(Leguminosae - Papilionoideae) Nas Restingas Do Estado Do Pará, Brasil
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ARTIGO DOI: http://dx.doi.org/10.18561/2179-5746/biotaamazonia.v5n3p14-22 Phaseoleae (Leguminosae - Papilionoideae) nas restingas do Estado do Pará, Brasil Mônica Falcão da Silva1, Maria de Nazaré Lima do Carmo2, Ely Simone Cajueiro Gurgel3 1. Bióloga. Mestre em Ciências Biológicas (Botânica Tropical). Museu Paranese Emílio Goeldi (Coordenação de Botânica), Brasil. E-mail: [email protected] 2. Agrônoma e Doutora em Ciências Biológicas. Museu Paranese Emílio Goeldi (Coordenação de Botânica), Brasil. E-mail: [email protected] 3. Agrônoma e Doutora em Ciências Biológicas. Museu Paranese Emílio Goeldi (Coordenação de Botânica), Brasil. E-mail: [email protected] RESUMO: Leguminosae possui grande importância para a caracterização das formações vegetais das restingas amazônicas e a tribo Phaseoleae nas restingas do litoral paraense é considerada uma das mais representativas das Leguminosae. O estudo envolveu análise de material oriundo de coletas e exsicatas dos herbários MG e IAN. Foram registradas 10 espécies, para as quais foi elaborada uma chave taxonômica, descrições, distribuição geográfica, comentários e ilustrações. Entre estas, Clitoria laurifolia Poir., Dioclea guianensis Benth., Erythrina amazonica Krukoff e Mucuna pruriens (L.) DC. são novos registros para as áreas estudadas. O gênero mais representativo é Clitoria (2 spp.), sendo Centrosema brasilianum (L.) Benth. a espécie mais comum. Palavras-chaves: Clitoria, Centrosema brasilianum, litoral, morfologia, taxonomia. Phaseoleae (Papilionoideae - Leguminosae) on the coast of Pará State, Brazil ABSTRACT: Leguminosae has a great importance in the formation of the vegetation and characterization of the Amazon sand coast. The Phaseoleae tribe at Para coastal sandbanks of is considered the most representative Leguminosae's tribe. Botanical material from new collections and specimens from MG and IAN herbaria were analyzed. A total of 10 species were found and a taxonomic key, descriptions, geographic distribution, comments and illustrations were prepared to them. Among them, Clitoria laurifolia Poir., Dioclea guianensis Benth., Erythrina amazonica Krukoff e Mucuna pruriens (L.) DC. were new records to the study areas. The genus Clitoria was the most representative (2 spp.), and Centrosema brasilianum (L.) Benth. was the most common specie in the areas. Keywords: Clitoria, Centrosema brasilianum, coastal, morphology, taxonomy. 1. Introdução agregar plantas muito utilizadas na alimentação, como Leguminosae é representada por aproximadamente forrageiras, ornamentais e outras. 727 gêneros e 19.325 espécies distribuídas nos diferentes Por suas peculiaridades, o litoral amazônico é ecossistemas mundiais, sendo portanto considerada a considerado de alta prioridade para a conservação da terceira maior família entre as angiospermas (LEWIS et al. biodiversidade, além de ser um dos ecossistemas 2005). Atualmente, é reconhecida como uma única família litorâneos brasileiros mais preservados, com extensas monofilética, composta por três subfamílias, áreas, em grande parte ainda não investigada Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (DOYLE cientificamente (SOUSA et al. 2009). Assim, o objetivo et al., 1997; APG II, 2003; WOJCIECHOWSKI et al., deste estudo foi realizar o tratamento taxonômico das 2004; LEWIS et al., 2005; APG III, 2009). espécies de Papilionoideae das restingas do Estado do De acordo com Lewis et al. (2005), Papilionoideae é a Pará, com ênfase na tribo Phaseoleae, servindo de maior das três subfamílias com 13.800 espécies incremento tanto ao conhecimento desse ecossistema, como agrupadas em 28 tribos de ampla distribuição nas zonas sobre o Bioma Amazônia. tropicais, subtropicais e regiões temperadas, e maior diversidade nos trópicos americanos e africanos. 2. Material e Métodos Os trabalhos de cunho florístico realizados em Nas restingas amazônicas, as áreas mais expressivas restingas amazônicas demonstram a importância da de vegetação são as do litoral paraense (AMARAL et al. Papilionoideae na caracterização das formações vegetais 2008; SOUSA et al. 2009), situadas no nordeste do deste ecossistema, principalmente na costa do estado do estado (0º 30' a 1º S e 46º a 48º WGr e) (COSTA-NETO Pará, devido à frequência com que ocorrem suas espécies, et al. 2000). O solo é arenoso, pobre em argila e matéria sendo a tribo Phaseoleae uma das mais representativas orgânica, com baixa capacidade de armazenar água e (SANTOS e ROSÁRIO 1988; BASTOS et al. 1995; nutrientes, no sentido mar-continente, a vegetação é AMARAL et al. 2001; AMARAL, et al. 2008). dividida em seis formações vegetais: halófila, psamófila Segundo Lackey (1981), Phaseoleae é a maior tribo reptante, brejo herbáceo, campo entre dunas, formação em número de gêneros e a mais importante aberta de moitas e floresta de restinga restinga (COSTA- economicamente entre as tribos de Leguminosae, por NETO et al. 1996; AMARAL et al. 2008). Biota Amazônia ISSN 2179-5746 Macapá, v. 5, n. 3, p. 14-22, 2015 Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons Attribution 4.0 Internacional Submetido em 24 de Setembro de 2014 / Aceito em 22 de Agosto de 2015 Silva et al. | Phaseoleae (Leguminosae - Papilionoideae) nas restingas amazônicas O material utilizado para análise inclui exsicatas analíticas, diagnoses e descrições contidas em depositadas nos Herbários do Museu Paraense Emílio literatura. A classificação usada para família é a Goeldi (MG) e da Embrapa Amazônia Oriental (IAN), recomendada por Lewis e Schrire (2003), que utilizam bem como material fértil proveniente de coletas Leguminosae ao invés de Fabaceae, evitando realizadas no período de setembro de 2009 a ambigüidade. As ilustrações foram feitas com o auxílio setembro de 2010, de acordo com técnicas propostas de estereomicroscópio acoplado à câmara-clara. Os por Fidalgo e Bononi (1984), e o material testemunho dados de distribuição geográfica estão de acordo com incorporado ao acervo destes Herbários. Tropicos (2014), Lima et al. (2014) e Silva et al. (1989). A terminologia morfológica segue Hickey (1973), Barroso (1991) e Gonçalves e Lorenzi (2007). 3. Resultados A identificação dos táxons foi baseada em material A tribo Phaseoleae DC. é representada nas restingas herborizado certificado por especialistas, análise dos do Estado do Pará por 10 espécies, sendo quatro destas tipos, quando disponíveis, e com auxílio de chaves citadas pela primeira vez para estas áreas (Tabela 1). Tabela 1. Espécies da tribo Phaseoleae registradas em formações vegetais das restingas do Estado do Pará. Formações Vegetais Gêneros Espécies H PR BH CD FAM FR Canavalia Adans. C. rosea (Sw.) DC. - X - - - - Centrosema (DC.) Bentth. C. brasilianum (L.) Benth. - - - X X - C. falcata Lam. var. falcata - - X X - - Clitoria L. C. lauriifolia Poir.* - - - X - - Dioclea Kunth D. guianensis Benth.* - - - X X - Erythrina L. E. amazonica Krukoff* - - - - - - Galactia P. Browne G. jussiaeana Kunth - - X X - Macroptilium (Benth.) - - X X X - M. gracile (Poepp. ex Benth.) Urban. Urb. Mucuna Adans. M. pruriens (L.) DC.* - - X - - Vigna Savi V. luteola (Jacq.) Benth. - X X X - - Chave para identificação de espécies da tribo seríceo ou panoso ............................................................... 9 Phaseoleae (Leguminosae-Papilionoideae) das 8. Folíolos com base cuneada; óvulos 10; estigma restingas amazônicas achatado; estípite do fruto 4 mm comp. 1. Cálice tubuloso ............................................................... 2 ........................................................................... Vigna luteola 1'. Cálice campanulado .....................................................6 8'. Folíolos com base subcordada a arredondada; 2. Folíolos oblongos ou ovalados ...................................... 3 estigma truncado; óvulos 21-25; estípite do fruto 2'. Folíolos de outras formas ..............................................4 ausente .......................................... Centrosema brasilianum 3. Liana; ramos hirsutos; estandarte orbicular a largo- 9. Folíolos com ápice mucronado; estandarte 7-10 mm ovalado; estames diadelfos; ovário séssil; estigma comp.; estigma puntiforme; semente elíptica capitado. ................................. Clitoria falcata var. falcata ................................................................ Galactia jussiaeana 3'. Erva a arbusto ereto; ramos seríceos; estandarte 9'. Folíolos com ápice agudo; estandarte 20-21 mm ovalado; estames monadelfos; ovário estipitado; comp.; estigma capitado; semente oblonga a ovalada estigma truncado. .................................... Clitoria laurifolia ...................................................................... Mucuna pruriens 4. Erva reptante; estípulas ausentes; folíolos com margem inteira; estigma cristado. .......... Canavalia rosea DESCRIÇÃO DOS TÁXONS 4'. Lianas; estípulas presentes; folíolos com margem 1. Canavalia rosea (Sw.) DC., Prodromus Systematis ciliada; estigma capitado ................................................. 5 Naturalis Regni Vegetabilis 2: 404. 1825. (Figura 1). 5. Estípulas e brácteas deltóides, com ápice agudo; Erva reptante, 26-60 cm altura; ramos estriados a estames monadelfos; fruto velutino, com margens sulcados, inermes, seríceos, esparso-seríceos ou esparso- sinuadas. ................................................. Dioclea guianensis tomentoso. Estípulase estipelas ausentes; pulvino 1 cm 5'. Estípulas e brácteas triangulares, com ápice comp.; pecíolo 5-11,5 cm comp.; raque