Marechal Henrique Teixeira Lott: a Opção Das Esquerdas
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Universidade Federal Fluminense Centro de Estudos Gerais Instituto de Ciências Humanas e Filosofia Programa de Pós-Graduação em História Social Doutorado em História KARLA GUILHERME CARLONI MARECHAL HENRIQUE TEIXEIRA LOTT: A OPÇÃO DAS ESQUERDAS Tese apresentada como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de doutora em História Social pela Universidade Federal Fluminense. Orientador: Profº Dr. Daniel Aarão Reis Niterói 2010 1 KARLA GUILHERME CARLONI MARECHAL HENRIQUE TEIXEIRA LOTT: A OPÇÃO DAS ESQUERDAS Banca Examinadora: __________________________________ Prof o. Dr. Daniel Aarão Reis __________________________________ Prof o. Dr. Celso Castro __________________________________ Prof a . Dr. Marieta de Morais Ferreira __________________________________ Prof o. Dr. Orlando de Barros __________________________________ Prof o. Dr. Paulo Ribeiro da Cunha _________________________________ Prof o. Dr. Noberto Ferrera (suplente) __________________________________ Prof o. Dr. Marco Antonio Pamplona (suplente) 2 Dedico esta tese aos meus pais e avós... 3 AGRADECIMENTOS Pais queridos e sempre ao meu lado. Amílcar e Esther Carloni, obrigada por acreditarem em mim e estarem ao meu lado nos momentos mais difíceis... Giuliano e Flávia Carloni, família Shampoo, minha eterna companheira de trabalho. Mi, uma nova alegria. Professor Daniel Aarão, obrigada pela oportunidade de desfrutar de seu conhecimento e de sábia orientação. Professor Jorge Ferreira, grande responsável pela construção de minha carreira acadêmica. Agradeço o eterno incentivo, o tema de minha p esquisa e a atenção dispensada durante tantos anos. Professores Orlando de Barros e Stela pela amizade, carinho e orientação dispensados. Agradeço a todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a fazer esta tese: Kardec Lemme, Coronel Alencar, Capitão Correa (AHEX), Sargento Silva (AHEX) e Capitão Ferreira (AHEX), jornalista Wagner William, funcionários dos arquivos e bibliotecas pesquisados. Fernanda, bisneta do marechal. Amigos: Adriana Carvalho, William Martins e Sátiro Nunes. Fábio Koifman, querido companheiro e grande historiador. Obrigada pelo amor, pela paciência e pelo incentivo nestes anos de convívio. Sua presença foi fundamental para a escrita desta tese. 4 RESUMO Marechal Henrique Duffles Teixeira Lott foi ministro da Guerra durante os anos de 1955 e 1959. No período em que ocupou o ministério liderou o contragolpe de 11 de Novembro de 1955 e foi responsável pela manutenção de Juscelino Kubitschek no poder. Sua carreira política e militar foi associada a ideais de legalidade, democracia e nacionalismo. As esquerdas da época, tanto militar quanto civil, escolheram o velho oficial como representantes de suas aspirações de uma sociedade mais igualitária e justa e um Brasil economicamente independente. Sua popularidade levou a candidatura à presidência da República, em 1960. O resgate da biografia política do marechal Henrique Lott ajuda a entender construção da identidade do Exército brasileiro durante o século XX e esclarece a existência de um grupo de militares com identidade alternativa à tradicional imagem construída do militar brasileiro, principalmente após o Golpe Civil Militar de 1964. Palavras-chave: Marechal Henrique Lott – Nacionalismo – Esquerdas – Exército – Biografia 5 ÍNDICE INTRODUÇÃO...................................................................................................................08 CAPÍTULO I - MARECHAL HENRIQUE DUFFLES TEIXEIRA LOTT: MEMÓRIAS EM CONFLITO........................................................................................................................12 O CANDIDATO PERFEITO PARA O BRASIL O SALVADOR NÃO FOI RECONHECIDO NA MULTIDÃO O MARECHAL CHEGA AO SÉCULO XXI SOB A ÓTICA DA DIREITA MILITAR: A TRAJETÓRIA DE UM OFICIAL NACIONALISTA LOTT NO DISCURSO DOS MILITARES DE 1964 AS POSSIBILIDADES DE UMA BIOGRAFIA CAPÍTULO II - UM MILITAR DA ORDEM: AS ORIGENS............................................................................................................................48 A PRIMEIRA REPÚBLICA DA REVOLUÇÃO DE 1930 AO ESTADO NOVO UM POUCO DE VIDA FAMILIAR CONSIDERAÇÕES: A TRAJETÓRIA INDIVIDUAL E A CONSTRUÇÃO DE UMA NAÇÃO MODERNA CAPÍTULO III - MINISTRO DA GUERRA DE CAFÉ FILHO E O 11 DE NOVEMBRO DE 1955.......................................................................................................86 O CONVITE A INSTABILIDADE POLÍTICA: OS QUARTÉIS SE AGITAM CAPÍTULO IV - O MINISTÉRIO DA GUERRA........................................................ 130 O MINISTRO DA GUERRA E O GOVERNO DE JK A FRENTE DE NOVEMBRO: AMPLIAÇÃO DA DEMOCRACIA SOCIAL O ANIVERSÁRIO DO MOVIMENTO 11 DE NOVEMBRO: A ESPADA DE OURO FECHAMENTO DA FRENTE DE NOVEMBRO 6 CARTAS AO GENERAL EMBATES INTERNOS: O MINISTÉRIO DA GUERRA E OS CONFLITOS ENTRE AS ESQUERDA E A DIREITA MILITAR GABINETE DO MINISTRO DA GUERRA: NOTAS ESPECIAIS ORÇAMENTO DA GUERRA NO GOVERNO DE JK CAPÍTULO V - AS ELEIÇÕES DE 1960......................................................................187 A ESCOLHA A PROPOSTA DE GOVERNO O CANDIDATO DAS ESQUERDAS A FALTA DE APOIO POLITICO AS CONTRADIÇÕES A OPOSIÇÃO A DERROTA 18 ANOS DEPOIS CAPÍTULO VI - A LUTA PELA LEGALIDADE........................................................230 A CRISE DE 1961 TRAJETÓRIA INTERROMPIDA CONCLUSÃO ..................................................................................................................240 ANEXO I........................................................................................................ (Ver Original) ANEXOII.........................................................................................................(Ver Original) ANEXOIII...................................................................................................... (Ver Original) ARQUIVOS E FONTES ..................................................................................................244 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................245 7 INTRODUÇÃO Escrever sobre a presença dos militares na história política do Brasil não é novidade. Após a implementação do Regime Militar, em abril de 1964, historiadores, sociólogos e cientistas políticos brasileiros e estrangeiros debruçaram-se sobre a história das relações entre as Forças Armadas e o Estado em busca de explicações para os capítulos autoritários da vida nacional. Nos programas de pós-graduação em História, são numerosos os alunos que se dedicam ao estudo dos governos militares no Brasil e nos demais países da América do Sul. Proliferam os estudos comparados entre os casos do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Em sua maioria, a ênfase recai na resistência civil armada e na contra cultura. Muitos historiadores buscam identificar e analisar as manifestações culturais, as transgressões e as contestações ao autoritarismo, recaindo a maior ênfase na investigação da organização e atuação dos grupos guerrilheiros urbanos e rurais que atuaram na resistência aos regimes de exceção do Cone Sul. Mais recentemente,são as memórias destes grupos e de seus algozes militares o objeto de estudo e de discussão em congressos e seminários de historiadores ligados ao tema do Regime Militar. Busca-se entender, sob a perspectiva de conceitos vindos, principalmente, da antropologia e da psicologia, a formação de identidades e memórias coletivas enquadradas no tempo presente. Há aqueles que também se debruçam sobre as complexas redes de informações e repressão montadas pelos militares, como a meticulosa Operação Condor e as diferentes formas de censura impostas à sociedade civil. Neste caminho, estudam as diferentes respostas e soluções dadas pela sociedade. Os que desejam encontrar no passado nacional as raízes do autoritarismo e da fragilidade do Estado, diante do poder militar, retornam ao Estado Novo e à sua complexa relação com os militares. A interação entre Vargas e os militares e o grau de autonomia que estes adquirem no fim da ditadura parecem trazer algumas respostas satisfatórias. Por fim, ainda resistem aqueles que assinalam que, no intervalo democrático de 1945-1964, os supostos “governos populistas” teriam sido os grandes responsáveis pelo fracasso da democracia e, conseqüentemente, da ascensão dos militares. 8 No período que antecede ao Estado Novo, a historiografia destaca o Movimento Comunista de 1935, pejorativamente chamado de Intentona Comunista, e o movimento dos tenentes da década de 1920, com ênfase na Coluna Prestes. Há ainda aqueles que caminham até a instauração da República pelos militares e aos inúmeros conflitos durante a Primeira República. No bojo dos estudos sobre Forças Armadas e política no Brasil, há um grupo diminuto de historiadores que, solitariamente, se dedica a estudar um grande e esquecido número de vencidos do Regime Militar brasileiro. Vencidos pelo poder, pela força e pelo silêncio da memória. Os militares de esquerda são fundamentais para entender o desenvolvimento dos acontecimentos pré e pós 1964. Na historiografia brasileira, há pouca coisa publicada a respeito deste vasto e heterogêneo grupo. João Quartim de Moraes, da Unicamp, é o pioneiro e ainda uma das poucas referências de peso para o tema 1. Nelson Werneck Sodré, ele mesmo um militar de esquerda, Jacob Gorender, Hélio Silva, homens testemunhas de seu tempo, são talvez ainda as referências principais. 2 Recentemente, o cientista político Paulo Ribeiro da Cunha fez profundo e profícuo estudo a respeito do pensamento marxista de Nelson Werneck Sodré.