Turismo Em Cabo Verde: Um Estudo Exploratório

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Turismo Em Cabo Verde: Um Estudo Exploratório Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais Turismo em Cabo Verde: um estudo exploratório Maria do Carmo Farias Daun e Lorena Santos Mestrado em Antropologia Social e Cultural 2009 Universidade de Lisboa Instituto de Ciências Sociais Turismo em Cabo Verde: um estudo exploratório Maria do Carmo Farias Daun e Lorena Santos Mestrado em Antropologia Social e Cultural Tese orientada pelo Doutor João Vasconcelos 2009 Resumo Esta dissertação é um trabalho exploratório sobre o turismo em Cabo Verde. Partindo de um esquema teórico herdeiro fundamentalmente da Sociologia e Antropologia do turismo, começaremos por discutir alguns dos seus temas centrais para o nosso objecto de estudo. O turismo em Cabo Verde é assumido como o eixo central do desenvolvimento do país e a indústria turística cabo-verdiana encontra-se em franca expansão. Através de uma caracterização do fenómeno turístico em Cabo Verde, desde o seu florescimento até aos dias de hoje, pretendemos dar conta da evolução do sector e das recentes reconfigurações no panorama turístico cabo-verdiano que se espelham nos discursos narrativos e visuais presentes na promoção turística deste destino. Com base numa análise do discurso promocional, procuramos desvendar a forma como este arquipélago é descrito enquanto destino turístico, revelando a diversidade de elementos presentes na imagem turística contemporânea de Cabo Verde. Palavras-chave: Cabo Verde, Turismo, Desenvolvimento, Imagem. Abstract This dissertation is an exploratory work about tourism in Cape Verde. By framing a theoretical scheme based on the Sociology and the Anthropology of tourism, we discuss some of its themes that are critical to our object of study. Tourism in Cape Verde is taken as the central axis of the country‟s development, and the Cape Verdean touristic industry is in large expansion. Through a characterization of the touristic phenomenon in Cape Verde, since its beginnings until today, we attempt to report its evolution and the recent reconfigurations in the Cape Verdean touristic scenery which are reflected in narrative and visual discourses that promote this destination. By means of an analysis of the promotional discourse, we seek to unravel how this archipelago is described as a touristic destination, revealing the diversity of elements that build the contemporary touristic image of Cape Verde. Key-words: Cape Verde, Tourism, Development, Imagery. Agradecimentos Agradeço aos meus professores do ICS, pois contribuíram para que o meu retorno à academia fosse ainda mais estimulante. Poder desfrutar deste leque de professores de excepção foi um prazer e um privilégio. Agradeço profundamente ao professor João pela humanidade que demonstrou desde o primeiro momento, pela abertura descomplexada, pelo comprometimento durante todo o processo de orientação, pelo rigor, pelas críticas e pelo detalhe, pelo entusiasmo, pelos livros, pelas dicas, pelo ânimo e pela motivação, até pelo optimismo exacerbado, pela força. Devo muito, fora e dentro da academia, ao professor João. Gostaria também de agradecer a disponibilidade de algumas pessoas com as quais estabeleci contacto na fase inicial deste trabalho. Apesar de esses contactos não terem tido continuidade, devido sobretudo à mudança de rumo da pesquisa, a amabilidade de todas estas pessoas foi decisiva no alento das primeiras passadas. Assim, agradeço sinceramente a disponibilidade da Prof. Maria Cardeira da Silva, do Prof. Miguel Chaves, da Prof. Brígida Rocha Brito, do Prof. João Estêvão, do Prof. Eduardo Sarmento Ferreira, do José Carlos Cabral, da Sofia Mascarenhas, da D. Zita Mascarenhas, da D. Jocelina Salomão, da Xana Campos, da Elisenda Copons, do Dr. Armando Ferreira da Soltrópico, da Dr.ª Ângela Borges da UNOTUR e do Dr. João Manuel Chantre da Câmara de Comércio Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde. Agradeço também ao Max pelas dicas que me deu e à Raquel por insistir tanto na capacidade. Agradeço ao Tiago... por tudo. As palavras não chegam para tanto. Dedico esta tese ao meu pai. ÍNDICE Lista de Tabelas………………………………………………………………………..…….II Lista de Gráficos…………………………………………………………………..…...…….II Lista de Figuras…………………………………………………………………….……..…II Cabo Verde, Mapa e Breve descrição……………………………………………………....IV Introdução…………………………………………………………………………………...1 Capítulo I – Estado da Arte O turismo como objecto de estudo nas Ciências Sociais…………………………………….6 Definições de turismo………………………………………………………………………..8 Autenticidade…………………………………………………………………………….…10 Impactos e relações host-guest……………………………………………………………...16 Turismo e desenvolvimento…………………………………………………………...……22 Capítulo II – O Turismo em Cabo Verde, Ontem e Hoje Turismo em contextos arquipelágicos………………………………………………………27 As Pequenas Economias Insulares……………………………………………….…………28 Turismo e desenvolvimento………………………………………………………...………31 Implementação do turismo………………………………………………………………….36 Ontem e Hoje……………………………………………………………………………….39 Diversificação dos tipos de turismo………………………………………………………...45 Capítulo III – A Imagem Turística de Cabo Verde O olhar turístico e a imagem de destino…………………………………………………….49 O discurso promocional……………………………………………………………….……53 O Outro exótico…………………………………………………………………………..…57 Ilhas paradisíacas…………………………………………………………………………...62 A imagem turística de Cabo Verde…………………………………………………………62 Imagem de marca……………………………………………………………………...........80 Conclusão……………………………………………………………………………….….82 Bibliografia………………………………………………………………………...………86 Anexo……………………………………………………………………………………….93 I Lista de Tabelas Tabela 1 – Ano e Número de hóspedes (1990-2008)……………………………...………..40 Tabela 2 – Ano, País de origem e Número de hóspedes (2001-2008)………………...……41 Tabela 3 – Ilhas, Número de hóspedes e Percentagens (2006)…………………………..…42 Tabela 4 – Ano e Número de estabelecimentos (1999-2008)……………………………....43 Tabela 5 – Ilhas, Número de estabelecimentos e Percentagens (2007)………………….....43 Lista de Gráficos Gráfico 1 – Evolução das entradas de hóspedes (1990-2008)……………………………...40 Gráfico 2 – Evolução das entradas de hóspedes ingleses, italianos e portugueses (2001- 2008)……………………………………………………………………………………..…41 Gráfico 3 – Entradas nos estabelecimentos hoteleiros por ilha (2006)……………………..42 Gráfico 4 – Evolução do número de estabelecimentos hoteleiros (1999-2008)………..…..43 Gráfico 5 – Distribuição dos estabelecimentos hoteleiros por ilha (2007)…………………43 Lista de Figuras Figura 1 – Clima e Natureza – Paisagem – mar………………………………………….…66 Figura 2 – Clima e Natureza – Paisagem – dunas…………………………………………..67 Figura 3 – Clima e Natureza – Paisagem – montanhas……………………………………..67 Figura 4 – Clima e Natureza – Paisagem – vegetação……………………………………...67 Figura 5 – Clima e Natureza – Paisagem – aridez………………………………………….67 Figura 6 – Clima e Natureza – Fauna e Flora – peixes……………………………………..68 Figura 7 – Clima e Natureza – Fauna e Flora – dragoeiro………………………….............68 Figura 8 – Cultura e Património – Música e Dança – festas e romarias……………………68 Figura 9 – Cultura e Património – Música e Dança – músicos……………………………..68 Figura 10 – Cultura e Património – Gastronomia – peixe e marisco……………………….69 Figura 11 – Cultura e Património – Gastronomia – peixe (à cabeça)………………………69 Figura 12 – Cultura e Património – População e Costumes – crianças……………………..70 Figura 13 – Cultura e Património – População e Costumes – criança……………………...70 Figura 14 – Cultura e Património – População e Costumes – idosos………………………70 Figura 15 – Cultura e Património – População e Costumes – mulher a fuma cachimbo…...70 II Figura 16 – Cultura e Património – População e Costumes – penteado de tranças……..….70 Figura 17 – Cultura e Património – População e Costumes – jogo do ouril………………..70 Figura 18 – Cultura e Património – População e Costumes – faina e pescadores………….71 Figura 19 – Cultura e Património – População e Costumes – faina e pescadores (bote)…...71 Figura 20 – Cultura e Património – População e Costumes – mercado…………………….71 Figura 21 – Cultura e Património – População e Costumes – transporte de água (crianças).71 Figura 22 – Cultura e Património – População e Costumes – transporte de água (burro).....71 Figura 23 – Cultura e Património – História – Cidade Velha (pelourinho)...........................72 Figura 24 – Cultura e Património – História – Cidade Velha (canhões)................................72 Figura 25 – Cultura e Património – História – igreja……………………………………….72 Figura 26 – Cor – mar………………………………………………………………………75 Figura 27 – Cor – dunas…………………………………………………………………….75 Figura 28 – Cor – Carnaval…………………………………………………………………75 Figura 29 – Cor – vulcão……………………………………………………………………75 Figura 30 – Cor – paisagem verdejante……………………………………………………..75 Figura 31 – Palmeiras……………………………………………………………………….77 Figura 32 – Casa rural………………………………………………………………………77 Figura 33 – Geral – Exótico………………………………………………………………...78 Figura 34 – Geral – África………………………………………………………………….78 Figura 35 – Imagem emblemática Geral – pôr-do-sol……………………………………...78 Figura 36 – Imagem emblemática Geral – pôr-do-sol (Monte Cara)……………………….78 Figura 37 – Imagem emblemática Geral – botes (em terra)………………………………...78 Figura 38 – Imagem emblemática Geral – botes (no mar)………………………………….78 Figura 39 – Imagem emblemática Particular – Pontão de Santa Maria (Sal)………………79 Figura 40 – Imagem emblemática Particular – Salinas (Sal)……………………….………79 Figura 41 – Imagem emblemática Particular – Monte Cara (São Vicente)……………..….80 Figura 42 – Imagem emblemática Particular – Carnaval (São Vicente)…………..………..80 Figura 43 – Imagem emblemática Particular – Vulcão – Fogo…………………………..…80 Figura 44 – Imagem emblemática Particular – Trapiche
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    boatime ILHA DA BOA VISTA Boa Vista é uma ilha do grupo de Barlavento de Cabo Verde. De todas as 10 ilhas do arquipélago, é a situada mais a leste, distando apenas 500 Km da costa Africana. A sua superfície, de 620 Km2, torna- a a terceira maior ilha do país, depois de Santiago e Santo Antão. Tem cerca de 31 Km de norte a sul e 29 Km de leste para oeste. A maior povoação da ilha é a cidade de Sal Rei, com cerca de 12.000 habitantes. Boa Vista é conhecida por ter as mais extensas praias de todo o arquipélago, razão pela qual atraiu, mais recentemente, investidores e operadores turísticos, registando já várias unidades hoteleiras de qualidade superior. No entanto, há alternativas para quem queira fugir à massificação turística e percorrer os caminhos alternativos de uma oferta cada vez maior. Destinos não faltam, como Espingueira, uma antiga aldeia de pescadores por muito tempo abandonada à erosão do tempo, salva de suas memórias e das vetustas paredes por empreendimento de hotelaria ecológica que, aos poucos, a vem recuperando parcialmente. Ou, então, se quiser avançar mais para norte, aguarda-o Fundo das Figueiras, uma aldeia com ruas sombreadas por arbustos de hibiscos e buganvílias. A diversidade cromática das casas de rés-do- chão é ressalvada pelos tons vivos das paredes e persianas que parecem, assim, receber os passantes com abraços de boas vindas. A austera igreja é, a par das casas bem cuidadas e coloridas, um ex libris de Fundo das Figueiras que, na proximidade, oferece, para deleite dos viajantes, um restaurante onde a gastronomia da terra pode ser apreciada e descansadas as pernas da caminhada.
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