LUCAS RAMALHO E SOUZA

O MERCHANDISING NA TV

Monografia apresentada ao curso de graduação em Comunicação social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de bacharel em Publicidade e Propaganda.

Orientador: Prof MSc Moacir Martins Macedo

Brasília 2013

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AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de formação. Agradeço a minha grande provedora, que me concedeu a oportunidade e me guiou pra que eu chegasse até aqui. Agradeço ao meu grande mestre e orientador Moacir Macedo por suas contribuições fundamentais para a construção deste trabalho. E não poderia deixar de citar a importância do professor Ronaldo Carvalho para minha formação. A todos meu sincero obrigado.

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Resumo

Referência: RAMALHO, Lucas. O merchandising na tv. 2013, 40p, monografia (Publicidade e propaganda) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, 2013.

Dentre todos os meios de comunicação existentes até os dias de hoje, a televisão sempre obteve destaque entre eles. Isso devido a vários motivos; um deles é o fato de oferecer imagem e áudio juntos, outro fator é o seu alcance em massa. Com o passar do tempo essa mídia veio se aperfeiçoando, se modificando, o que possibilitou novas oportunidades para a criação de novos formatos publicitários. O merchandising surgiu dessas mudanças, que tem como foco levar a publicidade para dentro dos programas, uma propaganda sutil. No Brasil, o crescimento do merchandising nos últimos anos é devido às ações mercadológicas voltadas para o esporte, novelas, programas de entretenimento etc, advindo do fato destes oferecerem oportunidades de se promover determinado produto e/ou serviço de forma implícita ao consumidor, tornando-o parte do ambiente e não roubando a cena do foco principal. Hoje o uso do merchan é cada vez mais comum entre as grandes marcas, que desejam estar na mente do consumidor.

Palavras-chave: Televisão, Merchandising, Propaganda

RESUMO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA

Among all existing media to the present day, the television always has featured among them. This is due to several reasons, one of them is the fact that offer picture and audio together, another factor is its reach mass etc. Over time this media came improving, modifying it, allowing new opportunities for the creation of new advertising formats. The merchandising of these changes came about, which focuses bring advertising into the programs, subtle propaganda. In Brazil the growth of merchandising in recent years is because of the marketing actions aimed at the sport, soap operas, entertainment programs etc. Arising from the fact that these offer opportunities to promote a particular product and / or service implicitly consumer , making it the part of the environment and not stealing the scene of the main focus , which is the sporting event itself . Today the use of merchan and increasingly common among the big brands that want to be in the consumer's mind.

Palavras-chave em língua estrangeira: Television, Merchandising, Advertising

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ...... 1 2. HISTÓRICO ...... 2 2.1. A história da publicidade ...... 2 2.2. A história da publicidade na tv ...... 6 3. MERCHANDISING ...... 11 4. FORMATOS DE MERCHANDISING PARA TV ...... 12 4.1. Telenovela...... 12 4.2. Reality show ...... 17 4.3. Programas de auditório ...... 20 4.4. Canais exclusivamente comerciais ...... 22 4.5. Transmissões esportivas ...... 25 5. Considerações finais ...... 31 6. REFERÊNCIAS ...... 32 6.1. Livros ...... 32 6.2. Teses e dissertações ...... 33 6.3. Periódicos ...... 33 6.4. Web sites ...... 33 1

1. INTRODUÇÃO

O objeto de estudo a ser desenvolvido neste trabalho são as formas que a propaganda pode utilizar nos limites dos programas televisivos. Sua finalidade é analisar a linguagem, oportunidades e os diferentes formatos de merchandising tratados em alguns momentos de merchan, a serem utilizados nos programas exibidos na TV. O tema tem grande relevância para a área de Comunicação Social, que envolve Publicidade e Propaganda e Jornalismo, pois, além de apresentar os caminhos e os formatos já utilizados, de maneira sistemática e de fácil entendimento, também apresenta o histórico da relação das mídias com a publicidade, principalmente da TV. A relevância de se tratar de um assunto tão vasto como a televisão se dá pelo fato de ser ainda o maior e mais utilizado meio de comunicação, até os dias de hoje. Segundo o Projeto Inter-Meios, em pesquisa de 2011, divulgada na revista Proxxima de Fevereiro de 2012, no caderno de negócios, a TV aberta tem 63,25% do Market Share em relação aos outros meios de comunicação. Segundo a IAB Brasil, em pesquisa realizada em março de 2013, divulgada em seu site, 60% dos brasileiros assistem TV mais de uma vez por dia. Ou seja, a TV está ainda muito presente na cultura diária dos brasileiros. Ela pode ser útil para levar conhecimento, cultura, entretenimento, informações, mudar hábitos etc. Outros meios de comunicação, a exemplo do rádio, podem também oferecer esses itens, contudo a TV é o meio mais completo (áudio e vídeo) utilizado pela população. A importância da publicidade para a TV se dá pelo fato de que a propaganda é o seu meio de sustentação e desenvolvimento. Segundo pesquisa realizada pelo Projeto Inter-Meios, em 2012, exibida pela revista Exame em janeiro de 2013, a TV arrecadou 64,7% dos investimentos em mídia no ano de 2012. Olhando por outro ângulo, pode-se visualizar a importância da TV para a publicidade, que oferece cada vez mais oportunidades e formas de visualização das campanhas publicitárias, sejam elas dentro dos programas, como será analisado neste trabalho, ou fora deles, nos intervalos comerciais conhecidos pelo codinome breaks, exibidos entre as grades de programação.

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2. HISTÓRICO

2.1. A história da publicidade

A propaganda é um elemento muito presente em todas as sociedades. Seu surgimento se dá em função da necessidade do comércio. Inicialmente era utilizada para divulgar os nomes dos produtores, que mais tarde se tornaram marcas. E esta veio a ser a função da propaganda: divulgar e fixar as marcas na mente de seus consumidores. Durante os três séculos, após o descobrimento do Brasil, a propaganda utilizada era apenas oral, praticamente, época do “quem quer comprar, quem quer vender”. Em 1808, com o nascimento do primeiro jornal brasileiro, A Gazeta do , registrou-se a primeira publicidade impressa do país. Os classificados eram utilizados na sua maior parte para a comercialização de escravos, tanto para procura quanto para venda, como pode ser visto na imagem abaixo. Já os anúncios eram utilizados para os mais diversos segmentos.

Imagem 1 – Anúncio de escravos

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Por volta de 1850, as propagandas começaram a ganhar novos formatos, ilustrações e também grande contribuição da poesia para chamar a atenção do leitor. O mais conhecido e ativo poeta publicitário foi Olavo Bilac, mas praticamente todos os jornalistas que escreviam as propagandas eram grandes poetas. A utilização das rimas tinha a função de facilitar o entendimento e a lembrança dos anúncios, já que a maior parte da população na época era analfabeta ou semianalfabeta. Em 1900, nascem as primeiras revistas. Todas já avançadas, bem impressas e prontas para a publicidade. Inicialmente os anúncios eram acertados através do agente de anúncios, o qual mediava a relação entre o anunciante e a mídia. Mais tarde este veio a se tornar a agência, modelo utilizado até os dias de hoje. Em 1913, surgiu a primeira agência brasileira: a Eclética. Seus profissionais eram os escritores e artistas da época. Em 1925, a General Motors chega ao Brasil com sua própria divisão de publicidade, a qual contava com 27 funcionários. A primeira transmissão de rádio no Brasil ocorreu em 7 de setembro de 1922. Já em 1923 foi criada a primeira emissora de rádio, a Sociedade do Rio de Janeiro, mas só em 1930 as rádios foram autorizadas a veicular propaganda, e a partir daí os spots e jingles passaram a ser produzidos. O rádio veio a ser o veículo universal por excelência. Gastava-se muito mais com rádio do que com jornais e revistas. Através das “ondas do rádio” podia-se ouvir novelas, músicas, notícias e as propagandas ao vivo, que eram a sua grande atração. Os jingles tinham uma enorme capacidade de sintetizar a informação a ser transmitida, de uma forma rápida, alegre e instrutiva. As propagandas tinham uma função a mais nesta época, pois além da principal, a divulgação de produtos e serviços, exerciam também a função de instruir o consumidor. Elas diziam o que era o produto, para que servia e como utilizar. Podemos visualizar um bom exemplo dessa característica na imagem abaixo.

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Imagem 2 – Propaganda instrutiva

Neste mesmo período, o Brasil passa pela Revolução de 30, causada pela quebra da economia cafeeira. Neste momento, Getúlio Vargas assume o governo provisoriamente; em 1942, o Brasil declara guerra à Itália e Alemanha. Em 1945, o fim da guerra deixou o Brasil em boa situação, pois grandes indústrias surgiram no país, assim como novos anunciantes, em meio ao crescimento da sociedade urbana. No período anterior à guerra a população rural era a maioria, com cerca de oitenta por cento dos habitantes. Após a Segunda Guerra, na década de 50, inicia-se a fase moderna da propaganda brasileira. Baseada nos preceitos do marketing, utilizava técnicas profissionais e o uso de fotografias, entre outros recursos trazidos pelas agências multinacionais, que chegaram ao país para atender aos interesses de seus consumidores. Como não havia agências com experiência para atender o mercado 5

internacional no Brasil, as grandes empresas multinacionais estimularam a vinda de agências estrangeiras.

A propaganda incorpora os avanços e as conquistas da sociedade, e os coloca a serviço da comunicação comercial. A evolução das técnicas e dos recursos da fotografia produz um impacto enorme na sociedade. O jornalismo incorpora rapidamente esses avanços e em pouquíssimo tempo tem sua própria forma de abordagem fotográfica, o fotojornalismo. (Marcondes, 2002, P.24)

Nesta mesma década, a propaganda passou a ser vista mais além da sua atividade profissional, e passou a ser considerada também como um assunto acadêmico, o qual deveria ter regras, preceitos e alguém que os ensinasse. E assim nascem as primeiras escolas de ensino publicitário. Em 1956, Juscelino Kubitschek inicia a era desenvolvimentista. O crescimento econômico aumentou e o otimismo dos brasileiros também. A propaganda acompanhou do mesmo modo essa era de crescimento, e começaram a surgir novos formatos, como os slogans, que tinham como função fixar a marca na mente do consumidor, surgindo assim os famosos “bordões”. A propaganda nesta época não utilizava ainda um processo criativo. Este faz surgir um conceito, que permite encontrar a sua forma correta, e a mídia conveniente para repassá-la. Existia somente o texto e o layout, e isso fazia com que o redator trabalhasse separado do ilustrador; este tinha o papel de dar vida e ilustrar o texto que lhe foi passado. Não se utilizavam computadores nesta época para a elaboração de ilustrações; eram todas feitas à mão. Em marco de 1950, chega ao Brasil o aparelho, encomendado à empresa norte-americana RCA, para a transmissão do primeiro sinal televisivo da América Latina, feito pela emissora TV Tupi.

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2.2. A história da publicidade na tv

O início da história televisiva foi marcado por um fato curioso: não existiam equipamentos para a gravação dos comerciais, todos eram feitos ao vivo. Denota-se a partir disso a grande facilidade que a propaganda tem de se adequar aos meios existentes para sua exposição. Em 1950, os grandes anunciantes e as grandes agências estavam todos sediados na cidade do Rio de Janeiro, a capital do país, e somente no fim da década é que começa a migração dessas empresas e agências para São Paulo. Nesta década, os investimentos em propaganda no Brasil chegaram a 110 milhões de dólares, e os principais anunciantes eram Coca Cola Refrescos S.A., Companhia e Cervejaria Brahma, General Eletric S.A. e Irmãos Lever. Uma característica marcante da época era o nome dado aos programas, pois geralmente eram identificados pelo nome do seu patrocinador, já que essa era a única forma de manter economicamente o programa no ar. O modelo era o de um patrocinador único. Alguns exemplos desse formato: Repórter ESSO (imagem 3), Escolinha Toddy, Corridas Royal, Alegria Kolynos.

Imagem 3 – Repórter ESSO

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Já na década de 60, marcada pela ditadura militar – que durou mais de 20 anos, o Brasil passa por uma fase de grande censura aos meios de comunicação; em contraponto, houve um grande crescimento na economia, devido aos grandes investimentos na estrutura do país e na comunicação governamental. O advento do VT, que começa a ser usado pelas emissoras brasileiras já no início da década de 60, transforma a televisão, definitivamente, num paraíso para todos, pois agora era possível errar. E aí refazer, gravar de novo.

A produção de anúncios para a TV começou com cartões pintados, seguida por slides, até chegar ao filme, que foi a primeira contribuição do cinema nas produções de 35 mm, que eram reduzidas para 16, para a melhoria de qualidade. (Queiroz, 1990, P.242)

Essa novidade possibilitou a segmentação de anúncios demograficamente. Agora cada cidade tinha seus próprios anunciantes. A lei da propaganda surgiu em 1968 para decidir as regras da publicidade, e isso fez com que a propaganda se tornasse um setor de negócio de verdade. Sua profissionalização veio nesta mesma década, e o surgimento das duplas criativas muda o sistema de produção, já que texto e imagem passam a ser idealizados juntos. Os Anos 70 foram marcados por um grande desenvolvimento econômico brasileiro; o PIB bateu recorde de crescimento, e junto com ele os investimentos em propaganda. O desenvolvimento da Rede Globo, Manchete e da Editora Abril é um dos principais exemplos desse crescimento. Após esse crescimento, o mercado começou a se segmentar por meio de programas específicos para cada público, permitindo assim o nascimento do termo “público-alvo”, que é utilizado até os dias de hoje. Segundo Queiroz (1990), “a década de 70 mostra o processo final do chamado ‘milagre brasileiro’ e também revela a fixação do chamado ‘padrão Globo de qualidade’”. A década de 80 foi marcada pelo acirramento da disputa pelos índices de audiência, pela conquista de novos esquemas de programação e também pelo sucesso das propagandas regionais. Como exemplo desse sucesso, temos a Caderneta da Caixa (imagem 4), apresentada pelo ator Luís Fernando Guimarães, que foi segmentada somente para a cidade de Santos, São Paulo.

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Imagem 4 – Caderneta da Caixa

Segundo Queiroz (1990): “O grande marco dessa década foi a disposição de um transponder instalado em 1982 pela Embratel, que permitiu que todos os programas pudessem ser exibidos simultaneamente a sua geração.” Em 1992, ano da Copa do Mundo, a estimativa era de 40 milhões de TVs espalhadas por todo o país. Segundo Queiroz (1990): “Foi a década de ouro da TV, o veículo de total abrangência, com audiência mundial estimada em bilhões de espectadores.” As grandes referências do sucesso desta década foram a campanha da Brastemp, criada pela agência Talent, em 1992 (imagem 5), e também a campanha da Bombril, criada pela agência DPZ, em 1997 (imagem 6). O Brasil finaliza o século XX sendo o terceiro país mais premiado em Cannes, perdendo somente para Inglaterra e EUA.

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Imagem 5 – Brastemp

Imagem 6 – Bombril

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O século XXI é visto por J. Roberto Whitaker Penteado, Diretor do Instituto Cultural da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), como a era de ouro da publicidade no Brasil e no mundo, e também como o século da mídia, e principalmente da TV. Devido ao barateamento dos preços, agora ela ocupa não só as salas de estar, mas também quartos, cozinhas, e em alguns lares até os banheiros, ou seja, passa a ser de consumo individual e não familiar. Com a chegada da TV digital, a internet vem sendo incorporada à TV, possibilitando a interatividade. Com isso, as características da publicidade na TV se alteram, pois a propaganda deixa de estar no segundo plano, nos comerciais dos programas, e passa a se fundir com eles, ou a ser tão interessantes quanto. Alguns formatos podem ser vistos no site YouTube, onde empresas como Espoleto e Bis transformam seus comerciais em verdadeiros programetes de humor, produzidos pela Companhia de Comédia Porta dos Fundos (imagem 7). Esse formato tende a migrar para a TV digital interativa, já que ela tem como característica eliminar os breaks e trazer à tona, cada vez mais aperfeiçoada, a era On Demand, que proporciona a escolha do que e quando assistir. Essas novas características da TV interativa já têm levado as marcas a se utilizar de uma das extraordinárias ferramentas do Marketing: o merchandising, que caracteriza a inserção das marcas dentro dos programas, novelas, transmissões ao vivo e outros formatos televisivos, que serão abordados no próximo tópico.

Imagem 7 – Porta dos Fundos

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3. MERCHANDISING

O Marketing é hoje importante e indispensável nas relações de comércio e na tomada de decisões. O merchan, aqui referido como uma ferramenta do marketing, pode ser definido como “o conjunto de ações sobre um bem ou serviço visando torná-lo adequado para sua compra ou utilização no lugar certo, no momento correto” (Bernardo, 1994). Contudo, nos dias de hoje, o merchandising é visto de maneira diversa deste conceito. A ideia de uso desta ferramenta pode ser vista hoje como a de uma propaganda dissimulada, com a inserção de bens e serviços nas novelas, filmes, espetáculos teatrais, programas televisivos, entre outros. Compreender o sentido do merchan nem sempre foi tarefa fácil. Como citado no parágrafo anterior, há tempos atrás, sua finalidade estava muito mais ligada à promoção de vendas. A maior parte dos livros o tratava assim. Isso pode ser visto na breve citação que trazemos do 3º capítulo do livro Merchandising – a estratégia do marketing, de Ruy B. Chalmers, em que o título do capítulo “Marketing”, “Merchandising” e a Promoção de vendas já traz essa ligação. E mais à frente, ainda no mesmo capítulo, o autor faz a seguinte menção:

Sendo o Marketing a providência técnica da movimentação do produto, da fabricação ao consumidor, Merchandising por sua vez é representado por uma série de idéias e providências ligadas às vendas, agindo mais diretamente nas áreas de divulgação do produto, da sua revenda, e mais diretamente na fase final da consumação. As experiências de merchandising têm como objetivo contribuir para que o produto seja fabricado com características certas e nas quantidades corretas. E mais, pelo preço certo e colocado nos pontos de vendas corretos. (Chalmers, 1971, P.29)

Após essa pequena volta no tempo, para melhor compreensão do assunto, podemos citar um conceito mais moderno do merchandising, abordado por Luís Cláudio Zenone, em seu Marketing da Promoção e Merchandising: “designação corrente da propaganda não declarada feita através da menção ou aparição de um produto, serviço, ou marca durante um programa de televisão, rádio, teatro e cinema”. Porém esse conceito modernista também é questionado, pois esse tipo de merchandising tem por objetivo persuadir o consumidor à compra de determinado produto, serviço ou marca, valendo-se do artifício de mensagens subliminares. 12

Segundo essa visão, esse tipo de propaganda tem como objetivo maior controlar a mente do consumidor e, portanto, fere as normas do bom senso, pois não lhe dá escolha, seja na compra de um produto, seja em se tratando de uma filosofia ou de um ideal político. Após expor toda a problemática envolvida a respeito dessa grande ferramenta do marketing, iremos adotar a corrente citada por Zenone, sem o intuito de excluir a outra, e sim por uma opção acadêmica, que assim nos permita analisar os efeitos e escolhas do merchan voltado para TV.

4. FORMATOS DE MERCHANDISING PARA TV

4.1. Telenovela

O meio de sobrevivência fundamental das telenovelas brasileiras é quase todo voltado para o merchandising, contudo é possível a produção sem a utilização desta ferramenta. O nascimento do merchandising foi, primeiramente, para custear as produções de cinema americano, e depois foi integrado à TV e suas telenovelas. Segundo Trindade (1999), “a primeira experiência de merchandising nas telenovelas foi em Beto Rockfeller (Bráulio Pedroso, 1969, TV Tupi), cujo protagonista, Beto, amanhecia ressacado das noites de farra e tomava o antiácido efervescente Alka Setzer da Bayer”.

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Imagem 8 – Beto Rockfeller

Após esta telenovela, foram registrados outros grandes cases de merchandising nas telenovelas Dancing Days (Gilberto Braga, 1979, TV Globo), com o merchandising das calcas jeans Staroup usadas pela personagem Júlia (Sônia Braga), com grande impacto sobre os telespectadores no período (imagem 9); seguido do case da US Top, na novela Água Viva (Gilberto Braga, 1980, TV Globo), protagonizado pela atriz Betty Faria (imagem 10), que caracterizava a indumentária da personagem Lígia. Segundo Trindade (1999), “a década de 80 se consolida na utilização efetiva da ferramenta merchandising em telenovela, ampliando o faturamento comercial da TV Globo”. Segundo Schiavo,1995:

As verbas destinadas a publicidade em TV correspondiam a 2,8 bilhões de dólares. A Rede Globo faturava 65% desse total (1,8 bilhões de dólares) e os espaços de merchandising em telenovelas faturavam 450 milhões de dólares. Esse valor poderia ser multiplicado ou triplicado se fossem levadas em consideração as ações de merchandising social, que não são pagas.

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Imagem 9 – Calça jeans Staroup

Imagem 10 – Betty Farias

A técnica do merchandising, além de fundamental para o custeio das telenovelas, proporciona aos atores e ao pessoal da equipe de produção um acréscimo no valor de seus salários por cada cena realizada. Caso o ator esteja 15

diretamente vinculado à respectiva marca anunciante, seu salário pode chegar às mais altas cifras. A técnica do merchan é o meio mais utilizado, se não o único, pela publicidade dentro das telenovelas, um formato que se bem executado deve ser visto como a força que consegue desviar a mão do consumidor para a esquerda ou para a direita, contudo é bem mais cara que os 30 segundos nos breaks. Além de vender marcas, produtos e serviços, o merchan também é utilizado para gerar mudanças, hábitos, atitudes, e também colocar em pauta assuntos relevantes na sociedade. Para Almeida (2003), o Merchandising é maravilhoso para fazer comportamento – essa é uma certeza: colocar bem um produto no meio da narrativa promove e cria novos comportamentos e atitudes de compra no consumidor. Dessa maneira, o Merchandising pode ser utilizado por duas vertentes: comercialmente e socialmente. O comercial é o conceito básico do merchan, difundido pelo próprio Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa (2002), citado no livro Marketing da Promoção e Merchandising, de Luiz Cláudio Zenone: “designação corrente da propaganda não declarada feita através da menção ou aparição de um produto, serviço ou marca durante um programa de televisão, rádio, teatro e cinema”. Já o aspecto social corrobora com o comercial na mudança de comportamentos. Como lembra Almeida, desde o final dos anos 80, a Rede Globo introduziu e divulga entre seus clientes (inclusive e especialmente os governos, nas diversas instâncias) a possibilidade de inserir mensagens e informações consideradas de utilidade pública, como campanhas ligadas à área da saúde (vacinações, aleitamento materno etc.). Alguns autores de novela inclusive costumam introduzir esse tipo de informação em suas narrativas, como a busca de crianças desaparecidas em Explode Coração, de Glória Perez, exibida no ano de 1996, ou informações sobre exames para prevenção de câncer em Laços de família, de Manoel Carlos (imagem 11).

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Imagem 11 – Laços de família

Outra divisão que pode ser feita no Merchandising, em relação à sua forma de ser apresentado, segundo Ortiz ET AL (1989), é sob a forma de “ações”, que é considerada mais cara, porque se trata de um anúncio evidente do produto, como por exemplo quando o personagem entra no banco, usa seus produtos e faz elogios ao banco. A outra é o “sinal”, que seria apenas a presença do produto em cena, como uma cerveja que os personagens bebem no bar, sem grande destaque, mas garantindo a visibilidade da marca. Outro exemplo é uma cena de vacinação em O Rei do Gado, novela escrita por Benedito Ruy Barbosa, exibida em 1996, em que o protagonista mostra bem a marca do produto veterinário utilizado, mas sem mencionar explicitamente suas características ou qualidades, embora destaque a importância de vacinar o rebanho. Podemos dizer que as vantagens do merchandising são vencer o controle remoto e a mudança de canais no intervalo comercial, e dar mais credibilidade ao produto. No aspecto prestígio, a novela completa sua eficiência especialmente no modelo de anúncio pelo merchandising. Contudo, existem dois entraves: seu alto custo e sua suposta falta de ética. Pode não ser ético mostrar um produto e seu uso sem que os espectadores se deem conta de que se trata de um anúncio.

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4.2. Reality show

Pode ser visto como um dos mais novos formatos televisivos no Brasil. Sua chegada ao País veio com a Casa dos Artistas, pela emissora SBT, mas somente se firmou com a chegada do Brasil, transmitido pela Rede Globo, que manteve o formato holandês; as inscrições são abertas a qualquer pessoa. Esse formato já chegou à sua 13ª edição, no ano de 2013, e tem as seguintes características: a) “Possui os principais elementos de uma linguagem exclusivamente televisiva: informalidade, simplicidade, familiaridade, presença diária e transmissão ao vivo.” (Sarlo,1997) b) “Tem a força da TV ao vivo, que permite a ilusão do realismo absoluto, da transmissão em tempo presente e aumenta a credibilidade da TV como instituição por mostrar a ‘verdade’. Por princípio o formato ao vivo não sofre suspeitas por parte dos telespectadores, de manipulação de imagens.” (Albuquerque, 2008) c) “Aproxima-se do esquema de seriado: uma estrutura, sistemas psicológicos diferentes, um sistema e uma ordem de peripécias que se repetem. Essas repetições de acontecimentos se assemelham às telenovelas, o que também pode ser considerado como característica do reality show.” (Albuquerque, 2008) Seu meio de sobrevivência é também, em sua maioria, o merchandising. Contudo, nesse formato ele é apresentado de maneira quase sempre explícita, o que é nomeado no tópico anterior por Ortiz como “merchandising de ações”. Esse formato é o mais caro, pois proporciona praticamente 100% de visibilidade, visto que o participante não é solicitado a falar o nome da marca, produto ou serviço que está utilizando. Essa maneira de se fazer merchandising pode ser considerada mais ética do que a outra forma apresentada por Ortiz, chamada de sinais. Pois fica explícito para os telespectadores que se trata de um comercial. Os anunciantes nesse formato apostam na espontaneidade dos participantes ao se relacionarem com seus produtos. Pois é claro hoje na publicidade que o consumidor busca na compra o que vai muito além do produto; são as experiências que o produto proporciona. Com isso, o reality show se tornou uma grande vitrine de experiências para os telespectadores. Essa vitrine é apresentada, na maioria das vezes, por meio das provas pelas quais passam os participantes, pois são nelas que marcas como Guaraná Antarctica, Fiat, Super Bonder e outras 18

colocam seus produtos em experiência com os participantes. Um dos exemplos foi em umas das provas do líder, na edição 11 do (imagem 12), onde os participantes foram grudados pela sola dos pés, de cabeça para baixo, somente com o uso da cola Super Bonder para suportar o seu peso.

Imagem 12 – Super Bonder

Outra experiência dos participantes com produtos, que chegou a se tornar um viral, foi obtida na edição 12 do Big Brother Brasil, quando um dos participantes foi premiado com um carro (imagem 13), e ficou excitadíssimo com o presente, chorou de emoção, envolveu os amigos na comemoração, fez planos para passeios depois que terminassem o programa, enfim, fez os comentários típicos de um jovem de classe média que faz planos para realizar um sonho.

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Imagem 13 – Big Brother Brasil 12

Esse formato de merchan tem bastante eficácia junto ao público, pois alem de mostrar o produto sendo utilizado pelos participantes ele também demonstra a comprovação da sua eficácia. Além desse formato apresentado, que envolve o participante, a marca e o apresentador, existe também o merchandising menos nítido (sinais), inserido dentro das festas ou até mesmo no dia a dia dos participantes. A apreciação e o consumo “voluntário” dos produtos pelos participantes, por uma quantidade de tempo de exibição razoavelmente maior do que nas novelas, fornece uma maior visualização da marca, e principalmente uma maior persuasão ao uso desta. Como exemplo, temos a exposição do Guaraná Antarctica (imagem 15) sendo consumido pelos participantes do programa em uma das refeições, na edição 12 do Big Brother Brasil.

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Imagem 15 – Guaraná Antarctica

Segundo Veestergaard e Schroder (2002), a publicidade criou um universo retórico próprio, e ensinou o público, ao longo do tempo, como usufruir dele. Trata-se de um mundo de sonhos, da beleza, da riqueza, da perfeição: uma vida imaginária, que não existe na realidade, mas em que o público gosta de se projetar.

4.3. Programas de auditório

São os programas mais populares da televisão. Eles envolvem um apresentador carismático, os telespectadores e uma plateia, que é comandada e estimulada pela produção do programa a bater palmas, gritar, ficar em silêncio etc. Tudo para que o programa pareça interessante durante a sua exibição. “São voltados paras classes B, C e D.” (Kubiack,2011, F.31) Buscam manter-se no topo do IBOPE, o que muitas vezes compromete a qualidade da programação. Fato que esteve mais explícito, principalmente, na década de 90, quando Gugu Liberato, no seu Domingo Legal, no SBT, e Faustão, no Domingão do Faustão, da Rede Globo, competiam lado a lado, todos os domingos com atrações consideradas, muitas vezes, apelativas. (Kubiack, 2011, F.32)

Por se tratarem de programas populares com grande audiência e duração, fato que levou praticamente todas as emissoras de canal aberto a terem algum tipo de programa similar em sua grade de programação, sua popularidade é vista pelos 21

anunciantes como grande oportunidade para visualização de suas marcas e produtos. Esse fator tem levado a um crescimento excessivo de merchandising dentro dos programas, devido a oferecerem oportunidade de exposição aos mais diferentes tipos de públicos-alvo, já que suas programações são cada vez mais abrangentes, no que se refere ao conteúdo. Os anunciantes têm cada vez mais buscado novas formas de tornar seus anúncios parte da programação. Um exemplo disso pode ser visto no programa Pânico na TV, no ano de 2011, onde foi criado o quadro Garota Guaraná Antarctica (imagem 16), que se resumia na busca de mulheres nas praias brasileiras que se encaixavam no perfil procurado pelos apresentadores do programa. Outro exemplo pode ser visto no programa Hoje em Dia, na Rede Record, no qual o chef Edu Guedes prepara receitas práticas com Caldo e Tempero Sazon (imagem 17). Além disso, todas as receitas ficam disponíveis no site da marca para posteriores consultas, uma solução prática para complementar a ação de merchandising, colaborando com a mensagem e gerando um vínculo maior com o telespectador.

Imagem 16 – Pânico na TV

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Imagem 17 – Sazon

Os apresentadores desses programas geralmente passam uma maior credibilidade, e com isso contribuem na persuasão da marca, indicando o uso do produto. “Segundo a coordenadora de marketing do grupo, Daniela Guizelinni, através de uma pesquisa feita pela Ajinomoto, detentora da marca Sazon, Edu Guedes foi muito citado por demonstrar essa credibilidade.” (Kubiack, 2011, F.32)

4.4. Canais exclusivamente comerciais

Antes de qualquer ação de venda na publicidade, e aqui vale lembrar o significado dessa palavra, que tem sua origem no latim publicus, que significa segundo Rizzo (2003) a qualidade do que é público, ou seja, torna público um fato, uma ideia, objetivando induzir ou convencer o público a uma atitude dinâmica favorável àquela determinada ideia, devem-se criar estratégias baseadas em pesquisas para que os objetivos de comunicação sejam alcançados. Em posse de informações como os locais que o indivíduo frequenta e seus hábitos de consumo, por exemplo, o publicitário tem mais condições de escolher a estratégia e a técnica mais adequada para levá-lo à compra. 23

Segundo o psicólogo comportamental Maslow (1970), em um estudo sobre as motivações humanas de consumo, descobriu-se que as necessidades vêm racionalmente em uma hierarquia, que se inicia com as necessidades fisiológicas (comida, água, abrigo), de segurança (proteção), sociais (amor, sensação de pertencer a um grupo), estima (reconhecimento, autoestima, status), e por último a autorrealização (realização pessoal). Ou seja, o que se observa nesse estudo é que as pessoas tendem a resolver primeiramente as necessidades fundamentais, para depois então saciar as de níveis mais altos. Contudo, o que se pretende analisar neste tópico é que a eficácia da comunicação pode levar o indivíduo a desconstruir a racionalidade que sustenta essa hierarquia, e assim efetuar a compra em níveis mais altos sem que os primeiros tenham sido saciados, ou seja, se trata do atendimento primeiro dos impulsos que são gerados pelas publicidades sedutoras, que oferecem muito além do produto. O grande exemplo desse formato é o canal Polishop. Ele é exclusivo para venda de vários tipos de produtos, 24 horas por dia. Com essa disponibilidade de tempo, eles têm uma grande exposição, que demonstra as suas características e utilidades, e posteriormente são demonstradas pelo apresentador(a) outras adicionais, que segundo a publicidade são gratuitas. Além dessas ofertas, a empresa oferece o dinheiro do cliente de volta, caso ele não goste do produto adquirido. Infere-se a partir daí que com tantos produtos que o consumidor irá ganhar ele fica preso à expectativa de comprar um item e receber vários, o que lhe dá prazer e, consequentemente, o retira de um pensamento racional, deixando-o à mercê da impulsividade para saciar seu desejo imediato. Outro ponto a ser analisado nestes canais é que a construção de suas propagandas tem como fim engendrar hábitos no dia a dia dos indivíduos, o que só será possível com o uso satisfatório de seus produtos. Exemplo disso é a venda da linha George Foreman, que também pode ser encontrada no site, a qual oferece alimentos que propõe terem até menos 50% de gordura, vendendo assim um estilo de vida mais saudável, que seria possível com o uso de seus produtos.

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Imagem 18 – George Foreman

Outro exemplo é a venda do produto Shark Vac to Steam, um avançado aspirador com sistema de limpeza a vácuo. Em sua publicidade é oferecido, além do produto, um estilo de vida sem bactérias e sujeiras, que só este produto poderia oferecer.

Imagem 19 – Shark Vac to Steam

Para introduzir tais hábitos na vida dos consumidores, a Polishop se utiliza da Retórica, estudada por Aristóteles, que a define em seu Arte Retórica e 25

Arte Poética como a faculdade de ver teoricamente o que, em cada caso, pode ser capaz de gerar a persuasão. A Retórica parece capaz de, por assim dizer, no concernente a uma dada questão, descobrir o que é próprio para persuadir. Pode-se inferir que a sua finalidade consiste em apresentar provas de que algo é verdadeiro ou não. E cabe ao receptor da mensagem decidir entre o sim e o não. Segundo Aristóteles, sua tarefa não é persuadir, mas discernir os meios de persuadir a propósito de cada questão. Assim como a medicina não tem por missão própria dar saúde ao doente, mas avançar o que lhe for possível na direção da cura. Com isso, destaca-se que a Retórica trata de indicar como fazer, como usar os meios. Neste ponto se encontra a ferramenta utilizada pelos canais exclusivos para venda, e principalmente o Canal Polishop. Ao indicar como fazer por exemplo a limpeza, seus produtos são citados como o remédio para a cura dos males da vida diária. Essa linguagem é a grande ferramenta que convence milhares de pessoas no mundo a adquirirem seus produtos. Como exemplo disso é citada no site a venda de sete milhões do produto Shark Vac Steam, utilizado como exemplo.

4.5. Transmissões esportivas

“O Brasil é o quinto maior mercado esportivo do mundo devido à sua crescente participação na mídia, nos negócios, na economia, e principalmente no lazer das pessoas, no tocante ao setor esportivo. Nesse contexto, o marketing esportivo apresenta-se como ferramenta de comunicação com clientes, prospects, colaboradores e comunidade que utiliza o esporte como forma de contato com o target ligado à emoção e à paixão.” (GREGORIO, 2008) Atualmente os eventos esportivos já são vistos e principalmente utilizados como alternativa por diferentes empresas que desejam alcançar seu consumidor nos momentos em que estão praticando, vendo ou se informando sobre seu esporte favorito. O que motivou grandes empresas a investirem no esporte foi o espaço que a mídia em geral reservou para a divulgação dos eventos esportivos, em virtude do sucesso obtido nas grandes competições nacionais e internacionais, e o retorno institucional e de vendas que eles traziam. (CORRÊA; CAMPOS, 2008)

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Uma das grandes características do merchandising esportivo é o envolvimento de eventos, times, contratos de endorsement (testemunhal de atletas), ligas e compra de espaços de mídia em eventos esportivos. O marketing esportivo desempenha muito bem sua função como um "lembrete" de qualidade, sem, contudo, impor sua venda, uma vez que ao fazer-se lembrar ele está lhe dando uma opção de nome no mercado cabendo, portanto, à empresa (marca) investir também na propaganda com uma ação significativa, explicando quais são os seus produtos e para que se destinam. (PITTS, 2002, p. 56)

São várias as ações que uma empresa pode efetuar com o merchandising esportivo, em que destacam-se: alternativa à mídia convencional, reforço ou construção da imagem institucional, incremento de vendas, segmentação do público- alvo, rejuvenescimento da imagem, e tudo isso traz retorno de imagem da empresa patrocinadora. Na exposição de uma marca e/ou produto, o merchandising esportivo apresenta-se como um tipo de mídia alternativa. A ação de merchandising deve estar acompanhada de uma ação de propaganda para explicar quais são os produtos que a marca vende, e a mesma deve levar em consideração que o marketing esportivo é um tipo de promoção institucional, ou seja, ele atribui valor a uma marca, mas não diz o que ela é. (SACCHETTIN, 2009) Outra vantagem encontrada é que a marca participa do ambiente do jogo por meio da publicidade estática, como placas de publicidade, ou de forma mais dinâmica, se estiver patrocinando alguma equipe ou atleta, onde o nome, além de estar em evidência durante a realização da competição, ainda pode voltar a estar em repercussão no dia seguinte através de reportagens divulgadas pela imprensa televisiva e jornalística. (SACCHETTIN, 2009) O reforço ou construção da imagem institucional de uma empresa são amplamente favorecidos quando se associa ao esporte por tudo aquilo que ele representa como força, aventura, emoção. As alegrias que o esporte oferece ao torcedor-consumidor acabam se transferindo à imagem da empresa, pois sua marca também está participando daquele mágico momento. As empresas podem e devem empregar o marketing esportivo na segmentação do público-alvo, componha-se ele de homens ou mulheres, jovens ou adultos, pessoas de alto ou baixo poder de compra. Sendo assim, se as empresas 27

quiserem buscar um público jovem e composto por mulheres, poderão optar por esportes que tenham poder de comunicação com esse perfil de consumidor, como vôlei, natação, ginástica. São várias as opções, de acordo com o produto; as empresas poderão escolher por exemplo veículos de massa, os mais utilizados, com amplitude regional ou nacional. Porém, se o produto for mais popular, com penetração no sexo masculino, tanto para o público jovem quanto para os adultos, a transmissão de futebol serviria como um bom exemplo de mídia para este caso. (MELO NETO; CARVALHO, 2006) Os tipos de investimento na área de merchandising esportivo são: patrocínio de uma ou várias equipes, cogestão, união entre publicidade e ação esportiva. O patrocínio acontece quando a empresa opta por patrocinar uma equipe apenas, criando vínculo entre a imagem da empresa e a do clube. No futebol, a marca do patrocinador estampa o uniforme do time e as placas do estádio. Já no basquete ou voleibol, além de estar presente no uniforme, a empresa também está no nome do time. O patrocinador também poderá optar pelo patrocínio de várias equipes. No futebol este tipo de patrocínio é bastante comum. (CORRÊA; CAMPOS, 2008)

Imagem 20 - Unimed

Imagem 20 - Unimed

Na cogestão, a empresa patrocinadora atua diretamente, participando de todas as ações do clube, desde a contratação de atletas até as decisões 28

administrativas. Além de criar vínculo forte com o time, o patrocinador não arrisca a imagem, pois faz parte de todas as decisões do clube. A união entre publicidade e ação esportiva acontece quando a publicidade usa o produto relacionando-o com uma ação ou evento esportivo. Comum em eventos esportivos internacionais, como Copa do Mundo e Olimpíadas. (MELO NETO; CARVALHO, 2006)

Imagem 21 – Toyota

No patrocínio da transmissão de grandes eventos esportivos pela televisão, as negociações envolvem o investimento dos anunciantes em merchandising, que lhes assegura a exposição de seu logotipo durante a transmissão do evento. Automobilismo, futebol, golfe, tênis, vôlei de praia e basquetebol têm sido muito utilizados. (CARDIA, 2004).

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Imagem 22 – Nextel

O retorno de imagem da empresa patrocinadora envolve um evento bem planejado, gerando notícia em todos os meios de comunicação, ou seja, a marca da empresa ganha níveis de exposição excepcionais. A vantagem é que o patrocinador não está associando-se a um projeto frio; o evento irá mover o público para assistir um campeonato ou torneio diretamente relacionado à imagem da empresa, deixando os consumidores mais próximos e abertos ao produto. (MELO NETO; CARVALHO, 2006)

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Imagem 23 – Banco do Brasil

Imagem 24 – Banco do Brasil 2

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Das principais marcas e empresas que envolvem o marketing esportivo no país, Petrobras e Rede Globo aparecem com destaque para o público. A Petrobras está presente há mais de vinte anos na camisa do Flamengo, o que também gera uma visibilidade grande por parte do público. Líder absoluta em audiência de esportes no Brasil, a Rede Globo transmite a Fórmula 1 há mais de 30 anos, além de ter jogos de futebol toda semana, durante o ano inteiro.

5. Considerações finais

Ao fazer uma análise de todo o trabalho é fundamental destacar pontos cruciais para facilitar o entendimento. Importante observarmos a evolução das mídias usadas na propaganda, na qual identificamos a hibridez como característica nata dos formatos publicitários. Formatos que estão o tempo todo em ebulição, disponíveis para a criação, prontos a ser modificados e até mesmo mesclados com outros, de modo a se adequarem aos meios de veiculação. O merchandising nada mais é que uma adequação dos famosos “30 segundos”, o qual foi formatado para estar presente dentro dos programas. Isso contribui para uma maior visibilidade pelo telespectador, que muitas vezes não assiste, ou não presta total atenção aos formatos comerciais externos ao programa que está sendo assistindo. Essa deficiência de audiência, provocada pelo controle remoto, pode ser suprida ao utilizarmos o merchandising como opção de mídia. Sua função geralmente é auxiliar a campanha, como um fixador do que já vem sendo vinculado fora dos programas, porem, dependendo do foco da campanha, nada impede que ele venha a ser a principal ferramenta do plano. Essa evolução da mídia e de seus respectivos formatos pode ser, por analogia, comparada à uma estrada em tempos de nevoeiro, na qual não conseguimos visualizar muito além. Contudo, o merchan se mostra cada vez mais como a ferramenta publicitária do futuro. Ferramenta que, se for utilizada de maneira planejada, pode gerar resultados excepcionalmente rentáveis e satisfatórios para a empresa investidora.

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6. REFERÊNCIAS

6.1. Livros

QUEIROZ, T.A. História da propaganda no Brasil. 9ª ed. São Paulo, SP: Ibraco, 199. MARCONDES, Pyr. Uma história da propaganda brasileira. 2ª ed., São Paulo, SP, 2002. VEESTERGAARD, Torben; SCHRODER, Kim. A linguagem da propaganda. 3ª ed. São Paulo, SP: Martins Fontes, 2002. TRINDADE, Eneus. Merchandising em telenovelas: a estrutura de um discurso para consumo. Piracicaba, SP. USP/UNIMEP. Tese de Livre Docência. 1999. ALMEIDA, Heloisa de. Telenovela, consumo e gênero: “muitas mais coisas”. São Paulo, SP: Edusc, 2002. RIZZO, Esmeralda. In: Publicidade e Cia. (Malena Segura Contrera e Osvaldo Takaoki Hattori; outros autores). São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. MASLOW, Abraham. In: Administração de Marketing: a Bíblia do Marketing. (Philip Kotler e Kevin Lane Keller). São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2006. RAMOS, Roberto. Grã-Finos na Globo: Cultura e merchandising nas novelas. 2ª ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 1987. ZENONE, Luiz Cláudio. Marketing da Promoção e Merchandising: Conceitos e estratégias bem-sucedidas. São Paulo, SP: Thomson, 2006. PITTS, B. Fundamentos de marketing esportivo. São Paulo: Phorte Editora, 2002. MELO NETO, F. P. CARVALHO, S. F. P. Gestão de marcas nos esportes: teoria e prática. Rio de Janeiro, Record, 2006.

CARDIA, W. Marketing e patrocínio esportivo. : Bookman, 2004.

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6.2. Teses e dissertações

SARLO, Beatriz. Cenas da vida pós-moderna. Intelectuais, arte e vídeo-cultura na Argentina. Tese de Livre Docência – Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ. 1997. ALBUQUERQUE, Maria Elisa de. Reality Show e a Publicidade. Dissertação de mestrado – Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, SP. 2008. SCHIAVO, Márcio. Merchandising Social: uma estratégia de sócio- educação para grandes audiências. Tese de Livre Docência – Universidade Gama Filho. Rio de Janeiro, RJ. 1995. KUBIACK, Márcio Lima. As Ações de Merchandising em Telejornais Populares – O Caso do Programa Balanço Geral da Rede Record. Dissertação de mestrado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2011. CORRÊA; W. C. S.; CAMPOS, K. G. S. B. Marketing esportivo como estratégia de incremento na construção e consolidação da marca. Dissertação (Pós-Graduação em Marketing com Responsabilidade Social) – Centro Universitário de Caratinga, Caratinga. 2008.

6.3. Periódicos

SILVA, Mariza Vieira da. Investimentos x Audiência. Revista Próxxima, São Paulo, N. 36, P. 24, Fev. 2012.

6.4. Web sites

IAB. Disponível em: http://iabbrasil.net/portal/institucional-iab/indicadores- mercado/ EXAME. Disponível em: http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/tv- aberta-bate-novo-recorde-em-investimento-publicitario POLISHOP. Disponível em: http://www.polishop.com.br/ASPIRADOR-E- VAPORIZADOR-SHARK-VAC-TO-STEAM/. Acesso em: 30 de Maio de 2013. POLISHOP. Disponível em: http://www.polishop.com.br/CHAPA-E-GRILL- GEORGE-FOREMAN/p. Acesso em: 30 de Maio de 2013. 34

HISTÓRIA DE SÃO PAULO. Disponível em http://historiadesaopaulo.wordpress.com/escravidao-negra-em-sao-paulo-%20e-no- brasil/ REPÓRTER DA AMAZÕNIA. Disponível em: http://reporterdaamazonia.blogspot.com.br/2009/09/viagem-na-historia-da- propaganda.html Acesso em: 30 de Maio de 2013. PROFESSOR CARLOS FERNANDES. Disponível em: http://professorcarlosfernandes.blogspot.com.br. Acesso em 30 de Maio de 2013. VEJATV. Disponível em: http://www.vejatv.com/tumb/985238962182.jpg Acesso em 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=TFIi8m0brx8 Acesso em 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=TFIi8m0brx8 Acesso em 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=Un4r52t-cuk Acesso em 30 de maio de 2013. TELEDOSSIÊ. Disponível em: http://www.teledossie.com.br/wpcontent/uploads/2012/11/BetoRockfellerIndex4.jpg Acesso em 30 de maio de 2013. CORREIO DE UBERABA. Disponível em: http://www.correiodeuberlandia.com.br/wp-uploads/2012/06/dancing1.jp Acesso em 30 de maio de 2013. RD1.IG. Disponível em: http://rd1.ig.com.br/wp- content/uploads/2013/04/Materia-Deborah-Secco-se-prepara-para-filme1.jpg Acesso em: 30 de maio de 2013. LIGADOS NA NET. Disponível em: http://www.ligadosnanet.com/wpcontent/uploads/2013/08/atores_que_ficaram_careca s_f_002.jpg Acesso em: 30 de maio de 2013. EDG. Disponível em: http://edgblogs.s3.amazonaws.com/bbb11/files/2011/03/WWOK2.jpg Acesso em: 30 de maio de 2013. EDG. Disponível em: http://edgblogs.s3.amazonaws.com/bbb11/files/2011/03/WWOK3.jpg Acesso em: 30 de maio de 2013. 35

VEJA. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/bbb/bbb12/bbb-tem- pouca-agua-e-muito-guarana/ Acesso em: 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=RWoU8suvWGg Acesso em: 30 de maio de 2013. Acesso em: 30 de maio de 2013. CLIQUETANDO. Disponível em: http://www.cliquetando.com.br/2012/09/bife-a-role-com-macarrao-receita-edu- guedes.html Acesso em 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=YuiovJQHV6E Acesso em: 30 de maio de 2013. YOUTUBE. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=IB- BeugwKio Acesso em: 30 de maio de 2013. GREGORIO, D. As lições do monge Shaolin para transformações de impacto,comunicação de impacto. agosto. 2008. Disponível em: . Acesso em 10 de outubro de 2013.

SACCHETTIN, J. Marketing Esportivo. 1 junho. 2006. Campinas. Disponível em: . Acesso em 12 de outubro de 2013.