Goritzia Filmes, RT Features, Downtown Filmes, RioFilme e EBX apresentam

Um filme de José Henrique Fonseca

Com Rodrigo Santoro | Alinne Moraes | Angie Cepeda

Produção Goritzia Filmes | RT Features Distribuição DOWNTOWN FILMES | RIOFILME 106 minutos | Brasil | PB

Estreia 30 de Março

www.helenofilme.com.br “Sendo Heleno o que está na proa, todo torcedor vai ao estádio como quem leva no bolso um bilhete inteiro de loteria. Porque com Heleno não existe meio-termo; ou, pelo menos, o público não quer isso dele.” Declaração de Gabriel García Márquez, então jornalista do El Heraldo de Barranquilla, quando Heleno jogou na Colômbia

“Heleno é um impressionante trabalho que certamente eleva o status de Fonseca e do seu brilhante astro Rodrigo Santoro no cenário do cinema mundial” Trecho da crítica de Kirk Honeycutt no The Hollywood Reporter após première mundial do filme no Festival de Toronto

“As cenas do filme são espetaculares, e as sequências de jogo lembram não apenas as cenas de ‘Touro Indomável’, mas também o imediatismo do documentário ‘Zidane: A 21st Century Portrait’, de 2006 .”

Trecho da crítica de John Anderson, na Variety,

após première mundial do filme no Festival de Toronto

FESTIVAIS

Festival Internacional de Cinema de Toronto – Setembro de 2011

Seleção oficial do Festival Internacional do Novo Cinema Latino americano de Havana – Dezembro de 2011. Prêmio de melhor ator - Rodrigo Santoro

Festival Internacional de Cartagena – Fevereiro de 2012

Festival Internacional de Miami – Março de 2012 APRESENTAÇÃO

Talentoso, intempestivo, louco. Um homem que viveu intensamente dentro e fora dos campos de futebol. Esse é Heleno , vivido por Rodrigo Santoro no novo filme de José Henrique Fonseca, que estreia dia 23 de março. Com produção de Goritzia Filmes e RT Features e distribuição da Downtown Filmes, o longa mostra a ascensão e queda do jogador de futebol Heleno de Freitas. Dos anos 1940, auge de sua carreira, ao fim da década de 1950, quando morre em um sanatório, Heleno conta a história de um atleta talentoso que tem a vida destruída por sua arrogância e seu temperamento violento.

“Heleno vai direto da glória à tragédia, do céu ao inferno, sem passar por um purgató- rio”, define José Henrique Fonseca. “O filme tenta entender por que ele teve tudo e não conseguiu ser feliz. Sempre me interesso por personagens em situações-limite, em becos sem saída”, diz ele, comparando Heleno ao seu primeiro filme, O Homem do Ano (2003).

O ator Rodrigo Santoro conta que ficou fascinado pelo personagem. “Heleno só via sentido em viver o máximo, em se dar 100%. Não tolerava mediocridade. Ele causou efei- to em todos os que o conheceram: até hoje, por amor ou por ódio, todos falam dele de forma apaixonada”, diz Rodrigo, que emagreceu 12 quilos para interpretar o craque no fim da vida. Por Heleno , ele recebeu o prêmio de melhor ator na 33ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de Havana, em Cuba, em 2011.

Rodado em 2010 com orçamento de R$ 8,5 milhões, Heleno traz ainda no elenco Alin- ne Moraes, que interpreta Silvia, mulher de Heleno, e a atriz colombiana Angie Cepeda no papel da amante do jogador, a cantora de boate Diamantina. “Os anos transformam Silvia numa mulher sofrida, culpada e frustrada, mas consciente e forte”, descreve Alinne. “Diamantina é muito solitária e ama profundamente aquele homem. É louca como ele, por isso o entende”, defende Angie.

O diretor relembra a atmosfera dos anos 40 por meio de uma fotografia em preto e branco, assinada por Walter Carvalho, que evoca os clássicos filmes de Hollywood e o glamour da década de ouro do Rio de Janeiro.

No roteiro de José Henrique Fonseca, Felipe Bragança e Fernando Castets, surgem o Heleno mulherengo e boêmio, o craque apaixonado pelo Botafogo e o homem em de- clínio físico e mental, vítima de uma sífilis não tratada. Com o sonho de levar o Brasil à vitória na Copa do Mundo atropelado pela guerra (que causou o cancelamento dos torneios de 1942 e 1946), Heleno vê suas atitudes extremadas o afastarem dos campos de futebol e seu caso extraconjugal o separar da mulher e do filho.

A trilha sonora de Berna Ceppas recupera canções da época. “Nosso maior desafio era fazer uma atriz cantar, e a Angie Cepeda se saiu muito bem”, comenta o músico. A direção de arte do filme é assinada por Marlise Storchi e o figurino é de Rita Murtinho.

SINOPSE

Heleno de Freitas era o príncipe do Rio de Janeiro dos anos 40, quando a cidade era um cenário de sonho, cheio de glamour e promessas. Nos salões elegantes, Heleno era um homem bonito e charmoso. Nos campos de futebol, era um gênio explosivo e apai- xonado. Ídolo do Botafogo, Heleno tinha certeza de que seria o maior jogador brasilei- ro de todos os tempos. Mas a guerra, a sífilis e as desventuras de sua vida desviaram seu destino em direção a um jornada de glórias e tragédias.

SINOPSE CURTA

A vida trágica e glamorosa do polêmico jogador de futebol Heleno de Freitas, que, de- pois de ser ídolo durante os anos 40, morreu louco, aos 39 anos.

ENTREVISTA | JOSÉ HENRIQUE FONSECA

INSPIRAÇÃO

Eu sempre fui fascinado por personagens presos em um caminho sem volta, jogados con- tra a parede sem possibilidade de escapatória, como no meu primeiro longa-metragem, O Homem do Ano . Sendo um fanático por futebol desde a infância, me acostumei a ouvir todo tipo de histó- rias sobre Heleno de Freitas; metendo-se em confusões pela cidade e jogando futebol numa Praia de Copacabana isolada, quando o Rio de Janeiro ainda era um paraíso absolu- to, distante do furacão da Segunda Guerra Mundial. Paradoxalmente, foi por causa da Guerra que durante seu auge Heleno nunca pôde competir em uma Copa do Mundo, já que o torneio foi cancelado em 1942 e 1946. Até então, ele havia sido o jogador mais talentoso e apaixonante que o mundo já vira. Mas, por causa de sua dedicação e sua for- ça criativa, ele nunca foi capaz de controlar o seu destino – e a lenda de Heleno permane- ce como uma história de picos eletrizantes e quedas desesperadas. Eu acho que faço fil- mes para examinar vidas como a dele sob o microscópio.

DESENVOLVIMENTO

Quando o produtor Rodrigo Teixeira me trouxe a história, inicialmente eu não via um filme nela. Mas, depois de ser apresentado aos rascunhos não publicados da biografia de Heleno, eu fiquei tão eletrizado com o pathos de um homem que parecia ter tudo a seu alcance por um período tão curto de sua vida, que decidi de vez fazer o filme e contar sua história. Minha primeira ligação foi para Rodrigo Santoro, um grande amigo com quem eu vinha tentando achar um projeto para trabalharmos juntos. Disse a ele a história de Heleno e falei que só poderia fazer o filme se ele concordasse em viver o personagem. Rodrigo não precisou ler nada. Ele concordou na hora. Nós passamos um tempo enorme pesquisando a vida de Heleno. Além de sua biografia, entrevistamos um bom número de contemporâneos do jogador, pertencentes à cena de Copacabana na época. Hoje, eles têm a idade média de noventa anos. Eu tentei ver Hele- no com olhos frescos e não cair na armadilha de seguir o folclore e as fofocas que rodei- am seu nome. Em relação ao elenco, meu objetivo foi colocar Heleno entre duas mulheres muito fortes. Por conta disso, ficamos encantados de conseguir Angie Cepeda e Alinne Moraes para viverem, respectivamente, sua amante Diamantina, uma cantora de boate que o deixava louco, e sua esposa Silvia, que ficou ao lado do homem que amava pelo tempo que pôde. Juntei também a melhor equipe técnica que podíamos ter no Brasil, começando com o diretor de fotografia Walter Carvalho, a diretora de arte Marlise Storchi, o editor Sergio Mekler e o compositor Berna Ceppas. Todos os outros cabeças de equipe foram os me- lhores e mais dedicados colaboradores em cada passo.

NO TRABALHO

Eu tenho um processo habitual de trabalhar duro para desenvolver roteiros sólidos, mas, uma vez que o roteiro está completo e os atores e a equipe já o conhecem, coloco-o de lado, concentrando-me na improvisação. Fazendo isso, eu consigo tirar o máximo dos atores e ao mesmo tempo deixo minha sensibilidade aberta para as diversas possibilida- des de me aproximar do material, que inevitavelmente surgem quando o ambiente é receptivo e aberto. Quando os atores chegavam ao set, eu começava imediatamente o ensaio, pedindo que o diretor de fotografia observasse à distância. Após acertar a cena, os atores iam tomar café e se maquiar, enquanto eu e o fotógrafo montávamos nosso plano de cobertura. Eu tenho como regra procurar os melhores takes possíveis, mesmo que isso demande que façamos tudo dez ou vinte vezes. Entendo que muitos atores não gostem de repetir tan- tas vezes a mesma cena, mas se nós não insistíssemos tanto, nunca teríamos alcançado nada que se aproximasse de um vislumbre de perfeição. Achar as locações certas foi um desafio, já que o Rio de Janeiro mudou enormemente nos últimos 60 anos. Eu resolvi não recriar locações – casas de espetáculos, ruas, bares – em estúdios. Por isso, nós esquadrinhamos a cidade tentando encontrar o máximo de loca- ções que permaneceram intactas desde aquele período. Foi um grande prazer descobrir assim uma cidade escondida dentro do Rio de hoje que eu não sabia que existia. Nós fil- mamos partes específicas de diferentes locações espalhadas pela cidade, como se nosso trabalho fosse juntar as peças de um enorme quebra-cabeça. Essas imagens apresentam uma visão única do Rio de Janeiro, que eu espero que o público reconheça na tela.

PRETO E BRANCO

Sempre fui fascinado pela era de ouro do cinema clássico hollywoodiano. Refletindo so- bre esses longas, a ideia de filmar em preto e branco surgiu para mim como a forma per- feita de ancorar Heleno na atmosfera do período. A narrativa elíptica, o vaivém entre presente e passado, estabelece logo o personagem, mesmo para quem não conhece a história. Não queria fazer sensacionalismo sobre o fim da vida dele, mostrar no início como ele teve tudo e depois acentuar a queda para o fun- do do poço.

FUTEBOL

O filme trata da semântica do futebol de maneira não óbvia. Sem ser um filme sobre fu- tebol, ele fala da paixão pelo esporte, de como um atleta lida com a idolatria da torcida. Heleno foi o precursor de tantos bad boys vistos hoje no futebol. Acima de tudo, porém, é um filme sobre o ser humano. Heleno poderia ser um engenhei- ro, um médico, qualquer pessoa que tem um comportamento que não é aceito pela soci- edade.

HISTÓRIA REAL

Recriar um personagem real tem uma carga de responsabilidade. O filho do Heleno acompanhou algumas filmagens e disse uma frase que me impressionou: “Através des- se filme é que vou conhecer meu pai.” Procuramos não cair na tentação de ficar só nas histórias clássicas, nos momentos mais polêmicos. Acho que fizemos um filme muito sincero e fiel ao personagem. Sócio-fundador da Conspiração Filmes, José Henrique Fonseca lançou em 2003 seu pri- meiro longa-metragem, O Homem do Ano , baseado no romance O Matador , de Patrí- cia Melo, premiado em diversos festivais internacionais. Em 1998, dirigiu Cachorro! , um dos três episódios do longa-metragem Traição . Com Walter Salles co-dirigiu a série Caetano Veloso - 50 anos , exibida na TV Manchete e em diversos países, entre eles, Itália e França. Após se desligar da Conspiração, fundou a GORITZIA FILMES, empresa produtora de conteúdo para cinema e TV com a qual realizou Heleno .

ENTREVISTA | RODRIGO SANTORO

“Heleno foi um cometa. Ele queria viver tudo naquele cada momento”

José Henrique Fonseca conta que o convidou para fazer o filme dizendo: “Só faço esse filme se for com você”. Como foi sua reação? Eu topei na hora. Essa frase dele foi uma injeção de confiança e o Heleno é um persona- gem muito sedutor, com uma trajetória incrível. É uma parte da História do país, de um esporte que nós celebramos tanto. A partir daí, pesquisei muito. Entrevistamos pessoas que conheceram o Heleno, amigos do Clube dos Cafajestes, a família, o médico que tra- tou dele. Fomos a São João Nepomuceno, onde ele nasceu. Reunimos histórias mil, era um personagem que teve realmente uma vida de cinema. E encontramos uma unanimi- dade: Heleno causou efeito em todo mundo que o conheceu. Para o bem ou para o mal, por amor ou por ódio, ninguém ficava indiferente a ele, até hoje todo mundo fala dele de maneira apaixonada. Era exatamente o que Heleno queria. Ele dizia que a única coisa que não desprezava era a idolatria. Era advogado, de boa família, podia ter feito qualquer coisa na vida, mas escolheu jogar bola porque era apaixonado pelo ruído caótico do fute- bol, como ele dizia. Além de muito habilidoso, Heleno era um performático. Acho que se não fosse jogador, teria sido um grande ator.

Como foi sua preparação para as diferentes fases do Heleno, no auge da carreira e in- ternado no sanatório? Eu trabalho com o (preparador de elenco) Sérgio Penna há muito tempo e ele já tinha um trabalho com pacientes de hospital psiquiátrico. As cenas do sanatório foram as que exi- giram que eu me dedicasse mais tempo, foi a preparação mais delicada para encontrar aquele estado do Heleno. Para isso, me apoiei na ciência, nos estudos sobre os efeitos neurológicos da sífilis. Trabalhei com a diretora do Pinel e com uma médica de São Paulo, Dra. Luísa, li vários livros, até de trabalhos em Harvard, pesquisei bastante. Tudo o que é mostrado no filme são sintomas reais da neuro-sífilis, a doença que matou Heleno.

Além disso, o Zé me deu muita liberdade, a gente teve uma parceria total. Uma das cenas que entraram no filme, por exemplo, do Heleno conversando com outros pacientes da clínica, foi um improviso no fim de um dia de gravação. Foi um personagem superdelica- do de criar. Para a fase em que ele está internado, comecei um regime antes de filmar e emagreci muito rápido: em um mês passando fome perdi 12 quilos. Mesmo com acom- panhamento, não foi nada saudável, porque já estava magro, perdi musculatura, mas foi necessário.

Antes disso, teve a preparação para jogar futebol... Essa foi a parte mais divertida. Porque, no fundo, o sonho de todo moleque brasileiro é ser jogador da Seleção. Acho que de todos os atrativos para fazer o filme, o que fez os olhos brilharem mesmo foi a chance de jogar futebol, de brincar de ser craque (risos). Minha preparação foi com o (ex-jogador) Cláudio Adão, que como o Heleno também era conhecido por matar a bola no peito, de uma forma que a bola parecia colar no corpo. O Heleno era conhecido pela matada e pela cabeçada, além da elegância. Eu nunca fui cra- que, mas sempre joguei futebol, jogo pelada com os amigos, e queria aprender os fun- damentos. Foi ótimo, foram dois meses de preparação, treinamos bastante e nas cenas eu joguei mesmo, não tem dublê. Eu falei: “Me deixa jogar porque me ajuda a mergulhar no personagem” e deu certo. Teve até um gol lindo que eu fiz, de falta, no ângulo, que infelizmente acabou não entrando no filme. E nem pude comemorar, porque estava “de Heleno” (risos).

Você também usou referências da época? As minhas referências foram muito amplas. Ouvi muito Billie Holliday, ouvi muito Schu- mann, que também morreu de sífilis, há obras dele que refletem o que o Heleno devia sentir. Ouvi muita música dos anos 40, em gravações da época. Mergulhei no Rio de Ja- neiro daquele período, esse foi um dos maiores prazeres. Esse Rio pré-Bossa Nova, dife- rente do que a gente está mais acostumado a ver. Também li muito, Heleno era muito culto, inteligente. Vários elementos foram me ajudando a formar essa personalidade.

Para encontrar a elegância do Heleno fiz aula de dança de salão. Aprendi fox-trote, outros ritmos da época. A dança traz a elegância com a harmonia do movimento, ela empresta essa postura. Na primeira foto que eu vi do Heleno, ele se preparava para receber a bola e parecia um bailarino. Tanto que ele foi chamado de Nijinski do futebol.

A única imagem do Heleno em movimento é muito rápida e está muito ruim, é uma joga- da em que ele aparece no meio, quase não dá para ver. Mas eu vi muitas fotografias, muitas mesmo, de várias fases, então ele ficou muito vivo para mim. Algumas fotografias dessas, clássicas, se tornaram frames do filme.

Num momento em que o Rio recupera sua auto-estima, o filme mostra uma época áu- rea da cidade. O filme é muito abrangente e muito atual. Primeiro pelo paralelo do comportamento do Heleno com os de jogadores de futebol de hoje, que tem tudo a ver. Depois, porque o filme recupera uma época de muito glamour do Rio de Janeiro, que recebia as maiores personalidades internacionais. Acho que o filme chega na hora certa, agora que o Rio se prepara para estar novamente no foco do mundo, com a Copa e as Olimpíadas. Filmamos no Copacabana Palace, que era o centro desse glamour. Pelas fotos na parede do Copa você vê que todo mundo daquela época passou por ali. O Heleno viveu lá, diziam que o escritório dele era na beira da piscina, onde ele ficava tomando uísque. Um dia, caiu uma cadeira no meio da piscina. Era o Orson Welles quem tinha jogado, durante uma briga. Heleno adorou, queria porque queria ser apresentado a ele, gritava “Digam a ele que é Heleno de Freitas”.

Heleno é um personagem difícil, que poderia ter a antipatia do público pelo tempera- mento forte. Heleno era o super-homem de Nietzsche, uma pessoa que só via sentido em viver o má- ximo, em se dar 100%. Ele não tolerava mediocridade. Quando o time perdia, ele brigava com os próprios companheiros de time, porque achava que eles não se dedicavam. Ex- plorei muito essa coisa da personalidade mercurial, do cometa, que vivia o presente, que- ria viver tudo em cada momento. Mesmo antes da doença, ele já aprontava. Tem uma foto que eu gosto muito, dele adolescente, apontando uma arma com uma expressão revoltada, que é impressionante. Essa personalidade já era dele, sempre foi.

Você acha que esse foi o seu trabalho mais difícil? Esse foi o meu mergulho não diria mais profundo, mas o mais preparado, o mais multila- teral. Parei tudo para fazer esse filme, pude ficar oito meses dedicado a ele, o que é raro hoje em dia. Cheguei a dormir na fazenda que serviu de locação para a clínica, em Minas Gerais. Não foi nada dramático, fiquei superconfortável, tinha meu quarto, os donos do lugar eram ótimos, eu adoro fazenda. Eu só precisava daquele momento de solidão.

O Heleno é um personagem muito intenso e eu me envolvi muito com o filme também por ter sido um dos produtores. Sempre me envolvi muito nas questões artísticas, sem- pre gostei de acompanhar todo o processo, mas desta vez tive também um olhar de fora, de um outro lado que eu não tinha experimentado. Aliás, como produtor, tenho que falar do (empresário) Eike Batista, que com sua varinha de condão ajudou o filme a acon- tecer, aos 45 minutos do segundo tempo (risos). Foi suado, ficamos um ano entre chegar até ele, apresentar o projeto e a decisão de que ele iria investir.

Ter a experiência de filmar em Hollywood, com muito mais recursos, o desanima a fazer cinema no Brasil? De jeito nenhum. Eu gosto desse cinema de guerrilha, comprometido com a paixão. Não que lá fora seja frio, mas é que aqui você aprende com a adversidade, fica mais ligado, é obrigado a solucionar situações. Em Hollywood, um filme de baixo orçamento custa US$ 5 milhões, quase R$ 10 milhões, que aqui é um filme de médio para grande porte. Aqui no Brasil eu já cheguei a contar negativo na hora de filmar. Hoje temos muito mais estru- tura, mais conforto, mas as restrições orçamentárias ainda são muitas. Mas eu sou mais feliz no cinema independente, acho que uma certa precariedade é fundamental (risos).

Quais são seus próximos trabalhos? Este ano estreiam Hemingway e Gellhorn (produzido pela HBO, em que contracena com Nicole Kidman e Clive Owen), O que esperar quando você está esperando (com Cameron Diaz, Jennifer Lopez e Chris Rock) e Last stand , novo filme do Schwarzenegger.

Rodrigo Santoro é um dos mais famosos e talentosos atores brasileiros. No Brasil, sua reputação foi construída por filmes como Carandiru , de Hector Babenco, Abril despeda- çado , de Walter Salles, e Bicho de sete cabeças , de Laís Bodanski, que rendeu a ele nove prêmios internacionais de melhor ator, incluindo o da Academia Brasileira de Cinema. Fora do país, teve seu trabalho reconhecido por filmes como Che , de Steven Soderbergh, Cinturão Vermelho , de David Mamet, e Leonera , de Pablo Trapero. Também participou de filmes de grande público como Eu te amo, Phillip Morris , de John Requa e Glen Ficarra, 300 , de Zack Snyder, Panteras detonando , de McG, Recém-formada , de Vicky Jenson, e Simplesmente amor , de Richard Curtis. Seu trabalho para TV inclui a série Lost e o telefil- me The Roman Spring of Mrs. Stone . Em 2011, apareceu no filme There be Dragons , de Roland Joffé, e deu voz ao cientista Túlio e ao narrador de futebol na animação Rio , de Carlos Saldanha. Rodrigo protagonizou diversos projetos da TV Globo, como as minisséri- es Hilda Furacão e Hoje é dia de Maria .

ENTREVISTA | ALINNE MORAES

“Pesquisei muito e acreditei na minha intuição para dar vida a Silvia”

Como você foi convidada para o papel? Você vinha de uma personagem muito forte, na novela , e emendou com outro drama... Na época, estava mergulhada na Luciana, de Viver a Vida , o que me ajudou a transmitir para a personagem em Heleno todo o amor e a delicadeza com os quais eu já estava tra- balhando na novela. Não conhecia a história do Heleno, mas pesquisei muito e acreditei na minha intuição para dar vida a Silvia. Passei por um teste com outras atrizes, que fluiu como se eu já conhecesse a personagem, e todos me ajudaram naquele momento decisi- vo para o filme.

Como foi a pesquisa para a Silvia, já que há poucos registros da Ilma (nome verdadeiro da mulher de Heleno) ? Conversei muito com os diretores e com todos que já estavam envolvidos no projeto. Todo o elenco se preparou com o Sérgio Penna, que fez um trabalho maravilhoso. Come- çamos a trabalhar em casa, pesquisamos a vida, a trajetória, os sentimentos e compor- tamentos das personagens. E fomos construindo a Silvia juntos, com leituras e trabalhos corporais.

É mais difícil interpretar uma personagem baseada numa pessoa ‘real’? Como não tínhamos muitos registros da Silvia (Ilma), decidimos ajustar fatos que conhe- cíamos à nossa própria criação e tínhamos o texto como base. O improviso foi muito bem-vindo no processo, já que dentro da história muita coisa era possível. Então, ficamos mais livres dentro de uma certa realidade.

Silvia se transforma de uma moça cheia de vida e energia para uma mulher triste, com um peso nos ombros. Como foi essa composição? Os anos transformam Silvia numa mulher sofrida, culpada e frustrada. Mas, ao mesmo tempo, consciente e forte. Trouxemos esse peso no olhar e no comportamento dela na segunda fase do filme. Silvia se vê vitima das circunstâncias. Traída em todos os sentidos, sozinha, com um filho pequeno e precisando de ajuda, é amparada pelo amigo de Hele- no. A partir disso, muitas de suas escolhas são feitas pensando no filho e na sua recupe- ração após o término com Heleno.

Alinne Moraes começou sua carreira na TV, onde se destacou como uma das maiores promessas de sua geração. Tem no currículo nove telenovelas e diversas participações em séries da Rede Globo. Sua carreira começou com Coração de Estudante e inclui papéis de destaque em , , , Bang Bang e . Em Viver a Vida , interpretou a tetraplégica Luciana e recebeu vários prê- mios. Depois de breve participação em , destacou-se no elenco de O Astro . No cinema, Alinne protagonizou Fica Comigo Esta Noite (2006), com direção de João Falcão, e O Homem do Futuro (2011), de Cláudio Torres, e fez participações em Os Normais 2 e Flordelis . No teatro, estrelou Dhrama - o incrível diálogo entre Krishna e Arjuna e se prepara para viver Dorotéia , de Nelson Rodrigues .

ENTREVISTA | ANGIE CEPEDA

“Captei o espírito de mulheres que estavam à frente daquele tempo”

O que a atraiu no projeto do filme? Gostei da história e do personagem. E também queria trabalhar com Rodrigo Santoro, além do fato de ser um filme de época, passado nos anos 40 no Brasil. Fiquei muito feliz de fazer parte do filme porque trabalhar com Rodrigo e com José Henrique foi realmente uma experiência maravilhosa.

Você já tinha alguma experiência em cantar? Eu diria que foi a primeira vez em que cantei e gravei várias músicas em estúdio. Fiquei um pouco nervosa no início, mas acabei me divertindo muito. O processo todo foi muito excitante e gratificante.

Que referências usou para a personagem? Eu assisti a filmes com Rita Hayworth e com a atriz mexicana Maria Felix para captar o espírito desse tipo de mulher que, de certa maneira, estava à frente daquele tempo.

Sua personagem alterna uma postura forte no palco e uma submissão ao Heleno. Como você a definiria? Diamantina é apaixonada, livre e realmente forte. Eu a vejo também como uma mulher muito solitária que ama profundamente aquele homem. Louca como ele, por isso ela o entende.

Você e Rodrigo Santoro têm cenas de muita intimidade. Como foi a preparação de vo- cês dois? Tivemos a oportunidade de ensaiar e conversar bastante com Rodrigo sobre as cenas, antes de começar a filmar. Então, quando fomos para o set foi bem fácil simplesmente deixar o José Henrique nos dirigir.

Você já conhecia o Rio de Janeiro? Foi minha primeira vez no Rio e foi fantástico. Também estive em Búzios. Tenho que dizer que me apaixonei pelo Brasil. E fiquei meio viciada em água de coco.

Angie Cepeda nasceu em Cartagena, na Colômbia. Depois de uma curta e bem-sucedida carreira na televisão, estreou em longas em 1995 com o filme Illona Arrives With the Rain , de Sergio Cabreras. Seu primeiro destaque internacional veio com o filme peruano Pantaleão e as visitadoras , dirigido por Francisco Lombardi, baseado no romance de Ma- rio Vargas Llosa. Seu terceiro filme, Sammy and Me , rendeu a ela o prêmio de Melhor Atriz no Festival Internacional de Viña del Mar. Com a série Vientos de Agua , de 2005, trabalhou com o renomado diretor argentino Juan José Campanella. Sua carreira continu- ou a crescer, com Angie protagonizando dois filmes americanos, Love for Rent (2005), de Shane Edelman, e O amor nos tempos do cólera (2006), de Mike Newell. A atriz vive hoje na Espanha, onde estrelou vários filmes espanhóis e latino-americanos, o mais recente deles Una hora más em Canarias (2010), de David Serrano.

DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA | WALTER CARVALHO

“É um filme sobre a memória. Heleno não termina, transcende”

“Na clínica, a câmera se mantém estática, parada. O tempo parou para Heleno, a vida acabou, a câmera ‘olha’ esse momento imóvel, só o tempo interno tem movimento. O gesto lento de um moribundo, o caminhar moroso pelos corredores do asilo como quem caminha para o fim, um rogo à vida, mas também uma despedida. A câmera só registra, não toma atitude, contempla e narra, apenas. Penso que a cor ‘natural’ deveria ser evitada. Na morte a primeira coisa que desaparece é a cor. Porque é a luz que não mais irradia, morre a imagem para depois morrer a vida. Heleno está em coma.

Penso que se a cor fosse naturalista nessa fase, estaríamos desviando a força do filme da sua fonte formal pelo caminho mais fácil. Acho que a irreverência e a inquietação, maté- ria principal de Heleno, indicam uma desconstrução. Sendo mais radical (como Heleno), filmamos a clínica também em p&b, com um cinza chumbo, denso. Dramático como as trevas.

Quando vi na montagem final o plano em que enquadramos o detalhe da trave debaixo de intensa chuva de prata, fiquei extasiado com força do plano. Não pela imagem, mas pelo conjunto narrativo convergindo para uma epifania. O corte para o close de Heleno, com o contorno de sua cabeça cercada por um desfoque, esparge na tela como uma aura monocromática.

Zé tomou dois metais frágeis (vida e morte) e na junção deles encontrou um terceiro me- tal resistente, um personagem.

O final de Heleno, se submetido a olhares mais atentos, pode-se ter uma visão ideogra- mática: olho + água + lágrima = chorar. A chuva se mistura às lágrimas de Heleno. Um filme de um personagem trágico, oblíquo, mas que termina sem pieguice, ao contrário do que se vê normalmente, com finais previsíveis. O Heleno de Zé Henrique, pelo contrário, eleva o homem de sua fatalidade ao encontro de quem não morreu e ainda vive nos campos tangendo a bola com esmero e talento. Um Deus Olimpo, ubíquo.

Sem medo de errar: um filme sobre a memória. Heleno não termina, transcende. Sinto muito orgulho de ter sido parte dessa equipe.”

Walter Carvalho já recebeu mais de 40 prêmios e trabalhou com cineastas como Glau- ber Rocha ( Jorge Amado no cinema ) e Nelson Pereira dos Santos ( Cinema de lágri- mas ). Foi diretor de fotografia de vários filmes de Walter Salles, como Terra Estrangei- ra , Central do Brasil e Abril Despedaçado . Começou trabalhando em filmes de seu ir- mão, o documentarista Vladimir Carvalho, e como assistente dos diretores de fotogra- fia José Medeiros, Dib Lutfi e Fernando Duarte. Walter assina a direção de fotografia ainda de títulos como Lavoura arcaica , de Luiz Fernando Carvalho, Carandiru , de Hec- tor Babenco, e O Céu de Suely , de Karim Aïnouz, entre outros . Como diretor, fez Raul – O início, o fim e o maio (2012), Budapeste (2009), Moacir arte bruta (2005) e Lunário perpétuo (2003), além de ter codirigido Cazuza – O tempo não para (2004), com San- dra Werneck, e Janela da alma (2002), com João Jardim.

MÚSICA | BERNA CEPPAS

“O desafio era criar de forma coerente com a época, sem cacoete moderno”

“A missão mais complicada era transformar a Angie Cepeda numa cantora, quer dizer, fazer uma atriz cantar de maneira legítima, crível. E ela nos surpreendeu, porque foi se revelando, nos ensaios, uma excelente cantora. Ensaiou durante algumas tardes com Daniel Jobim, que é meu amigo, e se saiu muito bem.

Toda essa parte do canto e da orquestra da boate, eu arranjei e trabalhei como nos anos 40 e 50, inclusive com microfones e equipamentos da época, com os músicos tocando todos juntos. Reunimos grandes nomes, como Wilson das Neves. De cara essas gravações já criaram esse clima daquela época, das grandes orquestras. Depois gravamos a voz dela separadamente. Todas as canções do filme são daquele período. Conversei com o (jorna- lista e pesquisador) João Máximo e fiz muita pesquisa.

Na trilha, usei ópera para ilustrar o glamour do futebol e do Rio de Janeiro dos anos 40 e para marcar o delírio do Heleno como jogador. Já as obras de Mahler acentuam a densi- dade do personagem. Tudo no Heleno é muito intenso, muito denso, e o Mahler transmi- te isso.

Para compor a música incidental, a preocupação era criar de maneira compatível e coe- rente com a época, sem nenhum cacoete moderno. O que poderia parecer limitador se transformou num grande prazer, num desafio muito gostoso. Até usei, em alguns mo- mentos, um sintetizador, mas de uma forma que não ofende esse espírito. Ele entra para traduzir o sentimento interno e a loucura do Heleno.”

O músico e produtor Berna Ceppas trabalha com trilhas sonoras para cinema desde 2000, em títulos como Dois Filhos de Francisco (2005) e Era uma Vez (2008), de Breno Silveira, O Céu de Suely (2006), de Karim Aïnouz, e O Passageiro , de Flávio Tambellini (2007). Autor da trilha dos espetáculos de dança da companhia Deborah Colker desde 1994, assina música e direção musical também da coreografia Ovo , criada por ela para o Cirque du Soleil. Seu trabalho na TV inclui os programas Brasil Legal e Muvuca , am- bos na Rede Globo.

ROTEIRO | FELIPE BRAGANÇA

“Heleno acima de tudo era um mito, um Deus encarnado e travestido”

“Quando eu entrei no filme, havia um primeiro roteiro mais biográfico feito pelo Fernan- do Castets, pouco focado na natureza da personalidade do Heleno. Daí o que eu propus para o Zé Henrique foi: acho que esse filme só faz sentido se a gente se entregar ao uni- verso frenético do personagem. E comecei a reescrever todo o roteiro, usando como ba- se a trajetória de vida que estava na primeira versão do Castets. Não conhecia a história do Heleno. Sabia que ele era conhecido como o “primeiro jogador problema” do futebol brasileiro. Mas os detalhes de sua personalidade conheci na leitura dos materiais de pesquisa.

Eu e o Zé fomos apresentados pelo produtor, Rodrigo Teixeira, que tinha sido co- produtor do meu primeiro longa como diretor, A Alegria . E logo nas primeiras conversas adorei o personagem e a vontade do Zé de me dar liberdade para radicalizar a postura dele no filme. Heleno acima de tudo era um mito. Um personagem folclórico, um Deus encarnado e travestido. A ideia foi então não ir “contra” a lenda, desmitificando a lenda, mas me dei- xar levar pela lenda e imaginar de que forma ela foi se tornando mais verdadeira ao longo da trajetória do personagem. Dessa forma, Heleno foi se tornando um ser não de “carne e osso”, mas de “idéias e atitudes”. Daí foi só seguir esse caminho e me deixar levar pelos sentimentos e sentidos dele.

Gosto do off inicial onde Heleno se diz “rei”. Escrevi misturando uma entrevista do Hele- no com uma letra de rock da qual gosto muito, do Radiohead. Acho genial a forma como o Rodrigo Santoro leu o texto. Outro momento de que eu gosto muito é a cena de sedu- ção do Heleno com uma fã dentro do carro, na praia: meio cafajeste, meio anjo, meio diabo, meio menino brincalhão - outra vez, acho que o Santoro conseguiu dar precisão para um diálogo muito difícil.”

Felipe Bragança foi corroteirista e diretor assistente de O Céu de Suely (2006), de Karim Aïnouz, e assinou o roteiro de No meu lugar (2009), de Eduardo Valente. Na TV, foi um dos roteiristas da série Alice , da HBO Latin America. Em 2009, em parceria com Marina Meliande, lançou o longa A fuga da mulher-gorila (Melhor Filme pelo Júri da Crítica e Júri Jovem na 12ª Mostra de Tiradentes). Em 2010, A alegria , também com Marina Meliande, foi selecionado para a Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes. Coordenou, idealizou e codirigiu, com outros jovens cineastas brasileiros, o projeto co- letivo de longa-metragem Desassossego , exibido na Semana dos Realizadores de 2010. Dirigiu os curtas Por dentro de uma gota d’água (2003), O nome dele (o clóvis) (2004) e Jonas e a baleia (2006), apresentados em mais de 50 festivais no Brasil e no exterior.

DIREÇÃO DE ARTE | MARLISE STORCHI

“A extensa pesquisa nos deu tranquilidade para optar pelo simples”

“A produção realizou uma pesquisa extensa, através de um departamento de pesquisa muito eficiente, e que nos trouxe diversas informações, através de fotos e filmes, e que nos colocou dentro da época de maneira entusiasmante.

Na procura pelo desenho do filme, encontramos a solução numa abordagem mais sim- ples dos cenários, mais minimalista, criando apenas o necessário para a história. Acredito que toda a pesquisa, no final, nos deu tranquilidade para optar pelo simples. O que fize- mos foi criar uma época com referências dos anos 40 e 50. A opção pela fotografia em P&B, maravilhosamente realizada por Walter Carvalho, também contribuiu para nos pro- vocar a lembrança daquele período. No Copacabana Palace, mesmo sem mobiliário origi- nal dos anos 40, tentamos tirar proveito das proporções arquitetônicas que criavam o espaço da época.

O auge desta opção pelo mínimo se deu no set da clínica onde Heleno passou o fim da vida. Zé Henrique procurou muito algo inusitado e acabamos numa fazenda. Esvaziamos seus espaços, deixando apenas a geografia da casa, crua, suas paredes grossas e brancas e suas portas e janelas coloniais, suas proporções estranhas para a época do filme. Então acrescentamos o mínimo de móveis necessários e cortinas, persianas que nos levavam à nossa época. Escolhemos, neste caso, retirar, e não colocar. Ficamos muito mais com o vazio do que com a vida que sempre procuramos dar aos cenários. Este era o momento do personagem, o vazio e a ausência. Acredito que fomos felizes com esta escolha.”

Marlise Storchi é diretora de arte e cenógrafa de cinema e publicidade. Trabalhou em mais de 15 filmes, como Brincando nos campos do Senhor , de Hector Babenco, A Grande Arte , de Walter Salles, Como nascem os anjos , de Murilo Salles, Caminho das Nuvens , de Vicente Amorim, e Romance , de Guel Arraes. Na publicidade, trabalha com produtoras como Zohar Cinema e Conspiração Filmes e com diretores brasileiros e estrangeiros, como David Lachapelle.

PRODUTOR | RODRIGO TEIXEIRA

“Esta é a clássica história do herói que deu errado”

“A história do Heleno me acompanha desde que tenho 11 anos. Meu pai era botafoguen- se e falava muito sobre Heleno e sobre Garrincha. Fui me tornando um apaixonado por futebol, meu pai mais tarde morreu e quando eu estava lançando o projeto Camisa 13 (coleção de livros sobre times brasileiros escritos por torcedores como Luís Fernando Ve- ríssimo, Ruy Castro e Mário Prata ), Armando Nogueira me disse: “Você tem que fazer um filme sobre Heleno de Freitas”. Nessa época eu tinha 21 anos.

Minha mãe lembrava que uma amiga conhecia o filho do Heleno, conseguiu o telefone e eu comprei dele os direitos da história, em 2001 ou 2002. O Maurício Andrade Ramos (diretor geral da Videofilmes ) me ajudou muito e foi quem me apresentou ao José Henri- que, que estava lançando o Homem do Ano . Em 2004, ele topou dirigir. Em seguida, o Fernando Castets fez o primeiro roteiro, mas depois saiu do projeto. Heleno era para ter sido meu primeiro filme como produtor, mas antes dele acabei produzindo 10 longas!

O filme tem grandes atrativos. Primeiro é um drama universal, muitas famílias passaram por isso, muita gente vai se identificar. É a clássica história do herói que deu errado - se o Heleno fosse americano, já teria sido feito um filme sobre a vida dele há muito tempo e o ator teria ganhado o Oscar. Heleno é um personagem muito cinematográfico, tem uma vida brilhante para ser contada no cinema. E acho que conseguimos uma combinação de drama, futebol, elenco de peso, enfim, uma seleção de características com capacidade de atrair o público.”

PRODUTOR | EDUARDO POP

“Um diretor e produtor românticos com um investidor que comprou a ideia”

“Foi um projeto ambicioso, filmado num tempo longo – foram 11 semanas, atualmente os filmes não passam de oito semanas –, com reconstituição de época, que é um trabalho custoso. Mas o filme mostra na tela um padrão estético que justifica seu investimento. Heleno encontrou um diretor romântico, um produtor romântico e um investidor que comprou a ideia.

Eike Batista foi o grande viabilizador do projeto. Foi a partir do investimento dele que o mercado viu que o filme tinha capacidade de realmente acontecer. Depois que ele en- trou, outras empresas vieram.

As cenas de futebol foram as mais complicadas para a produção, tinham mais gente, você fica mais exposto a dar algum problema. Mas tiveram ótimo resultado, chamamos um câmera especializado em futebol e filmamos com duas câmeras: a do Walter Carvalho com um olhar mais de cinema e outra para o esporte.

Acho que a interpretação do Rodrigo Santoro é um dos principais trunfos do filme. Acompanhei a apresentação do filme nos festivais de Toronto e Havana e a atuação dele tem cativado muito as pessoas.”

PRODUÇÃO | GORITZIA FILMES

A GORITZIA FILMES é uma produtora fundada em 2010, voltada ao desenvolvimento de conteúdos para cinema e televisão. Tem à sua frente o cineasta José Henrique Fonseca, diretor do filme O Homem do Ano (2003), exibido em diversos festivais internacionais, como os de Berlim, Toronto, Havana, San Sebastian e San Francisco, no qual recebeu o prêmio de melhor filme. É também o criador e diretor-geral da série Mandrake , indicada em 2006 e 2008 como Melhor Série Dramática no Emmy Latino, e escolhida por Joshua Alston, da revista Newsweek, como uma das “seven shows for the Summer”, no ano de 2008. Entre os projetos atuais da produtora, destaca-se o longa-metragem Heleno , pro- tagonizado por Rodrigo Santoro e dirigido por José Henrique Fonseca, com estreia nacio- nal em março de 2012. PRODUÇÃO/ RT FEATURES

Criada em 2005 e dirigida por Rodrigo Teixeira, a RT Features é uma produtora de conte- údo com foco no desenvolvimento de projetos originais e no licenciamento de direitos para adaptação.

Entre suas produções, contam O Cheiro do Ralo , de Heitor Dhalia; Natimorto , de Paulo Machline; B1 , de Felipe Braga e Eduardo Hunter Moura. Em 2010, foi produzido o filme O Abismo Prateado , de Karim Aïnouz, baseado na composição Olhos nos Olhos , de Chico Buarque. O filme foi vencedor do Festival do Rio 2011 e selecionado pelo Festival de Can- nes 2011. Ambos atualmente estão em finalização, com previsão de estréia para o pri- meiro semestre de 2012.

Em janeiro de 2011, foi ao ar a microssérie Amor em 4 Atos , inspirada em músicas de Chico Buarque. O projeto foi realizado pela RT em parceria com a Rede Globo.

A última produção da RT Features é o filme O Gorila , com direção de José Eduardo Bel- monte e protagonizado por Otávio Müller, Mariana Ximenes e Alessandra Negrini. O lan- çamento comercial está previsto para o fim de 2012. Em desenvolvimento, estão os projetos Padre Cícero ; direção de Sérgio Machado; Tim Maia , direção de Mauro Lima; Cordilheira , direção de Carolina Jabor; Curva de Rio Sujo , direção de Felipe Bragança; Quando Eu Era Vivo , direção de Marco Dutra, e Sinuca Em- baixo D`Água , direção de Angelo Defanti.

DISTRIBUIÇÃO | DOWNTOWN FILMES

A Downtown Filmes é uma distribuidora dedicada exclusivamente ao lançamento de filmes brasileiros. Fundada em 2006, sua estratégia de atuação é distribuir o melhor do cinema nacional, em parceria com os principais produtores e diretores brasileiros. Isso garantiu à Downtown Filmes, a partir de 2008, a distribuição de grandes sucessos de bilheteria, como Meu Nome Não é Johnny , Divã e Chico Xavier . Em 2011 foi responsável pela distribuição dos dois maiores sucessos do ano: as comé- dias De Pernas Pro Ar e Cilada.com , que juntos venderam mais de 6,6 milhões de in- gressos. Outro lançamento importante foi o documentário Lixo Extraordinário , indica- do ao Oscar de melhor documentário em 2011. A empresa é dirigida por Bruno Wainer, que tem no currículo a distribuição de alguns dos maiores sucessos do cinema brasileiro, entre os quais se destacam Olga , Os Nor- mais , Central do Brasil e Cidade de Deus .

DISTRIBUIÇÃO | RIOFILME

O objetivo central da RioFilme é consolidar o Rio de Janeiro como o principal centro de audiovisual da América Latina. Sua atuação é avaliada anualmente pela Prefeitura com base em Acordo de Resultados firmado em 2009 e renovado em 2011, que estabelece um conjunto de seis metas de desempenho.

A RioFilme realiza investimentos reembolsáveis, nos quais adquire uma participação nas receitas futuras dos projetos, e não-reembolsáveis, em que não há resultado financeiro para a empresa. Os projetos a serem investidos são selecionados em função do potencial de retorno, que pode ser financeiro, social e/ou cultural.

O Rio de Janeiro é atualmente a capital brasileira que mais investe em audiovisual. De 2009 a 2011 a Prefeitura investiu, por meio da RioFilme e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, cerca de R$ 60 milhões em 170 projetos de filmes, festivais, prêmios e difusão. Em 2012 a RioFilme investirá mais R$ 25 milhões.

Em 19 anos de atuação, a RioFilme tem desempenhado papel fundamental no processo de crescimento do cinema brasileiro empreendido a partir dos anos 90. Ao longo deste período investiu no desenvolvimento, na produção e no lançamento de cerca de 250 lon- gas-metragens, e na produção de mais de 100 curtas.

Revitalizada em 2009, recebeu mais recursos e mudou o seu perfil. Passou a priorizar o investimento em filmes capazes de combinar valor comercial e artístico, procurando re- cuperar (e reinvestir) os recursos aportados. Assim, a capacidade de investimento da em- presa foi ampliada e os resultados tornaram-se mais expressivos.

ELENCO

Heleno de Freitas Rodrigo Santoro Silvia Alinne Moraes Diamantina Angie Cepeda Alberto Erom Cordeito Jorge Mauricio Tizumba César Duda Ribeiro Bezerra Orã Figueiredo Dr. Souza Lima Jean Pierre Noher Presidente do Botafogo Othon Bastos Médico da Clínica Herson Capri Tiete Cena do Carro Juliana Lohman Túlio Luka Ribeiro Treinador do Vasco Ernani Moraes Edith Priscila Assum

EQUIPE TÉCNICA

Direção e Produção José Henrique Fonseca

Roteiro José Henrique Fonseca Felipe Bragança Fernando Castets Produção Rodrigo Teixeira Eduardo Pop Rodrigo Santoro Direção de Fotografia e Câmera Walter Carvalho, ABC Montagem Sergio Mekler Produção Executiva Beto Bruno Eliane Ferreira Música Berna Ceppas Direção de Arte Marlise Storchi Figurino Rita Murtinho Maquiagem Martín Macías Trujillo Cabelereira Sara Jane Produção de Elenco Marcela Altberg Guilherme Gobbi Desenho de Som Waldir Xavier Som Direto Jorge Saldanha Yan Saldanha Mixagem Michael Semanick Rodrigo Noronha Diretor Assistente André Monteiro de Barros Pesquisa Antônio Venâncio Frederico Coelho

ASSESSORIA DE IMPRENSA

Primeiro Plano Comunicação: Anna Luiza Muller Aline Martins – [email protected] Tel: 21 2286-3699 / 2266-0524

São Paulo: F&M ProCultura Margarida Oliveira Carolina Moraes - [email protected]

Este filme foi selecionado pelo Programa Petrobras Cultural