Jania Crassa Lamouroux (Rhodophyta, Corauinales), Nome Correto Para As Referencias De Jania Rubens Lamouroux No Brasil
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Hoehnea 30(2): 111-120, 3 fig., 2003 Jania crassa Lamouroux (Rhodophyta, CoraUinales), nome correto para as referencias de Jania rubens Lamouroux no Brasil l 2 Carlos Wallace do Nascimento Moura ,3 e Silvia Maria Pita de Beauclair Guimaraes Recebido: 07.05.2002; aceito: 13.04.2003 ABSTRACT - (Jania crassa Lamouroux (Corallinales, Rhodophyta), correct name for the references of iania rubens Lamouroux in Brazil). By reviewing material ofgeniculated coralline algae from Brazil we found that a robust taxon occurring from north of Espirito Santo to Rio Grande do Sui States had erroneously been identi fted in the Brazilian literature as iania rubens (Linnaeus) Lamouroux. Detailed study of this material and comparison with similar species led us to identify it as iania crassa Lamouroux. It presents a dioecious erect epilithic thallus up to 9 cm length, large basal disc, laxly dichotomous branches, intergenicula long, 200-300(-400) J.lm wide and 6-20(40) tiers of medulary cells and genicula 180-240 J.lm long. These findings led us to establish that iania crassa presents a amphi-Atlantic distribution occurring on the African coast, Ac;:ores Arquipelago and Brazil. A comparison with related taxa is presented, stressing the need to review all the references of1. rubens to the Atlantic Ocean. Key words: iania crassa, taxonomy, articulated coralline algae, Western Atlantic RESUMO - (Jania crassa Lamouroux (Rhodophyta, Corallinales), nome correto para as referencias deiania rubens Lamouroux no Brasil). Ao rever 0 material de coralimiceas com geniculo do litoral do Brasil veriftcou-se a ocorrencia de uma especie do genero iania. 1. crassa Lamouroux. Este taxon, adic;:ao it flora do Atlantico Ocidental, ocorre desde 0 litoral norte do Espirito Santo ate Torres no Rio Grande do Sui, sendo erroneamente identiftcado como iania rubens (Linnaeus) Lamouroux. ionia crassa Ii uma especie di6ica caracterizada por apresentar talo ereto, epilitico, ate 9,0 cm alt. com disco de ftxac;:ao bem desenvolvido, ramificac;:ao dicot6mica frouxa, intergeniculos longos, 200-300(-400) flm larg., e 6-20(-40) fileiras de celulas medulares e geniculo com 180-240 J.lm compo Com 0 registro da especie para 0 Brasil sabe-se agora que 1. crassa apresenta uma distribuic;:ao anft-atlantica, uma vez que anteriormente era referida somente para a costa do continente africano e Arquipelago de Ac;:ores. Sao apresentadas comparac;:6es com taxons afins bem como salientada a necessidade de se rever as citac;:5es de 1. rubens no Atlantico. Palavras-chave: iania crassa, taxonomia, coralinacea articulada, Atlantico Ocidental Introdu~ao compressos e lobos nos quais estao inseridos marginalmente os conceptaculos. o genera Jania Lamouroux, tribo Janieae, Oito especies eram reconhecidas para 0 Atlantico subfamilia Corallinoideae, apresenta ampla Ocidental: 1. adhaerens Lamouroux, 1. capillacea distribuic;;ao geografica, estando bem representado Harvey, 1. prolifera Joly, 1. pumila Lamouroux, nas regioes tropicais e subtropicais (Johansen 1981). 1. rubens Lamouroux, 1. ungulata (Yendo) Yendo, Difere dos demais generos de Corallinoideae por J. longifurca Zanardini e J. sanctae-marfhae apresentar ramificac;;ao essencialmente dicotomica Schnetter (Taylor 1960, Schneider & Searles 1991, ao longo do talo. Na tribo Janieae, esta Wynne 1998, Moura & Yamaguishi-Tomita 1998), as caracteristica morfol6gica separa Jania dos outros seis primeiras referidas para 0 litoral brasileiro. Dentre membros, como Halip/ilon (Decaisne) Lindley, que estas especies, 1. capillacea e enquadrada por alguns apresenta ramificac;;ao de primeira ordem autores como sinonimo de 1. adhaerens, ao passo dicotomica e de segunda ordem pinada. que 1. prolifera foi recentemente transferida para 0 Cheilosporum (Decaisne) Zanardini, apresenta genero Arfhrocardia pOI' Moura (2000). ramificac;;ao dicotOmica, porem, com intergeniculos I. Universidade Estadual de Feira de Santana, LAFICO, 44031-460 Feira de Santana, BA, Brasil. 2. Instituto de Botanica, Caixa Postal 4005, 0 I061-970 Sao Paulo, sr, Brasil. 3. Autor para correspondencia: [email protected] I 12 Hoehnea 30(2), 2003 Atraves do exame do material identificado como angulo fechado entre as dicotomias « 30°); ramos 1. rubens do litoral brasileiro verificou-se que 0 adventicios as vezes presentes. Intergeniculos mesmo nao se enquadra na conceituas;ao cOITeta da cilindricos (figuras 1b, e), em forma de baITil na base; especie, cOITespondendo mais a1. crassa, especie que intergeniculos apicais de comprimento variavel, ainda nao havia sido citada para 0 Atlantico Ocidental. geralmente mais longos que largos (comprimento 1,2-10(-20) x largura), as vezes mais delgados que os Material e metodos intergeniculos basais; intergeniculos basais, (350-)500 1000(-1335) x (275-)300-400 /-lm, intergeniculos Os especimes estudados sao provenientes de medianos, 900-2500(-4000) x (180-)200-300 /-lm e coletas e de exsicatas pertencentes ao herbario do intergeniculos apicais, (750)850-3000(-7000) x Instituto de Biociencias, Universidade de Sao Paulo (165-)200-335 /-lm. Medula do intergeniculo composta (SPF), Herbario "Maria Eneyda P. K. Fidalgo" do por 6-20(-40) fileiras de celulas alongadas (figuras Instituto de Botanica (SP), alem da coleS;ao particular If, g), (65-)85-135 x 8-12 /-lm, apresentando inumeras da Ora. Yocie Yoneshigue Valentin (YY, MOF), fusoes entre celulas de filamentos contiguos. Cortex Universidade Federal do Rio de Janeiro, totalizando delgado, obliquo as celulas da medula (figura Ig), com cerca de 50 localidades ao fango do litoral do Brasil. 1-2 camadas de celulas, arredondadas a alongadas, Foram examinados especimes adicionais do 11-20 x 9-11 /-lm, com fusao entre celulas, externa Rijksherbarium (L), Bolus Herbarium (BOL) e da mente recoberto pOl' celulas epiteliais retangulares a Escuela acional de Ciencias Biologicas, Instituto quadrMicas, 5-6 x 7-11 /-lm, e por cuticula delgada Politecnico acional (ECNB). Os materiais coletados (figura 1h). Tricocito bicelular presente entre as encontram-se no acervo do Herbario da Universidade celulas do cortex dos intergeniculos novos; superficie Estadual de Feira de Santana (HUEFS). tipo-Corallina, com celulas arredondadas e poro As observas;oes foram real izadas a partir de central projetado (figura Ii). Geniculo com 180-290 material fixado em formalina a 4%. Materiais /-lm larg., formado por celulas alongadas, 180-240 x provenientes de exsicatas foram hidratados por 24 h 9-12 /-lm. Plantas dioicas. Conceptaculos axiais em soluS;ao de formalina a 4%, antes de serem geralmente com 2 ramulos cilindricos no apice, exceto estudados. Os metodos empregados em microscopia os masculinos, destituidos de ramulos. Conceptaculos fot6nica seguem Moura et al. (1997). A metodologia femininos/carposporangiais anforoides (figuras 2a, b), para microscopia eletr6nica de varredura (MEV) externamente com 285-350 /-lm diam., cavidade interna segue Moura & Guimaraes (2002). A analise das oval, 245-365 x 170-290 /-lm, canal 65-100 /-lm compr. estruturas em MEV foi realizada utilizando Celula de fusao estreita e biconvexa, 17-25 x 40-55 microscopio Zeiss OSM 940 e Phillips a 10 KW. /-lm, filamentos gonimoblasticos perifericos; carposporangios, 65-80 /-lm diam. (figuras 2c, d). Resultados Conceptaculos masculinos fusiformes (figuras 2g, h), Jania crassa Lamouroux, 1821 :23 externamente com 240-280 /-lm diam.; cavidade Localidade tipo: 'Dusky Bay', Nova Zelandia (CN!) intema estreita, 535-700(-1040) x 125-170 /-lm, canal Figuras 1-2 com 60-100 /-lm compr. Conceptaculos tetrasporangiais ovais, anforoides (figuras 2£), externamente medindo Jania natalensis Harvey 1849[ 1847-1849]: 107 280-400 /-lm diam.; cavidade interna oval, 245-360 x (Johansen 1971) 245-360 /-lm, canal com 65-110 /-lm compr. Tetraspo Corallina natalensis (Harvey) Ktitzing 1858:38 rangios zonados, 125-205 x 45-60 /-lm (figuras 2e). (Johansen 197 I) Bisporangios ausentes. Jania micrarthrodia val'. crassa (Lamouroux) Habitat: cresce geralmente em locais batidos a Areschoug 1852:555 (Seagrief 1984) moderadamente batidos, em pos;as de mare ou em Plantas eretas, epiliticas, robustas, em tufos cost5es rochosos, na regiao entremares e no densos, roseo-escuras, 3,0-9,0 cm alt. (figura Ia). infralitoral. E facilmente reconhecida em campo Estrutura de fixas;ao crostosa, disciforme, bem devido ao habito epilitico, por apresentar tufos desenvolvida (figura lc), ate 0,5 cm diam., as vezes formando densas agregas;oes, bem como, pelo com rizoides na pors;ao basal do talo. Talo com tamanho e aspecto mais robusto que as outras ramificas;ao dicot6mica frouxa, em um plano e com especies referidas para 0 Brasil. C.W.N. Moura & S.M.P.B. Guimaraes: iania crassa no Brasil 113 Figura Ia-i. Jania crassa. a. Aspecto geral da morfologia do talo. b. Detalhe da ramifica9ao dicot6mica na termina9ao de um ramo. C. Fratura longitudinal do disco de fixa9ao visto em MEV mostrando organiza9ao pseudoparenquimatosa; saida de intergeniculos (setas). d. Detalhe em MEV das fusoes de celulas entre filamentos contiguos presente no disco de fixa9ao. e. Fratura transversal mostrando formato circular do intergeniculo em MEV. Observe regiao medular (me). f. Varia9ao das dimensoes dos intergeniculos e do nllmero de fileiras medulares presentes num mesmo ramo. g. Fratura longitudinal do intergeniculo visto em MEV; regiao medular (me) e cortical (co). h. Detalhe da regiao cortical do intergeniculo em corte longitudinal; fusao de celulas (ct), conexao intercelular primaria, celulas epiteliais (e) quadraticas e cuticula espessa (c). i.