<<

UC Berkeley UC Berkeley Previously Published Works

Title The ultimate solution of the Serial Killer in Hans Kelsen's positivism

Permalink https://escholarship.org/uc/item/887200hs

ISBN 978-85-89919-98-2

Author Araújo, Antonio Fábio Medrado

Publication Date 2012-02-17

License https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/ 4.0

eScholarship.org Powered by the California Digital Library University of California Solução final do SERIAL KILLER no positivismo de Hans Kelsen

Solución final del SERIAL KILLER en el positivismo de Hans Kelsen

The ultimate solution of the SERIAL KILLER in Hans Kelsen’s positivism

Electronic copy available at: http://ssrn.com/abstract=2005703 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Araújo, Antonio Fábio Medrado de Solução final do Serial Killer no positivismo de Hans Kelsen = Solución final del Serial Killer en el positivismo de Hans Kelsen = The ultimate solution of the Serial Killer in Hans Kelsen's positivism. / Antonio Fábio Medrado de Araújo ; tradução [espanhol] Camilo Mercado, [inglês] Cássia Penteado. -- São Paulo : Editora Pillares, 2012.

Edição trilíngue: português/espanhol/inglês. Bibliografia. ISBN 978-85-89919-98-2

1. Crimes violentos 2. Direito - Filosofia 3. Direito - Teoria 4. Direito penal 5. Homicidas em Índices para catálogo sistemático: série - Comportamento 6. Homicídios em série 7. Kelsen, Hans, 1881-1973 8. Positivismo jurídico I. Título. II. Título: Solución final del Serial Killer en el positivismo de Hans Kelsen. III. Título: The ultimate solution of the Serial Killer in Hans Kelsen's positivism..

12-01510 CDU-343.9

Índices para catálogo sistemático:

1. Homicidas em série : Criminologia : Direito penal 343.9 2. Homicídios em série : Criminologia : Direito penal 343.9

ISBN 978-85-89919-98-2 ISBN 978-85-89919-98-2

Electronic copy available at: http://ssrn.com/abstract=2005703 Solução final do SERIAL KILLER no positivismo de Hans Kelsen

Solución final del SERIAL KILLER en el positivismo de Hans Kelsen tradução | Camilo Mercado

The ultimate solution of the SERIAL KILLER in Hans Kelsen’s positivism tradução | Cássia Penteado

Antonio Fábio Medrado de Araújo Assessor de Desembargador (2ª Câmara Criminal), Tribunal de Justiça da Bahia, Brasil Individual Expert in Ethics, Observatório Mundial – GEObs / UNESCO http://lattes.cnpq.br/4606746084716487 [email protected]

São Paulo – SP 2012 © Copyright 2012 by Editora Pillares Ltda.

Conselho Editorial: Armando dos Santos Mesquita Martins Gaetano Dibenedetto Ivan de Oliveira Silva Ivo de Paula José Maria Trepat Cases Luiz Antonio Martins Wilson do Prado

Revisão: Bernardo Medeiros

Editoração e capa: Triall Composição Editorial Ltda.

Editora Pillares Ltda. Rua Santo Amaro, 586 – Bela Vista Telefones: (11) 3101-5100 – 3105-6374 – CEP 01315-000 E-mail: [email protected] Site: www.editorapillares.com.br

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, microfílmicos, fotográficos, reprográficos, fonográficos, videográficos. Vedada a memorização e/ou a recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de qualquer parte desta obra em qualquer sistema de processamento de dados. Essas proibições aplicam-se tam- bém às características gráficas da obra e a sua editoração. A violação dos direitos autorais é punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei no 10.695/2003) com pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (Lei no 9.610, de 19-02-98).

Impresso no Brasil DEDICATÓRIA

A meus filhos Beatriz, Rafael (in memoriam) e Ana Júlia: começo, meio e fim.

AGRADECIMENTO

A Universidad de Buenos Aires, minha renascença...

“No serial killer, uma predisposição genética carrega a arma, sua psique mira e o ambiente dispara”. Criminal Minds

Índice geral

Prólogo...... 13

Solução final do SERIAL KILLER no positivismo de Hans Kelsen...... 17

Solución final del SERIAL KILLER en el positivismo de Hans Kelsen...... 65

The ultimate solution of the SERIAL KILLER in Hans Kelsen’s positivism...... 115

Anexo • Annex...... 161

— 11 —

PRólogo

El Serial Killer es uma figura que siempre ha despertado demasiado interés, ya sea de los cien- tíficos, de la prensa, del cine y de las personas en general. Por ello se nota, en el ámbito editorial, un gran volumen de escritos respecto del tema, con distintos puntos de vista y distintos niveles de profundidad. En este panorama tan ancho y tan variado, abanico de posibilidades, es difícil mantener una justa medida de profundidad técnica, ya que se ha escrito sobre el Serial Killer desde piezas aca- démicas, hasta literatura de realismo fantástico.

— 13 — Pero, dentro de todo lo que hay disponible sobre el tema, por primera vez se tiene noticia de una conexión del perfil comportamental del Se- rial Killer con un discurso filosófico. Es que la tarea no es facil. Solamente una persona que tenga un impor- tante conocimiento criminológico sobre el tema del asesinato en serie e igual tenga un nivel de estudio de filosofía importante podría descubrir una conexión de este orden. Es justo lo que presenta Antonio Fábio Me- drado de Araújo en este trabajo. El lector puede estar seguro de recibir en pocas líneas un enorme volumen de precisa in- formación respecto del perfil criminológico y so- ciológico del Serial Killer, basado en la bibliografía mas seria sobre el tema, y luego, con igual nivel de verticalización, percibir la revelación de co- nexiones insospechadas entre el pensamiento fi- losófico y dicho perfil.

— 14 — La conexión que Antonio Araújo presenta aquí es justamente entre el perfil de comporta- miento del Serial Killer con el pensamiento jurídi- co de Hans Kelsen. Y la descubre justamente en la comunión del “alejamiento del juicio moral”. De hecho, la obra de Hans Kelsen busca un aislamiento del comando jurídico en relación a consideraciones de orden moral. Pero, ello no implica en el desprecio de un patrón ético, es de- cir, de un patrón de comportamiento que Kelsen pretende buscar en la coercitividad intrínseca del Derecho. No hay dudas que el comportamien- to del Serial Killer obedece a idéntico patrón: él también obedece una lógica de actividad relacio- nada con el impulso de realización del delito que se repite, así guarda un orden lógico de perma- nencia que representa el patrón éctico. Ello no quiere decir que haya alguna conexión con el re- glamento moral. Menos, todavía, con el patrón compartido de moral social del medio en que vive, incluso porque, hay frecuente relacción en-

— 15 — tre la psicopatía o sociopatía y la figura del Serial Killer. La conexión simpre ha estado ahí, pero, Solução final do ¿quién habría de desvelarla? Solamente la enor- me capacidad de almacenar informaciones filosó- SERIAL KILLER ficas y criminológicas que tiene Antonio Araújo, no positivismo de Hans Kelsen podía obtener tal conexión. Descubierto el tema por Antonio Araújo, la conclusión deriva simple, como si siempre fue- ra conocida de nosotros. Es lo que pasa con las grandes ideas. Una vez que las percibimos, parece increíble que no hubiéramos hecho antes tal co- nexión. En ello reside el principal mérito del tra- bajo y del autor. Percibir lo simple antes de todos y darle a conocer.

Paulo César Busato Curitiba, octobre del 2010

— 16 — Solução final do SERIAL KILLER no positivismo de Hans Kelsen

Sumário

Introdução...... 21 1. Assassinato em série: uma definição...... 25 2. Perfil comportamental do homicida em série: uma aproximação...... 33 3. Reação contra o serial killer no positivismo de Hans Kelsen...... 49 Conclusão...... 57 Referências...... 61

— 19 —

Introdução

Homicídios em série não representam uma forma de agressão inédita, tampouco geoconcen- trada1. Demonstra-o Richard von Krafft-Ebing2, que, no séc. XIX, escrevera alguns dos primeiros ensaios sobre crimes violentos, notadamente os de inclinação sexual. Os assassinatos seriais têm baixa incidência comparativa. Estima-se que, por ano, correspon- dam a menos de 1% dos homicídios. Todavia, o seu apelo midiático é inversa- mente proporcional à estimativa supracitada, e remonta aos idos de 1888, com a matança em série de prostitutas na região de Whitechapel,

1 Ou mesmo etnoconcentrada. 2 Em Psychopathia Sexualis, von Krafft-Ebing (1886) des- creveu um grande número de assassinatos seriais.

— 21 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Londres. Tais crimes foram executados por um desconhecido, que se autodenominou “Jack, o Estripador”. Nas décadas de 1970 e 1980, uma nova ge- ração de homicidas em série, a exemplo de Ted Bundy, BTK (Dennis Rader), Green River Killer (Gary Ridgeway) reanimou o interesse, e pavor, do grande público nesses crimes. Pavor, aliás, que se justifica em razão da alta reincidência e hediondez do serial killer, em detri- mento da ordem pública. Mas, parafraseando Habermas (1990), qual o discurso iusfilosófico co-natural ao fenômeno dos homicídios em série? A ótica de Hans Kelsen encarna tal discurso,3 de cujas entrelinhas podemos, num sentido pu- ramente lógico-formal, deduzir uma solução tão hedionda quanto o próprio serial killer.

3 Hipótese que examinaremos à luz da Teoria Pura do Direi- to, obra máxima de Hans Kelsen.

— 22 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Ressalte-se, ademais, que é próprio de um esforço descritivo4 consistente (capítulos 1-2) apresentar uma extensão maior, em número de páginas, do que a demonstração da ideia central (capítulo 3), que se apoia naquela descrição ou compilação.

4 Alguns fragmentos dessa compilação resultam da expe- riência que venho incorporando, há quase nove anos, jun- to à 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça da Bahia, onde laboro como assessor jurídico de desembargador.

— 23 —

Capítulo 1 Assassinato em série: uma definição

Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Nos últimos trinta anos, inúmeras definições de homicídios seriais vêm surgindo em meio a in- vestigadores, psicólogos, sociólogos, médicos, ju- ristas.5 Embora se refiram a uma mesma questão (pertinência temática), tais definições não com- partilham unidade conceitual. Distinguem-se ao sabor de critérios pontuais: quantidade, periodi- cidade e motivação. Tentaremos, aqui, escapar dessa fragmenta- ção estrutural, propondo uma definição-síntese de assassinato em série. O número de vítimas (duas a dez) é ingre- diente habitual, para diferenciar um «assassinato em série» de uma «série de assassinatos» (homicí- dios único, duplo ou triplo). Da mesma forma, a periodicidade intercri- mes serve à distinção entre assassinato em massa e homicídio serial (Lanning, 2001).

5 O que evidencia seu caráter multidisciplinar.

— 27 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

O serial murder pressupõe um hiato delitivo (intervalo de tempo). Sua integridade ou higidez fenomenológica exige ocasiões e lugares distin- tos, período de reflexão e de arrefecimento emo- cional. Já o assassinato em massa (nº de vítimas ≥ 4) traduz episódio e lugar únicos, não havendo in- termitência temporal relativamente às mortes.6 A motivação é, também, uma variável oni- presente nas definições de homicídios seriais, di- ferenciando-os do assassinato de farra. Há quem defenda o assassinato de farra, en- quanto categoria autônoma. Nele, ocorreriam dois ou mais homicídios, executados por um ou mais autores, sem que houvesse período de refle- xão intercrimes.

6 Ocorrências: McDonald’s de San Ysidro, San Diego, Ca- lifornia (1984); Luby’s Restaurant, Killeen, Texas (1991); e Virginia Tech, Blacksburg, Virginia (2007).

— 28 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

E a nota distintiva dos homicídios de farra se- ria, precisamente, a inexistência daquela reflexão. Mas o labirinto do que é «período de refle- xão» ultima-se numa encruzilhada semântica. Ou gera diretrizes arbitrárias, em detrimento da objetividade e segurança jurídicas (Craig et al., 2006). Acredita-se, pois, que a autonomia dos ho- micídios de farra seja irreal. Um típico exemplo de falso problema (Lanning, 2001). Na tentativa de um recorte conceitual uno dos assassinatos seriais, empregamos a Navalha de Ockham, princípio lógico do franciscano in- glês William de Ockham (séc. XIV). Grosso modo, a Navalha de Ockham precei- tua que a explicação de qualquer fenômeno deve reunir apenas os elementos indispensáveis a tan- to (Ockham, 1974). Corta-se o excesso, seja de que ordem for.

— 29 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Tal princípio costuma assumir o nome de Lex Parsimoniae: “entia non sunt multiplicanda prae- ter necessitatem”7. Convém, então, formularmos uma definição simples e abrangente. Logo, quantas mortes cons- tituem um assassinato em série? Eis uma importante barreira de entrada ao universo do serial murder. Um fator de inclusão deve compreender o menor número possível de vítimas (≥ 2), flexibilizando logística e alocação de recursos à investigação do potencial assassina- to em série. Ademais, o motivo não é intrínseco a uma definição geral, sob pena de torná-la demasiada- mente complexa.8 E quais os elementos inerentes a uma defini- ção-síntese de assassinato em série? Vejamos:

7 As entidades não devem ser multiplicadas além da ne- cessidade (traduzido livremente pelo autor). 8 Ver capítulo 2.

— 30 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

• um ou mais autores; • duas ou mais vítimas assassinadas; • cada morte acontece num espaço-tempo único; • período de tempo intercrimes, diferen- ciando o serial murder dos assassinatos em massa.

Harmonizando os quatro caracteres acima, proponho a seguinte definição: serial murder é o assassinato ilegal de duas ou mais vítimas pelo(s) mesmo(s) infrator(es), em ocasiões e lugares dis- tintos.

— 31 —

Capítulo 2 Perfil comportamental do homicida em série: uma aproximação

Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

A maioria dos serial killers não é reclusa, ou isolada quer em sub-grupos quer individualmen- te. Tampouco se apresenta como desajustados, monstros sádicos. Muitos assassinos em série passam desper- cebidos numa comunidade. Geralmente, têm família e lar, trabalho remunerado (Meyerson et al., 2002), conforme um padrão normal de coe- xistência.9

9 Vejamos três exemplos, à margem de sua vitimologia. Na década de 1990, Robert Yates matou dezessete pros- titutas em Spokane, Washington. Casado, pai de cinco filhos, ele residia num bairro de classe média e foi pilo- to de helicóptero (condecorado) da Guarda Nacional norte-americana. Durante o período dos assassinatos, Yates interagia com prostitutas e muitas de suas vítimas se conheciam. Uma delas foi enterrada em pleno quin- tal, próximo ao quarto de Yates, que, preso, confessou treze homicídios. Gary Ridgeway, o Green River Killer, assumiu ter matado quarenta e oito mulheres em Seattle, Washington, ao longo de vinte anos. Quando preso, ele estava casado pela quarta vez. Ridgeway foi um pintor

— 35 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Malgrado a crença do exclusivismo racial, assassinos em série permeiam as diferentes ex- pressões fenotípicas da humanidade, espelhando sua diversificação. Há brancos, afro-americanos, hispânicos, asiáticos e serial killers.10

de caminhão por trinta e dois anos. Frequentou a igreja regularmente. Leitor voraz da Bíblia, discutia os evan- gelhos no trabalho. Também manteve relações sexuais com prostitutas, de maneira assídua. O serial killer BTK, Dennis Rader, praticara dez homicídios na região de Wi- chita, Kansas. Em trinta anos, ele chegou a enviar dezes- seis cartas para a imprensa, desafiando os investigadores. Rader era casado e tinha dois filhos. Foi líder escoteiro, serviu honrosamente à U.S. Air Force, bem como ao go- verno local, além de ter presidido uma igreja. 10 Natural de Hong Kong, Charles Nunes fez inúmeras víti- mas fatais ao norte da Califórnia, com a participação de Robert Lago. Afro-americanos, Coral Eugene Watts eli- minara cinco indivíduos em Michigan, além de doze ou- tros no Texas, e Derrick Todd Lee assassinou pelo menos seis mulheres em Baton Rouge, Louisiana. O mexicano Rafael Barradas-Ramirez matou nove pessoas em Ohio,

— 36 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Há quem pense que o sexo é a motivação básica do serial killer. Como toda meia verdade, eis uma mentira completa. É que outros motivos, alguns incertos, também preponderam (Lanning, 2001), incluindo raiva, ganho financeiro e busca de atenção.11

Texas e Illinois. Já o colombiano Rory Conde ceifou a vida de seis prostitutas em Miami, Flórida. 11 Movidos por raiva, John Allen Muhammad, um sargen- to reformado, e Lee Boyd Malvo aterrorizaram a região de Washington durante três semanas, disparando contra treze vítimas, o que resultou em dez mortes. Eles reme- tiam bilhetes à polícia, a fim de extorquir dinheiro, sob pena de continuarem o massacre. Michael Swango, um ex-fuzileiro médico foi condenado por quatro homicídios em Nova York e Ohio, embora haja a suspeita de que ele tenha sido responsável pela morte de trinta a cinquen- ta pessoas na África e Estados Unidos. Colecionador de matérias jornalísticas sobre desastres naturais, sua moti- vação continua incerta. Latrocida, Paul Reid executou ao menos sete pessoas durante roubos a fast foods, no Tennessee. Depois de controlar suas vítimas, ele as esfa-

— 37 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Serial killers são predadores interestaduais? Não, via de regra. A maioria dos assassinos seriais apresenta pequena mobilidade, sendo-lhes bem definida a área geográfica de atuação. Eles praticam seus crimes em zonas de conforto, baseadas num pon- to de ancoragem (local de trabalho, residência própria ou de um parente, etc.). A espiral delitiva do serial killer pode, con- tudo, transbordar sua zona de conforto. Isso acontece quando adquire experiência, tornando- -se mais confiante, ou para evitar a identificação (Lanning, 2001). E uma vez serial killer, sempre serial killer? Decerto que não. O homicida em série é mutá- vel. Ele consegue parar de matar.12

queava. Motivação: eliminar testemunhas e obter ganhos financeiros. 12 Dennis Rader assassinou dez pessoas entre 1974 e 1991. Desde então, e até ser preso em 2005, não fez vítima al- guma. Aos policiais, ele admitiu a substituição das mor-

— 38 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Há serial killers que paralisam, definitiva- mente, sua rotina de matança, antes mesmo de terminarem capturados. Devido a fatores de ini- bição (maior participação nas atividades da famí- lia, substituição por erotismo, outras diversões), interrompe-se a busca de mais vítimas. O que pode resultar numa migração aos cri- mes sexuais: estupro, pedofilia, necrofilia (Ames et al., 1999). Por outro lado, a imagem spot13 de assassinos em série geniais e furtivos, ou portando severa debilidade mental, não passa de neuromarketing. O tragi-exótico vende.

tes por iniciativas auto-eróticas. Jeffrey Gordon eliminou sua primeira vítima em 1986 e a segunda, cinco anos depois. Sofrera, contudo, um processo de transferência, dedicando-se, enquanto não capturado (1991-2002) ao cross-dressing, masturbação e sexo consensual, sobremodo com a própria esposa. 13 Ou publicitária.

— 39 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Ramificação de um mesmo tronco, os homi- cidas seriais exibem distúrbios de personalidade comuns ao seu ambiente, incluindo psicopatia. Entretanto, a maioria deles nem sequer é julgada ex vi legis como insanos. Igualmente, os homicidas em série oscilam da inteligência fronteiriça a níveis acima da mé- dia (Salfati, 1999). Ao executar seu primeiro crime, os serial killers têm uma habilidade limitada pela inex- periência. Mas a cada homicídio que venha a tentar, consumando-o ou não, eles ganham con- fiança e destreza, malgrado acidentes de percurso (erros, dificuldades objetivas). A maior parte dos serial killers ostenta uma curva de aprendizado íngreme,14 à medida que devem planejar seus crimes de forma comparati- vamente mais detalhada e calculista (Morana et al., 2006).

14 Podendo involuir (curva de aprendizado em regressão).

— 40 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Os homicidas seriais precisam definir alvo, abordagem, controle, descarte de vítimas. Ou- trossim, a logística relacionada ao homicídio e ocultação do cadáver traz consigo um elevado grau de complexidade, sobretudo quando se vale de muitos locais (ou sítios) de crime. E a longevidade da série homicida é direta- mente proporcional à sensação do respectivo cri- minoso de que ele continuará incógnito. É possível que dessa pseudo-imunidade re- sulte uma acomodação gradual. Daí, o assassino em série tende a buscar atalhos, otimizando as chances de sua identificação. Serial killers não se enquadram num perfil genérico. Eles diferem quanto à motivação e ao comportamento no sítio do crime. No entanto, é possível identificar traços co- muns aos homicidas em série: busca de sensações, falta de remorso, impulsividade, necessidade de controle e atitude predatória (Pinizzotto et al., 1990).

— 41 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Mais um ponto de convergência habitual: o distúrbio de personalidade psicopática. Psicopatia é um transtorno conhecido há séculos. Verificamos tal distúrbio em indivíduos que combinam charme, manipulação, intimidação e violência, ocasionalmente. O psicopata busca saciar necessidades egoístas dele próprio, contro- lando os outros.15 Robert Hare16 liderou os esforços modernos de pesquisa, a fim de conceber instrumentos que delimitassem traços de personalidade e compor-

15 “O termo psicopatia descreve o indivíduo que apresenta padrão invasivo de desrespeito e violação aos direitos dos outros, e pobreza geral nas reações afetivas — estima-se que entre 25% e um terço dos indivíduos com transtorno de personalidade antissocial apresentam critério para psi- copatia” (Serafim et al., 2009: 109). 16 Com associados, Hare organizou a Psychopathy Check List Revised (PCL-R) e seus derivativos, os quais forne- cem uma avaliação clínica do grau de psicopatia de um indivíduo. As ferramentas aludidas medem o cluster es- pecífico aos traços de personalidade e comportamentos

— 42 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen tamentos imputáveis a um psicopata (Langström et al., 2002). Atributos interpessoais da psicopatia en- volvem fanfarronice, charme superficial, auto- -estima dilatada, mentira patológica e atitude manipuladora. Caracteres afetivos incluem ausência de re- morso e/ou culpa, falta de empatia, negação da responsabilidade e incômodo aparente. Comportamentos fundamentais ao estilo de vida abrangem excitação pela busca, impulsivida- de, irresponsabilidade e orientação parasitárias, falta de objetivos realistas. Enfim, condutas antissociais pobres abarcam demonstrações de mando e controle, problemas de comportamento infantil, delinquência na ju- ventude e revogação de liberdade condicional, versatilidade delitiva.

socialmente desviantes. Esse cluster possui quatro “termi- nais”: interpessoal, afetivo, estilo de vida e antissocial.

— 43 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Só que nem todos os criminosos violentos são psicopatas. E nem todos os psicopatas são cri- minosos violentos (Porter et al., 2003). Se psicopatas, criminosos violentos tendem a praticar roubo, estupro e homicídio, não lhes inquietando quaisquer consequências de ordem sociojurídica ou moral. O crime deles é o que e quando queiram (Abdalla-Filho, 2004).

Molestadores sexuais dificilmente modifi- cam seus aspectos psicológicos, culturais ou sexuais, mesmo que corra risco de eles serem identificados. [...] Mais da metade dos cri- minosos sexuais condenados, que acabam de cumprir pena, voltam para a penitenciária an- tes de um ano. Em dois anos, esse percentual sobe para 77,9%. A taxa de reincidência va- ria entre 18% e 45%. Quanto mais violento o crime, maior a probabilidade de o criminoso repeti-lo. (Serafim et al., 2009: 109-110)

— 44 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Nesse contexto, o binômio «psicopatia + se- rial killers» produz uma terrível onda de choque na comunidade. É possível que os homicidas seriais conhe- çam uma ou muitas características da psicopatia, e não se tornem psicopatas. Serial killers psicopatas têm desprezo pela vida humana. Predadores brutais, eles aterrori- zam as vítimas. Não há arrependimento. E sua hediondez é ímpar, naqueles de motivação sexual (Hill et al., 2008), cujo alvo sofre perseguição, emboscada, morte.17

17 “O que vai caracterizar o [...] molestador com psicopa- tia é a manifestação de evidente crueldade na conduta sexual, centrada e modulada pela postura de indiferença à idéia do mal que comete, não expressando emoções, quanto ao desvio nem ao fato de que o seu comporta- mento produz sofrimento. Sugere-se que esse tipo de agressor sexual experimenta o prazer não mais com o sexo, e, sim, com o sofrimento de sua vítima. Em geral, reduz a vítima ao nível de objeto, passível de toda ma- nipulação, degradação e descarte. O crime por prazer é

— 45 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Padrão, aliás, que lembra uma caçada. Provavelmente, a conduta de psicopatas (no sítio do crime) lhes atribui uma identidade crimi- nal, diferenciando-os e, logo, fazendo emergir a interconexão de homicídios, numa série. Entrevistas com serial killers psicopatas, con- duzidas de maneira a enaltecer sua inteligência, esperteza e aptidão de se furtar à captura reve-

produto de extremo sadismo, e a vítima é assassinada e mutilada com o propósito de provocar gratificação ao criminoso, sendo o prazer dele adquirido pela violência, e não pelo ato sexual. [...] O ritual, por sua vez, é com- portamento que excede o necessário para a execução do crime, sendo construído com base nas necessidades psicossexuais do agressor, e este aspecto é crítico para a satisfação dos seus desejos e impulsos. [...] O típico agressor é homem, começa a molestar por volta dos 15 anos, engaja-se em vários comportamentos pervertidos e molesta uma média de 117 jovens, cuja maioria não dá queixa. Cerca de 30% são menores de 35 anos. Por volta de 80% têm inteligência normal ou acima da média” (Se- rafim et al., 2009: 109-110).

— 46 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen laram alguns ícones de personalidade: egoísmo, vaidade, narcisismo intrínseco (Goodwill et al., 2007). E como alguém se transforma num serial killer? A explicação de tal metamorfose reside no desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo, desde o nascer até sua fase adulta. A conduta de uma pessoa transparece as in- fluências (sócio-ambientais) relacional e biológi- ca. Como os demais seres humanos, serial killers experimentam condições onto e filogenéticas de hereditariedade, educação, livre arbítrio, esco- lhas de vida (Stone, 2001). Elas moldam a referi- da metamorfose, num liame complexo. Neurobiólogos acreditam que o comporta- mento se deixa afetar por estímulos recebidos e processados pelo sistema nervoso central. Um sistema adaptável, sensível, reagente a variáveis ambientais (Bradford, 2001). Por outro lado, o processo através do qual se desenvolvem mecanismos de sócio-enfrenta-

— 47 — Antonio Fábio Medrado de Araújo mento tem início cedo. E ganha profundidade, à medida que uma criança aprende a fazer trocas, intercambiar com seus pares. Em certas pessoas, a incapacidade de fomen- tar, adequadamente, tais recursos de enfrenta- mento gera atitudes violentas. Negligência e abusos na infância contribuem para elevar o risco de violência futura. Substân- cias psicotrópicas estimulam a agressividade. Há, também, casos documentados de pessoas que sofreram ferimentos graves na cabeça e, depois, tornaram-se violentas (Salfati, 1999). A maioria dos assassinos em série, cuja mo- tivação é sexual, foi vítima de agressão erotizada. Violência, satisfação e apetite sexuais estão, as- sim, misteriosamente interligados na sua psique (Craig et al., 2006). Mas inexiste uma physis, capaz de esclarecer o surgimento de um homicida serial.

— 48 — Capítulo 3 reação contra o serial killer no positivismo de Hans Kelsen

Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

De início, buscando construir uma ponte com a revisão da literatura no capítulo 2 deste ensaio, ressalte-se que:

[...] em um estudo conduzido por Stone, 86,5% dos serial killers preenchiam os crité- rios de Hare para psicopatia [...]. Isso foi cla- ramente explicitado nas palavras de um dos mais conhecidos serial killers (Mike DeBarde- leben) [...] “o impulso central é ter completo comando sobre a outra pessoa, fazer dela o objeto desamparado de nosso desejo […] fa- zer com ela o que se quer para o prazer […] e o objetivo mais radical é fazê-la sofrer”. [...] Muitos enganam as pretensas vítimas e as seduzem para áreas onde elas não tenham recursos de resistência. Quando presos, eles enganam os funcionários penitenciários, bem como profissionais de saúde mental, fazendo- -os pensar, após certo período de tempo, que eles “aprenderam a lição” e que estariam prontos para serem reinseridos na sociedade. Tais decisões conduzem a erros tão graves que

— 51 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

custam a vida de novas vítimas. A literatura está repleta de exemplos desse tipo. (Morana et al., 2006: S78)

Qual seria, então, a resposta do positivismo jurídico de Kelsen ao problema (fato) social re- presentado pelos serial killers? Kelsen (1986) vê na punição a essência au- to-referenciada da norma jurídica. E chega a sus- tentar que devida é a sanção, e não a conduta (dever-ser) prescrita normativamente. No pensamento kelseniano, tal circunstân- cia distingue a comunidade jurídica de um bando ou quadrilha (onde há normas de conduta aplicá- veis coercitivamente, mas sem que a coação seja devida).

O sentido da ordem jurídica é que certos males devem, sob certos pressupostos, ser aplicados; que, de modo geral, determina- dos atos de coação devem, sob determinadas condições, ser executados. Tal não é apenas o

— 52 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

sentido subjetivo dos atos por meio dos quais o direito é imposto, mas também o seu sen- tido objetivo. Exatamente pela circunstância de ser esse o sentido que lhes é atribuído, tais atos são reconhecidos como atos criadores de direito, como atos de produção ou execução de normas. (Kelsen, 1974: 45-46)

Mas a atribuição de caráter jurídico uni- camente às normas dotadas de sanção coativa tende a inviabilizar, para os serial killers, o reco- nhecimento de direitos humanos, quando não previstos em lei (estatal), ou nela excepcionados. Em Kelsen, o que identifica o direito, afas- tando-o de outras normas sociais é a índole sem- pre coativa da sanção jurídica. Ela termina sendo aplicada ao destinatário da norma mesmo contra a sua vontade, se necessário “pelo emprego de força física” (Id. Ibid.: 34). Muito facilmente, a partir dessa concepção lógico-formalista, que separa direito e moral, o emprego de “força física” perde sua ingenuidade,

— 53 — Antonio Fábio Medrado de Araújo podendo levar ao extermínio programático dos serial killers — também via cárcere perpétuo:

Além do perigo de soltar esses homens na comunidade, que já praticaram concreta- mente homicídios sádicos [...], existe a neces- sidade do cuidado adicional no sentido de se considerar os sentimentos do público. A sol- tura de homicidas com esse grau de risco de novo comportamento violento seria de difícil tolerância para a sociedade. Uma vez que se chegou a uma conclusão de se tratar de um serial killer e identificou-se que ele é um ini- migo irremediável para as pessoas, a separação permanente da comunidade pela via da prisão parece ser a única alternativa prudente. (Mo- rana et al., 2006: S78)

Isso porque Kelsen expulsa o fator axiológico do direito. Em outras palavras, questionar sobre a (in)justiça da ordem jurídica é irrelevante à for- mulação conceitual do direito-positivo.

— 54 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Que a justiça não pode ser uma caracte- rística que distinga o direito de outras ordens coativas é algo que decorre do caráter relativo do juízo de valor segundo o qual uma ordem social é justa. [...] Se se toma a justiça como o critério da ordem normativa designada como direito, então as ordens coativas capitalistas do mundo ocidental não são de modo algum direito, do ponto de vista do ideal comunista do direito, e a ordem coercitiva comunista da União Soviética tampouco é direito do pon- to de vista do ideal de justiça capitalista. Um conceito de direito que conduz a uma tal con- seqüência não pode ser aceito por uma ciên- cia jurídica positiva. (Kelsen, 1974: 94-95)

O que se traduz, mais tarde, nos esforços de legitimação jurídica do regime Nazi (enraizado

— 55 — Antonio Fábio Medrado de Araújo no modelo kelseniano),18 à sombra da eliminação premeditada de judeus, em larga escala. Da mesma forma que ocorrera com Marx (1987), em relação ao comunismo real, Kelsen não queria ser kelseniano. Em termos operacionais, seu pensamento é desnaturado, numa retro-metamorfose: a coe- rente “borboleta” do paradigma kelseniano trans- forma-se, na prática, em um “lagarto de fogo” (enigma do casulo).

18 Com o aporte do racionalismo kantiano (Kant, 1994; 2007).

— 56 — Conclusão

O afastamento (dissociativo) de qualquer juízo moral é um ponto de interseção entre o se- rial killer e o normativismo de Kelsen, vinculan- do-os mutuamente, num parentesco radical. Kelsen filtra o direito seletivamente, retendo a “impureza” de ordem ética. A consequência natural dessa postura asséptica é o individualismo generali- zado, egoísta, a banir o outro de nossas vidas. Assim, “a formação moderna inteira é es- sencialmente interior — um manual da formação interior para os exteriormente bárbaros” (Nietzs- che, 1983: 275). E o serial killer é mais uma triste lágrima no vazio ético das relações humanas. Sartre (1995: 9) polemiza:

— 57 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

[...] recuso-me a chamar de opinião uma doutrina que visa expressamente pessoas es- pecíficas e tende a suprimir-lhes os direitos ou a exterminá-las. [...] O anti-semitismo não se inclui na categoria de pensamentos que o di- reito de livre opinião protege.

Ora, o direito de livre opinião protege os fa- talistas, que advogam a segregação perpétua de homicidas em série, como remédio jurídico? Qualquer resposta a essa indagação não de- verá olvidar que o atributo da dignidade é ine- rente à pessoa humana:

[...] a noção de dignidade humana faz re- ferência a uma qualidade inseparavelmente ligada à essência do Homem, o que explica que ela seja a mesma para todos, não admi- tindo graduações. Esta noção retorna, então, à idéia de que “as coisas são devidas ao ser hu- mano exclusivamente pelo fato de que ele é humano” [...]. Isto quer dizer que um respeito incondicional é devido a todos os indivíduos,

— 58 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

independente de sua idade, sexo, saúde física ou mental [...]. (Andorno, 2008: 2)

— 59 —

Referências

Abdalla-Filho E. Avaliação de risco de violência em psiquiatria forense. Rev Psiquiatr Clin. 2004;31(6):279-83. Ames MA, Houston DA. Legal, social, and biolo- gical definitions of pedophilia. Arhc Sex Behav. 1999;19(4):333-42. Andorno R. A noção de dignidade humana é su- pérflua na bioética? Pensando Direito (SP) . 2008. Bradford J. The neurobiology, neuropharmacolo- gy and pharmacological treatment of the para- philias and compulsive sexual behavior. Can J Psychiatry. 2001;46:26-34. Craig LA, Browne KD, Beech A, Stringer IAN. Differences in personality and risk characteris-

— 61 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

tics in sex, violent and general offenders. Crim Behav Ment Health. 2006;16:183-94. Goodwill AM, Alison LJ. When is profiling possible? Offense planning and aggression as moderators in predicting offender age from victim age in stranger rape. Behav Sci Law. 2007;25(6):823-40. Habermas J. O discurso filosófico da modernidade. Public Dom Quixote (Lisboa). 1990. Hill A, Habermann N, Klusmann D, Bener W, Briken P. Criminal recidivism in sexual homi- cide perpetrators. Int J Offender Ther Comp Criminol. 2008;52(1):5-20. Kant I. Introdução ao Estudo do Direito. Edipro (SP). 2007. _____. Crítica da razão prática. Edições 70 (Lis- boa). 1994. Kelsen H. Teoria Pura do Direito. Arménio Ama- do (Coimbra). 1974. _____. Teoria Geral das Normas. Sergio Anto- nio Fabris (RS). 1986.

— 62 — Solução Final do serial killer No Positivismo De Hans Kelsen

Langström N, Grann M. Psychopathy and vio- lent recidivism among young criminal offenders. Acta Psychiatr Scand Suppl. 2002;(412):86- 92. Lanning KV. Child Molesters: a behavioral analy- sis – for law-enforcement officers investigating the sexual exploitation of children by acquain- tance molesters. 4ª ed. Federal Bureau of In- vestigation (FBI); 2001. Marx K. O capital. Bertrand (RJ). 1987. Meyerson LA, Long P, Miranda Jr R, Marx BP. The influence of childhood sexual abuse, phy- sical abuse, family environment, and gender on the psychological adjustment of adolescents. Abuse and Neglect. 2002;25(7):387-405. Morana HCP, et al. Personality disorders, psy- chopathy and serial killers. Rev Bras Psiquiatr. 2006;28(Supl II):S74-9. Nietzsche F. “Da utilidade e desvantagem da história para a vida”. In: Obras Incompletas. Abril Cultural (SP). 1983.

— 63 — Antonio Fábio MedrAdo de ArAújo

Ockham W. “Summa Logicae”. In: Opera philo- sophica et theologica. St Bonaventure Univ. (NY), The Franciscan Institute. 1974. Pinizzotto AJ, Finkel NJ. Criminal personality profiling: an outcome and process study. Law Hum Behav. 1990;14:215-33. Porter S, Woodworth M, Earle J, Drugge J, Boer D. Characteristics of sexual homicides commit- ted by psychopathic and non psychopathic offen- ders. Law Hum Behav. 2003;27(5):459-70. Salfati CG, Canter DV. Differentiating stran- ger murders: profiling offender characteristics from behavioral styles. Behav Sci Law. 1999; 17(3):391-406. Sartre J-P. A questão judaica. Ática (SP). 1995. Serafim AP, et al. Psychological and behavioral profile of sexual abusers of children. Rev Psiq Clín. 2009;36(3):105-11. Stone MH. Serial sexual homicide: biological, psychological, and sociological aspects. J Perso- nal Disord. 2001;15(1):1-18.

— 64 — Solución final del SERIAL KILLER en el positivismo de Hans Kelsen

Índice

Introducción...... 69 1. Asesinato en serie: una definición...... 73 2. Perfil del comportamiento del homicida en serie: una aproximación...... 81 3. Reacción contra el serial killer en el positivismo de Hans Kelsen...... 99 Conclusión...... 107 Referencias...... 111

— 67 —

Introducción

Homicidios en serie no representan una forma de agresión inédita, tampoco geoconcen- trada1. Lo demuestra Richard von Krafft-Ebing2, que, en el siglo XIX, escribió algunos de los pri- meros ensayos sobre crímenes violentos, en espe- cial los de inclinación sexual. Los asesinatos seriales tienen baja incidencia comparativa. Se estima que, por año, correspon- den al menos al 1% de los homicidios. Todavía, su referente mediático es inversa- mente proporcional al porcentaje referido, y se remonta a la época de 1888, con los homicidios en serie de prostitutas en la región de Whitecha-

1 Ni etnoconcentrada. 2 En Psicopatía Sexuales, von Krafft-Ebing (1886) describió un gran número de asesinatos seriales.

— 69 — Antonio Fábio Medrado de Araújo pel, Londres. Tales crímenes fueron ejecutados por un desconocido, que se autodenominó “Jack, el Destripador”: En las décadas de 1970 y 1980, una nue- va generación de homicidas en serie, como por ejemplo Ted Bundy, BTK (Dennis Rader), Green River Killer (Gary Ridgeway) revivió el interés y pavor del público en general por éste tipo de crí- menes. Pavor que se justifica en razón de la alta reincidencia y hediondez del serial killer, en detri- mento del orden público. Sin embargo, parafraseando a Habermas (1990), ¿cuál es el discurso jurídico-filosófico in- herente al fenómeno de los homicidios en serie? La óptica de Hans Kelsen encarna tal discurso,3 de cuyas entrelíneas podemos, en un sentido puramente lógico-formal, deducir una so- lución tan nauseabunda como el propio serial killer.

3 Hipótesis que examinaremos a la luz de la Teoría Pura de Derecho, obra máxima de Hans Kelsen.

— 70 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Resáltese, además, el esfuerzo descriptivo4 (capítulos 1-2) en presentar en una extensión mayor, en número de páginas, respecto de la idea central en que se apoya, en dicha descripción o compilación (capítulo 3).

4 Algunos fragmentos de esa compilación resultan de la ex- periencia que vengo incorporando, hace casi nueve años, junto a la 2ª Cámara Criminal del Tribunal de Justicia de Bahia, donde laboro como asesor jurídico de magistrados.

— 71 —

Capítulo 1 Asesinato en serie: una definición

Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

En los últimos treinta años, han surgido in- numerables definiciones sobre el homicidio serial entre investigadores, psicólogos, sociólogos, mé- dicos, y juristas.5 Aunque se refieran a una misma cuestión (pertinencia temática), tales definiciones no comparten una unidad conceptual. Se distinguen al tenor de criterios puntuales: cantidad, periodi- cidad y motivación. Intentaremos, aquí, escapar de esa fragmen- tación estructural, proponiendo una definición sintética de asesinato en serie. El número de víctimas (dos a diez) es ingre- diente habitual, para diferenciar un «asesinato en serie» de una «serie de asesinatos» (homicidio único, duple o triple). De la misma forma, la periodicidad inter crí- menes sirve para la distinción entre asesinato en masa y homicidio serial (Lanning, 2001).

5 Lo que evidencia su carácter multidisciplinar.

— 75 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

El serial murder presupone un lapso delic- tivo (intervalo de tiempo). Su integridad o ri- gidez fenomenológica exige ocasiones y lugares distintos, período de reflexión y de enfriamiento emocional. Por su parte el asesinato en masa (nº de víctimas ≥ 4) comporta un episodio y lugar úni- cos, no habiendo intermitencia temporal entre las muertes.6 La motivación es también una variable om- nipresente en las definiciones de homicidios se- riales, diferenciándolos del asesinato de “juerga”. Hay quien defina el asesinato de “juerga” como categoría autónoma. En él, ocurrirán dos o más homicidios, ejecutados por uno o más au- tores sin que hubiese periodo de reflexión inter crímenes.

6 Ocurrencias: McDonald’s de San Ysidro, San Diego, Ca- lifornia (1984); Luby’s Restaurant, Killeen, Texas (1991); y Virginia Tech, Blacksburg, Virginia (2007).

— 76 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Y la nota distintiva de los homicidios de “juerga” sería, precisamente, la inexistencia de aquella reflexión. Pero el laberinto de lo que es «período de reflexión» se concluye en una encrucijada se- mántica. Lo que genera directrices arbitrarias, en detrimento de la objetividad y seguridad jurídica (Craig et al., 2006). Se cree, pues, que la autonomía de los homi- cidios de “juerga” sea irreal. Típico ejemplo de un falso problema (Lanning, 2001). En el intento de dar un alcance conceptual respecto de los asesinatos seriales, empleamos la Navaja de Ockham, principio lógico del francis- cano inglés William de Ockham (siglo XIV). A groso modo, la Navaja de Ockham pre- ceptúa que la explicación de cualquier fenómeno debe reunir apenas los elementos indispensables de una unidad (Ockham, 1974). Se cortan los excesos, sea del orden que fuesen.

— 77 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Tal principio acostumbra asumir el nombre de Lex Parsimoniae: “entia non sunt multiplican- da praeter necessitatem”7. Conviene, entonces, formularnos una defi- nición simple y completa. Luego, ¿cuántas muer- tes constituyen un asesinato en serie? Aquí está una importante barrera de entrada al universo del serial murder. Un factor de inclu- sión debe comprender el menor número posible de víctimas (≥ 2), flexibilizándose la logística y dirección de recursos a la investigación del ase- sinato en serie. Además, el motivo no es intrínseco a una definición general, so pena de tornarse demasia- damente compleja.8 ¿Y cuáles son los elementos inherentes a una definición sintética de asesinato en serie? Veamos:

7 Las entidades no deben ser multiplicadas además de la necesidad (traducido libremente por el autor). 8 Ver capítulo 2.

— 78 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

• uno o más autores; • dos o más víctimas asesinadas; • cada muerte acontece en un espacio y tiempo único; • período de tiempo inter crímenes, dife- rente en el serial murder respecto de los asesinatos en masa.

Armonizando los cuatro caracteres arriba, propongo la siguiente definición: serial murder es el asesinato ilegal de dos o más víctimas por el(los) mismo(s) infractor(es), en ocasiones y lu- gares distintos.

— 79 —

Capítulo 2 Perfil del comportamiento del homicida en serie: una aproximación

Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

La mayoría de los serial killers no son relega- dos, o aislados en sub-grupos o individualmente. Tampoco se presenta como desadaptados, mons- truos, sádicos. Muchos asesinos en serie pasan desaperci- bidos en una comunidad. Generalmente, tienen familias y hogares, trabajo remunerado (Meyer- son et al., 2002), conforme a un patrón normal de coexistencia.9

9 Veamos tres ejemplos, a la margen de su victimología. En la década de 1990, Robert Yates mató diecisiete prosti- tutas en Spokane, Washington. Casado, padre de cinco hijos, él residía en un barrio de clase media, y fue piloto de helicóptero (condecorado) de la Guardia Nacional norte-americana. Durante el período de los asesinatos, Yates interactuaba con prostitutas, y muchas de sus víc- timas se conocían. Una de ellas fue enterrada en pleno patio, próximo al cuarto de Yates, quien preso, confesó trece homicidios. Gary Ridgeway, el Green River Killer, asumió haber matado cuarenta y ocho mujeres en Seattle, Washington, a lo largo de veinte años. Cuando fue preso, se encontraba casado por cuarta vez. Ridgeway fue un pin-

— 83 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

A pesar de la creencia del exclusivismo ra- cial, asesinos en serie permean las diferentes ex- presiones fenotípicas de la humanidad, reflejando su diversificación. Hay blancos, afro-americanos, hispánicos, asiáticos y serial killers.10

tor de camión por treinta y dos años. Frecuentó la iglesia regularmente. Lector voraz de la Biblia, discutía los evan- gelios en el trabajo. También mantuvo relaciones sexua- les con prostitutas, de manera asidua. El serial killer BTK, Dennis Rader, ejecutó diez homicidios en la región de Wichita, Kansas. Durante treinta años, él envió dieciséis cartas para la prensa, desafiando a los investigadores. Ra- der era casado y tenía dos hijos. Fue líder explorador, sirvió honrosamente a la U.S. Air Force, así como al gobierno local, además de haber presidido una iglesia. 10 Natural de Hong Kong, Charles Nunes tuvo innumera- bles víctimas fatales al norte de California, con la partici- pación de Robert Lago. Afro-americanos, Coral Eugene Watts eliminará cinco individuos en Michigan, además de otros doce en Texas, y Derrick Todd Lee asesinó por lo menos a seis mujeres en Baton Rouge, Luisiana. El me- jicano Rafael Barradas Ramírez mató nueve personas en

— 84 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Hay quien piense que el sexo es la motiva- ción básica del serial killer. Como toda media ver- dad, aquí está una mentira completa. Hay otros motivos, algunos inciertos, también preponde- rantes (Lanning, 2001), entre ellos la rabia, la ganancia financiera y la búsqueda de atención.11

Ohio, Texas y Illinois. Por su parte, el colombiano Rory Conde segó la vida de seis prostitutas en Miami, Florida. 11 Movidos por rabia, John Allen Muhammad, un sargen- to reformado, y Lee Boyd Malvo aterrorizaron la región de Washington durante tres semanas, disparando contra trece víctimas, lo que resultó en diez muertes. Michael Swango, un ex-fusilero médico, fue condenado por cua- tro homicidios en Nueva York y Ohio, aunque se tuvo la sospecha de que él haya sido responsable por la muerte de treinta a cincuenta personas en África y Estados Unidos. Coleccionista de artículos periodísticos sobre desastres naturales, su motivación continua incierta. Latrocinio, Paul Reid ejecutó al menos siete personas durante robos a fast foods (lugares de comidas rápidas), en Tennessee. Después de controlar a sus víctimas, él las acuchillaba. Motivación: eliminar testigos y obtener ganancias finan- cieras.

— 85 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

¿Serial Killers son predadores errantes? No, por regla general. La mayoría de los asesinos seriales presenta pequeñas movilizaciones, siéndoles bien definida el área geográfica de operación. Ellos practican sus crímenes en zonas de “conforto”, basadas en un punto familiar o de “ancoraje” (lugar de traba- jo, su propia residencia o la de un pariente, etc.). El espiral delictivo del serial killer puede, con todo, traspasar su esfera de “conforto”. Eso acon- tece, cuando adquiere experiencia, tomándose más confianza, o para evitar su identificación (Lanning, 2001). ¿Y una vez se es serial killer, siempre será se- rial killer? De ninguno modo. El homicida en serie es mutable. Él puede conseguir dejar de matar.12

12 Dennis Rader asesinó diez personas entre 1974 y 1991. Desde entonces y hasta ser detenido en 2005, no tuvo víctima alguna. Frente a la policía, él admitió la substi- tución de las muertes por compensaciones auto-eróticas. Jeffrey Gordon eliminó su primera víctima en 1986 y la

— 86 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Hay serial killers que finalizan, definitiva- mente, su rutina de asesinatos, incluso antes de ser capturados. Debido a la incidencia de facto- res de inhibición (mayor participación en las ac- tividades de la familia, sustitución por erotismo, otras diversiones), se interrumpe la búsqueda de más víctimas. Lo que puede resultar en una migración a los crímenes sexuales: estupro, pedofilia, necrofilia (Ames et al., 1999). Por otro lado, la imagen spot13 de asesinos en serie geniales y furtivos, o con una deficien- cia mental, no pasa de ser un neuromarketing. Lo trágico-exótico vende. Como ramificación de un mismo tronco, los homicidas seriales detentan disturbios de perso-

segunda, cinco años después. Sufrirá, con todo, un pro- ceso de transferencia, dedicándose, antes de ser captu- rado (1991-2002) a cross-dressing, a la masturbación y el sexo consentido, en especial con su propia esposa. 13 O publicitária.

— 87 — Antonio Fábio Medrado de Araújo nalidad comunes al de sus ambientes, incluyendo la psicopatía. Entretanto, la mayoría de ellos ni siquiera son juzgados ex vi legis como insanos o dementes. Igualmente, los homicidas en serie oscilan con inteligencia colindante con niveles por enci- ma del nivel medio (Salfati, 1999). Al ejecutar su primer crimen, los serial killers tienen una habilidad limitada por la inexperien- cia. Pero en cada homicidio que pueda intentar, consumándolo o no, ellos ganan confianza y des- treza, pese a los tropiezos que pueda experimentar en su recorrido (errores, dificultades objetivas). La mayoría de los serial killers detenta una curva de aprendizaje en ascenso,14 en la medi- da en que deben planear sus crímenes de forma comparativamente más detallada y completa (Morana et al., 2006).

14 Pudiendo no evolucionar (curva de aprendizaje en retro- ceso).

— 88 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Los homicidas seriales necesitan definir los objetivos, la selección de víctimas, la forma de abordar, el sometimiento. Así mismo, la logística relacionada al homicidio y la forma de ocultar el cadáver trae consigo un elevado grado de com- plejidad, sobre todo cuando se vale de muchos lugares (o sitios) de crimen. Y el periodo de su serie homicida es directa- mente proporcional a la sensación que percibe el propio criminal de continuar incógnito. Es posible que de esa pseudo-inmunidad re- sulte una acomodación gradual. De ahí, que el en serie tienda a buscar atajos, optimizan- do las posibilidades de su identificación. El serial killer no se enmarca en un perfil ge- nérico. Ellos se diferencian según la motivación y el comportamiento expresado en el sitio del cri- men. Sin embargo, es posible identificar trazos comunes a los homicidas en serie: busca de sen- saciones, falta de remordimiento, impulsividad,

— 89 — Antonio Fábio Medrado de Araújo necesidad de control y actitud predatoria (Piniz- zotto et al., 1990). Hay un punto de convergencia habitual: el disturbio de personalidad psicopática. Psicopatía es un trastorno conocido desde hace siglos. Verificamos tal disturbio en indi- viduos que combinan encanto, manipulación, intimidación y violencia, ocasionalmente. El psi- cópata busca saciar sus necesidades egoístas, con- trolando a los otros.15 Robert Hare16 lideró los esfuerzos moder- nos de la investigación, a fin de concebir ins-

15 “El termino psicopatía describe al individuo que pre- senta un patrón invasivo de irrespeto y violación a los derechos de los demás, así como pobreza general en las reacciones afectivas — se estimas que entre 25% y un tercio de los individuos con trastorno de personalidad antisocial presentan rasgos de psicopatía” (Serafim et al., 2009: 109). 16 Con asociados, Hare organizó la Psychopathy Check List Revised (PCL-R) y sus filiales, los cuales proveen

— 90 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen trumentos que señalaran trazos de personalidad y comportamientos imputables a un psicópata (Langström et al., 2002). Los atributos interpersonales de la psicopatía incluyen la fanfarronería, el encanto superficial, la auto-estima dilatada (aumentada), la mentira patológica y la actitud manipuladora. Los caracteres afectivos incluyen ausencia de remordimiento y/o culpa, falta de empatía, ne- gación de la responsabilidad e incomodidad apa- rente. En los comportamientos fundamentales que albergan su estilo de vida está la excitación por la búsqueda o la aventura, la impulsividad, la irres-

una evaluación clínica del grado de psicopatía de un individuo. Las herramientas aludidas miden el cluster (grupo) específico a los trazos de personalidad y com- portamientos socialmente desviados. Ese cluster posee cuatro “terminales”: interpersonal, afectivo, estilo de vida y anti-social.

— 91 — Antonio Fábio Medrado de Araújo ponsabilidad y los comportamientos parasitarios, al igual que la falta de objetivos realistas. En fin, conductas anti-sociales pobres. Abar- can demostraciones de mando y control, proble- mas de comportamiento infantil, delincuencia en la juventud y pérdida de la libertad condicional, versatilidad delictiva. Pero no todos los criminales violentos son psicópatas. Ni todos los psicópatas son criminales violentos (Porter et al., 2003). Si los psicópatas, criminales violentos, tien- den a practicar robos, violaciones y homicidios, no les preocupan las consecuencias de orden so- cio jurídico o moral. El crimen, es el que ellos y cuando ellos quieran (Abdalla-Filho, 2004).

Los agresores sexuales difícilmente mo- difican sus aspectos psicológicos, cultu- rales o sexuales, pese a correr el riesgo de ser identificados. [...] Más de la mitad de los criminales sexuales condenados, que

— 92 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

acaban de cumplir pena vuelven a la peni- tenciaria antes de un año. En dos años, ese porcentaje sube al 77,9%. La taza de reinci- dencia varía entre 18% y 45%. Cuanto más violento el crimen, mayor es la probabilidad del criminal de repetirlo. (Serafim et al., 2009: 109-110)

En ese contexto, el binomio «psicopatía + serial killers» produce una terrible onda de cho- que en la comunidad. Es posible que los homicidas seriales conoz- can una o muchas características de la psicopatía, y no se tornen psicópatas. El serial killer psicópata tiene desprecio por la vida humana. Son predadores brutales, que ate- rrorizan a las víctimas. No hay arrepentimiento. Y la perversión es singular, en los de motivación

— 93 — Antonio Fábio Medrado de Araújo sexual (Hill et al., 2008), cuyo objetivo persi- guen, para emboscar y dar muerte.17

17 “Lo que va a caracterizar al [...] agresor con psicopatía es la evidente crueldad de su conducta sexual, sostenida por la conducta de indiferencia respecto del mal que co- mete, no expresando emociones, en cuanto al vejamen ni al sentido de que su comportamiento produce sufrimien- to. Se considera que este tipo de agresor sexual experi- menta el placer más que con el sexo, con el sufrimiento de su víctima. En general, reduce a la víctima al nivel de objeto, susceptible de toda manipulación, degradación y supresión. El crimen por placer es producto de extremo sadismo, y la víctima es asesinada y mutilada con el pro- pósito de provocar gratificación al criminal, adquiriendo placer por la violencia, y no por el acto sexual. [...] El ritual, por su parte, es el comportamiento que excede lo necesario para la ejecución del crimen, siendo elaborado con base en las necesidades psicosexuales del agresor, y ese aspecto es prioritario para la satisfacción de sus de- seos e impulsos. [...] El típico agresor es hombre, comien- za alrededor de los 15 años de edad, se enmarca en varios comportamientos pervertidos y molesta en promedio a 117 jóvenes, cuya mayoría no se queja. Cerca del 30% son menores de 35 años. Un 80% tienen inteligencia

— 94 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

El patrón, mejor dicho, recuerda su caza. Probablemente, la conducta del psicópata (en el sitio del crimen) le atribuye una identidad cri- minal, diferenciándolo y, luego, estableciendo la interconexión de homicidios, en una serie. Las entrevistas con serial killers psicópatas, conducidas de tal manera para enaltecer su inte- ligencia, viveza y aptitud de sustraerse a la captu- ra, revelarán algunos íconos de su personalidad: egoísmo, vanidad, narcisismo intrínseco (Good- will et al., 2007). ¿Y cómo alguien se transforma en un serial killer? La explicación de tal metamorfosis reside en el desarrollo biopsicosocial del individuo, desde que nace hasta su fase adulta. La conducta de una persona trasluce las in- fluencias (socio-ambientales) relacional y biológi-

normal o arriba de la media” (Serafim et al., 2009: 109- 110).

— 95 — Antonio Fábio Medrado de Araújo ca. Como los demás seres humanos, el serial killers experimentan condiciones onto y filogenéticas de herencia, educación, libre arbitrio, elecciones de vida (Stone, 2001). Ellas moldean la referida me- tamorfosis, hacia un lazo complejo. Neurobiólogos creen que el comportamiento se deja afectar por estímulos recibidos y proce- sados por el sistema nervioso central. Un siste- ma sensible, adaptable a variables ambientales (Bradford, 2001). Por otro lado, el proceso a través del cual se desarrollan mecanismos de socio-enfrentamiento tiene inicio temprano, y gana profundidad, en la medida que un niño aprende a hacer cambios, intercambiar con sus semejantes. En ciertas personas, la incapacidad de fo- mentar, adecuadamente, tales recursos de en- frentamiento genera actitudes violentas. Negligencia y abusos en la infancia contri- buyen para elevar el riesgo de violencia futura. Substancias psicotrópicas estimulan la agresivi-

— 96 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen dad. Hay, también, casos documentados de per- sonas que sufrieron heridas graves en la cabeza y, después, se tornaron violentas (Salfati, 1999). La mayoría de los asesinos en serie, cuya mo- tivación es sexual, fue víctima de agresión ero- tizada. Violencia, satisfacción y apetito sexuales están misteriosamente relacionados en su psiquis (Craig et al., 2006). Pero no existe una physis, capaz de esclarecer el surgimiento de un homicida serial.

— 97 —

Capítulo 3 reacción contra el serial killer en el positivismo de Hans Kelsen

Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

En principio, buscando construir un puente con la literatura descrita en el capítulo 2 de esta tesis, se resalta que:

[...] en un estudio conducido por Stone, 86,5% de los serial killers llenaban los crite- rios de Hare para psicopatía [...]. Eso fue cla- ramente explicado en palabras de uno de los más conocidos serial killers (Mike DeBarde- leben) [...] “el impulso central es tener com- pleto control sobre la otra persona, hacer de ella el objeto desamparado de nuestro deseo […] hacer con ella lo que se quiere para el placer […] y el objetivo más radical es hacerla sufrir”. [...] Muchos engañan a las supuestas víctimas y las seducen en áreas donde ellas no tengan medios de resistencia. Cuando están presos, ellos engañan a los funcionarios peni- tenciarios, como también a los profesionales de salud mental, haciéndolos pensar, después de cierto período de tiempo, que ellos “apren- dieron la lección” y que estarían listos para ser reincorporados a la sociedad. Tales decisiones

— 101 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

conducen a errores tan graves que cuestan la vida de nuevas víctimas. La literatura está re- pleta de ejemplos de ese tipo. (Morana et al., 2006: S78)

¿Cuál sería, entonces, la respuesta del posi- tivismo jurídico de Kelsen al problema (hecho) social representado por los seriales killers? Kelsen (1986) ve en el castigo la esencia auto-referenciada de la norma jurídica. Y llega a sustentar que debida es la sanción, y no la con- ducta (deber-ser) prescrita normativamente. En el pensamiento kelseniano, tal circuns- tancia distingue a la comunidad jurídica de un bando o cuadrilla (donde hay normas de con- ducta aplicables coercitivamente, pero sin que la coacción sea debida).

El sentido del orden jurídico es que cier- tos males deben, bajo ciertos presupuestos, ser aplicados; que, de modo general, determina- dos actos de coacción deben, bajo determi-

— 102 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

nadas condiciones, ser ejecutados. No es sólo el sentido subjetivo de los actos por medio de los cuales el derecho es impuesto, sino tam- bién el sentido objetivo. Exactamente por la circunstancia de ser ese el sentido que les es atribuido, tales actos son reconocidos como actos creadores de derecho, como actos de producción o ejecución de normas. (Kelsen, 1974: 45-46)

Pero la sola atribución de carácter jurídi- co únicamente a las normas dotadas de sanción coactiva no es suficiente, para lograr en los serial killers, el reconocimiento de los derechos huma- nos, cuando no están previstos en la ley (estatal), o por ella exceptuados. En Kelsen, lo que identifica el derecho, apartándolo de otras normas sociales es la índole siempre coactiva de la sanción jurídica. Ella ter- mina siendo aplicada al destinatario de la norma incluso contra su voluntad; se hace necesario “empleando la fuerza física” (Id. Ibid.: 34).

— 103 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Muy fácilmente, a partir de esa concepción lógico-formalista, que separa derecho y moral, el empleo de “fuerza física” pierde su genuinidad (e ingenuidad), pudiendo llevar al exterminio pro- gramático de los serial killers — inclusive por la vía de cadena perpetua:

Además del peligro de soltar a esos hom- bres en la comunidad, pues ya practicaron concretamente homicidios sádicos [...], exis- te la necesidad de cuidar, adicionalmente, los sentimientos del público. La liberación de homicidas con ese grado de riesgo de desen- cadenamiento de un nuevo comportamiento violento sería de difícil tolerancia para la so- ciedad. Una vez que se llega a la conclusión de que se trata de un serial killer y se identi- fica que es un enemigo irremediable para las personas, la separación permanente de dicho individuo de la comunidad por la vía de la pri- sión parece ser la única alternativa prudente. (Morana et al., 2006: S78)

— 104 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Eso es porque Kelsen suprime el factor axio- lógico del derecho. En otras palabras, disertar so- bre la (in)justicia de orden jurídica es irrelevante a la formulación conceptual del derecho-positivo.

Que la justicia no puede ser una caracterís- tica que distinga el derecho de otras órdenes coactivas es algo que transcurre del carácter relativo del juicio de valor según el cual una orden social es justa. [...] Si se toma la justi- cia como el criterio de la orden normativa de- signada como derecho, entonces las ordenes coactivas capitalistas del mundo occidental no son de modo alguno derecho, desde el pun- to de vista del ideal comunista del derecho, y la orden coercitiva comunista de la Unión Sovié- tica tampoco es derecho desde el punto de vis- ta del ideal de justicia capitalista. Un concepto de derecho que conduce a tal conclusión no puede ser aceptado por una ciencia jurídica positiva. (Kelsen, 1974: 94-95)

— 105 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Lo que se traduce, más tarde, en los esfuerzos de legitimación jurídica del régimen Nazi (enrai- zado en el modelo kelseniano),18 a la sombra de la eliminación premeditada de judíos, en larga escala. De la misma forma que ocurriera con Marx (1987), en relación al comunismo real, Kelsen no fue kelseniano. En términos históricos, su pensamiento es desnaturalizado, en una retro-metamorfosis: la coherente “mariposa” del paradigma kelseniano se transforma, en la práctica, en un “lagarto de fuego” (enigma del capullo).

18 Con el aporte del racionalismo kantiano (Kant, 1994; 2007).

— 106 — Conclusión

El alejamiento (disociación) de cualquier juicio moral es un punto de intersección entre el serial killer y el normativismo de Kelsen, vincu- lándolos mutuamente, en un parentesco radical. Kelsen filtra el derecho selectivamente, re- teniendo la “impureza” de orden ética. La con- secuencia natural de esa postura aséptica es el individualismo generalizado, egoísta, para excluir al otro de nuestras vidas. Así, “la formación moderna entera es esen- cialmente interior — un manual de la formación interior para los exteriormente bárbaros” (Nietzs- che, 1983: 275). Y el serial killer es más una lágrima en el va- cío ético de las relaciones humanas. Sartre (1995: 9) polemiza:

— 107 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

[...] Me rehúso a opinar sobre una doctri- na que aprueba expresamente a personas es- pecíficas y tiende a suprimirles los derechos o a exterminarlas. [...] El anti-semitismo no se incluye en la categoría de pensamientos que el derecho de libre opinión protege.

Ahora, ¿el derecho de libre opinión protege a los fatalistas, que abogan la segregación perpe- tua de homicidas en serie, cómo remedio jurídi- co? Cualquier respuesta a esa indagación no de- berá olvidar que el atributo de la dignidad es in- herente a la persona humana:

[...] La noción de dignidad humana hace referencia a una cualidad inseparablemente unida a la esencia del Hombre, lo que explica que ella sea la misma para todos, no admitien- do graduaciones. Esta noción nos regresa, en- tonces, a la idea de que “las cosas son debidas al ser humano exclusivamente por el hecho de ser humano” [...]. Esto quiere decir que un

— 108 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

respeto incondicional es debido a todos los individuos, independiente de su edad, sexo, salud física o mental [...]. (Andorno, 2008: 2)

— 109 —

Referencias

Abdalla-Filho E. Avaliação de risco de violência em psiquiatria forense. Rev Psiquiatr Clin. 2004;31(6):279-83. Ames MA, Houston DA. Legal, social, and biological definitions of pedophilia. Arhc Sex Behav. 1999;19(4):333-42. Andorno R. A noção de dignidade humana é su- pérflua na bioética? Pensando Direito (SP) . 2008. Bradford J. The neurobiology, neuropharmacolo- gy and pharmacological treatment of the para- philias and compulsive sexual behavior. Can J Psychiatry. 2001;46:26-34. Craig LA, Browne KD, Beech A, Stringer IAN. Differences in personality and risk characteris-

— 111 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

tics in sex, violent and general offenders. Crim Behav Ment Health. 2006;16:183-94. Goodwill AM, Alison LJ. When is profiling possible? Offense planning and aggression as moderators in predicting offender age from victim age in stranger rape. Behav Sci Law. 2007;25(6):823-40. Habermas J. O discurso filosófico da modernidade. Public Dom Quixote (Lisboa). 1990. Hill A, Habermann N, Klusmann D, Bener W, Briken P. Criminal recidivism in sexual homi- cide perpetrators. Int J Offender Ther Comp Criminol. 2008;52(1):5-20. Kant I. Introdução ao Estudo do Direito. Edipro (SP). 2007. _____. Crítica da razão prática. Edições 70 (Lis- boa). 1994. Kelsen H. Teoria Pura do Direito. Arménio Ama- do (Coimbra). 1974. _____. Teoria Geral das Normas. Sergio Anto- nio Fabris (RS). 1986.

— 112 — Solución Final del Serial Killer en el positivismo De Hans Kelsen

Langström N, Grann M. Psychopathy and vio- lent recidivism among young criminal offenders. Acta Psychiatr Scand Suppl. 2002;(412):86- 92. Lanning KV. Child Molesters: a behavioral analy- sis – for law-enforcement officers investigating the sexual exploitation of children by acquain- tance molesters. 4ª ed. Federal Bureau of In- vestigation (FBI); 2001. Marx K. O capital. Bertrand (RJ). 1987. Meyerson LA, Long P, Miranda Jr R, Marx BP. The influence of childhood sexual abuse, phy- sical abuse, family environment, and gender on the psychological adjustment of adolescents. Abuse and Neglect. 2002;25(7):387-405. Morana HCP, et al. Personality disorders, psy- chopathy and serial killers. Rev Bras Psiquiatr. 2006;28(Supl II):S74-9. Nietzsche F. “Da utilidade e desvantagem da história para a vida”. In: Obras Incompletas. Abril Cultural (SP). 1983.

— 113 — Antonio Fábio MedrAdo de ArAújo

Ockham W. “Summa Logicae”. In: Opera philo- sophica et theologica. St Bonaventure Univ. (NY), The Franciscan Institute. 1974. Pinizzotto AJ, Finkel NJ. Criminal personality profiling: an outcome and process study. Law Hum Behav. 1990;14:215-33. Porter S, Woodworth M, Earle J, Drugge J, Boer D. Characteristics of sexual homicides commit- ted by psychopathic and non psychopathic offen- ders. Law Hum Behav. 2003;27(5):459-70. Salfati CG, Canter DV. Differentiating stran- ger murders: profiling offender characteristics from behavioral styles. Behav Sci Law. 1999; 17(3):391-406. Sartre J-P. A questão judaica. Ática (SP). 1995. Serafim AP, et al. Psychological and behavioral profile of sexual abusers of children. Rev Psiq Clín. 2009;36(3):105-11. Stone MH. Serial sexual homicide: biological, psychological, and sociological aspects. J Perso- nal Disord. 2001;15(1):1-18.

— 114 — The ultimate solution of the SERIAL KILLER in Hans Kelsen’s positivism

Summary

Introduction...... 119 1. Serial murder: a definition...... 123 2. Behavioral profile of a serial killer: an approach...... 131 3. Reaction against the serial killer in Hans Kelsen's positivism...... 147 Conclusion...... 155 References...... 157

— 117 —

Introduction

Serial murders are not an unprecedented sort of violence, neither are they geo or ethno- concentrated crimes, as it has been shown by Richard von Krafft-Ebing1, who, in the nine- teenth century, wrote some essays on violent crimes, especially those of sexual connotation. Serial murders have comparative low inci- dence. It is estimated that they correspond to less than 1% of homicides per year. However, its media appeal is conversely proportional to the estimation above, and dates back to 1888 with the serial killing of prostitutes in the Whitechapel area of London. Such crimes

1 in Psychopathia Sexualis, von Krafft-Ebin (1886) described a large number of serial murders.

— 119 — Antonio Fábio Medrado de Araújo where carried out by a stranger who called him- self “Jack, the Ripper”. In the 1970’s and 1980’s, a new generation of serial killers , such as Ted Bundy, BTK (Den- nis Rader), Green River Killer (Gary Ridgeway) renewed the interest and the fear of the public on these crimes. Awe, in fact, was renewed because of the high recidivism and heinousness of the serial kill- er in detriment of the public order. But, paraphrasing Habermas (1990), what is the co-natural ius-philosophical discourse to the serial murder phenomenon? The perspective of Hans Kelsen embodies such discourse2, whose subtext in a purely formal- logical sense, can deduce a solution so heinous as the actual serial killer.

2 Hypothesis to be examined in the light of “Pure Theory of Law”, masterpiece of Hans Kelsen.

— 120 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

It should be emphasized, moreover, that it is proper to a consistent descriptive3 endeavor (chapters 1-2) to present a larger number of pages than the demonstration of the main idea (chapter 3), which is based on that description or compilation.

3 Some fragments of this compilation result of the expe- rience I have been incorporating for almost nine years, working as a legal assistant at the 2nd Criminal Chamber of the Court of Justice of Bahia – Brazil.

— 121 —

Chapter 1 Serial murder: a definition

the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

In the last 30 years, countless definitions of serial murders are emerging among investigators, psychologists, sociologists, doctors and jurists.4 While they refer to the same issue, (the- matic pertinence) such definitions do not share a conceptual unity. They are distinguished accord- ing to a specific criteria, such as quantity, period- icity, and motivation. We will try here to escape from this struc- tural fragmentation by proposing a synthesis defi- nition for serial murder. The number of victims (two to ten) is an usual ingredient to distinguish “serial murder” from “mass murder” (single, double or triple mur- der). Similarly, the periodicity between murders, serves to distinguish “serial murder” from “mass murder” (Lanning, 2001).

4 Thereby demonstrating its multidisciplinary nature.

— 125 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Serial murder presupposes a gap between crimes. Its integrity or phenomenological strength requires different occasions and places, and an emotional cooling-off period. Now, mass murder is the act of murdering four or more people at the same time, in a single location, during a particular event with no cool- ing-off period between the murders.5 The motivation is also a pervasive variable on serial murder definitions, distinguishing them from the serial spree. Some would advocate the killing spree as an autonomous category. On a spree murder, two or more murders are carried out by one or more perpetrators with no cooling-off period between crimes. And the dis-

5 Occurrences: McDonald’s at San Ysidro, San Diego, Cali- fornia (1984); Luby’s Restaurant, Killeen, Texas (1991); e Virginia Tech, Blackburg, Virginia (2007).

— 126 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism tinctive note of the spree murder is precisely the absence of that period. But the “cooling off period” is a labyrinth that ends up in a semantic crossroads. Or it cre- ates arbitrary directives in detriment of legal ob- jectivity and guidelines (Graig et al., 2006). It is believed, therefore, that the autonomy of the spree murder is unreal. A typical example of a non-issue (Lanning, 2001). In an attempt to a serial killer univocal conceptual cut, we employ Ockham’s Razor, the logical principle of the English Franciscan friar Willian of Ockham (fourteenth century). Roughly speaking, Ockham’s Razor states that the explanation for any phenomenon must meet only the indispensable elements, eliminat- ing all excesses.

— 127 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Ockham’s Razor, is sometimes expressed in Latin as Lex Parsimoniae: “entia non sunt multipli- canda praeter necessitate”.6 We ought to, therefore, formulate a simple and comprehensive definition. Thus, how many deaths constitute a serial murder? Here is a significant barrier to the serial murder’s world. An inclusion factor must comprehend the least possible number of victims (2 or more), en- abling logistics and allocation of resources to the investigation of the potential serial murder. Moreover, the motive is not intrinsic to a general definition, which would make it extreme- ly complex.7 What are the inherent elements in a synthe- sis definition of serial murder?

6 Entities must not be multiplied beyond necessity. 7 See chapter 2.

— 128 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

They can be:

• one or more offenders • two or more killed victims • each death takes place within a single space-time • a cooling-off period which distinguishes serial murder from mass murder.

In harmonizing the four features above, I propose the following definition: serial murder is the unlawful killing of two or more victims by the same offender(s) in different occasions and places.

— 129 —

Chapter 2 behavioral profile of a serial killer: an approach

the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

Most serial killers are not reclusive neither individually nor in subgroups, nor are they pre- sented as misfits, monsters, sadists. Several serial killers go unnoticed in a com- munity. Generally they have family, home and paid work (Meyerson et al., 2002), as a normal pattern of coexistence.8

8 Let us examine three examples apart from their victimol- ogy. In the 1990’s, Robert Yates killed seventeen prosti- tutes in Spokane, Washington area. He was married, had five children, lived in a middle class neighborhood and was a decorated U.S. Army National Guard helicopter pilot. During the time period of the murders, Yale rou- tinely patronized prostitutes and several of his victims new each other. Yates buried one of his victims in his yard, beneath his bedroom window. He was eventually arrested and pled guilty to thirteen of the murders. Gary Ridgeway, The Green River Killer, confessed to kill- ing forty-eight women over a twenty-year period in the Seattle, Washington area. At the time of his arrest, he was married for the fourth time. He was employed as a truck painter for twenty-two years. He attended church regularly, was an avid reader of the Bible at home and

— 133 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Despite the belief of racial exclusivism, serial killers permeate the different phenotypic expres- sions of mankind, reflecting its diversification. There are white, African-Americans, Hispanics, Asians, and serial killers.9

at work, and talked about religion with co-workers. Ridgeway also frequently picked up prostitutes and had sex with them throughout the time period in which he was killing. Dennis Rader, the BTK killer, committed ten murders in Wichica, Kansas. He sent sixteen written communications to the press over a thirty-year period, taunting the police. Rader was married with two chil- dren, was a Boy Scout Leader, served honorably the U.S. Air Force, was employed as a local government official, and president of his church. 9 Charles Ng, a native of Hong Kong, killed numerous victims in Northern California in concert with Robert Lake. Derrick Told Lee, an African-American, killed at least six women in Baton Rouge, Louisiana. Coral Eu- gene Watts, an African American, killed five victims in Michigan, and murdered another twelve victims in Texas. Rafael Resendez-Ramirez, a native from Mexico, murdered nine people in Kentucky, Texas, and Illinois.

— 134 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

All serial killers are not based on sexual mo- tives. There are many other motivations for a serial killer (Lanning, 2001), including anger, fi- nancial gain and attention seeking.10

Rory Conde, a Colombian native, was responsible for six prostitute homicides in the Miami Florida area. 10 In the Washington D.C. area, John Allen Muham- mad, a former U.S. Army Staff Sergeant, and Lee Boyd Malvo killed primarily for anger and thrill motivations. They were able to terrorize the Washington area, for three weeks, firing thirteen victims, which resulted in ten deaths. They sent messages to the police in order to extort money or the massacre would continue. Michael Swango, a former U.S. Marine, and physician, was con- victed of only four murders in New York and Ohio, al- though he is suspect of having poisoned and killed thirty to fifty people throughout the United States and on the continent of Africa. Swango’s motivation for the killings was intrinsic and never fully identified. He kept a scrap book filled with newspaper and magazine clippings about natural disasters, in which many people were killed. Paul Reid killed at least seven people in fast food restaurants robberies in Tennessee. After gaining control of the vic-

— 135 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Few serial murder travel interstate to kill, most of them have very based geographic areas of operation. They conduct their killings within comfort zones that are often based on a defined area (e.g. place of residence, work or residence of a relative and so on). Serial murders will, at times, spiral their ac- tivities outside their comfort zone, when their confidence has grown through experience or to avoid detection (Lanning, 2001). It has been widely believed that once a serial killer starts killing he cannot stop.11 There are, however, some serial killers who stop murdering

tims, he stabbed them. The motivation for the murders was primarily witness elimination and financial gain. 11 Dennis Rader murdered ten people from 1974 to 1991 and then did not kill again until he was caught in 2005. He told investigators that he engaged in auto-erotic ac- tivities to substitute for killing. Jeffrey Gorton killed his first victim in 1986 and the second in 1991. He did not kill again until 2002 when he was caught. Gorton en-

— 136 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism altogether before being caught. In these instances, there are events or circumstances in the of- fender’s life that inhibit him from pursuing more victims. These can include increased participa- tion in family activities, other sexual activities, and diversions, which can result in a migration to sexual crimes like rape, pedophilia and necro- philia (Ames et al., 1999). On the other hand, the media have created a number of fictional serial killers who are peo- ple of genius and stealth or severely mentally ill which is but neuro-marketing. The tragi-exotic sells. As a group, serial killers suffer from a vari- ety of personality disorders, including psychopa- thy, anti-social personality, and others. However, most of them are not considered insane under the law. Like other populations, serial killers range

gaged in cross-dressing and masturbation, as well as con- sensual sex with his wife between the murders.

— 137 — Antonio Fábio Medrado de Araújo in intelligence from borderline to above average levels (Salfati, 1999). Offenders committing a crime for the first time are inexperienced. They gain experience and confidence with each new offense, eventu- ally succeeding with a few mistakes or problems. Most serial killers’s learning curve is very steep,12 for they must plan their crimes in a more detailed and calculating manner (Morana et al., 2006). Serial murders must select target, approach, control, and disposal of their victims. The logis- tics involved in committing a murder and dis- posing of the body can become very complex, especially when there are multiple sites involved. As the serial killers continue to offend with- out being captured, they can become empowered, feeling they will never be identified. As the series of killings continue, the killers may begin to take

12 It may regress (learning curve regression).

— 138 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism shortcuts when committing their crimes, leading to identification by law enforcement agents. Serial killers do not fit the generic profile. They differ in motivation and behavior at the site of the crime. However, it is possible to identify common traits to serial killers: the search for sensations, remorselessness, impulsivity, need of control, predatory behavior (Pinizzotto et al., 1990). One more usual point of convergence: the psychopathic personality disorder. Psychopathy is a disorder known for centu- ries. Such disorder is found in individuals who combine charm, manipulation, intimidation, and occasionally violence. The psychopath seeks to satisfy his own selfish needs by controlling others.13

13 “The term psychopathy describes the individual highly prone to antisocial behavior, abusive treatment of others and shallow emotions. It is estimated that between 25% and one third of individuals with antisocial personality

— 139 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

Robert Hare14 led efforts to a new research in order to define personality traits and behaviors attributable to psychopaths (Langström et al., 2002). Interpersonal attributes of psychopathy in- volve, bravado, superficial charm, enlarged self- esteem, pathological lying and manipulative behavior. Emotional characteristics include the ab- sence of remorse or guilt, lack of empathy, denial of responsibility and apparent discomfort.

disorder met the criteria for psychopathy.” (Serafim et al., 2009: 109). 14 Hare and his partners organized a Psychopathy Check List Revised (PCL-R) and its derivatives, which provide a clinical evaluation of the degree of psychopathy in an individual. This will measure the specific cluster of per- sonality traits and socially deviant behaviors. This cluster has four terminals: interpersonal, affective, lifestyle and anti-social.

— 140 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

Fundamental behaviors include excite- ment to catch the prey, impulsiveness, parasitic irresponsibility and attitude, lack of realistic goals. Finally, antisocial behavior comprises dem- onstration of command and control, behavior problems in childhood, youth delinquency and parole revocation, criminal versatility. However, psychopaths are not necessarily violent criminals, nor violent criminals are neces- sarily psychopaths (Porter et al., 2003). If they are psychopaths, violent criminals tend to practice robbery, rape and homicide, without worrying about consequences of socio- juridical or moral order. Their crime is whatever they want and whenever they want it (Abdalla- Filho, 2004).

Sex offenders can hardly change their psy- chological, cultural or sexual aspects, even if they run the risk of being identified. […] More than half of the sex offenders who just finished

— 141 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

serving sentences return to prison within a year. In two years this rises to 77.9%. The recidivism rate ranges from 18% to 45%. The more vio- lent the crime, the more likely the criminal will repeat it. (Serafim et al., 2009: 109-110)

In this context, the binomial “psychopathic + serial killers” sends a terrible shock wave in the community. It is possible that serial murders have one or many features of psychopathy but they never become psychopaths. Psychopathic serial killers show no regard for human life. As brutal predators, they terror- ize the victims. There is no repentance and its hideousness is unique on those of sexual motiva- tion (Hill et al., 2008), in which the target suffers persecution, ambush and death; a pattern in fact reminiscent of hunting.15

15 “What will characterize the […] molester with psychop- athy is the manifestation of obvious cruelty in sexual conduct, focused and modulated by the attitude of indif-

— 142 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

Probably, the behavior of the psychopaths (in the site of the crime) gives them a criminal

ference to the idea of the evil he commits, not expressing emotions, as to deviation, or to the fact that his behavior inflicts pain. It is believed this type of sexual offender no longer experiences pleasure with sex, but with the suf- fering of his victim. In general, he reduces the victim to the level of an object, susceptible to manipulation, deg- radation, and disposal. Crime for pleasure is a product of extreme sadism. The victim is murdered and mutilated with the purpose to cause gratification to the criminal, his pleasure deriving from violence, not from sex. The ritual, in turn, is beyond what is necessary for the accom- plishment of the crime, built on the psychosexual needs of the aggressor, and this aspect is critical to the satisfac- tion of his impulses and desires. […] The typical offend- er is male, begins molesting around fifteen years old, is engaged in several perverted behaviors and has harassed an average of 117 youngsters, most of whom do not re- port the offence. Nearly 30% are under thirty-five years old. Around 80% have normal or above average intel- ligence.” (Serafim et al., 2009: 109-110).

— 143 — Antonio Fábio Medrado de Araújo identity, distinguishing them, and so, giving rise to the interconnection of murders in a series. Interviews with psychopathic serial killers, conducted in order to exalt their intelligence, cleverness, and ability to evade arrest, revealed some icons of personality: selfishness, vanity, in- trinsic narcissism (Goodwill et al., 2007). How does someone become a serial killer? The explanation of this lies in the metamor- phosis of such individual’s biopsychosocial per- formance from birth to adulthood. The behavior of a person shows influences (socio-environmental) relational and biological. Like all human beings, serial killers experience onto and phylogenetic conditions of heredity, education, free will and life choices (Stone, 2001). They shape that metamorphosis into a complex bond. Neurobiologists believe that behavior is af- fected by stimuli received and processed by the central nervous system. An adaptable system re-

— 144 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism active to the environmental variables (Bradford, 2001). On the other hand, the process by which so- cial and coping mechanisms are developed starts early, and gains depth as soon as a child learns how to exchange with others. In certain people, the inability to foster ad- equately coping mechanisms generates violent behavior. Neglect and abuse in childhood contribute to increase the risk of future violence. Psycho- tropic substances stimulate aggression. There are also documented cases of people who suffered se- vere head injuries, and then became violent (Sal- fati, 1999). Most sexually motivated serial killers had been victims of an eroticized sexual assault. So violence, sexual appetite and satisfaction are mysteriously in- terwoven in their psyche (Craig et al., 2006). But there is no physis able to clarify the emergence of a serial killer.

— 145 —

Chapter 3 reaction against the serial killer in Hans Kelsen’s positivism

the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

To link to chapter 2 of this thesis, it is worth mentioning:

[…] in a study conducted by Stone, 86.5% of serial killers met the Hare criteria for psy- chopathy […]. This was clearly expressed in the words of one of the most notorious serial killers (Mike DeBardeleben) […] “the cen- tral impulse is to have complete control over someone, to make that person the helpless ob- ject of our desire […] to do what you want for pleasure […] and the most radical goal is to cause suffering”. […] Many deceive the vic- tims and lure them to where they cannot offer any resistance. When arrested, they deceive prison officials, as well as mental health pro- fessionals, making them think, after a period of time, that they have “learned their lesson” and would be ready to be reintegrated into society. Such decisions lead to serious errors that cost the life of new victims. The litera- ture is replete with such examples. (Morana et al., 2006: S78)

— 149 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

What would be, then, the response of Kelsen’s legal positivism to the social problem (fact) represented by serial killers? Kelsen (1986) sees in the punishment the essence of the rule of law, and claims that penalty is due, not the conduct normatively described. In Kelsen’s thoughts, this circumstance dis- tinguishes the legal community from a criminal conspiracy (where there are standards of conduct coercively applicable, but coercion is not due).

The meaning of law is that certain evils must, under certain assumptions, be applied; that, in general, certain acts of coercion should, under certain conditions, be per- formed. This is not only the subjective sense of the acts by which the right is imposed, but also its objective sense. Just by the fact that this is the meaning assigned to it, such acts are recognized as creative of law, as acts of production or execution of law. (Kelsen, 1974: 45-46)

— 150 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

But the allocation of the legal aspect which has coercive sanctions tends to preclude serial killers the recognition of human rights, when not required by law (state law), or on exceptional law. In Kelsen, what identifies the law, distin- guishing it from other social norms, is the ever coercive nature of legal sanction. It ends being applied to the recipient’s norm even against his will, if necessary “by the use of physical force” (Id. Ibid.: 34). From that logical-formal design, which separates law and morality, the use of “physical force” loses very easily its naivety, and may lead to a programmatic extermination of serial killers — also by prison for life.

Beyond the danger of releasing these men in the community, who have actually prac- ticed sadistic murder […], there is a need for additional care in order to consider the senti- ment of the public. Once he is considered a

— 151 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

serial killer, and is identified as an irremedi- able enemy of others, the permanent separa- tion of the community through prison seems the only prudent alternative. (Morana et al., 2006: S78)

This is because Kelsen expelled the axiologi- cal factor of law. In other words, to enquire about the (in)justice of the law is irrelevant to the con- ceptual formulation of the positive law.

That justice cannot be a feature that dis- tinguishes law from other coercive orders, is something that stems from the relative nature of judgment value according to which a so- cial order is just. […] If we take the justice as a criterion of the normative order designed as law, then coercive capitalist orders of the Western world are not law from the point of view of the communist ideal of law and co- ercive order of the communist Soviet Union, nor it is law from the standpoint of the capi-

— 152 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

talism ideal of justice. A concept of law which leads to such a result cannot be accepted by a positive legal science. (Kelsen, 1974: 94-95)

What resulted later in legal efforts to le- gitimize the Nazi regime (rooted in the Kelsen model),16 in the shadow of premeditated elimi- nation of Jews on large scale. Just as happened to Marx (1987), in relation to real communism, Kelsen did not want to be kelsenian. In operational terms, their thinking is dena- tured in a retro-metamorphosis: a coherent “but- terfly” of the Kelsen’s paradigm becomes, in fact, a “fire lizard” (cocoon conundrum).

16 With the contribution of kantian rationalism (Kant, 1994; 2007).

— 153 —

Conclusion

The removal (dissociative) of any moral judg- ment is a point of intersection between the serial killer and Kelsen’s normativism, linking them to each other in a radical kinship. Kelsen selectively filters the law, retaining the ethical “impurity”. The natural consequence of this aseptic attitude is a selfish individualism, that banishes others from our lives. Thus, “the whole modern formation is es- sentially internal — an inside training manual to the outwardly barbarians” (Nietzsche, 1995: 275). And the serial killer is another sad tear on the ethical void of human relations. Sartre (1995: 9) is controversial:

— 155 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

[…] I refuse to name opinion a doctrine which expressly refers to specific people and tend to suppress their rights or exterminate them. […] Anti-Semitism is not included in the category of thoughts that the freedom of speech right protects.

Now, the freedom of speech right protects the fatalists who advocate perpetual segregation for serial killers as a remedy. Any reply to this question should bear in mind that dignity is a human attribute.

[…] The notion of human dignity refers to an inextricable quality of the essence of man, that explains it as the same for everyone, not admitting degrees. This notion, then, returns to the idea that “things are due to man solely because he is human” […]. This means that an unconditional respect is due to all indi- viduals regardless of their age, sex, physical or mental health […]. (Andorno, 2008: 2)

— 156 — References

Abdalla-Filho E. Avaliação de risco de violência em psiquiatria forense. Rev Psiquiatr Clin. 2004;31(6):279-83. Ames MA, Houston DA. Legal, social, and biological definitions of pedophilia. Arhc Sex Behav. 1999;19(4):333-42. Andorno R. A noção de dignidade humana é su- pérflua na bioética? Pensando Direito (SP) . 2008. Bradford J. The neurobiology, neuropharmacolo- gy and pharmacological treatment of the para- philias and compulsive sexual behavior. Can J Psychiatry. 2001;46:26-34. Craig LA, Browne KD, Beech A, Stringer IAN. Differences in personality and risk characteris-

— 157 — Antonio Fábio Medrado de Araújo

tics in sex, violent and general offenders. Crim Behav Ment Health. 2006;16:183-94. Goodwill AM, Alison LJ. When is profiling possible? Offense planning and aggression as moderators in predicting offender age from victim age in stranger rape. Behav Sci Law. 2007;25(6):823-40. Habermas J. O discurso filosófico da modernidade. Public Dom Quixote (Lisboa). 1990. Hill A, Habermann N, Klusmann D, Bener W, Briken P. Criminal recidivism in sexual homi- cide perpetrators. Int J Offender Ther Comp Criminol. 2008;52(1):5-20. Kant I. Introdução ao Estudo do Direito. Edipro (SP). 2007. _____. Crítica da razão prática. Edições 70 (Lis- boa). 1994. Kelsen H. Teoria Pura do Direito. Arménio Ama- do (Coimbra). 1974. _____. Teoria Geral das Normas. Sergio Anto- nio Fabris (RS). 1986.

— 158 — the ultimate solution of the Serial Killer in hans kelsen's positivism

Langström N, Grann M. Psychopathy and vio- lent recidivism among young criminal offenders. Acta Psychiatr Scand Suppl. 2002;(412):86- 92. Lanning KV. Child Molesters: a behavioral analy- sis – for law-enforcement officers investigating the sexual exploitation of children by acquain- tance molesters. 4ª ed. Federal Bureau of In- vestigation (FBI); 2001. Marx K. O capital. Bertrand (RJ). 1987. Meyerson LA, Long P, Miranda Jr R, Marx BP. The influence of childhood sexual abuse, phy- sical abuse, family environment, and gender on the psychological adjustment of adolescents. Abuse and Neglect. 2002;25(7):387-405. Morana HCP, et al. Personality disorders, psy- chopathy and serial killers. Rev Bras Psiquiatr. 2006;28(Supl II):S74-9. Nietzsche F. “Da utilidade e desvantagem da história para a vida”. In: Obras Incompletas. Abril Cultural (SP). 1983.

— 159 — Antonio Fábio MedrAdo de ArAújo

Ockham W. “Summa Logicae”. In: Opera philo- sophica et theologica. St Bonaventure Univ. (NY), The Franciscan Institute. 1974. Pinizzotto AJ, Finkel NJ. Criminal personality Anexo • Annex profiling: an outcome and process study. Law Hum Behav. 1990;14:215-33. Porter S, Woodworth M, Earle J, Drugge J, Boer D. Characteristics of sexual homicides commit- ted by psychopathic and non psychopathic offen- ders. Law Hum Behav. 2003;27(5):459-70. Salfati CG, Canter DV. Differentiating stran- ger murders: profiling offender characteristics from behavioral styles. Behav Sci Law. 1999; 17(3):391-406. Sartre J-P. A questão judaica. Ática (SP). 1995. Serafim AP, et al. Psychological and behavioral profile of sexual abusers of children. Rev Psiq Clín. 2009;36(3):105-11. Stone MH. Serial sexual homicide: biological, psychological, and sociological aspects. J Perso- nal Disord. 2001;15(1):1-18.

— 160 — Anexo • Annex

the Many Faces of Serial Killers

Son of Sam David Berkowitz, also known as the "Son of Sam," killed six people and wounded seven in New York City from July 1976 to August 1977, using his .44-caliber Bulldog revolver. He claimed he was driven to murder after being possessed by his neighbor's dog, Sam. He's serving 365 years in a New York prison.

— 163 — the Many Faces of Serial Killers

Lonnie David Franklin Jr.: The Grim Sleeper? Former LAPD motor-pool hand and L.A. sanitation work- er Lonnie David Franklin Jr. was charged in connection with 10 murders and could be linked to a jaw-dropping 230 more in the Los Angeles area dating back to the 1970s. Police believe he's the Grim Sleeper, the serial kill- er who shot, photographed, and sexually assaulted his victims. The murderer was dubbed the Grim Sleeper be- cause he took a 14-year break between his early and later murders. At Franklin's home, police found over 1,000 photos of women dating back 30 years, many of nude, many of them unconscious.

— 164 — the Many Faces of Serial Killers

Richard Ramirez: Night Stalker Richard Ramirez, eventually convicted of 13 counts of murder, 5 counts of attempted murder, 11 sexual as- saults, and 14 burglaries, can be seen here boiling over during his trial on October 21, 1985. Ramirez's California killing spree caught the nation's attention with its Satanist overtones. Ramirez was a fan of the rock group AC/DC, and his nickname comes from their song "Night Prowler," which describes sneaking into a girl's room at night and was reportedly his favorite song. He is on death row.

— 165 — the Many Faces of Serial Killers

Jeffrey Dahmer: Cannibal of Milwaukee The mild-mannered chocolate-factory worker killed 17 men and boys between 1978 and 1991 in a gruesome spree that included necrophilia, cannibalism, and a bi- zarre plot to create "zombies" of his victims by drilling holes into their heads and injecting their brains with acid. He was beaten to death by a fellow inmate in 1994.

— 166 — the Many Faces of Serial Killers

Ted Bundy: Summoning the Entity Estimates of the number of Ted Bundy's victims in the 1970s range from 26 to over 100, and he later claimed the part of him that he called "the entity" was obsessed with sexual violence. Often feigning helplessness with a fake cast or crutches, he targeted women in five states in the West before he was captured in Utah. The terror began again: Awaiting trial, Bundy escaped from a Glen- wood Springs, Colo., jail in December 1978 and went on the lam for two months, ending his sadistic odyssey with a bloodbath in a sorority house at Florida State Univer- sity and the rape and murder of a 12-year-old girl in Lake City, Fla. He was recaptured six days after his final killing, and given the electric chair in 1989.

— 167 — the Many Faces of Serial Killers

Aileen Wuornos: Female Serial Killer From 1989 to 1990, prostitute Aileen Wuornos murdered seven men in Florida, later claiming they had raped her. She shot each man several times. She welcomed her pending execution, telling the Florida Supreme Court, "I'm one who seriously hates human life and would kill again." She was put to death by lethal injection in 2002; the following year, Charlize Theron played her in the movie "Monster," and ended up winning an Oscar.

— 168 — the Many Faces of Serial Killers

Charles Manson: Evil Patriarch Cult leader and murderer Charles Manson is respon- sible for at least nine deaths, but is most remembered for masterminding the shooting and stabbing murders of Sharon Tate and four others at her Hollywood home in 1969. He received a death sentence later commuted to life in prison.

— 169 — the Many Faces of Serial Killers

Henry Lee Lucas: Serial Killer or Serial Liar? Henry Lee Lucas confessed to killing 600 people, starting with his own mother, but later investigations proved that many of his statements were hoaxes. He was ultimately convicted of 11 homicides, but escaped execution after then-Texas Gov. George W. Bush commuted his sentence because there was doubt about Lucas' guilt in the murder for which he received the death penalty. Lucas died in prison of heart failure in 2001.

— 170 — the Many Faces of Serial Killers

The Beltway Sniper: Holding the D.C. Area Hostage In October 2002, John Allen Muhammad and his 17-year- old ward, Lee Malvo, shot and killed 16 people and in- jured two others with a sniper rifle in several separate shootings that kept the Washington, D.C., area in a state of terror for three weeks. Muhammad (pictured) was sen- tenced to death.

— 171 — the Many Faces of Serial Killers

Lee Boyd Malvo: Young Apprentice Working under the tutelage of Muhammad, Malvo took part in the D.C. Sniper murders because he believed he and Muhammad could demand $10 million from the government -- money he'd hoped would fund terrorist training camps for homeless black children. He is now serving several life sentences without the possibility of parole.

— 172 — the Many Faces of Serial Killers

Harold Shipman: Dr. Death Instead of working to save lives, Britain's Dr. Harold Ship- man killed at least 218 of his own patients -- mostly el- derly women -- and possibly as many as 508 with fatal injections of drugs from 1975 to 1998. He was caught af- ter he forged a will bequeathing one victim's fortune to himself. He hanged himself in 2004, the day before his 58th birthday.

— 173 — the Many Faces of Serial Killers

The BTK Killer Animal-control supervisor Dennis L. Rader, the BTK killer, murdered 10 people around Wichita, Kan., between 1973 and 1991, and taunted police with letters about his deeds. The acronym stood for "bind, torture, kill," the strangler's preferred method of murder. Rader was captured in 2004 when he sent police a floppy disk from the church where he served as president of the congregation council. He is in solitary confinement in a Kansas state prison, serving 10 consecutive life terms. His earliest possible release date is 2180.

— 174 — the Many Faces of Serial Killers

Yoo Young-Chul: South Korea's Serial Killer Yoo Young-Chul killed 21 people from 2003 to 2004, in- cluding an elderly couple he murdered with a hammer. He said he was motivated by his hatred of women and the wealthy, and admitted to eating some of his victims' livers. He is the first person South Korea sentenced to death since 1997.

— 175 — the Many Faces of Serial Killers

The Yorkshire Ripper Peter Sutcliffe, a.k.a. "The Yorkshire Ripper," used a ball- pein hammer to knock out victims before slashing them with a knife. He killed 13 women in England before he was caught in 1981. He claimed God told him to kill pros- titutes. He's serving life in prison.

— 176 — the Many Faces of Serial Killers

Michael Bruce Ross: Connecticut Strangler Insurance salesman Michael Ross murdered eight wom- en in Connecticut and New York between 1981 and 1984, strangling them after raping them. He is the only person the Nutmeg State has executed in the last 49 years.

— 177 — the Many Faces of Serial Killers

Albert DeSalvo: Confessed to Being the Boston Strangler Albert DeSalvo (pictured in prison holding a necklace he made) claimed to be the Boston Strangler, who killed at least 13 women between 1962 and 1964, asphyxiating them with their own clothes after raping most of them. Many, however, suspect the killings were the work of more than one man. DeSalvo was stabbed to death in prison in 1973.

— 178 — the Many Faces of Serial Killers

Joel Rifkin: Long Island Murderer Long Island resident Joel Rifkin, who is believed to have strangled 17 women, mostly prostitutes, in the New York City area from 1989 to 1993, was captured when police found a corpse in his car. He was sentenced to 203 years to life.

— 179 — the Many Faces of Serial Killers

John Wayne Gacy: Killer Clown Construction-company owner John Wayne Gacy raped and murdered 33 boys and young men, mostly prosti- tutes and runaways, in Illinois from 1972 to 1978. He stuffed 27 bodies in the crawlspace of his home, and threw the last few in nearby rivers when there was no more space. He later claimed all the deaths were the re- sult of erotic asphyxiation. His last words before his lethal injection in 1994 were reportedly, "Kiss my ass." Pictured: Gacy's self-portrait as "Pogo the Clown," the costume he often wore to entertain neighborhood children.

— 180 — the Many Faces of Serial Killers

Charles Cullen: New Jersey's Most Prolific Killer Nurse Charles Cullen is believed to have killed as many as 45 terminally ill patients in nursing homes in New Jer- sey and Pennsylvania by injecting them with overdoses of medicine. He was caught in 2003, and claimed his kill- ings were acts of mercy to prevent his victims from be- ing "de-humanized" by hospital staff. He was sentenced to 127 years in prison.

— 181 — the Many Faces of Serial Killers

Gary Ridgway: Green River Killer He's had more murders confirmed than any other U.S. serial killer: Over 20 years, Gary Ridgway is believed to have strangled nearly 100 women and possibly more near Seattle and Tacoma, Wash., dumping most of the bodies near the Green River. He confessed and is serving a life sentence.

— 182 — the Many Faces of Serial Killers

Angel Maturino Resendez: The Railway Killer Drifter Angel Maturino Resendez killed at least 24 people in the U.S., breaking into their homes and bludgeoning most of them before robbing their houses of jewerly and money. He earned his nickname by riding the railroads to get from crime to crime. He was caught in El Paso, Texas, in 1999 and executed by lethal injection in 2006.

— 183 — the Many Faces of Serial Killers

Robert William Pickton: Pig Farmer and Killer British Columbia's Robert William Pickton confessed to an undercover cop that he'd killed 49 women (between 1997 to 2001), and said he'd hoped for "an even 50." The remains of some of the prostitutes and junkies he stran- gled or shot may have been fed to his pigs or mixed in with ground pork from his farm. He was captured in 2002 after being investigated on a firearms charge. He's serv- ing a life sentence.

— 184 — the Many Faces of Serial Killers

Donald Neilson: Black Panther Brit Donald Neilson shot and killed three postal-service officials during robberies in the 1970s, but it was the 1975 kidnapping and murder of 17-year-old heiress Les- ley Whittle that earned him infamy -- and led to his arrest. Neilson, who got his nickname for the black balaclavas he wore during his robberies, is serving a life sentence.

— 185 — the Many Faces of Serial Killers

Derrick Todd Lee: Baton Rouge Serial Killer Seven women were raped and murdered by Derrick Todd Lee, a man with an IQ of 65 who terrorized the Ba- ton Rouge area from 1992 to 2003. One woman, 22-year- old Charlotte Pace, was stabbed 81 times with a flathead screwdriver and knife. Lee is currently on death row in Louisiana.

— 186 — the Many Faces of Serial Killers

Peter Kurten: Vampire of Dusseldorf From 1910 to 1929 in Dusseldorf, Germany, Peter Kurten murdered nine people with hammers, knives, scissors, and his bare hands, male and female alike, from ages 5 to middle age. He was captured after his wife told the police, and was executed by guillotine in 1931. A psychi- atrist who interviewed him in prison determined that Kur- ten needed the sight of blood to be sexually stimulated.

— 187 — the Many Faces of Serial Killers

Ed Gein: The Original Psycho The inspiration for the movies "Psycho," "The Texas Chainsaw Massacre," and "The Silence of the Lambs," Wisconsin handyman Ed Gein is believed to have killed as many as 11 people, shooting at least two of them with a rifle in the 1950s. He turned his victims' corpses and those he dug up from graves into soup bowls, lamp- shades, and a "woman suit" he used to pretend to be fe- male. He died of natural causes at age 77 in an insane asylum in 1984.

— 188 — the Many Faces of Serial Killers

Alexander Pichushkin: Chessboard Killer Alexander Pichushkin, Moscow's "Bitsa Park Maniac" or "Chessboard Killer," confessed to killing 48 people and is believed to have murdered as many as 63 from 1992 to 2006 in what may have been a depraved competition with serial killer Andrei Chikatilo, aka the Rostov Ripper. (Chikatilo killed 53 from 1978 to 1990) His goal was to kill one person for each of the 64 squares on a chessboard. He lured the homeless with vodka then cracked their skulls with a hammer, finishing the jobs with the vodka bottles. "For me, life without killing is like life without food for you," he said. He was sentenced to life in prison.

— 189 — the Many Faces of Serial Killers

Efren Saldivar: Angel of Death In 1998, respiratory therapist Efren Saldivar confessed to killing as many as 50 patients at a California hospital, but he recanted, and police didn't amass enough evidence to arrest him until 2001. He injected unconscious patients close to death with drugs, and some say he may have killed as many as 120. Saldivar is serving six consecutive life sentences.

— 190 — the Many Faces of Serial Killers

Francis Heaulme: Criminal Hitchhiker Frenchman Francis Heaulme, who enjoyed hitchhiking through the country, said he killed men, women, and children in his travels before he was caught in 1992. The exact number of victims is unclear, but some believe the tally to exceed 50. He suffers from Klinefelter's syn- drome, which makes it impossible for him to perform certain physical tasks, but is believed to have used other drifters and, in one murder, a victim's cousin as accom- plices. He is serving a life sentence.

— 191 — the Many Faces of Serial Killers

Michel Fourniret: Ogre of Ardennes French pedophile Michel Fourniret raped and killed at least nine girls and possibly 19 in France and Belgium from 1987 to 2001, and was captured only after a bun- gled kidnapping attempt in 2003. He is serving a life sen- tence.

— 192 —