A Candidatura Lott Em 1960 Marco Túlio Antunes Gomes

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A Candidatura Lott Em 1960 Marco Túlio Antunes Gomes PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Departamento de História ENTRE A ESPADA E A POLÍTICA: A candidatura Lott em 1960 Marco Túlio Antunes Gomes Belo Horizonte 2014 Marco Túlio Antunes Gomes ENTRE A ESPADA E POLÍTICA: A candidatura Lott em 1960 Projeto de pesquisa apresentado ao Departamento de História da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, para obtenção de financiamento junto ao Programa de Bolsas de Iniciação Científica PROBIC Edital nº 75/2012 Belo Horizonte 2014 AGRADECIMENTOS Iniciar-se na pesquisa científica configura-se como uma verdadeira odisseia, repleta de desafios e surpresas das mais diversas magnitudes. A conclusão de cada etapa desta jornada não se deu unicamente por esforço pessoal, mas por auxílio de diversas pessoas, cabendo assim os devidos agradecimentos. Primeiramente ao meu orientador, Mário Cléber Martins Lanna Júnior, pela imensurável contribuição dada para a confecção desta pesquisa, manifestada através de conselhos, incentivos, críticas e sugestões. Graças ao seu apoio esta produção pode deixar de se assemelhar-se a teia de Penélope, alcançando seu fim. Fica aqui a expectativa em retribuir a oportunidade dada com um resultado satisfatório. E em um país cuja educação ainda percorre mares tempestuosos, agradeço também a FAPEMIG e a equipe da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação da PUC Minas, pelo auxílio prestado. Agradeço ainda a todos os funcionários do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), do Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro (APERJ), da Hemeroteca da Biblioteca Pública Estadual Prof. Luiz de Bessa, e da Biblioteca Padre Alberto Antoniazzi, pela solicitude quanto à documentação utilizada nesta pesquisa. Cabem agradecimentos à equipe do Centro de Memória e Pesquisa Histórica da PUC-Minas, principalmente os amigos Leandro Pereira de Abreu e Rafael Pacheco Mourão, que contribuíram com valiosos conselhos no desenvolvimento deste trabalho. Também são alvos de minha gratidão às professoras Carla Ferretti Santiago e Heloísa Guaracy Machado, que me orientaram nos primeiros passos rumo à homérica tarefa da pesquisa acadêmica. Por fim, agradeço aos meus colegas de turma, pelo companheirismo e pelas frutíferas conversas. Tratam-se de amizades que certamente continuarei nutrindo para além dos muros da universidade. Obrigado a todos os meus familiares, mas principalmente a Lucilene Antunes e a Priscila Batista, pela confiança, afeto e compreensão. LISTA DE SIGLAS CPDOC – Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito FEB – Força Expedicionária Brasileira FPN – Frente Parlamentar Nacionalista ISEB – Instituto Superior de Estudos Brasileiros JK – Juscelino Kubitschek MMC - Movimento Militar Constitucionalista MPJQ - Movimento Popular Jânio Quadros MTR – Movimento Trabalhista Renovador PCB – Partido Comunista Brasileiro PDC - Partido Democrata Cristão PL - Partido Libertador PR – Partido Republicano PRM – Partido Republicano Mineiro PRP - Partido de Representação Popular PSB – Partido Socialista Cristão PSD – Partido Social Democrático PSP – Partido Social Progressista PTB – Partido Trabalhista Brasileiro PTN - Partido Trabalhista Nacional UDN – União Democrática Nacional SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 5 2. CAPÍTULO 1: UMA VIDA PELA LEGALIDADE ........................................ 11 2.1 TEMPOS NEBULOSOS ................................................................... 12 2.2 O 11 DE NOVEMBRO ...................................................................... 16 2.3 A ESPADA DE OURO ...................................................................... 18 3. CAPÍTULO 2: A CANDIDATURA ............................................................... 22 3.1 PROPOSTAS .................................................................................... 24 3.2 A PERFORMANCE POLÍTICA .......................................................... 27 4. CAPÍTULO 3: O QUADRO PARTIDÁRIO NO PERÍODO DEMOCRÁTICO 29 4.1 O DESGASTE DA ALIANÇA PSD-PTB ............................................. 30 4.2 AS ELEIÇÕES DE 1958: ENSAIO PARA 1960 .................................. 32 4.3 JK: UM OLHO EM 1960, OUTRO EM 1965 ....................................... 34 4.4 A CANDIDATURA SEM APOIO ......................................................... 37 4.5 JÂNIO E A JAN-JAN .......................................................................... 40 4.6 O APOIO INDESEJADO .................................................................... 42 5. CAPÍTULO 4: O NACIONALISMO COMO BANDEIRA ............................. 46 5.1 NACIONALISMO DA CASERNA ........................................................ 46 5.2 O NACIONALISMO DESENVOLVIMENTISTA .................................. 47 5.3 A VOZ QUE NÃO ERA DO POVO ..................................................... 50 6. CONCLUSÃO ............................................................................................. 57 7. FONTES ...................................................................................................... 59 8. REFERÊNCIAS ........................................................................................... 62 5 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa se dedica a uma temática pouco abordada atualmente pela historiografia: a candidatura do Marechal Henrique Teixeira Lott a presidência da República, no ano 1960. Com seu símbolo de campanha, a espada de ouro, o militar trazia consigo a reputação de guardião da democracia e da legalidade, conseguida após liderar o contragolpe de 1955. A candidatura Lott também representava o continuísmo do governo Juscelino Kubitschek e foi lançada pela chapa PSD-PTB, a mesma que apoiara o presidente do qual foi Ministro da Guerra. Dentre seus oponentes ao pleito, encontrava-se o ex-governador de São Paulo, Jânio da Silva Quadros, apoiado pela UDN. Figura emblemática da política brasileira, Jânio portava como símbolo uma vassoura, e tinha como promessa de campanha a moralização da política brasileira. O panteão de candidatos à presidência se encerrava com Ademar de Barros, do PSP, eterno rival de Quadros em São Paulo. Do pleito sairia vitorioso o candidato Jânio Quadros, que renuncia após oito meses de mandato e dá início a um período de grande instabilidade política que culmina com o golpe civil- militar de 1964. Jânio foi o primeiro candidato de oposição do período republicano a vencer uma eleição presidencial, além de ser até então o presidente a vencer um pleito com mais número de votos. Mas afinal, o que teria levado marechal Lott, candidato da situação, a perder a eleição? A escolha de estudar a figura de Lott não decorre da inexistência de estudos na área, tendo sido o militar tema de diversas obras, em vários períodos distintos. Um ano antes do ano de eleições, em 1959, Lott foi alvo de críticas do jornalista Viriato de Castro no livro Espada X Vassoura: Marechal Lott . Castro divide sua obra em duas partes: na primeira, analisa a vida do militar, considerando-o um golpista no episódio de 1955, além de criticar sua postura diante dos processos que moveu contra os indivíduos que o difamaram, dentre outros assuntos. Na segunda parte, o autor se dedica a realizar uma “autópsia do governo JK” (CASTRO, 1959, p. 107), destacando episódios como o aumento da inflação e o grande número de analfabetos no país. Ao apresentar aspectos negativos do governo Juscelino, Castro busca alertar o leitor sobre a possibilidade da manutenção da ineficácia do Executivo em solucionar os problemas do povo ao eleger o candidato do continuísmo. Ressalta o autor: Se o governo tem um marechal candidato, deve lembrar que o povo também possui marechais: o marechal da fome; o marechal da miséria; o marechal da alta do custo de vida; o marechal da inflação; o marechal o marechal do atual estado das coisas. Na frente vem a Vassoura, que já derrubou governos e situações, nas condições mais adversas deste mundo (CASTRO, 1959, p. 109). Se ao leitor restasse alguma dúvida quanto à adesão do autor ao janismo, ela seria sanada na parte final da obra, em que no embate entre espada e vassoura, o autor confessa ser favorável à última, já que “Jânio Quadros é o único político, no Brasil, em condições de fazer alguma coisa pelo país” (CASTRO, 1959, p. 213). 6 O marechal Lott também contou com publicações favoráveis a sua candidatura. Em 1960 uma biografia foi escrita pelo major Joffre Gomes da Costa, intitulada Marechal Teixeira Lott . A obra, que exaltava a postura nacionalista do militar por toda a sua vida, chegou a ser comercializada pelo Comitê Interpartidário Lott e Jango (O SEMANÁRIO, 1960, p. 8). Ainda em 1960, o deputado Salomão Jorge dedicou-se a fazer uma obra pró-lottista de título A vida do Marechal Lott: a espada a serviço da lei, em que descreve a trajetória do militar em que desde cedo “tudo o impulsionava a servir a Pátria, porque ele a amava fervorosamente, com um afeto desmedido, avassalador, sem limites” (JORGE, 1960, p. 28). Desta forma, toda a vida do biografado é associada a um elevado padrão de patriotismo e devoção ao país. Em um dos capítulos, exclusivamente voltado para discorrer sobre o programa de governo de Lott, o militar ganha voz, e descreve todas as suas propostas para a presidência. O livro também se dedica a fazer “uma visão panorâmica da obra monumental do presidente Juscelino Kubitschek” (JORGE, 1960, p. 193), cujo governo é tratado em dois capítulos, o último deles exclusivamente voltado a tratar sobre
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    RAMOS, Nereu *rev. 1930; rev. 1932; const. 1934; gov. SC 1935-1937: interv. SC 1937-1945; const.1946; sen. SC 1946-1951; vice-pres. Rep. 1946-1951; dep. fed. SC 1951-1955; sen. SC 1955; pres. Rep. 1955-1956; min. Just. 1956-1957; min. Educ. 1956; sen. SC 1957-1958. Nereu de Oliveira Ramos nasceu em Lajes (SC) no dia 3 de setembro de 1888, filho de Vidal José de Oliveira Ramos e de Teresa Fiúza Ramos. Sua família, proprietária de grandes extensões de terra no planalto catarinense, constitui com a família Konder-Bornhausen — também de Santa Catarina — uma das poucas oligarquias que acompanharam todos os movimentos políticos mais importantes do século XX sem ceder à primazia da política estadual. Seu pai foi deputado provincial no Império e, depois da proclamação da República, ocupou uma cadeira na Câmara Estadual durante várias legislaturas; exerceu por duas vezes o governo de Santa Catarina (de 1902 a 1905 e de 1910 a 1914), foi deputado federal e senador. Entre seus irmãos, Joaquim Ramos foi deputado federal de 1947 a 1971, e Celso Ramos governou o estado entre 1961 e 1966, representando-o no Senado de 1967 a 1971. Três primos seus também se destacaram na política catarinense: Saulo Ramos cumpriu um mandato na Câmara Federal de 1951 a 1955 e foi eleito senador para o período de 1955 a 1963; Aristiliano Ramos foi interventor no estado entre 1933 e 1935, e Cândido de Oliveira Ramos, interventor em 1932, foi também senador em 1935 e deputado federal entre 1935 e 1937. Seu sobrinho Hugo Ramos Filho, eleito suplente de senador pelo Rio de Janeiro em 1974, assumiu uma cadeira na Câmara Alta em 1978.
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