Densa. rães, 1937; Wyeomyia (Phoniomyia) edwardsi Lane & Cerqueira, 2. Métodos 1942; Wyeomyia (Phoniomyia) galvaoi (Côrrea & Ramalho, 1956), A área de estudo, Mananciais da Serra, possui 2.249.322 hec- Wyeomyia (Phoniomyia) pallidoventer Theobald, 1907; Wyeomyia tares e pertence a Companhia de Saneamento do Paraná (Phoniomyia) quasilongirostris (Theobald, 1907); Wyeomyia (SANEPAR), localiza-se no município de Piraquara-Pr, distanci- (Phoniomyia) theobaldi (Lane & Cerqueira, 1942); Wyeomyia ando-se cerca de 40 Km da capital Curitiba. O ecótono estudado (Wyeomyia) limai Lane & Cerqueira, 1942 e Wyeomyia mystes/finlayi, possui 80% de sua área caracterizado pela Floresta Ombrófila Culex (Carollia) sp. Densa e 20% pela Floresta Ombrófila Mista, esta zona de contato Trichoprosopon pallidiventer foi a espécie de maior abundância entre duas grandes formações vegetacionais ocorre somente na (22,82%), seguida por Shannoniana fluviatilis (12,05%) e Culex porção leste do Estado do Paraná. (Microculex) imitator (7,94%). O ponto escolhido para as coletas situa-se próximo ao Reser- As espécies de menor abundância (0,25%) foram Culex vatório do Carvalho, que possui capacidade para 800 metros cúbi- (Carollia) sp., Culex (Culex) acharistus, Limatus durhamii, Oclerotatus cos de água, utilizado para o abastecimento da cidade de Curitiba, (Oclerotatus) nubilus, Sabethes (Sabethinus) idiogenes, Sabethes nas coordenadas 25º30‘S e 48º49‘W, em altitudes variando de (Sabethinus) undosus, Trichoprosopon compressum, Uranotaenia 1020 a 1200 metros. Nas altitudes próximas e acima de 1.200 (Uranotaenia) lowii e Wyeomyia (Phoniomyia) pallidoventer, apesar metros nota-se a ocorrência da Floresta Ombrófila Densa da baixa abundância estas espécies foram responsáveis por 24% da Altomontana, que pelo estado de conservação aparenta ser uma riqueza da área. Os gêneros Culex e Wyeomyia apresentaram a mai- floresta primária (Lacerda, 1999; Struminski, 2001). or riqueza de espécies (S=8). Koehler (2002) registrou nesta formação cinqüenta e cinco A maioria das espécies coletadas possuem atividade diurna e hábito espécies de árvores, caracterizadas por um dossel muito denso e hematofágico variado, são típicas de ambientes silvestres e fitotelmatas. compacto, formado por árvores pouco desenvolvidas, de troncos Os fitotelmatas representaram 91% das espécies, sendo que os retos e de pequeno diâmetro (10 – 20 cm) cobertos por líquens e representantes dos gêneros Anopheles (Kerteszia), Culex (Microculex), epífitas, sobressaindo-se na região a orquídea Sophrronites coccínea, Runchomyia, Sabethes e Wyeomyia ovipositam quase que exclusiva- e no subosque a presença de grandes bromélias. mente em bromélias e os de Limatus durhamii, Onirion, Foram realizadas 25 coletas, ao nível do solo, no período de Shannoniana, Trichoprosopon e Culex (Carollia), são mais ecléticos 19/XII/02 à 22/V/03 (primavera/2002, verão e outono/2003) no quanto à escolha dos criadouros naturais, além de bromélias, período matutino, através do método da aspiração ambiental, uti- comumente são encontrados em cavidades de plantas como tron- lizando-se o aspirador inicialmente descrito por Nasci (1981), cos de árvores e internódios de bambu, além de folhas e toda totalizando 1048 minutos de captura. variedade de receptáculo natural de água, exceção feita ao gênero O método foi proposto para estudos de fisiologia (razão de Limatus que freqüentemente têm sido encontrado em criadouros paridade, indíce gonotrófico e análise do sangue ingerido), porém artificiais, como latas de conserva. As espécies dos gêneros o método não é seletivo, capturando além de fêmeas um grande Uranotaenia, Psorophora, Oclerotatus, Culex (Culex) e Culex ocellatus número de machos em seus abrigos. A captura de machos oferece são típicas de coleções de solo permanentes ou temporárias, além vantagens, pois a identificação pela genitália masculina fornece de uma variedade de criadouros artificiais. maior grau de confiança e facilidade em comparação aos caracteres 4. Conclusões de fêmeas adultas. A metodologia inicialmente utilizada para estudos de fisiolo- A triagem dos culicídeos foi realizada no Laboratório de gia, apresentou-se bastante eficiente para estudos ecológicos. Ape- Entomologia Médica e Veterinária da UFPR, onde os exemplares sar do baixo número de espécimens coletados o número de espéci- foram montados em alfinetes entomológicos para identificação à es apresentou-se elevado. nível específico. As espécies identificadas foram confirmadas pela Aproximadamente 70% das espécies coletadas são típicas de Drª Maria Anice Sallum, da Faculdade de Saúde Pública de São ambientes silvestres, destas 54% são representantes da Tribo Sabethini. A reprodução destas espécies depende de uma grande VI Congresso de Ecologia do Brasil, Fortaleza, 2003 | 163 Floresta Tropical Pluvial Atlântica variedade de criadouros naturais, principalmente bromélias e/ou de Distribuição anual da chuva de sementes em todo tipo de receptáculo natural de água, como cavidades de plan- ambientes perturbados e não-perturbados em região tas. O elevado percentual de espécies silvestres sugere que a área sob clima não-sazonal. encontra-se em condições muito próximas do seu estado natural. Adriana M. Z. Martinia ([email protected]); Flavio A. M. Santosb; Devido a escolha de um método não seletivo, que possibilita Paulo I. Pradoc a coleta de machos, foi possível a identificação à nível específico do a DCB/Universidade Estadual de Santa Cruz - b IB/UNICAMP - subgênero Culex (Microculex) que resultou em quatro espécies, c NEPAM/UNICAMP ressaltando assim a importância do uso de métodos não seletivos para estudos de diversidade. 1. Introdução Obtivemos o primeiro registro no Brasil para Sabethes Em regiões de florestas tropicais, sob clima com forte sazonalidade, (Sabethinus) idiogenes e o primeiro registro no Paraná para Sabethes a tendência geral observada em relação à fenologia, chuva de sementes (Sabethinus) xyphydes. e dispersão de sementes é um pico de produção de propágulos no 5. Referências Bibliográficas início da estação chuvosa, tanto em número de frutos produzidos, Forattini, O. P., Gomes, A. C., Natal, D., Santos, J. L. F. (1986). quanto em número de espécies produzindo frutos no período (Smythe Observações sobre atividade de mosquitos Culicidae em mata pri- 1970; Foster 1982; White 1994; Grombone-Guaratini e Rodrigues mitiva