146 Washington: Do Suicídio De Vargas À Queda De João Goulart

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

146 Washington: Do Suicídio De Vargas À Queda De João Goulart Washington: * do suicídio de Vargas à queda de João Goulart LUIZ ALBERTO MONIZ BANDEIRA** implicava qualquer possibilidade de seu retorno ao governo, percebeu que ele havia aderido ao golpe e não havia qualquer possibilidade de resistência. E, pouco depois das 8hs da manhã de 24 de agosto, sua esposa, Darcy Vargas, e o coronel da Aeronáutica Hernani Hilário Fittipaldi, ajudante de ordens, ouviram um tiro e acorreram para o quarto. Lá estava o presidente Getúlio Em 23 de Vargas morto, caído sobre a cama, com agosto de 1954, cerca de 30 generais, um revolver Colt, calibre 32, na mão vinculados à facção denominada direita, a esquerda pousada sobre o Cruzada Democrática, ameaçaram usar peito. Havia preferido a morte ao ultraje a força, caso o presidente Getúlio da deposição. E, em carta entregue a Vargas não renunciasse, imediata e João Goulart, denunciou: definitivamente, à presidência da "A campanha subterrânea dos República. Estavam a apoiar a posição grupos internacionais aliou‑se à dos dos brigadeiros da Aeronáutica, grupos nacionais revoltados contra amotinados desde o assassínio do o regime de garantia do trabalho. A major-aviador Rubem Florentino Vaz (5 lei de lucros extraordinários foi de agosto), enquanto acompanhava o detida no Congresso. Contra a jornalista Carlos Lacerda, da União justiça da revisão do salário mínimo se desencadearam os ódios. Quis Democrática Nacional (UDN), que criar liberdade nacional na defendia a implantação de um "Estado potencialização das nossas riquezas de emergência", através do jornal através da Petrobras e, mal começa Tribuna da Imprensa, com recursos, esta a funcionar, a onda de agitação decerto, oriundos da CIA, segundo se avoluma. A Eletrobrás foi Tancredo Neves, então ministro da obstaculizada até o desespero. Não Justiça. 1 Os generais Juarez Távora, querem que o trabalhador seja livre. Oswaldo Cordeiro de Farias e o Não querem que o povo seja brigadeiro Eduardo Gomes então independente". articulavam, abertamente, a derrubada As aves de rapina, que queriam do governo. E Vargas, após ouvir do continuar "sugando o povo brasileiro" e ministro da Guerra, Zenóbio da Costa, às quais Vargas ofereceu sua vida em que a licença exigida pelos militares não holocausto, eram os grupos 146 internacionais, cujo ninho estava em O vice-presidente José Café Filho Washington, de onde, em 1952, partira assumiu a chefia do governo, sem certamente o encorajamento para condições de derrogar todas as criação da Cruzada Democrática, por iniciativas nacionalistas de Vargas, nem uma facção de militares conservadores e os chefes da Cruzada Democrática de simpatizantes dos Estados Unidos, a fim evitar a eleição e a posse de Juscelino de impedir a reeleição dos generais Kubitschek e João Goulart, candidatos Estillac Leal e Horta Barbosa que da aliança PSD-PTB à presidência e defendiam política nacionalista do vice-presidência do Brasil. presidente Getúlio Vargas, A conspiração, entretanto, continuou. consubstanciada, sobretudo, pelo Em 1° de novembro de 1955, por monopólio estatal do petróleo, e ocasião do enterro do general tentavam a reeleição para a presidência Canrombert Pereira da Costa, o coronel do Clube Militar. Jurandir Bizarria Mamede fez a Ao ouvir, porém, a notícia de que provocação, com um discurso contra a Vargas se suicidara, massas, sob o posse dos eleitos - Juscelino Kubitschek impacto da denúncia por ele feita, na e João Goulart, por terem recebido o carta de despedida, e autenticada com apoio do PCB, partido na ilegalidade. seu próprio sangue derramado, Infringiu, portanto, a disciplina militar, comovidas e revoltadas, levantaram-se e e o general Henrique Teixeira Lott, convulsionaram o Rio de Janeiro e as ministro da Guerra, tratou de puni-lo. mais diversas capitais. Durante todo o Em 8 de novembro, o presidente José dia, as multidões percorreram as ruas do Café Filho, sob o pretexto de doença Rio de Janeiro e destroçaram faixas e cardiovascular, passou então o governo cartazes da UDN, atacaram as sedes da ao presidente da Câmara dos Deputados, Rádio Globo e da Tribuna da Imprensa, Carlos Luz, que se recusou a punir o edifícios da Standard Oil, Light & coronel Jurandir Mamede e exonerou o Power, Companhia Telefônica, Helena general Lott. Mas o general Álvaro Rubinstein, bem como avançaram Fiuza de Castro, nomeado para o contra a Embaixada dos Estados Unidos. Ministério da Guerra, nem pôde assumir o posto. Na madrugada de 10 para 11 de O golpe contra o governo do presidente novembro, o general Henrique Teixeira Vargas inseriu-se no mesmo contexto Lott, com o respaldo da oficialidade em que a CIA, juntamente com o MI-5, nacionalista do Exército, colocou os da Grã-Bretanha, promoveu a derrubada tanques nas ruas do Rio de Janeiro e do governo eleito do primeiro ministro levou o Congresso a votar o do Irã Mohammad Mosaddegh (1951– impeachment de Carlos Luz e, no dia 21, 1953), em 1953, e a invasão da repetiu a mesma operação, a fim de Guatemala (Operation PBSUCCESS) evitar que Café Filho reassumisse o por mercenários para derrocar o governo. Nereu Ramos, presidente do governo nacionalista de Jacob Guzman Senado, dirigiu o país até a posse de Arbenz, em entre 17 e 27 de junho de Juscelino Kubitschek, em 31 de janeiro 1955. Porém, o suicídio de Vargas, no de 1956. Brasil, se não abortou o golpe, impediu que a Cruzada Democrática o Os militares da Cruzada Democrática, radicalizasse e instaurasse a ditadura, derrotados em 11 de Novembro de 1955, sob o rótulo "Estado de Emergência", continuaram a conspirar, dentro e fora conforme estava projetado. do Clube Militar, contra o governo do 147 presidente Juscelino Kubitschek (1956- Congresso, sob pressão, para superar o 1961), articulados com os políticos da impasse. União Democrática Nacional (UDN), Entretanto, já em maio de 1959, fim do que apoiou a candidatura de Jânio governo de Juscelino Kubitschek, a CIA Quadros à presidência da República e organizou no Brasil, sob a direção de venceu a eleição em 1960. Por outro Ivan Hasslocher, o Instituto Brasileiro lado, João Goulart, do PTB, elegeu-se, de Ação Democrática (IBAD), separadamente, vice-presidente. Jânio conforme o próprio general Hélio Quadros, porém, renunciou, em 25 de Ibiapina (1909-2010), que pertencera à agosto de 1961, pois imaginava que os Cruzada Democrática e fora muito ministros militares não permitiriam sua ligado aos americanos, como chefe do sucessão por João Goulart, e buscava serviço secreto do Exercito, confirmou assim criar um impasse e forçar o 2 em entrevista à Folha de São Paulo. E Congresso a aceitar o princípio da diversas organizações apareceram, com delegação de poderes, a fim fortalecer a o mesmo rótulo - "democrática" - uma autoridade do governo, que ele julgava espécie de trade mark, indicativa de que desaparelhado, sem o sacrifício, eram também financiadas pela CIA, tais contudo, dos aspectos fundamentais da como Campanha da Mulher mecânica democrática. Washington, no Democrática (CAMDE), Ação entanto, nele não mais confiava, em Democrática Parlamentar e outras. virtude de sua política exterior em Executivos de multinacionais, defesa da autodeterminação e soberania especialmente americanas, e de Cuba, e certamente não podia admitir empresários brasileiros, outrossim, que ele desse o golpe de Estado sui forneceram enormes recursos, inclusive generis de estilo bonapartista, de para o Instituto de Pesquisas e Estudos resultados duvidosos e consequências Sociais (IPES), com o objetivo de imprevisíveis. E tudo fizeram para articular, com a assessoria do coronel abortá-lo. Carlos Lacerda, governador Golbery do Couto e Silva, o radicalismo do Estado da Guanabara e ligado à CIA, de direita, carcomer os alicerces e delatou o complô, do qual até então derrocar o governo constitucional do participava. presidente João Goulart. Jânio Quadros teve de precipitar o golpe Durante reunião na Casa Branca, em 7 e renunciou, em 25 de agosto de 1961, de outubro de 1963, o embaixador mas não teve êxito. O Congresso Lincoln Gordon falou sobre a situação aceitou a renúncia, como ato de vontade econômica e política no Brasil e, ao unilateral, e os ministros militares, ao abordar as alternativas, o presidente tentarem impedir a ascensão de João Kennedy perguntou-lhe: "What about Goulart ao governo, defrontaram-se the ...Do you see a situation coming com formidável resistência dentro das where we might be, find desirable, to Forças Armadas, com o respaldo do III intervene militarily ourselves?” E Exército ao levante liderado pelo Lincoln Gordon respondeu-lhe: "Well, governador Leonel Brizola, no Rio this is the other category, which I call Grande do Sul e não tiveram força para 'Dangerous Contingency possibly impedir que João Goulart assumisse o requiring rapid action'. This is the very governo, mas um governo emasculado 3 problem." Essa intervenção requeria por um parlamentarismo sem que os militares destituíssem Goulart e legitimidade, porque aprovado pelo os Estados Unidos reconhecessem logo 148 o novo governo, de modo que pudessem o litoral do Brasil, a fim de dar apoio atender ao pedido de intervenção militar, logístico aos insurgentes e desembarcar em caso de resistência e guerra civil. marines, se o golpe de Estado provocasse uma guerra civil. As aves de rapina, por trás do golpe contra o governo de João de Goulart, No dia 30 de março, enquanto o que o jornalista Edmar Morel (1912- presidente João Goulart falava para os 1989) logo apontou, em 1965, no livro sargentos no Automóvel Clube, o intitulado O Golpe começou em secretário de Estado, Dean Rusk, Washington e publicado pela Editora forneceu ao embaixador Lincoln Civilização Brasileira, eram as mesmas Gordon, pelo telefone, o script do golpe, que compeliram Getúlio Vargas ao com a leitura do telegrama nº 1.296, suicídio para evitar o ultraje da enfatizando a necessidade de que deposição, como acontecera em 1945. qualquer movimento anti‑Goulart, i. e., Autor de notável livro A Revolta da o golpe de Estado, tivesse aparência de Chibata, sobre a rebelião dos 2.300 legitimidade, de modo que os Estados marinheiros, liderados por João Unidos pudessem fornecer a ajuda Cândido, cognominado "Almirante militar aos sediciosos.
Recommended publications
  • A Fpn E O Marechal Lott
    O NACIONALISMO É O QUE NOS UNE: A FPN E O MARECHAL LOTT NAS ELEIÇÕES DE 19601 Guilherme Leite Ribeiro Doutorando em História – UFRJ [email protected] Introdução O nacionalismo é um dos termos de mais difícil definição na historiografia. Por ser extremamente plástico e servir a diferentes fins, está presente tanto em setores da direita quanto da esquerda. Por isso, o conceito fez e continua fazendo parte do vocabulário político de diferentes atores, com pouco ou nenhum rigor conceitual. Um dos grupos organizados que arrogou para si esse termo foi a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN). Criado em 1956, o bloco foi um dos mais sintomáticos no que concerne à defesa de um nacionalismo que estivesse acima dos partidos, sendo importante na luta por questões que estavam na ordem do dia, como a limitação da remessa de lucros a outros países e as reformas de base. Nesse mesmo contexto, ascendia no cenário político Henrique Teixeira Lott. Militar respeitado nas Forças Armadas, o marechal foi um dos personagens centrais do Brasil na segunda metade da década de 1950. Com sua postura considerada apolítica e legalista por diferentes setores, incluindo nesse rol a FPN, Lott liderou um processo que ficaria conhecido como “contragolpe preventivo”, a ser explicado em detalhes durante esse trabalho, mas que garantiu a posse do presidente e vice-presidente eleitos no sufrágio presidencial de 1955, respectivamente, Juscelino Kubitscheck e João Goulart. A partir dali, Henrique Teixeira Lott emergiu como um nome forte na política brasileira, tornando- se candidato à presidência em 1960. O objetivo desse trabalho é investigar a participação da Frente Parlamentar Nacionalista no processo que culminou com o lançamento da candidatura do marechal Lott à corrida presidencial de 1960.
    [Show full text]
  • Carlos Lacerda E As Crises Institucionais Nas Eleições
    O Jornalista e o Político Carlos Lacerda nas Crises Institucionais de 1950-1955 Marcio de Paiva Delgado Mestrando em História - UFJF Entre 1950 e 1964, no chamado “Período Democrático”, o Brasil sofreria inúmeras crises institucionais que colocariam em questão a Constituição de 1946. Para fins desse artigo, nós iremos nos concentrar nos anos de 1950 a 1955. Neste período, o jornalista e político Carlos Lacerda assumiria nacionalmente o papel de um dos principais opositores (se não o maior) a Getúlio Vargas e seus herdeiros políticos. Tal oposição não pouparia nenhum ataque pessoal contra seus opositores, críticas e denúncias, e até campanhas abertas de Golpes Militares em seu jornal para erradicar qualquer traço de “populismo” no Brasil.1 Julgamos ser nesse período que Carlos Lacerda se tornaria famoso nacionalmente, assumindo assim posição de liderança dentro da UDN, e fundaria através de seu jornal movimento lacerdista que chegaria aos anos 60 como o mais influente dentro da UDN, e que seria um dos principais apoiadores do Golpe de 1964. Buscamos perceber o discurso lacerdista no jornal para influir na opinião pública, e a construção de um discurso golpista para grupos de pressão. O jornal Tribuna da Imprensa foi, portando, transformado “num púlpito de um jornalista-político”. 2 CARLOS LACERDA “NA TRIBUNA DA IMPRENSA” NO GOVERNO DUTRA A candidatura vitoriosa de Eurico Gaspar Dutra (1946-1950) recebera apoio velado de Getúlio Vargas e do aparelho estatal formado no Estado Novo. A efusiva e apaixonada campanha da UDN sofrera uma amarga e frustrante derrota. A coligação PSD e PTB, aliada com o tertius Yeddo Fiúza do PCB (segundo leitura da UDN) garantiu com folga a vitória dos getulistas.
    [Show full text]
  • Redalyc.A Vassoura, a Simpatia E a Espada: Imagens Da Democracia
    Revista Tempo e Argumento E-ISSN: 2175-1803 [email protected] Universidade do Estado de Santa Catarina Brasil Meyrer, Marlise Regina A vassoura, a simpatia e a espada: Imagens da democracia brasileira nos anos 50 Revista Tempo e Argumento, vol. 4, núm. 2, julio-diciembre, 2012, pp. 174-204 Universidade do Estado de Santa Catarina Florianópolis, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=338130379010 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Artigo DOI: 10.5965/2175180304022012174 http://dx.doi.org/10.5965/2175180304022012174 Florianópolis, v. 4, n. 2, pp. 174 – 204, jul./dez. 2012 A VASSOURA, A SIMPATIA E A ESPADA: Imagens da democracia brasileira nos anos 50 Marlise Regina Meyrer∗ Resumo O artigo se propõe a estudar a representação da democracia brasileira nos anos 50, através da análise das fotorreportagens da revista O Cruzeiro. A partir das reportagens sobre os três personagens políticos que apareceram com maior frequência na revista no período estudado - Jânio Quadros, Juscelino Kubitscheck e Henrique Teixeira Lott - procuramos identificar os valores defendidos e difundidos pelo periódico com relação a política e políticos da época, contribuindo, assim, para a construção de uma imagem específica da democracia brasileira nos anos 50. A análise levou em consideração a especificidade das fontes, ou seja, fotorreportagens, as quais constituem-se em um texto predominantemente visual. Palavras-chave: Democracia – Imagem – Representação – Fotorreportagem – Revista O Cruzeiro.
    [Show full text]
  • Radio Evolution: Conference Proceedings September, 14-16, 2011, Braga, University of Minho: Communication and Society Research Centre ISBN 978-989-97244-9-5
    Oliveira, M.; Portela, P. & Santos, L.A. (eds.) (2012) Radio Evolution: Conference Proceedings September, 14-16, 2011, Braga, University of Minho: Communication and Society Research Centre ISBN 978-989-97244-9-5 Democratic barricades: the presence of radio in the resistance to the 1964 military coup 1 CARLA REIS LONGHI Universidade Paulista – UNIP [email protected] Abstract: This text articulates two great discussions within the history of this country: the discussions about the circumstances prior to the military coup and the role of the radio media in the political context of the conflict. Individually, each of these aspects will allow us a reflection over different points of view here articulated in a sociocultural approach; We have, thus, organized this discussion based on two main themes: we will start with the “Campanha da Legalidade” (Campaign for Legality), occasion which congregates both themes, and then we will discuss both the historical context of the 1964 military coup and the role of the radio media and its strong social and political presence. Keywords: Brazil radio; Brazilian culture; radio and culture; history of media The Radio in Brazil – A brief history The radio in Brazil was born under the frameworks of politics and our intention is to reflect on the connection between this media and the national political context. This article therefore intends to reflect on the role, or use, of the radio media by the Brazilian politicians, with a special analysis of the context prior to the military coup. In 1922, in Rio de Janeiro, the first official radio transmission presents the speech of Epitácio Pessoa, Brazil´s President at the time.
    [Show full text]
  • Unbreakable: Developmentalism and Military Rule in Brazil
    UNBREAKABLE: DEVELOPMENTALISM AND MILITARY RULE IN BRAZIL A Thesis submitted to the Faculty of the Graduate School of Arts and Sciences of Georgetown University in partial fulfillment of the requirements for the degree of Master of Arts In Latin American Studies By Amanda N. Malini, B.A. Washington, DC April 20, 2016 Copyright 2016 by Amanda N. Malini All Rights Reserved ii UNBREAKABLE: DEVELOPMENTALISM AND MILITARY RULE IN BRAZIL Amanda N. Malini, B.A. Thesis Advisor: Hector E. Schamis, Ph.D. ABSTRACT This is a study of developmentalism as the ideology that guides economic policy in Brazil. The focus is the military regime that ruled the country from 1964 to 1985. The main argument is that, contrary to what most of the literature says, the military coup did not represent a fatal blow to developmentalism. This work summarizes the history of developmentalism and its consolidation to show that, by the time General Castelo Branco took over in 1964, developmentalism was so deep-seated in the Brazilian economic thinking that even a president with ample access to coercive instruments could not eliminate it. This thesis demonstrates that developmentalism resisted and returned much stronger in the subsequent military government. iii TABLE OF CONTENTS INTRODUCTION ...........................................................................................................................1 THE ORIGIN OF DEVELOPMENTALISM IN BRAZIL .............................................................8 Background ...................................................................................................................................8
    [Show full text]
  • A Revolta Que Não Houve: Adhemar De Barros E a Articulação Contra O Golpe Civil-Militar (1964-66)
    1 A REVOLTA QUE NÃO HOUVE: ADHEMAR DE BARROS E A ARTICULAÇÃO CONTRA O GOLPE CIVIL-MILITAR (1964-66) Carlos Henrique dos Santos Ruiz1 Resumo Em 1º de Abril de 1964, ocorre o Golpe Civil-Militar, destituindo o presidente constitucional da República João Goulart. Sob o novo regime, muitos de seus participantes e apoiadores acreditavam que os militares logo devolveriam o poder aos civis. Mas, com a prorrogação do mandato do General Castelo Branco e a consequente cassação de expoentes históricos civis apoiadores do golpe, como Juscelino Kubitschek, outras lideranças começaram perceber que um grupo dos militares procurava se hegemonizar no poder, estabelecendo sua direção política, econômica e ideológica sobre o conjunto da sociedade. Ao que tudo indica, o Governador de São Paulo Adhemar de Barros entendeu que seria o próximo político a ser cassado e face à impopularidade do regime devido à crise econômica, ele se alia com vários grupos políticos distintos, e conjuntamente planejaram um contra golpe, liderado por Adhemar de Barros, o qual não aconteceu. O objetivo deste artigo é fazer uma apresentação sobre a tentativa de revolta, bem como uma retomada histórica do período (1961-67). As questões serão abordadas brevemente em âmbito político: na primeira sessão o governo João Goulart e na segunda o governo Castelo Branco. Já na terceira será apresentada e analisada a tentativa de revolta. Ao final, se responderá a seguinte pergunta: O que foi a “Revolta que Não Houve”? Palavras-chaves: Adhemar de Barros; Militares; Articulação política Abstract On April 1, 1964, the Civil-Military Coup took place, dismissing the constitutional president of the Republic João Goulart.
    [Show full text]
  • A Participação E a Influência De Jânio Quadros Na Política Paranaense (1958-1961)
    DOI: 10.5433/1984-3356.2018v11n22p741 A participação e a influência de Jânio Quadros na política paranaense (1958-1961) The participation and influence of Jânio Quadros in Paraná politics (1958-1961) Alessandro Batistella1 RESUMO O ano de 2017 marcou o centenário de nascimento de um dos mais controversos políticos brasileiros do século XX: Jânio da Silva Quadros. Natural de Campo Grande (atual estado do Mato Grosso do Sul), Jânio viveu parte da sua infância e adolescência em Curitiba. Na década de 1930, sua família mudou-se para São Paulo, onde Jânio iniciou a sua meteórica carreira politica em 1947. Em menos de dez anos, Jânio foi eleito vereador, deputado estadual, prefeito e governador de São Paulo. Em 1960, Jânio foi eleito presidente da República, renunciando após apenas sete meses de mandato. No entanto, convém lembrar que antes de ser eleito presidente, em 1960, Jânio havia sido eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do Paraná em 1958. Assim, Jânio teve uma relação pessoal e político- partidária muito próxima com o Paraná. Dessa forma, o presente artigo pretende analisar a participação e a influência politica de Jânio Quadros na política paranaense entre os anos de 1958 a 1961. Palavras-chave: Jânio Quadros; Paraná; PTB; eleições; Campanha da Legalidade. ABSTRACT The year 2017 marks the centenary of the birth of one of the most controversial Brazilian politicians of the 20th century: Jânio da Silva Quadros. Born in Campo Grande (current state of Mato Grosso do Sul), Jânio lived part of his childhood and adolescence in Curitiba. In the 1930s, his family moved to São Paulo, where Jânio began his meteoric political career in 1947.
    [Show full text]
  • A Participação E a Influência De Jânio Quadros Na Política Paranaense (1958-1961) Antíteses, Vol
    Antíteses ISSN: 1984-3356 [email protected] Universidade Estadual de Londrina Brasil Batistella, Alessandro A participação e a influência de Jânio Quadros na política paranaense (1958-1961) Antíteses, vol. 11, núm. 22, 2018, Julho-, pp. 661-686 Universidade Estadual de Londrina Brasil DOI: https://doi.org/10.5433/1984-3356.2018v11n22p741 Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=193358862014 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Redalyc Mais informações do artigo Rede de Revistas Científicas da América Latina e do Caribe, Espanha e Portugal Site da revista em redalyc.org Sem fins lucrativos acadêmica projeto, desenvolvido no âmbito da iniciativa acesso aberto DOI: 10.5433/1984-3356.2018v11n22p661 A participação e a influência de Jânio Quadros na política paranaense (1958-1961) The participation and influence of Jânio Quadros in Paraná politics (1958-1961) Alessandro Batistella1 RESUMO O ano de 2017 marcou o centenário de nascimento de um dos mais controversos políticos brasileiros do século XX: Jânio da Silva Quadros. Natural de Campo Grande (atual estado do Mato Grosso do Sul), Jânio viveu parte da sua infância e adolescência em Curitiba. Na década de 1930, sua família mudou-se para São Paulo, onde Jânio iniciou a sua meteórica carreira política em 1947. Em menos de dez anos, Jânio foi eleito vereador, deputado estadual, prefeito e governador de São Paulo. Em 1960, Jânio foi eleito presidente da República, renunciando após apenas sete meses de mandato. No entanto, convém lembrar que antes de ser eleito presidente, em 1960, Jânio havia sido eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do Paraná em 1958.
    [Show full text]
  • Leslie Bethell Essays on History and Politics
    BRAZIL essays on history and politics Leslie Bethell BRAZIL Essays on history and politics Leslie Bethell Institute of Latin American Studies, School of Advanced Study, University of London, 2018 British Library Cataloguing-in-Publication Data A catalogue record for this book is available from the British Library ISBN: 978-1-908857-61-3 (PDF edition) DOI: 10.14296/618.9781908857613 ISBN: 978-1-908857-54-5 (paperback edition) Institute of Latin American Studies School of Advanced Study University of London Senate House London WC1E 7HU Telephone: 020 7862 8844 Email: [email protected] Web: http://ilas.sas.ac.uk This book is published under a Creative Commons Attribution- NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International (CC BY-NC-ND 4.0) license. More information regarding CC licenses is available at https://creativecommons.org/licenses/ Available to download free at http://www.humanities-digital-library.org Contents Preface v Anthony Peireira Introduction Why Brazil? An autobiographical fragment 1 I 1. Brazil and Latin America 19 II 2. Britain and Brazil (1808–1914) 57 3. The Paraguayan War (1864–70) 93 4. The decline and fall of slavery in Brazil (1850–88) 113 III 5. The long road to democracy in Brazil 147 6. Populism in Brazil 175 7. The failure of the Left in Brazil 195 Preface eslie Bethell is one of the few great Brazilianists, as foreign scholars of Brazil are called, of his and subsequent generations. Brazilianists engage in scholarship that has breadth and depth; illuminate Brazil as an object ofL study, asking the most important questions that can be asked about the country; and give voice to Brazilian experiences and perspectives.
    [Show full text]
  • O Nacionalismo É O Que Nos Une: a Fpn E O Marechal Lott
    O NACIONALISMO É O QUE NOS UNE: A FPN E O MARECHAL LOTT NAS ELEIÇÕES DE 19601 Guilherme Leite Ribeiro Doutorando em História – UFRJ [email protected] Introdução O nacionalismo é um dos termos de mais difícil definição na historiografia. Por ser extremamente plástico e servir a diferentes fins, está presente tanto em setores da direita quanto da esquerda. Por isso, o conceito fez e continua fazendo parte do vocabulário político de diferentes atores, com pouco ou nenhum rigor conceitual. Um dos grupos organizados que arrogou para si esse termo foi a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN). Criado em 1956, o bloco foi um dos mais sintomáticos no que concerne à defesa de um nacionalismo que estivesse acima dos partidos, sendo importante na luta por questões que estavam na ordem do dia, como a limitação da remessa de lucros a outros países e as reformas de base. Nesse mesmo contexto, ascendia no cenário político Henrique Teixeira Lott. Militar respeitado nas Forças Armadas, o marechal foi um dos personagens centrais do Brasil na segunda metade da década de 1950. Com sua postura considerada apolítica e legalista por diferentes setores, incluindo nesse rol a FPN, Lott liderou um processo que ficaria conhecido como “contragolpe preventivo”, a ser explicado em detalhes durante esse trabalho, mas que garantiu a posse do presidente e vice-presidente eleitos no sufrágio presidencial de 1955, respectivamente, Juscelino Kubitscheck e João Goulart. A partir dali, Henrique Teixeira Lott emergiu como um nome forte na política brasileira, tornando- se candidato à presidência em 1960. O objetivo desse trabalho é investigar a participação da Frente Parlamentar Nacionalista no processo que culminou com o lançamento da candidatura do marechal Lott à corrida presidencial de 1960.
    [Show full text]
  • RAMOS, Nereu *Rev. 1930; Rev. 1932; Const. 1934; Gov. SC 1935-1937: Interv
    RAMOS, Nereu *rev. 1930; rev. 1932; const. 1934; gov. SC 1935-1937: interv. SC 1937-1945; const.1946; sen. SC 1946-1951; vice-pres. Rep. 1946-1951; dep. fed. SC 1951-1955; sen. SC 1955; pres. Rep. 1955-1956; min. Just. 1956-1957; min. Educ. 1956; sen. SC 1957-1958. Nereu de Oliveira Ramos nasceu em Lajes (SC) no dia 3 de setembro de 1888, filho de Vidal José de Oliveira Ramos e de Teresa Fiúza Ramos. Sua família, proprietária de grandes extensões de terra no planalto catarinense, constitui com a família Konder-Bornhausen — também de Santa Catarina — uma das poucas oligarquias que acompanharam todos os movimentos políticos mais importantes do século XX sem ceder à primazia da política estadual. Seu pai foi deputado provincial no Império e, depois da proclamação da República, ocupou uma cadeira na Câmara Estadual durante várias legislaturas; exerceu por duas vezes o governo de Santa Catarina (de 1902 a 1905 e de 1910 a 1914), foi deputado federal e senador. Entre seus irmãos, Joaquim Ramos foi deputado federal de 1947 a 1971, e Celso Ramos governou o estado entre 1961 e 1966, representando-o no Senado de 1967 a 1971. Três primos seus também se destacaram na política catarinense: Saulo Ramos cumpriu um mandato na Câmara Federal de 1951 a 1955 e foi eleito senador para o período de 1955 a 1963; Aristiliano Ramos foi interventor no estado entre 1933 e 1935, e Cândido de Oliveira Ramos, interventor em 1932, foi também senador em 1935 e deputado federal entre 1935 e 1937. Seu sobrinho Hugo Ramos Filho, eleito suplente de senador pelo Rio de Janeiro em 1974, assumiu uma cadeira na Câmara Alta em 1978.
    [Show full text]
  • O 11 De Novembro De 1955 ∗∗∗
    O 11 de Novembro de 1955 ∗∗∗ Karla G. Carloni Resumo: Em 11 de novembro de 1955, oficiais do Exército, reunidos sob a liderança do ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, desfecharam um contragolpe sobre militares e civis que apoiavam a suspensão do regime democrático. O movimento tinha como objetivo manter a legalidade e garantir a posse do então presidente eleito, Juscelino Kubistchek. O episódio intensificou as divergências políticas no interior das Forças Armadas e possibilitou a união de civis e militares em defesa das teses nacionalistas. Palavras-chave: Nacionalismo; Militares; Legalidade. Abstract: On November 11, 1955, army officers, meeting under the leadership of Minister of War, General Henrique Teixeira Lott, has launched an counterattack on civilians and military who supported the suspension of democratic rule. The movement was aimed at maintaining the legality and to ensure the occupancy of the then elected president, Juscelino Kubitschek. The incident intensified the political differences within the armed forces and permitted the union of civil and military in defense of the nationalist thesis. Keywords: Nationalism, Military, Legality. No Brasil o ano político de 1955 iniciou sob o impacto do suicídio de Getúlio Vargas, em agosto do ano anterior, e os seus desdobramentos. Os partidos e as organizações civis e militares se manifestavam a partir da herança política do presidente morto. O debate girava em torno dos rumos a serem seguidos pela economia e pela política nacionais. Questões como a participação política dos setores populares, a industrialização nacional, o alinhamento político e econômico do Brasil aos Estados Unidos e a exploração de recursos naturais polarizavam os meios civis e militares, getulistas e não getulistas.
    [Show full text]