REVISTA FATAL

N6Publicação Anual 2013 de Teatro Académico Ano vi / Distribuição Gratuita / Anual Maio 2013 — Abril 2014

REVISTA ÍNDICEFATAL

No Foco 4 d Gerações TEUC - 75 anos de Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra Histórias do Teatro Universitário Português 14 d 65 anos de TUP – Teatro Universitário do Porto 16 d Entre caos e Cristo - 15.º Aniversário do Noster, grupo de teatro da Universidade Católica Portuguesa Cenários 18 d TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL Ensaio 24 d Teatro comunitário 26 d E se fôssemos ter com eles? Aplauso 30 d Premiados FATAL 2012 Ponto, textos dramáticos 38 d Abaixo da cintura 40 d Eternidade FICHA TÉCNICA REVISTA FATAL N6 2013

Direcção: O nosso agradecimento ao TEUC, Proprietário, editor e redacção: Núcleo Cultural do DERE, com em especial à Marta Félix, pela Reitoria da Universidade coordenação de Isabel Tadeu ajuda prestada à elaboração de Lisboa Coordenação Editorial: do artigo Gerações TEUC e Alameda da Universidade, Marisa Costa pela cedência de documentos e 1649-004 Lisboa Colaboram neste número: imagens do arquivo do grupo. NIF: 501 535 977 Ágata Alencoão, Ana Bigotte O nosso agradecimento especial Registo: Anotado na Entidade Vieira, António Nóvoa, CITAC a todos os colaboradores que, Reguladora para a Comunicação (Círculo de Iniciação Teatral da pelas suas palavras, contribuem Social Academia de Coimbra), Joana para a divulgação do teatro Depósito: Legal Nº 275380/08 Liberal, João Ferrador, João universitário e da sua história. Periodicidade: Anual Pedro Vaz, Júlio Roldão, Nádia O nosso muito obrigado a todos Tiragem: 1.000 exemplares Sales Grade, Marlise Gaspar, os que, fazendo face a condições Impressão: Soartes, Artes Marta Félix, Miguel Manso, adversas através da criatividade Gráficas, Lda. Paula Garcia, Rafela Bidarra, e da perseverança, continuam Ricardo Seiça Salgado, Rogério a acreditar neste projecto, de Carvalho, Teatro da Academia, possibilitando a publicação de Estatuto Editorial: Tiago Patrício, TUP (Teatro mais um número da Revista O Festival Anual de Teatro Universitário do Porto) FATAL. Académico de Lisboa – FATAL, Fotografias: uma organização da Reitoria Arquivo Noster, Arquivo TEUC, As opiniões, pontos de vista da Universidade de Lisboa, tem Arquivo TUT, Ana Banha, Ana e informações constantes vindo a desempenhar um papel Rojas, Hélio Neto, Isabel Brison, dos textos publicados são da de crescente importância no Joana Saboeiro, Manuel Pata, responsabilidade dos respectivos âmbito do Teatro português, Maria Albuquerque, Miguel autores. nomeadamente, no contexto Carriço, Ricardo Basílio, Sofia do Teatro Universitário. Quintas, Tânia Araújo, Teresa Neste sentido, a Reitoria da Teixeira,Tiago Mota, Tiago Universidade de Lisboa sentiu- Froufe. se incentivada a criar e editar a Planeamento de conteúdos: Revista FATAL, uma publicação Isabel Tadeu, Marisa Costa, Rui anual nacional de temática Teigão cultural dedicada ao Teatro, Revisão, tradução e edição de Teatro Universitário e às Artes conteúdos: Performativas. Tendo por Ana Sofia Oliveira (estágio objectivo central a divulgação FLUL), Marisa Costa, Miguel destas artes, e dos seus agentes, Nunes (estágio FLUL), Zeila dos no nosso país, a Revista FATAL Santos (estágio FLUL) destina-se ao público jovem Projecto: e universitário, a pessoas Álvaro Áspera, Isabel Maçana ligadas à área teatral e artes do Bruxo, Marisa Costa, Rui Teigão espectáculo e ao público em geral Projecto Gráfico: A Revista FATAL publicará Alpha/ RPVP Designers artigos dedicados à reflexão, Paginação e Grafismos: ensaio, opinião, entrevistas a Alpha/ RPVP Designers personalidades ligadas ao meio e Capa: outros artigos de divulgação no Fotografia: Arquivo do TEUC, âmbito da temática da revista, Teatro dos Estudantes de e elaborados por colaboradores Coimbra. Design: Alpha/ RPVP convidados. Esta publicação Designers funcionará, simultaneamente, como programa do FATAL, apresentando e divulgando as diversas iniciativas que compõem cada edição do Festival, bem como outros eventos inseridos no âmbito do Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. A periodicidade será anual, com publicação no mês de Maio. EDITORIAL

E a miséria é isso: não imaginar O que é que espera um espectador de um espectáculo de teatro universitário? o nome que transforma a ideia em coisa, O que ambiciona comunicar ao outro, no palco, um actor universitário ou um a coisa que transforma o ser em vida, encenador? Que frutos indizíveis e intransmissíveis recolhe cada indivíduo a vida que transforma a língua em algo confrontado com a experiência do teatro universitário e o que faz com eles? mais que o falar por falar. Talvez a capacidade que o teatro tem de transformar - sociedades, indivíduos, universos vários - seja um conceito pouco contemporâneo aos olhos dos Jorge de Sena 1 especialistas. Talvez. Contudo, não é, de modo algum, propósito destas palavras entrar pelos campos eternamente mutáveis da academia.

O teatro universitário, não nos cansamos de dizer, é um espaço de liberdade e de expressão pessoal, um momento único e irrepetível. Quem fez, ou faz, teatro universitário refere, também repetidamente, a possibilidade de transformação que este trouxe, e traz, às suas vidas. Um grupo de teatro universitário celebra 65 ou 75 anos de vida acumulando, história após história, memórias que são indissociáveis das vidas dos seus membros e da história do seu país. Os palcos do teatro universitário são, sem qualquer dúvida, lugares especiais. As palavras contidas num texto, transformadas em organismos vivos na voz de um actor universitário, podem estilhaçar até o coração do mais dormente espectador. As palavras saem a porta do teatro para a rua e ficam a latejar na cabeça enquanto este chega a casa, fecha a porta, pousa as chaves. Terei, também eu, subido ao palco esta noite? murmura.

Talvez possamos também partir das palavras desta revista para outros espaços de transformação. Em No Foco e em Contributos para a história do teatro universitário assinalamos os aniversários de dois velhos senhores do teatro universitário português, TEUC e TUP, e de um dos mais recentes grupos de Lisboa, o Noster. No ano em que é criada a nova Universidade Lisboa, vamos também falar-lhe de teatro universitário na Universidade Técnica de Lisboa através das palavras dos encenadores do TUT e do GTIST. Em Ensaio, poderá ficar a saber um pouco mais sobre teatro comunitário, bem como conhecer um projecto recém-criado em torno da história oral dos grupos de teatro universitário. Terminamos este número com dois textos inéditos de Miguel Manso e Tiago Patrício, dois jovens autores nacionais.

Deixe-se levar por estas páginas até outros lugares. Tal como no teatro universitário, a vida contida nestes textos é mais do “que o falar por falar”.

Marisa Costa, Coordenação Editorial

1 Do poema A miséria das palavras, 1962 (Jorge de Sena, Antologia Poética, 2.ª ed., Porto: Asa, 2001) 4 No foco

Gerações TEUC 75 anos de Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra 5

Parece ser consensual a ideia de que o referir Adolfo Gutkin, Ricardo Pais ou TEUC, mais do que um grupo de teatro é Rogério de Carvalho, entre outros, que uma espécie de “escola” - como o próprio levaram a cena autores contemporâneos nome indica, é o Teatro dos Estudantes de especial relevo, tais como Boris Vian, - é um lugar onde se ensina e aprende Marguerite Duras, Strindberg ou o nosso através da partilha de experiências de vida Jacinto Lucas Pires. e de histórias. É o lugar onde tudo parece acontecer em prol de um amor maior, o Todos os que por lá passaram, fizeram-no amor pelo Teatro. com o espírito de desafio, com a vontade de marcar a diferença e de se deixarem marcar A primeira vez que o TEUC subiu ao pelas experiências vividas. Funcionando palco foi em 27 de Julho de 1938. Pela numa lógica de quase “família”, continua mão do Professor Paulo Quintela - que a ser característica do TEUC promover e esteve na direcção artística do TEUC exaltar a criação e o espírito colectivos. durante os primeiros 30 anos - levou-se a cena Gil Vicente, com A Farsa de Inês Marcado por uma história recheada de Pereira, quadros do Auto da Lusitânia e da acontecimentos e vivências únicas, não Farsa do Juíz da Beira e ainda, a Súplica é por acaso que o TEUC é o mais antigo de Cananeia. Numa fase mais inicial, grupo de teatro do país e um dos mais o espectro de autores do TEUC era já antigos da Europa. Em homenagem ao bastante vasto e ia desde os autores do Teatro dos Estudantes de Coimbra que teatro clássico grego (Eurípides, Sófocles, celebra este ano 75 anos de existência, Ésquilo), aos autores modernos (Techkov, o FATAL decidiu recolher alguns García Lorca) ou, ainda, aos reconhecidos testemunhos de pessoas que passaram autores portugueses (Luís de Camões, José pelo TEUC e que por isso são parte da sua Régio, Miguel Torga ou Raúl Brandão). história. É notória a emoção que povoa o testemunho dos Teuquianos que aqui O 25 de Abril representou liberdade para o nos deixam algumas palavras sobre a sua TEUC. Foi no pós-revolução que se deu voz passagem/ aprendizagem no TEUC. Com a textos de intervenção como com um percurso bastante heterogéneo ao P de Povo ou Arraia Miúda, se encenaram longo dos anos, o Teatro dos Estudantes é o autores polémicos como Bertolt Brecht resultado das pessoas que por lá passaram, e se experimentaram novas formas de os ditos estudantes, directores artísticos, linguagem, com encenadores como José encenadores, dramaturgos, que da sua Oliveira Barata. história fazem parte. Do mais jovem, ao As décadas de 80 e 90 foram marcadas mais antigo Teuquiano, a proximidade e o por um forte experimentalismo e pela carinho com que falam desta sua “escola” é divulgação do teatro além-fronteiras. Dos uma realidade. encenadores que por lá passaram podemos Ágata Alencoão

1 © Arquivo TEUC © Arquivo 6 No foco © Júlio Roldão © Júlio TEUC © Arquivo 2 3

“TEUC, inscreve-te” pelo Fernando Gusmão, sem perder o “nickname” Roldeck que me foi atribuído pelo João Seiça Neves, companheiro Aprendi mais no Teatro dos Estudantes do que na da República Ninho dos Matulões para onde entretanto me Faculdade de Direito. Inscrevi-me no Teatro dos Estudantes mudara. da Universidade de Coimbra (TEUC) no dia 4 de Novembro de 1971. As aulas do primeiro ano de Direito ainda não Fui dos poucos a manter-se no TEUC na transição do tinham começado e eu, a viver na solidão de um quarto antes para o depois do 25 de Abril. Colaborei na peça arrendado, sem conhecer ninguém em Coimbra, vagueava de agitprop “Portugal com P de Povo”, onde assumi o pela faculdade quando descobri que esse grupo ensaiava papel de ilusionista Frank Cartucci (nome que sugeria o numa sala da própria faculdade, impedido de o fazer nas do embaixador dos EUA em Portugal, Frank Carlucci) e instalações da Associação Académica, encerradas pelas representei o papel de João das Regras na “Arraia Miúda”, autoridades. peças encenadas por José de Oliveira Barata.

Na porta estava escrito “TEUC, inscreve-te” e, lá dentro, Aprendi mais nas deslocações à Gulbenkian para angariar numa das paredes da sala de ensaios, uma frase subsídios, ou na organização das Semanas Internacionais inesquecível: “avalia-se um homem pela natureza dos de Teatro Universitário, do que na Faculdade de Direito, factos que o aborrecem”. Lembro que as primeiras pessoas cuja licenciatura nunca terminei. No TEUC fiz-me que lá conheci foram o João Vilar, a Guidinha e o Manuel jornalista, profissão que exerci durante 28 anos, a opção Guerra. No dia seguinte escrevi um poema (mais uma mais próxima das artes performativas e do espectáculo contrafacção de poema do que um poema) a registar os para a qual me sentia com coragem. sentimentos que me dominaram e uma observação parva e pretensiosa que proferi nesse meu primeiro dia de TEUC. Júlio Roldão, Jornalista Ainda em 1971, entrei na pantomima “Mel, Pastel e um No TEUC entre 1971 e 1984; Sócio n.º512 do grupo Boneco de Papel”, que o Manuel Guerra repunha, e, no ano seguinte, com 18 anos, representei o papel de Woyzeck, na peça homónima de George Büchner, encenada por Julio Castronuovo. Em 1973 “morria” no Asno, peça encenada Gerações TEUC 7 © Arquivo TEUC © Arquivo 5 © Arquivo TEUC © Arquivo TEUC © Arquivo © Arquivo TEUC © Arquivo 4 6 7

A outra universidade a literatura, a filosofia, os livros proibidos, a poesia com a Paula, as lutas estudantis, o futebol, os estudos (quase Cheguei a Coimbra no Outono de 1971. Tinha 16 anos. sempre em segundo plano) e, acima de tudo, o TEUC. Concluído o curso liceal, em Oeiras, cumpria agora o No Verão de 1973, com 18 anos, regressei a Lisboa. Em sonho de estudar na Universidade de Coimbra e de jogar Coimbra, pouco aprendi das matérias escolares (isso futebol na Académica. viria mais tarde), mas aprendi quase tudo o que a outra universidade me podia dar: a política, o teatro, a poesia, Ainda não tinha arrumado as malas, na casa da o amor, a liberdade, a amizade, a independência, a Mariazinha, em Celas, e já estava dentro do movimento insubmissão. estudantil, aprendendo a lutar pela liberdade. Foram dois anos decisivos da minha vida. E só não digo que Muitas vezes subi e desci os 125 degraus das escadas foram os mais importantes porque logo a seguir veio Abril. monumentais, entre o edifício da Matemática e o Bar Clepsidra. António Nóvoa, Reitor da UL No TEUC entre 1971 e 1973 Daqui para o TEUC foi um passo. No primeiro ano, fiz um curso de formação teatral com um homem extraordinário, Julio Castronuovo. Levámos à cena o Woyzeck de Georg Büchner, cabendo-me o papel de Doutor. No ano seguinte, 1 O TEUC no Porto, Abril de 1939 2 Diz Júlio Roldão, “a foto é fraca, mas é fruto da época - 1975, “Portugal com para além de ter integrado a Direcção do TEUC, trabalhei P de Povo”, uma peça de agitação e propaganda representada durante com um encenador que me marcou profundamente, a campanha eleitoral para a Assembleia Constituinte. Foi apresentada Fernando Gusmão. A peça O asno de José Ruibal, como era dezanove vezes, em dezanove localidades diferentes, durante dezassete dias seguidos. Em certas localidades foi a primeira vez que se representou normal, causou-nos diversos problemas com a Censura e teatro. “Na foto Júlio Roldão, em primeiro plano, no papel de ilusionista não só. Frank Cartucci, e Deolindo Leal Pessoa, na técnica. 3 Pinhal da Leiria, 14 de Março de 1939 Nessa altura, já vivia no Solar 5 de Outubro, com os mil e 4 A sapateira prodigiosa, de Lorca, 1965 5 Preparação de actores 1ª/2ª fase, com Adolfo Gutkin, 1980 trezentos escudos por mês que a Académica me dava. E a 6 O Passarinho Branco, 1979 vida sucedia-se a um ritmo alucinante. A leitura de tudo, 7 Ensaios de De pequenino se torce o pepino, 1980 8 No foco

A História do Teatro marca-se no corpo Há uns anos atrás, num dia comemorativo do TEUC, almoçámos - umas dezenas de ‘antigos alunos’ - e, ao Este ano faz 20 anos que entrei para o TEUC. Duas serão, fomos ver uma Oresteia do Rogério de Carvalho gerações depois da “geração Escola da Noite”, o TEUC protagonizada por um rapaz tenso e magro, no palco parecia, na altura, uma sala vazia à espera de uma escuro e quase vazio do TAGV [Teatro Académico Gil identidade qualquer. Depois de um curso de iniciação um Vicente]. Achei que estava a ver a nossa Antígona de pouco desorganizado (é a memória que tenho), a nossa 1995. Nunca me tinha visto em palco, com 20 anos, tenso inabilidade fez coisas. Estive no TEUC de 1993 a 1996 e e magro. Depois havia festa de garagem no Teatro de fui actor, membro da direcção, assistente de encenação, Bolso e lá estava ele a conversar no meio das euménides. técnico, fiz montagens e programas, tive intensas Nesse momento, confirmei que a história do teatro se faz discussões e relações tumultuosas. Quando cheguei ao dessas marcações no corpo, geneticamente adquiridas por Porto em 1996, era um verdadeiro profissional de teatro. seres que habitam as mesmas salas, mesmo em tempos diferentes e até sem nunca se conhecerem ou cruzarem. Muito se fala do teatro universitário como escola mas, Às vezes são simples saudades do nosso namoro de hoje em dia, conhecendo as escolas de teatro, discordo faculdade, outras vezes é para a vida toda.” violentamente dessa ideia. As escolas de teatro às vezes parecem-me um concurso de talentos, mais ou menos João Pedro Vaz, actor e encenador local. O teatro universitário é um genuíno concerto de No TEUC entre 1993 e 1996 garagem onde se toca, dança, se dá beijos e onde um ou outro cromo faz o seu número artístico. Há qualquer coisa de mais pessoal e intransmissível, menos pretensioso “os conhecimentos que ganhei da minha passagem e muito mais iniciático. O nosso corpo inicia-se numa pelo T.E.U.C. são insubstituíveis” espécie de amor por qualquer coisa que queremos, mas cujo papel na nossa vida não sabemos qual será - só a Estive no Teatro dos Estudantes da Universidade de história subsequente confirmará essa impressão, essa Coimbra, num curto mas cheio período, de 1997 a 1999. marcação no corpo. O teatro universitário tem o seu Posso dizer que foi fundamental partir dum colectivo tempo na nossa vida, é um namoro de faculdade. onde todos mandavam. Não acredito na democracia Gerações TEUC 9

8 9 10 © Ricardo Basílio © Ricardo Froufe © Tiago Neto © Hélio

mansa na arte, (sendo que existe uma assembleia no o momento da formação de outro grupo de teatro T.E.U.C.) mas acredito e tenho, até, alguma saudade desse universitário, o CITAC, por um núcleo de pessoas poder de pessoas totalmente distintas e totalmente dissidentes do TEUC), o pós 25 de Abril (cujo primeiro empenhadas em fazer daquele momento um dos espectáculo creio, chamava-se Portugal com P de Povo), melhores das suas vidas, emprestando a sua vitalidade e os anos 80 e 90 e o nascer de jovens artistas que, ou foram esforços a todos por todos. membros, ou iniciaram as suas criações neste grupo e que constituem, hoje, figuras de relevância no panorama No meu percurso artístico, os conhecimentos que ganhei teatral português (José Neves, António Augusto Barros, da minha passagem pelo T.E.U.C. são insubstituíveis. No Lígia Roque, Paulo Castro, o grupo A Escola da Noite, meu caso, foi muito importante ter trabalhado no T.E.U.C. João Pedro Vaz, José Luis Ferreira, o grupo Teatrão, etc.) com o João Grosso, a quem devo o domínio da voz, com até chegar à minha geração Nirvana, nascida a 1997. o José Neves e o Manuel Sardinha, cujos espectáculos Tudo o que me importa no teatro é aquilo que opera levaram ao primeiro convite de trabalho profissional transformação. Espero que daqui a 25 anos ainda esteja que tive, com a ilustradora Teresa Amaral, com quem cá e assista aos 100 anos dum T.E.U.C., diferente do de tendo a partilhar as minhas criações e, sobretudo, com o hoje (como o de hoje é diferente do meu tempo), herdeiro Rogério de Carvalho, prémio da crítica 2012 (Associação de gentes que fizeram da História do T.E.U.C. parte da Portuguesa de Críticos de Teatro), prémio Almada, entre História do nosso país. outros, a quem devo a decisão de escolher ser actriz. Tive ainda a oportunidade de trabalhar na área de Paula Garcia, actriz documentação, onde tive acesso aberto à História do No TEUC entre 1997 e 1998 T.E.U.C.: a sua fundação, as tentativas para encontrar financiamento (normalmente, eram familiares, ou amigos comerciantes, que se tornavam no que poderíamos hoje chamar de mecenas), as proezas retóricas para que algumas peças passassem pela censura ou para que 8 Narrativa Fidedigna da grande catástrofe (2010) conseguissem trabalhar com determinado encenador, 9 Popo (2009) as discussões e redefinições estéticas (destacando 10 VoschVusch, um bosque em marcha (2012) 10 No foco

“Uma escola sem propinas” “Espaço sacramental de iniciação à arte de representar” Foi em 2000 que descobri que queria ser actriz. Enquanto muitos fugiam para brincar, eu fugia para fazer Teatro às Entre mim e o teatro não há uma relação de causa/ efeito. escondidas. Em 2004 saí de Pombal, com apenas 17 anos, É um autêntico caos. É nessa situação que chego ao TEUC, e cheguei a Coimbra para ingressar no Ensino Superior. a convite da sua direcção para dirigir e preparar um No dia 7 de Novembro de 2005 (é impossível esquecer a trabalho sobre Strindberg: O Sonho. data) a minha paixão de adolescente pelos palcos levou- me ao Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, O ambiente e a atmosfera eram de grande entusiamo, a minha verdadeira escola, onde continuei - às escondidas existindo uma espécie de reciprocidade criativa. O TEUC – a representar. Ali trabalhei com Ludger Lamers, Vvoitek gozava, nessa altura, de uma situação privilegiada no Ziemilski, Maria do Céu Ribeiro, Andrzej Kowalski, Gil teatro universitário, nomeadamente, no que aos textos Alon, Nicolau Antunes, Ricardo Correia, Pedro Malacas, clássicos diz respeito, uma vez que existia uma herança António Durães e Rogério de Carvalho. Aprendi a cultural muito forte. A minha passagem pelo TEUC foi respeitar os outros e, principalmente, a conhecer-me e a marcada não só por essa herança, mas também pelos respeitar-me. Passei noites em claro na sala de direcção propósitos criativos que o TEUC respirava. envolta em facturas, descobri uma história com mais de 70 anos e sorri muitas vezes. Fui actriz, produtora e A minha passagem pelo TEUC foi uma etapa marcante, tesoureira. Tesoureira… Descobri novas paixões. Porque em termos de experiência e abordagem de grandes textos: Teatro não é feito só de Teatro. Strindberg, Gil Vicente, Sófocles, Ésquilo, Tchekhov, Peter Handke. O TEUC proporcionou-me uma abordagem em Quando cheguei ao Porto, em 2009, a profissão de relação ao teatro universitário, na sua vertente humana, produtora de audiovisuais obrigou-me a recorrer a política, social, no sentido de uma descoberta de um todos os conhecimentos que tinha adquirido no TEUC. estado de pureza. A pureza de fazermos Teatro. Não havia A importância tão vincada da elocução, da dicção e dúvidas de que o teatro era um acto criativo simples clareza na voz ajudou-me no trabalho como locutora. A ou complexo, dependendo dos intervenientes. Éramos licenciatura em Comunicação Social deu-me o estatuto, ambiciosos e sonhadores. Por vezes, era arrepiante a mas o TEUC deu-me todas as faculdades necessárias ao exigência de uma perfeição, sem condições à priori. Ainda meu desempenho. Uma escola sem propinas, em que assim, foi uma época despretensiosa. Foi uma aventura apliquei toda a minha dedicação. Em troca, recebi amigos alicerçada em esperanças de que o teatro universitário que guardo para sempre e uma formação que dinheiro estaria fortemente empenhado em construir um modo de nenhum pagaria. ver o futuro. Havia a descoberta de vocações, [estávamos] disponíveis para o sacrifício. Espaço sacramental O Teatro Universitário é uma importante rampa de de iniciação à arte de representar. Uma vontade de lançamento para o Teatro profissional. Muitos teuquianos descoberta, um modo criativo em relação à vida e ao são, hoje, actores profissionais. Recordo-me do José Neves, conhecimento, uma comunhão na transformação dos João Pedro Vaz, António Mortágua e muitos outros. Eu nossos saberes teatrais. Plasticidade, ingenuidade nos nunca mais deixei o Teatro; não é a minha profissão, trabalhos preparatórios. Demorávamos meses a construir mas continua a ser a minha escola. No TEUC, descobri um espectáculo. A passagem do tempo não sentíamos, como é fácil ser feliz. Hoje é dia 27 de Março de 2013, aqui mas a estreia, sim. A sala a abarrotar de espectadores... E no Porto. É dia Mundial do Teatro também. E neste dia os aniversários do TEUC? Verdadeiros testemunhos do penso sempre em ti. Obrigada e parabéns a todos os que, peso dos que ao TEUC já tinham pertencido (tais como tal como eu, construíram estes 75 anos de História. “Pelo actores, dirigentes, técnicos, etc.). Teatro é que vamos!” Os espectáculos em que colaborei como encenador foram: Marlise Gaspar O Sonho, de Strindberg, O Auto da Índia, de Gil Vicente, No TEUC entre 2005 e 2009 Antígona, de Sófocles, Platonov, de Tchekhov, O Tio Vânia, de Tchekhov e Oresteia, de Ésquilo. Gerações TEUC 11

O TEUC foi uma parte da minha iniciação e testemunho o de Estudos Artísticos em Coimbra ainda não sabia da meu reconhecimento e gratidão. existência do TEUC e mesmo quando fui fazer as audições não estava completamente convencida se era finalmente Rogério de Carvalho, encenador aquilo que queria, mas a experiência do teatro arrebatou- No TEUC entre 1987 e 2000 me imediatamente; foi o que me reteve em Coimbra. Dediquei-me mais ao TEUC do que à licenciatura, não o digo com orgulho, mas, de repente, estava implicada até aos “Pelo Teatro é que vamos” cabelos em todos os assuntos, desde os administrativos, aos de produção e, claro, como actriz. Recordo-me de uma Acabada de chegar a Coimbra, a busca incessante era conversa que tive com um amigo Citaquiano da década de pelo teatro. Onde posso aprender, onde estão grupos 90, que, depois de me ouvir falar de problemas e questões que abram as suas portas a quem, como eu, vem sedenta relacionadas com o TEUC, me disse: “É bom ver alguém de aprender a arte teatral? Indicaram-me a Associação que ainda vibra realmente com o teatro universitário”. O Académica de Coimbra, mais precisamente o TEUC. Lá fui, que a mim me pareceu uma crítica tornou-se num elogio, curiosa, em busca deste grupo histórico do qual pouco porque a verdade é que, de facto, ainda vivo e respiro o sabia. Bati na porta da Direcção, depois de ver que o curso teatro universitário. Hoje em dia luto com o corte do cordão de iniciação estava com inscrições abertas, fui recebida umbilical com o TEUC, mas surge sempre mais alguma com uma ficha de inscrição, a qual preenchi já com um tarefa na qual tenho mesmo de colaborar e por isso ainda nervoso miudinho. Enchi-me de coragem e preparei a hoje estou envolvida com a preparação das comemorações audição. Depois de a fazer, o coração não cabia no peito dos 75 anos. com a expectativa de saber se tinha ou não sido aceite. Quando me ligaram a dizer que iria começar a formação Actualmente, nos projectos profissionais que vou daí a poucos dias, não cabia em mim de tanta felicidade. desenvolvendo - encontro-me nos Açores a preparar um espectáculo para a XV Semana Cultural da Universidade Foi durante o curso de formação que comecei a saber de Coimbra, com um encenador com quem trabalhei um pouco mais sobre este organismo, a reconhecer o no TEUC - o TEUC continua a ser um apoio com o qual seu valor, e o valor de cada um que dedicava a sua vida a posso contar. Posso dizer que este foi o meu espaço mantê-lo activo. O TEUC revelou-se muito mais que uma profissionalizante, de contacto com o mundo profissional. escola de teatro em todas as suas vertentes. Perceber o mundo em que se entra e as suas dinâmicas, desde Custa-me ver que várias pessoas que tiveram um papel o trabalho de actor, à técnica, produção, cenografia, fundamental na contínua construção e sobrevivência grafismo, direcção, contacto com outras entidades, deste organismo tendem a cair no esquecimento, porque enriquece-nos aos mais variados níveis. É uma escola para a renovação humana acontece muito rapidamente a vida. Integrar o TEUC, conhecer a sua história, conhecer (de dois em dois anos entram pessoas novas e as quem por lá passou, mergulhar nesse mundo, abrir anteriores partem para as suas vidas). E, por isso, aqui as portas aos vindouros e vê-los serem “o TEUC” cada deixo o meu reconhecimento a todas essas pessoas que geração, é uma experiência indiscritível, uma vez TEUC, fizeram e fazem o TEUC. Mais do que tudo, aqueles que sempre TEUC. “Pelo Teatro é que vamos”. aqui conheci tornaram-se os meus melhores amigos. Tivemos que crescer e descobrir juntos como manter, Rafaela Bidarra dignamente, a instituição viva e activa. E, enquanto jovens No TEUC desde 2008 inexperientes, essa foi uma vitória. Parabéns TEUC. c

“ainda vivo o teatro universitário” Marta Félix, actriz No TEUC desde 2009 Desde que comecei o percurso académico mudei três vezes de Universidade, em três cidades diferentes. Parecia que não encaixava em parte alguma. Quando entrei no curso 12 Histórias do Teatro Universitário Português

CONTRIBUTOS PARA A HISTÓRIA DO TEATRO UNIVERSITÁRIO PORTUGUÊS Em 2013, celebramos o 65.º 13 aniversário do TUP - Teatro Universitário do Porto, um dos mais antigos grupos de teatro universitário do país. Através das palavras do grupo, faremos uma viagem breve a mais de seis décadas de história a fazer teatro, habitadas por muitos actores, encenadores, autores. Um percurso feito de persistência e dedicação. Um “espaço de criação privilegiado” que ultrapassa as fronteiras da sua cidade.

Celebramos, também, os 15 anos de um dos mais recentes colectivos nacionais, o Noster, grupo da Universidade Católica (Lisboa) nascido quase no final da década de 90. Joana Liberal, responsável pelo grupo, conta-nos como têm sido os primeiros anos de vida do Noster: os desafios da criação de um grupo de teatro universitário, a paixão pelo Teatro e a vontade, inabalável, de prosseguir num caminho preenchido com muita dedicação e muitas histórias.

Parabéns aos dois pelos seus percursos. © Ana Banha 14 Histórias do Teatro Universitário Português 65 anos de tup

Por TUP - Teatro Universitário do Porto

O TUP, Teatro Universitário do Porto, tem 65 anos. E 65 1 anos é muita história para contar em tão pouco espaço. São muitos encenadores e formadores, cenógrafos, figurinistas e desenhadores de luz para nomear, porque todos foram vitais para o crescimento do TUP, uma casa que ensina a quem lá passa coisas do teatro. Todos eles, professores de alguma dessas coisas e que ensinaram 65 anos de pessoas a fazer teatro. Algumas dessas pessoas são, hoje, reconhecidos nomes do meio teatral português e orgulhamo-nos de que o seu início tenha sido aqui, no TUP. E por isso mesmo seria injusto e incompleto falar em nomes. Todos eles foram importantes e todos são lembrados da mesma forma.

65 anos são muitos espectáculos. E já não há como perguntar sobre a importância deste ou aquele em particular. Foram importantes, sempre, porque foram feitos com o coração, sem nenhum outro objectivo que não o de fazer teatro. Foram desafiantes, uns mais do que outros, sem dúvida. Procuraram coisas novas, formas novas, linguagens novas, mundos novos, uns mais do que outros, claro. Mas foram todos, e são todos ainda hoje, o nosso património, histórico e emocional, impossível de ser seccionado ou sublinhado. Como nenhum outro grupo com 65 anos de teatro conseguiria fazer. © Ana Banha Contributos para a História do Teatro Universitário Português 15

2 © T. Mota © T.

O Teatro Universitário do Porto Por tudo isto, e porque somos Mal sabem os nossos espectadores no Porto tem o peso de ter sido o curiosos, recuperámos recentemente da falta de reconhecimento da nossa primeiro. De ter aberto as portas a o Concurso de Textos Teatrais reitoria. Reconhecimento do nosso quem queria fazer teatro e de ter do TUP e também por isso temos trabalho, dos prémios conquistados dado a vontade de o continuar a fazer apoiado grupos emergentes da cena também em seu nome e das para sempre. Tem a responsabilidade teatral portuense com o nosso espaço dificuldades que atravessamos todos de ter sido contra-cultura, de ter sido de apresentação e material técnico os dias. E esta é, sem dúvida, a nossa político quando não o podia ser, de - ingredientes que, no panorama maior dificuldade. De que forma ter rasgado com convenções e de actual, valem mais do que qualquer podemos provar a quem nos apoia ter tentado sempre ir mais longe do apoio financeiro. Nesse mesmo que somos importantes e que o nosso que era adquirido. Sentimos, hoje panorama somos importantes porque trabalho é meritório e que não basta em dia, o papel do TUP da mesma produzimos cultura e porque somos o apoio financeiro para nos sentirmos forma. Sentimos que temos de agentes culturais da cidade do Porto amparados e reconhecidos? continuar a procurar coisas novas, e não só da sua Universidade. É linguagens diferentes e a evitar a de todos, o nosso edifício. Mas um Os obstáculos incomodam, e a nós todo o custo o conformismo. Por edifício que está doente e que ameaça diariamente. Mas, no final, tornam- isso mesmo voltámos a apostar em constantemente interromper o nosso se insignificantes sempre que dramaturgias originais, construídas trabalho. Uma infra-estrutura que iniciamos um novo projecto ou que pelos nossos actores e encenadores, é vital à nossa sobrevivência e que, abrimos a porta a um novo curso de que falem de coisas nossas, pessoais por carecer de uma decisão reitoral, interpretação ou que estreamos mais e transmissíveis; voltámos a ser deixa que nos chova em cima. Mal um espectáculo. Nesses momentos, autores e encenadores dos nossos sabem os espectadores, sentados na esquecemo-nos de tudo e só nos espectáculos, porque o podemos sala de espectáculos que inventámos, lembramos, com paixão, de que e devemos fazer. Porque temos que no tecto por cima deles existe estamos num novo ano de actividade consciência de que existimos num um chão coberto por plásticos e do Teatro Universitário do Porto. espaço de criação privilegiado, baldes. Mal sabem, também, do E são já 65. 65 anos de Teatro. c habitado por pessoas com ideias material destruído pela chuva, dos válidas e com uma paixão pela ensaios cancelados e dos figurinos criação da qual que não se pode encharcados a caminho de um 1. Sonho de uma noite de verão (TUP) desviar os olhos. festival. 2 . Sonho de uma noite de verão (TUP) 16 Histórias do Teatro Universitário Português 15.º Aniversário 1 NOSTER Grupo de Teatro da Universidade Católica

Portuguesa, Lisboa reservados os direitos © Todos Entre caos e Cristo

Por Joana Liberal, responsável pelo NOSTER Contributos para a História do Teatro Universitário Português 17

No ano lectivo de 1997/98 entrei para o curso de Direito por um profissional de teatro, o A. Branco, que ainda hoje da Universidade Católica. Direito não era a minha trabalha connosco e a quem estamos muito gratos. escolha. Eu queria estudar teatro, mas essa opção não me foi permitida pelo normal receio que os pais têm da Porque os recursos eram poucos e tínhamos de responder instabilidade das profissões artísticas. Logo no primeiro às solicitações internas, só em 2007, quando o grupo dia de aulas, fui saber se existia um grupo de teatro na cresceu, conseguimos começar a ter mais visibilidade Católica. Não existia, nem havia memória de ter existido! externa, participando no FLAE - Festival Lusíada de Nos dez anos anteriores, disseram-me, teriam sido feitas Artes de Espectáculo com O mundo inteiro e fazendo duas ou três tentativas de grupos, mas de nenhuma algumas representações desse mesmo espectáculo fora da delas tinha resultado um único espectáculo ou qualquer Universidade. Alguns outros espectáculos estiveram em actividade visível. Restava-me, então, a alternativa de digressão tais como, em 2008, A Severa e, em 2009, Habeas tentar formar um grupo de teatro numa Universidade em Corpus, sobre a vida de São Paulo (para manter a fama dos que não havia qualquer tradição nessa área. Encontrei espectáculos sobre Jesus!). Em 2010, participámos no Ciclo três colegas, a Márcia Grosso, o Pedro Emídio e o Telmo de Teatro Universitário da Beira Interior com Éramos Semião, dispostos a participar no projecto. E “eu” passou alguns e um coro. a ser “nós”, princípio fundamental para haver grupo! Em 2011, entendemos ser altura de fazer um espectáculo Passámos a ser NOSTER, um nome no plural e com marca a partir de um texto que não fosse nosso. Pareceu-nos católica, porque o elegemos ao ouvir o coro ensaiar o bem escolher um clássico dos clássicos: Romeu e Julieta PATER NOSTER. A Reitoria da UCP reconheceu-nos, de . Foi o espectáculo com mais oficialmente, a 29 de Novembro de 1998. Rapidamente intérpretes: 21 pessoas em palco, sendo que as personagens se juntaram a nós alunos dos cursos de Comunicação eram todas interpretadas por elementos femininos e os Social, Serviço Social e Gestão. Os nossos primeiros elementos masculinos faziam uma espécie de coro. espectáculos foram pequenas encenações integradas em eventos da Universidade. Os textos eram originais Agora, em 2013, estamos pela primeira vez no FATAL de elementos do grupo, porque o NOSTER nasceu com o com um texto sobre os Direitos Fundamentais (ou a objectivo de criar espectáculos a partir de textos próprios. falta deles), o que faz sentido porque, afinal, o grupo foi Em 1999, apresentámos A hora que não existe, o primeiro criado por alunos de Direito, e no dia 13 de Maio, um dia espectáculo a solo com texto original. particular para os católicos portugueses.

Depois continuámos, sempre tendo de superar inúmeros É momento mais que oportuno para agradecer a todos os obstáculos. Éramos olhados na Universidade com alguma que participaram em NOSTER, em especial aos que comigo desconfiança, éramos “os do teatro” que desarrumam e foram sucessivamente suportando a estrutura: a Sílvia sujam salas e que estragam coisas. Não sei porquê, pois, na Balancho, a Rita Bicho, o Romeu Nascimento, a Mercêdes verdade, tudo o que desarrumámos, voltámos a arrumar; Rebelo e, agora, a Isabel Teles de Menezes. Impõe-se tudo o que sujámos, limpámos e nunca estragámos nada! também agradecer a todos os que se interessam pelo nosso Mas a nossa fama de desarrumar, sujar e estragar ainda trabalho e que nos vêm ver. Felizmente são muitos! hoje persiste! Mesmo depois de eu ter passado para o lado dos professores! Talvez nunca consigamos pôr fim a Ao longo destes quase 15 anos, além de uma grande esta fama de portadores do caos. Felizmente, tem havido evolução ao nível do teatro, NOSTER tem ajudado muitos sempre quem interceda por nós (obrigada Dr.ª Cristina alunos a superarem dificuldades académicas e mesmo Vilela por tantos anos de cumplicidade!). pessoais, bem como a estreitarem a ligação à Universidade e a sentirem-se mais parte dela. É disso que mais nos A nível externo, ganhámos, também, outra fama: a de orgulhamos. Foi por isso que sempre continuámos! É por sermos o grupo que só fazia espectáculos sobre Jesus. isso que, apesar das dificuldades actuais, não desistimos! c Na verdade, nunca tínhamos feito nenhum! Mas essa fama, quisemos honrá-la e, em 2005, produzimos, para o Congresso Internacional da Nova Evangelização, o espectáculo PRIMVS INTER PARES, efectivamente sobre Jesus! Foi também o nosso primeiro espectáculo encenado 1 Espectáculo O Mundo Inteiro (2007) 18 Cenários

TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na Universidade Técnica de Lisboa

por Nádia Sales Grade 19

2013, ano de mudança, é, também, o ano em que se concretiza a fusão de duas grandes universidades em Portugal, Universidade de Lisboa e Universidade Técnica de Lisboa, tornando a nova Universidade de Lisboa na maior do país e, sem dúvida, numa das maiores instituições de ensino universitário na Europa. Mas deixemos os números de lado. A Universidade de Lisboa ganha sobretudo uma maior diversidade em termos humanos, de história e de conhecimento. Os institutos e faculdades, hoje integrados numa mesma universidade, trazem com eles saber, culturas, formas de estar e mentalidades mutantes que enriquecem o dia-a-dia de todos os que participam na formação de um estudante universitário. 1 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Reflectindo estas realidades com uma autenticidade inequívoca, o teatro universitário tem sido, ao longo da sua história, um verdadeiro cristalizador de valores essenciais ao ambiente universitário como a liberdade, a criatividade e a capacitação da expressão do indivíduo no seio de um grupo. E a prová-lo estão os dois grupos de teatro universitário da Universidade Técnica de Lisboa: o Grupo de Teatro da Universidade Técnica de Lisboa (TUT), exemplo de um grupo de teatro que reúne estudantes de faculdades e ramos de estudo distintos, e o Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico (GTIST), conhecido sobretudo pela sua linha estética mais experimental e provocadora.

Em conversa com os encenadores destes dois grupos 2 de teatro, descobrimos os trabalhos que desenvolvem reservados os direitos © Todos actualmente, o que pensam sobre a sua história e o que gostariam de ver no futuro dos seus grupos que consideram ser espaços insubstituíveis de formação © Tânia Araújo © Tânia complementar, tornando os nossos estudantes mais humanos, criativos e sobretudo mais preparados para enfrentar a vida profissional. 1 Nicolas Brites

3 2 Júlio Martín da Fonseca 3 Aniquila, GTIST (2008), encenação: Susana Vidal 20 Cenários

2 3

1 . Comédia de Insectos, TUT (2011), encenação: Júlio Martín da Fonseca 2 e 3 . Antígonas, TUT (2012), encenação: Júlio Martín da Fonseca TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL 21

quem tornou possível a criação do TUT pois considerava fundamental fomentar a cultura humanística numa universidade onde se ensinava principalmente “técnica”.

Porque será tão difícil contar a história dos grupos de teatro universitário? Júlio Martin da Fonseca, actual © Todos os direitos reservados os direitos © Todos encenador do TUT, lamenta não ter sido possível criar ao longo dos tempos um verdadeiro arquivo para a história do grupo. “Há coisas que se foram perdendo por não termos tido capacidade para arquivar a história do TUT em condições, não tínhamos uma sala fixa onde guardar o equipamento ou os figurinos, perdemos mesmo muita coisa. A memória dos grupos de teatro universitário tem que ser valorizada, mas é preciso criar condições para que isso aconteça.” O mesmo se sente no GTIST que só consegue contar a sua história com detalhe a partir de 1992. Nicolas Brites, que se estreia este ano como encenador do GTIST, sente que absorveu toda a filosofia do grupo por ter tido a experiência de ser formador do Grupo de Expressão Dramática ao longo de cinco anos. Foi no contacto com outros formadores, como Gonçalo Amorim, e com outros encenadores do grupo, como Susana Vidal, que

1 incorporou o legado histórico do GTIST.

Os estudantes são a própria história do teatro universitário

Quem, na verdade, faz a história dos grupos de teatro Longas histórias de vida difíceis de contar universitário são os próprios estudantes que neles participam e que através deles se transformam. Os Com 50 anos assinalados em 2010, o GTIST nasceu em 1960 encenadores do TUT e do GTIST confirmam que é na e manteve-se activo até 1971, no entanto, pouco se sabe riqueza humana que assenta a essência do grupo e que o sobre a sua história na sua primeira década de existência. que têm de mais valioso são as pessoas. O grupo retomou a actividade de criação de espectáculos em 1992 e, poucos anos depois, complementou a sua “A fusão sempre aconteceu no TUT, pois sempre actividade com a criação do Grupo de Expressão aceitámos todos os estudantes de todas as áreas, Dramática, o curso de formação em teatro, obrigatório para incluindo estudantes de fora da universidade que os estudantes que, mais tarde, queiram ingressar no GTIST. quiseram integrar o grupo. Eu próprio formei-me na Faculdade de Farmácia”, afirma Júlio Martín. O TUT é, na Já o TUT festejou 30 anos em 2011, quando a Universidade verdade, um grupo de excepção, pois os grupos de teatro Técnica de Lisboa festejava o seu 50.º aniversário e o universitário associam-se, geralmente, a uma faculdade fundador e encenador do grupo, Jorge Listopad, festejava em particular mas, no caso do TUT, o grupo está associado 90. Nesta data, o TUT reuniu no seu “Boletim” a sua história a toda a universidade. “Integramos alunos e professores mas com a sensação de que muitos pequenos detalhes de várias áreas e nacionalidades, temos muitos alunos do seu percurso estão, de alguma forma, perdidos para Erasmus no TUT que encontram aqui um espaço para sempre. Foi o então Reitor da Universidade Técnica de aperfeiçoar o português”. Lisboa, Professor Doutor Eduardo Arantes e Oliveira, Pelo grupo já passaram mais de 600 pessoas que, em parte, 22 Cenários

compõem o público que assiste aos espectáculos. “Temos querem realmente comunicar aos outros no contexto um público muito diversificado, entre os “tutianos”, os em que vivemos” através da transgressão de regras tidas filhos dos “tutianos”, que também participaram no grupo, como obrigatórias no teatro como, por exemplo, estar de e um público regular que considera o nosso trabalho ao frente para o espectador. “Os nossos actores vão estar de nível do teatro profissional.” costas e só se viram para o público se tiverem mesmo algo de importante para dizer”. Este ano o TUT conta com 30 elementos, tal como acontece no GTIST, que junta várias gerações que Após a participação no FATAL 2013, o TUT e o GTIST continuam a contribuir para a criação das peças de mais esperam que, no contexto da nova Universidade de variadas formas. “Convidamos os “antigos” para virem Lisboa, seja ainda mais reconhecido o papel do teatro assistir aos ensaios e darem a sua opinião sobre o que universitário. “O TUT formalizou-se como associação e estamos a construir”, diz Nicolas Brites, referindo ainda os estudantes da Universidade Técnica de Lisboa podem que se criam grandes amizades entre os estudantes incluir o teatro universitário no seu diploma de estudos, fomentadas com encontros fora dos ensaios para assistir mas o teatro universitário continua a carecer de melhores a espectáculos ou, inclusive, para ir à praia. “Queremos condições, seria muito importante que os grupos tivessem retirar o melhor que cada pessoa tem. Os estudantes salas de apresentação de espectáculos cedidas pelas frequentam o Grupo de Expressão Dramática e, no GTIST, universidades para poderem ter uma programação podem participar enquanto actores, produtores, técnicos, regular.” É o que deseja Julio Martín para o futuro do TUT, etc.” Também no GTIST, é vasta a diversidade de áreas de que costuma apresentar os seus espectáculos no Palácio onde provêm os estudantes, pois qualquer pessoa com Burnay. Já o GTIST, que agradece ao Instituto Superior mais de 16 anos pode frequentar o Grupo de Expressão Técnico por poder apresentar os espectáculos no Salão Dramática. Nobre da instituição, gostava de poder contar com um apoio financeiro que garantisse o salário do encenador, tal como acontece com os treinadores de desporto que O presente e o futuro são remunerados através da Federação Académica do Desporto Universitário. Não existindo uma federação Os dois grupos, que agora se juntam aos grupos de teatro de teatro universitário que possa fazer o mesmo pelos actualmente existentes na Universidade de Lisboa, têm encenadores, resta ao grupo procurar apoios como ambos um objectivo principal: contribuir para a formação sempre tem feito. humanística e cultural dos estudantes universitários, desenvolvendo as suas capacidades criativas e de Com estes desejos, o TUT e o GTIST têm, sobretudo, expressão através do teatro e de outras disciplinas esperança que o contexto de fusão das universidades complementares. O processo criativo está no centro das traga uma nova oportunidade ao teatro universitário ao preocupações dos dois encenadores. nível do reconhecimento da sua importância enquanto formação complementar do estudante universitário. c “Este ano vamos apresentar pela primeira vez uma peça no FATAL” diz Julio Martin, referindo-se à peça Antígonas, a partir de Sófocles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria Zambrano, estreada em 2012 e que se apresenta em 2013 com um novo elenco. “Valorizo o trabalho de actor, o auto- conhecimento, a formação cultural e artística que nos complementa na nossa vida profissional”.

Já o GTIST vai apresentar no FATAL o espectáculo Zona, a partir de textos de diversos autores e dos próprios estudantes. Com um lado performativo, cada espectáculo será diferente, pois os estudantes vão improvisar partes do mesmo em cada apresentação. Em Zona, os estudantes 7 estão a aprofundar, como explica Nicolas Brites “o que TUT e GTIST, duas histórias de Teatro Universitário na UTL 23

1

3 2 © Sofia Quintas © Sofia © Maria Albuquerque

5 4 © Sofia Quintas © Sofia

1 Olhos desfiados, GTIST (2004), encenação: Susana Vidal 2 Aniquila , GTIST (2008), encenação: Susana Vidal, foto: Maria Albuquerque 3 Escândalo , GTIST (2006), encenação: Susana Vidal, foto: Sofia Quintas 4 Intervalo para Dançar, GTIST (2010), encenação: Gustavo Vicente 5 Arranca Corações, GTIST (2007), encenação: Susana Vidal, foto: Sofia Quintas 6 Agora o Monstro, GTIST (2009), encenação: 6 Gustavo Vicente 7 Zona , GTIST (2012), encenação: Nicolas Brites 24 Ensaio

Teatro “ O teatro não é uma matéria que se aprende mas uma experiência que se vive”

comunitário Peter Brook

João Ferrador, professor de expressão dramática, actor e encenador © Manuel Pata © Manuel 25

O teatro comunitário é feito por, com e para uma A produção com poucos recursos não espera pelas comunidade onde o indivíduo/grupo está no centro condições ideais, tem de reinventar-se constantemente. do processo de trabalho, sem exibicionismo. É um Necessita de adaptar-se, primeiro, a cada grupo de espaço de partilha de saberes, com luz, neste cinzento pessoas/comunidade, e, em segundo, às condições inverno prolongado, onde chegam os não Actores com técnicas e a cada novo espaço de apresentação, o que as mais diversas motivações. Vêm de áreas e níveis muitas vezes acontece em cima da hora. As dificuldades sociais distintos, têm diferentes nacionalidades, e um financeiras associadas contribuem, também, para o apelo conhecimento díspar da prática teatral, mas todos com à imaginação, à criatividade e ao empenho de todos os uma vontade muito própria: fazer teatro. elementos.

Qualquer projecto de teatro comunitário desenvolve- A formação teatral e a prática frequente de assistir a se a partir desse estado de paixão pelo teatro, primeiro espectáculos profissionais desenvolvem nos Actores do singular e individual, e depois plural e colectivo. Trabalha teatro comunitário uma consciência crítica, passam a com o indivíduo a consciência individualista em que as ser “agentes culturais” de intervenção nas suas famílias, preocupações sociais são praticamente inexistentes. grupos de amigos, nas pequenas comunidades e redes sociais de cada um. A produção teatral pontual não gera Não se reconhece como escola de Actores, trabalha com público, e este é um dos campos de intervenção do teatro o essencial e exclui o excessivo com responsabilidade, comunitário que não se fecha sobre si próprio como empenho e rigor. É um espaço onde o indivíduo pode muitas vezes acontece no teatro amador. O contacto estar sozinho e concentrado em si próprio, estabelecendo regular com espectáculos profissionais cria um hábito no relações entre a consciência e a realidade, entre o corpo Actor comunitário, e este irá passá-lo ao seu grupo e à sua e a mente, a memória e as emoções. O Actor comunitário comunidade, introduzindo profundas mudanças. aprende a funcionar como grupo, habitua-se a tomar decisões, a dar a sua opinião, a ser criativo, a desenvolver Numa perspectiva de aproximação da produção cultural e a defender ideias, a sair do “confortável”, a arriscar e ao público, deve ser incentivada e ponderada a inclusão a vencer medos. Primeiro no espaço fictício, e, depois, de grupos ou indivíduos com trabalho artístico na no campo alargado da sua vida pessoal e profissional. É comunidade na produção teatral, tais como filarmónicas, extraordinário ver o desenvolvimento individual e do grupos corais, músicos, artesãos entre outras expressões grupo, depois de algumas sessões com jogos teatrais. artísticas.

Cada grupo tem uma preocupação ou mensagem No actual contexto económico e social, onde o diferentes e, consequentemente, gera um projecto desinvestimento na cultura potencia a exclusão diferente, aspecto bastante estimulante e desafiador para cultural, o teatro comunitário pode desempenhar um o profissional que coordena o projecto e que assegura o papel determinante, não só pela agregação de oferta rigor no trabalho. Mais importante do que o espectáculo de programação e promoção da inclusão cultural, mas, final é o processo de trabalho; o espectáculo é uma também, pelo contributo efectivo que dá no sentido de mostra do processo. É importante para os elementos do uma maior dinâmica e coesão social na comunidade. c teatro comunitário experienciarem a montagem de um espectáculo, dando a devida importância, se necessário, às áreas de produção, cenografia, som, iluminação e vídeo, para além da interpretação. 26 Ensaio E se fôssemos ter com eles? Notas sobre história oral e performance seguidas da apresentação de um projecto de recolha de História Oral do Teatro Universitário em Portugal © Miguel Carrico © Miguel

por Ana Bigotte Vieira e Ricardo Seiça Salgado Um projecto baldio / projecto BUH!*

1. Notas sobre História Oral e performance quanto estas são artes do efémero). Uma expressão mais exacta, avisa Portelli, seria “uso de fontes orais Um “trabalho da relação”: a recolha dos testemunhos como em historiografia”, isto é, o investigador passaria a ter performance. como fontes também os chamados testemunhos orais de intervenientes nos eventos sobre os quais a investigação E se fôssemos ter com eles, se ouvíssemos o que nos se debruça. podem ter a dizer? Assim começa qualquer trabalho de História Oral. Como, muitas vezes, estes testemunhos, por diversas razões, não terão sido considerados pertinentes o Ir ter com, ouvir, o que aqui está em causa é, como nos diz suficiente para ficarem registados em fontes documentais, Alessandro Portelli1 , um “trabalho de relação” – relação a natureza do que é recolhido pode ser radicalmente entre entrevistador e entrevistado; entre várias versões diferente daquela que outro tipo de fontes permite de uma mesma história contadas a partir de pontos de apreender, tendo não apenas outros sujeitos (as classes vista diferentes; entre passado, presente e futuro; entre subalternas – a história feita “a partir de baixo”...), os acontecimentos e o modo como estes foram vividos e como outros objectos (as vivências subjectivas, as posteriormente interpretados por quem os viveu; entre transformações da memória, o espaço das vivências a narrativa dessas interpretações, o nosso presente íntimas...). e um possível futuro. Permitindo apreender dados, informações, sensações, ambientes frequentemente Os testemunhos orais, como qualquer outro tipo de impossíveis de obter a partir de outras fontes (o que, fonte, são sempre objecto de crítica historiográfica. no caso das artes performativas, é tanto mais premente Esta porém, dadas as características particulares de 27

que este tipo de fontes se reveste, tem de ter em conta o podem interligar-se com as Artes Performativas de vários modo performativo como o testemunho é construído na modos, e em vários graus, constituindo-se, assim, como presença do entrevistador. Ainda segundo Portelli: ferramenta importante na investigação em Estudos e Performance, Artes Performativas e Estudos de Teatro. Trata-se assim de uma fonte relacional, na qual a Existem, porém, neste cruzamento, duas linhas principais comunicação acontece sob a forma de uma troca de que importa distinguir de acordo com os objectivos e a olhares (entre/vista), de perguntas e de respostas, não utilização final dos testemunhos recolhidos: obrigatoriamente unidireccionais. A ordem de trabalhos do historiador cruza-se com a ordem de trabalhos dos 1) Em investigação sobre artes performativas a recolha narradores: aquilo que o historiador deseja saber nem das fontes orais revela-se crucial porque, por um lado, sempre coincide com aquilo que as pessoas entrevistadas nos permite aceder à preparação para os espectáculos desejam contar. (tipo de exercícios, corporalidade da época, costumes, condições de produção), coisa a que os registos da Ou seja, o testemunho oral é recolhido em relação, crítica, incidindo sobretudo sobre o espectáculo e o seu compondo uma dialogia em que todos são co-performers, encenador, normalmente não dão acesso. Por outro lado, e essa recolha é feita performativamente, sendo passível esta recolha dota-nos, frequentemente, de meios para de ser interrogada não apenas com as ferramentas da compreendermos o contexto socioeconómico e político história mas, também, com as ferramentas dos Estudos da época em que determinado espectáculo foi criado. de Performance, nomeadamente da sua vertente que As Artes Performativas, desenvolvidas muitas vezes por tem em conta a memória e a forma como é actualizada, colectivos visando um público igualmente colectivo, são reivindicada, narrada: performada, em suma. Estas uma forma privilegiada e particular de participação e ferramentas dedicam uma particular atenção a quem intervenção no espaço público, participação, essa, que são o sujeito e o objecto da narração, focando questões interessa interrogar tanto no conteúdo como na forma de identidade individual, de grupo de pertença e de a partir das suas razões de ser e do processo que lhes dá auto-representação (género, classe, etnia e raça do corpo, enformando a sua estética. entrevistador e do entrevistado, modo como este se Para além de teses escritas ou monografias existentes, são apreende a si próprio no contexto do acontecimento exemplo de investigações sobre Artes Performativas que narrado), bem como os usos presentes e futuros da usam a História Oral e/ou a Etnografia, o documentário narrativa apresentada e dedicam uma atenção particular Estado de Excepção, de Ricardo Seiça Salgado, e a ao contexto (nas suas diferentes escalas de análise), não história de vida de Orlando Worm, recolhida e editada apenas da narração mas também do acontecimento. por Ana Bigotte Vieira para a revista Sinais de Cena nº Contemplam igualmente um enfoque que ultrapassa o 14 sob o título “Luz cinco vai! Som sete vai!”. O relevante âmbito do verbal para enquadrar noções como presença, documentário Conversas com Glicínia, de Jorge Silva afecto, expectativas, corporalidades, crenças, ideologias. Melo, pode igualmente ser considerado um bom exemplo. Atentam tanto ao que é dito como ao que não é dito e às condições do “dizer”. Em cada recolha de testemunho 2) Segundo Hans Thies Lehman, os espectáculos que está em curso uma dialéctica do esquecimento e da utilizam material recolhido com base na História Oral e na rememoração que é moldada tanto pelo presente (o que Etnografia constituem-se como uma corrente particular cada época escolhe recordar e porquê, os “usos públicos do do “Teatro pós-dramático”, um tipo de espectáculos que passado”) como pelo futuro (o que o entrevistador e cada não têm nem na narrativa nem no texto o seu eixo central. entrevistado querem que fique “para a posteridade”), num Estes são fruto tanto do alargamento das possibilidades encadeamento em que se misturam “memórias fortes” que estas metodologias trouxeram ao escrever da História com “memórias fracas”2 , memórias dos “vencedores” e dos como do alargamento do entendimento do que é ou “vencidos”, grandes acontecimentos e sensações pessoais. pode ser a História – ou a Arte: que materiais podem entrar na sua composição, de que forma são organizados, História Oral, Etnografia, Performance e Artes obedecendo a que regras estruturais internas ao campo. Performativas Para desenvolver esta conversa, seria frutuoso, parece- A História Oral e a Etnografia, práticas epistemológicas nos, entrar numa análise concreta dos espectáculos mais afins às Ciências Sociais do que às Humanidades, mencionados, problematizando-os, dado que em cada um 28 Ensaio

deles estas questões se colocam de maneiras diferentes. organização, preservação e construção contínua do Há neles, porém, um carácter de recolha e devolução da seu arquivo. A este respeito já se começou a fazer algo memória na sua passagem do “arquivo” para o “repertório” em alguns grupos de teatro. Embora ainda longe de (para usar a expressão de Diana Taylor3 ), onde as fontes um possível arquivo digital do teatro universitário, que advêm de conhecimento incorporado e da memória a iniciativa permite preparar a sua condição de da experiência de quem viveu os eventos (o repertório) possibilidade. são complementares à informação dos documentos do arquivo, naturalmente dependentes do ponto de vista do Este projecto consiste na realização de um seminário investigador que os interpreta. Esta diferenciação parece junto dos grupos de teatro universitário de uma cidade tão interessante de ter em conta quanto o campo artístico e na convocação dos seus actuais elementos para a permite uma liberdade metodológica que ultrapasse a realização de uma pesquisa sobre a história do grupo palavra e se estenda ao território do corpo e espaço que o a que pertencem. Haverá uma parte teórica relativa às rodeia. técnicas de recolha de História Oral e Etnografia e uma parte prática de acompanhamento de elaboração de Ultimamente, têm surgido espetáculos que fazem uso grelha de entrevistas e o posterior acompanhamento de factos que emergem de investigações que têm na à distância do trabalho realizado, até à sua publicação sua base uma recolha baseada em metodologias afins à final. Este seminário, a decorrer em Lisboa, em Coimbra História Oral e à Etnografia. Disto são exemplo Centro e no Porto, permitirá dotar os elementos dos grupos de Dia, de Gonçalo Amorim, Velocidade Máxima, de John universitários de meios para recolher a sua própria Romão, ou grande parte do trabalho de Joana Craveiro, História. Este curso servirá, portanto, para lançar as para referirmos alguns encenadores portugueses. Como bases da recolha de testemunhos para uma história exemplos internacionais poder-se-á mencionar os dos grupos de teatro universitário em Portugal e para casos bem conhecidos do público português dos Rimini promover a organização e a preservação do arquivo do Protokoll e de Lola Árias. grupo.

2. Apresentação de um projecto de recolha da História O que de outra forma seria uma tarefa muito demorada Oral do Teatro Universitário em Portugal e custosa – a recolha da história do teatro universitário – torna-se, desta forma, um projecto colectivo em que O teatro universitário é constituído por gerações que se se envolve o presente (os actuais membros dos grupos) substituem umas às outras. Neste movimento, verifica- e o passado (os antigos elementos do grupo) na recolha se que existe um fraco investimento na conservação e partilha das suas histórias e identidades. Pretende- e análise do arquivo de cada grupo, bem como uma se com este projecto dar início a uma prática que visa ausência generalizada de registo das experiências das motivar os elementos actuais do grupo a fazerem diferentes gerações que constituíram o grupo. Recolher perdurar a iniciativa nas novas gerações. a história do teatro universitário permitirá contribuir de forma ímpar para a História do Teatro em Portugal. É necessário proceder, o quanto antes, a esta recolha Aliás, as Artes Performativas, efémeras, prestam-se uma vez que muitos dos intervenientes destas histórias particularmente bem a este tipo de abordagem. Não estão a envelhecer. A perda parcial do arquivo e o somente pela incorporação das metodologias importadas falecimento dos membros mais antigos dos grupos da antropologia e da História Oral, mas também pelo reflectem-se no total desaparecimento da informação corpo conceptual que pode integrar a experiência pessoal para algumas gerações do grupo. Por outro lado, num e social com o desenvolvimento artístico dos elementos período em que a memória digital do computador serve do grupo. para armazenamento da história de cada colectivo, os riscos de desaparecimento do arquivo são talvez mais O projecto que aqui se esboça pretende usar a própria elevados do que o risco de desaparecimento de um mecânica de substituição geracional inerente aos grupos cartaz ou de um dossier de produção. de teatro universitário para em cada ciclo de vida de uma geração se alimentar a preservação do seu património. Propondo a realização de cursos nas diferentes cidades Importa sensibilizar os grupos para a importância da que albergam vários grupos de teatro universitário, 29

serve igualmente este projecto para promover o Contemporânea no ISCTE-IUL. Pós-graduada em Cultura relacionamento e partilha de experiências entre os Contemporânea (UNL-FCSH), dramaturgista e investigadora, diferentes grupos de teatro universitário. Pretende-se trabalhou com Gonçalo Amorim, Miguel Castro Caldas, Bruno ir ao encontro dos objectivos do FATAL, na sua missão Bravo e Manuel Henriques, entre outros. Traduziu textos de de desenvolvimento e registo da memória histórica do Mark Ravenhill, Annibale Ruccello, Spiro Scimone, Pirandello, trabalho do teatro universitário em Portugal. c Maurizio Lazzaratto e Giorgio Agamben. Em 2010 recebeu o Dwight Conquergood Registration Award na PSi Conference #17, Utrecht. Integra o grupo de investigação de Teoria e Estética das Artes Performativas do Centro de Estudos de Teatro da UL, e, juntamente com Ana Pais e Ricardo Seiça Salgado, é co-curadora de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com/) (Performance Studies International -http://www.psi-web.org/- Regional Research Cluster). © Isabel Brison © Isabel

Ricardo Seiça Salgado É antropólogo e actor de formação. Doutorado em Antropologia (2012) no ISCTE -IUL, na área dos estudos performativos, o tema da sua especialidade cruza antropologia, performance e política (visiting scholar em Performance Studies - Tisch School of New York; bolseiro da FCT e FCG). Pós-graduado em Antropologia: “Património e Identidades”, pelo IUL-ISCTE (2002), e em “Culturas e Discursos Emergentes: da crítica às manifestações artísticas”, pela FCSH-UNL (2008). É licenciado em Antropologia na FCTUC Baldio – Terreno público usado e fruído por uma comunidade (2000), tendo realizado um ano lectivo no Departamento de local; espaço onde se ensaia uma abordagem interdisciplinar Antropologia de Copenhaga, no âmbito do Erasmus. Leccionou (cruzando as artes, as ciências sociais e as humanidades), na ESTAL e é investigador do CRIA (Centro em Rede de teórico-prática (encarando a arte como forma de criar mundo) Investigação em Antropologia). É autor de vários textos para e politicamente comprometida (não partindo do princípio da conferências, e edições de congressos e exposições fotográficas. neutralidade da ciência e da arte) a que se dá o nome de “Estudos Juntamente com Ana Pais e Ana Bigotte Vieira é co-curador de Performance” (Performance Studies). Mais informações em de Baldio (http://baldiohabitado.wordpress.com). Membro do http://baldiohabitado.wordpress.com. CITAC (1995-1998) realiza, desde então, vários workshops de formação teatral em várias metodologias teatrais. Trabalha com projecto BUH! – Associação Cultural sem fins lucrativos sediada vários encenadores: Carlos Curto, Dato de Weerd, Kênia Rocha, em Coimbra que iniciou a sua actividade em 1999. A estrutura Pompeu José, João Grosso, Sílvia Brito. É performer nos projectos do projecto administra a partir do teatro e chama outras musicais “Blood Thirsty Bessies” (1995) e nos “Belle Chase Hotel” formas de expressão artísticas, consideradas complementares (1998 e 1999). Desde 1999, fundador do projecto BUH!, dirigiu e é e frutíferas, como réplica sugestiva para a criação de novas actor em várias produções teatrais, performances, e realizou um dinâmicas de criação teatral. Desse intercâmbio nascem os temas filme documentário sobre o CITAC. e as motivações para os projectos produzidos. Paralelamente, promove a formação teatral e a investigação sobre a performance. Mais informações em http://projectobuh.blogspot.pt. 1 Alessandro Portelli, «Un lavoro di relazioni: osservazioni sulla storia orale», in “www.aisoitalia.it”, n.º 1, Janeiro de 2010, URL: http://www.aisoitalia.it/2009/01/un-lavoro-di-relazione/. Ana Bigotte Vieira Tradução: Miguel Cardina, cortesia do tradutor. Lisboa (1980). Doutoranda em Ciências da Comunicação - 2 Para usar uma expressão de Enzo Traverso. Enzo Traverso, 2012, Cultura Contemporânea (FCSH-UNL), Visiting Scholar no O passado, modos de usar. História, memória e política. Trad. de Tiago Avó. Lisboa: Edições Unipop. 196 págs. Departamento de Performance Studies na NYU-TISCH School 3. Taylor, Diana, 2007, The Archive and the Repertoire: Performing Cultural of the Arts entre 2009 e 2012. Estudou História Moderna e Memory in the Americas. Durham and London: Duke University Press. 30 Aplauso PREMIADOS FATAL 2012 31

A 13.ª edição do FATAL distinguiu como melhor espectáculo (Prémio FATAL) Woyzeck, pelo Teatro da Academia da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viseu e como espectáculo mais inovador (Prémio FATAL Cidade de Lisboa) a peça A Espera levada à cena pelo TUP – Teatro Universitário do Porto da Universidade do Porto. Monstro Meu, apresentado pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC) da Universidade de Coimbra, arrecadou o Prémio do Público. © Joana Saboeiro © Joana 32 Aplauso

Woyzeck Teatro da Academia Prémio FATAL

O Teatro da Academia (TA) iniciou Para além dos desafios da sua criação, Vencer o FATAL 2012 trouxe um a produção de Woyzeck no início de surgem agora novos desafios. A sorriso de orgulho à comunidade 2011, quando o encenador Jorge Fraga atribuição do prémio FATAL 2012 académica onde o TA está inserido. propôs a obra de Georg Büchner assim o confirma. Novos projectos Os próprios órgãos de gestão do como proposta de trabalho. e novas ideias de ver e interpretar Instituto Politécnico de Viseu Vários foram os desafios que o Teatro. Um novo ímpeto e uma quiseram marcar este prémio como surgiram no decorrer dos ensaios. forma de retorno a todos aqueles sendo uma confirmação do apoio Desde a organização das cenas que apoiam o TA com a sua presença dado, assinalando o trabalho do mediante a disponibilidade dos e com a disponibilização de meios TA, ao longo dos seus 20 anos de elementos do grupo, até ao encontro que permitem que o TEATRO existência, como uma instituição de apoios, quer para a construção ACONTEÇA. de relevo e como uma mais-valia do cenário, quer para a criação do A participação no FATAL 2012 cultural ao serviço da comunidade guarda-roupa. confirmou a sensação trazida académica e da comunidade visiense.c Woyzeck foi, assim, sendo construído aquando da participação do TA na entre as responsabilidades de cada edição de 2010, isto é, o destaque, um e o amor de cada um pelo teatro. dentro do panorama da produção Espaços e tempos de partilha entre teatral universitária, que este evento por Teatro da Academia todos foram sendo criados para que traz às produções dos grupos que Woyzeck começasse a ganhar corpo, participam. transformando o texto escrito em teatro. © Joana Saboeiro © Joana Premiados FATAL 2012 33

por Teatro da Academia 34 Aplauso

A espera, TUP Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012 Premiados FATAL 2012 35

Entre o primeiro dia de ensaio e o se calhar nem por isso; foi um salto sangue e das tripas e que nos era tão último dia de carreira, o projecto para a frente, apoiado por pessoas caro. E a experiência foi preciosa. A Espera levou-nos quase seis meses. que no TUP se entregam sempre de A reacção do público e o prémio As dificuldades foram muitas, e só uma forma comovente ao que estão conquistado mostraram-nos, de uma graças a um elenco e equipa técnica a fazer, que apostam cegamente na vez por todas, que o risco tinha valido que nunca deixaram de acreditar incerteza de um trabalho construído a pena e de que estávamos certos em no que estávamos a fazer é que o diariamente, sem nenhum tipo querer fazer teatro desta forma. espectáculo acabou mesmo por de defesa ou segurança. Pessoas E fez-nos querer apostar novamente acontecer. E ainda bem. que nunca nos deixam fraquejar, na fórmula e mais uma vez construir A construção de A Espera foi a mesmo perante dificuldades sérias e espectáculos originais, escritos e consequência lógica do que havíamos momentaneamente incontornáveis. encenados por nós. iniciado com o António Júlio, em O processo de criação de A Espera foi E é este o futuro do TUP. Continuar 2009, com Recuperados, e, em em tudo idêntico aos dos projectos a contornar os olhares de esguelha 2010, com ALAN – prémio FATAL e anteriores. Partindo do livro de para fazermos o teatro em que vencedor do MITEU, em Ourense contos Olhos de Cão Azul, de Gabriel acreditamos; para continuarmos a -, ou seja, uma base de trabalho García Márquez, propusemos não cair na tentação do conformismo que tem nas vidas e memórias exercícios de improviso e de escrita e a acreditar que há mais teatro para dos seus intervenientes a matéria automática e pedimos aos actores – além daquele que já está escrito e dramatúrgica a partir da qual se generosos actores – que vertessem já foi feito e refeito e está gasto e escrevem os textos. Textos originais as suas vidas nessa escrita e nesses esgotado. As dificuldades, essas, para espectáculos originais, pessoais, exercícios. A matéria daí resultante enquanto não nos impedirem de íntimos e a que ficamos ligados era cruzada com a cenografia e com fazer o que queremos e em que emocionalmente e que defendemos o desenho de luz e foi assim que o acreditamos só chateiam no imediato. com o maior dos orgulhos. objecto se foi construindo. Por isso não vale a pena dar-lhes E foram essas experiências que nos Levar A Espera ao FATAL foi, como destaque. c deram a vontade e a confiança para o é sempre, um enorme orgulho. Os voltarmos a uma prática há muito grupos de teatro querem mostrar o posta de lado no TUP: a encenação que fazem e nós queríamos mais do dos nossos próprios projectos. Foi um que nunca mostrar o que tínhamos por TUP risco mais ou menos calculado, ou construído, que nos saiu da pele, do © Manuel Pata © Manuel 36 Aplauso Premiados FATAL 2012 37

MONSTRO MEU CITAC PRÉMIO FATAL DO PÚBLICO

O espectáculo Monstro Meu nasceu para Monstro Meu e para o CITAC. Foi teatro universitário. É isso que nos graças a uma relação que se tornou a décima sexta vez que apresentámos move e que não nos deixa parar, muito próxima entre os actores ao público este espectáculo e, para mesmo quando se acumulam e o encenador. Foi um processo nós, foi o momento em que mais dificuldades, quando o futuro de aprendizagem e de partilha o vimos crescer. Com Monstro parece uma nebulosa descrença constantes. Partimos de ideias que Meu, fomos capazes de ultrapassar no meio cultural. Queremos que o pretendíamos explorar sobre nós a barreira que separa actores CITAC continue a progredir a cada mesmos, enquanto seres individuais e públicos, para que todos nos geração. Costumamos dizer “uma vez e enquanto colectivo, e sobre a pudéssemos divertir em conjunto. E citaquiano, para sempre citaquiano”. forma como reagimos ao mundo quando nos divertimos, queremos E é sob esta demanda que nos que nos rodeia. Utilizando o método mais; por isso, não nos esquecemos. orgulhamos de levar o CITAC a mais de devising, estas ideias foram O prémio que recebemos representa o públicos, sob uma identidade que nos convergindo entre si e as cenas e o reconhecimento do nosso trabalho e tem sido transmitida ao longo destes texto foram ganhando forma. Assim, da relação especial e gratificante que 58 anos de existência. c Monstro Meu surge da solidão com pudemos estabelecer com o público que muitas vezes nos debatemos, neste espectáculo. Para nós, é muito mesmo quando fazemos parte de algo estimulante trazer mais um prémio maior e agregador. Surge da angústia para Coimbra, uma cidade que tem por CITAC de vermos os mitos que idolatramos um peso importante na história do desmoronarem-se mal se tornam teatro universitário. Mais ainda, realidade. Surge, sobretudo, dos trazer do FATAL, um festival que tem pequenos e grandes monstros com provado ser um marco relevante para que todos lidamos e dos quais nos o teatro universitário de todo o país e queremos libertar, sem no entanto além-fronteiras. sermos realmente capazes de o fazer. Futuramente, continuaremos a A participação no FATAL 2012 foi um apostar na qualidade do nosso dos momentos mais enriquecedores trabalho enquanto grupo de © Teresa Teixeira © Teresa 38 Ponto Textos Dramáticos ABAIXO DA CINTURA Miguel Manso 39

comparável ao transe é o roteiro Isso das princesas (rainhas, fadas, divas) de um animal no bosque e isso dos super-heróis (cavaleiros, militares, criminosos) é apenas uma diáfano sumiço de si, não é outra experimentação humana à procura da coisa além do que é dignidade e verdade próprias, sem nunca preso à grossura do agora as encontrar. No mais, são animais. a pisar os galhos inarticulados da voz Arquétipos. Como raposas, javalis, em separação vocabular serpentes. São fauna. c também um texto se afasta ou se avizinha do juízo e do desvairo, começa abaixo da cintura a sopear caminhos Miguel Manso (1979). Serão seus os textos e o apoio à O espectáculo começa abaixo da cintura. dramaturgia da Residência de Criação Artística “No Tempo- Morto – Uma Experiência para resistentes e Denso e turvo. Em contraluz, o arvoredo; dissidentes do teatro universitário”, coordenada por sombras de figuras entrecortadas, Susana Vidal e realizada no âmbito do FATAL 2013. procurando alguma coisa fora-dentro delas. Alguém descobre uma maneira. Excitação. Miguel Manso tem seis livros de poemas publicados, entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e Mas afinal não serve. Tudo tem de estar Mariposa Azual, 2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010) dentro-fora de alguma coisa. Onde está o e, mais recentemente, Aqui podia viver gente (Primeiro alçapão, se não em cada uma destas figuras Passo, 2012). Colaborou com a companhia de teatro mascaradas? Desmascarar-se como se Cão Solteiro e tem participado em leituras públicas de poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no abrindo um alçapão. Dentro do super-herói Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em caricato há afinal uma princesa digníssima. residências artísticas e de criação literária. E ao contrário.

Voltemos à mata, ao roteiro, à grossura do já dentro do bosque. Se uma árvore cair no bosque e não estiver lá ninguém para ouvir, ela faz barulho? Se um super-herói tirar a máscara e encontrar dentro de si um corcunda e não houver princesa com quem casar, haverá espectáculo? O bosque também é personagem. Talvez a principal. Com os seus caminhos, clareiras, clarões e silêncios. Dentro do bosque homens e mulheres à procura de uma identidade. Alguma coisa que possam vestir e dizer, gesticular. © Tânia Araújo © Tânia 40 Ponto Textos Dramáticos ETERNIDADE Um texto dramático inédito de Tiago Patrício

Fotografias: Ana Rojas (espectáculo Les Négres, inserido no FATAL 2007) Personagens: 41 Eternidade: Poderá ser interpretada por um homem de lábios finos e com uma peruca. No I Acto, aparenta 20 anos, e também é chamada de Princesa ou Alteza, a partir do II Acto, aparenta mais de 60 anos e é chamada de Rainha ou Alteza.

Criada: Mulher com idade entre os 30 e os 50 anos. Parece uma jovem envelhecida, no I Acto e uma velha bem conservada nos seguintes.

Jardineiro: Homem entre os 40 e os 50 anos.

Príncipe: Homem entre os 20 e os 30 anos.

I Acto Fazem-me lembrar a anarquia dos tempos do meu avô. Criada – Mas eles amam-na e vieram dispostos a beijar o Eternidade e a sua Criada estão num quarto circular chão que Vossa Eternidade pisa. e ricamente mobilado de tons claros. Eternidade está Eternidade – Preciso de silêncio e de estar só para me sentada num cadeirão, de costas para o palco e virada concentrar nos desígnios que a Providência me preparou. para um espelho suspenso sobre uma grande cómoda Criada – Que belas palavras Eternidade! cheia de cosméticos e adereços. À direita há uma porta e Eternidade – Não gosto de belas palavras, são pérfidas e ao lado situa-se uma cama de madeira, com um crucifixo inimigas da seriedade. Escusas de tentar agradar-me com à cabeceira, mas sem Cristo. Do lado esquerdo há umas elogios, já não sou a rapariguinha débil que conheceste cortinas douradas e, para lá das cortinas, abre-se uma quando os meus tios me trouxeram do convento para este varanda que nunca se chega a ver. palácio.

Eternidade – Oh, como gosto das flores, dos pássaros e das Eternidade confirma a firmeza dos seios e coloca a mão árvores… na anca enquanto a Criada regressa da varanda com Criada – Eternidade, a sua coroação é já amanhã, está uma missiva que começa a ler. preparada? Criada – Eternidade, o Príncipe Distante vem saudá-la Pausa pessoalmente para lhe renovar o pedido de casamento e convidá-la para uma viagem de núpcias à sua província Eternidade – És a minha única amiga. O que te parece a ultramarina. O convite inclui viagem em primeira classe minha saudação? para si e para mais dez acompanhantes, com motorista Criada – Parece-me que se esqueceu do reino mineral e de e guarda pessoal à chegada. Reservou um grande quarto uma referência ao Altíssimo. num palácio de 50 estrelas, com serviço de massagens, Eternidade – Queres que tire as flores ou as árvores? banho termal e missa privada. Criada – Não precisa de tirar nada, afinal é a Nossa Princesa. Eternidade – Diga que não posso, que estou comprometida Eternidade – É preciso fazer escolhas, não podemos ter com a minha torre solitária e com o meu reino. tudo. Diz-me, o que achas desta maneira: “Oh, como gosto Criada – Mas Eternidade, este é o Príncipe Distante, aquele das flores, dos pássaros e do Sol”! que irá unir o nosso império e fazer com que o sol nunca Criada – O Sol é mineral? se ponha sobre a nossa pátria. Se continua a recusar, não Eternidade – O Sol é o único que arde sem se consumir. volta a ter convites tão cedo. Quer acabar solteira como eu? Lembre-se que a amanhã será coroada Rainha, precisa de Ruído exterior. A Criada passa para a varanda através um consorte! das cortinas. Eternidade – Diz-lhe que sofro de uma colite crónica e que não posso estar mais de duas horas fora do meu palácio. Criada – A comitiva já chegou. Criada – Uma colite? Isso é tão deslocado para uma Eternidade – Oh, não suporto as multidões nem a desordem. princesa. 42 Ponto Textos Dramáticos

Eternidade – Então uma sinusite, diz-lhe que isso não me Criada – Mas Eternidade, não se esqueça que ele é o nosso permite fazer grandes viagens. aliado mais valioso. Pense no seu tio e no bem do nosso Criada – Não se esqueça que já usámos essa desculpa Reino. Consinta ao menos a graça de se deixar ver pela e desta vez o Príncipe disponibiliza um lugar na sua janela e não se esqueça que as necessidades de um povo carruagem privada de Alta Velocidade. são a razão de Vossa Eternidade existir. Eternidade – Mas isso não tinha sido banido para sempre? Eternidade – Põe esta tiara e vai até à varanda acenar-lhe Alta Velocidade jamais e em tempo algum. com o meu lenço. Agradece a generosidade, mas diz-lhe Criada – Mas, Eternidade, ia fazer-lhe bem à pele ir a que ainda és muito jovem para oferecer o coração a um banhos e a festas na praia. Príncipe tão valeroso, valoroso, valioso, como é que se diz? Eternidade – Eu não posso afastar-me assim do meu povo. Criada – E se ele desconfia, Eternidade? O que vão pensar as pessoas que trabalham de sol a sol? Eternidade – Não te preocupes, nunca ninguém me viu Que ando a divertir-me e a passear à custa delas? E quanto fora do palácio e eu seria incapaz de dizer uma frase com a festas, só as admito nas minhas costas. tantos adjectivos sem me engasgar, tens de ser tu a fazê-lo. A bem do nosso reino. Eternidade senta-se na cadeira e pede massagens à Criada, que acede. A Criada vai até à varanda e acena. Desaparece por detrás das cortinas e regressa combalida. Criada – E o que mando dizer ao Príncipe, Eternidade? Lembre-se do seu tio que está tão doente e lhe deixa o Criada – Eternidade, ele disse que o lenço cheirava a nosso reino em testamento. sardinhas e a pimentos assados. Eternidade – Resolve tu. Se conhecessem as minhas Eternidade – Esse malvado atreve-se a vir ao meu palácio preocupações não me faziam esses pedidos. Sou só uma insultar-me? Guardas, prendam-no! princesa, não posso satisfazer toda a gente. Criada – Ele está a caminho dos portões. Criada – Se me permite, Eternidade, deixe-me dizer ao Eternidade – Fechem os portões e persigam-no até caírem Príncipe, que está agoniada e que sofre dores de cabeça de cansaço! E o que disse mais, conta-me. horríveis porque anda com pesadelos infernais. Criada – Oh! Se isto se espalha pelo reino. Eternidade – Sim, pode ser, mas não gosto dos adjectivos. Eternidade – Calma, não é assim tão grave, toda a gente Retira por favor a qualificação dos meus sintomas, mentir sabe que eu gosto de sardinhas, é algum pecado? é uma coisa, mas adornar o sentido das palavras é mentir Criada – Oh, não Eternidade, mas ouvir isto nas cortes duas vezes. Olha que Deus castiga a quem se dedica a tornar estrangeiras pode ser embaraçoso para a nossa política as mentiras mais suaves. Devemos ser directas e usar a internacional. verdade, mesmo para cometer as maiores crueldades. Ah, como me torno vaidosa quando falo assim em frente ao Eternidade espreita pela varanda. espelho. Vou ter de meter pedrinhas nos meus sapatinhos para me penitenciar. O Príncipe, ainda aí está? Eternidade – Parece-me que o apanharam. Vai lá fora e Criada – Aguarda por uma palavra sua ou por um sinal que acompanha os guardas, quero que o levem para o isolamento lhe alivie o coração depois de uma viagem tão longa. e que fique lá por tempo indeterminado. Em breve há-de Eternidade – Está a chegar a hora da minha sesta, preparas implorar por um bom refogado com cheiro a cebola. a minha cama? Eternidade senta-se no seu cadeirão de veludo e recomeça a A Criada vai preparar a cama e Eternidade começa pentear-se longamente e a admirar-se ao espelho. Faz duas a pentear-se. tranças, pinta os lábios, alonga as sobrancelhas e levanta um pouco a saia, deixando à vista as pernas. Eternidade – Quem é que me ofereceu este pente de ouro e diamantes? Eternidade – O que irei fazer com mais um pretendente Criada – O Príncipe, faz agora seis meses. cativo? Qualquer dia tenho uma ordem inteira de cavaleiros Eternidade – Devolve-lho, diz-lhe que me desagrada ser na minha prisão. Apetecia-me tecer uma intriga, pedir cortejada com prendas tão caras, ainda por cima, com o resgates e quando os viessem buscar prendia-os a todos povo a passar necessidades. e fazia um churrasco com toda a gente. Pensando bem, Eternidade 43

um churrasco é uma coisa que suja muito e as fogueiras lembram-me as festas pagãs. A guilhotina também não me agrada nada. Estou tão indecisa. Talvez o lançamento para o fosso dos crocodilos seja o mais acertado, a água dissolve e purifica.

Eternidade levanta-se e anda pelo quarto. Depois abre as gavetas da cómoda e tira alguns vestidos.

Eternidade – Será que faço bem em continuar aqui fechada no meu palácio e apartada do mundo? De que me valem estes vestidos, estes sapatos e todas as minhas penitências e prazeres solitários?

A Criada regressa e vê os vestidos espalhados pelo quarto, o que provoca um ataque de cólera de Eternidade.

Eternidade – Está tudo desarrumado. Não suporto a desordem, como é que posso repreender os criados se nem consigo manter o meu próprio quarto arrumado? Criada – Eternidade, o Príncipe acabou de lançar-lhe uma maldição depois de os seus juízes o condenarem a prisão perpétua. Eternidade – Uma maldição? Está a entrar em desespero, o pobre coitado. E o que diz? Ah, não contes, não contes, vamos brincar às adivinhas! Que ideia maravilhosa, afinal, esse Príncipe é espirituoso, talvez ainda me possa divertir com ele. Criada – Mas Eternidade, é uma maldição terrível, não devia brincar com estas coisas. Eternidade – Daqui a pouco já me vou confessar, agora deixa-me divertir um pouco. Tem animais ou plantas? Criada – Os dois. Eternidade – Ah, é das complicadas. E inclui monstros ou criaturas do além? Criada – Acho que não vai tão longe. Eternidade – É pena. E é para agora ou para o futuro? Criada – Tem a validade de quarenta anos. Eternidade – Isso é muito suspeito… Vá, diz rápido, em que consta a maldição, já não estou com paciência. Criada – Ele diz que Vossa Eternidade irá tropeçar num gato e magoar-se numa cadeira e que terá um longo sofrimento até à morte por apedrejamento. Eternidade – Isso tudo? Parece-me demasiado complicado. Mas esse patife irá pagar caro! Prendam todos os seus amigos, familiares e conhecidos que encontrarem e dêem- nos de comer aos porcos. Criada – Mas que crueldade, não se esqueça que somos um povo pacífico e benevolente. Não será mais simples envenenar os gatos e mandar retirar todas as cadeiras do palácio? 44 Ponto Textos Dramáticos

Eternidade – Talvez, se achas que isso pode ajudar, mas Jardineiro – Odeia? quer dizer que nunca mais me vou poder sentar? Criada – De morte, diz que são animais falsos. Criada – Nunca mais. Jardineiro – Vim trabalhar para este palácio aos doze anos Eternidade – Nem para comer? Nem para me pentear, nem e há mais de trinta que estou na sua presença. Começo para me olhar ao espelho? Já estou a sentir as dores nas a ter medo que cada dia seja o último. O seu olhar é tão pernas. Isso quer dizer que terei de passar a comer de pé. limpo, tão sereno. Achas que é confortável comer deitada? Criada – Ela repara em todos os pormenores e lembra-se de Criada – Foi uma coisa que nunca experimentei. coisas de que eu já me esqueci. Eternidade – A única coisa que me alegra é saber que Jardineiro – Sinto uma felicidade tão grande quando a mais ninguém se poderá sentar no palácio. Quantas horas vejo acenar depois da missa, com o guarda-chuva na mão, faltam para a minha coroação? Temo que o Titi esteja pior. sempre tão prudente. Estou a ficar tão ansiosa. Criada – É um guarda-sol. Criada – Depois de se tornar Rainha terá mais responsa- Jardineiro – Parece-me um guarda-chuva. bilidades e mais gente à sua volta e eu deixarei de ser a sua Criada – É um guarda-sol. Ela não teme a chuva, devias única Criada. saber isso!

Eternidade deita-se vestida na cama. A Criada levanta Pausa a coberta e prepara-se para se deitar ao lado dela. A luz escurece antes do abraço sugerido entre as duas. Criada – Só de olhar para ela, as crianças esquecem as tristezas e ficam saciadas. Eternidade – Oh! Jamais! Tu serás sempre a minha Jardineiro – Ainda bem, porque ela também não lhes dá confidente e a minha amiga mais próxima. Por cada pão, só uma festa no cabelo. decisão que tiver de tomar irei consultar-te duas vezes. Criada – Ela é muito poupada e amiga do ambiente. Poupa Graças a ti o meu reinado será longo e poderei manter o água, electricidade, gás e nunca viaja. A pegada ecológica meu isolamento do mundo. Anda, deita-te aqui ao pé de dela é como a de uma princesa, apesar de ser a Nossa mim, está tanto frio e amanhã terei o peso de um império Rainha, faz hoje quarenta anos. sobre a minha cabeça. Jardineiro – Nem posso esperar pela festa. Criada – Ela tem mais em que pensar nesta altura. Jardineiro – Ouvi dizer que estava para chegar gente de II Acto muito longe. Criada – Ela vai fazer um pequeno cumprimento, da Nos jardins do palácio. Quarenta anos depois da coroação. varanda, e oferecer ao nosso povo algumas palavras sadias A Criada e o Jardineiro conversam a meio de uma tarde e de fé na vida eterna. de Verão. A Criada veste-se de uma forma mais austera Jardineiro – É sempre tão sábia quando fala. e mantém-se elegante, com um cesto de costura no Criada – E elegante, nunca se esquece de pôr uma flor ao peito. braço que pousa ao seu lado. O Jardineiro está apoiado Jardineiro – Conhece o nome de todas as flores deste jardim. num ancinho. Há flores e fetos do lado direito e, do lado Criada – Ela conhece tudo, deste mundo e do outro. esquerdo, uma mesa e uma cadeira recortadas a partir de Jardineiro – Só ela mantém a nossa esperança na vida eterna. um arbusto. Criada – A verdadeira vida.

Criada – É tão metódica que as pessoas conseguem acertar Pausa. os relógios pela hora a que ela dá os passeios. Jardineiro – E a voz dela. Jardineiro – Ouvi dizer que ela teve uma birra esta manhã, Criada – É mais bela do que a das lavadeiras. é verdade? Jardineiro – Mas às vezes sinto um calafrio quando a ouço Criada – Foi uma coisa de nada. chamar por mim junto às rosas bravas. Jardineiro – Então? Criada – Sabe os nomes de toda a gente no palácio. Criada – Uma malha caída nas meias. Jardineiro – Até o nome da minha mulher e dos meus filhos. Jardineiro – Isso é chato. E que mais? Criada – Só não suporta os gatos, odeia-os. Criada – Não encontrou um livro de colorir que andava a ler. Eternidade 45

Jardineiro – Alguém anda a mexer nas coisas dela. Jardineiro – Não se consegue resistir a uma rima dessas. Criada – E aconteceu outra coisa, mal entrou na sala do Criada – Ela aí vem. Acordou agora da sesta, espero que pequeno-almoço sentiu um odor a tabaco. não esteja mal disposta. Jardineiro – Toda a gente sabe que ela não suporta o fumo. Jardineiro – Anda tão curvada. Criada – Mas já descobrimos os culpados. Criada – Tantas horas de pé, a trabalhar! Devemos amá-la Jardineiro – São uns descuidados, nem em casa dela ainda mais pelas rugas e pelos cabelos brancos. mostram respeito. Castigou-os muito? Jardineiro – Está mais magra? Criada – Nem por isso, o normal. Criada – Ela suporta um fardo desumano. Jardineiro – Tortura do sono seguida de afogamento? Jardineiro – E sempre tão sozinha. Criada – Não, agora anda entusiasmada com o campo de Criada – Só as crianças lhe dão repouso de espírito. trabalho que abriu numa das ilhas. Jardineiro – Nunca se deve desiludir as crianças. Jardineiro – Ainda se queixam, têm alojamento e comida Criada – Com um braço segura o país e com o outro abre à descrição. caminho para passar entre o povo que a quer abraçar. Jardineiro – É impossível escapar aos seus encantos. Mas Pausa parece que continua zangada. O que será que a atormenta?

Jardineiro – Ontem à tarde vi-a a passear ao pé da fonte, depois um cuco começou a cantar ao longe e ela alvoroçou- III Acto se e chamou o meu ajudante para lhe puxar as orelhas. Até tive medo que, a seguir, me quisesse dar umas lambadas. Eternidade aparece do lado direito, muito altiva para Criada – Ela tem muitas preocupações, nem imaginas o disfarçar a idade e dirige-se à Criada, mas não vê o que aconteceu ontem à noite. Vai ficar tão furiosa que nem Jardineiro ajoelhado atrás dos fetos. sei se devia fazer uma pequena omissão. Jardineiro – Mas ela não sabe tudo e a todo o momento? Eternidade – O Príncipe Distante conseguiu fugir ontem à Criada – Não podemos maçá-la com assuntos muito noite. Porque é que ninguém me avisou? complicados, mas isto pode levar-nos a uma guerra. Criada – Alteza, não queríamos tirar-lhe o sono. Anda tão Jardineiro – A uma guerra? Mas ela não nos protege de cansada... todas as guerras? Eternidade – E hoje de manhã? Criada – Ninguém está livre de uma desgraça. Criada – Não queríamos perturbar o seu pequeno-almoço. Jardineiro – Ela há-de arranjar uma solução como sempre. Anda com tanta falta de apetite que ia passar a manhã sem Criada – O que me dá esperança é saber que nos livrou da comer. última guerra. Eternidade – E depois? Jardineiro – E recebeu favores dos dois lados. Criada – Depois chegou a hora do almoço. É uma alegria Criada – Mas nunca quis nada para ela. Passava noites vê-la comer os grelos com peixe cozido. E mais tarde ou inteiras de pé a negociar a nossa neutralidade. As pessoas mais cedo ia ficar a saber, mas não se preocupe que ele está não imaginam o que foi preciso fazer. Noite e dia, sem velho e acabado. dormir. Eternidade – Pois enganas-te. Para além de conseguir Jardineiro – Nem comer. libertar todos os outros cavaleiros, começou uma revolta Criada – Durante anos e anos. numa das nossas províncias ultramarinas. Ainda por cima Jardineiro – Enquanto aqui não acontecia nada, no resto fugiu com os meus melhores cavalos. do mundo só havia sofrimento e fome… Criada – Mas que desgraça nos havia de cair em cima. Criada – E, ainda hoje, ela vive ali na torre, apartada do Temos de ir rezar imediatamente. mundo, a pentear a trança. Há mais de vinte anos que não Eternidade – Deixa-te lá dessas merdas. O que é preciso é compra um único vestido. tomar medidas, mas estou tão indecisa. O que devo fazer? Jardineiro – Só a esperança nos salvou. Criada – Ai, e eu o que sei disso? Sou uma velha criada, e Criada – A sua palavra é a verdade. essas terras ficam tão longe que nem se vêem da torre mais Jardineiro – É de levar as mãos à cabeça. alta do nosso palácio. Criada – A forma como ela dizia – Temos de empobrecer Eternidade – Vá lá, não desconverses e dá-me uma ordem. para sobreviver. Criada – Uma ordem? 46 Ponto Textos Dramáticos

Eternidade – Não queria ser eu a mandar os nossos rapazes Eternidade – Sou casada com o meu reino. Se tivesse família para o mato, mas se fosses tu a sugerir, já não me custava própria não poderia dedicar-me da mesma maneira. tanto. Criada – Um marido é um grande fardo… Criada – Então mande, diga que teve uma visão… Eternidade – O nosso reino é o último refúgio do Eternidade – E como é que digo isso? É preciso arranjar uma sentimento. O que fizeste hoje, Jardineiro? Fala-me um maneira de os animar para irem morrer tão longe de casa. pouco destas estrelícias tão coloridas ou conta-me antes Criada – Deixe-me pensar. Como é que há-de ser? os segredos que as nossas filicineas tão modestas guardam aqui neste recanto do mundo? Eternidade arruma alguns utensílios de jardinagem e vê o Jardineiro ajoelhado. O Jardineiro está apoiado no ancinho e fica indeciso quanto ao rumo da conversa. Eternidade – Bem sabes que não suporto a desordem… Ah! Jardineiro, és tu. Não precisas de estar ajoelhado tanto Jardineiro – Hoje dediquei-me àquela fila de buxo… tempo, basta uma pequena vénia. Eternidade – E isto, o que representa, bom Jardineiro? Jardineiro – Sim, Alteza, ao vosso serviço. Jardineiro – Lembrei-me de recortar uma cadeira e uma Eternidade – Quem me dera ser jardineira e passar os mesa, uma extravagância… meus dias com o perfume das flores, rodeada pelo canto Eternidade – Devemos ter cuidado com as extravagâncias, dos pássaros e pela frescura das manhãs de orvalho, e estar não te pago para isso. ao ar livre até ao anoitecer a escutar a água correr junto a um regato. Eternidade aproxima-se do lado direito. Jardineiro – Vossa Eternidade, que doces palavras… Eternidade – Fica a saber que não gosto de palavras doces, Eternidade – Há quantos anos não via uma cadeira, já nem são como veneno. Devemos ser sempre pessoas sérias, até me lembrava da forma. Que vontade tenho de me sentar. quando nos contam uma anedota. Criada – Senhora, lembre-se da maldição. Faz hoje quarenta Criada – Não incomodes Sua Alteza numa altura destas em anos que tomou os destinos do reino nas suas mãos. que há uma guerra a começar. Eternidade – Mas isto não é bem uma cadeira mas um Eternidade – Não incomoda nada. E não é uma guerra, é arranjo de ramos de buxo. E não te esqueças que a maldição um motim organizado por aquele Príncipe Distante. incluía um gato e nós banimos os gatos do reino. Agora Jardineiro – Não podíamos manter a neutralidade como arranja-me uma almofada para me sentar um pouco. na última guerra? Criada – Que impertinente! Não se fazem perguntas à A Criada procura uma pequena almofada no seu cesto Rainha! de costura e coloca-a sobre a sebe, mas contrariada. Eternidade – Deixa-o, é preciso escutar o nosso povo. Hoje podes fazer-me todas as perguntas. Eternidade – Esta guerra não vem nada a calhar. Tira-me Jardineiro – Posso? toda a harmonia e a vontade de ficar cá fora a admirar a Eternidade – Podes, mas só hoje. Amanhã serás pendurado natureza ordenada dos meus jardins. A única alegria que pelo nariz. me resta é saber que vou comer gelados de chocolate Jardineiro – Como é que chegou a este palácio? depois do jantar. Criada – Foi a Divina Providência, devias ter aprendido isso na escola. Eternidade dá uma volta para rodar a saia do vestido, Jardineiro – Nunca andei na escola. calcula mal a distância da cadeira e tropeça num Eternidade – Foram buscar-me duas vezes ao convento. ramo de buxo. Criada – Estava predestinada. Jardineiro – Conhecia muitos segredos? Criada – Ai! Meu Deus, que é a maldição! Criada – Tinha visões todas as noites. Eternidade – Deus meu, o que é que aconteceu? E esta Jardineiro – E nunca disse a ninguém? mancha no meu peito? Eternidade – Sempre fui muito modesta. Criada – Ai! Que desgraça, é sangue! Jardineiro – Porque é que nunca se casou, nem teve filhos? Jardineiro – E é azul, tal como mandam as regras. Eternidade 47

O Jardineiro volta a ajoelhar-se.

Criada – Tu és o responsável pelo ferimento da Rainha. Eternidade – Foi a minha falta de prudência que me levou à perdição. Criada – Depressa vai chamar o médico. O médico!

O Jardineiro levanta-se e sai a correr. Eternidade começa a perder a consciência e a delirar até perder os sentidos com a cabeça no colo da Criada. O Jardineiro regressa algum tempo depois.

Eternidade – Sinto a cabeça a andar à roda, vejo o meu sangue a manchar o meu vestido mais antigo. Já o tinha há mais de vinte anos, lembro-me do dia em que a costureira me tirou as medidas e me mostrou o tecido. Tive de o mandar alargar duas vezes, mesmo assim resistiu sempre e agora sou eu que me desfaço primeiro do que ele. Criada – Não fales assim minha Eternidade, tudo se vai resolver. O médico está quase a chegar. Eternidade! Minha Princesa Eterna. Jardineiro – O médico está do outro lado do palácio, a tratar dos guardas feridos ontem à noite durante a fuga do Príncipe Distante. Como é que ela está? Criada – Perdeu os sentidos. Jardineiro – E agora, o que havemos de fazer? Criada – E o médico que não chega. Jardineiro – Ele já não é jovem para conseguir correr até aqui. Acho que vou à procura dele para o ajudar no caminho. Criada – Não me deixes aqui sozinha. Sinto-me tão desconsolada. Só de imaginar a vida sem ela… Jardineiro – Ela era tão boa para nós. Criada – Só queria o nosso bem. Jardineiro – Por isso é que nos podia fazer mal. Criada – Porque era para nosso bem, sabia fazer as coisas. Jardineiro – Ainda respira? Criada – Parece-me que está a perder as cores. Jardineiro – E o coração ainda bate? Criada – O que será do nosso reino sem ela? Jardineiro – Consegues sentir-lhe o coração? Criada – Até tenho medo de não encontrar nada.

IV Acto

No mesmo quarto do I Acto, mas o ambiente é sombrio e as cores mais escuras. No lugar do espelho há um mapa com países de várias cores e bandeiras espetadas. 48 Ponto Textos Dramáticos

Criada – Agora é só esperar que ela melhore. Já podes voltar para o teu jardim. Jardineiro – E como é que lhe damos as gotas e as pílulas? Criada – São comprimidos, é preciso usar os nomes certos. Jardineiro – Rezamos para que acorde? Criada – Vou cantar-lhe uma canção da minha terra. Jardineiro – Posso fazer só mais uma pergunta? Criada – Diz lá, o que é? Jardineiro – Como é que era a vida antes dela? Criada – Antes dela não valia a pena viver. E depois dela também não vejo utilidade para a minha vida. Jardineiro – Agora que olho melhor para ela, parece-me que tem o nariz muito comprido. Criada – Isso são coisas que se digam numa altura destas? Jardineiro – Nunca tinha estado tão perto dela como agora. Criada – Quem te deu a ideia de recortar aquele arbusto em forma de cadeira? Tu não sabias da maldição? Estava escrita por toda a parte desde que o Príncipe Distante lhe rogou as pragas. Jardineiro – Mas que pragas eram essas? Criada – Ele disse que Eternidade ia tropeçar num gato e magoar-se numa cadeira até morrer por apedrejamento, depois de muitos sofrimentos. Jardineiro – Mas onde é que estava o gato? Criada – Eu sou pouco instruída para compreender maldições de príncipes, mas parece-me que o gato era uma artimanha, os gatos são sempre falsos, até nas maldições. Jardineiro – Ela tem um ar tão sereno que nem parece estar a sofrer muito e os lábios dela são tão finos, quase nem se vêem. Criada – Só de pensar na segunda parte da maldição, até me vêm as lágrimas aos olhos. Jardineiro – O que é a anarquia? Criada – A que propósito vem essa pergunta? Já está na hora de voltares para o teu serviço. Jardineiro – Era uma palavra que ouvia muito quando era mais novo e que Eternidade costumava repetir nas aparições de Domingo. Criada – Antes de nasceres, o reino sofria de três grandes males, a fome, a peste e a anarquia. Jardineiro – E então, a anarquia era o quê? Criada – Era a desordem, a libertinagem e um veneno para todas as famílias. Jardineiro – E ela conseguiu acabar com isso tudo? Criada – Ela foi uma noiva e depois uma mãe para o Nosso Reino. Jardineiro – E agora que se ia tornar numa avó é que aconteceu isto. Não há justiça no mundo. Criada – Não duvides numa hora como esta. O exemplo Eternidade 49

dela vai ficar eternamente entre nós. Agora vai, já é tarde. Criada – Inimigos de Vossa Eternidade. Jardineiro – Não será melhor chamar um padre? Eternidade – Que tolice, parecem tão animados. Criada – Ela tem santidade suficiente para dispensar esses Criada – Eternidade, tenha cuidado com as aparências. serviços. O povo exaltado é capaz do pior. Eternidade – Só vês maldade em tudo. Acabei de acordar O Jardineiro aproxima-se das cortinas e passa para para a vida e estou a ver a história a passar em frente da o lado da varanda. minha varanda. Criada – Uma desgraça nunca vem só. O que aconteceu à Jardineiro – Está a escurecer. sua prudência? Lembre-se da maldição. Criada – Que estranho, ainda agora estava sol. Eternidade – Com a dor de cabeça que tenho, a chuva só Jardineiro – Parece que vai chover. me pode fazer bem. E repara como eles acenam e levantam Criada – Será que vem aí uma trovoada? os braços para mim. Jardineiro – Já se vê ao longe, parece que é pedra. Criada – Não é chuva, é granizo, e esses braços levantados Criada – Pedra? são de ameaça. O que é que eu hei-de fazer? Estou aqui Jardineiro – Granizo. sozinha contra o mundo. Jardineiro! Guardas! Criada – Já nem sei o que pensar. O dia de hoje devia ser de Eternidade – Não percebes que eles me amam? festa e não de desgraça. Criada – Eles querem a vossa cabeça. Não ouve o que dizem? Jardineiro – Já se vê muita gente a aproximar-se do palácio. Eternidade – Estão a dizer o meu nome. És uma invejosa! Criada – Mas que qualidade de gente poderá ser a esta Sai daqui antes que eu te atire pela varanda. hora? Criada – Hei-de protegê-la até ao fim. Jardineiro – Não sei, mas já atravessaram os portões e vêm armados. Eternidade empurra a Criada e abre os braços para a Criada – Vai avisar os outros guardas, depressa. multidão que suspende as vozes, até que a cortina da Jardineiro – Devia ficar aqui a protegê-las. varanda se fecha e se ouve um último grito de desespero Criada – É preciso dar o alarme, despacha-te! de Eternidade, seguido de um coro marcial e o início de uma canção popular que começa a ressoar com uma O Jardineiro sai e a Criada afasta ligeiramente as cortinas grande violência. para ver melhor e depois volta a fechá-las. Eternidade começa a acordar e tenta levantar-se. O ruído do granizo a bater contra as vidraças começa a ser substituído pelo V Acto ruído da multidão que se aproxima. O Príncipe Distante está no antigo quarto de Eternidade Eternidade – Quem sou eu? a fazer riscos e a colorir o mapa pregado na parede. Criada – Eternidade, que alegria ouvir a sua voz. Estava tão A porta abre-se e o Jardineiro entra vestido de cavaleiro, preocupada. com uma tocha acesa. Dobra-se sobre o joelho direito Eternidade – Onde estamos? e assim se mantém. Criada – Na torre do seu palácio. Eternidade – E que barulho é este que vem lá de fora? É Jardineiro – Mandou chamar, Majestade? uma festa? Príncipe – Disseram-me que foste tu o culpado pela queda Criada – O melhor é deitar-se e repousar um pouco, acabou da Velha Eternidade, é verdade? de sofrer um acidente grave. Jardineiro – Em todas as verdades há um pouco de exagero, Eternidade – És a minha mãe? mas desde que entrei ao serviço senti sempre uma grande Criada – Sou a sua criada mais antiga. vontade de fazer tropeçar a velha. É uma coisa inexplicável. Eternidade – Então não me digas o que devo fazer. Príncipe – Estou a detectar em ti uma certa aversão ao poder. Vês esta espada? Eternidade aproxima-se da varanda e abre Jardineiro – É uma bela espada, Nova Eternidade, mas se completamente as cortinas. me cortar a cabeça aqui, vou sujar os tapetes, o que seria uma pena. Eternidade – Quem são estes? Príncipe – Deixa-me felicitar-te por teres sido o agente da 50 Ponto Textos Dramáticos

minha maldição e agora vou armar-te Cavaleiro da Nova nada é eterno, só a força e a novidade podem garantir o Ordem. poder. Aproxima um pouco a chama, Cavaleiro Jardineiro!

O Príncipe arma-o Cavaleiro. O Jardineiro aproxima a tocha ardente para o Príncipe acender um cigarro. Príncipe – Quero que saibas que a partir de agora acabou- se a Eternidade. Jardineiro – Vai ficar um belo Inferno, Senhor, agora que Jardineiro – Como assim? nada é eterno. Príncipe – Os meus ministros estiveram a fazer contas e Príncipe – Posso garantir-te que nos irá encher de orgulho. decidimo-nos pela abolição. Jardineiro – E uma guerra? Jardineiro – Quer dizer que já não podemos ter esperança Príncipe – Uma guerra? na vida eterna? Jardineiro – Sim, podia criar uma guerra no nosso reino, Príncipe – Não, era um luxo demasiado dispendioso… Já era uma coisa que ficava bem ao lado do Inferno, uma pensaste na quantidade de almas que vieram ao mundo espécie de complexo infernal. desde a criação? Príncipe – As guerras são uma coisa ultrapassada e o Jardineiro – É uma coisa em que nunca tinha pensado. Inferno que queremos instalar é uma coisa mais moderna. Príncipe – Era só fazer as contas. Não havia espaço nem Jardineiro – E se for uma guerra fria? recursos para manter um lugar desses. Mais tarde ou mais Príncipe – Nem quente nem fria, nada de extremos, vai ser cedo isso tinha de acabar. tudo morno ou em banho-maria. Jardineiro – E para quem já lá mora, como é que vai ser? Jardineiro – Só temo pelos meus jardins. Príncipe – Vamos começar a reduzir aos poucos. Dez por Príncipe – Não temas nunca, Jardineiro! Agora levanta-te cento ao ano. e alumia-me o caminho. Disseram-me que estavas muito Jardineiro – E para onde é que vai transferir tantas almas? habituado a estes corredores escuros e que tinhas um bom Príncipe – Ainda não decidimos, mas havemos de arranjar sentido de orientação. uma solução. Jardineiro – É muito amável, Majestade, mas não vai Jardineiro – E o nosso Inferno mantém-se? discursar da varanda? Príncipe – Como é que queres que as coisas funcionem Príncipe – Não, será no terreiro, vamos assistir a uma sem o Inferno? pequena demonstração. Jardineiro – E já não é eterno? Jardineiro – Mal posso esperar pelo discurso. Príncipe – Meu caro Cavaleiro Jardineiro, não sabes que Príncipe – Vai ser um discurso cheio de adjectivos, no final tudo é temporário? espero que todos estejam tão adormecidos que será fácil transportá-los para os camiões de carga. Pausa O Príncipe abre a porta e olha para as paredes grossas Príncipe – Mas o problema é que o nosso Inferno não tem do quarto. espaço para receber as almas que queremos transferir, precisa de ser ampliado para o dobro ou para o triplo. Príncipe – Em breve iremos demolir este palácio e construir Enquanto decorrem as obras, estamos a pensar resolver as um novo noutra cidade. É preciso movimento e mudar as coisas através da transmigração para outros Infernos com coisas de lugar. maior capacidade. Jardineiro – Mas nós sempre fomos pequenos e fracos. Jardineiro – E não fica caro fazer essas obras? Príncipe – Porque continuas a temer, Jardineiro? As árvores, Príncipe – É um investimento que podemos suportar. que dominas com as tuas ferramentas, não são mais altas e Jardineiro – Quer dizer que vai aumentar os impostos? mais fortes do que tu? Príncipe – O habitual numa fase de transição como esta. Jardineiro – Agora já não tenho medo. Vossa Majestade é Jardineiro – Posso perguntar mais uma coisa? forte e ao seu lado sinto-me cada vez mais confiante. Agora Príncipe – Poder podes, mas não te garanto a seriedade da reparo que está cada vez mais jovem, nem parece o velho minha resposta. Príncipe Distante. Jardineiro – O que vem a ser, afinal, essa Nova Ordem? Príncipe – Eu sou apenas um representante temporário, Príncipe – Ah, isso é um nome que escolhemos. Agora que podes chamar-me Príncipe Anónimo. O nosso trabalho é Eternidade Tiago Patrício nasceu no Funchal em 51 1979 e viveu em Carviçais (Torre de Moncorvo) até aos 19 anos. É licenciado em Ciências Farmacêuticas e estuda Literatura e Filosofia na Universidade simples: criar riqueza a partir da pobreza. de Lisboa. Começou a ser publicado, Jardineiro – É o primeiro chefe que nos fala em riqueza. entre 2007 e 2010, nas colectâneas Tenho vontade de marchar ao vosso lado a noite toda e o Jovens Escritores, do Clube Português dia seguinte e o próximo, sem parar. de Artes e Ideias. Tem participado em Príncipe – Do que precisamos não é de um grande exército, residências artísticas na Tunísia, Turquia, mas de uma estratégia e lembra-te de uma coisa importante: República Checa, Lituânia, Letónia e antes de criar riqueza, precisamos de muitos pobres, Estados Unidos da América e escreve milhares de milhões. És capaz de imaginar uma quantidade para as companhias Ponto Teatro (Porto) tão grande de gente? e teatromosca (Sintra). Alguns dos seus textos estão publicados em França, O Jardineiro e o Príncipe desaparecem pela porta da no Egipto, na Eslovénia, em Espanha direita e o diálogo é ouvido à distância. e na República Checa. Foi distinguido com vários prémios em poesia (Prémio Príncipe – A riqueza é uma coisa rara. ––————–———— Daniel Faria e Prémio Natércia Freire) –———— produzir com qualidade –———— Para começar, e teatro (Prémio Luso-Brasileiro de o nosso trabalho –———— a criação de extensos e belos Teatro, Menção Honrosa). Em 2011, o jardins –———— a temperatura –———— agradável e seu primeiro romance, Trás-os-Montes, ninguém –———— conta da transformação. Não é uma venceu o Prémio Revelação Agustina ideia nova, –———— resulta sempre. Em breve –———— Bessa-Luís. Mantém o blog. para crer. http://cartasdepraga.wordpress.com.

Declaração de interesses: Esta peça inédita deve o título ao romance homónimo de Ferreira de Castro e a forma às várias versões de “A Bela Adormecida” que tenho visto com o meu filho João.

14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA PROGRAMA LOCAIS FATAISk A8 · Oeste k A1 · Norte

N p A12 · A2 · A6 · Sul

Ponte Vasco da Gama

Oriente

Cidade Universitária 2 j IC 19 · Amadora · Sintra Entrecampos

Praça de Espanha Areeiro

Alameda Saldanha j A5 · Cascais

Marquês de Pombal Rato

1 j Algés Príncipe Real St.ª Apolónia

Baixa l A2 · Sul Cais do Sodré

Ponte 25 de Abril

1 2 Teatro da Politécnica Cidade Universitária Morada: Rua da Escola Politécnica, 56 Morada: Alameda da Universidade Metro: Rato (Linha Amarela) Metro: Cidade Universitária Autocarros Carris: (Linha Amarela) 58 / 100 / 6 / 9 / 20 / 27 / 38 / 49 Autocarros Carris: 31 / 35 / 738 / 768

Espectáculos Abertura do Festival Competição Reitoria | 7 Maio | 17H00 7-21 de Maio 21H30 Workshops: MaisFATAL Composição 8-21 de Maio 19H00 20 Maio| Reitoria UL |17H00 FATAL Convida Interpretação 17, 18, 19, 20 de Maio 9 e 10 de Maio (em vários horários) Sala de conferências da Reitoria Workshops: da UL | das 17H30 às 21H00 Fotografia de Teatro Masterclass com Rogério 30 de Abril a 25 de Maio de Carvalho Teatro da Politécnica 8 Maio | Salão Nobre da Reitoria e outros locais da UL | 17H00 Performance 18 de Maio 17H00 Apresentação do concurso para novas dramaturgias e novas encenações de jovens universitários 18 de Maio 10H30 ÍNDICE

Em palco 46 d FATAL Convida 5 d Os instantes do Presente - O Tempo morto (espectáculo resultante da Residência de Criação Artística 6 d Homenagem a Jorge Listopad FATAL 2013, 9 de Maio 10 d - Suicídio colectivo com encanto, Espectáculos em competição Aula de Teatro Universitária - Zona, GTIST, 7 de Maio Maricastaña, 17 de Maio - Antígonas, TUT, 8 de Maio - Leituras: Teatro sem cortes, 18 de Maio - Cidade autoada, Sin-Cera, 9 de Maio - Leitura dramática: Portugal, GTFUL, - Aquário, CITAC, 10 de Maio Grupo de Teatro de Funcinários da UL - Medeia de noitardecer, TUP, 11 de Maio 19 de Maio - Num país onde não querem defender - Almisdaé, La Coquera Teatro, 20 de Maio os meus direitos eu não quero viver, 53 d NOSTER, 13 de Maio Performance com a Aula de Teatro - Eu disse AGORA não disse AMANHÃ Universitária “Maricastaña” DEPOIS ONTEM, NNT, 14 de Maio 53 d - Aldrabices, GTL, 15 de Maio Masterclass com Rogério de Carvalho - Liberdade ou Morte, GreTUA, 16 de Maio 53 d Apresentação do Concurso para novas - Presas, Máscara Solta, 17 de Maio dramaturgias e encenações de jovens - Projecto H, TEUC, 18 de Maio - Manhã, GEFAC, 19 de Maio universitários - Morro como país, GTN, 21 de Maio 54 d Workshops 36 d Mais FATAL Camarim - Drones, Cénico de Direito, 8 de Maio 57 d Prémios FATAL - O despertar da primavera, Grupo de 58 d Teatro Miguel Torga, 10 de Maio Selecção dos espectáculos FATAL 2013 - Química OFF, Fc-Acto, 11 de Maio 59 d Regulamento FATAL 2013 - Sonhatorium, dISPAr Teatro, 13 de Maio 66 d Gratia plena - O insecticida ou o fim do império, MISCUTEM, 14 de Maio Elencos - Suicídio de amor por um defunto 68 d desconhecido, GTAL, 15 de Maio Anuário de grupos de teatro - Escuro, ArTeC, 16 de Maio universitário nacionais - No tempo de gente maravilhosa que nunca existiu, ESTC, 20 de Maio - O despertar da primavera, Ultimacto, 21 de Maio Organização Patrocínios Patrocínios Universitários

Parceiros

Parceiros Media

Apoios Universitários

Apoios à Divulgação FATAL 2013 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA FICHA TÉCNICA

Organização Iniciativa, Organização Imagem do Festival (fotografia): Os conteúdos constantes do Reitoria da Universidade e Concepção de Projecto Teresa Teixeira (MEF) programa de espectáculos, com de Lisboa Reitoria da Universidade Design Gráfico e Paginação: excepção das sinopses, são da Núcleo Cultural do de Lisboa Núcleo de Comunicação do responsabilidade dos grupos Departamento de Estratégia Direcção Institucional: Departamento de Estratégia participantes. e Relações Externas António Sampaio da Nóvoa e Relações Externas Telf. 21 011 34 06 Direcção e organização: Conceito, Design Gráfico e A programação poderá sofrer [email protected] Núcleo Cultural do Paginação (Revista FATAL/ alterações por motivos alheios Departamento de Estratégia Programa): à organização e Relações Externas com Alpha/ RPVP Designers Bilhetes / Reservas / Inscrições coordenação de Isabel Tadeu Webdesign: Direcção de Produção: Filipa Machado (www.fatal.ul.pt) Glossário Bilhetes: Marisa Costa Dinis Costa (actualização de Teatro da Politécnica Rui Teigão conteúdos) FLUL: 3€ estudantes e profissionais Direcção de Programação: Spot: Faculdade de Letras da das artes do espectáculo Rui Teigão Núcleo de Comunicação do Universidade de Lisboa 5€ público em geral Direcção de Comunicação: Departamento de Estratégia MEF: Reservas: Marisa Costa e Relações Externas Movimento de Expressão Núcleo Cultural Produção Executiva: Locução: Fotográfica do Departamento de Estratégia Dinis Costa Helena Saramago RUL: e Relações Externas Marta Azevedo Direcção Técnica: Reitoria da Universidade Até às 17h00 (dias úteis), Mariana Salgueiro João Chicó de Lisboa mediante lotação; (estágio FLUL) Assistentes Técnicos: UL: Telf. 21 011 34 06 Apoio à Produção: Henrique Resende Universidade de Lisboa Inscrições: Sandra Silva João Fernandes Workshops Apoio à Programação: Direcção da sala: Telf. 21 011 34 06 Isabel Tadeu Tiago Nogueira Marisa Costa Serviço de Bilheteira: Coordenação de Selecção Leandro Fernandes de Espectáculos: Apoio Tecnológico: Rui Teigão Serviços Partilhados da UL Selecção de Espectáculos: (Serviços Tecnológicos) Alexandra Quelhas da Silva, Apoio à logística: Mariana Salgueiro (estágio Serviços de Acção Social FLUL), Rui Teigão, Sandra Silva, da Universidade de Lisboa Tiago Patrício Registo Videográfico: Recolha de dados dos grupos Núcleo de Comunicação do de teatro: Departamento de Estratégia Mariana Salgueiro e Relações Externas (estágio FLUL), Rui Teigão Registo Fotográfico: Patrocínios, Parcerias e Apoios: MEF Isabel Tadeu Impressão dos Materiais Marisa Costa Gráficos: Marta Azevedo Soartes, Artes Gráficas, Lda. Nádia Sales Grade Concepção dos Troféus FATAL: Ágata Alencoão Andreia Pereira Comunicação e Assessoria Catarina Alves de Imprensa: Ricardo Manso Wake UP Execução dos Troféus: Assessoria de Imprensa Gravarte Gravadores da RUL (apoio): António Sobral Redacção, edição e tradução de conteúdos: Ana Sofia Oliveira (estágio FLUL) Miguel Nunes (estágio FLUL) Zeila dos Santos (estágio FLUL) 4 Em palco Os instantes do presente 5 ANTÓNIO SAMPAIO dA NÓVOA REITOR DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

O teatro é a vida. O que nos atrai no teatro é a fragilidade. Tudo pode acontecer e desacontecer, num imprevisto, num acaso. A acção não se passa apenas no palco, mas também na sala. A fragilidade liga-nos numa relação próxima, humana. Não temos, a juntar-nos ou a separar- nos, um livro, um filme ou um quadro. São pessoas com pessoas. Tudo está ali. Na fragilidade daquele momento. Na palavra e no silêncio. No gesto e na pausa. Não há passado, nem futuro. Apenas os instantes do presente. O teatro é a vida? Pois claro! “Embora custe caro, muito caro, e a morte se meta de permeio” – como Alexandre O’Neill disse da poesia.

Jorge Listopad 1921. Há mais de cinquenta anos que, neste país, vivemos com os diálogos de Jorge Listopad. Fragmentos. Apontamentos. Notas. Sinais. O seu humor, cantante, revela que as palavras são música. “Uma vez um poeta perguntou: – E o que é o medo? –. Quando respondermos todos a esta pergunta, vamos ficar a saber muito mais e talvez comecemos a perdê-lo. Já não é sem tempo”. Os caminhos são nossos e não são nossos, mas o mais importante é outra coisa: “é o caminho nunca acabar, ou se acabar começar outro”. Jorge Listopad diz-nos que só o estado precário da efemeridade o satisfaz e lhe dá prazer: “o teatro que por vezes dirijo, todas as noites diferente embora o mesmo, até ao seu desaparecimento nos limbos”. Já não era sem tempo a homenagem que lhe fazemos no FATAL 2013, também pelo seu papel no teatro universitário.

TEUC 75 anos. O TEUC marca a história do teatro e da universidade em Portugal. São muitas gerações que aqui encontraram a sua universidade, um outro espaço para pensarem, para se pensarem, para abrirem possibilidades de formação que vão muito para além do ensino escolar. Hoje, sabemos todos que o melhor da universidade está na criação e na maneira como a ciência e a arte se projectam na vida das pessoas e das sociedades. A universidade ou é lugar de cultura e de participação, ou não é nada. O TEUC é um símbolo do melhor que existe na universidade portuguesa. c 6 Em palco

HOMENAGEM DO FATAL 2013 A jorge listopad 7

Biografia livre de Jorge Listopad por Júlio Martín da Fonseca © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Falar de Listopad é celebrar o presente, Paraquedista em território desconhecido, visionar o futuro e honrar o passado. Para estrangeiro entre falantes da mesma língua, além de ser um homem do seu tempo, recolector de fragmentos do real, jardineiro deste tempo histórico, que abrange dois da alma, cozinheiro de receitas secretas, séculos, como se pode comprovar no construtor de pontes e de portas. Umas seu extenso e denso currículo, com ele é abrindo-se para dentro e outras para fora. possível experienciar o que hoje em dia Jorge Listopad é escritor em português poucos sabem ou esquecem, é que na e poeta em checo. Conhecido pelas suas verdade, e particularmente de uma forma crónicas e críticas nos jornais, pelos mais palpável na arte e na cultura, todos os comentários docemente subversivos do tempos se comunicam, e mais do que querer inseparável “Coelhinho” no Jornal de Letras, ser contemporâneo ou intemporal, o que exerce simultaneamente com luminosa talvez seja premente, é procurar, é encontrar, erudição e particular generosidade a escrita e é construir, um outro tempo. Um tempo de prefácios e posfácios para consagrados inaugural, de cumplicidade e atenção, onde e neófitos. Os seus contos são verdadeiras cada um possa saciar a sua sede e mergulhar pedras preciosas, rebuçados mágicos e em liberdade, onde se propicie o nascimento sapientes. É também encenador, realizador de outra coisa, outro lugar, outro olhar, de televisão e professor universitário. porque nos sabemos múltiplos e unos “todo Doutor honoris causa pela Universidade o mundo e ninguém”, mas simultaneamente, de Brno e pela Universidade Carolinum com nome próprio e exigência de fidelidade de Praga, ambas na República Checa, tem a si mesmo. várias condecorações, uma delas pelo seu papel na luta contra a ocupação nazi. 8 Em palco

1 2

8

Imagens gentilmente cedidas pelo Museu Nacional do Teatro

1 .  Cartaz: O Diário de um Louco de Nicolai Gogol, Teatro Monumental (1966). Encenação de Jorge Listopad 2 .  Programa: O Teatro Ambulante Chopalovirch, Teatro Cinearte - A Barraca (1995). Encenação de Jorge Listopad 3 .  Cartaz: Os Sequestrados de Altona, Teatro Municipal S. Luiz (1979). Encenação de Jorge Listopad 4 .  Cartaz: O Anúncio Feito a Maria, Teatro Nacional D. Maria II (1983). Encenação de Jorge Listopad. 7 5 .  Cartaz: Macbeth, Teatro Experimental de Cascais (1988). Encenação de Jorge Listopad 6 .  Cartaz: Fábrica Sensível, Teatro Nacional D. Maria II (1996). Encenação de Jorge Listopad. 7 .  Programa: Manifesto sem Programa Preciso, Teatro da Malaposta (1993). Encenação de Jorge Listopad 8 .  Programa: A Dança da Morte em 12 Assaltos, Casa da Comédia. Encenação de Jorge Listopad. Homenagem do FATAL 2012 a Jorge Listopad 9

4 5 6 3

Nasceu em Praga, onde se doutorou em Filosofia, e Casa da Comédia, o Teatro da Graça – Grupo de Teatro naturalizou-se português, por amor, em 1962. É autor Hoje, o Teatro Experimental de Cascais, a Companhia de de cerca de cinquenta livros de prosa, poesia e ensaio, Teatro de Sintra/Chão de Oliva e a Companhia de Teatro escritos em checo, francês e português e traduzidos em de Almada. Mas sobretudo, sabe como potenciar equipas várias línguas. e criar relações entre pessoas, arriscando na interioridade e na inteligência, num profundo respeito pela dignidade É membro da Associação Portuguesa de Escritores, humana. do Pen-Club International, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Checa de Escritores e da Criou em 1981 o TUT, o grupo de Teatro da Universidade Associação Internacional de Críticos de Teatro. Técnica de Lisboa, que dirigiu até 2008, tendo evidenciado como se pode dar forma a uma realidade teatral Sobre a sua vida e obra foi realizado, no ano 2000, um universitária, de qualidade artística e pedagógica, por filme pelo conhecido cineasta checo Jan Nemec. onde passaram, e continuam a vivenciar esta experiência de compromisso e liberdade, centenas de estudantes e Foi presidente da Comissão Instaladora da Escola dezenas de colaboradores, técnicos e artísticos, que ao Superior de Teatro e Cinema, ainda no antigo longo dos anos têm participado nesta aventura. Conservatório de Lisboa, na Rua dos Caetanos, ao Bairro Alto, e mais tarde em 1998, veio a criar um novo edifício Mantém-se em plena forma, com 91 anos, continuando para esta escola, na Amadora, com projecto do Arquitecto ocasionalmente a estimular e a inspirar viagens teatrais Manuel Salgado. em jovens estudantes de artes performativas, mediante criações e improvisações, nutridas substancialmente Foi Co-director do Teatro Nacional de D. Maria II, Director pela palavra trabalhada e poética, de autores universais e da Sala Experimental e Vogal da Comissão Consultiva do lusófonos que inesperadamente nos assombram. mesmo Teatro entre 1983 e 1986. O seu mais recente espectáculo foi Meu tio o jaguar a Encenou cerca de sessenta peças e óperas na partir de João Guimarães Rosa, apresentado em vários Checoslováquia, França, Alemanha, Suíça e Portugal, onde locais e, por último, na Sala Estúdio do Teatro D. Maria II, recebeu dois Prémios de Imprensa e quatro Prémios da de 14 de Junho a 1 de Julho de 2012. Associação Portuguesa de Críticos de Teatro. Encenador independente, trabalhou com diversos grupos como a Seguramente, seguir-se-ão outros… c 10

Comissão de Honra do FATAL 2013

Manoel de Oliveira, cineasta Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa Catarina Vaz Pinto, Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa Artur Santos Silva, Presidente da Fundação Calouste Gulbenkian Maria João Almeida, Directora do Centro de Estudos de Teatro da FLUL João Marecos, Presidente da Associação Académica da Universidade de Lisboa 11 PROGRAMA 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA

13 Espectáculos em competição 9 Espectáculos Mais FATAL 5 Espectáculos FATAL Convida Masterclass Workshops Performance Apresentação do Concurso Novas Dramaturgias FATAL

O FATAL apresenta, este ano, duas novas categorias na sua programação. Para além de 13 espectáculos em competição, subirão ao palco do Teatro da Politécnica 9 espectáculos inseridos na categoria Mais FATAL, uma oportunidade para grupos não seleccionados para a competição apresentarem em Lisboa as suas encenações, e 5 espectáculos FATAL Convida, categoria que inclui grupos nacionais e estrangeiros convidados a apresentar os seus espectáculos nesta edição. © Hélio Neto © Hélio 12 Em palco Competição 7 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica

GTIST - Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa

Zona

Uma região, uma cidade, um lugar O Autor Artística de Teatro O Bando, desde que está de quarentena e isolado do Criação colectiva 1996. Foi formador do Curso de resto do mundo. É sempre noite, já não Expressão Dramática promovido pelo há luz do dia. Um território que foi O Encenador GTIST e assume, agora, o desafio de ser fechado, que está cercado, ninguém Nicolas Brites (Bruxelas, 1972) iniciou- encenador deste grupo. pode sair nem entrar. Homens e se no teatro, em 1991, através de mulheres estão confinados naquele Cândido Ferreira, tendo frequentado Ficha técnica espaço e não podem abandonar durante quatro anos, as Oficinas de Encenação: Nicolas Brites Texto: aquele território por questões de Teatro na Junta de Freguesia de São criação colectiva Interpretação e co- seguranças desconhecidas. Se calhar João, em Lisboa. Posteriormente, criação: Ana Água, Beatriz Cardoso, foram encerrados por medo de uma estudou Artes Visuais e concluiu, em Carolina Moncada, Daniela Guerra, contaminação qualquer. 1992, o curso de Cinema do Instituto Emanuele Simontacchi, João Valente, Uma carta que chega, vinda do Franco Português. Trabalhou com Mário Miranda, Sandra Subtil, Sara exterior, cria algum rebuliço. Para os criadores João Brites, Cândido Carvalho Ferreira, Tatiana Ferreirim embarcar é preciso passar pelas Ferreira, Raul Atalaia, Gonçalo Amorim, e Vera Menino Espaço cénico: malhas apertadas de um posto Madalena Victorino, Judite Gameiro, GTIST Apoio à corporalidade: Vânia fronteiriço. Os que querem partir são Giaccomo Scalisi, Letticia Quintavalla Rovisco Figurinos: GTIST Desenho e submetidos a um rigoroso inquérito. e Eva Wodjack. Em Macau, trabalhou operação de luz: GTIST Iluminação/ A civilização está em ruínas, moscas na televisão local. Actualmente, para desenho de luz: Nicolas Brites anormalmente grandes proliferam e além do seu trabalho como actor, Fotografia de cena: José Chaves voam em torno dos actores, as falhas divide os seus dias entre a encenação Concepção sonora e sonoplastia: de luz são constantes, a floresta já de algumas produções, a realização Nicolas Brites Coordenação: Daniela avançou e está a engolir o que resta de oficinas de teatro para crianças Guerra Tesouraria: Sandra Subtil daquele território. e a direcção da Associação Cultural Produção: Daniela Guerra, Sandra OfeCena. É cooperante da Cooperativa Subtil e Vera Menino 13 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo papel a representá-la. Num contexto de tumulto social, Ditam as regras que o actor nunca pode dar as costas ao somos impelidos a testar novas fronteiras, a provocar espectador e é com este pressuposto que iniciamos esta uma forma de olhar para o que nos rodeia, a saltar para nossa nova criação. As costas sempre nos atraíram, nós dentro do que nos é desconhecido, ultrapassando os próprios nunca as conseguimos ver, transportam sempre nossos próprios limites para nos conhecermos melhor, um lado oculto, misterioso, enigmático. Que segredos enquanto indivíduos e cidadãos. encerram? Ao mostrarmos o actor de costas também o queremos Propomo-nos aqui trabalhar a representação da figura virar, para que ele volte à sua frontalidade. Viramos o humana de costas, para reflectir sobre os sentidos do actor de frente porque se quer partilhar mais alguma humano em relação ao mundo, com os outros e consigo coisa, porque se tem uma urgência, alguma coisa que se próprio. A perspectiva de omitir ou suprimir o rosto tem absolutamente de dizer, ou simplesmente, para ver o pode envolver a figura em múltiplos enquadramentos que deixa para trás. significativos, podendo revelar diversas interpretações. À semelhança dos últimos espectáculos produzidos Virar costas ao destino que nos traçaram, virar costas pelo GTIST, é importante referir que Zona terá vários para não querer ser mais refém, virar costas para partir, outros elementos enriquecedores. O processo de criação fugir, procurar outro caminho, virar costas para se foi acompanhado por várias pessoas com formação esconder, virar costas porque se tem medo, virar costas em áreas diversificadas, tais como a Vânia Rovisco, para recusar ou porque não nos interessa, virar costas da Arquitectura Actual da Cultura – AADK Portugal para não perder mais tempo, virar costas contra o que Associação que, para além de contribuir para a criação nos é imposto, virar costas porque não se quer ver final, deu formação em Movimento e Corpo. mais. Em qualquer uma destas circunstâncias, a recusa Estes processos de integração de novos elementos no de uma individualização, a posição de um enigma, a espectáculo tornam todo o processo de criação mais revelação de uma fragilidade, servem de pretexto para completo, permitindo trazer pessoas de vários meios com nos questionarmos a nós próprios, enquanto homens ideias muito diferentes e inovadoras, dando uma maior e mulheres que fazem parte de uma sociedade e do seu riqueza e diversidade ao produto final. 14 Em palco Competição 8 MAIO / quarta / 21H30 teatro da politécnica

TUT – Teatro da Universidade Técnica de Lisboa

Antígonas

O Teatro é uma das primeiras fontes aqueles que quiserem mergulhar na O Encenador e últimos redutos de uma leitura nudez do eterno presente e acender Júlio Martín da Fonseca é Doutorando globalizante da realidade humana. com elas uma frágil chama, “Amor, em Artes Performativas pela Nele habita o mistério profundo que Terra Prometida”. Universidade de Lisboa, Mestre em impulsiona o emergir de cada gesto Arte e Educação pela Universidade e de cada palavra, ainda sem língua Aberta e Licenciado em Teatro e própria. Palavra que se faz carne, e se Os Autores Educação pela E.S.T.C – Escola Superior faz alma, como Antígona. Sófocles (496 AC-406 AC) Um dos de Teatro e Cinema. Antígona, dádiva grega, acompanha- grandes representantes do teatro grego Em 2008 tornou-se Director Artístico -nos há mais de dois mil e quinhentos antigo, a par de Eurípedes e Ésquilo. do TUT onde iniciou a sua carreira anos, como um testamento feito como actor, dirigido por Jorge Listopad, testemunho ao longo da viagem da Jean Anouilh (1910- 1987) Brilhante sendo de destacar Segismundo na nossa civilização ocidental. artífice teatral, a sua obra reflecte um Torre de Belém segundo A Vida é Antígona tem o perfume de uma notável pessimismo sobre a condição Sonho, de Calderón de la Barca. A santidade laica que reacende em nós a humana. sua estreia profissional aconteceu consciência da condição humana, que no Teatro Nacional D. Maria II, com a se pode elevar corajosamente acima Bertolt Brecht (1898—1956) Os peça O Anúncio feito a Maria de Paul da sua efémera fragilidade. Assim é seus trabalhos artísticos e teóricos Claudel. Trabalha como Coordenador o Teatro, nomeadamente, o Teatro influenciaram profundamente o Pedagógico da Licenciatura em Artes Universitário. teatro contemporâneo. Performativas da ESTAL - Escola Agora, Antígonas de vários autores Superior de Tecnologias e Artes – Sófocles, Jean Anouilh, Bertold Maria Zambrano (1904-1996) filósofa de Lisboa, desde 2011. Como actor Brecht, Maria Zambrano - e situadas e escritora espanhola, foi a primeira e encenador, está ligado ao Teatro em épocas distintas irão coexistir, mulher a ser agraciada com o Prémio Zéphyro, Teatro do Ourives e Teatro dialogar e conduzir livremente todos Miguel de Cervantes (1988). Maizum, dirigido por Silvina Pereira. 15 © Joana Saboeiro © Joana

Processo criativo e cívicas, assim como à apresentação de um espectáculo, Desde a sua fundação, em 1982, que o TUT – Teatro da normalmente no mês de Maio. Universidade Técnica de Lisboa, tem mantido um ritmo de Foi desta forma que surgiu, neste momento histórico dois encontros semanais, às segundas e quintas-feiras. De que vivemos, o sentimento profundo e intemporal de Outubro a Dezembro, o grupo dedica-se ao acolhimento que todos somos Antígona, explorando o mistério da de novos elementos e à sua integração na dinâmica existência humana e a fonte matricial da justiça, na “tutiana” através de um trabalho de consciencialização e descoberta das nossas relações como seres sociais. formação teatral, que desenvolve também a criatividade, a No desenrolar do processo, apercebemo-nos que capacidade de comunicar e criar relações, a compreensão seria enriquecedor juntar ao texto de Sófocles outras da Cultura e o estabelecimento de conexões, entre o ressonâncias, mais próximas de nós, deste tema tão pensamento e as emoções, as artes e as outras disciplinas. amado. Surgiram, assim, as versões de Jean Anouilh e de Sem processo de selecção, o TUT vai incorporando Bertolt Brecht e impôs-se, pela sua beleza penetrante, estudantes portugueses e Erasmus, de Licenciatura, a peça da filósofa Maria Zambrano. Seguidamente, Mestrado e Doutoramento, provenientes de vários Cursos privilegiando o processo de desenvolvimento pessoal, mas Superiores da actual Universidade Técnica de Lisboa, com um sentido de grupo, cada um/ uma foi convidado aos quais se juntam Investigadores e Professores, o que a escolher a personagem e/ ou a função que gostaria de proporciona um pulsar vivencial universitário. desempenhar. O grande número de elementos do grupo A partir de Janeiro, de uma forma flexível e fluída, com permitiu desdobrar cada uma das personagens da peça todos os elementos que queiram participar, e em função por diferentes actores e actrizes, criando cambiantes dos interesses e inquietações do grupo, vão-se lançando reveladores da complexidade das várias personagens. desafios e estimulando a inspiração através de leituras A planificação dos ensaios incidiu prioritariamente no colectivas, diálogos alargados e exercícios de improvisação trabalho dramatúrgico, que ia sendo testado em cena, e que despoletam o imaginário e geram caminhos de posteriormente focalizou-se, em simultâneo, no trabalho experimentação. O TUT visa também corresponder ao de actor e na plasticidade do movimento colectivo, convite de participação em várias iniciativas universitárias indutor e criador de paisagens corporais.

Ficha técnica Encenação: Júlio Martín da Fonseca Texto: A partir de Sofócles, Jean Anouilh, Bertolt Brecht e Maria Zambrano Interpretação: Ana Cristina Martins, Ana Nunes, Ana Rita Pires, Ana Tang, Andreia Pinto, António Costa, Catarina Severino, Célia Santiago, Diogo Consciência, Elisabete Chambel, Inês Roque, Joana Apolónia, Joana Lérias, João Nabais, João Pires, José Figueiredo, Luís Miranda, Luís Oliveira, Manuel Vieira, Maria Freitas, Maria Inês Roque, Mariana Yuan, Miguel Carralas, Nuno Augusto, Nuno Cortez, Nuno Pereira, Paula Bettencourt, Raquel Veloso, Sofia Scheltinga, Susana Pereira Tradução: e Dramaturgia: Júlio Martín da Fonseca e Manuel Vieira Apoio Técnico de Corpo e Voz: Manuel Vieira Guarda-roupa: Luís Mesquita Desenho de Luz: José Carlos Nascimento Direcção de produção: Manuel Vieira e Nuno Cortez Produção: TUT 16 Em palco Competição 9 MAIO / QUINTA / 21H30 teatro da politécnica

Sin-Cera – Grupo de Teatro da Universidade do Algarve

Cidade Autoada

Humanos de veludo, doutorados em Uma criança servirá o propósito dos O Encenador pedra queimada seus pais? Rui Cabrita (1978) completou a Habitam ramos secos vivazes que não Há sempre quem perceba que o sua formação no II Curso Técnico enxergam veludo de um casaco é a pele de um Profissional de Actores, Animadores Entretidos na forma das letras vazias outro irmão. e Técnicos Teatrais ministrado pela Encerram-se em cúpulas estéreis de Para esses a mesma erecção - Auto! ACTA (A Companhia de Teatro sabedoria do Algarve). Tem trabalhado com Teatralizam opiniões, posições, companhias teatrais tais como a ACTA argumentações O Autor (Faro), o AL-MaSRAH (Tavira), A Gaveta Unem-se nos medos e na esperança Mário de Cesariny de Vasconcelos (Portimão), o TAL (Teatro Análise de cega de resolverem os seus apetites (1923-2006) foi um grande poeta e Loulé), o Penedo Grande (Silves) e com manipulados pela sua natureza crua pintor português. Formado pela várias companhias de dança, entre elas Um jogo do galo viciado Escola de Artes Decorativas António a Amalgama (Sintra), a Devir (Faro) e Que não param de jogar em nome da Arroio, frequentou a Academia de a Dancenema (Portimão). Fundador e grande obra La Grande Chaumière em 1947, em dirigente do Corpo Cénico Pipempé, Que não serve ninguém Paris. Integrou o Grupo Surrealista tem como objectivo colaborar em Rebola um grande auto pela cidade de Lisboa e fundou, posteriormente, projectos de outras organizações Que Cesariny lhe chama Jerusalém o Grupo Surrealista Dissidente. A e promover a participação e o Talvez venha daí… Talvez venha ainda sua escrita é marcada pelo recurso enriquecimento artístico entre pares, da aldeia que lhe antecedeu… talvez ao absurdo, à ironia e ao humor pretendendo, deste modo, ultrapassar venha do ventre do primeiro homem… reflectidos em figuras e mitos dificuldades estruturais no contexto Mas… consagrados da cultura portuguesa. actual da criação e alcançar uma Um líder servirá um povo inteiro que maior qualidade cultural. Iniciou a sua é o seu? formação no SIN-CERA, com Pedro Wilson. 17 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo ressurgir e que toda a intelectualização de um esquema Iniciámos com a partilha da mesma linguagem. Corpo, de mensagem passaria pela maior importância de uma esqueleto e respiração com a consequência activa do alma uníssona e diferenciada de entreajuda sensível para músculo da emoção. Formámos personagens próximas do contarmos esta estória. O som veio relembrar-nos que o imaginário e das vontades de cada um. momento de contacto e comunicação seria épico e único Encontrámos um texto actual de Cesariny com o qual e que, fundamentalmente, queremos fazer teatro para explorámos a sua leitura e iniciámos o cruzamento comunicar tudo num só gesto que até se poderá repetir das nossas ideias com o texto desinteressado e real durante toda a representação. Mas a riqueza dos nossos que a percepção do Mário criou. As pontes começaram seres e a chegada do tempo de dizer superaram todas as a envolver-se e distribuímos por todos as mesmas marcações, técnicas, ou preconceitos adquiridos, numa personagens de modo a termos a compreensão crítica formação própria e limitada. Quisemos atingir a verdade de toda a consciência social que se envolvia no caminho. honesta do tempo em que vivemos. De uma forma Descobrimos um início e queríamos um fim em palco artística, sucinta e universal. Foi necessário passar pelo para ressuscitar novos inícios. Focámo-nos, portanto, no caos. Pela adrenalina suave de uma amizade posta em caminho. A compreensão dos quadros já escritos e do causa. Reformular valores simples. E escolher livremente alinhamento dos momentos nossos. o que queremos. E, no fim, percebemos que, mais Passámos à fase obscura de fazer de um texto o nosso importante de tudo, somos nós em palco que decidimos corpo, a nossa alma, a nossa voz. Chegámos à forma a urgência da comunicação, da partilha, da cumplicidade, descoordenada de não saber qual seria a nossa voz e qual da maturidade, do entreaberto, da dúvida certeira para seria a voz do outro (que seria a nossa). Todos podíamos continuar. A catarse é procurada novamente pelo meio ser todos. Mas a vontade de definição e afirmação, ditou teatral para não querermos nada do que fizemos. Para que, naturalmente, compreendêssemos que, se queríamos querermos tudo diferente. Tudo melhor. Este foi o ir para palco, teríamos de nos olhar de outra forma. processo da criação. A o que chegámos? O público terá Nesta altura percebemos que o corpo intuitivo teria de uma palavra a dizer.

Ficha técnica Encenação: Corpo Cénico Direcção artística: Rui Cabrita Coordenação dramatúrgica: Fernanda Cabrita Texto: Mário Cesariny Interpretação: Maria, Ângela, Élia, Tânia, Kamini, Ana, Fernanda, Portugal, Isabel, Xana, Luísa, Eduardo, Luís, Lúcia, Helena, Joana, Bruno Convidada Especial: Cira De Luque (Espanha) Figurinos: Ângela Lourenço Imagem e Adereços: Tânia Guedelha Direcção Técnica: Manuel Alão Sonoplastia: António Sérgio Pesquisa: Raquel Ceriz Iluminação Cénica: Lúcio Inácio Operação de Luz: Severine Guerreiro Cenografia: SATORY Concepção: Rui Cabrita Estudo arquitetónico: Rui Farinhó Execução técnica: Sebástian Produção: SIN-CERA Direcção: Portugal Assistente: Élia Ramos Acabamentos: António Sérgio Cenografia viva: Ana Covadonga 18 Em palco Competição 10 MAIO / SEXTA / 21H30 teatro da politécnica

CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra Universidade de Coimbra

Aquário

Teresa era uma menina bonita O Autor Incesto (2011) e Retalhos (2009/08), e obediente. Das barbatanas nasceram Criação colectiva. representando Portugal no Fringe/ mãos. Da guelra fez-se goela. Macau’09. Instigada pela investigação Teresa era uma menina bonita e O Encenador da companhia Piesn’Kozla e pelo obediente. Era. Já não é. Catarina Lacerda nasceu no Porto trabalho de docente de movimento em 1981. Concluiu a sua licenciatura na ESMAE, desenvolve, desde 2006, com distinção em 2004 em Estudos pesquisa na área do corpo e da voz. Teatrais na ESMAE (Escola Superior Em 2009, co-fundou a CulturDANÇA de Música e das Artes do Espectáculo) – escola de danças. Aquário é a e foi agraciada com o prémio Eng.º primeira direcção artística que António de Almeida que premeia o assume com o CITAC. aluno com a melhor classificação. Em 2005 co-fundou o Teatro do Frio, no Porto, onde dirigiu a direcção artística de Comer a Língua (2013), 19 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Ficha técnica Ao início eram 16 pessoas e uma caixa negra. Só depois Criação colectiva com encenação de: veio o verbo e a respiração. Da respiração cresceram Catarina Lacerda Interpretação: Ana vozes, braços, pernas, pés, mãos, cabeça, sentires. Ainda Lagoa, Ana Filipa Pinto, Diana Lopes, crescem. Propusemo-nos a reflectir sobre princípios Dina Paz, Filipa Sousa, Guilherme éticos e valorativos da democracia em que vivemos. Pompeu, Inês Santos, José Pedro Vivíamos. Enquanto isto, desenvolvemos a escuta física Andrade, Luís Guiomar, Luís Zari, ao outro. Inspiramo-nos em semideuses e anti-heróis e Nuno Roque, Ricardo Batista, Rodrigo organizamos um guião. Entre a luz e a escuridão, a sombra Crespo, Renan Delmontt, Rodrigo e o contra luz, o olhar atento de alguns pares, aplicámos o Ribeiro, Valeria Fazzi Desenho de luz: conceito de luz à dramaturgia que ora manipulamos ora Guilherme Pompeu Sonoplastia: José nos manipula. O que une as partes deste guião improvável Diogo Silva continua a ser o que nos traz aqui, a esta caixa negra, Operação de luz: Anabela Ribeiro noite após noite, a ser um dezasseis avos de um todo Operação de som: Pedro Fernandes unificado, nesta primavera de 2013. O indizível. Produção: CITAC 2013 (financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian). 20 Em palco Competição 11 MAIO / SÁBADO / 21H30 teatro da politécnica

TUP – Teatro Universitário do Porto Universidade do Porto

Medeia de noitardecer

Nunca ninguém me quis ouvir. O Autor e Encenador Ficha técnica Eu tentei parar isto tudo. Não Raquel S. nasceu em Viana do Castelo Texto e encenação: Raquel S. houve nada a fazer, o que tem de ser em 1986. Viveu em Monção até 2004, Assistência de Encenação: Nuno encontra caminho. Ela só sabe chorar, ano em que se mudou para o Porto Matos Interpretação: Ana Margarida só sabe chorar, a Medeia. Só tenho para estudar Filosofia e, depois, Pinto, Athos Martins, Catarina Vaz, a certeza de que todos temos culpa. Literatura. Em 2010, fez o Curso de Filipa Alves, Gonçalo Albuquerque, Agora, já ninguém pode fazer nada. Iniciação à Interpretação do TUP e Hélder Oliveira, Inês Gregório, Joana Está feito. Está feito. Está feito e não é, desde 2011, Presidente da Direcção Mont ‘Alverne, Magui Costa, Sérgio há como voltar atrás. do grupo. Integrou o elenco e co- Sá Cunha e Tiago Martins Desenho escreveu A Espera, encenado por Inês de Luz: José Nuno Lima Cenografia: Gregório e Nuno Matos, vencedor do Vasco Costa Música e Desenho de Prémio FATAL Cidade de Lisboa 2012. Som: Pedro Pestana Figurinos: Ana Isabel Freitas, Hugo Bonjour e Sofia BarbosaOperação de Luz: Mariana Figueroa Produção: Gonçalo Gregório e Nuno Matos Apoio Técnico: Eduardo Brandão Design: Nuno Matos Agradecimentos: ACE, Catarina Lacerda, Elena Castro, Glória Cheio, Margarida Pinto Cabeleireiros, Margarida Wellenkamp e Panmixia Associação Cultural Apoios: Reitoria da Universidade do Porto, Fundação Calouste Gulbenkian, IPDJ, Visualight, Delta Cafés, Faço Tudo – Américo Castanheira e Museu do Carro Eléctrico 11 MAIO / SÁBADO / 21H30 21 teatro da politécnica © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Deve haver um motivo para a luz pequena que apareceu sempre sobre esta palavra. Notas nas margens, notas em cadernos. Repetia-se: Medeia. Depois saiu pela boca, pelas mãos, pelos olhos. Sobretudo pelas mãos. O texto apareceu. Mas não tinha a certeza.

Há alguma coisa em matar os filhos que tem a ver com isto. Com certeza. Há alguma coisa certa numa coisa que acontece. Há alguma coisa no amor que tem a ver com culpa. Há alguma coisa em sobreviver que tem a ver com culpa. Porquê a Medeia? Não tinha a certeza.

Os actores mostraram-me os lugares que os personagens deviam tomar, o que acontece a esta gente. Mostraram-me o que eu tinha escrito, o que lhes tinha dito, mostraram- me muitas vezes que não tinha razão. Mostraram-me o que acontece quando se acorda as coisas que vivem debaixo das pedras. Mostraram-me que um personagem não se veste: arranca-se. Mostraram-me que eu nunca podia ter certeza. E deixei de querer ter certeza.

Raquel S. 22 Em palco Competição 13 MAIO / segunda / 21H30 teatro da politécnica

NOSTER - Grupo de Teatro da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa Num país onde não querem defender os meus direitos, eu não quero viver

Michael Kohlhaas é um negociante O Autor Escola Superior de Teatro e Cinema do de cavalos que necessita de passar Jorge Silva Melo (1948) estudou Instituto Politécnico de Lisboa e fez pela propriedade de um Barão com na London Film School. Fundou formação artística com João Mota e alguns animais. É-lhe pedido um e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, António Torrado na Fundação Calouste salvo-conduto, que não tem, para que o Teatro da Cornucópia (1973-79). Gulbenkian. Professor de Escrita possa atravessá-la, deixa dois cavalos Estagiou em Berlim, junto de Peter Criativa e de Escrita para Teatro, como garantia. Quando retorna para Stein, e em Milão, junto de Giorgio dramaturgo e encenador é colaborador reaver os seus cavalos, descobre que Strehler. É autor das peças António, de Atrás da Máscara, programa da RDP estes estão muito magros e foram Um Rapaz de Lisboa, O Fim ou Tende África e da Sercultur, Canal Cultura maltratados. Faz queixa, exige justiça. Misericórdia de Nós, O Navio dos do Sapo. Foi distinguido com o Prémio Negros, entre outras. Fundou em Nacional das Artes do Espectáculo 1995 a sociedade Artistas Unidos da Maria João Fontaínhas, em 2010, com qual é director artístico. Realizou Volley. Tendo recebido uma Menção as longas-metragens Passagem ou Honrosa INATEL/ TEATRO - Novos A Meio Caminho; Ninguém Duas Textos, em 2005, com Até Amanhã!, Vezes; Agosto; Coitado do Jorge; ganhou o Grande Prémio INATEL/ António, Um Rapaz de Lisboa e vários TEATRO - Novos Textos em 2007 e documentários. Traduziu obras 2008, com 7 (sete) e Chove sempre em de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Agosto, respectivamente. Recebeu, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Heiner ainda, a distinção João Osório de Müller, Harold Pinter, entre outros. Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico, em 2008. Foi seleccionado na área O Encenador Novíssima Dramaturgia Portuguesa, A. Branco, mestrando em nos Encontros de Novas Dramaturgias Artes Performativas, concluiu Contemporâneas, em 2010, com Isto especialização em Escritas de Cena, na não é um jogo. 13 MAIO / segunda / 21H30 23 teatro da politécnica © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Ficha técnica Vi Num país onde não querem defender os meus direitos, Encenação e versão cénica: A. Branco eu não quero viver feito apenas por um actor, Paulo Claro, Texto: Jorge Silva Melo (a partir de para quem Jorge Silva Melo adaptou a texto dramático a Michael Kohlhaas, de Heinrich von novela Michael Kohlhaas de Heinrich von Kleist. Havia Kleist) Dramaturgia: A. Branco, Joana nele qualquer coisa, sobre aquele homem que procurava Liberal, Paulo Muacho Produção: justiça, que exercia um enorme fascínio no público, que o Noster e AEFCH UCP Produção tocava, que o dividia. executiva: Isabel Teles de Menezes Interpretação: Inês Chambel, Isabel Queria voltar a ele, mas já não como espectador. Teles de Menezes, Joana Liberal, Finalmente consegui. João Quiaios, Mariana Ramos, Margarida Cunha, Paulo Muacho e Partimos de uma versão cénica do texto, já não para um Ruy Rodrigues Luzes: Susana Reis actor mas para oito actores, que fomos trabalhando e Silva Apoio: Fundação Calouste depurando, com algumas incursões à novela original em Gulbenkian. alemão, até chegar ao resultado final.

Trabalhar tendo por base uma boa peça não é sinónimo de se produzir um bom espectáculo, mas ousámos criar um espectáculo que deixasse “respirar” e, ao mesmo tempo, pudesse “amplificar” este texto fortemente narrativo, de múltiplas ambiguidades e de uma actualidade desarmante. Tentámos!

A. Branco 24 Em palco Competição 14 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica

NNT – Novo Núcleo de Teatro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa

Eu disse AGORA não disse AMANHÃ DEPOIS ONTEM

Quem seria se pudesse ser? Onde iria O Encenador Ficha técnica se pudesse ir? O que é que estamos Tiago Vieira, formado pela Escola Encenação: Tiago Vieira Autor: a dispostos a fazer pelos nossos sonhos? Superior de Teatro e Cinema, tem partir de Samuel Beckett e outros Por que dias esperamos? Que dias encenado, desde 2008, vários autores Interpretação: Elói Barros, desejamos? Que dias queremos espectáculos nos contextos do teatro Daniel Mendes, Eduardo Foster Silva, construir? Será possível um futuro, universitário e do teatro profissional. Joana Mendes, Mariana Queiroz, se tudo cai das minhas mãos? Será Da sua formação faz igualmente parte Miguel Stichini Dramaturgia, possível um futuro, se eu já não sei a participação em diversos workshops Coreografia: Tiago Vieira Cenografia, se é de dia ou de noite? “O passado dá realizados no Teatro Praga e orientados Figurinos: Tiago Vieira Música: Tiago à costa” escreveu Heiner Müller. Por por profissionais como Olga Mesa, Vera Vieira Vídeo: Joana Mendes, Tiago vezes ignoramos o passado; vivemos Mantero, Susana Vidal, Miguel Moreira Vieira, Elói Barros, NNT Fotografia: na ilusão do presente; esperamos e Meg Stuart. Mais recentemente, Carolina Thadeu Produção: NNT por um futuro completamente destaca-se o trabalho extracurricular Parceiros: Associação Artes e controlado por nós. Parar ou avançar? que realizou com alunos de 1.º ano da Engenhos AQUI? ONDE? QUANDO? HOJE? Escola Superior de Teatro e Cinema AMANHÃ? O amanhã, os dias do IPL, bem como as encenações de seguintes, os dias que estão por vir são Escombros de antigas catedrais e Hoje hipóteses, mas o corpo, esse, continua não amanhecerá, a partir de Al Berto, na vertigem violenta, num estado apresentadas na Casa Conveniente. Do poético e patético. Exausto. Alguém seu percurso profissional, destaque- lê Beckett numa estação de comboios se, ainda, o trabalho que realizou com e de repente a boca desaparece. As a encenadora Mónica Calle. Integra, respostas são eternos esboços. actualmente, A Latoaria, um novo espaço de criação localizado na Graça, em Lisboa. 25 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo aberto. O espectador é convidado a criar a sua própria O corpo é a principal matéria. No corpo encontram-se dramaturgia, a estabelecer uma relação livre e pessoal memórias, biografia, ficções, relações, reminiscências. com o espectáculo. O espectáculo na verdade não é um O corpo como conceito. O corpo como carne. O corpo espectáculo, é um encontro, um acontecimento, um exausto. O corpo cansado. O corpo que compreende, que momento partilhado, um momento que se pretende falha, que ultrapassa, que decide. O corpo como lugar, inesquecível. Numa época em que facilmente se esquece identidade, pátria. O corpo como revolução, revelação, das coisas, se altera, se modifica, se anula, se deita fora, exposição. O corpo. O corpo do performer. O performer talvez a Arte seja o último lugar possível do eterno e da como agente activo de criação. O performer como memória. O Teatro é um momento indiscutivelmente dramaturgista, cenógrafo, figurinista, produtor, actor, único. O Teatro enquanto espaço do corpo que se revela bailarino. O performer estabelece relações pessoais com através de palavras que expressam intenções. O Teatro aquilo que está a produzir artisticamente. O performer que não procura explicações mas intenções. A intenção é capaz de olhar a realidade de uma forma “extra-real”. como motor de criação artística. A intenção como O quotidiano torna-se onírico. A utopia revela-se uma espaço de questionamento. O TEATRO-PERGUNTA e possibilidade. O performer começa a acreditar em coisas não o TEATRO-RESPOSTA. O Teatro que deambulando que não acreditava e ri-se disso. O performer fotografa, pelo ridículo revela o trágico. O Teatro enquanto filma, escreve, lê e relê, sublinha, edita, selecciona, deita espaço do EU-ARTISTA. O Teatro como expressão fora, volta ao que deitou fora, selecciona, deita fora outra biográfica, ficcional, autobiográfica, “bio-ficcional”. O vez, cansa-se, irrita-se, pensa em desistir, regressa, ri-se, Teatro como Erro. O Teatro como tentativa. O Teatro surpreende-se, desenha, mapeia, tem dores nas pernas, como REcomeçar, REdescobrir, REpensar, REescrever. nos braços, nos pés. O performer avança sem saber porquê O Teatro onde o corpo no encontro com as palavras mas avança. Avança porque numa determinada altura tem procura a Dança. O TEATRO REVOLUÇÃO. O TEATRO que se avançar. Constrói-se um espectáculo. Procuram-se MANIFESTO. O TEATRO MOTHERFUCKER. O TEATRO personae como símbolos perversos, sonhadores capazes DO CORPO. CONFRONTO. Os corpos confrontam-se. de destruir, matéria de violência poética, seres patéticos, Procuro o confronto porque a apatia é insuportável, a organizadores de festas, corpos guerra, corpos apocalipse, preguiça é, acima de tudo, falta de inteligência. Há coisas corpos eróticos, corpos ridículos, corpos que tentam fazer que me incomodam. Coisas que me emocionam. Coisas teatro. O performer tenta fazer teatro desconstruindo o que amo. Coisas que perco. Coisas que são segredos. O teatro, reescrevendo a história, revelando restos da sua Teatro como espaço do segredo elevado a grito. Porque própria história. O performer lê e relê. O performer rouba é que fazemos Teatro? O que é que procuro no Teatro? palavras aos dramaturgos e constrói a sua dramaturgia. Porque é que o Teatro faz sentido? São perguntas às Uma dramaturgia que não procura respostas, mas, sim, quais procuro responder agindo. perguntas. Uma dramaturgia que vive de fragmentos, que corrompe a narrativa, que procura um discurso Tiago Vieira 26 Em palco Competição 15 MAIO / quarta / 21H30 teatro da politécnica

GTL – Grupo de Teatro de Letras da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Aldrabices

Um Ministro da Cultura que foi O Encenador Chefe da Polícia Secreta e não vê José Ávila Costa (Açores, 1952) contradição entre estes dois papéis; estreou-se como actor no Teatro o teatro que mata e morre; um bebé Experimental de Cascais, em 1978. que não quer nascer, concebido com Leccionou no Instituto de Formação a nata dos grandes negócios e das Investigação e Criação Teatral mentiras; um manifesto a favor da (IFICT), no Chapitô e tem dado Justiça: “it is just despachar e toca a formação na In Impetus. Em 1981, andar”. No campo do “faz de conta” da concluiu a sua Formação de Actor no justiça, estes são alguns dos sketches Conservatório Nacional de Lisboa e compostos por vários autores a trabalhou no Teatro da Cornucópia, partir de Conferência de Imprensa na Companhia Nacional de Teatro de Harold Pinter. Apresentados Popular e no Teatro Maizum. Em numa linguagem desbragada e até 1983 integrou, como actor, o Grupo de mesmo cruel, constituem uma crítica Teatro de Letras (GTL), tornando-se mordaz e satírica sobre a actual orientador do grupo. Há vinte anos realidade política cujas aldrabices, que encena o GTL, o mais antigo independentemente da língua grupo de teatro experimental na materna, se mostram equiparáveis e Universidade de Lisboa. sem fronteiras. 27 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Ficha técnica Em Setembro do presente ano procuraram-se novos Direcção Artística e Encenação: alunos para engrossar as fileiras do GTL. Daí, após um Ávila Costa Interpretação: Catarina processo de selecção, os valorosos presentes sabiam Brites; Hugo Silva; João Bicho; João que enfrentavam o desafio da construção de pequenos Pereira; Mariana Amorim; Rita sketches que se pretendiam dinâmicos, críticos e actuais. Liberal; Vivian Neves Apoio Corpo: Após um processo de aprendizagem e de conhecimento João Nascimento Apoio Geral: do corpo, é necessário o conhecimento do texto e da voz Marisa Manarte e Jorge Completo de cada um, pelo que, regularmente, se propõem e lêem Desenho de Luz: Ávila Costa textos. Sonoplastia: GTL Fotografia: Flávio Assim, a partir de uma quase não conferência de Filho Desenho Gráfico: Flávio Nunes imprensa, nascem 21 novos textos que viajam pelos Produção: Inês Luís meandros da sociedade subvertida. Procuram-se as personagens na voz, no corpo, nos gestos e trejeitos próprios de cada um. A montagem final consistiu no encontro certo do encadeamento de energia. Isto num processo que, apesar de construído, não está terminado, pelo que a actual apresentação continua a beber do dia-a-dia e do input dos espectáculos, de modo a construir algo sempre melhor. 28 Em palco Competição 16 MAIO / quinta / 21H30 teatro da politécnica

GrETUA – Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro

Liberdade ou morte

A partir das leituras de Le Contract O Autor Entre os seus últimos trabalhos, Social de Jean Jacques Rousseau e Os textos da peça são o resultado em 2010 e 2011, encontra-se Rossio, de Theory of Moral Sentiments de de criações dos próprios actores sob no Teatro Viriato, O Apartamento, Adam Smith, esta criação teatral gira a orientação do encenador. Serão, pela companhia Tenda, em Lisboa em torno de uma revolta popular ainda, citados alguns textos de e Europa, espectáculo do grupo numa povoação nos meados do século autores como Brook, Brecht, Artaud, Teatro da Academia distinguido com XIX em diferentes espaços cénicos: entre outros. o Prémio do Público FATAL 2010. A Estalagem, Caserna, Mercado, Palácio, sua encenação de Woyzeck, de Georg Escritório, Casa senhorial e, no meio Büchner, valeu-lhe o Prémio FATAL disto tudo, está escondida uma mina O Encenador 2012. de água, fonte de toda a intriga. Jorge Fraga, actor, criador teatral, dramaturgo e professor de Artes Performativas, desenvolve, desde 1974, um trabalho regular de formação e produção de espectáculos com grupos de teatro universitário, de teatro comunitário, grupos amadores e grupos profissionais. É director artístico do Teatro da Academia desde a sua formação. 29 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Ficha Técnica A concepção e construção deste espectáculo baseou-se no Encenação e concepção cénica: conceito de teatro experimental, tal como deve acontecer Jorge Fraga Texto: vários autores no teatro universitário (assim o entendemos todos). Nesse Interpretação: Andrea Fernandes, sentido, partiu-se para um processo de trabalho colectivo Barbara Correia, Beatriz Mano, de grande liberdade criativa ao nível dramatúrgico. Carolina Lobão, Cláudia Dantas, Depois de atribuídas as personagens pelo encenador, a Daniel Teixeira, David Dias, Fábio maioria dos textos resultou de um aglomerado de criações Maricato, Henrique Portela, Joana dos próprios actores com a orientação do encenador. Este Vidal, João Peixoto, Margarida processo teve início em Dezembro de 2012 e estendeu- Afonso, Mercedes Fernandes, Nuno se até Abril, tendo adoptado, em parte, um carácter de Jordão, Rita Carmona, Rita Moniz, residência artística. Rui Ribeiro, Teófilo Monteiro, Teresa Pereira, Tiago Castro, Tiago Freitas, Vera Freire, Viviane Runa Cenografia e figurinos: GrETUA Sonoplastia: Alexandre Castro Técnico de luz: Pedro SottomayorTécnico de som: Alexandre Castro Produção: GrETUA 30 Em palco Competição 17 MAIO / sexta / 19H00 teatro da politécnica

Máscara Solta – Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Presas

A partir de textos originais de Ana nos tornaremos. No meio de tentar Tiago Moura licenciou-se em Catarina Ramalho e Tiago Moura, o desvendar a razão por detrás da sua Línguas, Literaturas e Culturas espetáculo Presas encontra-se com clausura, ambas as personagens (Plano Monodisciplinar de Inglês) o espectador no lugar-comum da buscam conforto no iminente em 2009, terminando, em 2011, o clausura, seja ela explícita nos corpos aparecimento de um salvador. Mestrado em Estudos Literários, das personagens e nas suas acções ou Culturais e Interartes, no Ramo de subentendida nos seus testemunhos: Estudos Comparatistas e Relações a uma rede social, a um sítio fora do Interculturais, com uma dissertação comum, a uma relação impossível, a Os autores e encenadores sobre o testemunho do trauma na um futuro que nunca parece avançar. Ana Catarina Ramalho licenciou-se obra dramática de Sarah Kane. em Línguas, Literaturas e Culturas O ar cansado das minhas roupas, - Plano Monodisciplinar de Inglês - de Ana Catarina Ramalho, é uma em 2009, terminando, em 2012, o Ficha técnica abordagem graciosa ao nosso Mestrado em Estudos Literários, Encenação e dramaturgia: Ana quotidiano de consumismo rápido e Culturais e Interartes no Ramo de Catarina Ramalho, Tiago Moura indolor, que na era da informação vê a Estudos Comparatistas e Relações Produção: Cláudia Consciência, Paulo comunicação pessoal ser lentamente Interculturais, com uma dissertação Brás Interpretação: Ana Catarina substituída por mecanismos sobre Natália Correia e o mito de Don Ramalho, Sandrine , Tatiana tecnológicos que vendem a promessa Juan na peça D. João e Julieta. Viu Ribeiro de uma vida facilitada. encenadas pelo TIPO (Teatro Inédito do Porto), em 2011, duas peças originais Alguém olhará por nós, de Tiago no Hardclub. Participou no Atelier 200 Moura insere-se nesse momento promovido pelo Teatro Nacional São das nossas vidas, em que estamos João e é, actualmente, actriz no grupo presos ao que fomos e ao medo do que de teatro amador Sabor a Teatro. 31 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo Criativo iminente aparecimento de um salvador». A genealogia de textos sobre pessoas presas (poder-se-ia mesmo precisar O Testemunho na era da informação «mulheres») e sobre pessoas à espera é interminável (o momento da espera é, aliás, outro denominador comum Como é que ter nascido num carrossel a ambas as peças breves), fazendo com que o exercício de te mudou enquanto pessoa? memória perpetuado por ACR/AON se deixe facilmente contaminar por referências e citações exteriores ao O espectáculo Presas, apesar de composto por duas peças discurso. autónomas, O ar cansado das minhas roupas, seguido de Alguém olhará por nós, assume-se como um único objeto Isto acontece, de resto, na sinopse da autora: “Fernando artístico, o segundo espetáculo do ano letivo 2012/13 do Pessoa escreveu que “há um tempo em que é preciso Máscara Solta. abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo” e que só assim conseguiríamos ter a capacidade de Em O ar cansado das minhas roupas (ACR), fica-se preso a nos vermos para lá de nós mesmos. ACR é uma abordagem uma rede social. Em Alguém olhará por nós (AON), fica-se graciosa ao nosso quotidiano de consumismo rápido e preso numa roda gigante. Os movimentos em palco são, indolor, que na era da informação vê a comunicação pessoal por isso, extremamente controlados, e condicionados pelo ser lentamente substituída por mecanismos tecnológicos próprio espaço de exílio (compensa-se a prisão virtual com que vendem a promessa de uma vida facilitada”. Esta um cenário realista, a prisão concreta com um cenário facilidade da troca de informação online é, contudo, conceptual). Não que estejamos perante um drama estático pervertida pela própria escrita: na verdade, Pessoa não é (a não ser que pensemos o estatismo enquanto parte autor de tal citação, tratando-se apenas de mais um caso de integrante de uma coreografia, a ausência de movimento falsa atribuição de autoria – a alusão ao poeta plural só não como uma forma, entre outras, de movimento), mas, se em é vazia de significado porque se passa performativamente trans-, a retrospetiva que constituiu o primeiro espectáculo do referencial ao autorreferencial. da dupla para o Máscara Solta, o jogo cénico dependia não só de referências a passagens, mortes e meios de transporte Numa situação traumática, porém, a identidade sofre como do movimento do público que, por diferentes espaços um processo de descentralização, deixando de ser da Faculdade de Letras, atravessava os dez primeiros anos rigorosamente possível pôr por palavras (de forma do grupo, não será por acaso que os quadros de ACR/AON realista) o que está em contacto mais íntimo com o nosso são encenados numa galeria de arte. corpo. Tenta-se, por isso, fazer da realidade uma ficção: contam-se histórias, repetem-se chavões, prolongam-se Na sinopse que escreveu para a sua peça, o autor afirma-o silêncios. Acaba-se por tentar resgatar a maior das ficções: explicitamente: «Há quem diga que crescer é a lição a infância. A escrita torna-se quase tão infantil como um mais difícil que temos de aprender. AON insere-se nesse conto de fadas ou uma feira popular, mas a simplicidade é momento das nossas vidas, em que estamos presos ao que também ela construída, apenas para ser constantemente fomos e ao medo do que nos tornaremos. Duas personagens desconstruída pelos desdobramentos. Os duplos, como encontram-se fechadas num sítio peculiar ao mesmo se diz, “poderiam ser qualquer um de nós” – uns mais tempo que tentam fugir de um lugar-comum das nossas sublimados do que outros. vidas. No meio de tentar desvendar a razão por detrás da sua clausura, ambas as personagens buscam conforto no Paulo Brás 32 Em palco Competição 18 MAIO / SÁBADO / 21H30 teatro da politécnica

TEUC - Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra

Projecto H

De onde vêm e para onde vão aquelas num corpo físico, na construção e é docente da área de Formação pessoas? O que lhes terá acontecido? de partituras de movimento e em Contexto de Trabalho. É parte O que recordam? Terão alguma vez no desenvolvimento de ideias de integrante da companhia de teatro amado? Sentir-se-ão amadas? composição coreográfica. A palavra promovida pela ACE, a ACE/ Teatro Este projecto desenvolve-se em surge só pontualmente e acontece do Bolhão, sendo membro da sua torno do universo do pintor Edward através de duas pequenas histórias direcção artística. Como coreógrafa Hopper cujas obras, habitadas retiradas do Caderno Vermelho de tem desenvolvido diversos projectos por uma mistura de realismo e Paul Auster. dos quais se destacam Ladrões de estranheza, parecem captar um “antes” Almas, com co-produção do ACE- e um “depois” sem que se perceba Teatro do Bolhão/ Culturgest, em exactamente o quê. Há uma suspensão O Autor 2008. Em 2004, a convite da Fundação instantânea, quase fotográfica, do Co-criação de Joana Providência de Serralves, construiu e apresentou ritmo quotidiano que surge, assim, e TEUC Mão na Boca, espectáculo integrado rodeado de segredos e nos cria uma na programação paralela à exposição sensação de incompletude. Em O Encenador de Paula Rego. Hopper há um “voyeurismo” frio, um Joana Providência nasceu em Braga distanciamento, uma quase ausência em 1965 onde iniciou os seus estudos de voluptuosidade. Motivou-nos em dança com Fernanda Canossa. este sentimento de interioridade e Em 1989, terminou o curso da Escola de silêncio, onde a luz cria espaço e o Superior de Dança do Instituto espaço é percorrido pela luz, criando Politécnico de Lisboa. Integra, desde um território mental de contemplação. 1995, a Academia Contemporânea do É neste contexto que procurámos Espectáculo (ACE) na qualidade de desenvolver os materiais. O trabalho responsável pelo departamento de de interpretação assentou sobretudo movimento do curso de Interpretação 33 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo interpretação. Uma vez criadas as histórias e desenhada O TEUC convidou Joana Providência a vir trabalhar na a dança que as contava, o trabalho assentou sobretudo criação de um projecto que abrisse as comemorações na repetição e aperfeiçoamento das partituras, bem como do 75º aniversário do organismo, precisamente pelo na procura de uma intensidade de interpretação e de reconhecimento que esta tem no mundo da dança contracena. contemporânea. Após 75 anos, o TEUC quis lançar-se num tipo de trabalho que poucas ou nenhuma vez Rafaela Bidarra explorou. A Joana trouxe a proposta de trabalhar a partir das obras do pintor norte-americano Edward Hopper, e assim, a 11 de Fevereiro, iniciaram-se os ensaios do “projecto H”, onde sete actores do TEUC Ficha técnica foram generosamente convidados a mergulhar em Co-Criação: Joana Providência algumas obras do pintor. Nas obras de Hopper, as e TEUC Direcção Artística: personagens parecem transportar consigo histórias Joana Providência Assistência que indiciam um “antes “e “um depois”. Tratou-se aqui Coreográfica: Leonor Barata precisamente de encontrar esse antes e depois através Elenco: Helena Galveias, Helena do movimento, através de uma série de partituras que Pinela, Joana Salgado, Miguel Matos, nos falam de relações, de estados e diálogos enraizados Rafaela Bidarra, Rodolpho Amaral, numa fisicalidade. Depois deste exercício de imaginação, Ruy de Liceia Desenho de Luz e o desafio foi dar um corpo a essas histórias, não com Luminotecnia: Alexandre Mestre palavras, mas com o movimento e, em última instância, Fotografia: Eduardo Pinto através da dança. Aqui, Joana Providência teve o papel Vídeo: Ana Félix, João Parra, Jonas crucial de “limpar a cena”, de aproveitar o que era bom e David Grafismo Eduardo Pinto reciclar o que era menos bom e assim, o “projecto H” foi Cenografia: Rafaela Bidarra nascendo, foi-se tornando cada vez mais matéria, corpo e Produção: Rafaela Bidarra 34 Em palco Competição 19 MAIO / domingo / 21H30 teatro da politécnica

GEFAC – Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra Universidade de Coimbra

Manhã

São tantas as mulheres que se flores que sonhámos de uma beleza O Autor e Encenador escondem sob as saias da memória: impossível, mas nunca deixarão de ter Criação colectiva são santas, mães, adúlteras, virgens, um nome e de o reclamar a viva voz. perdidas; o corpo da fecundidade e o Como quem, cantando sobre a roda, vulto enlutado da morte; a sabedoria faz correr a vida em vez de água, há Ficha técnica serena, o desejo em que ardemos. As mulheres que marcam com os seus Concepção Artística: GEFAC (criação mãos que redimem são as mesmas pés o próprio passo do tempo, fiando colectiva) Operação de Vídeo: que colhem o fruto da traição e do com paciência o leito em que correm a Henrique Patrício Imagens: O Povo pecado, que nos dão o colo e o castigo tradição e a memória, e que nos há-de que Canta, GEFAC, Henrique Patrício, madrasto, que amassam o pão que levar ao que somos. MemoriaMedia Desenho de Luz: comemos, enquanto tangem, pela Trazem-no cerzido no corpo, o tempo Wilma Moutinho Produção: GEFAC calada, as cordas da libertação. que pesa, passa, e que há-de vir Poderão até ser as “marias” reais, emprenhar o chão de que sempre que guardam a força constante nos erguemos, como um dia que não e inquebrantável dos dias, ou as espera p’ra nascer. 35 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo surge, então, com o dom de mundificar e a força para O espectáculo geral Manhã partiu de uma indagação destruir; como o abismo em que se encontra a possibilidade baseada nos textos e testemunhos da cultura popular de transcendência; a voz inspiradora da água que corre e portuguesa, para encontrar uma imagem de mulher impregna; e, enfim, na intimidade da vida que se partilha dotada de contornos complexos, muitas vezes antagónicos, e distribui, como quem tantas vezes tece com paciência o mas inevitavelmente dotados de uma força criadora que leito em que correm a tradição e a memória e que nos há-de a transforma em algo que a transcende. No imaginário levar ao que somos. popular, as misteriosas mouras encantadas convivem com Como é habitual nos espectáculos gerais do GEFAC, as mulheres reais que dão a força que não têm para dar também este combina as diversas vertentes trabalhadas constância e solidez à vida. A mulher que é símbolo de pelo grupo (dança, teatro, música e cantares) para fertilidade é também quem dá corpo à personificação da evidenciar, como tema central, a representação da mulher morte. A mulher divina e virgem, que redime e ampara com na cultura popular portuguesa. Tornou-se, pois, inevitável, a sua pureza, convive com as mulheres pagãs, adúlteras, a exploração de uma linguagem cénica fortemente perdidas, sedutoras, conhecedoras de todas as manhas simbólica e essencialmente assente no movimento, bem que irresistivelmente nos fazem perder. No colo de uma como na associação de meios audiovisuais, influências e mulher tanto se encontra o perigo como se acha abrigo; das técnicas de teatro, dança e performance contemporânea ao suas mãos tanto vem o castigo da madrasta, como o pão tratamento das músicas e danças tradicionais. que comemos. Com os olhos postos no mar, há mulheres Cada cena foi, pois, elaborada com base na experimentação que esperam e choram quem não volta, mas são também feita nos ensaios a partir dos materiais, das imagens, ou elas que dançam os sonhos e cantam a esperança. Poderão das ideias que pretendemos transmitir, numa criação desempenhar submissamente todos os papéis que lhes colectiva cujo principal objectivo é o de criar um momento atribuírem: serão esposas, mães, filhas, namoradas, vítimas, de partilha com o público que confirme o valor artístico musas, penitentes… sem nunca deixarem de ter um nome e das manifestações populares enquanto terreno fértil de o reclamar a viva voz. para a criação contemporânea e ponto de encontro numa Como um ser de água, de que toda a vida emerge, a mulher identidade comum. 36 Em palco Competição 21 MAIO / terça / 21H30 teatro da politécnica

GTN – Grupo de Teatro da Nova Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

Morro como país

Morro como País é um texto narrativo O Autor Castellucci, Wim Vandekeybus, entre do dramaturgo grego contemporâneo Dimítris Dimitríadis nasceu em outros. Trabalha como assistente Dimìtris Dimitriàdis sobre a guerra 1944, em Salónica (Grécia). Estudou de direcção artística do encenador e a corrupção política, que nos dá teatro e cinema no Institut National hispano-argentino Rodrigo García a ler a morte física e espiritual de Supérieur des Arts du Spectacle, em (Prémio Europa de Teatro 2009 - um país vencido, descrevendo um Bruxelas, entre 1963 e 1968. Apesar Novas Realidade Teatrais) desde 2006. futuro que poderá ser o nosso já da sua nacionalidade, Dimitríadis Em cinema colaborou com a dupla amanhã. O texto remonta a um grito opta por escrever directamente em João Pedro Vale & Nuno Alexandre de vida e de esperança que parte ao francês e entre 1965 e 1966 escreve Ferreira e com o realizador Manoel encontro da catástrofe emergente: a sua primeira peça de teatro: Le de Oliveira, entre outros. Dirige os um grito que compreende o riso, Prix de la révolte au marché noir, seus próprios espectáculos desde o desespero, a ironia, a alegria no encenada pela primeira vez em 1968 2001, tendo já apresentado Paisagem coração, a insurreição, e o silêncio. por Patrice Chéreau. Dotado de uma e Silêncio de Harold Pinter (2006), As tensões apresentadas no texto grande aptidão linguística, é autor de Agamémnon, de Rodrigo García, A são intemporais e abordam temas várias traduções de autores célebres direcção do sangue, a partir de José tais como a corrupção, a guerra, a tais como Shakespeare ou os mais Tolentino Mendonça, entre outros. tortura e o fim do mundo, num cenário contemporâneos Beckett e Sartre. John Romão foi distinguido com o apocalíptico que torna a construção Prémio Nacional Jovens Criadores cénica num espectáculo escatológico. O Encenador 2012, na categoria de Teatro, pelo John Romão licenciou-se em Teatro Centro Português de Artes e Ideias. – Actores / Encenadores pela Escola Foi, também, um dos dois vencedores Superior de Teatro e Cinema. Faz do projecto Emergentes - Novos parte da sua formação o contacto Criadores, promovido pelo Teatro com artistas provenientes do teatro e Nacional D. Maria II (2011). da dança tais como Jan Fabre, Romeo 21 MAIO / terça / 21H30 37 teatro da politécnica © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Período de Criação (Janeiro-Fevereiro) Este período foi iniciado com ensaios de mesa, com o texto Fase de formação (Novembro-Dezembro) que irá ser apresentado no espectáculo: Morro Como Nesta fase, tivemos duas formações. A primeira, País, de Dimitrís Dimitriádis. Foram discutidos os temas coordenada pelo actor e encenador Miguel Moreira levantados pela obra e percebeu-se qual a linguagem juntamente com a bailarina Catarina Félix, tinha uma cénica que será utilizada no espectáculo. Foi feita a abordagem mais física e mais introspectiva. O corpo divisão do texto pelos vários intérpretes. Desenvolveu- como matéria de trabalho, como uma massa abstracta se o trabalho de improvisação, com propostas tanto dos que nos permite desenhar posições através dos nossos intérpretes como do próprio encenador, sempre com sentidos e sensações. A segunda formação ficou a cargo o texto como pano de fundo. Todas as propostas estão da coreógrafa Cláudia Dias. Nesta formação, baseámo- dentro da temática “o corpo como matéria” que já tinha nos no método de composição em tempo real, que sido iniciada durante o período de formação. consiste num sistema de pensamento extremamente Durante este período, os ensaios tiveram uma exigente e objectivo que é aplicado antes da prática regularidade de quatro dias por semana. de qualquer proposta corporal. Ambas as formações foram importantes pois foram adquiridas competências Responsável: John Romão essenciais para o trabalho com o encenador deste ano, John Romão. É, também, um período essencial para o Ficha técnica trabalho da consciência do grupo, bem como o momento Encenação e espaço cénico: John Romão Texto: Dimítris ideal para incentivar o desenvolvimento das capacidades Dimitriádis Interpretação: Carlos Aragão, Cátia Leandro, individuais de cada actor. Daphne Rego, Diogo Belizário, Mafalda Jacinto, Mafalda Veiga, João Sirgado, José Miguel Santos, Susana Mendonça Responsáveis: Miguel Moreira e Cláudia Dias Produção executiva: Cátia Leandro, Joana Santos, João Estevens Produção: GTN Apoios: Fundação Calouste Gulbenkian, FCSH-UNL, SAS-UNL, Eira, Escola de Mulheres 38 Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Drones 8 MAIO / QUARTA / 19H00 teatro da Politécnica Cénico de Direito da Faculdade O Encenador de Direito da Universidade Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens de Lisboa dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro É uma peça sem história ou narrativa de Grupo. Em 1989, ganhou o prémio da melhor encenação, atribuído pela coerente. Pequenos flashes teatrais Câmara Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima musicados artificialmente em que as de Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara, personagens se questionam sufocando bem como outras obras. No teatro universitário o seu trabalho adquire um já no limite da insuportabilidade carácter ainda mais amplo como encenador do GRETUA, GTAL, e Sin-Cera, e, de vidas demasiado “normais”, também, com a orientação de formações para outros grupos universitários. vasculhando no lixo das rotinas diárias Paralelamente, tem participado como actor em espectáculos de vários grupos algum sinal de uma felicidade que lhes e em projectos de diversos encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes foi prometida. Assim vão passando como Uma Vida Normal, de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la o NaTal, filhos, FAmíliA, ConSUmo, Ville, de Frank Apprederies (1993), entre outras participações. dEus, futURo... MORTE! Estranha maneira de caminhar por este tempo fora. As palavras ditas escondem um Ficha técnica perigo prestes a explodir-lhes nas Encenação: Pedro Wilson Texto: a partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco mãos tal qual os aviões americanos Mir, Josep Pere Peyró, Ágata Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano, Miriam Iscla telecomandados voando sobre a cabeça Adaptação de Texto: Pedro Wilson Interpretação: Inês Ferreira, Daniela dos pobres afegãos. O texto final é de Verdasca, Joana Pinto, Andreia Susano, Marta Sepol, João Ratão, Filipe de Pedro Wilson e surge de rapinações, Aragon, Catarina Só, Talarico Luminotecnia: Pedro Wilson Sonoplastia: colagens, adaptações e invenções Cénico de Direito Figurinos: Cénico de Direito Cenografia: Cénico de Direito a partir da leitura da peça Cromos, Produção: Cénico de Direito Direcção de Produção: Marta de Sousa colectânea de textos traduzida por João Maria André Em palco Mais Fatal 39 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

O Despertar 10 MAIO / sexta / 19H00 da Primavera teatro da politécnica

GTMT - Grupo de Teatro O Encenador Miguel Torga Sérgio Grilo, actor e encenador, tem trabalhado com várias companhias teatrais: Faculdade de Ciências Médicas nos Artistas Unidos representou peças de Brecht e de Sarah Kane, encenadas da Universidade Nova de Lisboa por Jorge Silva Melo; protagonizou O Que Fazer Para Ser, uma encenação de Karas do texto de Mário Palma Jordão, pelo grupo Ninho de Víboras e De uma maneira ou de outra, todos trabalhou com o Grupo de Teatro D’ as Entranhas no espectáculo Amor de passámos por ela: a adolescência, Perdição. Participou em A Tempestade, de William Shakespeare, espectáculo aquele período de tempo impreciso levado a palco pelo grupo Serpent Child Ensemble no Waterfront International em que nos sentimos inseguros e Arts Festival (Norfolk, EUA). Fez, também, teatro de marionetas em Maputo. com uma lista infindável de questões Daniel Filipe, Chancerel e Steinbeck são alguns dos autores por si já encenados. existenciais. Quem somos, qual é a No âmbito do cinema, participou, em 2007, nos filmes Call Girl, realizado por nossa moralidade, que papel vamos António Pedro de Vasconcelos, e Corrupção, de João Botelho. Participou, desempenhar nesta peça colectiva também, em filmes realizados por Moati, Zaubermann, Barbier, Mikalkhov, que é o mundo... Mas as dúvidas não Joaquim Leitão, Teresa Villaverde, e Maria de Medeiros. Na televisão, integrou são somente existenciais, são também séries e telefilmes de Leonel Vieira e de Tiago Guedes de Carvalho. físicas. Não pode o abstracto ser o único objecto do nosso interesse. Dúvidas, tantas dúvidas, uma miríade Ficha técnica de perguntas sem resposta, uma Encenação: Sérgio Grilo; Autor: Frank Wedekind Interpretação: Ana Quintão, vontade de saber, de conhecer, de… Ana Priscila Alves, Carolina Gonçalves, Carlos Bento, Catarina Bizarro, sentir. Uma vontade de je ne sais quoi. Daniel Pinto, Francisco Caetano, Inês Ferreira, Joana Paiva, Madalena Nabais, Se ninguém quer responder às suas Mariana Belo, Sérgio Ribeiro, Sílvia Policarpo, Sónia Guerra, Tiago André, perguntas, não será razoável admitir Tiago Pereira Publicidade: Daniel Pinto Cenografia e Figurinos: GTMT Luz e que procurem as respostas por si som: GTMT próprios? 40 Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Química OFF 11 MAIO / sábado / 19H00 teatro da politécnica

Fc-Acto O Encenador Faculdade de Ciências da A. Branco, mestrando em Artes Performativas, concluiu especialização Universidade de Lisboa em Escritas de Cena, na Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa e fez formação artística com João Mota e António Torrado na Fundação Calouste Gulbenkian. Professor de escrita criativa e Química OFF é um espectáculo de escrita para teatro, dramaturgo e encenador, é colaborador de Atrás da construído a partir de diversos Máscara, programa da RDP África e da Sercultur, Canal Cultura do Sapo. materiais propostos pelos próprios Foi distinguido com o Prémio Nacional das Artes do Espectáculo Maria intérpretes. É um momento na vida João Fontaínhas, em 2010, com Volley. Tendo recebido uma Menção Honrosa académica dos intervenientes, uma INATEL/ TEATRO - Novos Textos, em 2005, com Até Amanhã!, ganhou o declaração de intenções sobre a Grande Prémio INATEL/ TEATRO - Novos Textos em 2007 e 2008, com 7 (sete) relação do que estudam e o local onde e Chove sempre em Agosto, respectivamente. Recebeu, ainda, a distinção João estudam. Osório de Castro, pelo Fórum Teatral Ibérico, em 2008. Foi seleccionado na área Novíssima Dramaturgia Portuguesa, nos Encontros de Novas Dramaturgias Contemporâneas, em 2010, com Isto não é um jogo.

Ficha técnica Direcção: A. Branco Assistência: Susana Reis Silva Interpretação: Beatriz Lopes, Dora Martinho, Eduardo Matos, Ema Aldeano, Joana Santos Silva, João Quiaios, Jorge Diniz, Jéssica Soares, Mafalda Silva, Nuno Vieira, Patrícia Zoio, Ricardo Silva, Sabrina Martinho, Sónia Oliveira, Tomás Santos Fotografia: Nuno Vieira Montagem vídeo e áudio: Susana Reis Silva Produção: AEFCL – Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa. Em palco Mais Fatal 41

Sonhatorium 13 MAIO / segunda / 19H00 O Encenador Carlos Nicolau Antunes frequentou teatro da politécnica o curso de actores da Escola Superior dISPAr Teatro - grupo de teatro de Teatro e Cinema do IPL, em Lisboa. do ISPA-IU Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o Mestrado em Encenação na Middlesex University (Londres), tendo realizado parte dos Os sonhos foram, desde sempre, é previsível. A partir de uma estrutura seus estudos em Moscovo e . foco de interesse nas mais diversas definida, e inspirando-se no material Ainda como bolseiro da fundação, culturas. No início do séc. XX, a trazido pelo público, os actores e efectuou Estudos de Qualificação abordagem freudiana trouxe um actrizes criarão, em cada noite, novos Avançada, na Faculdade de Encenação novo fôlego a essa curiosidade, e projectos oníricos. Aos alicerces da Academia Russa de Artes Teatrais a Psicologia procurou construir deste trabalho pertence a noção de (GITIS), em Moscovo. Trabalhou discursos científicos sobre os Allan Hobson de que o sonho pode como actor em vários espectáculos mesmos. O emergir das neurociências funcionar como um mecanismo no Teatro da Cornucópia, com acrescentou novas descobertas e de criação de realidade virtual, Luís Miguel Cintra e, também, com teorias sobre o sono e os sonhos. antecipando as incertezas que a mente Christine Laurent. Integrou, ainda, Neste espectáculo/ laboratório/ tende a evitar. espectáculos de João Perry, António experimentação exploramos Será possível uma máquina dos Pires, Luís Assis e Lúcia Sigalho, entre metodologias contemporâneas de sonhos? Praticando a improvisação outros. Foi assistente de encenação improvisação teatral: os Viewpoints teatral, será possível aceder ao sonho de Luís Miguel Cintra e António Pires. de Anne Bogart e a improvisação colectivo, ao mito? Contamos com Com Dinarte Branco, co-encenou segundo Keith Jonhstone e Viola a colaboração do público para criar o espectáculo gestos para nada, a Spoling. Nestas metodologias, tal novos sonhos a cada noite: qual o partir de Sinisterra. Para além do como, aliás, nos sonhos, nenhum sonho que tive? O sonho que tenho? O dISPAr Teatro, trabalhou com outros ensaio se repete, nenhuma cena é sonho que terei? Qual o lado de dentro grupos de teatro universitário, tais igual à anterior, nenhum espectáculo e qual o lado de fora do sonho? como CITAC e o TEUC, em Coimbra. É docente na Licenciatura e no Mestrado em Teatro na Universidade Ficha técnica de Évora, desde 2007. Tem prestado, Direcção: Carlos Nicolau Antunes Co-criadores: André Fausto, Catarina também, formação em workshops Amaral, Davis Nunes, Filipa Dias, Inês Lageiro, João Tomé, Miguel Marau, em Portugal, no Brasil, na Índia, na Nuno Salema, Paulo Caeiro, Raquel Cajão, Tania Antunes, Teresa Costa Tailândia e na República Checa. Faz Grafismo: Ricardo Romão e Miguel Montenegro Audiovisuais: André Fausto investigação na área dos processos Apoio dramatúrgico e produção: António Gonzalez psicofísicos do actor. 42 Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

O Insecticida 14 MAIO / terça / 19H00 ou o Fim do teatro da politécnica Império!

mISCuTEm – grupo de A Encenadora teatro do Instituto Ana Isabel Augusto é licenciada em Sociologia do Trabalho pelo Instituto Universitário de Lisboa Superior de Ciências Sociais e Políticas da UTL (ISCSP-UTL). Após a conclusão da (ISCTE- IUL) licenciatura, continuou o seu percurso no meio teatral, tendo recebido formação específica na companhia de teatro Os Satyros, na Fábrica das Artes, na Culturgest e no C.E.M... Trabalhou em áreas tão diversas quanto o leque de possibilidades Quando um funcionário decide pedir do teatro permite: como actriz, em luminotecnia, em produção, em sonoplastia, um aumento, essa acção transforma- na escrita de bandas sonoras, como assistente de encenação e finalmente, na se rapidamente numa traição contra encenação do mISCuTEm. Concluiu, também, estágios com a companhia de teatro a administração, contra o próprio O Bando e diversos cursos, destacando-se o de Cultura Teatral no Teatro D.Maria pessoal e até contra a pátria. Nesta II. Ensina Expressão Dramática a jovens estudantes do 9º ao 12º ano desde 2008. comédia absurda de Miguel Barbosa, vemos retratada uma verdade que, escrita há uma geração atrás, continua Ficha Técnica a ser o espelho da nossa sociedade Encenação e direcção de actores: Ana Isabel Augusto Autor: Miguel Barbosa actual. Para rir e reflectir, este Assistente de encenação: Fernando Serpa Interpretação: André Calado, espectáculo coloca o dedo em muitas André Carvalho, Andreia Frazão, Ariana Santos, Carina Pereira, David das nossas feridas contemporâneas, Morgado, João Martins, Liliana Matos, Miguel Gaspar, Mónica Parreira e Tiago da melhor forma possível: com Batista Produção: Ana Isabel Augusto Fotografia: João Caseiro Cartaz: Velias um sorriso nos lábios. Uma crítica em forma de paródia ao mundo empresarial e económico português. Em palco Mais Fatal 43 © Ricardo Basílio © Ricardo

Suicídio de 15 MAIO / QUARTA / 19H00 amor por teatro da politécnica um defunto desconhecido

GTAL – Grupo de Teatro O Encenador Académico de Leiria Pedro Wilson tem procurado a inovação e a exploração de novas linguagens dramáticas. Começou como actor na Comuna Teatro de Pesquisa, em 1978, e iniciou-se na encenação, fundando, com outros actores, o Máscara - Teatro de Grupo. Em 1989, foi galardoado com o prémio da melhor encenação, da Câmara Blanca apaixona-se por Adan, um Municipal de Lisboa, com a peça Odisseia, baseada na obra homónima de homem que ela viu ser assassinado, Homero. Na Lisboa Capital da Cultura 94 encenou duas óperas de câmara, bem e, com ele, contra tudo e contra todos, como outras obras. No teatro universitário, o seu trabalho adquire um carácter decide casar. O enredo desenvolve-se ainda mais amplo como encenador do GRETUA, Cénico de Direito, e Sin-Cera, no seio de uma família completamente e, também, com a orientação de formações para outros grupos universitários. disfuncional e imoral, onde a loucura Paralelamente, tem participado como actor em peças de outros grupos e e a solidão de cada personagem vai encenadores e, igualmente, em cinema, em filmes como Uma Vida Normal, construindo um castelo com as cartas de Joaquim Leitão (1992) e Deux Justiciers dans la Ville, de Frank Apprederies lançadas por Milagros. Prevê-se (1993), entre outras participações. que, tal como com Romeu e Julieta, este amor impossível acabe por se desmoronar e culminar na morte Ficha técnica de Blanca que vai, finalmente, ao Encenação: Pedro Wilson Interpretação: Viviana Aguiar, João Pratas, Paula encontro do seu Romeu, Adan. Cristina Morais, Furby, Tiago Rodrigues 44 Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Escuro 16 MAIO / QUinta / 19H00 teatro da politécnica

ArTeC – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Um espectáculo corrosivo e comovente O autor e encenador Ficha técnica que irá questionar o público acerca Marcantónio Del Carlo, de Encenação: Marcantónio Del Carlo do mal-estar social que atormenta nacionalidade italiana, nasceu Interpretação: Amadeu Mendes, uma geração apelidada de “parva” em 1965 e é licenciado pela Escola Ana Luísa Pinto, Carolina Mourato, que luta diariamente, dentro e fora Superior de Teatro e Cinema. É actor Joana Martins, Leonor Buescu, da universidade, para obter um lugar profissional desde 1988, com trabalho Miguel Ponte, Raquel Brites, Raquel ao sol que parece não existir. Quatro reconhecido no teatro, cinema e Martins, Ricardo Sabino, Sónia Castro jovens universitários decidem fazer televisão. Participou, enquanto actor, Produção e Fotografia: Catarina o impensável: matar! Apenas pelo nos seguintes trabalhos: Sinais de Poderoso prazer do acto em si e sem grandes Fogo, de Luís Filipe Rocha; Capitães princípios filosóficos. Vão torturar e de Abril, de Maria de Medeiros; Os matar as suas vítimas a partir de um Serranos, Fascínios, entre outros. guião que escreveram, em que a solidão Dirige, desde 1994, o grupo de teatro das festas académicas, o primeiro ArTeC, da Faculdade de Letras de emprego falhado, o estágio em que Lisboa, para o qual escreveu, entre nada acontece são o fio condutor de outras, as peças: Os Amigos de uma discussão bem viva nas nossas Gabriel, A Branca de Neve e o Anão faculdades. Não se trata de uma Esquizofrénico e, agora, Escuro. praxe. Estes jovens vão matar para poderem publicar nas redes sociais o seu desespero, a sua vontade de dizer: queremos tudo! Em palco Mais Fatal 45 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

No tempo 20 MAIO / segunda / 19H00 de gente teatro da politécnica maravilhosa que nunca Partimos do texto Sangue no pescoço existe amor nem a tentativa de o existiu do gato de R. W. Fassbinder e demos expressar. Apenas a ausência dele. voltas e voltas e juntámos referências Contudo, a música prossegue. Uma que poderiam preencher o universo rotina absurda mas vital. A imagem que começávamos a imaginar. Criámos reflectida em várias dimensões. um projecto com pilhas de papel, de Até que surge um erro: um oitavo ESTC – Escola Superior de texto. Não tínhamos tempo para levar elemento. A verdade humana ou a Teatro e Cinema do Instituto a cabo o Fassbinder que estávamos a distorção psíquica do animal felino. Politécnico de Lisboa encetar. Não o querendo abandonar A música já não é essa, o corpo já não por completo, elaborámos um esboço: lhes pertence, a própria linguagem Amor, tempo e morte. Hoje. está contaminada pela chamada democracia, pelas regras e pela The theme is the identity of an Oito elementos no sangue do pescoço dificuldade de amar. individual and how he acquires it. de um gato. Sete pessoas fechadas And that’s connected to the fact, num salão, sete personagens Ficha técnica as Genet says, that in order to be rotativas. Como numa slot machine, Criação e interpretação: Ana complete, one needs to double oneself. as personagens vão rodando num Valentim, Bernardo Nabais, Bernardo circuito infinito. Subvertem as Souto, Frederico Barata, Isac Graça, R. Fassbinder a propósito de Querelle regras da comunicação, escondem Joana Manaças, Nídia Roque e Rita o espelho, escondem a solidão, Cabaço a partir de Sangue no pescoço tentando escamotear o confronto do gato de com a realidade. Neste lugar cada um Agradecimentos: José Pedro Caiado, quer ser mais do que é. Não existe Mestra Olga Amorim, Escola Superior Deus, a amizade foi esquecida, não de Teatro e Cinema 46 Em palco Mais Fatal © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

O Despertar 21 MAIO / terça / 19H00 da Primavera teatro da politécnica

Ultimacto - Faculdade Os Encenadores dança e teatro enquanto intérprete e de Psicologia e Instituto João Cabral (S. Miguel, 1961) criadora. Neste contexto, colaborou de Educação da Universidade é licenciado em teatro pelo com Sofia Fitas, Alexander Gerner, de Lisboa Conservatório Nacional de Lisboa Lígia Soares, Sara de La Féria, Carlos (1980-85). Em 1982, começou a Monteiro, João Garcia Miguel, Nuno Uma peça que tem um tema por sua actividade como actor, tendo M. Cardoso, e Ricardo Aíbéo, entre base - o despertar da sexualidade. participado em várias produções outros. Com Lígia Soares, fundou Dois grupos de personagens em televisão e cinema. No teatro a Máquina Agradável - Associação apresentam-se em confronto - os integrou encenações de Mário Cultural, através da qual produz as jovens e os adultos. A adolescência Feliciano, Rosa Coutinho Cabral, suas criações. é vista como um período conturbado, Carlos Avilez, Diogo Dória e José silenciado e reprimido. Os António Pires, entre outros. Foi Ficha técnica personagens adolescentes verão a sua professor de expressão dramática na Encenação: João Cabral e Andresa vida a desenvolver-se, lutando contra Escola Secundária Passos Manuel, Soares Interpretação: André a repressão instituída pela sociedade. em Lisboa. Dirigiu e encenou o Grupo Gonçalves, André Patrício, Beatriz Também aqui se apresentam as de Teatro do Instituto Superior de Afonso, Beatriz Pinto, Carlos suas próprias repressões e fantasias, Ciências Sociais e Políticas da UTL. Sampaio, Catarina Alves, Catarina numa descoberta da sexualidade e do Carvalho, Daniela Pacheco, Eunice valor da vida humana. Lidando com Correia, João Fragoso, Marco Mendes, problemas como o suicídio, violação, Andresa Soares (Lisboa, 1978), cuja Mário Coelho, Pedro Taborda, homossexualidade o Despertar formação artística se divide entre Mariana Caiado, Sofia Wahnon, da Primavera expõe o progresso a dança, o teatro, as artes plásticas Vanessa Baptista, Vânia Soares, Vera da adolescência como período da e o audiovisual, tem participado, Ribeiro Cenografia: Luísa Pacheco descoberta de si mesmo e dos outros. desde 2000, em vários projectos de Iluminação: Rui Braga Em Palco Fatal Convida 47

“O Tempo morto”* 9 MAIO / QUINTA / 19H00 teatro da politécnica

Espectáculo concebido no âmbito da Residência de Criação Artística “ No tempo morto, uma experiência para resistentes e dissidentes do Teatro Universitário”/ FATAL 2013

Caminhos de floresta, clareiras do bosque, sombreados Nota sobre o processo criativo horizontais por entre a claque silenciosa do arvoredo. É um cenário com luzes. Um grupo de pessoas. Um Sobre a residência de criação artística, com coordenação e sussurro-guilhotina a desinventar a voz. Quando Deus encenação de Susana Vidal e com criação de textos e apoio morreu veio para aqui. Um utensílio mais. Heróis à dramaturgia de Miguel Manso. mimados escondem-se debaixo das saias de meninas de perfeição inclinada. Princesas sem coração reúnem a “NO TEMPO–MORTO” é uma experiência para resistentes quantidade de príncipes ideal para atravessar o Inverno. e dissidentes, onde desenvolveremos um processo de Todos esperam a ordem de expulsão do paraíso. criação que será apresentado ao público no FATAL 2013. Com um grupo de pessoas oriundas de vários espaços Miguel Manso e com experiências diferentes, propomo-nos fazer este trabalho de criação e colaboração como desafio e delírio. Sem método a priori, trabalhamos na desvantagem do tempo e da memória, na procura de um tempo-morto onde inventar um espaço de eco. O eco na sombra do bosque, onde os intérpretes coroam a sua loucura e deixam fugir o paraíso por entre as sombras. 48 Em Palco Fatal Convida

Trabalhamos com a poesia inerente ao corpo dos Tempo 2: Coroação desconhecidos que participam nesta residência de criação. Porque se escondem os heróis? Por que ocultam sempre a Uma criação de urgência, de muitos e de poucos, de erros e sua cara atrás de uma máscara? Se são heróis, por que têm pequenos acertos. vergonha de que vejamos as suas caras... Será humildade “Só posso amar-te se fores perfeito” ou será que querem evitar a inveja e o repúdio dos outros? Na floresta, só havia 12 princesas e 6 super-heróis, Os heróis e as heroínas estão sempre escondidos por embebidos na beleza das palavras ocas. detrás das árvores na floresta. Acho que são muito feios; valentes, mas feios. Se calhar, são só muito tímidos. Acho que este bosque está cheio de Imaginários no processo de criação heróis apagados pela escuridão. A penumbra é o tempo morto dos heróis. Os heróis que descansam por baixo das Havia 12 princesas e 6 super-heróis. Não havia nem olhos, saias das princesas. Os heróis que, depois do intervalo, nem ruas, nem mapas, nem sonhos, nem linhas, nem lojas, virão salvar mais um louco em perigo. nem folhas, nem palavras, nem filhos, nem pais, nem «De nada nos serve ser rainhas ou princesas, super-heróis mulheres, nem homens, nem poderosos, nem vítimas, ou piratas, ganhadores ou perdedores. De nada serve nem lutadores, nem poetas… não havia mais nada, só 12 olhar por baixo da minha saia e encontrar-te nu...de nada princesas e 6 super-heróis, seja isso o que for. serve viver no paraíso sem culpa, sem medo, sem ódio, sem amor maldito ou sujo...de nada serve a solidão neste Tempo 1: Delírios para super-heróis e princesas. paraíso tão maculado como a rua, tão obscuro como os Em tempo de delírios não se deixam ver os heróis. Em teus olhos, tão perfeito como a tua voz...deixa-me parar tempo de coroações as princesas escasseiam. No tempo o tempo. No tempo-morto começa uma outra história, da poesia, a razão é permeável à vontade do rei mais louco. onde as princesas estão a desfazer-se e os super-heróis No tempo do rei, torno-me a rainha. No tempo do herói, choram aos gritos, onde as rainhas tremem de medo e os torno-me no homem. Os homens estavam nus, sempre por perdedores vivem por fim em paz». baixo das saias das princesas. Os heróis desapareceram pela floresta. Na clareira do bosque todos assistem à coroação, todos somos coroados pela insensatez e pelo delírio que o tempo vai deixando morrer. Os corpos ficam sem tempo, para depois arrancar o cadáver dos seus corpos e dos seus pensamentos tolos. 49 © Tânia Araújo © Tânia

Anúncio: Miguel Manso (1979) tem seis livros de poemas publicados, de PROCURAM-SE PRINCESAS (OU SUPER-HERÓIS) entre eles, Contra a manhã burra (ed. de autor e Mariposa Azual, em boa forma física, com experiência em desejos, sexo, 2008), Santo Subito (ed. de autor, 2010) e, mais recentemente, príncipes, sapatos, vestidos, cartões de crédito e com Aqui podia viver gente (Primeiro Passo, 2012). Colaborou com a carta de condução. É indispensável saber inglês, francês, companhia de teatro Cão Solteiro e tem participado em leituras alemão, mandarim… certificado médico, mestrados, públicas de poesia, das quais se destaca “Quintas de Leitura”, no ordenado mínimo conforme as tabelas estipuladas pela Teatro do Campo Alegre, Porto. Tem participado em residências PGE. Ajuda para alimentação, transportes por conta artísticas e de criação literária. própria e apoio psicológico, caso seja necessário.

1º Erro Ficha técnica: (a preencher pelos espectadores) Coordenação, criação e encenação: Susana Vidal Criação de textos e apoio à dramaturgia: Miguel Manso 2º Erro Interpretação: Ana Paula, Anabela Caetano, André (a preencher pelos espectadores) Tenente, Chiara Biassi, Jorge Ribeiro, Marcela Rowek, Margarida Moura, Mariana Caiado, Marisa Russo, Natasha 3º Erro Bulha Costa, Paulina Krzysik, Pedro Silva, Raul Alvares, Agradecer publicamente pelos contos que me contaram Salomé Xavier, Stat Miller, Susana Almeida, Sofia Abreu, durante 38 anos. Xana Costa Produção: Fatal

Susana Vidal *título provisório

Susana Vidal, encenadora, autora e actriz oriunda do teatro universitário espanhol, trabalha e reside em Lisboa desde 1997 onde é criadora independente e directora artística da B Negativo Teatro. Entre 2000 e 2008, foi, também, encenadora do GTIST (Grupo de Teatro do Instituto Superior Técnico), colectivo com quem participou em varias edições do FATAL e criou diversos espectáculos que questionaram a função e forma do teatro universitário. 50 Em Palco Fatal Convida

Suicídio 17 MAIO / SEXTA / 21H30 colectivo teatro da politécnica com encanto

Aula de Teatro Universitária “Maricastaña” Universidade de Vigo – Campus de Ourense

O paradoxo do título remete-nos para Vamos descobrindo o que esconde O Encenador os extremos presentes nesta obra: cada personagem numa viagem desde Fernando Dacosta (1969) é licenciado a morte e a vida. Vidas arruinadas, a Galiza até à ponta mais setentrional em Filologia Hispânica. É um homem problemas sem solução aparente, a da Europa. Uma mulher-polícia impaciente mas que tem um grande vida que decorre sem fazer sentido… vai procurar entender o que traz amor pelo seu trabalho, algo que Personagens que vêem na morte entre mãos este excêntrico exército descreve como uma constante a única solução juntam-se num comandado por um coronel, uma descoberta. Fez a sua formação em seminário de “suicidiologia” por directora de uma empresa e uma vice- Teatro na companhia a que hoje sugestão de uma delas. reitora. Tudo isto temperado por um pertence, a Sarabela. É encenador, Deste sairá uma conclusão, tal como é humor latente, que chega por vezes a desde 1995, da Aula de Teatro costume nos congressos: participarão ser humor negro, durante toda a obra. Universitária “Maricastaña”, campus num suicídio em grupo, um suicídio de Ourense, um dos grupos de colectivo com encanto. É então que teatro universitário mais relevantes começa a diversão, quando se vive de Espanha. O grupo participa cada dia como se fosse o último, regularmente no FATAL, desde 2000. quando o “carpe diem” atinge as pessoas e a alegria e a explosão vital afloram na humanidade. 51 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Processo criativo Ficha técnica O espaço. Cenografia, dramaturgia e Pneus, um ciclorama, os acessórios essenciais. encenação: Fernando Dacosta Pneus que fazem de autocarros, casa, lago, restaurante, quinta… Tudo e nada Texto: Arto Paasilinna Interpretação: numa viagem iniciada desde as cavernas do desespero à vida resistente. Marcos Vázquez, Yu Estévez , Patricia O vestuário. Figueiras, Pablo Maijide, Nuria Paz, Em branco, preto, cinza, creme... Para o mínimo funcional e próprio dos Samuel Cardoso, Alberto Medeiros, personagens. Alba Núñez, Alicia Fraga, Victoria As transições. Álvarez, Noelia Rodríguez, Alba da Rápidas, apoiadas numa luz cenográfica que enquadra e situa a acção. Trocas Estevadinha, Reyes Mangue, Iván que permitem um ritmo “in crescendo”, levado ao limite pelos personagens. Davila, Sandra Al Ca, Daniel Vázquez, Música que cria atmosfera, com uma composição em directo, ilusionismo, Paco Daza Assistente de encenação: equívoco, evoluções e involuções. María Díaz Luzes e adereços: José As emoções em jogo, tudo a nu, o pranto, o desespero, a loucura, o riso, o afecto, Manuel Bayón, Rubén Dobaño o humor, a ternura... Guarda-roupa e acessórios: Tegra Desenho musical: Renata Codda Fons Cartaz e programa: Pablo Otero 52 Em Palco Fatal Convida © Tiago Froufe © Tiago

teatro 18 MAIO / sábado / 17H00 sem cortes teatro da politécnica Leituras

FATAL Casa da Esquina (Coimbra)

O FATAL e a Casa da Esquina Portugal, em Novembro de 2012, em de Azevedo e Ricardo Correia; A (Coimbra) apresentam Teatro sem Coimbra). Os textos destas leituras fuga, de Anders Lustgarden (Reino cortes, uma leitura de textos curtos de farão parte de um espectáculo Unido), com tradução de Jonathan vários dramaturgos contemporâneos, compósito denominado Occupy que de Azevedo e Ricardo Correia. Entre portugueses e estrangeiros, que estreará em Outubro, numa produção outras peças de autores nacionais . escreveram em resposta a temáticas da Casa da Esquina. actuais tais como o movimento Coordenação Occupy e a crise europeia, entre Estas leituras pretendem ser um Ricardo Correia, director artístico outras. gesto de reflexão sobre a nossa da Casa da Esquina Coimbra. actualidade e é, sobretudo, a tentativa Encenador, actor e docente de A Casa da Esquina vem propor a de criar um debate em torno do Teatro. Actualmente a frequentar o leitura e discussão, por estudantes colapso social e cultural que assola a Advanced Course of Devising Theatre universitários, de textos inéditos Europa. and Performance na LISPA (London criados por autores portugueses para International School of Performing esta leitura no âmbito do FATAL e Textos: Ontem, de Helena Tornero Arts), em Londres. de outros já integrados no festival (Espanha), com tradução de Ricardo Theatre Uncut (festival criado Correia; O preço, de Lena Kitopoulou no Reino Unido e promovido em (Grécia), com tradução de Jonathan Em Palco Fatal Convida 53 © Todos os direitos reservados os direitos © Todos

Portugal 19 MAIO / domingo / 19H00 Peça em 3 actos teatro da politécnica Leitura Dramática

GtfUL - Grupo de Teatro dos tão próximos de nós. Uma família Tem trabalhado com vários Funcionários da Universidade destroçada por um assassinato: encenadores, entre os quais Jean de Lisboa uma mãe, um filho, José, e a sua Marie Villègier, João Lourenço, Carlos noiva, Maria. Outras personagens Avilez, Jorge Listopad, Rui Luís Brás Um enorme desafio para o GTFUL, que suportam um enredo cheio de e Aderbal Freire Filho. É finalista do a selecção deste autor, e deste texto, intrigas, retratando a sociedade curso de Estudos Artísticos/Artes do foi motivada por várias razões: as portuguesa: a governanta, os criados, espectáculo na Faculdade de Letras e comemorações dos 120 anos do o porteiro, a cozinheira, os militares. Coordenador/Encenador nas Oficinas nascimento de Almada Negreiros, a A peça termina em França, numa de teatro da Penha de França, projecto ligação existente entre o artista e o possível alusão aos tempos de exílio de Teatro Comunitário criado em 2002. património edificado da Universidade de Almada Negreiros, à sua acepção de Lisboa (o resultado desta ligação de pátria e a um sentimento de Ficha técnica pode ser visto ainda hoje nos saudade sempre presente. Encenação: João Ferrador Texto: desenhos incisos dos pórticos da Almada Negreiros Interpretação: Reitoria e das Faculdades de Direito O encenador Alda Correia, Alexandra Oliveira, e de Letras), e o facto de ser um texto João Ferrador (1967) actor, encenador Cristina Oliveira, David Dias, intemporal, tão próximo de uma e professor de expressão dramática, Helena Saramago, Hélio Jone, realidade presente. iniciou a sua formação na Escola Isabel Rodrigues, Isabel Tadeu, João Superior de Teatro e Cinema, Marques, Luís Caldeira, Luís Canário, Portugal no início do século XX. tendo sido complementada por um Maria Eduarda Araújo, Sandra Uma época de precariedade política, curso sobre o método teatral de Marques, Sandra Silva, Susana Leal, social e económica, com sentimentos Stanislavsky, entre outras formações. Armando Teles e Almeida 54 Em Palco Fatal Convida © Gonçalo Valverde © Gonçalo

Almisdaé 20 MAIO / segunda / 21H30 teatro da politécnica

La Coquera Teatro Almisdaé é um nome anónimo, Ficha técnica Universitat Politécnica inventado, de uma mulher que Encenação: Alberto Rizzo de Catalunya não tem futuro nem passado. Uma Interpretação: Lis Gadea, Telma Barcelona, Espanha desculpa para aprofundar os jogos Lago, Alberto Rizzo, Ignacio Barranco, de poder entre homens e mulheres Pia Muñoz, Érika O’Morrison e a irrefreável tensão e violência Figurinos: Aina Riu Luzes e que estes desencadeiam. Um drama cenografia: La Coquera Música: rural “lorquiano” que fala do poder, Alexa MaCartney do engano e da violência (tanto psicológica, como física).

Uma pequena grande tragédia que se desenrola no início do séc. XX, numa pequena localidade da Espanha profunda, onde reinam a inveja e os rumores que envenenam a população, e onde todas as suspeitas se abatem sobre os estrangeiros. Um quadro perfeito para que a hipocrisia se imponha ocultando grandes segredos. Performance, Concurso, Masterclass 55 © Miguel Carriço © Miguel

Não tenho nada… Apresentação Masterclass mas tenho a do concurso com Rogério minha vida para novas de Carvalho Performance com dramaturgias e 8 de Maio a Aula de Teatro novas encenações Reitoria da UL Universitária de jovens 17h00 “Maricastanã” universitários Esta masterclass trará à Universidade 18 de Maio 18 de Maio de Lisboa o encenador e actor Teatro da Teatro da Rogério de Carvalho para uma aula aberta ao público sobre o seu Método Politécnica - 17h00 Politécnica e Processo de Trabalho. Discorrerá 10h30 sobre a construção de partituras, Esta performance resulta da acções físicas e acções vocais. aproximação entre o FATAL e o Entrada Livre MITEU – Mostra Internacional de O FATAL apresenta o recém-criado Teatro Universitário. Este ano, o Concurso para Novas Dramaturgias TUT, grupo da UTL, preparou uma e Novas Encenações de Jovens performance sobre o tema da crise Universitários através de um para apresentar no MITEU, em encontro com os encenadores Diogo Ourense, na Galiza. Agora, é o grupo Bento, Susana Vidal, Adriana Aboim, Maricastaña que nos vem mostrar o Tiago Vieira e com o escritor Tiago que preparou especificamente para Patrício. o espaço da entrada do Teatro da Entrada Livre Politécnica. Entrada Livre 56 Workshops © Sónia Araújo © Sónia

Workshop Fotografia de Teatro De 30 de Abril a 25 de Maio de 2013 Teatro da Politécnica e outros locais

O Movimento de Expressão Fotográfica (MEF), em Conteúdos: Temperatura de cor; o momento certo; a colaboração com a Reitoria da Universidade de Lisboa, relação com os actores e com o palco; sensibilidades, promove mais um Workshop de Fotografia de Teatro relação com a luz existente; grão e ruído; profundidades para a cobertura fotográfica integral do Fatal 2013 – 14º de campo e foco selectivo; composição de fotografia Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa. de cena; distâncias focais, luminosidade das objectivas (efeitos e características); a colocação na plateia do O workshop é composto por uma componente teórica de fotógrafo; direito à imagem; tratamento digital de imagens fotografia de cena e de fotografia de retrato e por uma em programa de edição; fotografia de retrato; iluminação parte prática, a realizar ao longo de todo o festival, que para retrato; uso do Flash; fotografia de reportagem. incluirá fotografia de retrato, fotografia dos espectáculos Componente teórica: 30 de Abril, das 19h30 às 22h30; Dias que integram o FATAL 2013 e por fotografia de reportagem 2 e 3 de Maio, das 19h30 às 22h30 do ambiente que envolve todo o festival. Edição, visualização e discussão de imagens: dias 10, 11, 16 e 21 de Maio das 19h30 às 22h30 Para a cobertura do festival e para as sessões de retrato, Componente prática: no decorrer do festival serão criadas equipas de trabalho coordenadas, no Custo do Workshop por pessoa: 125€ terreno, pela formadora Tânia Araújo e, em sala de aula, Contactos e Inscrições: www.mef.pt pelo formador Luís Rocha. Local de Formação: Palácio de Laguares (sessões teóricas e de edição de imagem) Formadores: Luís Rocha, Tânia Araújo Parceria: Parceria Cultural com a Sociedade de Instrução Guilherme Cossoul Preço: 30€ apresentados namasterclass integrada noFATAL 2013. explorando deforma prática algunsdospontos cena deOPelicano deAugust Masterclass Strindberg, onde seprocederá ao levantamento douniverso deuma Esta será umaformação decomponente teórica eprática Com oencenador eactor Rogério de Carvalho 17h30 às21h00 Reitoria daUL 9 e10deMaio de umacena levantamento douniverso Trabalho deActor e Interpretação Workshop Workshops

57

© Tânia Araújo 58

lisboa 25 MAIO / 23H00 Camarim 59 PRÉMIOS FATAL Os troféus FATAL que irão ser entregues na Cerimónia de entrega de Prémios que antecede a Festa, no dia 25 de Maio, são peças escultóricas criadas por jovens escultores da Faculdade de Belas -Artes da Universidade de Lisboa, sob a orientação do Professor Escultor João Duarte.

Júri José Pereira, representante da Associação Académica da Universidade de Lisboa; José Pires, realizador e director de actores; Maria Elisabeth da Costa, Centro de Estudos de Teatro da FLUL; Paulo Morais, em representação da Escola Superior de Teatro e Cinema do Instituto Politécnico de Lisboa; Representante da Fundação Calouste Gulbenkian; Representante da Câmara Municipal de Lisboa

O Prémio Fatal 2013, destinado a consagrar o melhor espectáculo apresentado, é uma escultura criada por Ricardo Manso e estrutura-se a partir das dualidades actor/ personagem, palco/ plateia, real/ fictício, evocando a elevada rotatividade dos seus elementos e dos próprios membros dos grupos de teatro universitário, mas cujo trabalho está apoiado, contudo, no contexto sólido das instituições (cidade, universidade) – a cadeira na cidade e na universidade.

O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa 2013, patrocinado pela Câmara Municipal de Lisboa e destinado a consagrar o espectáculo mais inovador, é uma escultura criada por Catarina Alves e evoca a fragilidade, o risco e a instabilidade do teatro universitário e de toda a criação artística, as quais, pela sua própria natureza, proporcionam as condições ideias à inovação e à elevação da qualidade da obra – a cadeira fatal.

O Prémio Fatal do Público 2013, destinado a consagrar o espectáculo melhor pontuado pelos espectadores, é uma escultura criada por Andreia Pereira. Este prémio foi criado para dar voz pública àqueles a quem mais importa ouvir e a quem se destina o Festival: os espectadores. c 60 Camarim SELECÇÃO DOS ESPECTACULOS FATAL 2013

Os elementos da equipa de selecção dos espectáculos que integram a programação do FATAL 2012 apresentam-se:

Alexandra Quelhas da Silva é espectáculo Ifigénia na Táurida Foi seleccionado para a Bienal licenciada em Performance, Artes no Teatro da Cornucópia, em 2009. de Jovens Criadores da Europa Visuais e Teatro pela Universidade No FATAL, coordena a selecção de e Mediterrâneo, em Skopje, na de Brighton. Trabalhou como Actriz espectáculos, desde 2003, sendo, Macedónia, na área da Literatura. e Performer e desenvolve trabalho na desde 2011, director de programação e Venceu vários prémios em poesia área da educação e em contexto de membro da direcção de produção. (Prémio Daniel Faria e Prémio Galerias de Arte. Natércia Freire) e teatro (prémio Luso- Sandra Silva é licenciada em Relações Brasileiro) e publicou O Livro das Aves, Mariana Salgueiro actualmente Internacionais foi um dos elementos Cartas de Praga, As Portas da Cidade. frequenta o último ano da fundadores do GTUL – Grupo de A peça Checoslováquia começou a ser licenciatura em Ciências da Cultura Teatro Universitário da Universidade escrita numa residência em Praga, – Especialização em Comunicação Lusíada. Frequentou o Curso de Teatro/ em 2007, promovida pelo CPAI e pelo e Cultura, na Faculdade de Letras Expressão Corporal do Chapitô, em Instituto das Artes da República da Universidade de Lisboa. Iniciou Lisboa, com o actor e encenador Bruno Checa. Escreve para as companhias o seu percurso na área cultural Schiappa. Actualmente colabora no Estaca Zero e Ponto Teatro (Porto) enquanto membro da Comissão de Núcleo Cultural do Departamento e para a companhia teatromosca Curso de Ciências da Cultura. Está a de Estratégia e Relações Externas da (Sintra). Concebeu a performance concluir o seu estágio curricular no Reitoria da Universidade de Lisboa e Arriscar a Pele, com reclusos do Núcleo Cultural da Reitoria da UL, no integra o GTFUL – Grupo de Teatro Estabelecimento Prisional do Linhó. contexto do FATAL 2013. dos Funcionários da Universidade de Mantém um projecto em torno da Lisboa. leitura e escrita de poesia, com um Rui Teigão foi actor no Grupo de grupo de residentes da Casa de Saúde Teatro de Letras, entre 1998 e 2005. É Tiago Patrício (Funchal, 1979), é do Telhal. Alguns dos seus textos mestrando em Estudos de Teatro na licenciado em Ciências Farmacêuticas estão publicados no Egipto, Eslovénia, Faculdade de Letras da Universidade e estuda Literatura e Filosofia na Franca e República Checa. Em 2011, o de Lisboa. Foi dramaturgista do Universidade de Lisboa. Começou a seu primeiro romance, Trás os Montes, espectáculo A Chuva no Teatro ser publicado em 2007 nas colectâneas venceu o prémio revelação Agustina Municipal de Almada. Fez Estágio Jovens Escritores, do Clube Português Bessa Luís. Mantém o blog: e Assistência de Encenação no de Artes e Ideias (CPAI). http://cartasdepraga.wordpress.com c REGULAMENTO 61 FATAL 2013 14.º FESTIVAL ANUAL DE TEATRO ACADÉMICO DE LISBOA

ÍNDICE

Preâmbulo

Capítulo I – Disposições Gerais Artigo 1º: Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade Artigo 2º: Missão Artigo 3º: Comissão de Honra Artigo 4º: Dedicatória e Homenagem Artigo 5º: Princípios Orientadores Artigo 6º: Logótipo Artigo 7º: Slogan Artigo 8º: Produção Executiva

Capítulo II – FATAL 2013 - 13.º Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa Secção I – Objectivos e Programação Artigo 9º: Objectivos Artigo 10º: Data e Local Artigo 11º: Programação Secção II – Inscrição e Selecção Artigo 12º: Condições Prévias de Inscrição Artigo 13º: Participação de Grupos Estrangeiros Artigo 14º: Inscrição Artigo 15º: Selecção Artigo 16º: Critérios de Selecção Secção III – Participação Artigo 17º: Obrigações dos Grupos Seleccionados Artigo 18º: Alimentação e Alojamento Artigo 19º: Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre Artigo 20º: Certificados

Capítulo III – Prémios e Júri Artigo 21º: Prémios Artigo 22º: Menções Artigo 23º: Princípios Orientadores do Júri Artigo 24º: Composição do Júri Artigo 25º: Funções e Poderes do Presidente do Júri Artigo 26º: Reunião do Júri

Capítulo IV – Arquivo e Registos Artigo 27º: Registo Audiovisual e Fotográfico Artigo 28º: Arquivo Audiovisual e Fotográfico

Capítulo V – Disposições Finais Artigo 29º: Responsabilidade Limitada da Organização Artigo 30º: Direitos de Autor Artigo 31º: Casos Omissos 62 Camarim Regulamento FATAL 2013

Preâmbulo Capítulo I O Teatro Universitário, desenvolvido no âmbito das instituições de Disposições Gerais Ensino Superior, é, sem dúvida, uma das actividades extracurriculares estudantis de maior significado sociocultural e histórico no meio Artigo 1º académico português. Não só pela sua notável qualidade e tradição Denominação, Natureza, Iniciativa, Âmbito e Periodicidade histórica, mas igualmente pelo alto nível de adesão dos estudantes O Festival Anual de Teatro Académico de Lisboa, identificado pela (actores e espectadores) e surpreendente longevidade dos grupos de sigla FATAL, é uma mostra de teatro universitário da iniciativa da teatro, alguns com idade muito perto do meio século. Reitoria da Universidade de Lisboa, de âmbito nacional, periodicidade Sendo, claramente, o ex-libris da vida cultural universitária e um anual, que se realiza na cidade de Lisboa, e, sempre que possível, expoente artístico da formação humanista, como o testemunham durante o mês de Maio. os percursos biográficos das mais diversas figuras de proeminência histórica, política e cultural do nosso país, a Universidade de Lisboa Artigo 2º tomou a iniciativa de criar uma mostra do teatro universitário e Missão integrá-la nos circuitos regulares da vida cultural lisboeta. O FATAL tem por missão promover e divulgar o Teatro Universitário Surge, assim, em 1999, a primeira edição do FATAL – Festival Anual português na sociedade, inscrevendo Lisboa no mapa das novas de Teatro Académico de Lisboa, evento com o qual a Reitoria da geografias das Artes do Espectáculo, como uma das cidades europeias Universidade de Lisboa pretende notabilizar o Teatro Universitário mais representativas no desenvolvimento do Teatro Universitário. e garantir-lhe um lugar de honra na vida cultural portuguesa, desenhando o projecto de forma a inscrevê-lo na rota dos grandes Artigo 3º festivais europeus. Comissão de Honra O FATAL, dadas a sua missão e importância sociocultural, recebe o alto patrocínio de uma Comissão de Honra constituída por individualidades em representação de organismos estatais, de parceiros e de patrocinadores, por personalidades de mérito reconhecido das Artes do Espectáculo, da Crítica e da Investigação Teatral e pelo Reitor da Universidade de Lisboa.

Artigo 4º Dedicatória e Homenagem O FATAL, no estatuto de mais importante evento promotor do Teatro Universitário português, assume a incumbência e o dever de homenagear, em cada edição, uma personalidade de relevo na História do Teatro Universitário dando, assim, voz ao sentimento de gratidão a todos aqueles que foram ou são decisivos na formação humanista das novas gerações, através da prática teatral.

Artigo 5º Princípios Orientadores 1 – O FATAL procura aproximar o meio universitário ao Teatro Universitário, não só pelo encontro anual entre os diversos grupos de teatro universitário do país e o público académico, mas, também, envolvendo o corpo estudantil na produção executiva e o corpo docente em várias iniciativas culturais do Festival. 2 – O FATAL procura estabelecer parcerias e obter patrocínios de organismos públicos e entidades privadas, não só com o objectivo de viabilizar financeiramente um projecto de custos elevados para a Universidade, mas, também, para envolver a sociedade no desenvolvimento de uma das actividades extracurriculares estudantis de maior importância cultural, social e histórica do nosso país. 3 – O FATAL procura criar a apetência pelo Teatro junto do público jovem, assim como alargar a novos públicos a fruição das Artes do Espectáculo realizadas por estudantes universitários. 4 – O FATAL procura estimular a participação do público, dos órgãos de comunicação social, da comunidade académica e dos profissionais 63

das Artes do Espectáculo no debate cultural e nas problemáticas do fortemente contrastada com a espessura dos elementos Teatro Universitário, contribuindo, igualmente, para a formação, verticais, de modo a evocar elementos da arquitectura clássica tanto geral como técnica, de todos os interessados e agendes marcadamente iconográficos, nomeadamente, a coluna, a base e o envolvidos nas Artes do Espectáculo. capitel; o duplo eixo das letras em caixa baixa (um vertical e outro 5 – O FATAL procura contribuir para o estabelecimento de pontes diagonal) e a curvatura delicada das suas linhas remetem para o entre o Teatro Universitário e o Teatro Profissional, fomentando espírito humanista, procurando conciliar, de forma gráfica, a ideia a participação de profissionais das Artes do Espectáculo na de dinamismo inerente ao devir com a de solidez da tradição. programação do Festival. Artigo 7º Artigo 6º Slogan Logótipo O FATAL sintetiza a sua missão, valores e posicionamento através da O logótipo do FATAL - uma cadeira vermelha vazia sobre um texto a força poética da frase “Uma flecha jovem no coração da cidade”, de antracite - foi criado a partir da imagem da 1ª edição do Festival, não autoria da Professora Doutora Maria Helena Serôdio, do Centro de só pelo valor emblemático que esta imagem assumiu ao longo das Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, suas várias edições, mas, acima de tudo, pelo valor simbólico que os retirada do texto de abertura publicado no Programa de Sala do elementos gráficos desta imagem corporificam, nomeadamente: FATAL 2000. a) cadeira vazia: símbolo, por um lado, da arte de representar tout court, despojada de qualquer adereço cénico ou recurso material Artigo 8º que não o próprio actor, assim como da presença do espectador Produção Executiva in abstracto, segundo termo fundamental da equação das A produção executiva do FATAL é assegurada pelo Núcleo Cultural Artes do Espectáculo; por outro lado, expressa graficamente a do Departamento de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da pobreza de meios materiais do Teatro Universitário, evocando, Universidade de Lisboa. implicitamente, que a forte presença histórica desta Arte nas Universidades Portuguesas se deve inteiramente ao entusiasmo inextinguível dos estudantes do Ensino Superior; b) espaldar ondulado da cadeira: símbolo do movimento, da vida, do dinamismo, da dedicação e da jovialidade, sempre renovados, de Capítulo II todos aqueles que levam ao palco um novo espectáculo, em cada FATAL 2013 ano lectivo; 14.ºFestival Anual de Teatro Académico de Lisboa c) cor vermelha da cadeira: símbolo da força e do espírito de sacrifício necessários à prossecução de uma actividade Secção I extracurricular, em geral, e à produção de um espectáculo teatral, Objectivos e Programação em particular; d) texto: símbolo do espírito humano e de tudo o que esta noção Artigo 9º comporta, que se expressa através da palavra, elemento que Objectivos sustenta a construção da obra teatral e ponto de apoio da Cultura; 1 – Promover o Teatro Universitário português, apresentando uma e) cor antracite do texto: o tom de cinzento pretende simbolizar o selecção de espectáculos do ano lectivo 2012/2013. carácter impessoal e universal que as cristalizações do espírito 2 – Estimular o debate sobre Teatro e contribuir para a formação dos humano adquirem ao se tornarem património da Humanidade, agentes do Teatro Universitário nas Artes do Espectáculo. nomeadamente, as grandes obras dramatúrgicas de todos os 3- Criar novos públicos para o teatro e artes performativas através da tempos; apresentação de performances nos espaços públicos de Lisboa. f) sombra da cadeira sobre o texto: símbolo da unidade indissociável 4 – Fomentar o convívio e a aproximação dos profissionais das Artes entre o espírito e o corpo na expressão cultural, entre a do Espectáculo ao Teatro Universitário. representação e o objecto representado, assim como das Artes do 5 – Estimular a elevação dos padrões de qualidade do Teatro Espectáculo como potencial metalinguagem da própria Cultura; Universitário, premiando dois dos espectáculos apresentados que se g) plano picado da imagem: símbolo, por um lado, da inspiração distingam pela sua qualidade e pela sua inovação. que provém do que há de mais elevado no Homem, substracto 6 – Dar expressão à opinião dos espectadores sobre os espectáculos e quinta-essência das melhores realizações da humanidade, em integrados na programação através da atribuição de um prémio ao geral, e da excelência das obras teatrais, em particular; por outro espectáculo melhor votado pelo público. lado, simboliza, também, a providência e o apoio institucional 7 – Promover o conceito de site specific, procurando integrar na da sociedade e das Universidades Portuguesas ao Teatro programação do Festival, pelo menos, um espectáculo que se insira Universitário; neste conceito. h) lettering: homenagem às raízes gregas do teatro através de 8 – Estabelecer uma ponte entre o Teatro e as restantes Artes que se um tipo de letra de serifa suave e arredondada, de espessura relacionam com o espectáculo teatral. 64 Camarim Regulamento FATAL 2013

Artigo 10º b) Pelo endereço electrónico [email protected] ; Data e Local c) Presencialmente, no Núcleo Cultural do Departamento de A programação principal do FATAL 2013 decorrerá entre 07 e 21 de Estratégia e Relações Externas da Reitoria da Universidade de Maio de 2013, no Teatro da Politécnica, situado no Museu Nacional de Lisboa, Alameda da Universidade (Cidade Universitária), Lisboa História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, em Lisboa. d) Pelo envio, por correio, da informação solicitada, para FATAL 2013, Reitoria da Universidade de Lisboa, Alameda da Universidade, Artigo 11º Cidade Universitária, 1649-004 Lisboa. Programação 4 – Sob pena de a organização não considerar a inscrição válida, 1 – O Fatal 2013 Apresentará A Seguinte Programação: esta deverá ser completada, até 5 de Abril com o envio dos seguintes a) Espectáculos (Programação Principal); documentos, para os contactos referidos nas alíneas b) ou c) do b) Apresentação Pública (Apresentação Do Festival Aos Público, parágrafo 3: Parceiros E À Comunicação Social); a) Sinopse do espectáculo; c) Ciclo De Tertúlias (A Seguir A Cada Espectáculo); b) Ficha técnica do espectáculo; d) Workshops; c) Historial do grupo, organizado cronologicamente; e) Performance; d) Curriculum do encenador; f) Conferências e) Fotografias do espectáculo; g) Masterclasses f) Logotipo do grupo (sempre que possível); h) Cerimónia De Atribuição Dos Prémios; g) Registo videográfico do espectáculo (sempre que possível); i) Festa Fatal (Festa De Encerramento); h) Texto da peça j) Itinerância Fatal (Realização De Mostras Fatal Em Território i) Documento comprovativo da regularização dos direitos de autor Nacional).; (SPA). 2 – Por Motivos De Força Maior, A Organização Poderá Ter De 5 – Os elementos referidos no parágrafo anterior não integram o Efectuar Alterações À Programação. processo de selecção, excepto os referidos nas alíneas g) e h). 6 – Por tradição, a organização contacta todos os grupos que já Secção II participaram em edições anteriores do FATAL para efectuarem uma pré- Inscrição e Selecção inscrição, a qual deverá ser efectivada segundo o estipulado neste artigo.

Artigo 12º Artigo 15º Condições Prévias de Inscrição Selecção 1 – Somente podem inscrever-se no FATAL 2013 grupos de teatro 1 – A selecção dos grupos de teatro universitário portugueses inscritos universitário. é da responsabilidade da organização, estando assegurado que pelo 2 – Os espectáculos inscritos poderão ser inéditos, publicados ou já menos um dos elementos da organização, responsável pela selecção, apresentados em outros festivais, devendo ser, obrigatoriamente, o tenha experiência em Teatro Universitário. trabalho desenvolvido no corrente ano lectivo. 2 – Sempre que possível, a organização procurará assistir a um ensaio 3 – Aceita-se, a título excepcional, a inscrição de espectáculos que ou apresentação do espectáculo, entre 1 de Fevereiro de 2013 e 14 de correspondam ao trabalho desenvolvido pelo grupo no ano lectivo Abril de 2013, data limite do processo de selecção. 2011-2012, sempre que o espectáculo trabalhado neste ano lectivo não 3 – Até ao final de Abril, a organização comunicará aos grupos esteja pronto para apresentação pública nas datas de realização do inscritos, via email, a lista de grupos seleccionados e a calendarização Festival. dos espectáculos a apresentar no FATAL 2013, com o presente regulamento em anexo. Os grupos selecionados deverão responder, Artigo 13º confirmando a sua participação e a aceitação do regulamento. Participação de Grupos Estrangeiros 1 – As inscrições dos grupos de teatro universitário estrangeiros estão Artigo 16º sujeitas a uma apreciação da organização, a qual poderá resultar num Critérios de Selecção convite para a participação na programação do Festival. A fim de garantir uma programação de qualidade e assegurar um 2 – A organização do Festival irá convidar dois grupos de teatro processo justo de participação que reflicta a realidade nacional do universitário estrangeiro a integrar a programação principal do Teatro Universitário, a organização estabeleceu os seguintes critérios FATAL 2013. de selecção:

Artigo 14º a) QUALIDADE: neste critério, de pendor mais subjectivo, a Inscrição organização inclui a avaliação de vários aspectos das Artes do 1 – A inscrição é gratuita. Espectáculo, nomeadamente, o trabalho de encenação, de direcção 2- A inscrição deve ser efectuada entre 4 e 31 de Março de 2013. de actores, de interpretação, de cenografia, de dramaturgia, de 3 – A inscrição é realizada: sonoplastia, de desenho de luz, assim como o texto; a) Pelo telefone 210113406; b) EQUIDADE: a organização procura que a relação verificada na 65

programação do Festival entre os grupos de Lisboa e os grupos com os materiais de divulgação fornecidos pela organização, e provindos do resto do país seja semelhante a essa mesma relação através dos canais de promoção próprios do grupo; verificada no país; d) Manter-se disponível para dar entrevistas aos órgãos de c) REPRESENTATIVIDADE: a organização procura respeitar, na comunicação social ou acompanhar a organização em acções programação do Festival, a distribuição institucional dos grupos, promocionais, duas semanas antes do início do Festival e até o seu levando em conta que cerca de um terço de universidades do país encerramento; reúne dois terços dos grupos de teatro existentes; f) Participar, activamente, na Tertúlia (conversa com o público) d) OPORTUNIDADE: eventualmente, a organização procurará que se inicia 15 minutos após o fim do espectáculo, assegurando, incluir na programação pelo menos um grupo que nunca tenha simultaneamente, uma equipa para desmontar o espectáculo até participado no FATAL ou que se tenha formado recentemente. às 24h; g) Assegurar a participação do encenador, ou um seu representante, Secção III na mesa de convidados da Tertúlia, procurando levar, também, um Participação convidado seu pertencente ao corpo docente da sua instituição de ensino ou que seja uma personalidade activa na cultura Artigo 17º portuguesa; Obrigações dos Grupos Seleccionados h) Estar presente, com todos os seus membros, na Festa FATAL, onde 1 – Os grupos seleccionados para a programação do FATAL 2013 se realizará, simultaneamente, a Cerimónia de distinção do melhor deverão cumprir as seguintes obrigações: espectáculo, do espectáculo mais inovador e do espectáculo a) Fornecer os materiais e a documentação destinados à montagem distinguido pelo público, apresentados no FATAL 2013, devendo os do espectáculo e à participação na promoção do Festival, nas grupos de fora de Lisboa, em caso de não ser possível a presença condições técnicas e nos prazos apresentados pela organização, de todos os seus membros, fazer-se representar por um mínimo de nomeadamente: dois elementos; i) Respeitar todos os compromissos assumidos com a organização a.1) Desenho de Luz e raider técnico; e com a equipa técnica do Teatro da Politécnica, nomeadamente, a.2) 3 Fotografias do espectáculo, resolução extrema entre a data e a hora de apresentação do espectáculo – o espectáculo 300 e 350 dpi, tamanho da imagem: 29,7 cm de Altura deverá começar, impreterivelmente, à hora marcada - e os por 21 cm de Largura, entregues em formato .tiff sem referentes ao funcionamento e à logística do Festival e do Teatro compressão; da Politécnica. a.3) Sinopse do espectáculo, em corpo de letra 12, Times 2 – O não cumprimento de uma ou mais alíneas do parágrafo anterior New Roman, com um mínimo de 100 palavras / máximo poderá condicionar a participação do grupo em futuras edições do 120 palavras, formato .rtf, devendo este texto ser um FATAL. resumo objectivo da história; 3 – Os espectáculos distinguidos com prémios ou menções honrosas a.4) Ficha Técnica do espectáculo com os elementos no âmbito do FATAL 2013 deverão permanecer disponíveis para essenciais, em corpo de letra 12, Times New Roman, integrarem a programação das Mostras Fatal organizadas no âmbito com um mínimo de 100 palavras/ máximo 120 palavras, do FATAL Outras Cenas até ao final de 2013. formato .rtf; a.5) Nota Biográfica do Autor do Texto da peça o mais Artigo 18º genérica possível apenas com os elementos essenciais, Alimentação e Alojamento em corpo de letra 12, Times New Roman, com um mínimo 1 – A organização assegurará, no dia do espectáculo, as seguintes de 100 palavras / máximo 120 palavras, formato .rtf; refeições do grupo participante: a.6) Historial do Grupo fazendo uma visão de percurso do a) O almoço, servido numa das cantinas da Universidade de Lisboa, mesmo, mencionando apenas os marcos desse percurso, entre as 12h30 e as 14h; enumerando o menos possível, em corpo de letra 12, b) Um buffet, em local a designar,, servido a partir das 17h00, que Times New Roman, com um mínimo de 100 palavras / assegurará o lanche e o jantar. máximo 120 palavras, formato .rtf; 2 – Aos domingos, o almoço será servido num restaurante perto do a.7) Texto sobre o Processo Criativo da construção do Teatro da Politécnica, a definir pela organização. espectáculo, em corpo de letra 12, Times New Roman, 3 – O alojamento dos grupos participantes vindos de fora de Lisboa com um mínimo de 500 palavras / máximo 700 palavras, será assegurado pela organização, somente nos dias necessários à formato .rtf; montagem e apresentação do espectáculo. b) Estar presente, com todos os seus membros, na Apresentação Artigo 19º Pública do FATAL 2013, podendo os grupos de fora de Lisboa, a Convites, Livre-Trânsitos e Entrada Livre título excepcional, marcar a sua presença somente com 2 ou 3 1 – Cada grupo seleccionado tem direito a 10 entradas gratuitas membros; (simples) no dia da apresentação do seu espectáculo, destinadas a c) Divulgar o Festival na instituição de ensino em que está sedeado, convidados. Nos casos em que os elementos do grupo excedam as 10 66 Camarim Regulamento FATAL 2013

pessoas, serão disponibilizadas 1 entrada por pessoa, até ao limite de o Prémio Fatal do Público O espectáculo melhor pontuado é eleito 20. Estas entradas estão sujeitas a reserva até 24h de antecedência sempre que a abstenção do público em cada espectáculo não seja da hora do espectáculo, estando condicionadas pela lotação da sala e superior a um terço das entradas registadas pela bilheteira. O Prémio pelo número de reservas já efectuadas à data. As reservas serão feitas do Público não tem um valor pecuniário. através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected] (todas as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas após Artigo 22º confirmação pela organização) Menções 2 – Os elementos dos grupos participantes têm livre-trânsito no dia 1 – Sempre que o mérito dos espectáculos justifique, o júri atribuirá de apresentação do seu espectáculo, e entrada livre em qualquer Menções Honrosas, referindo os motivos pelos quais a distinção é espectáculo do Festival, desde que reservem, até 24h de antecedência atribuída. da hora do espectáculo, os seus lugares com a organização (reservas 2 – Poderá ser atribuída uma Menção Especial do Júri a um ou mais condicionadas à lotação da sala e ao número de reservas já efectuadas espectáculos de grupos estrangeiros participantes no Festival, à data), através do contacto 21 011 34 06, ou do email [email protected] devendo o júri justificar os motivos pelos quais a distinção é (todas as reservas realizadas por email só serão consideradas efectivas atribuída. após confirmação pela organização) 3 – Todos os elementos de cada grupo participante e seus convidados Artigo 23º têm entrada livre na Festa FATAL, sujeita a confirmação até ao dia 17 Princípios Orientadores do Júri de Maio. 1 – O júri nunca deverá perder de vista a missão do FATAL e a finalidade dos prémios a qual é proporcionar aos grupos de teatro Artigo 20º universitário um incentivo com credibilidade institucional e Certificados repercussão social, através do reconhecimento da qualidade, do 1 – Os grupos participantes na programação do FATAL 2013 receberão mérito e do esforço do seu trabalho, e, motivar, deste modo e de um certificado de participação, emitido pela Reitoria da Universidade forma duradoura, todos os grupos de teatro universitário a uma de Lisboa. permanente busca pela excelência. 2 – Os estudantes e os voluntários que colaborarem na produção 2 – O júri avalia os espectáculos apresentados segundo o princípio executiva do FATAL 2013 receberão um certificado de colaboração, da especificidade, aplicando não só os critérios de análise e avaliação emitido pela Reitoria da Universidade de Lisboa. em uso corrente no Teatro, mas considerando, igualmente, aspectos específicos que presidem e valorizam a produção no Teatro Universitário. 3 – O júri delimita a aplicação dos critérios de avaliação segundo o princípio de circunscrição e actualidade, restringindo a sua análise Capítulo III e comparação dos espectáculos exclusivamente à programação Prémios e Júri da respectiva edição do FATAL, jamais utilizando espectáculos apresentados em edições anteriores do Festival (mesmo que Artigo 21º produzidos pelo mesmo grupo) ou aspectos destes, como referência Prémios ou padrão. 1 – A fim de contribuir para a excelência e elevação dos padrões 4 – O júri utiliza, na formação do seu quadro referencial de avaliação, mínimos de qualidade do Teatro Universitário, o júri designado pela os princípios de relatividade e de completude, procurando assistir organização irá distinguir o melhor espectáculo e o espectáculo à totalidade dos espectáculos e a cada espectáculo do princípio mais inovador apresentados no Festival, e, deste modo, reconhecer e ao fim, de modo a ter uma noção completa e pormenorizada da prestigiar, igualmente, o trabalho desenvolvido, colectivamente, pelo programação e ficar habilitado, assim, a proceder às comparações grupo responsável. necessárias com conhecimento de causa. 2 – O Prémio Fatal, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos, tem o 5 – O júri rege o seu funcionamento interno pelos princípios da valor pecuniário de 1.500€ (mil e quinhentos euros) e será atribuído ao democracia, do diálogo e da justiça, devendo cada decisão sua melhor espectáculo apresentado no Festival. ser tomada por votação e após reflexão, jamais evitando o debate 3 – O Prémio Fatal – Cidade de Lisboa, patrocinado pela Câmara esclarecedor, por mais árduo que possa parecer, ambicionando Municipal de Lisboa, actual patrocinador com a tutela do prémio sempre alcançar a decisão justa. destinado à inovação, tem o valor pecuniário de 1.500€ (mil e quinhentos euros) e será atribuído ao espectáculo considerado mais Artigo 24º inovador no conjunto da programação do Festival. Composição do Júri 4 – Os prémios nos parágrafos 2 e 3 e o seu valor distintivo serão, 1 – O júri é constituído por personalidades oriundas do meio obrigatoriamente, atribuídos, sendo que os seus valores pecuniários académico, das Artes do Espectáculo e da sociedade em geral, poderão não ser atribuídos nos casos em em que não seja encontrado convidadas directamente pela organização do Festival. um patrocinador que tutele um dos prémios. 2 – A presidência do júri será assumida por um elemento designado 5- O espectáculo melhor pontuado pelo público será distinguido com pela organização do FATAL. 67

3 – Sempre que possível, a organização do FATAL procurará formar Capítulo V o júri com elementos que apresentem experiência em Teatro Disposições Finais Universitário. Artigo 29º Artigo 25º Responsabilidade Limitada da Organização Funções e Poderes do Presidente do Júri A organização não se responsabiliza pelas decisões, acções e Cabe ao Presidente do Júri: respectivas consequências dos grupos participantes na programação a) Assegurar o respeito pelos princípios orientadores desta equipa; do FATAL, tomadas e realizadas à revelia do seu conhecimento e dos b) Lembrar a missão do FATAL; compromissos assumidos com a organização do FATAL. c) Coordenar os trabalhos e as reuniões; d) Assegurar a redacção e a entrega da Acta de Reunião de Júri à Artigo 30º organização do FATAL antes da Cerimónia de Entrega de Prémios; Direitos de Autor e) Assegurar a presença dos elementos do júri na Cerimónia de 1 – Os direitos de autor relacionados com os espectáculos Entrega de Prémios. apresentados no FATAL são da responsabilidade dos grupos participantes. Artigo 26º 2 – Os direitos de utilização e difusão do material fotográfico e Reunião do Júri audiovisual obtidos por registo directo dos espectáculos e/ou de 1 – Para deliberar, o júri reunirá na semana imediatamente a seguir à outros eventos da programação durante a sua apresentação no data de apresentação do último espectáculo. Festival, são propriedade da organização do FATAL. 2 – Da decisão do júri não há recurso. Artigo 31º Casos Omissos Os casos omissos são resolvidos pela organização do FATAL.

Capítulo IV Arquivo e Registos

Artigo 27º Registo Audiovisual e Fotográfico 1 – Em cada edição do FATAL, a organização procede ao registo videográfico e fotográfico de cada espectáculo apresentado na programação. 2 – A cada grupo de teatro universitário participante no FATAL é oferecida uma cópia do registo videográfico do seu espectáculo. 3 – Em caso de dificuldades técnicas ou razões de ordem artística que impossibilitem a gravação videográfica ou o registo fotográfico no dia de apresentação do espectáculo, o grupo deverá avisar a organização, impreterivelmente, no acto de inscrição, a fim de se encontrar, atempadamente, uma solução. 4 – O acto de inscrição no FATAL implica a aceitação dos termos deste regulamento e, consequentemente, a permissão à organização para efectuar os registos referidos neste artigo.

Artigo 28º Arquivo Videográfico e Fotográfico 1 – A organização mantém um arquivo digital dos registos videográficos e fotográficos que poderão ser consultados por todos os grupos de teatro universitários portugueses, pela comunidade académica ou por entidades que estudem ou trabalhem na área das Artes do Espectáculo, do Teatro Universitário e da Cultura. 2 – Poderão ser facultadas cópias dos registos referidos no parágrafo anterior, sob acordo de respeito pelos direitos de autor, compromisso de referência à fonte e pagamento dos custos de reprodução. 68 Camarim

GRATIA PLENA © Teresa Teixeira © Teresa 69

O nosso primeiro agradecimento é dirigido a todas as Saudamos o apoio dos nossos parceiros media, Turismo de individualidades e instituições que nos privilegiaram ao Lisboa, Grupo Luso Canal (Rádios Radar e Oxigénio), Lecool, integrar a Comissão de Honra da 14ª edição do Festival; Canal Superior, Rua de Baixo, Mais Superior, incansáveis na o segundo, e reconhecido, agradecimento destina-se aos divulgação do Teatro Universitário e do FATAL junto das Patrocinadores, Caixa Geral de Depósitos, Fundação mais diversas audiências. Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Lisboa, cuja fidelidade tem permitido o crescimento e consolidação Às instituições que nos dão um inestimável apoio na ampla deste projecto. divulgação deste projecto, deixamos aqui igualmente o nosso reconhecimento. A todas as personalidades e instituições que integram empenhada e generosamente o Júri da 14ª edição do FATAL Um agradecimento também muito especial a todos os o nosso muito obrigado pela imprescindível participação colaboradores que, generosamente, contribuíram, com a sua no festival. dedicação e empenho na concretização do nº 6 da Revista FATAL. Agradecemos também às instituições de ensino superior a honra de connosco partilharem a viabilização deste Festival O nosso aplauso e sincero agradecimento a todos os grupos e a todos os funcionários da Reitoria e alunos da Faculdade de teatro universitário. c de Letras que, com o seu apoio, permitem que o Festival se realize e cresça edição após edição. A organização do FATAL 2013

O nosso sincero obrigado igualmente aos nossos parceiros, cujo apoio e disponibilidade nos permite concretizar a programação que propomos, nomeadamente: Serviços Acção Social da Universidade de Lisboa, Museu Nacional de História Natural e da Ciência, MEF- Movimento de Expressão Fotográfica, Escola Superior de Teatro e Cinema, Centro de Estudos de Teatro da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Associação Académica da Universidade de Lisboa e Museu Nacional do Teatro. 70 Elencos

ANUÁRIO DE GRUPOS DE TEATRO UNIVERSITÁRIO NACIONAIS © Todos os direitos reservados os direitos © Todos 71

A Cénico de Direito FACULDADE DE DIREITO DA UNIV. DE LISBOA ARTEC Ano de criação: 1954 FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA Espectáculos: 30, de entre eles “Drones”, uma criação colectiva a Ano de criação: 1994 partir de Sergi Belbel, David Plana, Paco Mir, Josep Pere Peyró, Ágata Espectáculos: 17, entre os quais, “Vamos Dar Cabo Deles” de Roca, Joan Ollé, Yolanda G. Serrano e Miriam Iscla; “A Cantora Careca”, Marcantonio Del Carlo; “Antígona”, de Sófocles; de Eugène Ionesco; “Médico à Força”, de Molière; “À Espera de Godot”, “Os Amigos de Gabriel”, de Marcantónio del Carlo colectiva; de Samuel Beckett; “Os Visigodos” de Jaime Salazar Sampaio; “Os “Have no fear PP is here”, de Perrault; “Nu”, de Marcantónio del Carlo; Cromos”, “Degraus” de Marcantónio del Carlo; “Antígona”. Encenadores: Malaquias de Lemos, Fernando Gusmão, Pedro Wilson, Encenadores: Marcantónio del Carlo, António Fonseca, entre outros entre outros Festivais: Encontros de Teatro Universitário, Festival de Teatro Festivais: Festival Internacional de Nancy; Festival ACASO; Académico da Malaposta / FATAL Festival de Teatro do CÉNICO Participações no FATAL: 1999, 2001, 2003, 2006, 2012 e 2013 Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa 2008, 2009 e 2013 Telefone: 217 990 530 Morada: Alameda da Universidade, 1649-014 Lisboa E-mail: [email protected] Telefone: 217 934 624 Site: http://www.artecflul.blogspot.com E-mail: [email protected] Site: http://cenico.no.sapo.pt/ B CITAC, Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra UNIV. DE COIMBRA bozart Ano de criação: 1956 FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIV. DE LISBOA Espectáculos: 61, entre eles “Aquário” criação colectiva a partir da Ano de criação: 2005 colagem de vários textos; “Doze Homens em Fúria”, de Sidney Lumet; Espectáculos: 5, de entre eles “histórias a preto e cores”; “O Circo”, de Jacques Prévert; “Aqui do lado de cá”, de Nuno Custódio; “a menina do megafone”; “partidas” “The Hypnos Club” de Rodrigo Malvor; “Normal”; “Monstro Meu”, Encenadores: A. Branco Encenadores: Luís de Lima, António José dos Reis Nogueira, Paulo Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior, Castro, Rodrigo Malvor, Diogo Santos, Rodrigo Santos, entre outros contraDANÇA – Covilhã Festivais: Festival ACTUS; Festival Internacional de Parma; Participações no FATAL: 2008, 2009, 2010, 2011 Miteu – Ourense; CYCLE MECHANICS Morada: Largo da Academia Nacional de Belas-Artes, 1249-058 Lisboa Participações no FATAL: 2004, 2005, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Telefone: 213 466 355 Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso, E-mail: [email protected] 3000-315 Coimbra Site: aefbaul.wordpress.com Telefone: 239 835 853 E-mail: [email protected] Prémios: FATAL 2009, FATAL 2010 C CENAtÓRIO D UNIV. LUSÍADA DO PORTO Ano de criação: 2004 dISPArTeatro Espectáculos: 6, “Uma pedra no caminho” de criação colectiva, INSTITUTO SUPERIOR DE PSICOLOGIA APLICADA “O.veneno.na.veia”, criação colectiva; “Deus – uma Peça”, uma Ano de criação: 2005 adaptação de Woody Allen; “Pervertimento”, de José Sinisterra; Espectáculos: 10, “Sonhatorium”; “Tesouros da Sombra”, de “Raposódia Vicentina” Jodorowsky; “Ó Édipos!”, uma adaptação do clássico de Sófocles; Encenadores: David Santos, Diogo Costa Reis “O Meu Fado”; “Buracos Negros”; “Au gostinho”, a partir de Augusto Festivais: FLAE Boal; “Os Improvisadores”; “O quadrado”; “Olhares”. Participação no FATAL: 2007 Encenadores: Nicolau Antunes, Gil Alon, António Gonzalez Morada: Rua Dr. Lopo de Carvalho, 4369-006 Porto Participações no FATAL: 2006, 2007, 2008 e 2009 e 2013 Telefone: 225 570 800 Morada: R. Jardim do Tabaco, 44, 1100 Lisboa E-mail: [email protected]; [email protected] Telefone: 218 811 700 E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://disparteatro.blogspot.com 72 Elencos Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais

F Grupo de Teatro Miguel Torga FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA Fc-Acto Ano de criação: 1995 FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DE LISBOA Espectáculos: 28, de entre eles “O Despertar da Primavera” de Frank Ano de criação: 2004 Wedekind; “Prometeu Acorrentado”, de Ésquilo; “As Bruxas de Salém”, Espectáculos: 16, de de entre eles “Química OFF”, uma criação colectiva, de Arthur Miller; “As Criadas”, de Jean Genet; “O crime da Aldeia “Terrorismo”, dos irmãos Presniakov; “As portas de Mahagonny”, a Velha” de Bernardo Santareno, “Crime da Aldeia Velha”, “O ginjal”; partir de Bertolt Brecht; “Eu (a natureza é a natureza)”, de A. Branco; “Seis personagens à procura de um autor”, “Isto não é um jogo”, de A. Branco; “White Noise”, criação colectiva; Encenador: Grupo de Teatro Miguel Torga, Sérgio Grilo, entre outros “Judas”, de António Patrício; “O Marinheiro”, de Fernando Pessoa Festivais: Festival de Teatro Francófono; Festival ACTUS Encenadores: A. Branco Participações no FATAL: 2000, 2005, 2008, 2010 e 2013 Festivais: Ciclo de Teatro da Beira Interior; mostra TE - Lisboa; FLAE - Distinções: Menção Honrosa FATAL 2008 Lisboa; InPUT - Porto; FETA Porto; Festival de Teatro Universitário de Morada: Campo Mártires da Pátria n.º 130, 1169-056 Lisboa Fez - Marrocos; MITEU - Ourense Telefone: 218 870 360 Distinções: Menção Honrosa FATAL 2006 com “Terrorismo”; Menção E-mail: [email protected] Honrosa FATAL 2008 com “As portas de Mahagonny”; Prémio Especial Site: http://www.gtmigueltorga.com/ do Júri do Festival de Teatro Universitário de Fez 2012 com “Judas” Participação no FATAL: 2006, 2008, 2012 e 2013 GTAL, Grupo de Teatro Académico de Leiria Morada: Campo Grande, 1149-016 Lisboa ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO Telefone: 217 500 094 DE LEIRIA DO INST. POLITÉCNICO DE LEIRIA E-mail: [email protected] Ano de criação: 2005 Site: aefcl.fc.ul.pt Espectáculos: 4, “Suicídio de amor por um defunto desconhecido” de Angelica Lidell; “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues; “Inimigos”, de Nigel Williams; “As criadas” de Jean Genet G Encenadores: João Lázaro, Pedro Wilson, entre outros Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior, GEFAC, Grupo de Teatro Académico Festival de Teatro Juvenil de Leiria UNIV. DE COIMBRA Participação no FATAL: 2008 e 2013 Ano de criação: 1966 Morada: Morro do Lena, Alto do Vieiro, 2410 Leiria Espectáculos: 7, de entre eles, “Manhã” de criação colectiva; “A Água Telefone: 244 814 253 dorme de Noite”; “Sete Luas”; “O Eterno Compromisso”, “Você está E-mail: [email protected] aqui”; todas criações colectivas; “Bichos, Gente e outros Quebrantos” Site: http://www.estg.ipleiria.pt/website/index.php?id=360600&sw Encenador: GEFAC Participação no FATAL: 2007, 2009, 2011 e 2013 GTIST, Grupo de Teatro do IST Morada: Paços da Academia, Rua Padre António Vieira n.º 1, INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO DA UNIV. TÉCNICA DE LISBOA 3000 Coimbra Ano de criação: 1960 Telefone: 239 826 094 Espectáculos: 27 (desde 1960), de entre eles “Zona”, uma criação E-mail: [email protected] colectiva; “Woyzeck”, de Georg Büchner; “Aniquila”, de Susana Vidal; Site: www.uc.pt/gefac “Olhos Desfiados”, criação colectiva; “Agora o Monstro” a partir de Enki Bilal; “Intervalo para Dançar”, criação colectiva; “Cabeça de Cão”, GrETUA, Grupo Experimental de Teatro “Queda em Branco” UNIV. DE AVEIRO Encenadores: Pedro Matos, Gonçalo Amorim, Susana Vidal, Ano de criação: 1979 Gustavo Vicente Espectáculos: mais de 35 produções, como “Liberdade ou morte”, Festivais: Festival de Teatro Universitário da Beira Interior; uma criação do grupo; “A Promissão do Quinto Império”, de Vicente Encontros Internacionais de Teatro Académico de Lyon; Sanches; “O Auto do Aleatório”, de Gil Vicente; “Os Feios”, uma criação CYCLE MECHANICS produzido pelo CITAC colectiva; “Ponto de Fuga”, inspirado em Peter Handke; “Rouge”; Distinções: Melhor peça estrangeira nos Rencontres Théatrales “Contos ao palco”; “E(n)Xame”, de Lyon, com a peça “A velocidade de um Sussurro”; Prémio Encenadores: João Vieira Fino, Jorge Pedro, Rui Sérgio, FATAL 2006, com a peça “Escândalo”; Menção Honrosa no FATAL Liliana Caerano, Jorge Fraga de 2008 com a peça “Aniquila” de Susana Vidal; Prémio FATAL 2009 Festivais: Ciclos de Teatro da Beira Interior; MITEU – Ourense com “Agora o Monstro”; Menção Honrosa FATAL 2010 com Distinções: Prémio de Júri do XII Ciclo de Teatro da Beira Interior “Intervalo para Dançar” Participações no FATAL: 2000, 2003, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013 Participações no FATAL: 1999, 2000, 2003, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009, Morada: Campus Universitário de Santiago, 3810 Aveiro 2010, 2011 , 2012 e 2013 Telefone: 234 372 320 Morada: Avenida Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa E-mail: [email protected] Telefone: 938 371 172 Site: http://www.gretua.blogspot.com/ E-mail: [email protected] Site: http://teatro.ist.utl.pt/ 73

GTL, Grupo de Teatro de Letras M FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE LISBOA Ano de criação: 1964 Máscara Solta Espectáculos: 35, de entre eles “Aldrabices”, criação colectiva; FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DO PORTO “Domiciano”, de José Martins Garcia; “Prometeu”, a partir de Ésquilo; Ano de criação: 2001 “As Troianas”, de Eurípedes; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa; Espectáculos: 9, de entre eles “O ar cansado das minhas roupas” “Jacques, o Fatalista”, de Denis Diderot; “Ricardo III” de William de Ana Catarina Ramalho seguido de “Alguém olhará por nós” de Shakespeare; “Terrores Caseiros”; “Prometeu Agrilhoado”; “Domiciano” Tiago Moura; “A casa de Bernalda Alba”, de Frederico García Lorca; Encenadores: Claude-Henri Frèches, Luís Miguel Cintra, “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco”; “6 Mulheres sob Escuta”, de Eugénia Vasques, Ávila Costa, entre outros Jaime Rocha; “(A)Tentados” de Martin Crimp; “Casting” de Aleksandr Festivais: Ciclo de Teatro Universitário da Beira Interior; Crálin; “Sétimo Céu”; “Kairós”, de Wilson Bezerra Miteu – Ourense; Festival International et Universitaire des Artes Encenadores: Ana Catarina Ramalho, Tiago Moura, Graça Ochoa, de la Scéne de l´Artois Marta Gorgulho, Susana Oliveira, Distinções: Menção Honrosa no FATAL DE 2006 e 2008, com a peça João Melo, Viriato Morais, Allex Miranda, entre outros “Jacques, o Fatalista”; Prémio FATAL – Cidade de Lisboa, em 2007 Festivais: INPUT Participações no FATAL: 1999, 2000, 2001, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, Participação no FATAL: 2007, 2008, 2011 e 2013 2008, 2009, 2010, 2011, 2012 e 2013 Morada: Via Panorâmica, 4150-564 Porto Morada: Alameda da Universidade, 1600-214 Lisboa Telefone: 939 323 555 Telefone: 217 990 530 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Site: http://mascarasoltagrupodeletras.blogspot.com GTN, Grupo de Teatro da Nova mISCuTEm FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS ISCTE – INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA DO TRABALHO E DA EMPRESA Ano de criação: 1991 Ano de criação: 2001 Espectáculos: 22, de entre eles “Morro Como País” de Dimítris Espectáculos: 12, de entre eles “O Insecticida ou o Fim do Império” de Dimitriádis; “Como água para chocolate”, de Laura Esquivel; “Blame Miguel Barbosa; “Os Carnívoros”, de Miguel Barbosa; “O tempo que Beckett”, de Samuel Beckett; “Máquina-Édipo”, de Sófocles; “Atentados” nos pariu”, criação colectiva; “A Cantora Careca”, de Eugène Ionesco; a partir de Martin Crimp; “Um lugar à sombra” a partir de textos de “Leitura encenada” a partir de poemas de autores africanos; “Últimos Platão; “Antitheos”; “Made in China” Remorsos Antes do Esquecimento” de Jean-Luc Lagarce; “O céu não Encenadores: Carlos Fogaça, entre outros, João d’Ávila, Diogo Bento, sabe dançar sozinho”; “O Lado A de B” de José Freixo; “Amor Ensinado” Adriana Aboim, João Nicolau, Cátia Pinheiro Encenadores: Ana Isabel Augusto Festivais: Festival de Teatro Universitário de Louvain-la-Neuve, Festivais: Festival Lusíada de Artes e Espectáculos Festival dos Outros Teatros Participações no FATAL: 2004, 2007, 2008, 2010 e 2013 Distinções: 2.º lugar no Festival Amador da Área Metropolitana Morada: Avenida das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa de Lisboa, Prémio FATAL 2007 Telefone: 217 903 018 Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, E-mail: [email protected] 2010, 2011 e 2013 Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa Telefone: 213 715 600 E-mail: [email protected] Site: http://grupodeteatrodanova.blogspot.com GTUL, Grupo de Teatro da Universidade Lusíada UNIV. LUSÍADA Ano de criação: 1992 Espectáculos: 31, de entre eles “A Besta”, de João Silva; “A Lição”, de Eugène Ionesco; “Alguém terá de Morrer”, de Luiz Francisco Rebello; “O Romance da Raposa”; “A corda” e “Sonâmbulos” de Michel Simeão; “Um estranho chamado amor” Encenadores: João Silva, José Lobato, Clemente Santos, Michel Simeão, entre outros Festivais: Festival de Teatro Académico da Beira Interior, Festival de Teatro Académico Actus; Festival Lusíada das Artes do Espectáculo Participações no FATAL: 1999, 2003, 2007, 2008, 2010, 2011 Morada: Rua da Junqueira, 1349-001 Lisboa Telefone: 213 611 500 E-mail: [email protected] Site: www.gtul.net 74 Elencos Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais

N P NNT, Novo Núcleo de Teatro Piratautomático FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS DA UNIV. NOVA DE LISBOA SOCIAIS DE LEIRIA – IPL Ano de criação: 1995 Ano de criação: 2006 Espectáculos: 16, de entre eles “Eu disse AGORA não disse AMANHÃ Espectáculos: 6, como “Nem tanto ao Mar, nem tanto à Terra” de João DEPOIS ONTEM” a partir de Samuel Beckett; “As três irmãs”, de Alves Augusto; “Viva, Morra, Chão e Céu Fera”, “Fulano, Beltrano (tropeças Redol; “O Ventre de Jeremias”, de Victorino de Almeida; “No País das neste mundo enquanto pensas noutro)”, “Técnica” e “Técnica/A Últimas Coisas”, de Paul Auster; “Film Noir”; “Mecânica das Paixões” perfeição do Outro Mundo”, todas de autoria de Simão Vieira; Encenadores: Jorge Fraga, Bruno Bravo, Alexandre Calado, Joana “Pequena Aventura na Grande Superfície”; “Não me pares de contar Craveiro, entre outros Festivais: Festival Internacional de Teatro histórias” Universitário da Lusíada; Festival Internacional Universitário de Encenadores: Simão Vieira e João Augusto Santiago de Compostela; Mostra de Teatro de Almada; Festival aCTUS Festivais: Festival de Teatro Juvenil de Leiria (Coimbra), o SALTA (Aveiro), Ciclo de Teatro Universitário da UBI Participações no FATAL: 2010 (Covilhã), Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau Morada: Federação Académica de Leiria, Escola SECSL, (Brasil) Distinções: Menção Honrosa, no FATAL 2006, pela encenação R. Dr. João Soares, Apartado 4045, 2411-901 Leiria da peça “Cerejal”; Prémio Público no FATAL de 2008. Telefone: 917013357 ou 244 829 400 Participações no FATAL: 2000, 2003, 2004, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, E-mail: [email protected]; [email protected] 2011, 2012 e 2013 Morada: Quinta da Torre, 2825 Monte da Caparica Telefone: 212 949 678 S E-mail: [email protected] Site: http://nucleos.ae.fct.unl.pt/nnt/; Sin-Cera, Grupo de Teatro Académico http://novonucleoteatro.blogspot.com UNIV. DO ALGARVE Ano de criação: 1990 Noster, Grupo de Teatro da UCP Espectáculos: 21, entre eles “Cidade Autoada” de Mário de Cesariny de UNIV. CATÓLICA Vasconcelos; “O Recibo do Diabo”, de Alfred de Musset; “As Moscas” de Ano de criação: 1998 Jean-Paul Sartre; “Metamorfose”, de Franz Kafka; “Não sejas Criança” Espectáculos: 33, “Num país onde não querem defender os meus Encenadores: Rui Sérgio, Pedro Wilson, Andrzej Kowalski; direitos, eu não quero viver” de Jorge Silva Melo, a partir de Michael Pedro Ramos; José Luís Louro, Paulo Moreira Kohlhaas de Heinrich von Kleist; “Morte Presumida”, uma adaptação Festivais: I Festival de Teatro da Universidade do Algarve; de Para Acabar de Vez com a Cultura, de Woody Allen; “PRIMVS Festival Acaso; ENTN – Encontro Nacional de Teatro Universitário INTER PARES”, de A. Branco e Joana Liberal; “O Mundo Inteiro”, de Participações no FATAL: 2004, 2006 e 2013 Catarina Duarte, Cátia Ferreira Fonseca e Joana Liberal; “A Severa”, Morada: Rua de Tulipas, Lote 36, Gândelas, 8000 Faro Joana Liberal (a partir de Júlio Dantas) “Habeas Corpus”, de A. Branco Telefone: 281 981 966 e Joana Liberal; “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare; “um nome E-mail: [email protected]; [email protected] provisório”, criação colectiva Site: http://www.sincera.aaualg.pt Encenadores: Sílvia Balancho, Joana Liberal, Rita Bicho, Romeu Nascimento, Mêrcedes Rebelo, A. Branco S.O.T.A.O. Festivais: FLAE - Lisboa; Ciclo de Teatro da Beira Interior INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS ABEL SALAZAR Participações no FATAL: 2013 DO PORTO, DA UNIV. DO PORTO Morada: Universidade Católica de Lisboa, Palma de Cima, 1649-023 Ano de criação: 2000 Lisboa Espectáculos: 7, de entre eles, “As Canções de Bilitis”, de Pierre Louÿs; Telefone: 914 144 903, 217 214 000 “Doze Pedaços de Lua”, adaptação de Histórias Mínimas de Javier E-mail: [email protected] Tomeo; “Pedras Negras”, adaptação de O Crime de Aldeia Velha, Site: www.facebook.com/nosterucp de Bernardo Santareno; “Falhar”, textos de Samuel Beckett, “O clube dos Pirilampos”; “Lisístrata” de Aristófanes; “Sonho de uma noite de Verão” de Shakespeare Encenadores: Arlete de Sousa, Alexandre Maia, Rui Spranger, Pedro Estorninho, Sandra Ribeiro, entre outros Festivais: Festival Actus, Festival INPUT; “Feiras Francas”, 1.º Festival Pó de Palco, Certame no Sotão, TeatralnyKoufar (Bielorrúsia) Participação no FATAL: 2006, 2009 Morada: Largo Professor Abel Salazar, 24099-003 Porto Telefone: 223 389 251 E-mail: [email protected] Site: http://sotao-icbas.blogspot.com 75

T TeatrUBI Teatro Andamento UNIV. DA BEIRA INTERIOR ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM de lisboa Ano de criação: 1989 Ano de criação: 2004 Espectáculos: 71, de entre eles “Parecia que dançávamos. Tu vestido Espectáculos: 5, de entre eles, “Que esperar de nós” e “Assaltos de príncipe e eu nua.” de Rui Pires a partir de “Puta de Prisão de de Improvisação”, ambas criações colectivas; “O Gato” e “A Morte Isabel do Carmo e Fernanda Fráguas e de “La Flor de Lis” de Marosa é uma Flor”, de Joaquim Nogueira; “Peta das Antigas”; “Cottolengo” di Giorgio; “O Corvo”, de Ivan Briscoe; “A Ferida no Pescoço”, de Encenadores: Joaquim Paulo Nogueira, Ricardo Rodrigues, Heiner Müller; “Posso avançar? Pergunta o Cavalo”, criação colectiva; entre outros “Empresta-me o teu coração”; “Mata-dor”, Participação no FATAL: 2006, 2010 Encenadores: António Abernú, Susana Vidal, Lorena Briscoe, Morada: Avenida Prof. Egas Moniz, 1649-035 Lisboa Filipa Francisco, Cecília Gomes, Ruth Mandel, José Carretas, Rui Pires, Telefone: 967 157 919 entre outros E-mail: [email protected] Festivais: Festival Internacional de Teatro Universitário de Site: http://www.esel.pt Casablanca, MITEU- Ourense; Festival de Teatro Universitário da Beira Interior Teatro da Academia Prémios: Prémio do Festival Internacional de Teatro Universitário de ESCOLA SUP. DE EDUCAÇÃO DE VISEU DO INSTITUTO Casablanca, para a “Ferida no Pescoço”; Prémio do Júri da IV MITEU POLITÉCNICO DE VISEU – Ourense, para “Cada dia sou alguém diferente e cada dia o mesmo” Ano de criação: 1992 Participações no FATAL: 2000, 2003, 2007, 2008, 2009 Espectáculos: 6, de entre eles, “Stan & Ollie” e “À volta dos ubus”, Morada: Rua Senhor da Paciência, n.º 39, 6200-158 Covilhã criações colectivas; “Nem toda a pena é leve”, de Jorge Fraga; “Europa” Telefone: 965694877 ou 275 319 530/5 a partir de Sławomir Mrożek; “Woyzeck”, a partir de Georg Büchner E-mail: [email protected]; [email protected] Encenadores: Jorge Fraga Site: http://teatrubi.blogspot.pt/ Festivais: FETA, Festival Salta!; ENTU (Portimão); Actus Participações no FATAL: 2010 e 2012 Teatro da UITI Distinções: FATAL 2010, Distinção do Público UNIV. INTERNACIONAL DA TERCEIRA IDADE DE LISBOA Morada: Rua Maximiano Aragão, 3504-501 Viseu Ano de criação: 2008 Telefone: 965439173 ou 232 419 000 (escola) Espectáculos: 2, “A culpa é da Galega”; “Nós não queremos morrer”, E-mail: [email protected]; [email protected] ambas criações colectivas; “Nuros”; “Templo” Site: http://www.esev.ipv.pt/ Encenadores: Carlos G. Melo Participações no FATAL: 2009, 2010 Teatro do Ser Distinções: FATAL 2009, Distinção do Público FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS Morada: Rua das Flores, 85 - 1.º, 1200-149 Lisboa DA UNIV. NOVA DE LISBOA Telefone: 961 472 408 Ano de criação: 1998 E-mail: [email protected] Espectáculos: 17, de entre eles “Os Novos Confessionários” de Site: http://www.teatrodauiti.blogspot.com Isabel Medina e Pedro Feteira; “Tragédia entre os Montes”, de Carla Vieira e Sara Ferreira; “As Mãos de Abrãao Zacut”, de Luís de Sttau TEB, Teatro de Estudantes de Bragança Monteiro; “O Segredo do teu Corpo”, de Manuel Halpern; “Nossos INST. POLITÉCNICO DE BRAGANÇA confessionários de mulheres”; Ano de criação: 1991 “Se perguntarem por mim, não estou” Espectáculos: 41, de entre eles, “A Cave” de criação colectiva; “Histórias Encenadores: Jorge Almeida Mínimas”, de Javier Tomeo; “Antes que a noite venha”, de Eduarda Festivais: Mostra Internacional de Teatro Universitário (MITEU); Dionísio; “Armazém”, de Vânia Cosme Festival Salta!, ACTUS, Festival Teatro da UBI Encenadores: Helena Genésio Participações no FATAL: 2003, 2005 e 2006 Festivais: INPUT Morada: Avenida de Berna n.º 26-C, 1090 Lisboa Participação no FATAL: 2007 Telefone: 217 908 300, 919 612 456 Morada: Rua Trindade Coelho nº 38 (Costa Grande), 5300 Bragança E-mail: [email protected] Telefone: 965 482 369 Site: http://www.fcsh.unl.pt/teatrodoser E-mail: [email protected]; [email protected] Site: http://www.teb.ipb.pt/ 76 Elencos Anuário de Grupos de Teatro Universitário Nacionais

TEUC TUM, Teatro Universitário do Minho UNIV. DE COIMBRA UNIV. DO MINHO Ano de criação: 1938 Ano de criação: 1989 Espectáculos: 100, de entre eles, “projecto H” de Joana Providência e Espectáculos: 55, “O Segundo do Fim”; “O Dia Primeiro” “O silêncio” TEUC; “Medeia”, de Eurípides; “Antígona”, de Sófocles; “O Tio Vânia”, e “Os vendilhões do Templo”, de João Negreiros; “Jornalista da vossa de Anton Tchekhov; “A Narrativa Fidedigna da Grande Catástrofe”; beleza” a partir de João Negreiros; “Luto lento”; “Futuro Imperfeito” “Um dia de Raiva”; “Vosch-Vusch, um bosque em marcha” Encenadores: António Durães, Rogério de Carvalho, Ana Bettencourt, Encenadores: Fernando Gusmão, Júlio Castronuovo, Tiago Rodrigues, entre outros, João Negreiros Rogério Carvalho, Pedro Malacas, Catarina Santana e Joana Pupo, Festivais: SALTA, (Re)Ciclo; Festival Teatro UBI entre outros. Participações no FATAL: 2003, 2007 e 2008 Festivais: Ciclo de teatro do CITAC; Festival Internacional de Teatro Morada: Tum, Rua do Castelo, Complexo Pedagógico do Castelo, de Almada Sala 212, 2.º andar, 4704-553 Braga Participações no FATAL: 2003, 2005, 2006, 2007, 2009, 2010, 2011, 2012 Telefone: 965 530 263 e 2013 E-mail: [email protected]; [email protected] Morada: Rua Padre António Vieira, Edifício AAC, 4.º piso, Site: blogdotum.blogspot.com/ 3000-315 Coimbra Telefone: 239 827 268 TUP, Teatro Universitário do Porto E-mail: [email protected] UNIV. DO PORTO Site: www.teuc.pt Ano de criação: 1948 Espectáculos: “Medeia de Noitarder” de Raquel S.; “O Paraíso não está Thíasos à vista”, de Rainer Werner Fassbinder; “Nós e Eles”, de David Campton; FACULDADE DE LETRAS DA UNIV. DE COIMBRA “Cara de Fogo”; “Recuperados”; “O Aquário”; “Ressablo das Maravilhas”; Ano de criação: 1992 “O sonho de uma noite de Verão”; “Medeia”; “Alan”; “A Espera” Espectáculos: 18, de entre eles, “Auto da Alma”, de Gil Vicente; Encenadores: Correia Alves, Lígia Roque, Jacinto Durães, António “O Poeta e o Maçador”, de Horácio; “As Suplicantes” e “Hipólito”, Júlio; Luciano Amarelo; Rosa Quiroga; António Capelo; Rogério de Eurípedes; “Ensaio sobre a cícuta”; “As Suplicantes” de Ésquilo de Carvalho; António Júlio; Inês Gregório e Nuno Matos Encenadores: Delfim Leão, José Luís Brandão, Carla Braz, Lia Nunes, Festivais: Festival de Teatro Universitário de Erlanger; entre outros Festival Ibérico de Teatro Universitário; Input; Festivais: Festival Internacional de Verão de Teatro de Tema Clássico, Mostra de Teatro Universitário de Ourense 2012 XVII Festival Juvenil Europeo Grecolatino de Segóbriga; Distinções: PRÉMIO FATAL 2011 XVI Rassegna Internazionale del Teatro Classico Antico (Itália); Participações no FATAL: 2000, 2001, 2008, 2010, 2012 e 2013 Puerto de Santa Maria (2004), Tours (2004), Nantes (2005) e Málaga (2008). Morada: Travessa da Cedofeita, n.º 65, 4050-138 Porto Morada: Largo da Porta Férrea, 3004-530 Coimbra Telefone: 965 503 939 Telefone: 239 859 981; 967 685 736; 962 565 710 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Site: http://teatrup.wordpress.com Tictac FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIV. DO PORTO Ano de criação: 1994 Espectáculos: 12, de entre eles, “Epimeteu ou o Homem que Pensava Depois”, de Jorge de Sena; “O Público”, “A Sério que Somos Felizes”; “Inquietudes”; “Largo de Narciso” Encenadores: Fernando Moreira, Jacinto Durães, Tó Maia, entre outros Festivais: INPUT Participações no FATAL: 2009 Morada: Rua do Campo Alegre, 823, 4150-180 Porto Telefone: 226 065 259 E-mail: [email protected] Site: http://teatrotictac.blogspot.com 77

TUT U UNIV. TÉCNICA DE LISBOA Ano de criação: 1981 Ultimacto Espectáculos: 49, de entre eles “Antígonas” a partir de Sófocles, Jean FACULDADE DE PSICOLOGIA E INSTITUTO DE EDUCAÇÃO Anouilh, Bertold Brecht, Maria Zambrano; “À espera dos Bárbaros”, DA UNIVersidade DE LISBOA dramatização do poema de Konstandinos Kavafis, “Leôncio e Lena Ano de criação: 1993 na Estalagem de Mirandolina”, Fusão de Leonce und Lena de Georg Espectáculos: 18, de entre eles “Despertar da Primavera” de Frank Büchner com La Locandiera de Carlo Goldoni, “Sentimento de um Wedekind; “Médico à Força”, de Molière; “Com Carácter de Urgência”, Ocidental”, dramatização do poema homónimo de Cesário Verde; de Ana Lacerda; “Dança de Roda”, de António Pedro; “A Invenção do “Da vida dos insectos”; “Antígonas”. Amor” de Daniel Filipe; “Última Chamada”; “Os Figurantes”, de Jacinto Encenadores: Júlio Martín da Fonseca, Jorge Listopad Lucas Pires; “MetropoLIS”; “Um Auto para Jerusalém” Festivais: “Rencontres de Théâtre et Jeunesse pour l Europe” Encenadores: Pedro Barão, Álvaro Correia, Ana Lacerda, – Grenoble (França), Festival Internacional de Teatro de Almada, Elsa Valentim, João Cabral, Rosa Coutinho Cabral, entre outros Bienal Universitária de Coimbra – BUC, Encontro de Escolas Festivais: INPUT; Festival de Teatro de Tomar no Teatro Malaposta, SCENA Lisboa Participação no FATAL: 2004, 2005, 2006, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2013 Participações no FATAL: 2012 e 2013 Morada: Alameda da Universidade 1649-013 Lisboa Morada: Teatro da Universidade Técnica, Palácio Burnay, Telefone: 217 973 179 Rua da Junqueira, 86, 1349-025 Lisboa E-mail: [email protected] Telefone: 919 233 048 / 963 302 769 E-mail: [email protected] Site: http://blogdotut.blogspot.com TUTRA UNIV. DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO Ano de criação: 1989 Espectáculos: 17, de entre eles, “As Cadeiras”, de Eugène Ionesco; “Contactos sem Tecto”, criação colectiva; “Uma Boca cheia de Pássaros”, de Caryl Churchill; “Universos e Frigoríficos” de Jacinto Lucas Pires; “Helmut” de Jerry Lewis; “To Die For” performance; “Table Dance” com D. Alzira de Argozelo; “Famavana”; “Antídoto”; “Ramayana”; “Ilhas” Encenadores: António Capelo, Noélia Dominguez, Sérgio Agostinho, Tiago Ramos, Pedro Guimarães, entre outros, Roberto Querido Festivais: 3.º Encontro de Teatro Universitário em Bragança; Festival EntreArtes Participações no FATAL: 2004 e 2005 Morada: Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douto, Quinta dos Prados, 5000-998 Vila Real Telefone: 259 350 000, 259 752 94 E-mail: [email protected] Site: http://tutra.blogspot.com 78 © Hélio Neto © Hélio