Universidade De São Paulo Escola De Comunicações E Artes
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES MARCO FABIO CUNHA GRIMALDI A pintura como tradução da fotografia: Affonso Taunay e o uso da obra de Militão de Azevedo para a construção de uma identidade paulista São Paulo 2019 Marco Fabio Cunha Grimaldi A pintura como tradução da fotografia: Affonso Taunay e o uso da obra de Militão de Azevedo para a construção de uma identidade paulista Versão Corrigida Dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Artes. Área de Concentração: Teoria, Ensino e Aprendizagem da Arte Orientador: Prof. Dr. Domingos Tadeu Chiarelli São Paulo 2019 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. E-MAIL DO AUTOR: [email protected]; [email protected] Grimaldi, Marco Fabio Cunha A pintura como tradução da fotografia: Affonso Taunay e o uso da obra de Militão de Azevedo para a construção de uma identidade paulista / Marco Fabio Cunha Grimaldi; orientador, Prof. Dr. Domingos Tadeu Chiarelli. -- São Paulo, 2019. 147 p.: il. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais - Escola de Comunicações e Artes / Universidade de São Paulo. Bibliografia Versão corrigida 1. Pintura 2. Fotografia 3. Affonso Taunay 4. Militão de Azevedo 5. Benedito Calixto. I. Chiarelli, Prof. Dr. Domingos Tadeu II. Título. CDD 21.ed. – 700 Nome: GRIMALDI, Marco Fabio Cunha Título: A pintura como tradução da fotografia: Affonso Taunay e o uso da obra de Militão de Azevedo para a construção de uma identidade paulista. Dissertação apresentada ao Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Artes, sob Orientação do Prof. Dr. Domingos Tadeu Chiarelli. Área de Concentração: Teoria, Ensino e Aprendizagem da Arte Aprovado em: Banca Examinadora Prof. Dr. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ Profa. Dra. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ Profa. Dra. ______________________________________________ Instituição: ______________________________________________ Julgamento: ______________________________________________ Para minha esposa, Cristiana Agradecimentos Primeiramente, agradeço ao meu orientador, professor Tadeu Chiarelli, que desde o início tem me dado todo o apoio para o desenvolvimento desta pesquisa, com sua sabedoria, paciência e firmeza nas horas certas, não só no âmbito acadêmico. Devo também um agradecimento especial a todos os membros do Grupo de Estudos em Arte&Fotografia do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes, coordenado pelo professor Tadeu Chiarelli, por seu incentivo e seus importantes questionamentos e sugestões desde o princípio desta pesquisa. Sou muito grato ao professor João Luiz Musa, do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes, e à professora Valeria Piccoli, da Pinacoteca do Estado de São Paulo, por sua revisão criteriosa desta pesquisa e suas valiosas contribuições por ocasião de minha qualificação. Agradeço também a todos os meus amigos e amigas que sempre estiveram ao meu lado com seu apoio e incentivo, não permitindo jamais que eu desencorajasse, mesmo nos momentos mais difíceis. Finalmente, mas não menos importante, agradeço especialmente aos meus pais, Roberto e Leilah Grimaldi, por todo seu esforço ao longo de minha vida para que eu sempre tivesse acesso à educação de boa qualidade e cultura geral, muito além dos bancos escolares. RESUMO Por ocasião das comemorações do Centenário de Independência do Brasil em 1922, o diretor do Museu Paulista, Affonso de E. Taunay, sob orientação do governo do Estado, comissionou o pintor Benedito Calixto para a elaboração de 08 telas a óleo, a partir do Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo, 1862 – 1887, de autoria do fotógrafo Militão de Azevedo, para retratar a cidade de São Paulo em sua suposta configuração no período Imperial. A pesquisa objetiva investigar o papel exercido por essas 08 telas na formação da identidade cultural paulista e sua contribuição para a construção de uma história do Brasil sob a ótica da elite paulista do último quartil do século XIX e início do XX e a instrumentalização da fotografia decorrente desta operação. Este objetivo deverá ser atingido por meio da análise do processo de transposição das imagens do meio fotográfico para o pictórico e de seu estudo formal, em particular dos ícones e tipos paulistas exemplares naquele período – o tropeiro e o bandeirante – e como eles influenciaram o imaginário paulista. Palavras-chave: Taunay, Calixto, Militão, Pintura, Fotografia, Instrumentalização. ABSTRACT On the occasion the Centenary of Independence of Brazil, in 1922, Affonso de E. Taunay, director of the Museu Paulista, under the guidance of the government of the State of São Paulo, commissioned the painter Benedito Calixto for the execution of 08 oil paintings, based on the Álbum Comparativo da Cidade de São Paulo, 1862 – 1887, by the photographer Militão de Azevedo, to depict the city of São Paulo in its presumed configuration during the Imperial period. This research aims to investigate the role exerted by these 08 canvases in the formation of the cultural identity of the people of São Paulo and their contribution to the construction of a history of Brazil from the viewpoint of the elite of the State in the last quarter of the 19th century and the beginning of the 20th century and the instrumentalization of photography yielded by this operation. Such aim shall be attained by means of the analysis of the process of transposing the images from the photographic to the pictorial medium and their formal study, notably the paulista icons and exemplary types of that period – the tropeiro and the bandeirante – and how they influenced the paulista imaginary. Keywords: Taunay, Calixto, Militão, Painting, Photography, Instrumentalization. SUMÁRIO Introdução.........................................................................................................................................9 Capítulo I As telas de Benedito Calixto para as celebrações do Centenário de Independência.........................15 Capítulo II Militão de Azevedo e o Álbum Comparativo ..................................................................................48 Capítulo III Affonso Taunay, Benedito Calixto e o Museu Paulista...................................................................84 Capítulo IV A virada do século XIX para o XX em São Paulo..........................................................................104 Capítulo V A historiografia na segunda metade do século XIX e início do XX...............................................113 Considerações Finais....................................................................................................................125 Anexo Imagens.........................................................................................................................................129 Referências Bibliográficas Livros............................................................................................................................................139 Teses e Dissertações.....................................................................................................................142 Artigos, Revistas e Catálogos.......................................................................................................144 Introdução O centenário de 1822 buscou integrar a “comunidade imaginária” paulista numa mesma representação, dramatizando o ato fundador da nacionalidade como parte de um grande feito coletivo em que São Paulo desponta como presença nuclear na história brasileira. É assim que a solenidade, em sua vulgarização nas praças públicas, sintetiza com clareza exemplar o modelo épico que deu consistência à historiografia paulista do período. Modelo, digamos de passagem, assumido sem reservas por seus idealizadores e atores, e exposto de diversas maneiras: nas figurações das esculturas ou pinturas exibidas, na retórica dos discursos proferidos ou nos seus modos de enredar a história, assim como na própria organização sequencial da comemoração.1 Em 1922, ano das comemorações do Centenário de Independência do Brasil, o Museu Paulista – mais conhecido como Museu do Ipiranga –, encontrava-se sob a direção de Affonso de E. Taunay2, que assumiu o cargo em 1917 após uma gestão de vinte e dois anos do zoólogo de origem alemã Hermann Von Ihering e uma breve passagem de cerca de 6 meses do advogado Armando Prado à frente da instituição. Formado em Engenharia, mas tendo desenvolvido carreira de historiador – atividade por meio da qual foi reconhecido3 – Taunay foi o fundador da Seção de História Nacional do Museu Paulista, em 1917, primeira iniciativa significativa para transformá-lo em um Museu Histórico, uma vez que, em seus primeiros anos de existência, seus focos eram as ciências naturais, em especial a zoologia e a entomologia, o que lhe conferiam as características de um museu de história natural4. Como parte desse processo que se estendeu praticamente por todo o período de sua gestão, entre 1917 e 1945, Taunay organizou, sob orientação do governo estadual,