O Que Se Vê Na TV Análise Do Fluxo Da Programação Da Rede Globo
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP Maria Sílvia Fantinatti O Que se vê na TV Análise do fluxo da programação da Rede Globo DOUTORADO EM COMUNICAÇÃO E SEMIÓTICA Tese apresentada à Banca Examinadora como exigência parcial para a obtenção do título de doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, sob a orentação do Prof. Doutor Arlindo Machado São Paulo 2008 Banca Examinadora __________________________ __________________________ __________________________ __________________________ __________________________ Ao meu marido Michael Roubicek, pelo suporte incondicional e aos meus filhos Daniel e Bruno, pela parceria. RESUMO Este trabalho analisa os programas e a programação da Rede Globo de Televisão, recebida em São Paulo, na busca de uma categorização dos tipos de programas e do sentido global do fluxo. Identifica também os períodos em que a rede dá mais espaço à criatividade, testando novas linguagens. Nosso corpus é a programação básica da transmissora durante uma semana, no período entre os anos de 2006 e 2007, abordada sob a ótica das teorias que se preocupam com a adaptação e verificação dos discursos nos sistemas de comunicação audiovisuais. Na busca do sentido de programas e programação, nos fundamentamos em conceitos de Análise de Conteúdo, Análise de Texto, Semiótica e Semiologia da Comunicação, aplicados aos programas da TV e ao conjunto da programação. Dados os altos índices de audiência e a presença marcante no cotidiano dos brasileiros, postulamos como de relevância um olhar mais atento às estratégias de programação e contratos de comunicação propostos pela TV Globo. PALAVRAS-CHAVE Televisão, programas, grade de programação, fluxo, semiótica, comunicação. ABSTRACT Programs and programming of Globo Television Network are analyzed in this paper in order to categorize different programs and understand the sense of the flow as a whole. The work also identifies the spaces where the network gives more room to creativity, testing new television languages. The corpus is the basic programming, considering one week, in the period of 2006 and 2007, studied through theories that match the audiovisual systems of communication. To search the meaning of programs and programming, we relied on the concepts of Analysis of Issue, Analysis of Text, Semiotics and Communication Semiology. Because of the high audience rates and the firm presence in the daily life of Brazilians, we postulate it is relevant to take a more attentive look over the programming strategies and the communication contracts that TV Globo proposes. KEY WORDS Television, Programs, Programming Grid, Flow, Semiotics, Communication. ÍNDICE INTRODUÇÃO............................................................................................................01 CAPÍTULO 1 – DA PALEO À NEOTELEVISÃO 1.1. Informação e Entretenimento............................................................................04 1.2. Da Paleo à Neotelevisão....................................................................................05 1.3. Mosaico...............................................................................................................09 CAPÍTULO 2 – CONSTRUÇÃO DA METODOLOGIA 2.1. Teorias Analíticas...............................................................................................11 2.2. Proposta de Classificação.................................................................................13 2.3. Axiomas...............................................................................................................15 2.4. Funções do Modelo Comunicativo...................................................................19 2.5. Programa como Unidade Textual......................................................................20 2.6. Operacionalização das Linhas Teóricas...........................................................22 2.7. Método de Análise..............................................................................................24 2.8. Objeto de Estudo................................................................................................26 CAPÍTULO 3 – INFORMAÇÃO E ENTRETENIMENTO 3.1. Parâmetros de Classificação............................................................................30 3.2. Campos de Referência......................................................................................34 3.3. Tipos e Gêneros Discursivos...........................................................................35 3.4. Função, Tema e Estilo.......................................................................................37 3.5. Gêneros do Discurso Televisivo......................................................................40 3.6. Categorias Discursivas Básicas......................................................................40 3.6.1. Discurso Informativo................................................................................... 41 3.6.2. Discurso de Entretenimento........................................................................42 3.6.3. Discurso Misto..............................................................................................43 3.7. Ficha de Análise.................................................................................................43 CAPÍTULO 4 – ANÁLISE DA PROGRAMAÇÃO 4.1. O Equilíbrio da programação...........................................................................46 4.2. Discursos na Grade Semanal...........................................................................47 4.3. Análise Vertical..................................................................................................49 4.3.1. Dias da Semana............................................................................................49 4.3.2. Sábado e Domingo.......................................................................................58 4.3.3. Visão Geral da Verticalidade.......................................................................68 4.4. Análise Horizontal.............................................................................................69 4.4.1. Prime Time ou Horário Nobre.....................................................................69 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................74 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................79 ANEXOS....................................................................................................................85 Fichas de Análise......................................................................................de 86 a 144 Grade de Programação..........................................................................................145 Programação Semanal............................................................................de 146 a 152 Entrevista: Roberto Buzzoni Dir. Programação da Rede Globo de Televisão..153 INTRODUÇÃO — Mas o que a gente faz amanhã? — Ai, meu Deus do céu. Temos que fazer alguma coisa amanhã! (DANIEL FILHO. 2001:15) A resposta do diretor Cassiano Gabus Mendes a um membro da equipe da TV Tupi de São Paulo foi dada logo após a rede exibir, ao vivo, o primeiro programa da televisão brasileira, depois de horas de trabalho exaustivo para colocar em funcionamento um meio de comunicação que quase ninguém conhecia. Começava a existir uma preocupação que, a partir deste dia 18 de setembro de 1950, nunca mais deixou de estar presente na vida dos profissionais que fizeram e fazem a nossa televisão. O “amanhã”, agora, é “daqui a pouco” e mais de 50 anos depois da primeira transmissão, somos milhões de brasileiros a usar diariamente o meio televisivo, durante qualquer das 24 horas do dia, em busca de notícias ou diversão. A televisão está presente na quase totalidade dos lares do país. Entre os mais pobres vemos famílias que optam pela TV em detrimento à geladeira ou a outros aparelhos que tornam a vida mais prática. Em cerca de 30 anos, de 1970 a 1999, o índice de domicílios com televisor no Brasil subiu de 24% para 87,5% (BORELLI et PRIOLLI. 2000:150), enquanto apenas 82,5% do total de residências contavam com outro eletrodoméstico. Produto do visionário jornalista e empresário Assis Chateaubriand, a pioneira Tupi introduziu a televisão no Brasil e reinou nos anos 1950 sem concorrentes no mercado, até porque o aparelho era muito caro e poucas famílias tinham um televisor em casa. Na década de 1960, a TV Excelsior entrou com vantagem na concorrência, experimentando a inovadora proposta de transmitir em rede nacional. Conquistou certa hegemonia de público entre as redes que ainda funcionavam em regime de transmissões estaduais, mas sua liderança durou pouco. A nacionalização do sinal foi uma realização da Rede Globo, que entrou no ar em 1965, ancorada em uma programação mista de notícias e dramaturgia. Na década de 1970 seus índices de audiência logo foram às alturas e permaneceram imbatíveis até os anos 1980, quando já era citada, em publicações internacionais, como uma das cinco maiores redes de televisão privada do mundo (HOWARD et GOODENOUG. 1991:391). 1 Esta é uma das características que nos leva a eleger a rede como objeto de estudo. Nossa proposta é analisar o contrato comunicativo da Rede Globo de Televisão com sua audiência através do estudo dos programas e da programação do canal como é recebida em São Paulo. Vamos esboçar uma categorização dos tipos de programas para chegar ao sentido global do fluxo, além de focar