Setembro, 2014 Tese De Doutoramento Em Estudos
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SILVA PORTO NA ÁFRICA CENTRAL – VIYE / ANGOLA: HISTÓRIA SOCIAL E TRANSCULTURAL DE UM SERTANEJO (1839-1890) CONSTANÇA DO NASCIMENTO DA ROSA FERREIRA DE CEITA Tese de Doutoramento em Estudos Portugueses Setembro, 2014 Tese apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Estudos Portugueses, realizada sob a orientação científica do Professore Doutores Paulo Jorge Fernandes Apoio financeiro da Universidade Agostinho Neto Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) Em memória do meu pai A minha mãe… AGRADECIMENTOS Agradeço aos distintos intelectuais que comigo partilharam ideias e conceitos no percurso deste trabalho. Permito-me salientar o Professor Doutor Fernando Rosas na peculiar tarefa de me encaminhar para o orientador deste trabalho. O Professor Doutor Paulo Jorge Fernandes pelas palavras encorajadoras e de confiança ao reconhecer a validade deste longo e penoso trabalho. O Professor Doutor Diogo Ramada Curto pelo seu empenho na leitura deste trabalho. O Professor Doutor Elikia Mbokolo que co- orientou este trabalho na perspectiva de novas construções sociais. A Professora Doutora Ester Vaz pela correcção rigorosa do português. O Professor Doutor Sabakinu Kivilu que me acolheu no Campus universitáire de Kinshasa para o trabalho de pesquisa no Congo. Ao Manzambi Vuvu Fernando pela tua dedicação, e na abordagem epistemológica da memória colectiva. O Professor Doutor Abel Barros Baptista pela sua personalidade académica. Ao Fidel Carmo Reis pelas nossas discussões teóricas. Agradeço, postumamente, a dois académicos de renome internacional, que precocemente partiram: A Professora Doutora Jill Rosemary Eanney Dias, grande africanista, presente neste trabalho pelo seu legado do que era lícito fazermos. O Professor Doutor Emmanuel Esteves - o Esteves – o amigo de longos anos, de jornadas de trabalho e convívio que iluminaram o espírito científico. Ao Governo da República de Angola pelo seu apoio, através da Universidade Agostinho Neto, Faculdade de Ciências Sociais, no prosseguimento da carreira docente. Ao Professor Doutor Adão do Nascimento, Professor Doutor Carlos Dyakanamwa, Dr. Pinda Simão, Dr. David Xivela. Ao Governo da Província do Viye que apoiou a nossa estada durante o trabalho de campo nos municípios do Viye e Wambu, Kwitu, e do Mbalundu. Às entidades tradicionais do Viye, Wambu, Afonso Viti, Augusto Kacipopolo, Soma do Ekovongo, Soma do bairro da Ombala, Bispo do Viye D. António Nambi, Vice-governador do Viye Andrade Adolfo, Cornélio Bonifácio Caley chefe de departamento da direcção provincial da Cultura, nosso informante, guia e tradutor. Sr. Afonso Quintas do Kwitu, aos administradores municipais do Viye e Wambo, Sr. Katalayo, Geraldo Wakwachitembo Nunda, Pastor Nunda da missão de Xilesu, cónego da missão de Hanha no Wambu, pastor Afonso Dumbo Júnior do IECA, pastor Amos Buta da missão de Kamundongo, Sr. Vasconcellos da Kingita. Ao Fidel Carmo Reis pelas nossas discussões teóricas. À Dra. Andreia Teixeira, pelo seu brio profissional. À família de Silva Porto, Mpoloto. RESUMO SILVA PORTO NA ÁFRICA CENTRAL- VIYE/ANGOLA: HISTÓRIA SOCIAL E TRANSCULTURAL DE UM SERTANEJO (1839-1890) O tema de análise neste trabalho é o fenómeno da transculturação em Angola no século XIX. É uma pesquisa centrada na história de vida do sertanejo António Francisco Ferreira da Silva Porto, entre 1839 e 1890, no meio sócio-cultural umbundu. Transculturação é um termo polissémico que integra aspectos da aculturação sendo aqui utilizado no âmbito da História de vida de Silva Porto. Descodifica-se a narrativa no Diário de viagem que Silva Porto redigiu acerca da sua percepção sobre África e do seu percurso de convivência no processo da sua integração em África Central. A transculturação está nessa narrativa e reflecte múltiplas vivências, sobretudo, a visão social do “Outro” em relação à sua própria identidade de origem. Silva Porto é encarado neste trabalho como sujeito, autor, actor principal e protagonista do fenómeno da transculturação, na região do Viye em Angola. Identificaram-se cinco variáveis do fenómeno transcultural, presentes na trajectória de Silva Porto: o casamento, a língua, as viagens, a alimentação e a religião, com particular destaque para o casamento enquanto variável determinante na integração de Silva Porto na sociedade umbundu. Estas variáveis são apresentadas num iceberg de transculturação de Silva Porto que, por sua vez, permitem avaliar as diferenças culturais e o cruzamento entre as culturas sob um processo de alteridade, em confluência com um olhar distanciado. É um estudo onde perpassa o crivo das construções e representações de Silva Porto tendo em conta o seu contexto cultural de origem, predominantemente português, a sua adaptação e inserção nas culturas africanas, particularmente nas práticas sócio-culturais umbundu. A questão de partida deste estudo foi: Quem é Silva Porto depois de 50 anos de vivências em Angola? PALAVRAS-CHAVE: Transcultural, História de Vida, África Central, Angola ABSTRACT SILVA PORTO IN CENTRAL AFRICA – VIYE / ANGOLA: SOCIAL AND TRANSCULTURAL HISTORY OF A “SERTANEJO” (1839-1890) This paper subject is about transculturation phenomenon analysis in Angola in the nineteenth century. Is a depth research on the life story of António Francisco Ferreira da Silva Porto backlander between 1839 and 1890 in the socio-cultural environment umbundu. Transculturation is a polysemous term. Integrates acculturation aspects and is used here under the Life Story of Silva Porto. Decodes the narrative in Travel journal that Silva Porto wrote about his Africa perception and route in the Central Africa integration process. The transculturation is in this narrative and reflects multiple experiences especially the social vision of the "Other" in relation to their own identity. In this work Silva Porto is regarded as subject, author, actor and main protagonist of the transculturation phenomenon in the Viye region in Angola. We identified five variables of transcultural phenomenon in the path of Silva Porto: marriage, language, travel, food and religion, with particular emphasis on marriage as a determinant variable in the Silva Porto integration in umbundu society. We presented these variables in a Silva Porto iceberg transculturation. They are used to assess and cross cultural differences between the cultures in a process of alterity. This study goes through the riddle of the Silva Porto constructions and representations having a regard to its predominantly Portuguese-culture his adaptation and integration in African cultures, particularly in the socio-cultural practices umbundu. The departure point for this study was: Who is Silva Porto after 50 years of experiences in Angola? KEYWORDS: Transcultural, Life History, Central Africa, Angola ABREVIATURAS (A. G. U.) – Agência Geral do Ultramar (A. H. U.) – Arquivo Histórico Ultramarino (B. A. C. P.) – Biblioteca do Ateneu Comercial do Porto (B. F. C. G.) – Biblioteca da Fundação Calouste Glubenkian (B. F. C. H. C. U. N. L.) – Biblioteca da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Nova de Lisboa (B. N. L.) – Biblioteca Nacional de Lisboa (B. O. A.) – Boletim Oficial de Angola (B. O. P. U.) – Boletim Oficial da Província Ultramarina (B. P. G. P. L.) – Biblioteca Pública do Governo Provincial de Luanda (B. P. M. P.) – Biblioteca Pública Municipal do Porto (B. S. C. L.) – Biblioteca da Sé Catedral de Luanda (B. S. G. L.) – Biblioteca da Sociedade de Geografia de Lisboa (B. U. A. N.) – Biblioteca da Universidade Agostinho Neto (C. E. H. C. A.) – Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga (C.H.C.) – Centro de História da Cultura (C. H. A. M.) – Centro de História d’Aquém e d’Além-Mar (C. I. C.I. B. A.) – Centro Internacional de Civilizações Bantu (C. R. I. A.) – Centro de Redes de investigação (S. C. M. P.) – Santa Casa da Misericórdia do Porto (S. G. L.) – Sociedade de Geografia de Lisboa NOTAS: Este trabalho foi redigido com a terminologia gramatical anterior ao acordo ortográfico em vigor em Portugal nos termos do Aviso n.º 255/2010 do Ministério dos Negócios Estrangeiros, publicado no Diário da República, n.º 182, 1.ª série, de 17 de Setembro de 2010, p. 4116. Para as referências bibliográficas e as notas de rodapé utilizou-se a Norma Portuguesa NP 405. A cartografia foi elaborada pela autora, com o apoio técnico da Mapoteca da FCSH-UNL. ÍNDICE GERAL Páginas INTRODUÇÃO Escolha do tema, âmbito cronológico e enfoque da investigação 12 PARTE I FUNDAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS CAPÍTULO I METODOLOGIA DE TRABALHO I. I. 1. O Método de Pesquisa 26 I. I. 2. A Construção das Hipóteses 29 I. I. 3. O Objecto de Estudo 30 I. I. 4. Justificação do Tema e Identificação do Campo de Investigação 32 I. I. 5. Pesquisa Bibliográfica sobre História Social e Transcultural e Estudos Biográficos em Angola 32 I. I. 6. Instrumentos e Procedimentos de Trabalho 37 CAPÍTULO II O PROCESSO DE TRANSCULTURAÇÃO NA VIDA DE SILVA PORTO I. II. 1. A Transculturação e Alteridade 43 I. II. 2. A Alteridade e a Percepção do “Outro”: Os Quotidianos do “Eu” e o “Outro” 50 I. II. 3. A Autobiografia, a Biografia e a História de Vida 53 I. II. 4. Os Relatos de Vida e os Relatos de Ficção 58 I. II. 5. A Construção da Memória Social 61 PARTE II SILVA PORTO, O SEU MEIO E A SUA ÉPOCA CAPÍTULO I A GEO-CULTURA DO ITINERÁRIO DE SILVA PORTO II. I. 1. A Origem Social e Cultural de Silva Porto 70 II. I. 2. A Emigração de Silva Porto para o Brasil (1829) 73 II. I. 3. As Implicações da Crise Sócio-Económica do Império Luso-Brasileiro na Vida de Silva Porto 76 CAPÍTULO II O ENCONTRO COM O ESPAÇO DESCONHECIDO II. II. 1. A Saída de Silva Porto do Brasil para Angola (1837 - 1838) 82 II. II. 2. A viagem de Silva Porto de Luanda ao Planalto Central-Viye (1840) 89 II. II. 3. O Mukanu e o Tributo de passagem na Ombala ya Vihele 102 PARTE III ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DO PLANALTO CENTRAL E A SOCIEDADE UMBUNDU CAPÍTULO I O MEIO FÍSICO E HUMANO DO PLANALTO CENTRAL DE ANGOLA III.