Entre Cinzas E Diamantes, a Ambivalência De Uma Geração
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA VINÍCIUS SANTOS DE MEDEIROS ENTRE CINZAS E DIAMANTES, A AMBIVALÊNCIA DE UMA GERAÇÃO: A trilogia da guerra de Andrzej Wajda e as representações cinematográficas da resistência polonesa (1948-1958) NITERÓI 2016 VINÍCIUS SANTOS DE MEDEIROS ENTRE CINZAS E DIAMANTES, A AMBIVALÊNCIA DE UMA GERAÇÃO: a trilogia da guerra de Andrzej Wajda e as representações cinematográficas da resistência polonesa (1948-1958) Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Cultura e Sociedade. Orientadora: Prof. Dra. ANA MARIA MAUAD Niterói 2016 Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá M488 Medeiros, Vinícius Santos de. Entre cinzas e diamantes, a ambivalência de uma geração : a trilogia da guerra de Andrzej Wajda e as representações cinematográficas da resistência polonesa (1948-1958) / Vinícius Santos de Medeiros. – 2016. 258 f. : il. Orientadora: Ana Maria Mauad de Souza Andrade Essus. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. Departamento de História, 2016. Bibliografia: f. 183-192. 1. Cinema. 2. Polônia. 3. Wajda, Andrzej, 1926-. 4. História. I. Essus, Ana Maria Mauad de Souza Andrade. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. VINÍCIUS SANTOS DE MEDEIROS ENTRE CINZAS E DIAMANTES, A AMBIVALÊNCIA DE UMA GERAÇÃO: A trilogia da guerra de Andrzej Wajda e as representações cinematográficas da resistência polonesa (1948-1958) Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Cultura e Sociedade. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Alexandre Busko Valim Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dra. Ana Maria Mauad Universidade Federal Fluminense Prof. Dr. Fabián Rodrigo Magioli Nuñez Universidade Federal Fluminense NITERÓI 2016 “Quando uma nação passa pela agonia, os símbolos de sua identidade ganham significado de vida ou morte. Homens e mulheres dispunham-se a arriscar tudo para pintar a âncora da ‘Polônia Combatente’ em paredes e cartazes, arrancar as placas com os novos nomes alemães das ruas ou deixar um gramofone berrando nas ruas uma gravação do proibido Chopin. O simples ato de usar uma blusa branca e uma saia vermelha constituía um perigoso ato de desafio. Recusar-se a falar alemão, ou ainda melhor, falá-lo muito mal, com um sotaque execrável, era um dever patriótico. A alma podia às vezes sorrir, ainda que o corpo estivesse acorrentado”. (Norman Davies) RESUMO Este trabalho constitui-se como uma análise sociocultural da cinematografia nacional polonesa no imediato após segunda guerra, a fim de compreender historicamente a identidade geracional da Escola Polonesa de cinema, com destaque para um de seus mais famosos diretores – Andrzej Wajda. Nesta dissertação, portanto, optei por analisar os filmes da trilogia da guerra wajdaniana, lançados na Polônia entre 1955 e 1958. Meu propósito é concretizar uma investigação das representações da resistência nacional nos três filmes, buscando oferecer uma contribuição original às reflexões sobre o cinema polonês na segunda metade da década de 1950. Para tanto, procuro analisar as políticas culturais do regime stalinista para o cinema na Polônia e seus reflexos sobre a atuação dos realizadores, que, ou se posicionaram aliados aos soviéticos, ou manifestaram sinais de oposição à sua presença na Polônia – quando muito, demonstraram certa ambivalência em suas atitudes artísticas, operando com o arcabouço estético-narrativo ora do realismo socialista, ora de cinematografias desprezadas pelo regime, como o Neorrealismo italiano. A análise da trajetória de Andrzej Wajda descortina a biografia de toda uma geração de realizadores recém- formados nas instituições cinematográficas surgidas após a guerra, assim como os seus anseios artísticos de representar em imagens e sons os efeitos catastróficos da guerra total sobre a Polônia. Uma das hipóteses definidoras desta dissertação é que o diretor Andrzej Wajda, na medida em que buscou representar em seus três primeiros filmes os temas silenciados da história polonesa recente, não somente trouxe à tona um de seus principais tabus – a resistência clandestina durante a guerra –, como também o desconstruiu e o desmonumentalizou. Em contrapartida, uma das surpresas advindas da análise fílmica e de fontes extrafílmicas foi a percepção de que Wajda, ao contrário do que supõe a memória de grupo enquadrada pelos cineastas da Escola Polonesa, em alguns momentos assumiu uma postura ambígua em relação aos preceitos da política cultural realista socialista. Eis aí outra hipótese relevante em minha argumentação: a Escola Polonesa de cinema, apesar de suas críticas ao cinema pré-guerra e, sobretudo, ao realismo socialista, foi capaz de assumir certa flexibilidade na adesão de seus conteúdos. ABSTRACT This work is built as a sociocultural analysis of the Polish National cinematography after the Second World War, in order to historically understand the generational identity of the Polish cinema school, emphysising one of it’s most famous directors – Andrzej Wajda. Therefore, I have chosen to analyze the Wajdany war trilogy movies, released in Poland between 1955 and 1958. My purpose is to consolidate an investigation of the national resistance representation on the three movies, looking to offer an original contribution to the reflections about the Polish cinema until the second half of 1950’s decade. Therefore, I try to analyze the cultural policies of the Stalinist regime to the Polish cinema and it’s reflections about the performance of the directors, that either stood allies to the Soviet or showed signs of opposition to the their presence in Poland – at most, they have shown a certain ambivalence in their artistic attitudes, working with the aesthetic and narrative framework of socialist realism, sometimes cinematography despised by the regime, such as Italian neorealism. The analysis of Andrzej Wajda’s trajectory reveals the biography of a generation of newly formed qualified directors in film institutions that emerged after the war as well as their artistic aspirations of representing images and sounds the catastrophic effects of total war over Poland. One of the defining assumptions of this dissertation is that the director Andrzej Wajda, in that it sought to represent in his first three films silenced themes of recent Polish history, not only brought up one of its main taboos - the underground resistance during the war – but also deconstructed it. In contrast, one of the surprises arising from the film analysis and outside sources was the perception that Wajda, contrary to what is supposed by the group memory of Polish school filmmakers, at times took an ambiguous stance on socialist realist cultural policy principles. Behold, another important event in my argument: the Polish school of cinema, despite it’s criticism of prewar cinema and, above all, the socialist realism, was able to take some flexibility in the accession of its contents. SUMÁRIO Introdução ................................................................................................................................... 14 CAPÍTULO 1 – As contrações de uma “mãe-pátria”: autoritarismo, cinema e memória na Polônia do após guerra ................................................................................................................ 24 1.1. A “reconstrução” da polonesidade: cultura política e cultura histórica sob a égide socialista .................................................................................................................................. 27 1.2. Traumas publicizados, tabus interrogados: a geração Escola Polonesa de cinema ..... 47 1.3. Biografia de uma geração: a trajetória de Andrzej Wajda numa Polônia ocupada ..... 65 CAPÍTULO 2 – A resistência representada: ambivalência representacional e oposição geracional na “trilogia da guerra” wajdaniana ............................................................................ 97 2.1. Sintaxe narrativa: a trilogia em palavras ou o gesto de um autor .............................. 106 2.2. O universo ficcional da trilogia da guerra ................................................................. 108 2.2.1. Um olhar neorrealista da Ocupação: o universo diegético de Geração (1955) . 108 A normalidade da vida sob a ocupação alemã e a privação gradativa da liberdade aos poloneses ....................................................................................................................... 112 Os partisans e o papel da fé cristã ................................................................................. 113 As ambiguidades da sociedade polonesa....................................................................... 115 A disforização do Exército da Pátria (AK) e a “ambivalência representacional” de Andrzej Wajda............................................................................................................... 116 2.2.2. Entre o Levante e o esgoto de Varsóvia: o universo diegético de Kanal (1957) 120 2.3. Representando os resistentes: os personagens da trilogia da guerra ......................... 136 2.3.1. Um herói realista socialista? – Wajda e Geração (1955) numa zona cinzenta . 136 1ª chave de leitura