O Brasil De Todas As Copas
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
Antônio Carlos Napoleão O BRASIL DE TODAS AS COPAS Brasília 2012 ©2012. Todos os direitos reservados. O autor permite a reprodução de partes deste livro desde que citada a fonte. SUMÁRIO Ministério do Esporte Esplanada dos Ministérios, Bloco A CEP 70054-906 A COPA DO MUNDO DO BRASIL 10 Brasília, DF COICES E RELINCHOS TRIUNFAIS 14 1930 – A PRIMEIRA COpa DO MUNDO 18 FAUSTO DOS SANTOS 24 N216b Napoleão, Antônio Carlos. 1934 – SONHO DESFEITO 26 O Brasil de todas as Copas 1930 - 2010 / Antônio Carlos Napoleão. – Brasília : Ministério do Esporte, 2012. 1938 – A FORÇA DO FUTEBOL BRASILEIRO 34 260 p. ; 23 cm. ISBN LEÔNIdaS da SILVA – O DIAMANTE NEGRO 42 1. História do futebol. 2. História do Brasil na Copa do Mundo. 3. Futebol. 4. Seleção Brasileira de Futebol. I. Título. 1950 – O PAÍS DO FUTEBOL RECEBE A COpa DO MUNDO 46 ADEMIR MENEZEs – O QUEIXada 52 CDD: 981 1954 – FESTIVAL DE GOLS 56 JULINHO BOTELHO 62 1958 – A TAÇA DO MUNDO É NOSSA 64 1962 – BrASIL BIcaMPEÃO DO MUNDO 74 1966 – ELIMInaÇÃO PRECOCE 86 1970 – BrASIL TRÊS VEZES caMPEÃO 93 1974 – Copa REVELA LARanja MECÂNIca 103 1978 – BrASIL, caMPEÃO MORAL da COpa 109 1982 – FuTEBOL ARTE NÃO GARANTE O TÍTULO 117 1986 – A ÚltIMA COpa DE UMA GERAÇÃO DE CRaqUES 123 1990 – INÍCIO da ERA DUNGA 129 1994 – BrASIL ERGUE A TAÇA DO TETRA 135 1998 – Final NEBULOSA 147 2002 – O PRIMEIRO pentacaMPEÃO DO MUNDO 154 2006 – BrASIL naS QUARTAS DE FInal 171 2010 – SONHO DESFEITO 179 JOGOS DO BRASIL EM TOdaS AS COpaS 186 RECORDES DO BRASIL EM TOdaS AS COpaS 238 nacional. Os sul-americanos, e entre eles o Brasil, foram ainda tem adeptos até mesmo no Brasil, porém nunca O saldo geral, no entanto, é que, mesmo perdendo, a essenciais na construção dessa jornada, convindo lem- mais o mundo jogou bola do mesmo jeito, sem deixar de Seleção encanta o mundo. Os exemplos mais eloquentes brar que o primeiro mundial foi desdenhado pelos países observar e muito menos de temer o selecionado brasileiro. ainda são os das copas de 1982, na Espanha, e 1986, no mais importantes da Europa, a começar da Inglaterra, que México, onde cintilou uma geração de craques de primeira sempre se achou síndica do futebol, e coube ao Uruguai, já A epopeia do futebol verde-amarelo na arena de gala grandeza, como Falcão, Sócrates, Careca, Zico. bicampeão olímpico, patrociná-lo integralmente. da Copa do Mundo é esmiuçada neste livro de Antô- O Brasil coleciona troféus na Copa do Mundo, a começar nio Carlos Napoleão tal e qual uma narrativa épica. O estilo do jogador engendrou no torcedor brasileiro da participação em todas as dezenove já realizadas e O futebol era um jogo rígido, sem cintura, praticado com Consolidando-se como historiador do esporte, o autor uma reação atípica: não basta ganhar, é indispensável do lugar garantido como sede em 2014; chegou a sete base em manual escrito pelos ingleses. Predominavam registra a trajetória do futebol brasileiro nas copas com também jogar bonito. Ciclotímico, crítico, derrotista, finais e venceu cinco; e ostenta outro diferencial pouco jogadores brancos, em geral da elite, amadores que dispen- riqueza documental e uma luminosa iconografia que é também estável, fiel, entusiasta, e tal paradoxo se observado, mas não menos importante: a maestria do savam remuneração. A partir do Brasil, virou uma platafor- reúne flagrantes desde a estreia no Uruguai em 1930 explica pelo cintilante complexo de superioridade que brasileiro enriqueceu o futebol com uma densidade artís- ma de inclusão e mobilidade social. Garotos pobres, negros até as peripécias na África do Sul em 2010. Verbetes projeta na Seleção: não admite que o time, sendo o me- tica que fez aumentar o interesse e a admiração pelo jogo e mulatos tornaram-se os primeiros ídolos de massa, a de todos os jogos nas dezenove copas e uma antologia lhor, deixe a vitória escapar. Não por acaso, o torcedor da bola com os pés. Se é o esporte do mundo, em grande exemplo de Friedenreich, Heitor Domingos da Guia e Leô- dos recordes da Seleção complementam a pesquisa figura neste livro em álbum fotográfico farto e inter- parte, essa devoção se deve à liturgia introduzida pelo nidas da Silva. Já disputávamos um torneio internacional, como uma enciclopédia informativa e um almanaque dependente, como expressão de que Copa do Mundo e time canarinho, com a ginga, o improviso, a imprevisibi- a Copa América, desde 1916, e introduzimos o bailado na ilustrativo do melhor futebol. Brasil são verso e reverso da valiosa moeda do futebol. A COPA DO MUN DO DO BRASIL lidade, a finta de corpo, a técnica de pôr a bola no ponto Copa do Mundo de 1930, no primeiro jogo oficial contra uma Ao final da leitura, conclui-se que, se o Brasil deixou de Se a Copa é o maior espetáculo da Terra, em nenhum desejado, carregando-a de efeitos irregulares e trajetórias seleção da Europa, a Iugoslávia. A Seleção não passou das ganhar quatorze dos dezenove mundiais que disputou, outro país entusiasma o povo como em nossos campos assimétricas, sintetizados na folha-seca. eliminatórias, vítima da politicalha que desunia os cartolas jamais foi por inépcia coletiva ou falta de qualidade dos jo- de terra e grama. O que lemos em O Brasil de Todas as do Rio e São Paulo, estes negando a liberação de quartoze gadores. Mais de uma vez, a Seleção perdeu para si própria Copas é a prova de que, acima do que confirma nossa A excelência do jogador em campo e a importância do jogo jogadores convocados. Mas quem acompanhou os dois – por desorganização, falta e/ou excesso de confiança, participação em todas elas, jamais houve, porque não na sociedade foram diferenciais brasileiros que ajudaram jogos disputados pelo Brasil teve a ventura de testemunhar erros individuais, incompatibilidade de treinadores. Na pode haver, Copa do Mundo sem o Brasil. a conferir ao futebol uma dimensão universal. Atualmente, a elevação de um esporte à categoria de arte. Itália, em 1938, nem conhecíamos as regras direito – o 204 federações filiadas à Fifa (nem todas representam Es- técnico Ademar Pimenta ignorava a regularização do tiro tados autônomos, como as de Hong Kong e Taiti) disputam Friedenreich não foi liberado pelos paulistas para ir ao de meta. O amadorismo da desorganização acabou em as trinta e uma vagas da competição (a 32.ª é do anfitrião). Uruguai, mas outro garoto negro e pobre, o maranhense 1958, quando o presidente da Confederação Brasileira de Um longo jogo de efeitos geopolíticos e sociológicos foi Fausto dos Santos, arrebatou a Copa. Foi um dos primeiros Desportos, João Havelange, golpeou o bairrismo, unificou travado ao longo de décadas para que cada selecionado ves- ídolos do campo a conquistar epítetos superlativos: Mara- paulistas e cariocas e deu ao time a logística necessária tisse a camisa da nação. Todo time do mundo vai a campo vilha Negra, tão destacado que também esteve entre os para vencermos a maior disputa esportiva do planeta. imbuído do orgulho de ser, como disse o cronista Nélson primeiros brasileiros a entrarem na ciranda transnacional Enfim, o Brasil equilibrou potencial com desempenho e, Rodrigues, “a pátria de chuteiras”, e foi na Copa do Mundo de astros imigrados, indo jogar no Barcelona da Espanha de quebra, apresentou ao mundo a síntese perfeita da Aldo Rebelo que o futebol consolidou-se como elemento da identidade em 1931. O futebol-força jamais penduraria as chuteiras, excelência futebolística, o garoto Pelé. Ministro do Esporte 10 11 Sim. Tínhamos. Por exemplo: - aprendemos como ganhar que varreu do mapa o divino crioulo. Dirá alguém que no apito. E, realmente, fomos caçados com a conivência Pelé só jogou contra a Bulgária e foi assassinado no jogo deslavada dos juízes, dos juízes que a Inglaterra manipu- Brasil x Portugal. lava. Aí está o Canal 100. É o cinema, com uma ampliação OS miguelangelesca, mostrando o nosso massacre. Nada Mas nenhum jogador europeu fez, jamais, nada que se IS descreve e nada se compara ao cinismo com que se parecesse com as jogadas de Pelé na estreia brasileira. E E exterminou Pelé. Tal cinismo foi, talvez, a maior lição mesmo de maca, mesmo de rabecão, ele teria que entrar que recebemos da Copa. em qualquer seleção da Copa. E Gilmar? E Paulo Henrique? S E Altair etc. etc. Saímos da burrice da Comissão Técnica e va- NFA A melhor lição e não a única. Aprendemos também que mos cair na burrice de certa crônica. Uma conseguiu destruir NCH um império se faz pulando o muro e saqueando o vizinho. o escrete, a outra quer destruir o próprio futebol brasileiro. I CE E só uma coisa não precisávamos aprender: - futebol. Vocês viram a sorte do escrete russo no Brasil. É uma Graças a Deus, há duas pessoas inteligentes em nosso das melhores equipes do mundo. Só não foi finalista, no futebol: - o craque e o torcedor. Os dois não estão de qua- EL OI RIU lugar da Alemanha, porque jogou a semifinal com nove tro. O craque tem uma tal qualidade, que não se deixou elementos. E, aqui, a Rússia perdeu até em Maringá. cretinizar pela viagem. E a torcida sabe que a finalíssima C R T foi a festa da mediocridade chapada. Mas há pior: - o mesmíssimo escrete russo tomou um banho de bola e de gols, sabem onde? Em Moscou. Eu quero terminar dizendo: - quando, após a partida Amigos, o meu personagem da semana é o cronista patrício que foi à Inglaterra. Pois bem: - saiu daqui bípede e voltou Aqui, o escrete inglês levou uma de cinco. Vejam bem: de anteontem, o capitão inglês ergueu a mãos ambas quadrúpede.