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Projecto de Investigação Estudos de Produção Literária Transmontano-Duriense Número do Projecto: POCI/V.5/A049/2005 (Medida V.5 - Acção V.5.1)

Concelho de Mesão Frio O Concelho de Mesão Frio fica localizado no extremo sul-sudoeste do Distrito de , na província de Trás-os-Montes e Alto , situando-se o centro da vila num pequeno planalto, a 308 metros de altitude, sobranceiro aos rios Douro e Teixeira, numa pequena área de 2685 hectares, distribuídos por uma população cuja densidade se aproxima dos 225 habitantes por Km2, e lhe dá a segunda mais alta percentagem demográfica do distrito de Vila Real. O município é limitado a norte e a leste pelo município de Peso da Régua, a sueste por Lamego e por Resende e a oeste por Baião. A cota mais alta do concelho fica no monte de São Silvestre, em Vila Jusã, a 531 metros de altitude, e a mais baixa localiza-se a sudoeste, no lugar de de Rei, 50 metros a cima do nível do rio Douro. Além deste rio, o concelho de Mesão Frio é banhado na sua área territorial pelos afluentes Teixeira e Soromenha, ambos oriundos das fraguentas encostas abruptas da serra do Marão, orientando os seus pequenos cursos de água de Norte a Sul, mais caudalosos no Inverno e quase secos no estio.

Mesão Frio é a vila sede de concelho; está dividida em duas freguesias: Santa Cristina e São Nicolau. As freguesias de Mesão Frio são as seguintes: Barqueiros; Cidadelhe; Oliveira; São Nicolau; Santa Cristina; Vila Jusã e Vila Marim

Fontes: Wikipédia, http://gov-civil-vilareal.pt/

Obs. O site da Câmara está em actualização pelo que a caracterização fica incompleta Barqueiros tem 4,76 km² de área e 844 habitantes (2001). Foi vila e sede de concelho entre 1123 e 1836. Cidadelhe tem 2,55 km² de área e 207 habitantes (2001). Oliveira tem 3,40 km² de área e 456 habitantes (2001). Santa Cristina tem 6,41 km² de área e 821 habitantes (2001).

Frontaria da Igreja de Santa Cristina São Nicolau tem 0,45 km² de área e 436 habitantes (2001).

Torre da Igreja de São Nicolau Vila Jusã tem 2,12 km² de área e 687 habitantes (2001). Vila Marim tem 7,16 km² de área e 1 475 habitantes (2001).

Esta freguesia fica localizada a 5 quilómetros da sede do concelho. É, no dizer de Sant'Anna Dionísio, uma "autêntica varanda do vale do Douro e da montanha fronteira de Montemuro. Do outro lado do rio alonga-se a gigantesca encosta de São Martinho de Mouros, de Barrô e Penajóia. É o primeiro grande anfiteatro do país do vinho". É, de facto, soberba a paisagem que se desfruta de diversos pontos desta freguesia, especialmente do exótico miradouro natural do Alto de Donsumil, de onde se obtém uma magnifica panorâmica sobre os vinhedos e sobre o rio.

As origens de Vila Marim são seguramente muito antigas podendo remontar à época castreja. O topónimo parece ser de origem germânica, um genitivo antroponímico, que não surpreenderia ter designado qualquer propriedade rústica ou villa, com raízes num possível castro existente nos acidentes topográficos desta zona. As notícias mais antigas sobre Vila Marim ascendem ao século XII e são fornecidas pelas posteriores Inquirições de 1258. Dão conta da vinda de D. Sancho I a Mesão Frio para mandar queimar as casas que homens de Vila Marim fizeram no rego por onde corria a água para Mesão Frio ao mesmo tempo que mudaram as entradas da vila, tendo feito vinhas nessas entradas. Do século XIV em diante, o traço mais importante da história desta freguesia é a sua categoria de honra com privilegio de beetria.

Foram senhores de Vila Marim, o conde de Barcelos, cuja carta de confirmação e aprovação foi concedida por D. Afonso V, e os filhos de D. João II, o Infante D. Afonso e D. Jorge. Mas em 6 de Setembro de 1489, D. João II passou uma carta a Afonso Leite dando-lhe foros, casas, casais e outros direitos régios em Vila Marim, de onde se infere que as beetrias não se estendiam ao total de cada freguesia. Após a morte de D. Jorge, em 1550, as beetrias foram extintas por D. João III. Muito depois, ainda Vila Marim se qualificava de honra. Nesse século XVI era grande o poderio económico da freguesia, isto, fazendo fé no abade de Miragaia: “Note-se que já em 1532, contando apenas sessenta fogos, produzia 900 almudes de azeite, doze mil alqueires de pão, quinze mil alqueires de castanha, e quinze mil almudes de vinho... Imagine-se a riqueza daqueles sessenta fogos”. Vila Marim nunca teve foral próprio, mas participou no foral manuelino de Mesão Frio onde uma alínea faz deduzir que chegou a ser concelho e julgado por si apesar de o diploma ser o mesmo de Mesão Frio. E isto explica a curiosa declaração do pároco de Vila Marim de 1758 que diz: "tem juiz ordinário e câmara na vila de Mesão Frio", o que quer dizer que ou a casa da câmara era na vila ou era a da vila que servia para os dois concelhos.

A igreja matriz de S. Mamede de Vila Marim, arquitectonicamente um conjunto de várias épocas, conserva no interior talha do século XVIII, azulejos do século XVII e algumas imagens de certo valor como um São Sebastião, um Senhor dos Passos e um Cristo Crucificado. Cobre o interior do templo um tecto em caixotões. Existe aqui um Museu de Arte Sacra. No adro da igreja, levanta-se uma estátua em bronze do seu antigo pároco, Pe. António Augusto Machado, uma figura grada do concelho. Dos restantes templos de culto salienta-se a Capela de S. Caetano, barroca, com duas colunas salomónicas de granito a emoldurar o portal que é encimado por um nicho finamente esculpido. É uma das mais belas ermidas da diocese de Vila Real, sendo mesmo considerada única no género.

Em termos de arquitectura civil é obrigatório destacar a Casa do Granjão. Belo Solar do século XVIII, apresenta um notável portão armoriado, em ferro, ao gosto da época. Tem uma capela da invocação de Santa Luzia que, se por um lado torna mais evidente a planta em U da casa, por outro dá ao conjunto uma maior heterogeneidade. Sobre a porta central da residência existe uma segunda pedra de armas de feitura rude, provavelmente mais antiga da que se encontra no portão, esta talhada de um enorme bloco de granito, grandioso e de boa concepção decorativa.

Pertenceu a esta casa António Botelho Teixeira, 1º barão do Granjão, título concedido em 1867, e visconde do mesmo título em 1879. Foi capitão do exército miguelista passando a exercer as mesmas funções no exército liberal depois da convenção de Évora Monte. Presidiu aos destinos da Câmara Municipal de Mesão Frio durante 40 anos, tendo também sido provedor da Misericórdia em 1880.

Mas outros nomes pairam nos ares desta freguesia que também merecem ser evocados. Como o nome de João Alberto da Silva Azevedo, juiz de Lamego, ouvidor em Barcelos, e uma das vitimas do Marquês de Pombal. Foi um dos donos da Casa do Salgueiral, outro solar brasonado do século XVIII. Figuras de relevo foram ainda o Pe. Domingos Monteiro Dinis, Joaquim José de Sousa, médico cirurgião do exército miguelista e D. Francisco de Vasconcelos, arcebispo de Goa. Nas imediações da capela de Santa Luzia, realiza-se anualmente uma romaria em honra da santa na qual são comercializadas falachas, bolos arredondados e achatados feitos de farinha de castanha e assentes em folhas de castanheiro. Também se vende nesta festa o doce de Donsumil, émulo (imitador, concorrente) do biscoito da Teixeira, assim chamado por ter sido naquele lugar da freguesia de Vila Marim que começou a ser fabricado. No lugar de Donsumil também se produz uma réplica dos famosos rebuçados da Régua. Mas em termos gastronómicos, o rei da freguesia é mesmo o suculento cabrito assado no forno acompanhado de arroz também no forno. E para sobremesa nada como a doçaria típica de origem conventual. No domingo de Ramos é dos cânones que se confeccione a célebre “sopa de castanha pica”. Para acompanhar tudo isto, Vila Marim tem vinhos de excelente qualidade produzidos nessas extensas quintas cobertas por mantos de verdura.

De referir ainda que esta freguesia é a maior do concelho, com 1550 eleitores.