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Edição: Câmara Municipal de / setembro 2014 Design: Humberto Nelson / Produção: Atelier Pagella Fotografia: Créditos fotográficos © António Pinto - fotografia Impressão: Greca - Artes Gráficas [email protected] T. +351259938017 deAnta 5060-449 S.Martinho Rua [email protected] T. +351259939575 5060 Sabrosa Rua doLoreto DE TURISMO POSTO [email protected] F. +351259937129 T. +351259937120 5060-328 Sabrosa - Rua doLoreto CÂMARA MUNICIPAL DESABROSA E spa ,Miguel ç o

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Sabrosa para oFerrão deS.Martinho Descida deAnta S.Martinho Panóias deMateus Solar REAL VILA Parque Natural doAlvão S.Leonardo deGalafura TORGUIANOS ROTEIROS MAPA Igreja matriz Casas senhoriais Castro deSabrosa Monumentos Megalíticos de Vilar deCelas Mamoa deMadorras daAzinheira Senhora TorgaMiguel Espaço Negrilho Escola Jardim daCarreira Igreja deS.Paulo Pelourinho Igreja deS.Pedro Casa dosBrocas Capela daMisericórdia de Sé Vila Real Paços doConcelho Casa Cão deDiogo Parque Natural IC26 do Alvão IP4 VILA REAL VILA Peso da A24 Régua A7 IP4 S. Martinho de Anta A24 IC26 IP4 SABROSA Chaves Bragança IC5 Mirandela Murça A4 Pinhão N O rg a niz TORGUIANOS a ROTEIROS ção Apoio CO-FINANCIADO POR COLABORA‚ÌO ORGANIZA‚ÌO PROJECTO mecen a s 1. Vila Real enxuto, o deslumbramento dos olhos. De regresso, Escola EMspaço iguel torga Ferrão, 7 de Setembro de 1968 8. S. Leonardo de Galafura montado numa das jumentas, mal o perdia de vista CASA DE DIOGO CÃO DOIRO entrava em pânico. O toque das Trindades ressoava Segundo a tradição, aqui terá nascido o navega- Corre, caudal sagrado no vale. O sol escondia-se por detrás do Marão. dor que D. João II enviou em viagens de descobri- Na dura gratidão dos homens e dos montes! Adensava-se o crepúsculo. O resto da jornada teria mento da costa ocidental de África, e que chegou à Vem de longe e vai longe a tua inquietação... de ser feito a tactear a noite. E com dois lustros de foz do rio Zaire na segunda metade do século XV. Corre, magoado, idade não se enfrentam de ânimo leve os fantasmas Paços do Concelho Espaço desenhado pelo Arquitecto Souto Moura De cachão em cachão, da escuridão. “Tem lêndeas... Tem lêndeas... Tem lêndeas... Antigo hospital da Misericórdia, em estilo barroco e inaugurado em 2014. A refractar olímpicos socalcos Entre Vila Real e Peso da Régua, situado a 640 Ora quis o acaso que, quase no termo de uma atribu- E logo minha Mãe: tardio. De doçura metros de altitude, o miradouro fica no alto dum lada existência, eu começasse a frequentar por minha SENHORA DA AZINHEIRA - Ouves, rapaz? Quente. afloramento de quartzitos em forma de proa de SÉ DE VILA REAL vez, nesta hospitaleira mansão, outros periódicos - Ouço, sim senhora. E deixa na paisagem calcinada barco e oferece um extraordinário panorama Antiga igreja do Convento de São Domingos, recolhimentos menos obscuros no meu entendimento. Largava tudo, punha a velha saca de lona a tiracolo, A imagem desenhada sobre o . iniciado em 1424. E que no decorrer de um deles fosse surpreendido pela de maneira que o lírio-roxo ficasse voltado para fora, Dum verso de frescura Capela da Misericórdia notícia de que, na honrosa companhia do grande poe- “S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977 – procurava a boina e saía. Penitente.” Construída em 1532, com pórtico em arco de ta do Brasil, Carlos Drummond de Andrade, acabara de No quinteiro, parava, a inventariar o bornal. A lousa, O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem Diário, vol. XI volta perfeita. ser distinguido com o Prémio Morgado de Mateus. o livro de leitura da quarta, o caderno de problemas, a que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um Casa dos Brocas Sem querer forçar o paralelo, não posso deixar, con- aritmética, a caneta, o lápis, a borracha e os regrões. 6. Sabrosa panorama que os olhos contemplam: é um excesso Enquadrada por um panorama granítico de mon- Construída pelo avô de , tudo, de associar no meu pensamento a imagem da Não faltava nada. Podia seguir. da natureza. Socalcos que são passadas de homens tanha, capela do séc. XVII com retábulo barroco CASTRO DE SABROSA tem na fachada uma lápide evocativa do escritor. criança de outrora à do homem encanecido de hoje. Subia a quelha, atravessava o Eirô sob a copa do titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modu- de talha dourada e pintura do tecto em trompe Datado da Idade do Ferro e depois ocupado pelos lações que nenhum escultor, pintor ou músico podem Igreja de S. Pedro E associá-las num misto de humildade e conforma- negrilho, cumprimentava o senhor Arnaldo, sempre l’oeil. romanos. traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares No centro histórico da cidade, expressivo exemplo ção, a perguntar a mim mesmo se os caprichos da de plantão nos cobertos, e diante da loja das Pintas plausíveis da visão. Um universo virginal, como se do estilo barroco. roda da fortuna nos permitirão evitar certas horas, já levava a fralda de fora. “S. Martinho de Anta, 12 de Abril de 1965 – Chego – CASAS SENHORIAIS Entre elas, a Casa dos Pereiras, onde, segundo a tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, Pelourinho boas ou más. (...)” - Anda cá, desinfeliz! verdadeiramente, nem chegar é preciso: basta partir nesta direcção - , e pareço o cão do Pavlov: todo eu tradição, nasceu Fernão de Magalhães, o edifício pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve Erigido em 1515, quando Vila Real recebeu de Diário, vol. XIII (discurso proferido por ocasião da Trangalhadanças e desleixado, punha-lhes os segrego baba emotiva. O simples nome da povoação, da Câmara Municipal, a Casa da Capela e o Solar a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos mon- D. Manuel um novo foral. entrega do Prémio Morgado de Mateus) créditos de costureiras pelas ruas da amargura. A mais velha metia-me a camisa para dentro, lido nos marcos da estrada, desencadeia dentro de dos Canavarros. tes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio Igreja de S. Paulo assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.” 3. Panóias endireitava a cruz dos suspensórios, e a caminhada mim uma girândola de reflexos. Vejo a Senhora da IGREJA MATRIZ (SÉC. XVIII) Também conhecida como Capela Nova, foi manda- continuava. Azinheira a branquejar no alto da serra, oiço o sino Diário, vol. XII da edificar em 1639 e o seu desenho é atribuído a A escola, ao fundo do povo, tinha mimosas à roda. a badalar, sabe-me a boca a tabafeira, cheira-me a 7. Descida de Sabrosa . 9. Parque Natural do Alvão (...)” rosmaninho. (...)” para o Pinhão Jardim da Carreira A Criação do Mundo (“O Primeiro Dia”) Diário, vol. X Espaço de lazer criado no século XVIII, com Mamoa de Madorras árvores provenientes do Gerês. O busto de Camilo Negrilho “Mamoa” é um termo popular que designa um foi colocado em 1926. Santuário pagão construído entre finais do séc. II dólmen coberto de terra, formando uma pequena 2. Solar de Mateus e inícios do séc. III d.C., lugar de ritos de iniciação elevação artificial. Datando do período neolítico, e de imolação de vítimas. Consagrado a Serápis e a mamoa de Madorras foi objecto de escavações aos deuses dos Lapitas, é o mais antigo santuário arqueológicas nos anos 80 do século XX. rupestre da Península Ibérica. Numa paisagem de vinhedos, destaque para o Monumentos megalíticos de solar do Visconde de Vilarinho de São Romão (ca- Área protegida de zona montanhosa e de vales “Panóias, 21 de Dezembro de 1969 – Foi bonito, Vilar de Celas pela do séc. XV e pedra de armas), na aldeia com fluviais. Na aldeia de Lamas de Olo, que vive arrancar destas cruentas aras romanas e chegar ao o mesmo nome; Provesende, com várias casas essencialmente do pastoreio, subsistem algumas santo sacrifício da missa! Que caminho percorrido no senhoriais e pelourinho; as Quintas da Cavadinha casas com telhados de colmo. Com acesso pela Desenhado por Nicolau Nasoni, é um dos mais mundo do pensamento, da sensibilidade e da fé! e do Junco, cenários do romance Vindima; e, estrada florestal que liga Lamas de Olo a Ermelo, belos exemplares da arquitectura barroca em O reixelo natural substituído por um cordeiro divino, Árvore centenária no largo da vila, conhecida por alturas de S. Cristóvão, do lado esquerdo da a cascata de Fisgas de Ermelo é uma das maiores Portugal. o acto carniceiro de imolação transformado num pelo nome que na região se dá ao olmo ou quedas de água de Portugal. Circundada por uma paisagem de montanha, a estrada, belíssima vista sobre a confluência dos Solar de Mateus, 8 de Junho de 1980 – Abri mais ritual simbólico, a crença numa potestade sangui- ulmeiro. rios Douro e Pinhão. necrópole das Touças situa-se perto dum antigo uma vez o Sésamo da infância. É nele que guardo o nária vivida numa comunhão de esperança. Vamos caminho que ligava os lugares de Garganta e Vilar “Encosta espraiada de cepas a olhar o rio ao fundo e pecúlio com que vou saldando as contas do mundo. a ver agora se a humanidade será capaz de ir mais S. Martinho de Anta, 26 de Abril de 1954. além ainda. Se, fazendo do conhecimento objectivo a de Celas. o céu lá no alto, a Cavadinha, com o nome em letras “Há coincidências estranhas num destino humano. A UM NEGRILHO garrafais no arco de ferro que encima o largo portão exigência suprema, consegue chegar à meta de uma 5. Descida de S. Martinho Nos meus remotos tempos de menino realizavam-se pureza espiritual sem necessidade de holocaustos de Na terra onde nasci há um só poeta. da entrada, é o mimo das quintas. Uma alta ramada para o Ferrão por esta altura, numa casa religiosa aqui de Mateus, qualquer natureza.” Os meus versos são folhas dos seus ramos. dá sombra ao caminho varrido que liga a estrada à uns para mim misteriosos retiros a que duas senhoras residência, sólida construção sobranceira às várias Diário, vol. XI Quando chego de longe e conversamos, lá da minha aldeia assistiam invariavelmente. Viaja- É ele que me revela o mundo visitado. dependências que a rodeiam: os lagares, os armazéns vam de burro. 4. S. MarTINHO de Anta Desce a noite do céu, ergue-se a madrugada, e a cozinha do pessoal. Casas caiadas de branco, E o arreeiro era sempre eu, descalço, às topadas nas CASA DE MIGUEL TORGA E a luz do sol aceso ou apagado telhado e tudo, como as de Penaguião, quando neva. pedras dos atalhos, a comer o pó levantado pelo É nos seus olhos que se vê pousada. Uma brancura para enganar o coração de quem vem. chouto das ferraduras. Trazia-as à tardinha, pela A cal, porém, não chegava até à cardenha onde dor- fresca, voltava com as azémolas, e vinha buscá-las na Esse poeta és tu, mestre da inquietação No trajecto entre S. Martinho de Anta e o Ferrão, o miam os vindimadores. Longe do terreiro, sobradada data aprazada. Este grande palácio, então fabuloso Serena! Monte de S. Domingos (no centro de Paradela, cortar de palha e dividida em dois por uma meia parede na imaginação popular – tinha trezentas e sessenta Tu, imortal avena à esquerda em direcção a Vilela) era um dos locais que teias de aranha prolongavam até ao telhado, e cinco janelas como os dias do ano – balizava-me Que harmonizas o vento e adormeces o imenso de caça de Miguel Torga. Com uma capelinha no alto, de um lado amontoavam-se as mulheres, do outro as emoções da caminhada. Quando o descortinava ao Redil de estrelas ao luar maninho. oferece um amplo panorama circular. ressonavam os homens e as crianças, quando, depois fundo da paisagem, cercado dos seus belos jardins e “A casa nativa actualizada, com todas as sombras do Tu, gigante a sonhar, bosque suspenso Regressando a Paradela e seguindo para o Ferrão, de um dia de corte, de cestos e de lagar, caíam como encimado pelos seus pináculos e chaminés, alegrava- passado pintadas de branco (...)” Onde os pássaros e o tempo fazem ninho!” encontram-se várias quintas dispostas em socalcos tordos no chão.(...)” -se-me o coração. Era o alívio da chegada, o suor Diário, vol. IX Diário, vol. VII com magníficas vistas, entre elas a Quinta do Crasto. Vindima