Proposta para criação de Unidades de Conservação de Carapebus - RJ

Autoria: Maria de Lourdes Ravallet do Amaral

Co-autoria: Raphael Pierotte Mello de Freitas

Carapebus, 2017

Elaborado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Carapebus

Setor de Gestão de Unidades de Conservação

Com apoio do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Carapebus – COMMAC e da Secretaria de Estado do Ambiente

Programa de Apoio às Unidades de Conservação Municipais - ProUC

Superintendência de Biodiversidade e Florestas - SBF

Secretaria de Estado do Ambiente

PROPOSTA DE CRIAÇÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DE CARAPEBUS - RJ

Este Estudo Técnico foi preparado em atendimento à Lei Federal nº 9985 de 18 de julho de 2000 – Lei do SNUC, no que tange ao § 2º do Art. 22, onde estabelece que “... a criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitem identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a Unidade.”

Momento Poético E a comunidade tradicional

Coisas de Jurubatiba Para curar o tédio O verdadeiro artesão. Urtiga, mamão e

remédio E com toda esta harmonia O abaneiro dá um excelente braseiro Uma grande sinfonia Quisera ser um poeta E quem diria, E o canto dos passarinhos E jamais perder a calma fotossíntese noite e dia Entoando uma canção de Não falar apenas aos seus Guanadi, majolo e carrinhos ouvidos goiaba E a voz da natureza E sim, direto à tua alma Aqui da nossa lagoa No canto do sabiá Das belezas que temos É pau de fazer canoa. aqui A brisa que vem do mar

A palmeira anã, guriri Suave acariciar A tabua cobre as casas O segundo Como se fosse um aviso Faz lubarda e esteira O maior canal do mundo Para a gente refletir O bambu e o cipó Está aqui em nosso chão PARNA Jurubatiba Faz o cesto e a fieira. Todinho feito à mão O paraíso é aqui. Pra fazer tinta de rede Por gente valente e brava Murici e aroeira. Por mão de obra escrava. E as aves migratórias

Deixam o seu continente Pau de fazer tamanco O aroma das flores da Atravessam o oceano restinga É a nossa tabibuia Para visitar a gente Açucena, bromélias e A pitangueira faz a Numa grande revoada gravatá agulha E neste vai-e-vem Sururuca, pau preto, caju Do quitutu faz a cuia. Elas sabem aqui tem Amescla, mandacaru, maracujá, araçá. Natureza preservada. Pra conservar o Das flores de cactos pescado E as plantas medicinais A canema dá a folha Aquela areia branquinha As abelhas conhecem Da raiz do mololô Refletindo a luz da lua todas elas Faz a curtiça e a rolha. Uma beleza comparada E aqui vivem nesse recanto da paz. Do junco se colchão A uma mulher linda nua

Apaixonada sem igual Faneca, corvina, Cedinho eu ia pra lida agulha, robalo Carinhosa e sensual Pescar com o irmão meu. Linguado, ubarana, Olhando estrelas no céu tainha, Aracati Peixe preto, peixe branco

Com doces lábios de mel. Galo, bagre, pampo, Agradecidos a Deus piragica A Pesca que o Senhor nos Enchada, camarão e deu. Quando a nossa Lagoa siri enche Migram outros peixes Os cardumes começam Só que não é humano mais passear É que não tem lembrança Junta-se aos peixes Faz bem aos olhos da daqui. gente Dos tempos de criança

Muitos peixes, águas. E da terra onde nasceu! Traíra Piaba e cumbaca Dá gosto a gente pescar. Sairu e puxa-faca Tio Jorge Pescador. Acará, jundiá e morobá Quando a nossa Lagoa enche Barrigudo, cambotá e cascudo. Os cardumes começam passear

Faz bem aos olhos da Na volta da madrugada gente A estrela Dalva Muitos peixes, águas brilhando quentes Cumprindo seu papel Dá gosto a gente pescar. Aparece lá no céu E o ciclo da natureza Avisando ao pescador, Diz o saber popular já é hora

Abre-se a barra, sem E também somos problema despertados

Deixem a natureza No canto da ciricora.´ trabalhar.

O milagre da piracema Há! Quantas saudades Da Lagoa! Vem do mar. eu tenho

Da minha infância querida Carapeba, caratinga, carapicu, parati

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, vamos registrar os agradecimentos ao PAI de todos nós, que nos oportunizou saúde, inteligência, parceiros e que nos fez entender que alimentar a vontade de querer o melhor para nossa cidade e para as espécies ainda remanescentes neste território nos aproximaria mais das melhores ofertas de qualidade de vida para nossa comunidade e para os turistas comprometidos com a sustentabilidade que aqui vem deixar suas divisas econômicas, sociais, culturais, bem como suas experiências de intercâmbio turístico;

À minha família, que soube entender minhas ausências em especiais momentos de integração com sobrinhas e netas;

À Equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Carapebus, gestão 2017 – 2021, pelo envolvimento nos processos de solidificação das informações e por demais cooperações técnicas; e aos colegas Fernando da Silva Vitorino, da Secretaria Municipal de Planejamento, e Arnoldo Reilly Almeida de Azevedo, da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Pesca, pela colaboração técnica;

Aos prezados parceiros do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Carapebus – COMMAC – que souberam colaborar com os processos de visitas técnicas, adensamento de informações técnicas e, em especial, pelo incentivo e apoio às iniciativas de proteção, preservação, visão estratégica de melhor qualidade de vida para todos e novas oportunidades de negócios onde a economia e o meio ambiente possam se alinhar;

Ás universidades IFF, UFRJ, UENF que atenderam à nossa solicitação de Cooperação Técnica, proporcionando aos seus renomados professores a oportunidade de colaborar com o processo de criação das Unidades de Conservação no Município de Carapebus, gerando uma visão holística sobre a relevância de todas as espécies e suas influências nos processos de preservação e da manutenção da vida;

6

Aos parceiros analistas ambientais do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, nas pessoas de Marcelo Braga Pessanha (Chefe da Unidade), Marcos Cézar Santos (Chefe substituto da Unidade), Rodrigo Barcellar Mello, Alan Maynhone e Ari Miranda, que não mediram esforços para colaborar com o referido processo, gerando um trabalho mais robusto e planejado;

Aos colaboradores técnicos Rodrigo Lemes Martins, Eduarda Rezende Caillava Gomes, Renata Souza e Vivian Pessanha, que abdicaram das suas horas de lazer para elaboração de dados técnicos necessários à construção deste documento;

Á Bióloga Renata de Souza Lopes, Coordenadora do Programa ProUC, pela incansável colaboração técnica e, especialmente, orientadora do passo-a- passo de criação das Unidades de Conservação, nosso especial agradecimento por acreditar que chegaríamos à conclusão do processo;

Ao Secretário Municipal de Meio Ambiente, Sr. Lenildo Lamoglia Bastos, por nos ter confiado esta árdua tarefa e, em especial, pelo apoio para que a mesma fosse exitosa;

Um especial agradecimento à Prefeita de Carapebus, Dra. Christiane Miranda de Almeida Cordeiro, que se empenhou com afinco em busca do sucesso nesta empreitada.

Atenciosamente;

Maria de Lourdes Ravallet do Amaral

Setor de Gestão de Unidade de Conservação

7

APRESENTAÇÃO

O modelo de desenvolvimento econômico que sempre imperou em nosso país costumava exaurir as matérias primas em práticas não muito comprometidas com a preservação e com a sustentabilidade. Porém, o planeta está mudando e com ele um novo olhar sobre os recursos naturais se faz necessário, onde os mesmos são vistos como finitos e de distribuição limitada. Com este novo alinhamento, tornou-se mister analisar a preservação de áreas naturais, bem como a recuperação e restauração de áreas degradadas como oportunidades econômicas de forma mais igualitária, especialmente contanto com o controle social exercido pelas propostas construídas em conjunto através dos conselhos municipais locais, especialmente o Conselho Municipal de Meio Ambiente de Carapebus – COMMAC.

Coube à Prefeitura Municipal de Carapebus criar dinâmicas de manejo de espaços territoriais protegidos e de ampliação de áreas recuperadas a serviço da manutenção da qualidade de vida para o povo carapebuense, para o turista responsável que aqui vem deixar suas divisas, para a preservação das espécies tanto de fauna, de flora bem como da ictiofauna, resguardando os elementos históricos e sociais como peças fundamentais para um novo modelo de desenvolvimento.

Para a formatação deste Estudo Técnico, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Carapebus, através do Setor de Gerência de Unidades de Conservação, buscou parcerias com as Universidades Instituto Federal Fluminense (IFF), Universidade Federal do (UFRJ / NUPEM), com o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba e, em especial, contou com o apoio dos conselheiros do COMMAC, de forma integradora e participativa. Registro também a participação ativa da Secretaria do Estado do Ambiente, através do Programa de Apoio às Unidades de Conservação Municipais – ProUC.

O presente estudo abrange a justificativa técnica para a criação de 4 (quatro) Unidades de Conservação de cunhos Municipais, cujas propostas

8

foram apresentadas pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. A partir do registro oficial de criação deste SMUC, a Prefeitura oferecerá apoio (através do SMUC) aos produtores rurais e demais membros da comunidade carapebuense para que sejam criadas as unidades de conservação de cunho privado. Juntos, Sociedade Civil e Poder Público, em atendimento ao Art. 225 da Constituição Federal de 1988, protegeremos os recursos naturais de forma mais harmônica e colaborativa, visando, inclusive, a produção de água no Município de Carapebus.

Este gabinete apoia a ação de criação das Unidades de Conservação, no território carapebuense e a reconhece como uma ponte entre a Carapebus que temos hoje e a Carapebus que queremos disponibilizar para nossa comunidade e para o Brasil.

Christiane Miranda de Almeida Cordeiro

Prefeita do Município de Carapebus

Carapebus-RJ, 13 de dezembro de 2017.

9

Sumário

1. INTRODUÇÃO ...... 14 2. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO ...... 15 3. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO ...... 20 3.1. Localização Geográfica e aspectos demográficos ...... 20 3.2. Caracterização socioeconômica ...... 21 3.3. Caracterização sociocultural ...... 23 3.4. Caracterização do meio físico ...... 23 3.4.1. Clima ...... 23 3.4.2. Geomorfologia ...... 24 3.4.3. Hidrologia ...... 25 3.5. Caracterização da biodiversidade ...... 26 3.5.1. Flora ...... 27 3.5.2. Fauna ...... 29 4. O QUE SE PRETENDE? ...... 30 4.1. Aspectos legais ...... 31 4.2. Objetivo geral ...... 32 4.3. Objetivos específicos ...... 32 5. JUSTIFICATIVAS PARA CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ...... 33 5.1. A Proteção dos recursos hídricos ...... 33 5.1.1. O sistema de abastecimento de água em Carapebus...... 36 5.1.2. Qualidade da água no município de Carapebus ...... 37 5.2. Biodiversidade, sustentabilidade e cultura ...... 39 5.3. O ICMS Ecológico ...... 40 6. AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ...... 42 6.1. Área de Proteção Ambiental (APA) Carapeba Boa ...... 43 6.1.1. Caracterização, justificativa e objetivos ...... 43 6.1.2. Biodiversidade ...... 48 6.1.3. População afetada...... 50 6.2. Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus ...... 51 6.2.1. Caracterização, justificativa e objetivos ...... 51 6.2.2. Biodiversidade ...... 53 6.2.3. População afetada...... 68 6.3. Refúgio de Vida Silvestre São Lázaro...... 69

10

6.3.1. Caracterização, justificativa e objetivos ...... 69 6.3.2. Biodiversidade ...... 71 6.3.3. População afetada...... 107 6.4. Monumento Natural São Simão ...... 108 6.4.1. Caracterização, justificativa e objetivos ...... 108 6.4.2. Valor histórico da região de São Simão ...... 110 6.4.3. Biodiversidade ...... 112 6.4.4. População afetada...... 114 7. REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 115

11

Lista de Figuras

Figura 1: Igreja Nossa Senhora da Conceição, na localidade do Caxanga, construída no século XIX...... 17

Figura 2: Canal Campos- em Carapebus-RJ, um dos trechos mais preservados do corpo hídrico...... 18

Figura 3: Igreja Nossa Senhora da Glória (Matriz), antes das últimas modificações. .. 19

Figura 4: Localização geográfica do município...... 20

Figura 5: Mapa das unidades geoambientais do município de Carapebus-RJ...... 25

Figura 6: Mapa da rede hidrográfica do município de Carapebus-RJ...... 26

Figura 7: Biodiversidade da restinga de Jurubatiba...... 27

Figura 8: Cerradomys goytaca, espécie de mamífero descoberta no PARNA Jurubatiba...... 30

Figura 9: Uso do solo no município de Carapebus-RJ, em 2001...... 34

Figura 10: Localização da APA Carapeba Boa...... 44

Figura 11: Represa da Maricota em situação crítica, com margens desmatadas e elevada presença de algas no espelho d’água...... 45

Figura 12: Represa da Maricota em situação crítica...... 45

Figura 13: Príncipe (Pyrocephalus rubinus) avistado em Carapebus-RJ...... 48

Figura 14: Localização do Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus...... 52

Figura 15: Trinta-réis-ártico, ave migratória registrada na área de Carapebus-RJ. Fonte: José Ricardo Maia ...... 53

Figura 16: Localização da Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro...... 70

Figura 17: Localização da Monumento Natural São Simão...... 109

Figura 18: Escrava Dionísia, cozinheira do Comendador José Gavinho Vianna, Fazenda Caxanga – Carapebus...... 111

Figura 19: Jaguarundi ferido, capturado nas proximidades de São Simão, em Carapebus-RJ...... 113

Figura 20: Cachorro do mato atropelado na rodovia RJ-178, nas proximidades de São Simão, em 2016...... 113

12

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Médias mensais de temperatura e precipitação no município de Carapebus- RJ...... 24

Gráfico 2: Cobertura Vegetal no Município de Carapebus...... 29

Gráfico 3: Precipitação anual no município de Carapebus-RJ, no período de 1995 a 2017...... 35

Gráfico 4: Evolução do repasse do ICMS Ecológico no município de Carapebus, de 2011 a 2017...... 41

Gráfico 5: Porcentagem relativa das áreas das unidades de conservação propostas . 43

Lista de Tabelas

Tabela 1: Ranking do IDHM dos municípios do Estado do Rio de Janeiro...... 22

Tabela 2: Receita per capita dos municípios do Norte Fluminense, no período de 2010 a 2015...... 22

Tabela 3: Cobertura Vegetal no Município de Carapebus...... 28

Tabela 4: Área territorial absoluta e relativa das unidades de conservação propostas.42

Tabela 5: Peixes da região, segundo informações fornecidas pelos pescadores locais...... 49

13

1. INTRODUÇÃO

Desde o descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500 que os índios passaram a dividir seus espaços territoriais com os europeus. Se antes a vida aqui seguia dentro de um equilíbrio organizado segundo os costumes indígenas, após este marco temporal o país passou a servir à Europa, onde as atividades econômicas sejam de produção mineral, metalúrgica ou alimentícia passaram ao foco da gestão do capital. O desmatamento passou a ser condição sine qua non para a abertura de áreas produtivas e fornecimento de materias primas para as indústrias e confecção das residências, bem como para a alimentação dos fornos caseiros e alto fornos industriais. Como consequência desta crescente atividade exploratória, a Mata Atlântica, que antes compunha 1,3 milhões de quilômetros quadrados, passou a ter nos dias atuais, mais de 92% deste bioma devastado. No estado do Rio de Janeiro, aproximadamente 20% da cobertura original de Mata Atlântica permanece disposta em fragmentos florestais, em sua maioria em locais de difícil acesso (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2008). Com o passar dos tempos e desenvolvimento das atividades econômicas, houve o crescimento populacional de forma desordenada, originando uma demanda maior de produtos alimentícios e os agropecuaristas visualizaram nesta crescente demanda, suas oportunidades de lucro mais rápido e mais acessível, uma vez que a já detinham as tecnologias de produção em alta escala. Passou-se, então, a utilizar as queimadas para abrir mais rapidamente e de forma mais barata (porque não precisava usar mão de obra, já que além de ser mais cara, também havia a possibilidade dos processos trabalhistas) a floresta. Estas constantes ações causam transtornos incontroláveis diversos, aumentando os danos ambientais em todo o país.

A Mata Atlântica possui uma rica reserva de biodiversidade, chegando a abrigar cerca de 60% de todas as espécies de animais ameaçadas do Brasil, 2.200 espécies de pássaros, mamíferos, répteis de anfíbios e 5% de todos os vertebrados da Terra (site da ONG The Nature Conservancy, 2009). É um bioma composto por um conjunto complexo de formações vegetais com elevada riqueza de espécies e taxas de endemismo (MYERS et al., 2000).

14

Parte do endemismo e da elevada riqueza se deve à diversidade de habitats presentes no domínio da Mata Atlântica, relacionada às condições abióticas variáveis em função da altitude, latitude e longitude. Além desta riqueza de biodiversidade, presta valiosos serviços ambientais, a saber: a manutenção do regime de água, melhora a qualidade do ar e promove a criação de microclima, possibilitando a redução da temperatura e umidade, em áreas mais densas, além do seu papel de patrimônio histórico e cultural do país e de estar fortemente conectada aos aspectos da colonização e das diversas contribuições com o desenvolvimento nacional, via contribuição de espécies como pau-brasil entre outras espécies de recursos naturais de fortes interesses dos europeus (Deen, 1996). Além destes aspectos, a Mata Atlântica também desempenha relevante papel face às agradáveis fontes de lazer e bem estar de muitas comunidades e grupos interessados em fornecimento de elementos para práticas esportivas ou de entretenimento em um ambiente preservado e dotado de diversidade ecológica.

Em função da distribuição desigual dos impactos ao longo da costa brasileira, algumas formações vegetais - como as restingas - foram mais afetadas e, em alguns casos, se tornaram raras, estando sobre forte ameaça. Assim, a Mata Atlântica torna-se prioridade global nas elaborações e execuções de projetos de proteção ambiental, devendo a conservação dos respectivos fragmentos se tornar foco para as ações protetivas, procurando resguardar a população endêmica seja de fauna ou de flora, reunindo esforços para a proteção dos ecossistemas ameaçados no Município de Carapebus, Rio de Janeiro, Brasil.

2. HISTÓRIA DO MUNICÍPIO

O início da colonização da área que corresponde ao município de Carapebus ocorreu em 1627, quando a Coroa Portuguesa concede aos Sete Capitães, militares portugueses que lutaram na expulsão dos franceses da Baía da Guanabara, todo o território entre o Rio Macaé e o Cabo de São Tomé, incluindo Carapebus, que pertencia aos quinhões destinados aos capitães

15

Duarte Corrêa e Gonçalo Corrêa, irmãos, parentes do poderoso Governador Salvador Corrêa de Sá e Benevides.

No século XVIII, um grande território conhecido como "Caxanga", foi dado em sesmaria ao fidalgo português Antonio de Ramalho, casado sucessivamente com duas filhas do governador-geral da Ilha de Joanes (Marajó), Capitão-mor André Fernandes Gavinho. Já no ano de 1785, o cartógrafo Manoel Martinz do Couto Reys cita o reinol Capitão Francisco José de Sousa como grande proprietário de terras, estabelecido em 1770, nas proximidades da Lagoa de Carapebus, com engenho de açúcar, 37 escravos, 250 vacas parideiras, 60 bois de carro, 50 novilhos, 18 novilhas, 63 bezerros, 16 éguas, 7 cavalos machos, 6 poldros, 4 poldras, com produção de 175 arrobas de açúcar, 360 medidas de aguardente, além de algodão, milho, farinha de mandioca e feijão. O Capitão Sousa era casado com a campista D. Gertrudes Maria de Jesus (Pereira Rabello) e não tiveram filhos. Viúva, D. Gertrudes deixou suas propriedades carapebuenses para seu irmão o Capitão Antonio Pereira Rabello, cujos descendentes se estabeleceram em Carapebus.

Um grande território conhecido como "Içaras", compreendendo duas grandes fazendas, nos distritos de Carapebus e Quissamã, medindo 1.360 braças de comprimento e 40 de largura, foi doado à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Carapebus por Tomás de Carvalho e Manuel Gregório. Segundo o pesquisador Elbe Tavares de Almeida muitas lendas surgiram em torno das terras das Içaras, destacando-se as que envolvem o nome de D. Anna Francisca da Rocha, rica senhora de mais de cem escravos.

No século XIX, tornou-se Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Carapebus, termo do município de Macaé (RJ), com prósperas plantações de açúcar e café, domínios das importantes famílias Pereira Rabello, Gavinho, Torres, Rocha, Pinto Leite, Fernandes de Souza, Silva Tavares, José, Fragoso, Prata, Alves da Cruz (família da primeira Baronesa de Carapebus, D. Antonia Joaquina Alves da Cruz, residente no Solar do Beco, em Campos-RJ), dentre outras. Nesse tempo destacava-se a figura do Comendador José Gavinho Viana (1826-1904), fidalgo português, capitalista, negociante, fazendeiro, senhor de engenho e escravocrata, casado sucessivamente com três herdeiras

16

da família Pereira Rabello. O Comendador Gavinho, o Padre José Alves da Cruz e o Capitão Rozendo José, foram responsáveis pela construção da Igreja Matriz, dedicada à Nossa Senhora da Conceição, no Caxanga, que levou 17 anos para ser concluída, de 1858 a 1875, sucedendo a Igreja da Praia e a Igreja de Içaras. A Paróquia de Carapebus foi criada pela Lei Provincial n° 272 de 9 de maio de 1842.

A localidade Caxanga, surgida dentro da fazenda do mesmo nome, foi o primeiro núcleo de populacional carapebuense, com casas de negócios, armazéns, praça do pregão, cartório, cadeia, Igreja Matriz, etc.

Figura 1: Igreja Nossa Senhora da Conceição, na localidade do Caxanga, construída no século XIX. Fonte: Prefeitura Municipal de Carapebus-RJ

Em 1872 foi inaugurado o Canal Campos-Macaé passando por terras carapebuenses. No ano de 1875 foi inaugurada a linha férrea pela Cia. Estrada de Ferro Macahé-Campos, sendo substituída em 1889 pela Cia. Estrada de Ferro Leopoldina.

17

Figura 2: Canal Campos-Macaé em Carapebus-RJ, um dos trechos mais preservados do corpo hídrico. Fonte: SEMAMB – Nov/2017

No início do século XX destacam-se os nomes de Clemente Felippe dos Santos e José de Faria Maciel, grandes capitalistas e fazendeiros, ligados por matrimônios a tradicional família Gavinho, sócios na "Grande Manufactura de Bebidas Finas", que produzia um famoso licor, conhecido desde os tempos do Império, quando era propriedade dos sócios Padre Alves da Cruz, Comendador Gavinho Vianna e Comendador Netto dos Reis. Um fato marcante foi a inauguração da Usina de Carapebus, em 3 de setembro de 1927, pelo coronel Francisco Ribeiro de Vasconcellos, sendo logo adquirida por um grupo de empresários portugueses, liderado por Antonio Augusto da Paz, e finalmente pelo grupo Othon, em 1972.

A Capela de São Sebastião, em Paciência, teve a pedra fundamental posta em 1922, e a atual Igreja Matriz, dedicada à Nossa Senhora da Glória, foi construída pelo religioso alemão Frei Balthasar Wix (1909-1959), sendo inaugurada em novembro de 1955. A localidade de Itaquira, no Sacarrão, foi um reduto de imigrantes árabes, destacando-se as famílias Sélem, Mussi, Jorge, Bichara, Assad, Agostinho, esta última proprietária de um grande alambique.

Enquanto terceiro distrito, alguns carapebuenses foram prefeitos de Macaé: Sizenando Fernandes de Souza (1879-1960), João Pedro Sobrinho

18

(1900-?), Aristeu Ferreira da Silva (1906-1980), Elias Agostinho (1902-?) e Nacif Salim Sélem (1937-2011). Em 13 de março de 1995, data conhecida como "Dia do Sim", foi realizado um plebiscito pela emancipação político- administrativa, no Real Clube de Carapebus, tendo vencido o "sim" por uma maioria de 3497 votos, contra 148 votos. Após a emancipação político- administrativa, decretada pela Lei Estadual n° 2.417, de 19 de julho de 1995, o primeiro prefeito eleito de Carapebus foi Eduardo Nunes Cordeiro, que tomou posse em 1 de janeiro de 1997.

São considerados patrimônios arquitetônicos de Carapebus: a sede da antiga Fazenda de São Domingos (1863); a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Glória (1955); a Estação Ferroviária (1940); a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no Caxanga (1858-75); as ruínas do Alambique de Itaquira (1872/1899); o prédio do antigo Cine-Teatro Carapebus (1947); as instalações da Usina de Açúcar (1928).

Figura 3: Igreja Nossa Senhora da Glória (Matriz), antes das últimas modificações. Fonte: http://angelgomes-arteeencanto.blogspot.com.br/2015/07/igreja-nossa-senhora- da-gloria-em.html

19

3. CARACTERIZAÇÃO DO TERRITÓRIO

3.1. Localização Geográfica e aspectos demográficos

O Município de Carapebus, localizado na microrregião de Macaé e na mesorregião Norte Fluminense, faz fronteiras com Macaé, Quissamã e Conceição de Macabu. A cidade é muito rica em córregos, lagoas e praias.

A cidade se situa a 28 km de Quissamã, 29 Km de Macaé, 30 Km de Conceição de Macabu e 213 km da cidade do Rio de Janeiro. A sede está a apenas 4m de altitude, apresentando as seguintes coordenadas geográficas: Latitude: 22° 12' 12'' Sul, Longitude: 41° 39' 45'' Oeste.

Figura 4: Localização geográfica do município. Fonte: IBGE

Carapebus ocupa cerca de 35% do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, estando localizada no coração desta importante Unidade de Conservação. As duas outras cidades que compõem o PARNA são Macaé e Quissamã.

20

Quanto à população, o censo de 2010 do IBGE registra 13.348 habitantes em uma área de 308 km², resultando em uma densidade demográfica de 43,3h/Km².

3.2. Caracterização socioeconômica

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - IDHM de Carapebus é considerado alto (0,713). Conforme mostrado no gráfico a seguir, o índice tem apresentado constante evolução, impulsionado principalmente pelo crescimento na dimensão educação.

Gráfico 1: Evolução do IDHM de Carapebus. Fonte: TCE, 2016

Com relação ao restante do Estado do Rio de Janeiro, Carapebus ocupa a 41ª posição no ranking do IDHM, conforme apresentado na tabela a seguir.

21

Tabela 1: Ranking do IDHM dos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Fonte: TCE, 2016.

Carapebus encontra-se dentre as 20 maiores arrecadações per capita, no conjunto dos 92 municípios do Rio de Janeiro, analisados no período entre 2010 a 2015, como demonstra a tabela a seguir:

Tabela 2: Receita per capita dos municípios do Norte Fluminense, no período de 2010 a 2015. Fonte: TCE, 2016

A receita total do município foi de R$ 78 milhões em 2015, a 61ª do estado (em comparação que não inclui a capital). Suas receitas correntes estão comprometidas em 66% com o custeio da máquina administrativa. Em relação às receitas vinculadas ao petróleo, o município teve nelas 35% de sua receita total, um montante de R$ 1.831,34 por habitante no ano de 2015, 4ª colocação no estado (NEA-BC, 2017).

22

3.3. Caracterização sociocultural

O gentílico da cidade se chama carapebuense. O topônimo da cidade de Carapebus é rio das carapebas (Moharra rhombea), formado pela junção dos termos aka´ra, peb (achatado e ´y(água, rio).

Dentre as manifestações culturais do munícipio, destacam-se o Boi Juruba, único bloco carnavalesco de Carapebus; a Festa da Emancipação, comemorada dia 13 de Março, com um tradicional desfile cívico, do qual fazem parte os estudantes da rede pública de ensino, e alguns shows musicais; e a Festa de Agosto, em que é celebrado o dia da padroeira da cidade, Nossa Senhora da Glória.

Filho da terra, Jorge Barcelos, o Tio Jorge, usa como arma as suas palavras formatadas em poesia, para ajudar na preservação do meio ambiente.

3.4. Caracterização do meio físico

3.4.1. Clima

De acordo com a Climate-Data.Org (2017), o clima de Carapebus é considerado como tropical, havendo muito mais pluviosidade no verão que no inverno. A temperatura média é de 23 °C, e a pluviosidade média anual de 1116 mm. A diferença entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso é de 130 mm. As temperaturas médias, durante o ano, variam 5.8 °C. O mês Julho tem a temperatura média mais baixa (20 ºC) e a menor precipitação média do ano (39 mm), enquanto o mês de dezembro é o mais chuvoso, com precipitação média de 169 mm, e Fevereiro é o mês mais quente, com temperatura média de 25.8 ºC.

O gráfico abaixo apresenta as informações climáticas de Carapebus.

23

Gráfico 1: Médias mensais de temperatura e precipitação no município de Carapebus- RJ. Fonte: https://pt.climate-data.org/location/33694/

3.4.2. Geomorfologia

O relevo de Carapebus é formado por amplos e baixos vales com fundo deposicional plano, que caracterizam a Planície Costeira Marinha (Restinga). Nesses vales estão encaixados os tabuleiros costeiros com modelado de dissecação com densidade pequena ou média e aprofundamento médio (ICM- Bio, 2008).

De acordo com as unidades geoambientais do Rio de Janeiro propostas pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), o território do município é composto, em sua maioria, por colinas baixas e planície costeira (restinga), seguido da formação tabuleiros e por lagoas, planícies fluviolagunares (brejos) e planícies fluviais (várzeas).

As unidades geoambientais de Carapebus são apresentadas na figura a seguir.

24

Figura 5: Mapa das unidades geoambientais do município de Carapebus-RJ. Fonte: SEMAMB/Carapebus-RJ

3.4.3. Hidrologia

A rede hidrográfica do município de Carapebus está dividida em quatro bacias: A bacia do Macabu, do Macaé, do Carapebus e do Arrozal.

25

Figura 6: Mapa da rede hidrográfica do município de Carapebus-RJ. Fonte: SEMAMB/Carapebus-RJ

A Bacia hidrográfica da lagoa de Carapebus é considerada a mais importante para o município, pois nela estão situados os núcleos urbanos e o manancial utilizado para o abastecimento de água da cidade (Represa do Maricota). Todas as unidades de conservação propostas estão situadas, integralmente ou parcialmente, na Bacia do Carapebus.

3.5. Caracterização da biodiversidade

Poucos estudos já foram realizados no que se refere à biodiversidade do município de Carapebus. Entretanto, o município abriga cerca de 35% do Parque Nacional de Jurubatiba, onde sobrevivem, em suas restingas e lagoas costeiras, diversas espécies da fauna e flora brasileiras, sendo muitas dessas ameaçadas de extinção.

26

Figura 7: Biodiversidade da restinga de Jurubatiba. Fonte: José Ricardo Maia e Romulo Campos

Logo, a criação de unidades de conservação municipais, de diferentes categorias de uso, pode potencializar os efeitos ecológicos que o PARNA Jurubatiba proporciona a toda região, servindo como áreas de abrigo e dispersão para a flora e fauna, bem como de zona de amortecimento ao parque. Além disso, as unidades visam também à proteção de ecossistemas que não estão representados dentro da área do parque, o que elevará a biodiversidade genética, de espécies e de hábitats no município.

A seguir é apresentado um panorama geral a respeito da biodiversidade encontrada no munícipio. Com relação às áreas em que estão sendo propostas as unidades de conservação, alguns levantamentos foram realizados e estão descritos nas suas respectivas seções neste documento.

3.5.1. Flora

De acordo com estudos descritos no Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba (2008), da vegetação remanescente no município, a fitofisionomia de restinga predomina (vegetação herbácea e arbustiva), ocupando cerca de 23,59 % da área do munícipio. A maior parte dessa cobertura vegetal encontra-se já protegida, dentro da área do Parque.

27

Entretanto, ressalta-se que 64,08 % da cobertura do solo em Carapebus se enquadram na categoria outros usos, que inclui principalmente pastagens e culturas agrícolas, além de áreas urbanas e corpos hídricos. A tabela a seguir apresenta os dados relativos à cobertura vegetal no município.

Tabela 3: Cobertura Vegetal no Município de Carapebus. Fonte: ICM-Bio, 2008. Descrição Porcentagem da área do município

Vegetação herbácea 22,03 %

Vegetação herbácea arbustiva 1,56 %

Floresta Estacional Semidecidual 0,95 % de Baixada

Mata paludosa 6,34 %

Terra úmida 3,67 %

Praias e dunas 0,62 %

Mata ciliar 0,76 %

Outros usos 64,08 %

A representação gráfica da cobertura vegetal é mostrada a seguir.

28

Gráfico 2: Cobertura Vegetal no Município de Carapebus. Fonte: Adaptado de ICM- Bio, 2008.

O percentual de áreas de florestas remanescente no munícipio é baixo, e atualmente nenhuma delas encontra-se protegida. A única área efetivamente protegida no município é a do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

3.5.2. Fauna

Durante Workshop de Avaliação e Ações Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos (1999), a região de Carapebus foi identificada como área prioritária de extrema importância biológica para a conservação de répteis.

Dentre as espécies de vertebrados terrestres identificados na área do PARNA Jurubatiba, 45 são endêmicas do Estado do Rio de Janeiro e 138 estão ameaçadas (ICM-Bio, 2008).

Em 2011, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro descobriram uma nova espécie de mamífero no parque, o ratinho goitacá (Cerradomys goytaca), fato que revela a importância e o potencial ecológico da área.

29

Figura 8: Cerradomys goytaca, espécie de mamífero descoberta no PARNA Jurubatiba. Fonte: https://veja.abril.com.br/ciencia/descoberta-nova-especie-de-mamifero-no-rio- de-janeiro/

4. O QUE SE PRETENDE?

A Prefeitura Municipal de Carapebus, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, propõe a criação inicial de 4 (quatro) unidades de conservação, de cunho municipais, além do apoio aos produtores rurais que desejem criar as unidades de conservação de cunho privado, formatando posteriormente um Sistema Municipal de Unidades de Conservação.

As 4 (quatro) unidades propostas são as seguintes:

• Área de Proteção Ambiental (APA) Carapeba Boa: localizada no entorno da área urbana no município, se estendendo desde o manancial que abastece a cidade - represa da Maricota, passando pelo córrego de mesmo nome e chegando na lagoa de Carapebus, terá como principais objetivos a proteção dos recursos hídricos e o ordenamento da ocupação urbana.

• Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus: localizada no entorno da área do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, terá como principais objetivos a preservação de ecossistemas naturais relevantes e a realização de pesquisas e atividades de educação ambiental, recreação e turismo ecológico.

30

• Refúgio da Vida Silvestre Fazendo São Lázaro: também se situa nas proximidades do PARNA Jurubatiba, se caracterizando como um dos raros fragmentos de fitofisionomia florestal. Terá como principal objetivo a proteção da biodiversidade.

• Monumento Natural São Simão: Localizada nas proximidades da rodovia que liga os municípios de Carapebus e Quissamã, a área pode ter abrigado um antigo quilombo. Essa unidade terá como principal objetivo a preservaçao de áreas naturais de grande beleza cênica, conciliada ao resgate do patrimônio histórico do munícipio.

4.1. Aspectos legais

De acordo com a Lei Orgânica do Município de Carapebus, criada no dia 20 de Maio de 1998, compete ao poder público municipal legislar e elaborar políticas públicas de proteção e preservação ambiental, nos seus artigos 22, 236, 237, 239, 244, 245 e 246.

Segundo a Política de Meio Ambiente estabelecida na Lei Orgânica, no seu Art. 238, a criação de unidades de conservação, tais como áreas de preservação permanente, de proteção ambiental, de relevante interesse ecológico ou cultural, parques municipais, reservas biológicas e estações ecológicas, é um instrumento de execução desta política, em consonância com o Art. 225 da Constituição Federal de 1988, que prevê que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

De acordo com a Lei Complementar nº 30 de 2010, em seu Capítulo II, Dos Objetivos, Art. 3º, inciso XII, a Criação das Unidades de Conservação que se fizerem necessárias e implantação dos seus respectivos Planos de Manejo, de acordo com a Lei do SNUC, é um dos objetivos da Política Municipal de Meio Ambiente.

31

4.2. Objetivo geral

Preservar, recuperar e, de acordo com a necessidade do manejo, restaurar, os ambientes e ecossistemas naturais em toda área abrangida pelas Unidades de Conservação, especialmente zelando pelas unidades de conservação criadas pelo Município ou pelas particulares por ele apoiadas, reestabelecendo o equilíbrio entre flora e fauna, recursos hídricos, e as ações humanas, respeitados os planos de manejos criados para cada área, de acordo com a categorização proposta pela Lei do SNUC para cada unidade.

4.3. Objetivos específicos

• Promover uma interação com a comunidade local, nos diversos momentos de criação das unidades de conservação, respeitando sua cultura, história, e adequadas interações com o meio ambiente, bem como suas fontes de recursos, dentro de critérios previamente aprovados em legislação;

• Respeitar, durante a elaboração do plano de manejo e gestão das UCs, a individualidade de cada unidade criada, prestigiando seus pontos positivos, e, através de práticas de educação ambiental e fiscalização efetiva e específicas para as referidas unidades;

• Executar políticas públicas de redução gradativa, em progressão geométrica, os passivos causados pelas ações humanas;

• Criar um Centro de Convivência mais robusto, de forma a atender os anseios de todas as unidades criadas, servindo como sede oficial do futuro Sistema Municipal de Unidades de Conservação e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a partir da aprovação dos grupos sociais envolvidos e do COMMAC;

• Oportunizar empregos, diretos e indiretos, através da economia verde, para a comunidade local, visando um resgate social e empresarial, em especial dos jovens e dos idosos, considerando a inclusão e diversidade social; 32

• Promover integração entre as atividades relativas ao Turismo Rural, Ecorrural e ao Ecoturismo, de forma a delinear as oportunidades de trabalho para os pescadores tradicionais, devidamente cadastrados da cidade, aos empreendedores da cadeia verde sustentável (artesãos, pescadores, produtores rurais de agricultura familiar ou não, comerciantes de produtos orgânicos, recicladores das diferentes esferas, pousadas, bares, restaurantes, lanchonetes, lojas de souvenirs, ect;

• Exercer a gerência de todas as unidades criadas, respeitando sua individualidade, não preterindo uma sobre outra;

• Promover, através de recursos oriundos da Prefeitura Municipal de Carapebus, da Secretaria do Estado de Ambiente, do Governo Federal e de outras instituições, a gestão das unidades de conservação, garantindo práticas de educação ambiental com a comunidade do entorno e com os turistas, sempre que necessário, em prol da preservação, recuperação de áreas degradadas e limpeza dos corpos hídricos;

• Garantir a integridade das UCs criadas, respeitando seus respectivos planos de manejo;

• Priorizar os moradores, profissionais e empresas do entorno na absorção de mão-de-obra, respeitando o conhecimento popular e acadêmico, conforme necessário.

5. JUSTIFICATIVAS PARA CRIAÇÃO DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

5.1. A Proteção dos recursos hídricos

A água é essencial para a manutenção da vida, em todas as suas mais diversas formas. Sem essa preciosa substância, não é possível o desenvolvimento das atividades econômicas, não se mantém a mínima qualidade de vida e reduz-se a diversidade dos seres vivos. Dessa forma, é

33

necessário que a água esteja disponível em quantidade e qualidade suficientes para que cumpra seu papel na natureza.

A ação do homem, desde o desenvolvimento da agricultura até a urbanização e a revolução industrial, tem modificado bruscamente a estrutura dos ecossistemas naturais, o que, dentre diversos outros impactos, causa a alteração ciclo da água.

De acordo com estudo socioeconômico publicado pelo TCE (2007), em um período de sete anos, campos e pastagens cresceram 11 % na paisagem fluminense, enquanto as formações florestais foram reduzidas em 42% de sua área original. Ainda segundo este estudo, que se baseou no trabalho realizado pela Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro – CIDE, denominado IQM – Verde II, o município de Carapebus apresentou 25% de formações pioneiras, 11% de área agrícola e 59% de pastagens, se caracterizando em um agrupamento com grandes áreas de pastagens e de vegetação secundária, com presença de áreas agrícolas e formações originais.

A figura abaixo ilustra o uso do solo no município, no ano de 2001.

Figura 9: Uso do solo no município de Carapebus-RJ, em 2001. Fonte: (TCE, 2007)

34

As mudanças no uso do solo interferem fortemente na disponibilidade e qualidade das águas, seja pela contaminação direta por algumas atividades agropecuárias, industriais ou pela inexistência de saneamento básico, pela alteração do ciclo da água, provocado pelo aumento do escoamento superficial em detrimento da infiltração, e pela interferência no clima regional, causando uma alteração no regime de precipitação.

O gráfico a seguir apresenta a precipitação anual de Carapebus, no período de 1995 a 2017, disponibilizados pela secretaria de agricultura do município.

Gráfico 3: Precipitação anual no município de Carapebus-RJ, no período de 1995 a 2017. Fonte: Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca.

Apesar do curto período de amostragem, verifica-se uma diminuição dos índices pluviométricos nos últimos anos. No ano de 2017, até o mês de outubro, o índice pluviométrico foi de apenas 221 mm, bem distante da precipitação média do município, que é de 1107,4 mm (ICM-Bio, 2008).

35

5.1.1. O sistema de abastecimento de água em Carapebus

No município de Carapebus a empresa responsável pelo fornecimento de água potável é a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE. No entanto, a companhia não abastece a totalidade das residências existente no município. A CEDAE abastece ao total quatro bairros: Sapecado, Oscar Brito, Centro e Caxanga. O restante dos bairros e localidades da cidade são abastecidos por formas inadequadas de abastecimento.

De acordo com dados da CEDAE, o total de residências abastecidas de maneira adequada pela CEDAE, através da rede geral de distribuição de água, atinge 1.490 dos domicílios, sendo 1.194 hidrômetros estalados. No entanto, de acordo com os dados da Vigilância Sanitária e Ambiental (PROVISA) do Município de Carapebus, o número de imóveis na zona urbana é de 5.593, dessa forma 4.103 residências não são abastecidas através da rede geral de distribuição de água.

Os mananciais que abastecem o município são a represa Maricota, que se localiza na área de uma das unidades de conservação propostas, e o Sacarrão. A represa Maricota está localizada na microbacia da Lagoa de Carapebus. Esta microbacia possui 6.200 ha e localiza-se no interior do município, sendo que parte está inserida no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Da represa Maricota eflui o Córrego Maricota, que possui toda a sua extensão inserida dentro da cidade de Carapebus (CARAPEBUS, 2015). Sob um aspecto macroterritorial a microbacia da Lagoa de Carapebus está localizada na Região Hidrográfica IX, Baixo Paraíba do Sul (RIO DE JANEIRO, 2006).

O entorno da represa Maricota é marcado pela presença de áreas de pastagem e de acordo com o Plano Estadual de Recursos Hídricos (RIO DE JANEIRO, 2006) possui baixa susceptibilidade a erosão.

Os córregos da Maricota, Lameiro e Jacutinga são os principais contribuintes da Microbacia da Lagoa de Carapebus. Estes cortam a Sede Municipal e, são, ainda, os principais corpos receptores dos efluentes de esgotos domésticos. Como a rede coletora de esgoto não abrange toda a zona

36

urbana e o tratamento, onde ocorre, é em nível ETE-Primário, estes córregos são poluídos.

O Córrego do Sacarrão está localizado na Fazenda Córrego Grande. Atualmente este córrego não está sendo utilizado para captação e tratamento de água devido a péssima qualidade da água bruta apresentada desde o final do ano de 2015. O Córrego do Sacarrão não contribui com nenhum tributário especificamente. O Córrego desemboca na Lagoa de Carapebus (Informações cedidas pela CEDAE de Carapebus).

A Estação de Tratamento de Carapebus realiza o tratamento convencional completo, composto das seguintes etapas: coagulação, floculação, decantação, correção de pH, desinfecção (cloração) e fluoretação.

5.1.2. Qualidade da água no município de Carapebus

O Programa de Vigilância Ambiental do Município de Carapebus realiza mensalmente 10 coletas de água na rede de distribuição da cidade, devido ao pacto realizada com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, sendo as análises feitas pelo Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-Rj). O Laboratório Central Noel Nutels realiza apenas análises microbiológicas, às análises físico- químicas relativas a turbidez, cloro, pH e cor devem ser realizadas pelos municípios, porém o município de Carapebus não dispõe dos equipamentos necessários para a realização dessas análises. Desse modo, as águas coletadas são analisadas apenas levando em consideração a microbiologia, sendo verificados a presença de bactérias do grupo Coliformes fecais (maioria pertencente aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter) e em separado é investigado a presença de bactérias da espécie Escherichia coli, devido a seu papel de indicador de contaminação fecal tanto em águas naturais quanto tratadas.

A CEDAE também realiza as análises da rede de distribuição e da ETA e encaminha os resultados para a apreciação da Vigilância Sanitária.

37

Durante o ano de 2016, foram coletadas um total de 60 amostras pelos técnicos do município de Carapebus, enviadas para o Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-Rj), que foram analisadas de acordo com os padrões e metodologias analíticas das normas nacionais e internacionais recomendados pela Portaria MS nº 2.914/2011, com relação ao número de coliformes fecais e Escherichia coli. Os resultados de todas essas análises foram lançados no Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano – SISAGUA. Não foram realizadas análises físico-químicas, pois o município de Carapebus não dispõe de equipamentos para essas análises.

De acordo as análises realizadas pela Nova CEDAE, com relação a presença de coliformes fecais e Escherichia coli a água distribuída para o município de Carapebus encontra-se em condições satisfatórias de potabilidade para esses parâmetros, pois nenhuma análise apontou a presença de coliformes fecais, e, portanto, também não houve presença de Escherichia coli. Ainda segundo as análises da CEDAE os parâmetros que tiveram desvios dos padrões estabelecidos pela Portaria nº 2914/2011 nas amostras, foram a turbidez e a cor.

Os funcionários da CEDAE de Carapebus foram procurados pela equipe do Programa de Vigilância Sanitária e Ambiental de Carapebus (PROVISA) e relataram a possibilidade desses desvios de cor e turbidez ocorrerem devido a grande quantidade de ferro presente nas águas captadas na represa do Córrego da Maricota (área destinada a captação de água pela Nova CEDAE). Eles também relataram, que no intuito de resolver esse e outros problemas, técnicos da CEDAE, vindos do Rio de Janeiro, estiveram no local da represa para fazer a limpeza da área e a retirada da taboa.

Com relação as 60 amostras coletadas pela equipe do Programa de Vigilância do PROVISA, a maior parte das amostras apresentaram condições satisfatórias de potabilidade de acordo com os parâmetros microbiológicos de coliformes fecais e Escherichia coli.

No entanto, é importante ressaltar que grande parte do município do Carapebus é abastecida por formas inadequadas de abastecimento. Nesse sentido, não é possível determinar como se dá a qualidade da água das

38

residências que não são abastecidas pela CEDAE, fator que aumenta a necessidade de adoção de iniciativas de proteção e manutenção da qualidade e quantidade dos recursos hídricos.

5.2. Biodiversidade, sustentabilidade e cultura

Aqui trataremos das dimensões da biodiversidade, sustentabilidade e cultura de forma integrada, pois acreditamos que a natureza não pode ser dissociada das dimensões econômicas e sociais.

A Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), estabelecida durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD) – ECO 92, é um tratado da Organização das Nações Unidas, sendo considerado um dos mais importantes instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente. A Convenção está estruturada sobre três bases principais – a conservação da diversidade biológica, o uso sustentável da biodiversidade e a repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos – e se refere à biodiversidade em três níveis: ecossistemas, espécies e recursos genéticos (MMA, 2017).

Dessa forma, ao mencionar o uso sustentável da biodiversidade, a convenção destaca como um de seus pilares relação equilibrada entre o homem e a natureza.

A criação de Unidades de Conservação da natureza não traz apenas benefícios ambientais, mas também sociais e econômicos. Há diversos serviços essenciais fornecidos a nós pela mãe natureza, denominados de serviços ecossistêmicos. Dentre estes, podemos destacar a manutenção da qualidade e da quantidade da água, a depuração de poluentes no meio ambiente, a conservação da estrutura e da fertilidade dos solos, a regulação do clima, o fornecimento de recursos naturais diversos, como alimentos, medicamentos e matérias-primas, além da possibilidade de coexistência e convivência do ser humano com a natureza.

39

A economia tradicional tem tentado incorporar valores monetários aos serviços prestados pelos ecossistemas. Em alguns casos, a valoração é mais clara e direta, como na cobrança pela utilização dos recursos hídricos, instrumento instituído pela Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9433/97. De acordo com esta Lei, a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Dessa forma, uma área de conservação da natureza é também uma área de produção de água, logo além de fonte de vida oferece recursos para a produção econômica.

Sobre este prisma é importante focar na complexidade de atividades como pagamentos por serviços ambientais, pois a valoração monetária é mais difícil de ser quantificada, desde a concepção da ideia até a sua mensuração, o que não significa que o produto ou serviço fornecido pela natureza não tenha valor econômico. Quanto vale respirar ar puro? Qual seria o real valor de um copo de água potável? Quanto vale a convivência social em meio à natureza? Estas são questões difíceis de serem respondidas, mas com certeza nos conectam à relevância da conservação das áreas e dos recursos naturais.

Finalmente e não menos importante, há um valor de existência de todas as espécies. A natureza é um grande livro do qual nós ainda não sabemos de todas as páginas. Quando uma espécie é perdida, perdemos também uma página desse livro que poderia conter informações preciosas para a nossa existência. Quanto vale o que ainda nem descobrimos?

5.3. O ICMS Ecológico

A Lei Estadual nº 5100, de 04 de outubro de 2007, conhecida como Lei do ICMS Verde ou Ecológico, incentiva as prefeituras que realizam investimento na causa ambiental, que acabam por receber maiores repasses do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias – ICMS (Rio de Janeiro, 2017).

O Índice Final de Conservação Ambiental (IFCA), que indica o percentual do ICMS Verde que cabe a cada município, é composto por seis subíndices temáticos com pesos diferenciados:

40

• Tratamento de Esgoto (ITE): 20%

• Destinação de Lixo (IDL): 20%

• Remediação de Vazadouros (IRV): 5%

• Mananciais de Abastecimento (IrMA): 10%

• Áreas Protegidas – todas as Unidades de Conservação – UC (IAP): 36%

• Áreas Protegidas Municipais – apenas as UCs Municipais (IAPM): 9%

No município de Carapebus, os repasses do ICMS ecológico vêm reduzindo nos últimos anos, apesar de um pequeno aumento observado entre os anos de 2016 e 2017, como apresentado no gráfico a seguir.

Gráfico 4: Evolução do repasse do ICMS Ecológico no município de Carapebus, de 2011 a 2017. Fonte: Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro.

De acordo com colaboração de Janete Abrahão, da Coordenação de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Associação Estadual de Municípios do Rio de Janeiro, são áreas potenciais para aumento de arrecadação do ICMS

41

ecológico em Carapebus: a criação de unidades de conservação municipais, a proteção de mananciais e a remediação de lixões, uma vez que estes itens nunca pontuaram para o repasse de ICMS ecológico ao município.

6. AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Ao todo estão sendo propostas 4 (quatro) unidades de conservação, sendo três de proteção integral e uma de uso sustentável, totalizando uma área de 2993 hectares, que corresponde a cerca de 10% da área do município, conforme apresentado na tabela a seguir.

Tabela 4: Área territorial absoluta e relativa das unidades de conservação propostas. Área Unidade de Conservação Porcentagem da área do Município (ha) APA Carapeba Boa 1566 5% Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus 1073 3% Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro 197 1% Monumento Natural São Simão 212 1% Total 3048 10% Área do município (ha) 30800

A Área de Proteção Ambiental Carapeba Boa possui a maior área proposta, seguida do Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus, e com menores áreas, da Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro e da Monumento Natural São Simão.

42

Gráfico 5: Porcentagem relativa das áreas das unidades de conservação propostas

6.1. Área de Proteção Ambiental (APA) Carapeba Boa

Número do Processo de Criação da Unidade: 2812

Data de abertura: 11 de Maio de 2017

6.1.1. Caracterização, justificativa e objetivos

A área proposta para a APA Carapeba Boa está localizada no entorno da área urbana no município, se estendendo desde o manancial que abastece a cidade - represa da Maricota, passando pelo córrego de mesmo nome e chegando na lagoa de Carapebus. Possui a maior área dentre as unidades de conservação propostas, e tem como principal objetivo a proteção dos recursos hídricos da principal sub bacia hidrográfica do município, assim como:

• Disciplinar o processo de ocupação;

• Proteger a diversidade biológica; e;

• Assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

43

Figura 10: Localização da APA Carapeba Boa. Fonte: Google Earth

44

O manancial que abastece a região central de Carapebus recebeu o nome de Represa da Maricota, em homenagem ao principal córrego que contribui para a formação da vazão atual para a bacia de contribuição da Lagoa de Carapebus.

Trata-se de uma área com poucos fragmentos de Mata Atlântica, cujos resquícios, mesmo que parcos, ainda atraem uma fauna silvestre significativa.

Figura 11: Represa da Maricota em situação crítica, com margens desmatadas e elevada presença de algas no espelho d’água. Fonte: SEMAMB – Nov/2017

Figura 12: Represa da Maricota em situação crítica. Fonte: SEMAMB – Nov/2017

45

Torna-se imprescindível a revegetação das margens do Córrego da Maricota, a começar do alto da Represa da Maricota, das nascentes e dos brejos que contribuem para o abastecimento do recurso hídrico principal alimentador do braço central da Lagoa de Carapebus. Assim, a criação da Unidade de Conservação APA Carapeba Boa tem como elemento fundamental a proteção dos corpos hídricos que desaguam na Lagoa de Carapebus, a maior lagoa do PARNA JURUBATIBA, promovendo uma melhor qualidade da água que alimenta a Lagoa, favorecendo a manutenção da vida não somente para o cidadão, para a ictiofauna, para as aves e demais animais silvestres que precisam desta água para sua dessedentação.

Também será um ponto forte de convergência da melhoria da qualidade de vida de todos os usuários não somente dos corpos hídricos envolvidos, como também a população e os turistas que terão novas opções de lazer com diferente pontos de considerável beleza cênica e promissoras oportunidades de turismo ecológico e, em especial, oferecendo a promoção de um desenvolvimento econômico sustentável, permitindo que o ambiente em questão seja recuperado (ou em alguns pontos especiais, restaurados) para a contínua manutenção da vida para estas e para as futuras gerações. A proposta é que não se trate somente de um legado político, mas de um legado modificador para melhoria da vida dos proprietários ribeirinhos e para as comunidades que, direta ou indiretamente, lidam com o PARNA Jurubatiba ou em sua área de amortecimento e que dependem de Carapebus para a manutenção de sua vida, lazer ou ganhos econômicos, desde que executados segundo a esfera da sustentabilidade.

O projeto de criação de uma unidade de conservação que fosse capaz de abranger uma área que perpassasse por parte da bacia hidrográfica que abastece a represa, se estendendo por todo o Centro de Carapebus, se tornou, inicialmente, inviável, pois uma grande área impactada estaria abrangida. O corpo hídrico que se pretendia dedicar especial atenção e fazer gestão técnica de cuidados e recuperação, banha, mesmo que, atualmente com águas poluídas, toda este pequeno centro urbano. Por isto, os limites da UC, nesta área mais impactada pelas moradias e comércios, ficarão mais restritos às

46

áreas de APP dos córregos da Maricota, do Lameiro, bem como as áreas protegidas do braço da Lagoa de Carapebus, formado na altura do Caxanga e se estendendo até os limites oficiais do PARNA Jurubatiba.

Sob o ponto de vista da legalidade, a criação desta UC não entra em atrito com os projetos já desenvolvidos para a cidade de Carapebus, pois apresenta previsão em sua Lei Orgânica Municipal / 98 ou no seu Código Municipal de Meio Ambiente, Lei Complementar Nº 30/2010. O Município já dispõe de instrumentos legais que direcionam o planejamento municipal, a saber, a Lei Nº 92/1998 (instrumento legal que estabelece o ordenamento territorial do Município de Carapebus, criando sua divisão administrativa) e a Lei Complementar Nº 07/2001 (que institui a política do desenvolvimento urbano local, com estabelecimento de normas para uso e ocupação e parcelamento do solo urbano, envolvendo o sistema viário e de transporte e o sistema municipal de planejamento).

O Plano de manejo do PARNA Jurubatiba prevê uma AEIA – Área de Especial Interesse Ambiental que abraça a Lagoa de Carapebus e seus principais tributários, ressaltando que esta área destina-se à melhoria da qualidade ambiental local e que a utilização desses instrumentos pode compatibilizar a proteção e a recuperação ambiental da Lagoa de Carapebus e de sua bacia hidrográfica de contribuição com práticas de um desenvolvimento sustentável, tendo como resultados esperados uma lagoa protegida, a manutenção das características ecológicas dos seus recursos hídricos, sua faixa marginal de proteção demarcada e com mata ciliar recuperada. Todo este arsenal de valores propostos pelo Plano de Manejo do PARNA contribui para a justificativa de criação de uma UC que resgate as solicitações do PARNA, mas que também venha a viabilizar os elementos comparativos dos indicadores propostos no referido Plano de Manejo. Assim, a Gestão das Unidades de Conservação passará a condensar as informações referentes aos parâmetros de balneabilidade e qualidade da água a ser utilizada nos lares carapebuenses e se os referidos parâmetros atendem aos padrões CONAMA, especialmente a Resolução 357/2005 e Lei 9433 de 08 de janeiro de 1997. A partir da gestão das UC´s, novas parcerias serão adensadas, capazes de promover as ações

47

de operacionalizações e atividades propostas no Plano de Manejo do PARNA, pois as mesmas são elementos agregadores de valores sustentáveis.

6.1.2. Biodiversidade

Embora o foco principal de criação da APA Carapeba Boa seja a proteção dos recursos hídricos, o incremento da biodiversidade local também será favorecido, principalmente porque a área pode funcionar como um corredor ecológico entre a área da represa e PARNA Jurubatiba.

A área proposta abraça algumas espécies de aves migratórias, ou espécies que aqui ainda resistem: macacos prego, bugios, cobras, lontras, jacaré de papo amarelo, socó, capivara , tamanduá, lagartos, tatu, paca, cutia, preás, gambás, gato do mato (mourisco), entre outros.

Figura 13: Príncipe (Pyrocephalus rubinus) avistado em Carapebus-RJ. Fonte: José Ricardo Maia

48

6.1.2.1. Levantamento do saber popular a cerca dos peixes que podem ser

encontrados nos córregos da região e na Lagoa de

Carapebus

O peixe mais famoso entre os moradores da região é a Carapeba, cujo nome pode ter sido escolhido para nomear a cidade de Carapebus. Achou-se por bem, também homenagear o peixe Carapeba, atribuindo o nome APA Carapeba Boa, devido à relevância desta no abastecimento da cidade e nas possibilidades iminentes de desenvolvimento de oportunidades de novas gerações de renda, com práticas de ecoturismo, turismo rural e variadas formas de turismo de baixo impacto em toda a sua extensão.

Segundo os pescadores, os peixes da região podem ser classificados peixes brancos ou peixes pretos (são assim considerados os peixes de água doce) e os peixes brancos são os peixes de água salgada.

Tabela 5: Peixes da região, segundo informações fornecidas pelos pescadores locais.

Peixes Brancos Peixes Pretos Carapeba Traíra Robalo (fincudo ou flecha e peba) Acará Tainha Piaba Fagueco Tilápia Carapicu Puxa faca Corvina CD Peixe Galo Cocudo Aubarana Bagre Africano Linguado Jundiá

6.1.2.2. Do ponto de vista acadêmico

Os peixes que compõem o acervo da região carapebuense são geralmente: a Carapeba (Diapterus rhombeus), que é da mesma família (Gerreidae) do Carapicu, podendo atingir até 40 cm (acima de 35 cm já é considerado um troféu para os pescadores) de comprimento e de peso aproximado de 1,3 kg. Apresenta preferências por água mais morna, possui a

49

boca protrátil, atingindo a forma de tubo quando se alimenta. Segundo observações, os grandes exemplares andam geralmente em pequenos grupos ou solitários, somente andando em grupos maiores durante o período de reprodução, informação esta que facilita o trabalho daqueles que desejam preservar, mas também expõe a comunidade de diferentes seres para aqueles que desejam danificar.

Em relação ao nível de endemismo e o tamanho da população endêmica, estudos deverão ser feitos para o conhecimento e publicação, promovendo os registros necessários das espécies a serem protegidas e um posterior controle das populações de acordo com a raridade das espécies.

6.1.3. População afetada

A criação da APA Carapeba Boa afeta diretamente a população do município, uma vez que trata-se de uma área urbana e periurbana. Entretanto, por se tratar de uma unidade de uso sustentável, a população será beneficiada com a melhoria da qualidade ambiental da área urbana e da qualidade e disponibilidade dos recursos hídricos.

A parte mais ao norte da APA da Carapeba Boa apresenta o braço da Lagoa de Carapebus rodeado de proprietários rurais, a partir da área urbana do Caxanga, onde já são realidades a pecuária, criação de pequenos animais como perus, galinha, carneiro e cultivo de hortaliças e fruticultura em pequena escala. Quando vista nas áreas próximas ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, percebe-se que a produção pode alcançar larga escala, em função da entrada do Assentamento que absorveu a antiga Fazenda Boa Sorte. Estas atividades produtivas precisam ser englobadas pelas atividades turísticas ou comércio turístico, face ao apoio e incentivos para a produção orgânica e utilização de técnicas de produção mais responsáveis e adequadas. Assim, novos produtos podem ser envolvidos como a apicultura, a pesca alternativa, a produção e venda de mudas, a produção de artesanato etc, de forma que o Centro de Convivência que servirá de sede oficial das Unidades de Conservação no Município, tenha seu projeto fortalecido para servir a todos os

50

propósitos sociais, ambientais, econômicos e, em especial, oferecendo ao turista uma boa porta de entrada para o Muncípio.

6.2. Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus

Número do Processo de Criação da Unidade: 4325

Data de abertura: 17 de julho de 2017

6.2.1. Caracterização, justificativa e objetivos

A área proposta para o Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus está situado no entorno no PARNA Jurubatiba, podendo ser considerada como uma extensão do Parque Nacional, no que se refere às suas características ecológicas. Possui a segunda maior área dentre as unidades de conservação propostas, e tem como principais objetivos:

• A preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica;

• Realização de pesquisas científicas; e;

• Desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

O Parque Municipal é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

51

Figura 14: Localização do Parque Natural Municipal da Restinga de Carapebus. Fonte: Google Earth

52

Essa área também integra a AEIA – Área de Especial Interesse Ambiental prevista pelo Plano de Manejo do PARNA Jurubatiba, se estendendo em grande parte da zona de amortecimento deste parque. Assim, os dois parques teriam um efeito sinérgico, causando um enorme benefício ecológico que alcança até a escala global, já que se trata de uma região com intensa presença de aves migratórias.

Figura 15: Trinta-réis-ártico, ave migratória registrada na área de Carapebus-RJ. Fonte: José Ricardo Maia

Além disso, destaca-se o enorme potencial de utilização da unidade para atividades de educação ambiental, recreação e turismo ecológico, que podem causar relevantes impactos positivos nas esferas social, cultural e econômica, impulsionando o desenvolvimento local.

6.2.2. Biodiversidade

A seguir é apresentado o estudo dos elementos da Flora da região proposta para criação do parque, desenvolvido pelo professor Dr. Rodrigo Lemes Martins, do Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Socio-Ambiental de Macaé – NUPEM, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

53

6.2.2.1.Diagnóstico dos elementos da Flora de uma faixa de restinga anexa ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, como subsídio para a criação de uma Unidade de Conservação no Município de Carapebus-RJ

Prof. Dr. Rodrigo Lemes Martins (NUPEM/UFRJ)

Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Socio-Ambiental de Macaé - NUPEM Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/Macaé Av. São José do Barreto, no 764. Bairro São José do Barreto CEP: 27965-045 - Macaé, RJ, Brasil

Macaé, 01 de novembro de 2017

54

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é apresentar dados produzidos e disponíveis na bibliografia especializada sobre uma área de restinga limítrofe ao PARNA da Restinga de Jurubatiba, com a finalidade de subsidiar a adoção de um regime de conservação para a área (Figura 1). Por se tratar de uma área que abriga fitofisionomias de restinga pouco estudadas, esse relatório apresenta apenas o potencial para a área abrigar espécies endêmicas e ameaçadas da região, sendo necessário, portanto, um estudo mais aprofundado da área, como importante contribuição para o conhecimento cientifico sobre a conservação e evolução das restingas.

Figura 1: Mapa representando (em verde) porção de restinga contínua ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, avaliada no presente estudo. Área com perímetro em amarelo corresponde a trecho do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba do município de Carapebus (perímetro destacado em vermelho). Em azul destacamos a ocorrência de um fragmento de Mata Seca de Restinga. Fonte: Imagem do Google Maps.

55

MATERIAL E MÉTODOS

O município de Carapebus teve origem a partir da emancipação de um antigo distrito de Macaé de mesmo nome. A colonização do distrito deu-se por doações de sesmarias e arrendamentos a pequenos colonos que viviam das culturas de feijão e mandioca, além da criação de gado. No final do Século XVIII, cerca de 70% da área foi comprada por Caetano Pereira Rabelo, que fundou a Fazenda São Domingos, dedicada à produção de cana-de-açúcar, chegando a ser uma das mais prósperas do norte fluminense. A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Carapebus foi criada pela Lei Provincial 272 de 9 de maio de 1842, mas, desde 1831 já existia a Vila de Carabebus, tendo sido mencionada em 29 de junho de 1831, na criação da Vila de São João de Macaé, futuro Município de Macaé. (ICMBIO, 2008)

A área que será aqui apresentada se localiza às margens do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. O acesso a sua porção sul, ao sul da lagoa de Carapebus, pode ser feito pelo território do Rancho Jurubatiba e Rancho Ouro Preto ou mesmo via ferrovia, em sua porção norte a área representa trechos mais litorâneos da área conhecida como Carrapato (Figura 2). Tanto as visitas realizadas na área, como as interpretações de imagens de satélite, mostram que partes da área analisada apresentam trechos em estágio médio de regeneração, estando o restante conservado, conforme trechos do PARNA da Restinga de Jurubatiba.

A área foi avaliada com base em visitas realizadas na referida área, além da consulta por dados encontrados no Plano do Manejo do PARNA da Restinga de Jurubatiba (ICMBio, 2008), dados publicados em teses e periódicos, além dados de coleta do Dr. Bruno Coutinho Kurtz, disponível do site do Jardim Botânico (JBRJ, 2017). O presente relatório focou na diversidade vegetal da área avaliada, em função da disponibilidade de dados em plataformas e bases de dados botânicos. É importante considerar que a diversidade da flora de uma região é um dos principais indicadores da diversidade de outros grupos animais que, em geral, assim como a espécies humana, depende das plantas.

56

RESULTADOS

A vegetação da restinga é bastante rica e diversa e segundo RIZZINI (1979) não apresenta uma flora com composição de espécies que lhe seja peculiar, provavelmente devido à sua origem recente e ocupação a partir das floras de ecossistemas pré-existentes como a Mata Atlântica, com a qual divide grande número de espécies (e.g. Bougainvillea spectabilis, Calophyllum brasiliense, Clusia lanceolata, Ficus insipida, Machaerium aculeatum, Tapirira guianensis).

Apesar do pequeno endemismo de espécies, a restinga de jurubatiba apresenta uma grande diversidade de comunidades vegetais diferentes que evoluíram e, atualmente, se apresentam em equilíbrio mesmo sob severas condições de estresse hídrico e salino. Essa diversidade, se deve às várias feições topológicas definidas durante o Pleistoceno e Holoceno, quando sedimentos fluvio-marinhos foram trabalhados no estuário do rio Paraíba do Sul e se depositaram formando as praias, as dunas, os cordões arenosos e as baixadas fluviais, além das lagoas, lagos, brejos e charcos. O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba abriga a maioria destas comunidades, muitas das quais não são mais encontradas em outras restingas do Estado, principalmente o scrub baixo de pós-praia e os dois tipos de floresta paludosa.

Uma classificação proposta por HENRIQUES et al. (1986), entre as Lagoas de Cabiúnas (Jurubatiba) e a de Carapebus, divide a vegetação em sete formações: (1) formação praial graminóide; (2) formação graminóide com arbustos; (3) formação pós-praia; (4) formação de Clusia; (5) formação de ericácia; (6) formação de mata paludosa; e a (7) formação de mata de restinga. Já ARAÚJO (1992), divide a vegetação do Parque em 10 formações as sete primeiras, correspondentes ao sistema anterior (HENRIQUES et al. 1986), mais três adicionais, todas discriminadas a seguir: (1) halófila + psamófila reptante; (2) herbácea brejosa; (3) arbustiva fechada de pós-praia; (4) arbustiva aberta de Clusia; (5) arbustiva aberta de Ericaceae; (6) mata permanentemente inundada; (7) mata periodicamente inundada; (8) arbustiva aberta de Palmae; (9) mata do cordão arenoso; e (10) vegetação aquática.

57

Estudo produzido por CARIS et al. (2013) apresenta um mapa da extensão ocupada por essas diferentes formações, destacando a presença da formação arbustiva aberta de Clusia, cobrindo cerca de 35% das áreas de restinga ao sul do rio Paraíba do Sul, seguida por arbustiva aberta de Ericacea (30%) e formações florestais (15%) que ocorrem ao longo de pântanos, lagoas e canais (10%).

Curiosamente, o estudo de HENRIQUES et al. (1986), que apresenta um maior detalhamento das formações presentes no PARNA da Restinga de Jurubatiba, não registra para a referida Unidade de Conservação a presença de fragmentos de floresta seca, presente na área avaliada.

Apesar de ainda faltarem dados florísticos e abióticos da área analisada, uma visita a área identificou um importante elenco de comunidades vegetais: o scrub lenhoso, que recobre os cordões arenosos; o brejo herbáceo, nas depressões e lagoas; a floresta temporária, ou permanentemente inundada, também em áreas mais baixas; e, principalemente, a floresta seca, nos cordões mais antigos e interiores, formação cada vez mais rara. Assim segue abaixo a descrição das fitofisionomias encontradas na região elencando principais características presentes nas mesmas, conforme descrito no plano de manejo do Parque nacional da Restinga de Jurubatiba.

58

Figura 1: Mapa representando (com o perímetro destacado em verde) um trecho da área avaliada no presente trabalho destacando pontos com as principais fitofisionomias de restinga: (A) Formação arbustiva abeta de Clusia, (B) Mata seca de restinga (destacado com o perímetro em azul), (C) Mata permanentemente inundada, (D) Mata periodicamente inundada, (E) Brejos herbáceos e (F) plantas aquáticas; (G) Formação arbustiva aberta de Ericaceae. Fonte: Imagem do Google Maps.

Formação arbustiva aberta de Clusia

No topo dos cordões arenosos encontramos uma vegetação arbustiva densa distribuída em moitas de vegetação de vários tamanhos e formas, intercaladas por espaços de areia nua com eventuais exemplares de poucas espécies, se configurando como uma formação aberta (com cerca de 40% de cobertura segundo OLIVEIRA-GALVÃO et al. 1990). A vegetação arbustiva aberta de Clusia, como é chamada, apresenta cerca de 150 espécies distribuídas em moitas de cerca de 4m2 até mais de 1000m2. Geralmente, a altura da copa da moita de 1,8 a 5,0m de altura, sendo maior no centro e mais baixa nas bordas. São abundantes os arbustos lenhosos esclerófitos e arvoretas tortuosas, com líquens, bromélias epífitas como Tillandsia sticta e T. usneiodes, a barba-de-velho, além de alguns parasitas. As espécies com maior

59

valor de importância nas moitas são Clusia hilariana, Protium icicariba, Erythroxylum subsessile e Eugenia umbelliflora, além do guriri (Allagoptera arenaria), especialmente nas pequenas moitas. Indivíduos que ocorrem isolados são representados pelo guriri, bromélias (Aechmea nudicaulis e Neoregelia cruenta) e cactos (Pilosocereus arrabidae). Estas plantas resistentes à insolação conseguem se instalar como pioneiras na areia nua, entre as moitas. Outras plantas que ocorrem isoladas são Vernonia crotonoides, Baccharis arctostaphylloides e Croton macrocalyx. Entre as árvores e arbustos comuns estão E. uniflora (pitangueira), Tapirira guianensis, Andira legalis e Ocotea notata. Entre as trepadeiras e lianas, destacam-se Ditassa banksii, Mandevilla moricandiana, Passiflora alliaceae (maracujá), Paullinia weinmanniaefolia, Peixotoa hispidula, Serjania salzmanniana, Smilax rufescens e a baunilha (Vanilla chamissonis).

Tese produzida por PIMENTEL (2007), revelou as espécies mais comuns da Formação arbustiva aberta de Clusia. Trabalhando em uma escala mais extensa e incluindo cordões arenosos mais continentais, o trabalho de PIMENTEL (2007) pode oferecer uma boa lista de 61 espécies, provavelmente mais representativa do que pode ser encontrada na área avaliada no presente trabalho (Tabela 1).

Tabela 1: Família e espécies de lenhosas amostradas na formação aberta de Clusia, no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, RJ. Fonte: Pimentel, 2007. Família Espécies

Tapirira guianensis Aubl. ANACARDIACEAE Schinus terebinthifolius Raddi ANNONACEAE Xylopia ochrantha Mart. AQUIFOLIACEAE Ilex integerrima (Vell.)Reissek Vernonia crotonoides Sch.Bip. ex Baker ASTERACEAE Vernonia fruticulosa Mart. ex DC. Baccharis arctostaphyloides Baker Protium icicariba (DC.)Marchand BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.)Marchand CAPPARACEAE Capparis flexuosa (L.)L. CELASTRACEAE Maytenus obtusifolia Mart. CLUSIACEAE Clusia hilariana Schltdl.

60

Kielmeyera membranacea Casar. Garcinia brasiliensis Mart. Agarista revoluta (Spreng.) J.D.Hooker ex Nied. ERICACEAE Gaylussacia brasiliensis (Spreng.)Meisn. Erythroxylum subsessile (Mart.)O.E.Schulz ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum ovalifolium Peyr. Chaetocarpus myrsinites Baill. EUPHORBIACEAE Pera glabrata Baill. Croton sp HUMIRIACEAE Humiria balsamifera (Aubl.)St.-Hil. LAURACEAE Ocotea notata (Nees)Mez Abarema langsdorffii (Benth.) R.C.Barneby &

Grimes Inga maritima Benth. Senna pendula (Willd.) H.S.Irwin &

LEGUMINOSAE R.C.Barneby Andira legalis (Vell.)Toledo Ormosia arborea (Vell.)Harms Andira fraxinifolia Benth. Byrsonima sericea DC. MALPIGHIACEAE Heteropterys coleoptera A.Juss. MARCGRAVIACEAE Norantea brasiliensis Choisy MELIACEAE Trichilia sp Myrsine parvifolia A.DC MYRSINACEAE Myrsine umbellata Mart. Myrcia lundiana Kiaersk. Eugenia umbelliflora Berg Neomitranthes obscura (DC.)Legrand Gomidesia martiana Berg Eugenia nitida Cambess. MYRTACEAE Calyptranthes brasiliensis Spreng. Eugenia sulcata Spreng. ex Mart. Eugenia ovalifolia Cambess. Marlieria rubiginosa (Cambess.)Legrand. Eugenia olivacea Berg Gomidesia fenzliana Berg NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.)Reitz OCHNACEAE Ouratea cuspidata (St.-Hil.)Engl. OLACACEAE Heisteria perianthomega (Vell.)Sleumer Coccoloba arborescens (Vell.)How. POLYGONACEAE Coccoloba confusa How. Coccoloba alnifolia Casar. Tocoyena bullata Mart. RUBIACEAE Amaioua pilosa K.Schum.

61

RUTACEAE Pilocarpus spicatus St.-Hil. Cupania emarginata Cambess. SAPINDACEAE Allophylus puberulus Radlk. SAPOTACEAE Manilkara subsericea (Mart.)Dubard STERCULIACEAE Waltheria sp THEACEAE Ternstroemia brasiliensis Cambess. VERBENACEAE Vitex polygama Cham.

Formação arbustiva aberta de Ericaceae

Outra formação de moitas localizadas em área bem drenada, devido ao solo arenoso, porém com a possibilidade de apresentar o sol encharcado pela elevação do lençol freático é a arbustiva aberta de Ericaceae. Essa formação é caracterizada por moitas de formas irregulares, com vários tamanhos, mais ou menos alinhadas paralelamente à linha da praia, separadas por vegetação herbácea. Segundo MONTEZUMA (1997), foram encontradas 105 espécies, das quais 43 lenhosas, entre elas Protium icicariba, Ocotea notata, Clusia hilariana, Erythroxylum subsessile, Calyptranthes brasiliensis, Myrcia lundiana, Rapanea parvifolia, Humiria balsaminifera e Tocoyena bullata (araçarana). Nas áreas abertas entre moitas, ocorrem as herbáceas Chamaecrista ramosa, Cuphea flava, Evolvulus genistoides, Marcetia taxifolia, Turnera ulmifolia, além de outras gramíneas ciperáceas, e os cactos Cereus fernabucensis e o Pilosocereus arrabidae, além de bromélias (Aechmea nudicaulis, Vriesia neoglutinosa).

Mata periodicamente inundada

Entre as formações arbóreas, está a chamada mata periodicamente inundada, que ocorre nas depressões entre os cordões arenosos, em solo argilo-arenoso ácido (pH entre 3,2 e 5,1) devido a influência fluvial das lagoas. Essas áreas estão sujeitas ao afloramento temporário do lençol freático durante a estação chuvosa. A mata tende a atingir uma altura de cerca de 20m, com árvores com troncos em geral retilíneos e algumas com sapopemas. O dossel é descontínuo, com um sub-bosque pouco denso, presença de palmito (Euterpe edulis) e outras palmeiras (Geonoma schottiana e Bactris sestosa), algumas

62

trepadeiras, além do estrato herbáceo. Foram registradas nesta formação cerca de 100 espécies sendo 26 de árvores. O estrato superior é dominado por Tapirira guianensis, Symphonia globulifera, Calophyllum brasiliense e Andira fraxinifolia (angelim). Outra árvore abundante é a caxeta ou ipê (Tabebuia cassinoides). O estrato arbustivo, do interior da mata, é formado por Psychotria carthaginensis e Sorocea hilarii, entre outras. Entre as ervas estão Aechmea bromelifolia, Dichorisandra thyrsiflora, Maranta diversifolia e Scleria latifolia e as trepadeiras Asplundia sp., Orthomene schomburghii, Passiflora kermesiana (maracujá) e Smilax staminea.

Mata permanentemente inundada

Semelhante à formação anterior, mas, sob regime de inundação total e uma riqueza menor de espécies, é a chamada mata permanentemente inundada. Esta formação aparece na é dominada pela caxeta, ou Tabebuia cassinoides, que pode ficar sob 10 a 50 cm de água. Juntamente com a caxeta, aparecem outras como Rapanea umbellata, Alchornea triplinervia, Annona glabra, Sapium glandulatum e a quaresmeira (Tibouchina trichopoda). As árvores desta formação apresentam sinais de resposta à condição de alagamento a que estão submetidas, como espessamento da base do tronco e raízes aéreas.

Mata seca de restinga

Situada no alto dos cordões arenosos, onde o lençol freático nunca aflora e o terreno é bem drenado, verificamos a ocorrência de um importante remanescente da chamada mata de cordão arenoso. Muito explorada e utilizada para retirada de madeiras para vários usos esta mata, que possui em média 12 a 15 m de altura e que deveria ser ainda mais alta no passado, está em franco processo de extinção ao longo de toda a costa Brasileira. Na área foco do presente estudo a mesma ainda apresenta árvores de 50-60 cm de diâmetro, como o imbiruçu (Eriotheca pentaphylla), a peroba (Aspidosperma parvifolium), a copaíba (Copaifera langsdorfii), entre outras, como Couepia

63

schottii, Pseudopiptadenia contorta, Simarouba amara e Xylopia sericea. O cacto-brasileiro ou Opuntia brasiliensis ocorre característicamente nestas matas e reproduz-se vegetativamente a partir do re-brotamento de indivíduos caídos.

Brejos herbáceos e plantas aquáticas

A formação herbácea brejosa ocorre nos braços das lagoas e nas depressões entre as cristas da praia, onde a superfície do solo tende a estar encharcada. Algumas espécies como a tifa (Typha dominguensis), as ciperáceas Cladium jamaicense e Sagittaria lancifolia preferem as partes que ficam encharcadas durante maior tempo. Nas regiões úmidas, raramente encharcadas, a samambaia Blechnum serrulatum, as gramíneas, e as ciperáceas são frequentes. Ocorrem, também, plantas carnívoras como Utricularia tricolor e U. erectiflora.

Por fim, temos a comunidade de plantas aquáticas nos braços da lagoa de Carapebus, que apresenta caraterísticas distintas de macrófitas em função de condições limnológicas específicas. Na Lagoa de Carapebus, com água salobra e alcalina, as macrófitas são menos freqüentes, destacando-se apenas pela presença de Ruppia maritima, planta submersa semelhante a um capim.

Composição Florística

A florística da área foi avaliada com base nas visitas realizadas em campo e, principalmente, para as áreas de mata, nos dados resultante das coletas realizadas pelo Dr. Bruno Coutinho Kurtz, disponível no site do Jardim Botânico (JBRJ, 2017)

As espécies de árvores listadas são 41, distribuídas em 22 famílias. As famílias mais abundantes são Myrtacea e Lauraceae. Os gêneros mais abundantes em relação ao número de espécies são da família Myrtaceae, Os gêneros que se destacam foram Eugenia e Myrcia (Tabela 2).

O fato das coletas focarem o componente arbóreo da área as famílias

64

representadas destoam daquelas destacadas como mais frequentes no lano de Manejo do Parque nacional da Restinga de Jrubatiba, que foram: Asteraceae, Bromeliaceae, Euphorbiaceae, Leguminosae, Myrtaceae e Rubiaceae.

Tabela 2: Lista de espécies registradas para a área avaliada no presente relatório no site do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, coletadas pelo Dr. Bruno Coutinho Kurtz.

FAMÍLIA ESPÉCIE STATUS Annona montana Macfad. ANNONACEAE Duguetia sessilis (Vell.) Maas

AQUIFOLIACEAE Ilex pseudobuxus Reissek

ARECACEAE Geonoma schottiana Mart.

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg

BIGNONIACEAE em Tabebuia cassinoides (Lam.) DC. perigo Protium brasiliense (Spreng.) Engl.

BURSERACEAE em Protium icicariba (DC.) Marchand perigo Clusia hilariana Schltdl. CLUSIACEAE Tovomita fructipendula (Ruiz & Pav.) Cambess.

ERICACEAE Agarista revoluta (Spreng.) J.D. Hook. ex Nied. Chaetocarpus myrsinites Baill. EUPHORBIACEAE Pera glabrata (Schott) Poepp. ex Baill. HUMIRIACEAE Humiria balsamifera (Aubl.) A.St.-Hil. Nectandra psammophila Nees

Ocotea lobbii (Meisn.) Rohwer LAURACEAE

Ocotea pulchella (Nees & Mart.) Mez Rhodostenonodaphne macrocalyx (Meisn.) Rohwer

ex Madriñán

LEGUMINOSAE Inga laurina (Sw.) Willd.

MALVACEAE Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.Robyns

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O.Berg Calyptranthes brasiliensis Spreng. MYRTACEAE Eugenia astringens Cambess. Eugenia excelsa O.Berg Eugenia rostrata O.Berg Eugenia umbelliflora O.Berg

65

Myrcia bergiana O.Berg Myrcia ilheosensis Kiaersk. Myrcia vittoriana Kiaersk. Psidium cattleianum Sabine NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz PASSIFLORACEAE Passiflora alata Curtis PHYLLANTHACEAE Hieronyma oblonga (Tul.) Müll. Arg. Amaioua intermedia Mart. ex Schult. & Schult.f. RUBIACEAE Posoqueria longiflora Aubl. Matayba guianensis Aubl. SAPINDACEAE Matayba guianensis Aubl. SAPOTACEAE Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. SOLANACEAE Solanum caavurana Vell. THEACEAE Gordonia fruticosa (Schrad.) H.Keng URTICACEAE Cecropia pachystachya Trécul

Espécies Endêmicas e Ameaçadas de Extinção

Como espécies endêmicas da Mata Atlântica do estado do Rio de Janeiro presentes na área considerada no presente estudo, destacamos a possível ocorrência de 09 espécies de plantas e 46 de vertebrados sendo: 5 de aves (Myrmotherula fluminensis, Formicivora erythrotos, Calyptura cristata, Tijuca condita e Formicivora littoralis), 5 de répteis (Liolaemus lutzae, Cnemidophorus littoralis, Liotyphlops guentheri e Leposternon scutigerum), 32 de anfíbios e 4 mamíferos (Monodelphis theresa, Leontopithecus rosalia, Cerradomys Goytaca e Trinomys eliasi). Dessas, 10 espécies eram consideradas restritas às restingas: 4 plantas (Eugenia copacabanensis, Ocotea notata, Opuntia brasiliensis e Scutia arenicola), 2 aves (Formicivora littoralis e Mimus gilvus antelius), 1 mamifero (Cerradomys goytaca), 2 répteis (Liolaemus lutzae, Cnemidophorus littoralis) e 1 anfibio (Bufo pygmaeus).

As espécies ameaçadas da restinga são aquelas que sofrem pressões por exploração humana ao longo de toda a Mata Atlântica ou aquelas endêmicas das restingas fluminenses que estão em franco processo de fragmentação e, portanto, tem suas populações ameaçadas. As espécies

66

consideradas como ameaçadas de extinção nas restingas de Macaé, Carapebus e Quissamã são: Couepia schottii e Pavonia alnifolia, além de outras endêmicas às restingas fluminenses, como Marsdenia dorothyae, Orthosia arenosa, Dyospiros janeirensis, Croton macrocalyx e Algernonia obovata.

Destaca-se na área de estudo, assim como em toda região do PARNA, a presença de Protium icicariba e Tabebuia cassinoides considerada em perigo. Essa última é uma espécie de madeira hoje tida como rara, que vêm sofrendo sistematicamente o corte de madeira para carvão e queimadas, sendo encontrada somente em alguns poucos remanescentes de mata. Além das ameaçadas supracitadas ainda podemos considerar a presença de outras espécies em perigo como Scutia arenicola.

Por fim, é importante salientar que, mais importante que a presença de espécies endêmicas, as restingas se caracterizam como ecossistemas sob forte ameaça, por se encontrarem em regiões litorâneas sob forte pressão da especulação imobiliária.

CONCLUSÃO

A área de estudo representa um importante fragmento periférico ao PARNA da Restinga de Jurubatiba, que pode se constituir um importante cinturão de proteção da referida unidade.

A área abriga importantes plantas da restinga, que compõem um elenco importante de espécies que permitem a colonização dessas áreas arenosas garantindo a proteção de recursos hídricos locais e, principalmente, a geomorfologia local.

As comunidades relacionadas são comuns ao PARNA, porém destaca- se a ocorrência de um fragmento de Mata seca de Restinga, tipo fisionômico cada vez mais raro, que não se encontram representados nas áreas do PARNA da Restinga de Jurubatiba. Infelizmente, a velocidade da destruição dos remanescentes de Mata Seca de Restinga tem impedido a ampliação do

67

conhecimento sobre a importância dessa fitofisionomia e das espécies componentes, tornando premente os esforços para conservação desses fragmentos.

Ressalta-se, porém, que o conhecimento sobre a área é bastante limitado, de forma que um estudo mais sistemático da vegetação pode ampliar a importância desse fragmento, aumentando o número de espécies inventariadas e apresentando um quadro mais geral da importância desse fragmento em termos de conservação da diversidade genética (NEPSTAD, 1996).

6.2.2.2. Fauna

Apesar da inexistência de estudos de fauna na área proposta, considera- se que esta possa abrigar grande parte da fauna do PARNA Jurubatiba. Ademais, a criação da unidade de conservação municipal pode facilitar o desenvolvimento de pesquisas científicas na área, revelando ainda mais o seu potencial ecológico e suas relações com a área do parque nacional.

6.2.3. População afetada

A criação da unidade trará benefícios ambientais, sociais e econômicos para a população do município. A área em questão não apresenta potencial produtivo para a agricultura ou pecuária, e ainda apresenta restrições de uso por estar localizada no entorno de outra unidade de conservação.

Alguns proprietários rurais foram identificados como detentores das terras, logo maiores esforços deverão ser realizados pela prefeitura no sentido da conscientização da importância da criação da unidade para todos os envolvidos, para que o processo seja construído da melhor maneira para todos.

68

6.3. Refúgio de Vida Silvestre São Lázaro

Número do Processo de Criação da Unidade: 3339

Data de abertura: 30 de Maio de 2017

6.3.1. Caracterização, justificativa e objetivos

A área proposta para o Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro também se situa nas proximidades do PARNA Jurubatiba, se caracterizando como um dos raros fragmentos de fitofisionomia florestal com bom estado de conservação no município. Com uma área estimada em 197 hectares, a criação desta unidade de proteção integral tem como principal objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

O Refúgio de Vida Silvestre pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

69

Figura 16: Localização da Refúgio de Vida Silvestre Fazenda São Lázaro. Fonte: Google Earth

70

6.3.2. Biodiversidade

A seguir é apresentado o estudo dos elementos da Fauna e da Flora da região proposta para criação da unidade, desenvolvido pelo professor Dr. Rodrigo Lemes Martins e Eduarda Rezende Caillava Gomes, do Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Socio-Ambiental de Macaé – NUPEM, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

71

6.3.2.1. Diagnóstico dos elementos de Fauna e Flora de um fragmento florestal contínuo ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba como subsídio para a criação de Unidade de Conservação no Município de Carapebus-RJ

Prof. Dr. Rodrigo Lemes Martins (NUPEM/UFRJ)

Eduarda Rezende Caillava Gomes

Núcleo de Pesquisas em Ecologia e Desenvolvimento Socio-Ambiental de Macaé - NUPEM Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ/Macaé Av. São José do Barreto, no 764. Bairro São José do Barreto CEP: 27965-045 - Macaé, RJ, Brasil

Macaé, 19 de outubro de 2017

72

INTRODUÇÃO

O objetivo do presente trabalho é apresentar dados produzidos e disponíveis na bibliografia especializada sobre um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual (FESD) disposto ao sul do município de Carapebus, com a finalidade de subsidiar a adoção de um regime de conservação para a área (Figura 2). Por se tratar de uma área de estudo localizada entre corredores de biodiversidade e regiões fitoecológicas, é possível que a região apresente tanto espécies endêmicas da região da Serra do Mar, como espécies do Corredor Central, além de apresentar espécies da Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrofila Densa e de formações de Restinga.

73

Figura 2: Mapa representando o fragmento de Floresta Estacional Semidecidual ao sul do município de Carapebus, destacado pela linha vermelha. Faixa arenosa litorânea corresponde a trecho do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Fonte: Imagem do Google Maps.

74

MATERIAL E MÉTODOS

A área que será aqui apresentada se localiza às margens do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, formando um corredor que adentra porções continentais do território. Seu acesso pode ser feito via fazenda São Lázaro, via ferrovia ou via rodovia estadual RJ-178 (Figura 2). O remanescente da Floresta Estacional estudado pode ser enquadrado como Floresta Estacional Semidecidual de Terras Baixas, de acordo com o sistema de classificação da vegetação brasileira (VELOSO et al. 1991). Tanto as visitas realizadas na área, como as interpretações de imagens de satélite, mostram que partes do fragmento, principalmente borda e áreas de acesso, se encontram em estágio médio de regeneração, estando o restante em estágio avançado.

A área foi amostrada e avaliada no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para ampliação do terminal de petróleo e gás de Cabiúnas, Terminal Cabiúnas – Transpetro/Petrobrás (TECAB), concluído em 2011. Nessa ocasião, um importante relatório foi produzido, apresentando dados sobre fragmentos florestais dentro da unidade da Transpetro e outros na Área de Influência Indireta, em faixa entre 2 e 5 Km de distância do empreendimento. Dessa forma, a amostragem de mastofauna, avifauna e herpetofauna do EIA supracitado incluiu as áreas florestais do território sul do município de Carapebus. Sobre o inventário da flora, o EIA do TECAB focou em fitofisionomias de FESD no interior do terreno do referido terminal.

DADOS BIOLÓGICOS

Os dados aqui apresentados foram obtidos a partir do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de ampliação do TECAB, produzido por um conjunto de professores e professoras especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dados se referem ao fragmento florestal de interesse e outros remanescentes no entorno da área, apresentando um quadro geral ou uma composição possível de espécies para os diferentes grupos. Conforme o EIA supracitado, os dados foram obtidos por meio de inventários em campanhas de campo, além de incluir também: (1) dados

75

secundários obtidos em campanhas de monitoramento entre 2006 e 2011; (2) entrevistas com funcionários e funcionárias do TECAB; (3) pesquisas bibliográficas em bases de dados como: Scientific Eletronic Library – Brasil (http://www.scielo.org), Science Direct (http://www.sciencedirect.com), e banco de teses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (http://capesdw.capes.gov.br/capesdw), para o período entre 2000 e 2011; (4) publicações do Museu Nacional (http://www.publicacao.museunacional.ufrj.br); (5) O banco de dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Macaé (SEMMA) também foi utilizado, assim como o Plano de Manejo do PARNA da Restinga de Jurubatiba (IBAMA, 2005).

Com relação aos dados da flora, as coletas do relatório do TECAB não incluíram amostragens do fragmento de FESD foco do presente trabalho, empreendendo esforços em fragmentos próximos que se encontram sob as mesmas condições geomorfológicas e quotas topográficas do fragmento focal (Figura 3) (ICMBIO, 2008). As amostras de herpetofauna também foram realizadas fora do fragmento em foco, com um ponto de amostragem bem próximo. Já o levantamento dos grupos de mastofauna e avifauna contou com pontos de amostragem localizados no interior do fragmento de FESD foco do presente trabalho, conforme apresentado na Figura 3.

76

Figura 3: Mapa representando os pontos de coleta estabelecidos em fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual e Restingas ao norte do município de Macaé e sul do município de Carapebus, para fins de produção do Relatório para a ampliação do Terminal Cabiúnas (TECAB). A área de interesse do presente relatório está destacada com linha branca, as divisas municipais com linha vermelha e os limites do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba em amarelo. Pontos em amarelo representam os trechos vistoriados para o estudo fitossociológico. Em azul os pontos de coletas para o estudo da mastofauna. Em vermelho as coletas para estudo de avifauna, e em verde coletas para estudo da herpetofauna e anurofauna. (Fonte: EIA de Ampliação do Terminal de Cabiúnas, com alterações)

77

Os métodos para a produção de dados para o relatório de ampliação do TECAB foram:

a) Flora – As listas de espécies presentes no relatório supracitado foram produzidas a partir de dados coletados na área de implantação do empreendimento e na área de influência direta. Na área de implantação fo- ram utilizadas parcelas dispostas alocadas permanentemente em cada fragmento, totalizando aproximadamente 7000 m2. Na área de influência direta, foram feitos levantamentos com o objetivo de caracterizar a flora no quesito sucessional e fitogeográfico. No presente relatório será apresenta- da somente a síntese do estudo florístico realizado nas Áreas de Influência Direta, com fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual de terras bai- xas do Projeto de ampliação do Terminal de Cabiúnas, TECAB, Macaé, RJ, por tratar-se de uma lista mais completa e representativa. Por fim, é importante ressaltar que parte dos dados do relatório foram produzidos no âmbito do monitoramento florestal realizado pelo Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-ambiental de Macaé ( Di DARIO et al. 2011). As identificações botânicas das espécies encontradas foram feitas em campo ou coletadas para posterior identificação com base na literatura especializada, além de, quando necessário, serem comparadas às exsicatas depositadas no herbário UEC do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, ou identificadas por outros especialistas através do envio de fotografias e duplicatas.

O sistema de classificação da vegetação utilizado é o Veloso et al. (1991), e para a classificação botânica foi utilizado o APG III (APG III 2009), sendo as sinonímias verificadas no site do Missouri Botanical Garden (W3TROPICOS 2005).

b) Mastofauna terrestre – Pelo fato desse grupo apresentar espé- cies com hábitos diversos, muitos deles com alta agilidade, parte do esfor- ço de coleta foi empreendido no entorno do fragmento estudado. Uma grande diversidade de métodos foi empregada: entrevistas, pesquisas bi- bliográficas, percursos noturnos motorizados, percursos diurnos motoriza- dos, percursos de caminhada (1000m) diurnos e noturnos e emprego de

78

dispositivos remotos (armadilhas fotográficas) de obtenção de imagens. Estradas no entorno foram percorridas para verificar o registro de atrope- lamentos. No fragmento de FESD de interesse apenas dois percusros de caminhada foram realizados, durante o dia, com esforço total de 2km de amostragem, em duas horas. c) Avifauna – Foram utilizadas duas metodologias para a amostra- gem da avifauna nas áreas de influência: Transecto Irregular (1), que con- sistiu no estabelecimento de transectos nos pontos amostrais, incluindo a maior quantidade possível de ambientes presentes em cada ponto, com o registro de dados qualitativos, como anotações auditivas e visuais, distân- cia percorrida no transecto, velocidade média de deslocamento e tempo despendido; Ponto Fixo de Escuta (2) que consistiu no estabelecimento de estações de registro de dados audiovisuais, dispostos 200 metros distan- tes entre si (uma vez que o raio de percepção do/a pesquisador/a é de até 100 metros), onde foram anotados o número de espécies (riqueza) e o número de indivíduos de cada espécie (abundância). O método do tran- secto irregular foi realizado em apenas uma ocasião, no período da ma- nhã, por um tempo de 5 horas, enquanto as amostragens nos pontos fixos de escuta foram feitas com 10 minutos de amostragem, também no perío- do da manhã. d) Anurofauna e Herpetofauna - Para essa amostragem foram utili- zadas três metodologias: Amostragem em Sítio Reprodutivo (ASR), para anurofauna, Procura Ativa Limitada por Tempo (PALT), para herpetofauna, e Encontros ocasionais para ambos. Encontros Ocasionais (1) consistiram em coletar registros oriundos de encontro de anfíbios e répteis vivos ou mortos ao longo de outras atividades que não a amostragem dos demais métodos (SAWAYA, 2004 apud EIA – TECAB, 2011); Amostragem em Sítio Reprodutivo (2) foi utilizada para anfíbios e se resume na observação dire- ta para o registro de dados sobre distribuição no ambiente, riqueza, e pa- drões de atividade, com o auxílio de lanternas e em período noturno e de chuva, em locais utilizados pelos sapos, pererecas e rãs como sítios de reprodução; Procura Ativa Limitada por Tempo (3), onde foram feitas cami- nhadas entre os pontos de amostragem, com velocidade média de 2km/h,

79

no período diurno. Os métodos ASR e PALT foram aplicados somente uma vez no fragmento foco do presente trabalho, sedo o primeiro com um es- forço de 2h e o segundo 1,5h. Durante as amostragens, diversos ambien- tes foram examinados visualmente, no intuito de verificar a presença de espécies de répteis e anfíbios em locais abrigados, tocas, serapilheira, plantas epífitas, troncos de árvores caídos, brejos, margens de matas, áreas de pastagens, entre outros.

Os pesquisadores que produziram o relatório do TECAB definiram endemismo e raridade de acordo com Caiafa (2008), onde o endemismo é atribuído às espécies que ocorrem em uma área geográfica restrita, enquanto que a raridade caracteriza as espécies que, mesmo com distribuição geográfica ampla, ocorreram com densidade populacional baixa.

RESULTADOS

Os dados apresentados no EIA de ampliação do TECAB, permitem uma boa visão da composição de espécies dos fragmentos de FESD presentes no limite norte do município de Macaé e sul de Carapebus. Grande volume de dados apresentados advém de uma ampla base de dados consultada além de dados primários.

É possível avaliar que, devido a: (1) realização de coletas diretas no fragmento de FESD em foco neste relatório; (2) similaridade das áreas avaliadas com relação ao fragmento focal e, (3) a proximidade de todos os fragmentos estudados, os resultados obtidos permitem uma excelente visão da diversidade que pode ser encontrada na área.

FLORA

O estudo realizado em fragmentos florestais presentes na área de influência direta do TECAB registou 117 espécies, distribuídas em 52 famílias botânicas. Fabaceae representa a família de maior riqueza com 16 espécies, seguida de

80

Myrtaceae com 14 espécies, e Rubiaceae com 5 espécies. Segundo o estudo, esse padrão também foi verificado por Carvalho et al. (2008), em conjuntos florestas do centro-norte fluminense. Para a região, o fato da família das leguminosas ser apontada como uma das famílias de maior riqueza contrapõe o que se costuma encontrar no restante da Floresta Atlântica do sudeste, onde Lauraceae, Myrtaceae e Sapotaceae costumam apresentar uma riqueza proporcionalmente maior (Tabela 1).

Tabela 1: Síntese do estudo florístico realizado nas Áreas de Floresta Estacional Semidecidual de terras baixas próximas ao Projeto de ampliação do Terminal de Cabiúnas, TECAB, Macaé, RJ. Legenda: Porte: Ar – arbóreo; Ab – arbustivo; Av – arvoreto; Er – herbáceo; Es – estipe; Ep – epífita e Lia – liana. Usos: md – madeireiro; me – medicinal; rd – recuperação de áreas degradadas; fa – fauna; al – alimentar; ps – paisagístico; or – ornamental; e for – forrageiro, Ameaçada: ocorrência de espécies ameaçadas de extinção (BR – território nacional & SP no Estado de São Paulo) Família / Nome científico Nome-popular Ameaçada Porte Usos Anacardiaceae Astronium graveolens Jacq. guaritá ... Ar md Lithraea molleoides Engl. aroeira-branca ... Ar rd Schinus terebinthifolia Raddi aroeira-pimenteira ... Ar rd Annonaceae Annona cacans Warm. araticum-cagão ... Ar fa Rollinia sericea (R.E.Fr.) R.E.Fr. pindaíba ... Ar fa Xylopia sericea A. St.-Hil. pindaíba ... Ar fa Apocynaceae Asclepias curassavica Griseb. erva-de-leite ... Es for Rauvolfia cf. grandiflora Markgr. leiteiro ... Ar rd Tabernaemontana laeta Mart. leiteiro ... Ar rd Arecaceae Astrocaryum aculeatissimum brejaúba ... Es fa (Schott) Burret Attalea humilis Mart. indaiá ... Es fa Bactris setosa Mart. palmeira-tucum ... Es fa Syagrus pseudococcos (Raddi) pati ... Es fa Glassman Asteraceae Dasyphyllum spinescens (Less.) espinheiro ... T rd Cabrera Bignoniaceae Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart. ipê-verde ... Ar md Jacaranda macrantha Cham. caroba ... Ar ps Macfadyena unguis-cati (L.) A.H. cipó-florido ... T ps Gentry Sparattosperma leucanthum (Vell.) ipê-verde ... Ar md K. Schum. Boraginaceae

81

Cordia ecalyculata Vell. louro-pardo ... Ar rd Cordia sellowiana Cham. louro-pardo ... Ar rd Cordia trichoclada DC. louro-pardo ... Ar rd Cannabaceae Trema micrantha (L.) Blume pau-pólvora ... Ar rd Celastraceae Maytenus communis Reissek cafezinho-do-mato ... Ar rd Chrysobalanaceae Couepia sp. pajurá ... Ar md Clusiaceae Vismia guianensis (Aubl.) Choisy vismia ... Ar rd Combretaceae Buchenavia kleinii Exell. buchenavia ... Ar rd Cyclanthaceae Asplundia rivularis L. palmeira-cipó ... Ep ps Dilleniaceae Davilla elliptica A. St-Hil. cipó-caboclo ... Ar ps Elaeocarpaceae Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. sapopema ... Ar md Euphorbiaceae Croton floribundus Spreng. capixingui ... Ar rd Croton urucurana Baill. sangra-d'água ... Ar rd Pera heteranthera (Schrank) I.M. tobocuva ... Ar rd Johnst. Tetrorchidium rubrivenium Poepp. iricurana ... Ar rd Fabaceae-caesalpinoideae Peltophorum dubium (Spreng.) canafístula ... Ar ps Taub. Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & aleluia ... Ar ps Barneby Swartzia langsdorffii Raddi pau-fede ... Ar rd Fabaceae-faboideae Centrolobium robustum (Vell.) Mart. araribá ... Ar rd ex Benth. Dalbergia frutescens (Vell.) Briton cipó-legume ... T rd Exostyles venusta Schott ex Spreng pau-grande ... Ar rd Machaerium brasiliense Vogel jacarandá ... Ar rd Machaerium cf. ruddianum Vogel jacarandá-de-espinho ... Ar rd Machaerium sp. jacarandá ... Ar rd Machaerium stipitatum (DC.) Vogel jacarandazinho ... Ar rd Pterocarpus rhorii Vogel pau-sangue ... Ar rd Fabaceae-mimosoideae Abarema brachystachya (DC.) jupumba ... Ar rd Barneby & Grimes Anadenanthera colubrina (Vell.) angico-branco ... Ar rd Brenan Inga sessilis (Vell.) Brenan inga-feijão ... Ar rd Piptadenia gonoacantha (Mart.) pau-jacaré ... Ar rd J.F.Macbr. Piptadenia paniculata Benth. serra-de-jacaré ... Ar rd

82

Hernandiaceae Sparattanthelium botocudorum Mart. ninho-de-bem-te-vi ... Ar fa Lamiaceae Aegiphila sellowiana Cham. tamanqueiro Ar rd Lauraceae Ocotea dispersa (Nees) Mez canelinha Ar fa Lecythidaceae Lecythis sp. sapucaia Ar rd Loganiaceae Strychnos brasiliensis (Spreng.) strichnos Ar fa Mart. Malpighiaceae Byrsonima sericea DC. murici Ar fa Heteropterys martiana A. Juss. cipó-flor T fa Maranthaceae Stromanthe schottiana Nicholson caeté-bambú Er or Malvaceae Eriotheca pentaphyla (Vell.) A. embiruçu Ar rd Robyns Luehea divaricata Mart. açoita-cavalo Ar rd Melastomataceae Miconia sp. pixirica Ar rd Ossaea amygdaloides Triana pixiriquinha Ar for Meliaceae Cedrela fissilis Vell. cedro-rosa Ar md Guarea macrophylla Vahl marinheiro Ar rd Trichilia silvatica C. DC. pau-de-cutia Ar rd Moraceae Ficus guaranitica Chodat figueira Ar rd Ficus luschnatiana Mart. figueira Ar rd Sorocea hilarii Gaudich. falsa espinheira Ar rd Myrsinaceae Rapanea umbellata (Mart.) Mez capororoca ... Ar fa Myrtaceae Campomanesia pubescens (DC.) O. guabiroba-do-campo ... Ab fa,rd Berg Campomanesia xanthocarpa O. guabiroba ... Ar fa,rd Berg Eugenia cf. blastantha (O. Berg) D. guamirim ... Ar fa,rd Legrand Eugenia cerasiflora Miq. guamirim-vermelho ... Ar fa,rd Eugenia florida DC. guamirim ... Ar fa,rd Eugenia sp.1 guamirim ... Ar fa,rd Eugenia sp.2 guamirim ... Ar fa,rd Eugenia umbelliflora O. Berg guamirim ... Ar fa,rd Eugenia uniflora L. pitangueira ... Ar fa,rd Myrcia rostrata DC. guamirim-de-folha-fina ... Ar fa,rd Myrcia sp.1 guamirim ... Ar fa,rd Myrcia sp.2 guamirim ... Ar fa,rd Myrcia sp.3 guamirim ... Ar fa,rd

83

Psidium guianense Pers. goiabeira-brava ... Ar fa,rd Nyctaginaceae Guapira opposita (Vell.) Reitz maria-mole ... Ar rd Oleaceae Heisteria silvianii Schwacke chupeta-de-macaco ... Ar rd Orchidaceae Vanila chamissonis Klotzsch orquidea-rasteira ... Ep or Piperaceae Piper mollicomum Kunth jaborandi ... Ab fa Polygalaceae Bredemeyera floribunda Willd. chuva-de-ouro ... T ps Polypodiaceae Microgramma vacciniifolia (Langsd. micrograma ... Er or & Fisch.) Copel. Ochnaceae Ouratea castaneifolia (DC.) Engl. ouratea ... Ar rd Rubiaceae Coutarea hexandra (Jacq.) K. café-bravo ... Ar rd Schum. Psychotria carthagenensis Jacq. erva-de-rato ... Ar rd Psychotria nuda (Cham. & Schltdl.) erva-de-rato ... Ar rd Wawra Randia armata (Sw.) DC. pau-armado ... Ar rd Tocoyena bullata (Vell.) Mart. tocoiena ... T ps Rutaceae Zanthoxylum riedelianum Engl. mamica-de-porca ... Ar rd Salicaceae Casearia decandra Jacq. guaçatonga-amarela ... Ar fa,rd Casearia obliqua Spreng. guaçatonga-vermelha ... Ar fa,rd Casearia sylvestris Sw. guaçatonga-preta ... Ar fa,rd Xylosma tweediana (Clos) Eichler guaçatonga ... Ar fa,rd Sapindaceae Allophylus edulis (A. St.-Hil.) Hieron chal-chal ... Ar fa,rd Cupania emarginata Cambess. camboatã ... Ar fa,rd Cupania platycarpa Radlk. camboatã ... Ar fa,rd Matayba elaeagnoides Radlk. camboatã ... Ar fa,rd Paullinia carpopoda Cambess. cipó-guaraná ... T ps Sapotaceae Chrysophyllum flexuosum Mart. falso-abiú ... Ar rd Manilkara cf. salzmannii (A. DC.) guapeva ... Ar fa,rd H.J. Lam Pouteria venosa (Mart.) Baehni guapeva ... Ar fa,rd Schyzaeaceae Anemia phyllitidis (L.) Sw. anemia ... Er for Simaroubaceae

Simarouba amara Aubl. simarouba ... Ar rd Smilacaceae Smilax cognata Kunth smilax ... T ps Solanaceae Cestrum schlechtendahlii G. Don fumo-bravo ... Ar rd

84

Solanum erianthum D. Don fumo-bravo ... Ar rd Tropaeolaceae Tropaeolum majus L. tropalum ... T or Verbenaceae Lantana camara L. lantana ... Er or Violaceae Amphirrhox longifolia (A. St.-Hil.) mulatinho ... Ar rd Spreng. Anchietea pyrifolia A. St.-Hil. anchietea ... T or Vochysiaceae Vochysia bifalcata Warm. tucaneiro ... Ar rd Total: 117 espécies Fonte: Estudo de Impacto Ambiental para Ampliação do Terminal Cabiúnas 2011, p. 21-26.

De acordo com levantamentos regionais realizados por Carvalo et al. (2008), a presença de Chrysobalanaceae, Lecythidaceae e Sapotaceae indica estágios de sucessão mais avançados da vegetação no entorno da área do empreendimento.

Os dados florísticos levantados no estudo, vieram a confirmar a influência da flora da restinga e dos tabuleiros na vegetação do local, exemplificada pela presença intensa de Sparattanthelium botocudorum (ninho-de-bem-te-vi) na borda dos trechos florestais, que, segundo Lorenzi (2009) trata-se de uma espécie típica das matas de restinga e de tabuleiro do Rio de Janeiro até a Bahia.

O EIA caracteriza os trechos mais preservados, aonde a vegetação chega a atingir ao menos 15m de altura, com presença de estratificação definida e de palmeiras como Astrocaryum aculeatissimum (brejaúba), e cipós lenhosos no sub- bosque. Espécies da família Fabaceae, como Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré) e Machaerium stipitatum (sapuvinha), compõem a vegetação arbórea, assim como regenerantes de estágios avançados, como Buchenavia kleinii (buchenavia) e Pouteria venosa (guapeva).

Espécies Endêmicas

Foram registradas na borda dos fragmentos amostrados a já citada Sparatthanthelium botocudorum (ninho-de-bem-te-vi), endêmica e típica das matas de restinga e de tabuleiro do Rio de Janeiro até a Bahia (LORENZI, 2009 apud EIA –

85

TECAB, 2011), e a murici (Byrsonima sericea), endêmica das áreas de restinga do Rio de Janeiro e Espírito Santo (EIA – TECAB, 2011).

Espécies Raras

No levantamento fitossociológico, o EIA registrou a presença de um indivíduo da espécie Exostyles venusta, cuja ocorrência é considerada rara ao longo da sua área de distribuição que vai do centro-norte do Rio de Janeiro até o sul da Bahia (MANSANO & LEWIS, 2004 apud EIA – TECAB, 2011). Segundo o estudo, este registro indica a importância dos fragmentos florestais, ainda que em estágios iniciais, na manutenção da diversidade regional, enfatizando a necessidade de promover medidas de conservação dessas áreas.

Nenhuma das espécies registradas pelo EIA foi encontrada na Lista Oficial da Flora Ameaçada de Extinção do Brasil (IBAMA, 2008 apud EIA – TECAB, 2011).

Espécies com Valor Econômico

Entre os usos florestais, as categorias que mais demandam por recursos são: Madeireira, alimentícia e medicinal. Embora a primeira apresente maior valor agregado, também é responsável pela maior pressão sobre as áreas naturais. Nesse sentido, devido ao seu aproveitamento madeireiro, seis espécies foram classificadas como de eminente valor econômico, em virtude do seu aproveitamento madeireiro: Astronium graveolens (guarita), Cybistax antisyphilitica (ipê-verde), Sparatthosperma leucanthum (ipê-verde), Couepia sp. (pajurá), Sloanea guianensis (sapopema) e Cedrela fissilis (cedro-rosa).

MASTOFAUNA

No estudo desenvolvido para a região e avaliado no presente relatório, foram registrados por dados primários e secundários 29 espécies nativas, 6 espécies

86

exóticas, dois gêneros sem determinação de espécie e um registro de quiróptero sem determinação de Família, Gênero ou espécie (Tabela 2).

Tabela 2: Lista de elementos da mastofauna continental registrados por dados primários e secundários na área de estudos do TECAB, apresentando a posição taxonômica (Ordem, Família e Espécie), nome popular e origem evolutiva.

Ordem Família Espécie Nome popular Origem DP DS Didelphimorpha Didelphidae Chironectes minimus cuica-d'água Nativa A1 Didelphis aurita ganbá Nativa F E/M/B Gracilinanus microtarsus catita Nativa M cuíca-de-quatro- Metachirus nudicaudatus Nativa M olhos Micoureus paraguayanus catita Nativa M Monodelphis americana catita Nativa A1 M cuíca-de-quatro- Philander frenatus Nativa M olhos Xenarthra Myrmecophagidae Tamandua tetradactyla tamanduá-mirim Nativa A1 B Dasypodidae Dasypus novemcintus tatu-galinha Nativa I/P B Euphractus sexcinctus tatu-peba Nativa I/P E Quiroptera Indeterminada Indeterminada morcego Nativa A3 Phyllostomidae Artibeus fimbriatus morcego Nativa M Artibeus lituratus morcego Nativa M Artibeus obscurus morcego Nativa M Carollia perspicillata morcego Nativa M Micronycteris brosseti morcego Nativa M Sturnira lilium morcego Nativa M Vespertilionidae Myotis nigricans morcego Nativa M Desmodontidae Desmodus rotundus morcego-vampiro Nativa M Carnivora Mustelidae Lontra longicaudis lontra Nativa E Procyonidae Procyon cancrivorus mão-pelada Nativa P E/M Canidae Cerdocyon thous cachorro-do-mato Nativa A1 E/M Canis familiaris cachorro-doméstico Exótica A1/P E Felidae Felis catus gato-doméstico Exótica A1/P E Puma yagouaroundi gatomourisco Nativa E Leopardus sp gato-do-mato Nativa E Perissodactyla Equidae Equus caballus cavalo Exótica P E Bovidae Bos taurus gado Exótica P E Rodentia Erethizontidae Sphiggurus villosus ouriço Nativa E/M Cricetidae Cerradomys subflavus rato-do-mato Nativa M

87

Nectomys squamipes rato-dágua Nativa M Muridae Rattus rattus rato-comum Exótica E/M Mus muscullus camundongo Exótica E/M Hydrochoerus Caviidae capivara Nativa I/P E hidrochaeris Dasyproctidae Dasyprocta sp cutia Nativa P Total 35 Legenda: DP – dados primários, DS – dados secundários de entrevistas. A – observação direta seguida do número de observações; I – indícios de toca, fezes ou vocalização; P – indícios de rastros; F – armadilhas fotográficas; E – entrevistas; M – monitoramento; B – base de dados municipais de Macaé; J – Jornais locais. Fonte: Estudo de Impacto Ambiental de Ampliação do Terminal de Cabiúnas, 2011 p. 88-89.

De acordo com o EIA, os dados primários e secundários recentes para a área de estudo representam 16,77% das espécies registradas para o estado, 46,67% das espécies descritas para a região Norte Fluminense e 68,29% das espécies observadas para os municípios de Macaé e Carapebus.

Pelos dados biológicos e ecológicos apresentados na literatura para as espécies registradas por levantamentos primários e secundários, se pode identificar cinco espécies de maior sensibilidade ambiental para a característica Porte, sendo elas Tamandua tetradactyla, Lontra longicaudis, Procyon cancrivorus, Cerdocyon thous e Hydrochoerus hidrochaeris.

Espécies Ameaçadas

Nenhuma das espécies registradas se encontra na lista oficial da união ou na lista oficial do estado do Rio de Janeiro. Contudo, futuros estudos podem identificar a espécie no registro de Leopardus sp, o que poderá se converter em um registro de espécie ameaçada, uma vez que L. pardalis e L. weidii são considerados Vulneráveis para ambas as listas.

Espécies Endêmicas

Entre as espécies endêmicas, Gracilinanus microtarsus é descrita para a Mata Atlântica, ocorrendo também na região de Missiones, Argentina. Philander frenatus e Sphiggurus villosus são consideradas endêmicas da Mata Atlântica Brasileira. Segundo o EIA, o endemismo dessas três espécies se apresenta como uma questão

88

interessante para monitoramentos populacionais em estudos futuros.

AVIFAUNA

Utilizando o método de Transecto Irregular, as áreas amostradas no EIA registraram uma riqueza de 120 espécies de aves, distribuídas em 42 famílias e 9 sub-famílias. O ponto localizado no fragmento de FESD avaliado registrou a segunda maior riqueza do estudo, com 45 espécies. Também é importante destacar que a ocorrência das espécies não se deu de forma homogênea, uma vez que poucas espécies foram registradas em todos os pontos da área de amostragem, salientando a relevância de cada remanescente florestal para o abrigo de aves, especialmente das que não estão presentes em áreas próximas (Tabela 3).

Nas análises dos dados quantitativos, obtidos pela técnica de ponto fixo de escuta, foram registradas 50 espécies de aves, sendo 23 espécies registradas na área de amostragem localizada no fragmento de FESD, cuja riqueza foi a maior encontrada dentre as áreas de amostragem do EIA, com uma média de 9,6 espécies por ponto fixo.

Em relação às características ecológicas, as aves registradas nos pontos de amostragem foram classificadas por suas diferentes dietas, sendo a maioria insetívora (42%), seguida por aves onívoras (22%), carnívoras (11%), e também frugívoras, granívoras, piscívoras, nectarívoras, filtradoras e necrófagas. Sobre a tolerância das espécies em relação às alterações ambientais, utilizando a base de dados de Stotz et al. (1996), o EIA pode verificar nas amostragens que a maioria das espécies tinha baixo grau de sensibilidade, possivelmente relacionado às modificações feitas na região, oriundas de ações antrópicas.

89

Tabela 3. Espécies de aves amostradas no método de ponto fixo de escuta. O ponto A04 representa o fragmento de FESD foco do presente diagnóstico.

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental da Ampliação do Terminal de Cabiúnas, p.119-120.

Nas análises dos dados quantitativos, obtidos pela técnica de ponto fixo de

90

escuta, foram registradas 50 espécies de aves, sendo 23 espécies registradas na área de amostragem localizada no fragmento de FESD, cuja riqueza foi a maior encontrada dentre as áreas de amostragem do EIA, com uma média de 9,6 espécies por ponto fixo.

Em relação às características ecológicas, as aves registradas nos pontos de amostragem foram classificadas por suas diferentes dietas, sendo a maioria insetívora (42%), seguida por aves onívoras (22%), carnívoras (11%), e também frugívoras, granívoras, piscívoras, nectarívoras, filtradoras e necrófagas. Sobre a tolerância das espécies em relação às alterações ambientais, utilizando a base de dados de Stotz et al. (1996), o EIA pode verificar nas amostragens que a maioria das espécies tinha baixo grau de sensibilidade, possivelmente relacionado às modificações feitas na região, oriundas de ações antrópicas. Todavia, também foi registrada a presença de aves de alta e média sensibilidade.

Espécies ameaçadas

Em toda área de amostragem foram registradas quatro espécies que se encontram na lista de espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro de 2000 (ALVES et al., 2000 apud IEA – Ampliação do TECAB). Duas dessas aves - Amazona rhodocorytha (chauá) classificada como Vulnerável (VU), e Mimus gilvus (sabiá-da-praia) classificada como Em Perigo (EP) – foram registradas no ponto localizado no fragmento de FESD (A04). Das quatro espécies, apenas Amazona rhodocorytha (Salvadori, 1890) se encontra na lista de espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção do Ministério do Meio Ambiente (2014) (Tabela 4).

91

Figura 3: Sabiá-da-praia, uma das espécies da na lista de espécies ameaçadas do Estado do Rio de Janeiro. Fonte: José Ricardo Maia.

Tabela 4. Lista das espécies de Aves registradas na área com status de ameaçada (segundo Alves et al., 2000). O ponto A04 representa o fragmento de FESD foco do presente diagnóstico.

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental do Terminal de Cabiúnas p. 122.

Segundo o EIA de ampliação do TECAB, o fato do ponto de amostragem localizado no fragmento de FESD, bem como o ponto A05, ter registrado um maior número de espécies ameaçadas pode ser explicado pela proximidade deste com o PNR de Jurubatiba, que por sua vez, devido a sua diversidade de ecossistemas, pode servir como fonte de espécies para a região.

Espécies Endêmicas e Migratórias

Além de espécies endêmicas do Brasil como A. rhodocorytha e Thamnophilus ambiguus, o estudo também registrou espécies migratórias, como por exemplo, Hirundo rustica, Thalassarche chlororhynchos e Diomedea exulans.

92

Tabela 5. Lista das espécies da avifauna diagnosticadas no Estudo de Impacto Ambiental de Ampliação do Termina Cabiúnas, na campanha de campo março/2010, em ordem sistemática das famílias e espécies de acordo com o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (2010). O ponto A04 representa o fragmento de FESD foco do presente diagnóstico.

93

94

95

96

97

98

Legenda: Categoria de ameça: VU - Vulnerável; EP – Em Perigo. Sens.: Sensibilidade segundo Stoltz et al. (1996): B – Baixa; M – média e A – Alta. Guilda Alimentar: ONI – Onívoro; FRU – Frugivoro; FIL – Filtrador; INS – Insetivoro; GRA – Granivoro, PSC – Pscivoro, NCR – Necrovoro, NEC – Nectivoro. FO – Frequencia Observada. Fonte: Estudo de Impacto Ambiental da Ampliação do Terminal de Cabiúnas, p. 125-131.

99

HERPETOFAUNA

Anfíbios

No EIA de Ampliação do TECAB foram encontradas 14 espécies de anuros, distribuídas em cinco famílias e oito gêneros. Para integrar esses dados, foi utilizada uma lista de espécies de anfíbios anuros registrados pelo Programa de Monitoramento de Fauna do Projeto de Ampliação do TECAB (PLANGAS/TECAB), realizado pelo Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé (NUPEM), que resultou no registro de 28 espécies de anuros (Tabela 6), servindo como dados secundários.

100

Tabela 6. Lista da Anurofauna registrada na área de influência do terminal de Cabiúnas. DP: Dados Primários; DD: Dados Secundários.

Fonte: Estudo de Impacto Ambiental da Ampliação do Terminal de Cabiúnas, 2011 p.144.

Das 14 espécies registradas pelo EIA (Tabela 7), 13 foram encontradas no ponto de coleta mais próximo ao fragmento de FESD foco do presente estudo. Esse ponto (HA9) está localizado em uma área alagada, borda de floresta de restinga, e a riqueza nele encontrada foi proporcional à abundância de espécies, chegando, por

101

exemplo, ao número de 40 indivíduos de Dendropsophus anceps. Segundo o EIA, essa maior diversidade se deve à proximidade do ponto amostral com o PNR de Jurubatiba, considerado uma unidade importante na conservação da anurofauna da região. Nesse ponto, o EIA também destaca a importância de manter e promover conexões entre os fragmentos remanescentes e vias fluviais da região, que favoreçam o fluxo entre as espécies.

Espécies ameaçadas

Das espécies levantadas no estudo, o anuro Pseudopaludicola falcipes se encontra presumivelmente ameaçado (PA) na lista Estadual do RJ (BERGALLO et al., 2000 apud EIA – Ampliação do TECAB, 2011), e Chiasmocleis carvalhoi se encontra na categoria de espécie ameaçada (AM) pela Lista Internacional IUCN (IUCN, 2010 apud EIA – Ampliação do TECAB, 2011).

Tabela 7. Lista das espécies de anuros registradas nos nove pontos de amostragem, indicando o estado de conservação e o tipo de registro feito.

102

Fonte: Estudo e Impacto Ambiental de Ampliação do Terminal Cabiúnas, 2011 p.146

Répteis

O EIA registrou seis espécies de répteis, sendo quatro lagartos e duas serpentes. A maioria das espécie foi registrada no ponto de coleta, através do método de Procura Visual Limitada por Tempo, ao passo que, Tupinambis merianae (lagarto teiú) e Leptophis ahaetulla (azulão bóia), foram registrados em encontros ocasionais, em áreas que estavam fora dos cinco pontos de amostragem. A espécie mais abundante foi o lagarto bico-doce, também conhecido como calango-verde (Ameiva ameiva) encontrado em quatro pontos.

Tabela 8. Lista de espécies de répteis levantadas pelo EIA, onde HR4 representa o ponto de amostragem próximo ao fragmento de FESD.

Fonte: Estudo e Impacto Ambiental de Ampliação do Terminal Cabiúnas, 2011 p.152

Segundo o EIA de ampliação do TECAB, o baixo número de espécies de répteis levantadas pelo estudo, reflete as dificuldades enfrentadas por inventários de curto prazo, cuja metodologia e duração das etapas de coleta podem ser

103

ineficientes, sobretudo por se tratar de animais que possuem características como maior mobilidade e capacidade de camuflagem, e que, consequentemente, demandam um maior investimento em campo.

O EIA de ampliação do TECAB também incluiu a lista de espécies de répteis registradas pelo Programa de Monitoramento (NUPEM, 2007), onde foram encontradas 18 espécies, e a lista de espécies registradas pelo EIA/RIMA Biodinâmica 2007, onde foram encontradas 5 espécies, com o intuito de comparar e complementar os dados obtidos pelo estudo (Tabela 9).

Espécies Ameaçadas

Do total de 23 espécies, nenhuma se encontra na Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção (2014).

104

Tabela 9. Apresenta os dados primários (DP) do EIA de Ampliação do TECAB, em comparação com dados secundários (DS) do: (MON) Monitoramento do NUPEM, 2007; e (EIA) EIA/RIMA Biodinâmica, 2007.

Fonte: Estudo e Impacto Ambiental de Ampliação do Terminal Cabiúnas, 2011 p. 154

105

CONCLUSÕES

Com base nos dados aqui relacionados, podemos estimar um número de até 117 espécies de plantas com a possível presença de plantas endêmicas, raras e de valor econômico.

Quanto ao número de espécies de mamíferos, podemos estimar um número de 29 espécies, também com boas chances de registro de espécies ameaçadas e endêmicas.

Sobre o grupo das aves, o relatório avaliado apresenta para os fragmentos analisados um número de 120 espécies, parte delas espécies endêmicas (2 espécies), migratórias (3 espécies) e ameaçadas (4 espécies). Os dados de aves são fundamentais para se compreender a importância do fragmento florestal avaliado, pois a segunda maior riqueza de aves registrada foi definida para esta área. O relatório sugere que a alta riqueza registrada está relacionada ao fato desta área ser contínua ao território do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Ainda sobre a avifauna, discutiu-se no relatório a presença de aves de alta e média sensibilidade, demonstrando que a área ainda tem potencial para acolher espécies nativas com maior grau de sensibilidade a alterações de condições ambientais e que essa capacidade pode aumentar proporcionalmente à adesão de medidas de conservação.

Foi registrado um número de 14 espécies de anuros, sendo 3 ameaçadas, e seis espécies de répteis. O número de anfíbios encontrado no entorno da área de estudo, próximo ao Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba foi um dos maiores registrado para os fragmentos de FESD da região. Dessa forma, o relatório reforça a importância da conservação de fragmentos no entorno da referida Unidade de Conservação.

Os dados deixam claro a importância da área para abrigar uma porção significativa da diversidade local e a importância da adoção de medidas de proteção para conservação desse fragmento. É importante reforçar que a área avaliada se situa na interface entre diferentes unidades fitoecológicas, como a Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas e a Floresta Estacional Semidecidual, e entre

106

corredores de biodiversidade, da Serra do Mar e Central, podendo apresentar uma composição de espécies única, incomum para fragmentos ao norte e ao sul da área.

Por fim, a área avaliada representa uma importante conexão dos ecossistemas protegidos do Parque da Restinga de Jurubatiba com as fitofisionomias florestais, o que reforça a importância da área e seu caráter distinto, endossando ainda mais a necessidade de sua conservação.

6.3.3. População afetada

A Área proposta para a criação desta unidade está totalmente inserida no interior de uma propriedade rural, logo maiores esforços deverão ser realizados na busca de entendimento entre as partes.

Com relação aos benefícios para a população indiretamente afetada, ressalta-se a preservação de um dos raros ecossistemas florestais da região, e ainda a possibilidade de desenvolvimento de parcerias com instituições de pesquisa.

107

6.4. Monumento Natural São Simão

Número do Processo de Criação da Unidade: 3636

Data de abertura: 14 de Junho de 2017

6.4.1. Caracterização, justificativa e objetivos

Dentre as propostas, a área sugerida para o Monumento Natural São Simão é a mais afastada do PARNA Jurubatiba. Localizada nas proximidades da rodovia que liga os municípios de Carapebus e Quissamã, se caracteriza como um fragmento florestal perturbado pelas atividades antrópicas. Com uma área estimada em 165 hectares, a criação desta unidade de proteção de uso sustentável tem como principais objetivos:

• Preservar sítios naturais raros na região, como os morros São Simão e Morrinhos, de grande beleza cênica;

• Resgatar e valorizar a história do município;

• Realizar atividades com a comunidade local, a serem definidas dentro do Plano de Manejo da Unidade.

O Monumento Natural pode ser constituído por áreas particulares, desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprietários.

108

Figura 17: Localização da Monumento Natural São Simão. Fonte: Google Earth 109

6.4.2. Valor histórico da região de São Simão

“Pelo que parece, o dito Quilombo aconteceu no começo da segunda metade do século XIX, quando a localidade não devia ter mais do que dez grandes fazendas com mais de cinquenta escravos, a não ser o condomínio de Ana Francisca da Rocha, que veio ainda da Sesmarias de Carapebus, possuindo ainda esta senhora para mais de cem escravos e todos a estimavam chamando de mãe.” Jornal O Rebate, em janeiro de 1984.

Os morros Morrinhos e São Simão não possuem aclive muito acentuado, contando com inclinação de, no máximo, 45º, localizado ao lado da Rodovia 178, Município de Carapebus.

ALMEIDA (2013) relata registros da escravidão em Carapebus, Rio de Janeiro, com os seguintes registros fotográficos:

Segundo a autora, os bandeirantes primeiramente tentaram escravizar os índios brasileiros, até que a metrópole, visando angariar maior lucro, optou pela substituição da mão de obra do índio pelo negro africano por volta do ano 1550, quando chegaram à nova cidade de São Salvador, grandes levas de africanos. Colocado sob jugo da classe mantenedora, os escravos contribuíram como um dos pilares do desenvolvimento do Brasil colonial a partir da monocultura da cana-de-açúcar, tendo o regime escravocrata imperado pelos quase três séculos iniciais da história brasileira, assumindo os negros as tarefas do lar e das lavouras. ALMEIDA (2013) relata ainda que os negros eram geralmente liteiros e cocheiros enquanto que as negras assumiam as tarefas de carpideiras1 e mucamas. Segundo os registros, o negro assumiu papel preponderante na Capitania de São Tomé, na movimentação dos primeiros moinhos da região. Mesmo após a escravidão ter sido abolida na Inglaterra, país europeu aliado de Portugal, no Brasil as entradas de negros africanos continuavam a acontecer, apesar da proibição do tráfico de negros pela Lei Eusébio de Queiroz, em 1851. Ainda segundo a autora, devido à posição geográfica de Macaé e à grande extensão de terras e desertos das praias que

1 carpideiras eram mulheres que tinham a função de chorar nos velórios. 110

facilitavam o embarque e o desembarque de escravos e o contrabando de mercadorias, os policiais passaram a ser mais rigorosos na área.

Segundo relatos de antigos moradores da região, esta área foi o berço regional de grandes redutos de escravos, fugitivos de grandes fazendas das proximidades de Imbiú, Morrinhos e adjacências, construindo no espaço suas tabocas de palha, procurando viver afastados dos redutos dos fazendeiros escravagistas, sendo, por isto, chamado de quilombo. Na região de São Simão, os escravos, considerados quilombolas, plantavam e criavam, enquanto obedeciam aos comandos de um líder (chefe), que era um negro africano que se destacava e que atendia pelo nome Simeão. Os relatos de antigos moradores contam que este morro recebeu o nome Morro de São Simão em homenagem a este importante africano.

Figura 18: Escrava Dionísia, cozinheira do Comendador José Gavinho Vianna, Fazenda Caxanga – Carapebus. Fonte: ALMEIDA, 2013.

A região foi escolhida como adequada para receber os escravos fugitivos porque se apresentava com vegetação densa, cercada de cipós e espinhadeiros, oferecendo vários obstáculos à penetração dos capitães do mato. Apesar das dificuldades, o número de negros do Quilombo São Simão crescia em largas proporções.

111

Outros relatos procedentes de famílias tradicionais carapebuenses esclarecem que o Quilombo se expandiu tanto que atingiu mais de cem escravos e estes precisavam se alimentar e aos seus filhos. Tal fato resultou em roubos de porcos e carneiros nas fazendas vizinhas, geralmente em ação noturna e, geralmente, em grupos, até que a queixa dos fazendeiros foi levada repetidas vezes ao Imperador, exigindo deste uma providência. O livro da historiadora Anna Maria Vasconcellos Almeida conta que se passaram três meses, a partir das denúncias, e quando ninguém mais esperava uma ação do imperador, ele enviou um grupo de soldados para dar fim ao quilombo. O combate durou mais de duas horas, sendo três negros mortos e os outros tiveram oportunidade de fugir mato a dentro.

Hoje os morros de São Simão e Morrinhos pertencem a particulares, sendo parte arrendada a produtores rurais da região. Quanto ao reconhecimento de ex-escravos e quilombolas, trabalhos de pesquisa serão elaborados no sentido de elucidar os fatos históricos buscando restaurar a memória de um povo sofrido e colaborar com um futuro inovador, valorizando não somente o negro, mas a História do povo carapebuense.

6.4.3. Biodiversidade

A região em questão não dispõe de estudos técnicos no que diz respeito a fauna e flora locais. Entretanto, cabe ressaltar que se trata de uma área mais afastada do PARNA Jurubatiba, que pode abrigar, pelo menos em partes, fauna e flora de características distintas as encontradas no parque.

Recentemente foram encontrados espécimes de jaguarundi (Puma yagouaroundi) e de cachorro do mato nas proximidades da localidade. Abaixo são apresentadas as imagens, cedidas por José Ricardo Maia, servidor da Prefeitura Municipal e presidente da Associação de Observadores de Passáro do município de Carapebus-RJ.

112

Figura 19: Jaguarundi ferido, capturado nas proximidades de São Simão, em Carapebus-RJ. Fonte: José Ricardo Maia.

Figura 20: Cachorro do mato atropelado na rodovia RJ-178, nas proximidades de São Simão, em 2016. Fonte: José Ricardo Maia.

113

A criação da unidade de conservação acarretará em maior eficiência na preservação das espécies da fauna, tanto pela proteção de seus habitats quanto pelo aumento da conscientização ambiental da população.

Além disso, a área se localiza próxima a área proposta para a criação da APA Carapeba Boa em alguns pontos, que podem variar de 2 a 4 quilômetros de distância. Essa proximidade poderia ser aproveitada futuramente na implementação de corredores ecológicos conectando as duas unidades, o que resultaria na interligação de todas as unidades de conservação do município.

6.4.4. População afetada

A população diretamente afetada pela criação desta unidade seriam os moradores da região, que estão localizados em pequenos aglomerados residenciais e propriedades rurais. Logo maiores esforços deverão ser realizados pela prefeitura na busca pela conscientização da importância da criação da unidade para todos os envolvidos, para que o processo seja construído da melhor maneira para todos.

Com relação aos benefícios para a população indiretamente afetada, ressalta-se a conservação de mais um ecossistema natural no município, causando impactos positivos em serviços ambientais como a preservação dos recursos hídricos e da biodiversidade, bem como o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, recreação e turismo ecológico, integradas a valorização do patrimônio cultural local, por meio do resgate histórico da relação do benéfica entre homem e natureza desenvolvida pelas comunidades tradicionais.

114

7. REFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, A. M. V. Carapebus nas páginas do passado. Niterói-RJ: Muiraquitã, 2013. 310p.

ALVES, J.N. Quissamã: o meio ambiente e seus recursos naturais. Rio de Janeiro

ALVES, M. A. S.; PACHECO, J. F.; GONZAGA, L. P.; CAVALCANTI, R. B.; RAPOSO, M.; YAMASHITA, C.; MACIEL, N. C.; CASTANHEIRA, M. Aves. pp. 113-124. In: H. G. Bergallo, C. F. D. Rocha, M. A. S. Alves & M. Van Sluys (orgs.). A fauna ameaçada de extinção do Estado do Rio de Janeiro. Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUerj), Rio de Janeiro, 166p. 2000.

ARAUJO D. S. D., 1992. Vegetation types of sandy coastal plains of tropical : a first approximation. In: U. Seeliger (org.). Coastal plant communities of Latin America. New York. Academic Press. 337-347.

AYRES, J. M. et al. Os corredores ecológicos das florestas tropicais do Brasil. Belém, PA: Sociedade Civil Mamirauá, 2005.

BORÉM, R. A. T.; OLIVEIRA-FILHO, A. T. Fitossociologia do estrato arbóreo em uma toposseqüência alterada de Mata Atlântica, município de -RJ, Brasil. Revista Árvore 26: 727-742. 2002

BORÉM, R. A. T.; RAMOS, D. P. Estrutura fitossociológica da comunidade arbórea de uma toposseqüência pouco alte-rada de uma área de floresta atlântica, no município de Silva Jardim-RJ. Revista Árvore, v. 25, n. 1, p. 131-140, 2001.

BRASIL, INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, 2008.

BRASIL, MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos. Conservation International do Brasil; Fundação S.O.S. Mata Atlântica; Fundação Biodiversitas; Instituto de Pesquisas Ecológicas;

115

Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo; Instituo Estadual de Florestas de Minas Gerais, Brasília: MMA/SBF, 2000.

BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de Saneamento. Brasília: Funasa, 2006.

BRASIL. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual prático de análise de água. Brasília: Funasa, 2013.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Manual de controle da qualidade da água para técnicos que trabalham em ETAS. Brasília: Funasa, 2014.

BRASIL. Portaria do Ministério da Saúde no 2.914 de 12 de dezembro de 2011. 2011.

CAPOBIANCO, J. P. R. (Org) Dossiê Mata Atlântica. Instituto socioambiental. São Paulo, 2001.

CARIS, E. A. P., KURTZ, B. C., CRUZ, C. B. M. & SCARANO, F. R. 2013. Vegetation cover and land use of a protected coastal area and its surroundings, southeast Brazil. Rodriguesia 64:747-755.

CARVALHO, F. A.; NASCIMENTO, M. T.; BRAGA, J. M. A. Estrutura e composição florística do estrato arbóreo de um remanescente de Mata Atlântica submontana no município de Rio Bonito, RJ, Brasil (Mata Rio Vermelho). Revista Árvore 31: 717-730. 2007.

CARVALHO, F. A.; NASCIMENTO, M. T.; BRAGA, J. M. A.; RODRIGUES, P. J. F. P. Estrutura da comunidade arbórea da Floresta Atlântica de baixada periodicamente inundada na Reserva Biológica de Poço das Antas, Rio de Janeiro, Brasil. Rodriguésia, 503-518. 2006.

CARVALHO, F. A.; NASCIMENTO, M. T.; OLIVEIRA-FILHO, A. T. Composição, riqueza e heterogeneidade da flora arbórea da bacia do rio São João, RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, 2008.

CEDAE. Informativo anual sobre a qualidade da água distribuída para a população do Estado do Rio de Janeiro, 2009. Disponível em:

116

CEDAE. Informativo anual sobre a qualidade da água distribuída para a população do Estado do Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: https://www.cedae.com.br/Portals/0/relatorio_anual/2015/Sacarrao.pdf

CLIMATE-DATA.ORG. Clima: Carapebus. Disponível em . Acessado em 24 de novembro de 2017.

DENNISON, W. M. 2008. Environmental problem solving in coastal ecosystems: a paradigm shift to sustainability. Coastal and Shelf Science 77: 185-196.

ESTEVES & F. R. SCARANO. (eds.). 2004. Pesquisas de longa duração na Restinga de Jurubatiba. Ecologia, História Natural e Conservação. São Carlos, RiMa Editora, 374 p.

ESTEVES, F. A. 2011. Do índio goytacá à economia do petróleo: uma viagem pela história e ecologia da maior restinga protegida do Brasil. (RJ). Essentia Editora. 232 p.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). 2012. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período 2010-2011. Disponível em: http://www.sosma.org.br/5697/sos-mata-atlantica-e-inpe-divulgam-dados-do- atlas-dos-remanescentes-florestais-da-mata-atlantica-no-periodo-de-2010-a- 2011/ Acesso em: 17 fev. 2013.

GONZAGA, L. P., CASTIGLIONI, G. D. A. & REIS, H. B. R., 2000. Avifauna das restingas do Sudeste: Estado do conhecimento e potencial para futuros estudos. pp. 151-163. In: F. A. Esteves & L. D. Lacerda (eds.), Ecologia de restingas e lagoas costeiras. NUPEM/UFRJ, Macaé, Rio de Janeiro.

GONZAGA, L.P.; CASTIGLIONI, D. A.; REIS, H. B. R. Avifauna das restingas do Sudeste: estado do conhecimento e pontencial para futuros estudos. In: ESTEVES, F; LACERDA, L. D. Ecologia de restinga e lagoas costeiras. Macaé: NUPEM/UFRJ, 2000.

117

HENRIQUES, R. P. B., ARAUJO, D. S. D. & HAY, J. D. 1986. Descrição e classificação dos tipos de vegetação da restinga de Carapebús, Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Botanica 9: 173–189

IBAMA / MMA / Fundação Biodiversitas / Conservation International do Brasil. Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção. Disponível em: . Acesso em: 2003.

IBAMA. Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de Extinção. Instrução Normativa nº 177, 18 de junho de 2008.

JBRJ - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jabot - Banco de Dados da Flora Brasileira. Disponível em: [http://jabot.jbrj.gov.br/]. Acesso em 01/11/a2017.

LORENZI, H.E. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 5. ed., v.1. Nova Odessa, Instituto Plantarum. 2009

MANSANO, V. F.; LEWIS, G. P. A revision of the genus Exostyles Schott (Leguminosae: Papilionoidea). Kew Bulletin 59: 521–529. 2004.

MARTINS, F.R. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: Editora da UNICAMP. 1991

MONTEZUMA, R.C.M. 1997. Estrutura da vegetação de uma restinga de Ericaceae no município de Carapebus, RJ. Dissertação de mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

MORAES, J. O. Economia Ambiental: instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Centauro, 2009.

MYERS, N.; RUSSELL, A.; MITTERMEIER, C. G.; MITTERMEIER, G. A. B. F.; KENT, J. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, 2000.

NEVES, G. M. S. Florística e estrutura da comunidadearbustivo- arbórea em dois remanescentes de Floresta Atlântica secundária - reserva biológica de Poço das Antas, Silva Jardim, RJ.1999. 123 f. Dissertação

118

(Mestrado em Botânica) Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.

OLIVEIRA-FILHO A. T.; FONTES, M. A. L. Patterns of floristic differentiation among Atlantic Forests in Southeastern Brazil and the influence of climate. Biotropica 32:793-810. 2000

OLIVEIRA-GALVÃO ALC, GALVÃO WS, CARVALHO VC. Monitoramento da cobertura vegetal da restinga de Carapebus-Macaé (RJ), a partir de imagens orbitais. In: Watanabe S (ed) II Simpósio de Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira: Estrutura, função e manejo, V3. ACIESP, São Paulo. pp 442-454.

PESSÔA, L. M., W. C. TAVARES, E P. R. GONÇALVES. 2010. Mamíferos das Restingas do Macrocompartimento Litorâneo da Bacia de Campos, Rio de Janeiro. Páginas 56–78 In: L. M. Pessoa, W. C. Tavares, e S. Siciliano, (Orgs.) Mamíferos de restingas e manguezais da Brasil. 1ª edição. Sociedade Brasileira de Mastozoologia/Museu Nacional,Rio de Janeiro, RJ.

PIMENTEL, M. 2002. Variação espacial na estrutura de comunidades da Formação Aberta Arbustiva de Clusia no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, RJ. Tese de Doutorado, PPGE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

PRIMACK, R. B. e RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. 327 p.

RIO DE JANEIRO. Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CERHI). Resolução no 18, de 08 de novembro de 2006. Aprova a definição das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro, 2006.

RIZZINI, C. T. 1979. Tratado de fitogeografia do Brasil. v.2. Aspectos ecológicos. Hucitec / Edusp, São Paulo.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização – do pensamento único à consciência universal. São Paulo: Record, 2000.

119

SAWAYA, R. J. História natural e ecologia das serpentes de Cerrado da região de Itirapina, SP. Tese de Doutorado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2004.

SCARANO, F. R. 2002. Structure, function and floristic relationships of plant communities in stressful habitats marginal to the Brazilian Atlantic Rain Forest. Annals of Botany, 90:517-524.

SCHNITZER, S. A. A mechanistic explanation for global patterns of liana abundance and distribution. American Naturalist, 166, 262-276. 2005

SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2013.

SUGUIO, K. and M.G. TESSLER, 1984. Planícies de cordões litorâneos quaternários do Brasil: origem e nomenclatura. In: Restingas: origem, estrutura e processos, UFF, Editor. UFF: Universidade Federal Fluminense - Rio de Janeiro. p. 15-25.

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TCE. Estudos socioeconômicos dos municípios do Estado do Rio de Janeiro. Secretaria Geral de Planejamento – TCE, 2014.

VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro, IBGE. 1991.

120