OPEN ACCESS SCRIPTORIUM Scriptorium, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 1-13, jan.-jun. 2020 e-ISSN: 2526-8848 http://dx.doi.org/10.15448/2526-8848.2020.1.36448 TEMATHIS Lugares perpassados: música e loucura como paradigmas da escrita no imaginário material de Marguerite Duras Crossed Places: Music and Madness as Paradigms of Writing in Marguerite Duras’s Material Imagination Maurício Ayer Resumo: No momento de sua trajetória em que se dedica prioritariamente ao orcid.org/0000-0002-8814-3377 cinema, Marguerite Duras propõe, em um livro elaborado a partir de entrevistas
[email protected] com Michelle Porte, Les Lieux de Marguerite Duras (1977), uma série de figuras que, à maneira do que Gaston Bachelard (2001b) chamou de “imaginação material”, formam o que poderíamos identificar como uma mitologia pessoal da autora. Esse conjunto de signos-imagens reaparece com relativa estabilidade ao longo de sua obra, o que permite a Duras referir-se a obras de sua autoria bastante distantes Recebido em: 16 nov. 2019. temporalmente, mas com elementos em comum aos quais ela busca dar uma Aprovado em: 7 jan. 2020. formulação. Nesse contexto, a invenção mítica da escrita feminina relaciona-se Publicado em: 20 jul. 2020. com noções como a música e a loucura, que se mostram como paradigmas imaginários de uma poética da porosidade. Uma leitura cerrada desse livro de Duras e Porte permitirá revelar a trama conceitual que atravessa essas formula- ções e iluminar aspectos centrais da poética literária, teatral e fílmica de Duras. Palavras-chave: Imaginação material. Escrita feminina. Música e escrita. Lou- cura e escrita.