A Questão Da Juventude E Do Movimento Punk Como Subcultura - a Década De 80
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS MESTRADO EM HISTÓRIA ECOS DO SUBTERRÂNEO: A Questão da Juventude e do Movimento Punk como Subcultura - A Década de 80. Daniela Lemes Canhête Orientador: Prof. Dr. Luiz Sérgio Duarte da Silva Goiânia 2004 DANIELA LEMES CANHÊTE - ECOS DO SUBTERRÂNEO - A Questão da Juventude e do Movimento Punk como Subcultura - A Década de 80. Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em História da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Luiz Sérgio Duarte da Silva GOIÂNIA 2004 Canhête, Daniela Lemes. Ecos do Subterrâneo: A questão da juventude e do movimento punk como subcultura. / Daniela Lemes Canhête. – Goiânia, 2004. 148 f. il, , enc. Bibliografia: Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia, 2004. 1. História. 2. Jovens. 3. Movimentos Juvenis. 4. Punk. I. Título. CDU: 316.723-053.6 DANIELA LEMES CANHÊTE ECOS DO SUBTERRÂNEO: A Questão da Juventude e do Movimento Punk como Subcultura – A Década de 80. Dissertação defendida e aprovada em ________ de __________ pela Banca Examinadora constituída pelos professores. ___________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Sérgio Duarte da Silva Presidente da Banca ___________________________________________________________ Prof. Dr. Dulce Amarante dos Santos ___________________________________________________________ Prof. Dr. Francisco C. Evangelista Rabelo ___________________________________________________________ Prof. Dr. Maria Tereza Negrão de Melo A todas as bandas punks e aos punks que conheci durante a confecção deste trabalho. Agradecimentos, Deus, meus pais, Anderson, Alessandro ♪Animal♫, Profº Sérgio, punks da city e a toda a galera do rock que faz de Gyn uma cidade diferente. ... o “pachuco” é um clown impassível e sinistro, que não tenta fazer rir, mas sim procura aterrorizar. Esta atitude sádica se alia a um desejo de auto- humilhação, que me parece constituir o próprio fundo do seu caráter: sabe que sobressair é perigoso e que sua conduta irrita a sociedade; mas não se importa, procura e atrai a perseguição e o escândalo. Só assim poderá estabelecer uma relação mais viva com a sociedade que provoca: vítima, poderá ocupar um posto nesse mundo que até pouco tempo o ignorava; delinqüente, será um de seus rebeldes malditos. Octavio Paz SUMÁRIO RESUMO.............................................................................................................................09 ABSTRACT.........................................................................................................................09 INTRODUÇÃO...................................................................................................................10 1. A JUVENTUDE COMO TEMA............................................................................14 1.1 DEFINIÇÕES DE JUVENTUDE.......................................................................16 1.2 TENTATIVAS INICIAIS...................................................................................17 1.3 A SOCIOLOGIA DA JUVENTUDE.................................................................19 1.4 A JUVENTUDE NO CONTEXTO DA MODERNIDADE..............................25 1.5 O LUGAR DA JUVENTUDE: O ESPAÇO PÚBLICO....................................36 2. OS PRIMÓRDIOS DO ROCK E O SURGIMENTO DO PUNK......................41 2.1 ANOS 50............................................................................................................41 2.2 ANOS 60............................................................................................................43 2.3 ANOS 70: OS PUNKS.......................................................................................47 3. O PUNK COMO SUBCULTURA JUVENIL.....................................................69 3.1 PEQUENA HISTÓRIA DO MOVIMENTO PUNK........................................72 3.2 A QUESTÃO DAS SUBCULTURAS JUVENIS........................................ ...82 3.3 O UNIVERSO SIMBÓLICO PUNK................................................................96 3.4 O MOVIMENTO PUNK NO BRASIL...........................................................108 3.5 A MÚSICA E OS FANZINES........................................................................126 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................137 BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................142 FONTES............................................................................................................................147 ANEXO..............................................................................................................................149 Resumo O objetivo desse trabalho é analisar a formação de um grupo de jovens de origem suburbana que, nos subúrbios de várias cidades ao redor do mundo, tendo como referência os punks ingleses, assumiram características de uma subcultura juvenil. De caráter internacional tendo como base de identificação os fanzines e a música, o universo simbólico dos grupos punks assumiu posição de destaque não só dentro da história do rock, mas também no contexto da juventude na sociedade contemporânea. Abstract This work aims the analyses of suburban teenagers group gathering, that within various cities worldwide and influenced by the English punks, took over the underground youth culture features based on fanzines and music identification. Furthermore, the punk groups symbolic universe reached out a great international importance not only over the rock history, but also in the contemporary youth society environment. INTRODUÇÃO É interessante notar que de todas as coletividades juvenis que emergiram após os explosivos movimentos contraculturais dos anos 60 – e elas são muitas: punks, skinheads, metaleiros, darks, góticos, entre outras -, a que mais influência e curiosidade despertou sobre as camadas jovens da população, foi, sem dúvida, o movimento punk. Sua aparição colocou em evidência uma nova forma de atuação social, diametralmente oposta àquela vivida e praticada pela juventude dos anos 60. O mito “paz e amor” juntamente com a visão utópica de uma sociedade igualitária e sem fronteiras que, orientaram por muito tempo as ações dos jovens ocidentais, soavam no contexto dos anos 70 absolutamente anacrônicos para aqueles jovens que, distantes da prosperidade econômica e privados de liberdade individual, pregaram de um lado, ações coletivas em contraposição ao autoconhecimento da década anterior e, de outro, a violência e o confronto contra a filosofia pacifista da geração hippie. Uma grande mudança ocorria, então, no cenário social e trazia à tona o desejo e as aspirações de jovens da periferia, que tinham, num plano mais geral, a vida duramente sacrificada pela crise econômica generalizada e, num plano mais localizado, isto é, no Brasil, encontravam-se amordaçados pela ditadura que inibia a criatividade e o invencionismo característico dessa fase da vida. Sem dinheiro para o gasto diário e sem atividades de lazer que lhes ocupassem o tempo, os jovens da periferia de Londres promoveram um levante contra o establishment e suas regras e apresentaram-se ao mundo como uma verdadeira antítese do bom comportamento social. 10 A rebelião é vista inicialmente como uma conspiração sem propósitos, uma vez que não propunha nenhum modelo alternativo de sociedade. O movimento, porém, logo assumiria feições de manifestações organizadas, deixando claro à sociedade que aqueles jovens que profanavam o presente e diziam não acreditar no futuro também queriam ter reconhecimento e participação na vida social. O propósito deste estudo consiste exatamente em compreender como se deu à participação dos punks no cenário social durante a década de 80, que contribuições trouxeram e que influências deixaram nos movimentos juvenis. Uma vez que o movimento juvenil não nasceu com os punks nem, tão pouco, se findou em seus limites, julgamos necessário e também pertinente reconstituir – mesmo que de maneira sumária – a trajetória percorrida pela juventude ocidental até o momento da explosão punk em fins dos anos 70. Sob a luz dessa perspectiva de análise, compreendemos que o nascimento da condição juvenil – inexistente na Idade Média – encontraria nas transformações políticas, econômicas e sociais que sacudiram o século XVIII os primeiros incentivos para sua definitiva estruturação quando alguns países europeus – a França principalmente – põem em prática um novo método de ensino, isto é, a separação etária das salas de aula. Contudo, pode-se dizer que foi somente no século XX, com o término da Primeira Guerra Mundial, que a juventude começou a assumir características de categoria social autônoma. A grande reviravolta ainda estava, todavia, para acontecer e ela veio com a fase de prosperidade econômica vivida pelos E.U.A. a partir dos anos 50. Esse crescimento econômico culminaria com a massificação de novas técnicas de comunicações que, entre outras coisas, aceleraria e contribuiria para a formação da identidade juvenil nas sociedades industriais do ocidente. De tal sorte que, o final dos anos 50 e início dos anos 60 assistiria à 11 consolidação e conseqüente multiplicação de organizações juvenis por todo o mundo. Foi, portanto, somente após percorrer tortuosos caminhos da história que compreendemos a complexidade na qual estão inseridas as subculturas juvenis que se estruturaram na contemporaneidade. Os métodos de violência adotados