Rio De Janeiro 2008
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO IDENTIDADE E EDUCAÇÃO PARA A FÉ BAHÁ ’Í NO BRASIL : UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO CATHARINA EPPRECHT Rio de Janeiro 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO IDENTIDADE E EDUCAÇÃO PARA A FÉ BAHÁ ’Í NO BRASIL : UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO CATHARINA EPPRECHT Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia). Sob orientação do professor doutor Emerson Giumbelli. Rio de Janeiro Setembro de 2008 ii IDENTIDADE E EDUCAÇÃO PARA A FÉ BAHÁ ’Í NO BRASIL : UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO CATHARINA EPPRECHT ORIENTAÇÃO : PROF . DR . EMERSON GIUMBELLI Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) Aprovada por: _______________________________________ Presidente, prof. dr. Emerson Giubelli _______________________________________ Profa. dra. Maria Laura V. de Castro Cavalcanti _______________________________________ Prof. dr. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto _______________________________________ Rio de Janeiro Setembro de 2008 iii Epprecht, Catharina Identidade e educação para a fé Bahá’í no Brasil: um estudo antropológico/ Catharina Epprecht. - Rio de Janeiro: UFRJ/ IFCS, 2008 viii, 128f.: il.. Orientador: Emerson Giumbelli Dissertação (mestrado) – UFRJ/ IFCS/PPGSA/ Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, 2008 Referências Bibliográficas: f. 111-119. 1. Formação identitária. 2. Religião. 3. Educação 4. Fé Bahá’í I. Giumbelli, Emerson. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia. Pesquisa em Antropologia. III. Título. iv IDENTIDADE E EDUCAÇÃO PARA A FÉ BAHÁ ’Í NO BRASIL : UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO CATHARINA EPPRECHT ORIENTAÇÃO : PROF . DR . EMERSON GIUMBELLI Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) Esta dissertação investiga os processos de formação e fricção identitárias e as questões da educação conectadas aos dois, assim como a tomada de posição a partir do que foi aprendido e classificado como normal. Analisa como uma religião específica, a saber, a fé Bahá’í, utiliza esse mecanismo na formação de um ethos religioso, que compreende valores como a mobilidade, a flexibilidade, a educação e a reflexão, o “sacrifício”, a anti-hierarquia, a anti-ritualização, a cortesia. O estudo dá ênfase especial a um determinado obJetivo elaborado pelo pensamento religioso – o “fim das ideologias”, incorporado pela contrariedade ao nacionalismo –, que é paulatinamente ensinado e absorvido pelos membros religiosos. O trabalho ainda analisa a polissemia do termo educação e como esses diferentes significados podem ser manipulados para obJetivos diferentes. Palavras-chave: Identidade, educação, religião, nacionalismo, fé Bahá’í Rio de Janeiro Setembro de 2008 v IDENTIDADE E EDUCAÇÃO PARA A FÉ BAHÁ ’Í NO BRASIL : UM ESTUDO ANTROPOLÓGICO CATHARINA EPPRECHT ORIENTAÇÃO : PROF . DR . EMERSON GIUMBELLI Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) This work makes a research on questions related to identity formation, identity friction and the education involved on these processes, as well as the positions taken from what was learned and conceived as normal. It analyses how a specific religion, the Bahá’í faith, uses this mechanism to shape a religious ethos that comprehends values such as mobility, flexibility, education, thinking, “sacrifice”, anti-hierarchy, anti-ritualism, cortesy. The research gives special attention to a specific goal worked out by the religious thought – the “end of the ideologies” and its connected national ideology –, gradually taught and learned. This dissertation also analyses the polysemy of the word “education” and how these different meanings can be articulated to different goals. Key words: Identity, education, nationalism, religion, Baha’i Faith Rio de Janeiro September, 2008 vi SUMÁRIO INTRODUÇÃO . 001 1. APRESENTAÇÃO DA FÉ BAHÁ ’Í . 014 1.1 HISTÓRICO E PRECEITO BÁSICOS . 014 1.2 FLEXIBILIDADE , INFORMALIDADE RITUAL E ANTI -HIERARQUIA . 024 1.3 OBRIGAÇÃO FLEXÍVEL : A PRECE . 033 1.4 O SACRIFÍCIO COMO PARTE DO ETHOS RELIGIOSO . 040 2. SOBRE A EDUCAÇÃO INFALÍVEL . 051 2.1 EDUCAÇÃO COMO PROMOTORA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO , ESPIRITUAL E SOCIAL . 051 2.2 POLISSEMIA E VERTENTES DA EDUCAÇÃO ; PODER , AUTORIDADE E TÉCNICAS DE SI . 060 2.3 COMO EDUCAR SEM DOUTRINAR ? COMO EDUCAR SEM HIERARQUIZAR ? . 069 3. RELAÇÕES INTERÉTNICAS E INTER -NACIONALISTAS . 074 3.1 IDENTIDADE COMO NORMALIDADE , ALTERIDADE COMO DESVIO . 074 3.2 O MEDO DO OUTRO . 081 3.3 ETNICIDADE , RAÇA E NACIONALIDADE PARA BAHÁ ’ÍS NO BRASIL . 083 CONSIDERAÇÕES FINAIS – O OUTRO LADO DO RÓTULO ; E A ESPIRITUALIDADE . 098 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . 111 ANEXOS . 120 vii AGRADECIMENTOS À família e aos amigos, que com conversas, ouvidos, gestos, exemplos, dicas, apoios..., aJudaram a fazer deste um caminho feliz e produtivo. Agradecimentos especiais à minha mãe, pelo carinho e a atenção, sempre; a Moema, Laura, Julia, Olivia e Piti (cada uma, a seu Jeito, foi extremamente importante); ao Alexandre, essencial em momentos cruciais; a meu orientador, pela gentileza e a paciência em aceitar uma orientanda cheia de compromissos e preocupações extracurriculares; aos professores e colegas do IFCS, Museu Nacional e UFF com quem tive a oportunidade de diálogo estimulante; e ao Claudio, pela paciência e por tudo que vem adiante. É necessário também agradecer à comunidade bahá’í, que desde o início da pesquisa (e apesar de alguns receios quanto ao que poderia sair desse trabalho) prontificou-se a aJudar, fornecer explicações, conversar, aceitou-me como “ouvinte-perguntante” em cursos e fez inúmeros convites para palestras, reuniões e outros eventos. Sem a aJuda de todos os citados, este mestrado não seria possível. viii INTRODUÇÃO Diante da pergunta “O que você estuda?”, costumo responder “identidade”. Frente a olhares mais ou menos desconfiados, sigo desfiando como, onde e por quê. Passo pela “religião”, momento em que, em geral, as pessoas ficam mais contentes. E ao falar de meu obJeto específico, a fé Bahá’í, e mais, os iranianos dessa crença morando no Brasil, olhos intrigados pedem mais. Com o inusitado dessa religião, das infindas perguntas que suscita e das respostas que pode oferecer, mas principalmente de seu exótico, sempre mais exótico quanto mais simplificado – “Como assim islâmico misturado com budismo e hare krishna, com registro na ONU?” –, a fé Bahá´í ganha as atenções. E foi mais ou menos assim que cheguei aos bahá’ís. AlmeJava entender um pouco mais a formação identitária, simpatizava pelos estudos de religião e carregava uma visão mais ou menos rasa e encantada da antropologia. Talvez seJa uma questão das ciências sociais mesmo, essa proximidade entre teorias, questões, compreensões e objetos. Do lado de fora da academia, antropólogos da educação viram pedagogos; os da religião, teólogos; do gênero, sexólogos; e assim em diante. Do lado de dentro, muitos mestrandos chegam a um objeto sem questões muito formuladas, e dali buscarão o que lhes intriga. Esse não foi o meu caminho. Quando decidi passar por este mestrado, tinha questões imensas (muito mais e maiores do que seria possível responder), além das curiosidades, sim, por obJetos que poderiam me servir para estudar algo que me inquietasse quando eu entrasse em contato com eles. Mas os objetos eram mais meios do que fins. Com a necessidade de submeter um proJeto a uma banca examinadora, aparei os excessos e saí em busca de pesquisas mais factíveis. Da inquietação pelo Oriente Médio cheguei à curiosidade e ao encanto com o Irã, principalmente por ser o país de uma revolução tão recente e tão... revolucionária. Não foi apenas uma troca de mãos no poder, representou uma mudança drástica na vida dos cidadãos, mas também foi um símbolo potente para o mundo ocidental – essa revolução que encantou Michel Foucault, que a acompanhou de perto, a princípio in loco , como repórter e articulista entusiasmado para o Nouvel Observateur e para o Corriere della Serra , “para estar lá no nascimento das idéias” (Foucault, em Afary e Anderson, 2005: 3). Ao comentá-la, Foucault escreveu sobre Justiça e inJustiça, sobre deseJos coletivos, falou mal do xá, de sua modernidade arcaica e dos tecnocratas americanos que o apoiavam, da corrupção, de um exército que não se identificava com seu país, e exaltou o que estava por vir, a inserção da espiritualidade na política (para que aquela fosse o “fermento” desta). Defendia que: “Por ‘governo islâmico’, ninguém no Irã entende um regime político