Jjiiitstória E Româwzacão
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António Baptista Lopes Prot©-Jjiiitstória e RomâWzacão D Sss® Mmfe® I DCTP FLUP 200'3 / António Baptista Lopes Proto-História e Romanização O Baixo Minho i Dissertação de Doutoramento em Arqueologia Faculdade de Letras da Universidade do Porto Departamento de Ciências e Técnicas do Património Orientação do Prof. Doutor Armando Coelho Ferreira da Silva Porto 2003 ÍNDICE Introdução p 1.0 Baixo Minho p 2. Antecedentes Pré-históricos p 3. Proto-história e romanização p 3.1. Referências étnicas p 3.2. Habitat e Povoamento p 3.3. Ergologia p 3.4. O mundo dos mortos p 4. Observações finais p Bibliografia P Introdução O desenvolvimento da investigação proto-histórica e da romanização do Noroeste Peninsular alcançou notória expressão no quadro do processo de (re)deflnição identitária, nacional, regional e local, sequente às mudanças de regime ocorridas em Portugal e Espanha na década de setenta; como claramente ficou denunciado nas sínteses apresentadas no Colóquio de Homenagem a R. Serpa Pinto, organizado pelo Instituto de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Aí se estabeleceram quadros sistematizadores sobre a evolução do habitat, que propiciaram novidades interpretativas que, a pouco e pouco, vêm problematizando, sobretudo com os contributos da Nova Arqueologia, muitas das referências ao mundo indígena e à sua aculturação. E, se este panorama se pode genericamente observar por toda a região, o Baixo Minho terá sido das regiões mais privilegiadas por este renovado interesse científico, que a ele lhe vêm dedicando estudos sistemáticos, muitas vezes com antecedentes desde os pioneiros da Arqueologia nacional. Para este contributo específico, serão de sublinhar os campos de trabalho do Professor Doutor Armando Coelho Ferreira da Silva na Cividade de Âncora e no Castro do Coto da Pena, Vilarelho, Caminha, e os do Professor Doutor Carlos Alberto Brochado de Almeida, particularmente os que organizou em Vila Nova de Cerveira. Ao Professor Armando Coelho, cumpre-me agradecer toda a sua disponibilidade e orientação. Havidas como estações paradigmáticas para a definição de parâmetros cronológicos e culturais da cultura castreja e da romanização do Noroeste de Portugal, constituem um sólido corpus de informação, a que se poderão associar sobretudo os resultados da investigação de outros docentes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, designadamente dos Professores Doutores, CA. Ferreira de Almeida, R.M.S. Centeno, T. Soeiro e, da Universidade do Minho, das Professoras Doutoras Manuela Martins e Ana Bettencourt, Manuela Delgado, sem referir outros numerosos trabalhos de outros investigadores, quer sobre a inventariação de sítios, quer de estudos de materiais que lhes dizem respeito. Far-se-ão referências aos vestígios paleolíticos, que assinalam os primeiros passos da presença humana e às marcas territoriais da sua fixação testemunhada pelos monumentos megalíticos erigidos pelos mais antigos agricultores da região e a numerosos dados calcolíticos e da Idade do Bronze, por nos transmitirem relevante informação sobre a rede de povoamento, que se veio a conformar durante o primeiro milénio a.C. e se desconcentrou com os modelos romanos, modelando a paisagem e organizando o seu perfil demográfico. Muitos dos elementos assinalam pervivências tradicionais; outros são resultado de manifestas importações, como resultados de intercâmbio de longa distância ou de trato regional, que evidenciam formas de assimilação por parte do mundo indígena, cuja interpretação entendemos aplicar sobretudo ao conjunto de materiais que globalmente testemunham as diversas formas da ergologia. As dificuldades da identificação étnica das comunidades proto-históricas, evidenciadas nos numerosos estudos especializados sobre o tema, considerando a exiguidade dos dados das fontes clássicas e da epigrafia, poderão não ficar muito mais esclarecidas. No entanto, o confronto que em parte se tornou possível com a ergologia das estações fronteiras da Galiza permitirão certamente observar um fundo comum partilhado por ambas as margens com particularidades de cada lado. Neste sentido, para o desenvolvimento deste nosso projecto, optamos por utilizar como documentação base, o universo dos materiais proto-históricos e da romanização procedentes do Castro do Coto da Pena, em Vilarelho, e da Cividade de Âncora, Caminha, a cuja direcção das intervenções estive associado, que representam um notável volume de dados, enquadrando-os no contexto do povoamento regional. Procurar-se-á, assim, ampliar a inventariação do habitat castrejo e romano, com recurso a estudos de microtoponímia e de prospecção programada no terreno, para detecção de indícios e testemunhos de qualquer natureza relacionados com a proto-história e a romanização, apoiado na exemplaridade das estações a cujos materiais tive acesso, aclarar os padrões de povoamento, estudar o seu processo evolutivo, as matrizes e a dinâmica de ocupação na área contígua à Foz do Minho, procurando esclarecer a originalidade do mundo indígena e as diversas formas de aculturação ocorridas desde o Bronze Final até à Romanização. Na análise dos materiais arqueológicos de uma e de outra margem, tentar- se-ão evidenciar analogias e diferenças que permitam a determinação das suas afinidades. A natureza e diversidade do espólio arqueológico requereriam um estudo de carácter interdisciplinar que permitisse conhecer o paleoambiente, a paisagem botânica e zoológica, a disseminação de espécies de animais bravias e domésticas, na tentativa de estudo da evolução e expansão de produção de alimentos, o levantamento dos recursos naturais, dos percursos de bens de complementaridade, das redes de comunicação e trocas de know how nos contactos havidos. Seria um programa vasto, a exigir estudos de especialistas em diversas áreas, muitas delas obviamente além da minha área de intervenção. Serão tidas em devida conta as obras dos investigadores que mais particularmente se tenham debruçado sobre a zona, em especial, de Francisco Martins Sarmento, Christopher Hawkes, Abel Viana, Armando Coelho Ferreira da Silva, Carlos Alberto Ferreira de Almeida, Carlos Brochado de Almeida, entre outros, não esquecendo os proto-historiadores galegos, procurando-se num cotejo combinado reunir toda a informação disponível sobre a Cividade de Âncora, o Castro do Coto da Pena, Vilarelho (Caminha) e Santa Tecla (La Guardiã) e de outras estações da área em questão. Foi promovida a participação de alunos na minha investigação, dando-lhes ocasião de prática aprendizagem, iniciando-os nas técnicas e metodologia de análise, inventariação, classificação e cartografia. Para os que comigo colaboraram, agradecidamente, bem hajam. O vasto acervo de dados tem permitido inúmeras abordagens e publicações. Esta oportunidade que me foi oferecida de análise conjunta, nas duas margens do Minho, dos respectivos espólios é motivo de grande gratidão a, além de A. C. F. Silva, também aos arqueólogos galegos que investigaram em Santa Tecla, que me abriram algumas portas e facultaram dados. O interesse em me associar à corrente de estudiosos que fizeram conhecida esta zona, uma e outra "ripa" da foz do Minho, foram razão da escolha deste projecto. A metodologia seguida e dimensão do espólio impuseram uma certa contenção nos limites geográficos do estudo, procurando que a área escolhida perfizesse uma unidade com características físicas, geo-climáticas, socio• económicas e culturais definidas e confrontáveis. Por isso, foram estabelecidos como parâmetros da área em análise, a Oeste a linha de costa atlântica, a Leste o meridiano situado a 8o 38' MG, a Norte o paralelo situado a 42°, e a Sul o paralelo a 4o 46'. Para um melhor entendimento, em torno da área nuclear, foram abrangidas zonas de aluvião enquadradas pelas serras de Arga nos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Paredes de Coura (Viana do Castelo) do lado português, e, na Galiza, serão tidas em conta as estações publicadas nas zonas de Tomino, encostado à Serra de Argallo ou Lousado, O Rosal e A Guarda. Referências mais alargadas geograficamente no catálogo (v. Ill) serão feitas para demonstrar o enquadramento numa região mais alargada nos horizontes culturais e de povoamento que se sucederam ao longo dos tempos. Como parâmetros cronológicos, estabelece-se o Bronze Final e a Romanização, com os antecedentes pré-históricos que justificam o tipo e densidade de povoamento. O Baixo Minho 1 S^^fl •- -*l •& *■ -*"í», • 7 1. O Baixo Minho É, no presente, do lado português, bem manifesto o dinamismo da pesquisa arqueológica que, prosseguindo o esforço de consagrados investigadores, sobretudo ligados às universidades, com realce para a do Porto e do Minho, vem contribuindo para um melhor conhecimento do Norte de Portugal, incluindo a região minhota que, com relações à Galiza, se circunscreve no nosso trabalho. Sucessivas intervenções de campo têm ampliado o volumoso conjunto de dados arqueológicos adquiridos. Os epigrafistas revelam documentos inéditos procedem a revisões e lançam inovações interpretativas e pondo-nos à disposição um indispensável instrumento de trabalho para o conhecimento do mosaico étnico, da cultura e mentalidade dos povos peninsulares, a que se pode somar um maior interesse pelo conhecimento das fontes clássicas, continuamente revistas. Vestígios da Antiguidade pré-romana e romana, vêm, desde há muito, sendo inventariados, com estudo incrementado pelas correntes humanistas de cultivo da literatura e história clássicas, empenho que chegou aos nossos dias ampliado pela curiosidade generalizada de revisitar