Vol.1 Nº3 23 DEZEMBRO DE 2005

Director: Mario Carvalho Site Web: www.oacoriano.org Boas Festas do Natal Feliz Ano Novo 2006 Pauleta Mike Ribeiro Luis Miranda

Mario Silva

Nélia

Jorge Ferreira

Shawn Desman

Meaghan Benfeito Presépio de Francisco e Clarinha Laranjo

23-12-2005-final.indd 1 21/12/05 01:05:05 2 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 EM DESTAQUE O Acoriano Faial - Navio continua encalhado O navio “CP Valour” continuava costa Norte da ilha do Faial desde EDITOR: encalhado ontem junto à costa Norte sexta-feira ao fim da tarde, foram AS EDIÇÕES MAR da ilha do Faial, prevendo-se para o suspensas no sábado à noite devido 4231, Boul. St-Laurent final da tarde uma nova tentativa para às más condições meteorológicas. Montréal, Québec desencalhar o porta- contentores. Esteve prevista para cerca das 10 H2W 1Z4 horas de ontem , por altura da preia- Tel.: (514) 284-1813 Segundo adiantou à agência Lusa a mar, uma nova tentativa para desen- Fax: (514) 284-6150 mesma fonte, um rebocador oceânico calhar o navio de bandeira das Ber- russo, que esteve fundeado durante a Site Web:www.oacoriano.org mudas, mas que não se chegou a con- noite no canal entre as ilhas do Faial e cretizar, por razões desconhecidas. E-mail: [email protected] Pico, está a dirigir-se para o local para O “pequeno foco de poluição” PRESIDENTE: Sandy Martins VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins

DIRECTOR: Mario Carvalho DIRECTOR ADJUNTO: Antero Branco

REDACÇÃO: Kevin Martins Foto Humberto Tibúrcio CONCEPÇÃO E MONTAGEM: Sylvio Martins iniciar uma operação de desencalhe que foi detectado junto ao navio do “CP Valour”, que tem a bordo cer- continua confinado entre o por- COLABORADORES: ta-contentores e a costa, numa Damião de Sousa faixa de cerca de 300 metros. Os 21 tripulantes continuam bem de Guilhermo Cabral saúde e não correm risco de vida, Maria Calisto mas está já planeada a sua evacu- Pe. José Vieira Arruda ação por via aérea, com recurso Alamo de Oliveira (Açores) a um helicóptero PUMA da For- Jorge da Rocha (Açores) ça Aérea, se assim for solicitado Jeremias Martins (Porto) Foto Humberto Tibúrcio pelo comandante do “CP Valour”. Com cerca de 180 metros de com- FOTOGRAFIA: primento e que transporta carga não ca de 1.100 toneladas de combustível. Humberto Tibúrcio (Açores) perigosa, o navio seguia de Montreal, As operações para desencalhar o no Canadá, para Valência, em Espa- Michael Estrela porta-contentores, que está junto à nha. Ricardo Santos

23-12-2005-final.indd 2 21/12/05 01:05:15 EM DESTAQUE 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 3 Para a defesa da classe Carne de coelho bravo - Criada Associação de é mais benéfica para a O folclore dos Açores Cantadores dos Açores saúde Vítor Reino A carne de coelho bravo da O folclore dos Açores é, de todo o país, aquele que, ilha Terceira é mais bené- em nosso entender, se apresenta hoje como um todo fica para a saúde humana musical de características mais vincadamente próprias que a do coelho domésti- e inconfundíveis, facto para o qual terão porventura co, por possuir mais ácido contribuído diferentes ordens de factores. linolénico com proprieda- Como assinala José Homem Machado, “as ilhas dos des anti-cancerígenas, con- Açores, pelo seu isolamento, conservam ainda costu- cluiu um estudo de um in- mes e tradições, introduzidos pelos primeiros povoa- vestigador da universidade dores continentais e que, lá no continente, ou já não açoriana. existem, ou se modificaram por influências várias”. Os cantadores ao desafio dos Açores têm, finalmente, uma Associação de âmbito regio- nal para a defesa da classe que tem como objectivo cul- tural e social, definido nos seus estatutos, “preservar a tradição das cantigas ao desa- fio, de forma a manter sempre activa está tradição nos Aço- res”, bem como na diáspora Associação das Ligas açoriana. Europeias Emanuel Medeiros discutiu contrato colectivo de trabalho Não esqueçamos, por outro lado, que o povoamento PEIXÃO / GORAZ do Arquipélago envolveu, para além de portugueses Descrição: Barbatana dor- O director-geral da Associa- ção das Ligas Europeias de provenientes de diversas províncias, uma grande hete- sal composta por 12-13 raios rogeneidade de nacionalidades e raças – europeus (fla- duros e 11-13 raios moles; Futebol Profissional (EPFL), o português de origem Aco- mengos, alemães e outros), judeus, mouros e negros, o barbatana anal composta por que originou inevitavelmente uma rica e fecunda inte- 3 raios duros e 11-12 raios riana Emanuel Medeiros, discutiu em Paris com o sin- racção cultural de importância não despicienda. moles. Possui um ponto pre- Dir-se-ia que da música dos Açores emana um sen- to acima da base da barbatana dicato internacional FIFPro “o embrião” de um contrato timento nostálgico, dolente e repousado, simultane- peitoral; focinho mais peque- amente alegre e melancólico, comunicativo e intro- no que o diâmetro do olho. colectivo de trabalho à esca- la europeia. vertido, a que o carácter insular não será certamente Biologia.São omnívoros, mas alheio. Afigura-se-nos, ainda, que a tradição musical alimentam-se sobretudo de desta região é a mais fortemente ritualizada de todo crustáceos, moluscos, minho- o país, objecto de uma atitude peculiar de reverência cas e pequenos peixes. São quase cerimo¬nial que parece transcender e isolar os hermafroditas protrândricos, lugares e momentos em que se pratica relativamente tornando-se fêmeas quando às regras do restante espaço-tempo quotidiano. atingem os 20-30 cm de com- primento.

23-12-2005-final.indd 3 21/12/05 01:05:17 4 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 TRADIÇÕES Tradições natalícias nos Açores Nos Açores, os preparativos para o energia eléctrica, a carne tinha de ser te não havia a comercialização dos Natal começam logo no principio do salgada e conservada assim até ser afectos”. E adianta: “hoje o «meni- mês de Dezembro. Nas nove ilhas do consumida. Ao mesmo tempo, havia no» está longe” mas “no nosso tempo arquipélago, a preparação da ceia e enchidos e carne fresca com abundân- era mais Ele do que as coisas”. Ao do presépio é uma das tradições mais importantes das terras açoreanas. Uma das especificidades natalícias da Ilha Terceira “é «correr os meni- nos»”. Os elementos dos vários gru- pos paroquiais “visitam-se reciproca- mente entre o Natal e o Ano Novo” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Ricardo Henriques, do clero açoria- no. Uma visita ao menino Jesus de cada casa que implica “um petisco” – referiu. Os cantares e os ranchos “são expressões sociais” também uti- lizadas entre o Natal e o Ano Novo. Durante estes dias “é típico cantar os anos bons”. O presépio, além de representar a gruta de Belém, serve também para representar cenas do quotidiano das cia para a ceia de Natal. Nas Flores, nível de preparação para o Natal, o ilhas. As figuras são feitas de barro, para além dos enchidos, a tradição é Pe. Octávio Medeiros realça que “co- os montes são feitos de leiva de bur- servir galinha assada recheada com locávamos muito a tónica no espiri- recas - nome que se dá ao musgo fofo debulho, torresmos, não esquecendo tual e nem se falava em presentes”. E e fresco, as ruas que circulam entre as os inhames com linguiça. recorda: “se tivéssemos uma galinha casas são feitas com bagaço ou baga- A melhor parte continuam a ser as era uma maravilha”. cina e, para a cobertura dos telhados sobremesas, como o arroz doce e o A noite do dia 24 acaba sempre com utiliza-se o musgo seco. Na ilha de bolo de frutas, na ilha das Flores, a a tradicional Missa do Galo, à meia Santa Maria, é costume colocar-se à massa sovada e os biscoitos de orelha noite. volta do Menino, pratinhos de trigo e de aguardente, em Santa Maria, os Em São Jorge, o dia da Consoada era grelado a que se chama relvões. suspiros, rosquilhas de aguardente e de especial importância para as rapa- Na Ilha Graciosa há quem faça o Al- figos passados em São Jorge, e os li- rigas porque, ao contrário do resto do tar do Menino, pondo sobre uma mesa cores caseiros – carinhosamente tra- ano, elas tinham liberdade para sair à forrada de tecido branco, alguns de- tados por «mijinho do Menino - um noite, até à hora da missa. Segundo a graus, também forrados e, no cimo, a pouco por todo o lado. crença popular, nessa noite nada de imagem do Menino Jesus, com flores Actualmente, a vivência natalícia é mau lhes podia acontecer, enquanto naturais e outro tipo de ofertas espa- mais uniformizada. O prato do baca- nos restantes dias, depois das Trinda- lhadas pela casa. Montado o presépio lhau tornou-se universal. O Pe. Oc- des - mais ou menos às seis da tarde, segue-se a ceia. Era costume coinci- távio Medeiros, natural da Ilha de - já não podiam sair, havendo até um dir o mês de Dezembro com a matan- S. Miguel, recordou o Natal na sua ditado que dizia : “Trindades batidas, ça do porco, porque com a falta de infância e sublinhou que “antigamen- meninas recolhidas”

23-12-2005-final.indd 4 21/12/05 01:05:18 TRADIÇÕES 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 5 Natal pelo país fora A tradição impõe o bacalhau e a car- te, na Consoada é servido o bacalhau há já muitas décadas nas mesas por- ne de porco ou de perú nas mesas na- cozido, acompanhado por couves tuguesas. Mas as festas incluem tam- talícias, seguidos da rica doçaria por- portuguesas, batatas e ovos também bém sabores universais. tuguesa. Mas também novos hábitos cozidos, tudo bem regado com azei- Os patês são cada vez mais procu- alimentares vão-se introduzindo nes- te. No almoço do dia de Natal, ser- rados em épocas festivas, princi- ta época, quando a reunião familiar vem-se a canja de galinha e o polvo palmente os de atum e sardinha. Há é pretexto para experimentar outros cozido com arroz, juntamente com as também preferência pelos patês de sabores. carnes de perú assado, leitão, borrego carnes, à base de porco, de vitela ou ou porco. de aves, pelos patês de legumes e ain- A mesa da doçaria é imponente e da sabores bastante exóticos, como está sempre disponível para os mais manga ou kiwi. gulosos. Rabanadas, sonhos, aletria, Já os foie-gras, elaborados a partir de mexidos ou formigos, doces de ovos, fígado de ganso ou de pato, após uma bolo-rei e castanhas, além dos pi- engorda metódica da ave em causa, nhões, nozes e vinho do Porto, que podem ser encontrados no mercado se estendem até às doze badaladas da em quatro variedades: cru, fresco, passagem de ano, são as especialida- semi-cozinhado e de conserva. des nortenhas. A carne é indispensável na Ceia de A abundância à mesa sempre foi ca- Natal no Sul. Depois de uma sopa de racterística do Natal, talvez para com- feijão, é altura para as fatias de lom- pensar outras épocas do ano em que a bo com amêijoas ou para o porco frito carência era a norma. Com as festas, com laranja. Alhada de cação, a can- vinham o bacalhau, a carne de porco ja de galinha, as migas de bacalhau e ou de perú, o polvo e outras iguarias, os enchidos de carne são típicos do seguida do bolo-rei, das broas e de Alentejo, enquanto o Algarve se dis- muitos fritos, como rabanadas, filhós tingue pela mistura de carne, peixe e e sonhos. marisco, seguidos de doces de amên- Portugal, apesar de ser um país pe- doa e batata doce. Entre os doces, es- queno, tem tradições muito variadas tão o arroz doce e fritos como filhós, de região para região. Os vinhos re- sonhos e borrachões, além de uma Portugal tem uma variedade imen- gionais portugueses acompanham ceia composta por chocolate quente e sa de produtos de charcutaria, sendo com honra cada refeição. No entanto, bolinhos secos, bolo de massa de pão também possível juntar especialida- os portugueses têm adoptado como ou pederneiras. As fatias douradas, a des de renome internacional, como seus sabores de outros países, ser- lampreia de ovos e os mais diversos os queijos franceses e os presuntos vindo-os como petiscos a consumir doces de ovos, pão de rala, nogados, italianos ou espanhóis. Claro que, em enquanto se trocam as prendas e as fritos de abóbora, pastéis de grão, ar- termos de sabores, um bom presun- últimas novidades. É o caso do cham- roz-doce, filhoses com açúcar ou mel to de Chaves ou um Pata Negra do panhe, dos patés e foie-gras e até do são fruto da rica doçaria conventual Alentejo não lhes ficam atrás. Assim caviar, símbolo de opulência e bem alentejana. como um Queijo da Serra, do Raba- viver que nos faz entrar no Ano Novo E em todo o lado... çal, de Azeitão, de Nisa ou de Serpa com o pé direito. Nesta época, o bacalhau cozinhado completam qualquer tábua de quei- Natal de Norte a Sul das mais variadas maneiras, o Bolo- jos, sendo apenas exigido saber esco- Segundo a tradição natalícia do Nor- Rei e os fritos são presença constante lher os genuínos.

23-12-2005-final.indd 5 21/12/05 01:05:19 6 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 O NOSSO POVO Haja Saúde Açoriano! Feliz Natal e um Bom Ano Novo 2006

Como o tempo passa depressa e a gente nem dá por isso, felizes as pessoas que nos rodeiam e fazem parte da nossa os anos vão passando e eis que já estamos a poucos dias vida. Como podemos ser felizes e fazer os outros felizes do Natal. quando dentro de nós existe ódio, maldade, vingança, in- Há dias que custam a passar na vida, mas uma vida passa veja e traição, certamente que no coração que mora tudo tão depressa, gostaria de falar do Natal, de contar histo- isto não há lugar para a amizade paz e amor. rias vividas outras que me contaram os meus pais e avós, Este Natal, decidi perdoar os meus inimigos, aqueles que mas entre muitos vividos nos Açores e outros tantos vi- me traíram nos actos e pensamentos e ambições, aqueles vidos no Canada não sei dizer sinceramente quais os que que me fizeram sofrer injustamente, aqueles que mal me mais me ficaram marcados na memoria, tenho bonitas e julgaram e disseram mal de mim, perdoar quem me recu- outras menos bonitas lembranças de alguns Natais. Natal sou amor, paz e alegria. Irei fazer como o meu pai sempre Pintura de António Pedroso faz, rezar todas as noites pelos meus inimigos para que Ilha do Pico um dia eles venham a deixar de ser meus inimigos, por vezes é difícil convencer um amigo imagina um inimigo. Este Natal desejo a todos muita saúde paz e amor, não se esqueçam dos idosos porque são eles que mais sofrem nestes dias de festas, muitas vezes são esquecidos pelos filhos familiares e amigos, morrendo pouco a pouco por falta de Amor na solidão da vida. Para toda a família Arruda que passou um ano tão difícil, com a perca de muitos dos seus familiares vai um abraço de amizade e que Deus lhes deia força e coragem para passar um Santo Natal e que o Deus menino possa con- fortar os seus corações enlutados.

alegre e sem brinquedos, Natal com muitas ofertas mas sem o amor dos meus pais e irmãos, Natal de tempestade, maresia, sofrimento, dor e luto. Para todos os leitores do Açoriano, Feliz Natal e um Para podermos passar um Bom Natal é necessário que próspero Ano Novo e haja saúde Açoriano e até ao 28 de dentro de nós reine a felicidade, para que possamos fazer Janeiro 2005 com a historia da ilha de Santa Maria.

23-12-2005-final.indd 6 21/12/05 01:05:20 HOMENS DA TERRA 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 7 Transplantação Renal nos Hospitais da Universidade de Coimbra Alexandre Linhares Furtado, recorde-se, é natural da fre- dicos com capacidade técnico-científica para concretizar guesia da Fajã de Baixo, concelho de Ponta Delgada, onde os maiores progressos da ciência médica; a convicção de nasceu a 22 de Agosto de 1933. Licenciado, em 1959, em que com alguma boa vontade política (de saúde) era pos- sível reunir as condições mínimas para permitir um signi- Medicina, pela Faculdade de Medicina de Coimbra, com a ficativo avanço da Medicina no nosso país. Finalmente, a média final de 19 valores, veio mais tarde, em 1965, a douto- ousadia de recordar ao centralismo médico e político da rar-se em cirurgia geral, também com a classificação de 19 capital, que a Faculdade de Medicina e os Hospitais da valores. Desde 1979 que é professor catedrático de cirurgia. Universidade de Coimbra continuavam a ser um pólo de desenvolvimento e uma referência no panorama da Me- Em Junho de 1969, no mesmo dia em que um ser huma- dicina Portuguesa. no pisava pela primeira vez solo lunar, Linhares Furtado Somente passados 11 anos, em 1980, se reiniciaram as realizava a primeira transplantação renal em Portugal, nos transplantações renais, agora com carácter definitivo. Re- Hospitais da Universidade de Coimbra. A preparação e corde-se que durante o período, seguramente excessivo, realização deste feito his- que mediou entre tórico revelou o quanto Dr. Furtado Linhares estas duas épocas, de heróico lhe esteve as- ocorreu em Portu- sociado, se recordarmos gal uma revolução, as dificuldades que foi a que se seguiram necessário ultrapassar : a alguns anos de insta- hemodiálise, ainda pouco bilidade social e po- difundida, era incipien- lítica, que explicam te no nosso país e com o atraso no reinicio grandes limitações técni- da transplantação re- cas; não existia qualquer nal, apesar de tudo, laboratório de histocom- durante esses anos, e patibilidade e por isso foi sempre sob a pressão necessário recorrer a um de um grupo de mé- centro francês, que tam- dicos, procedeu-se bém preparou o principal à implementação de imunosupressor, o soro uma série de medidas antilinfocitário (SAL), a fundamentais que vi- partir dos linfócitos do ram a tornar possível receptor obtidos por drenagem do canal torácico, que os programas de transplantação, das quais se destacam eram enviados para França; a inexistência de legislação três : publicação da legislação (Decreto-lei 553/76) regu- sobre o assunto teve que ser ultrapassada com o auxílio lamentadora das colheitas e transplantações de órgãos e de reputados juristas, cujos pareceres ajudaram à legiti- tecidos de cadáver e de dador vivo; constituição e instala- mação deste acto terapêutico. ção dos Centros de Histocompatibilidade do Norte, Cen- Pelas dificuldades enunciadas que persistiram por mais tro e Sul; criação da Comissão Nacional de Diálise, que alguns anos, e pela circunstância de Linhares Furtado ter sob a presidência de Linhares Furtado, lançou as bases ido para Moçambique, no cumprimento das suas obriga- para a cobertura do país por uma rede nacional de centros ções militares, este primeiro transplante renal não teve de hemodiálise, o que permitiu o regresso de centenas sequência, mas deixou importantíssimas marcas na Me- de doentes renais portugueses que faziam tratamento em dicina portuguesa : a demonstração da existência de mé- Espanha.

23-12-2005-final.indd 7 21/12/05 01:05:21 8 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 NOSSO NATAL Simão Vieira Natal das crianças Associação dos pais

Clube J.P.

Mágico Açoriano

Casa Portuguesa Boas Festas e um Ano Novo Própero

23-12-2005-final.indd 8 21/12/05 01:05:32 Açoriano no Canadá 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 9

O Açoriano foi recentemente apresentado ao governo do Canada pelo seu director e andou nas mãos do depu- tado e ministro dos transportes Senhor Jean Lapierre assim como a deputada do parlamento Canadiano pelo partido Liberal a Senhora Lucienne Robillard como se pode ver na fotografi a.

O Açoriano já ganhou um lugar de estima no coração desta grande Senhora Portuguesa de origem Açoriana Fernanda Oliveira.

Feliz Natal

Bom Ano Novo

23-12-2005-final.indd 9 21/12/05 01:06:04 10 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 HISTÓRIA DA EMIGRAÇÃO Estados Unidos da América A primeira paróquia de portuguesa nos Estados Unidos A emigração açoriana para os Estados Unidos da Améri- foi estabelecida em New Bedford, em 1869, sob o nome ca teve início em meados do século passado. de São João Baptista. Motivada quer por questões pessoais, como a fuga ao Para além da pecuária, da agricultura e da pesca muitos recenseamento eleitoral, quer por outras resultantes do açorianos dedicaram-se à pequena indústria. Fundaram traumatizante isolamento a que os ilhéus do Arquipélago os seus próprios jornais, mais tarde seguiram-se os pro- açoriano estavam votados, era facilitada pelas baleeiras gramas radiofónicos e, finalmente, programas televisi- americanas que aportavam à região, sobretudo ao porto vos. Mas o auge da emigração açoriana para este país da América do Norte verificou-se no século XX. Na década fall river - USA de 1911 - 20, emigraram cerca de 43 700 açorianos e na década seguinte emigraram 5 206, resultado da passagem da lei Anti-Emigração, no início dos anos 20, que fixou uma quota de entrada de emigrantes em 440/ano. Contudo, o maior fluxo migratório deu-se no final da dé- cada de 50, consequência da erupção vulcânica dos Ca- pelinhos, na ilha do Faial, em 1957, e da aprovação pelo Senado americano de nova lei sobre a entrada de emi- grantes, que abria as portas aos refugiados das ilhas. Com a crescente acessibilidade dos voos transatlânticos a emigração foi tornada mais fácil para os açorianos, que ao fixarem-se nos EUA, fazem-no em áreas tradicional- mente habitadas pelos seus conterrâneos. Os novos emi- grantes, na generalidade, conhecem mais sobre o país de acolhimento do que sabiam os seus antecessores e dis- da Horta, na ilha do Faial, que, seguindo a rota dos ventos põem já de sociedades fraternas e benemerentes prontas predominantes e a corrente quente do “Gulf Stream”, fa- a oferecer assistência no ensino do inglês, na procura de ziam dos Açores o primeiro porto de arribação dos baleei- empregos, etc. ros para provisão e para recrutamento de mão de obra. Actualmente, em virtude da enorme melhoria das condi- Assim se explica por que os primeiros emigrantes eram ções de vida no Arquipélago, a emigração para os EUA, oriundos do Faial e da contígua ilha do Pico, alguns das bem como para os tradicionais países de acolhimento, é Flores e da vizinha ilha do Corvo. pouco significativa, tendo caído em desuso falar-se em Os primeiros emigrantes fixaram-se na área do Sudeste políticas de e para a emigração, falando-se antes da pre- de Massachusetts, considerada o berço da expansão aço- servação da identidade açoriana nos vários pontos do riana, em zonas como New Bedford, Boston, Province- globo e do apoio às comunidades açorianas residentes no town, Gloucester, Providence e Fall River; e ao longo da estrangeiro. costa da Califórnia, de San Diego a São Francisco. Mas a pesca da baleia perdia gradualmente o seu signifi- Hawaii cado e as fábricas têxteis proliferavam o que levou muitas As ilhas Hawaii, foram descobertas no século XVI por famílias de emigrantes a fixarem-se nas cidades têxteis da um português ao serviço de Castela. Nova Inglaterra. As ilhas, então chamadas, Sandwich constituíam uma Muitos outros dedicaram-se à pecuária, estabelecendo microscópica monarquia e estavam carenciadas de popu- fazendas nas áreas circundantes destas cidades. lação autóctone e consequentemente de mão de obra o Os emigrantes açorianos da Califórnia dedicaram-se que levou o seu governo a fomentar a imigração. predominantemente à pecuária e à horticultura, enquanto Em Junho de 1878, o navio alemão “Priscilla” zarpa- outros se envolveram na pesca do atum. va do porto do Funchal, com 114 portugueses a bordo, a

23-12-2005-final.indd 10 21/12/05 01:06:11 HISTÓRIA DA EMIGRAÇÃO 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 11 maioria madeirenses, com destino às ilhas. sólida das casas, então de madeira, pois os nossos lem- Aportou em Honolulu, capital da ilha de Oahu, 4 meses braram aos naturais a utilização da pedra vulcânica na depois. É a primeira emigração maciça portuguesa para sua construção, bem como a plantação de flores em redor tão longe mas ali já viviam (em Maui, Ohahu, Kauai e das mesmas. Hawaii) entre quatrocentos a quinhentos portugueses, ao que parece em muito boas condições. Eram na sua maio- Bermudas ria baleeiros e descendentes de baleeiros da frota da Nova Grupo de 150 pequenas ilhas, das quais apenas cerca de Inglaterra, todos de origem açoriana. Entre 1878 e 1888, 20 são habitadas. A maior ilha, a Grande Bermuda, cuja capital é Hamilton (porto franco), tem 21 Km e está liga- da às outras ilhas principais por pontes es estradas; a área total de terra do conjunto é de 53 Km². A história dos portugueses na Bermuda começou com a chegada de um grupo de Madeirenses em 1849, seguidos, nas décadas seguintes, por Cabo Verdianos e Açorianos. No entanto, a ligação de Portugal à Bermuda remonta a inícios de 1500. A Bermuda foi descoberta por um Espa- nhol, Juan de Bermudez, entre 1503 e 1511 que chegou no seu barco “La Garça”. Mas só em 1527, o Rei Filipe de Espanha tentou colonizar a ilha, encarregando Her- nando Camelo, um Português, de aí fundar uma colónia. Em 1609, os Ingleses chegam à ilha onde instalam um dezassete navios transportaram 11 057 emigrantes dos ar- Governo em 1612. quipélagos dos Açores e da Madeira. Eram na sua maio- Dá-se um confronto armado entre Espanhóis e Ingleses ria provenientes das ilhas da Madeira e de S. Miguel, mas tendo estes últimos vencido e, em consequência, a Ber- vieram também da Terceira, do Faial, da Graciosa, do muda torna-se uma colónia inglesa a partir de 1684. Pico, de S. Jorge, enfim de quase todos os Açores. Actualmente são uma colónia de governo autónomo O Hawaii é hoje o único Estado integrado na União Nor- com um dos Parlamentos mais antigos da Commonwelth, te Americana. Até 1884 emigraram para o Hawaii, cerca instituído em 1620. Mais de metade dos habitantes são de 6 300 açorianos, na sua maioria micaelenses. descendentes de escravos africanos trazidos para traba- A última “leva, data de 1913, na qual seguiram perto de lharem na terra nos anos que antecederam a abolição da 1300 pessoas. A presença portuguesa, e em particular a escravatura, em 1834. açoriana, no Hawaii é comprovada. Apesar de hoje prati- Hoje, ainda existe um número considerável de nacionais camente não se falar português, os Rebelos, os Perestre- Portugueses a trabalhar na Bermuda em regime de con- los, os Vieiros, Câmaras, Bettencourts, Silvas, Pracanas, trato de trabalho, quer para trabalho no Governo, quer Soares, Cardosos, Freitas, Lomelinos são facilmente de- para trabalho no sector privado, mas não são encorajados tectáveis nas listas telefónicas de Honolulu. A introdução a ficar. De uma população total de 42 000 habitantes, cer- do cavaquinho, o ukulele na designação local, promovido ca de 10 000 são Portugueses, sendo 90% destes de ori- a instrumento nacional, é outra prova. A massa sovada gem açoriana. Actualmente, os Bermudianos de origem da ilha Terceira é pedida nos “five o’clock teas” como portuguesa constituem aproximadamente ¼ da população “sweet bread”, a sopa azeda é conhecida como “portu- total. As ilhas auferem um substancial rendimento das ba- guese soup”, a malassada de S. Miguel ficou para sempre ses navais e aéreas cedidas aos EUA em 1941 por um a malasada havaiana. As tradições do Espírito Santo con- período de 99 anos. tinuam vivas (pão, carne e vinho em louvor do Divino) e Muitos e organizações financeiras do estrangeiro ope- há em Honolulu três “Impérios”. ram ali, beneficiando da brandura das leis fiscais do ter- Aos emigrantes ficou também a dever-se a arquitectura ritório. FELIZ FESTAS

23-12-2005-final.indd 11 21/12/05 01:06:13 12 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 UN PEU DE NOUS... Spécial Noël Petit historique des

Maria Calisto Portugais au Canada Dès le XVe siècle, des pêcheurs des Açores et du Por- Je me rappelle de mes noëls d’enfance, tugal continental côtoient le littoral de Terre-Neuve, où un noël simple, mais heureux. Mes parents ils vont pêcher la morue en été. En 1501, le découvreur nous ont toujours donné un petit cadeau, un João Fernandes, dit Lavrador, accoste sur la rive orienta- petit quelque chose juste pour nous voir, mes frères et moi le de l’actuel Canada, et donne son nom à la péninsule. sourire, ce sourire d’enfant qui ne comprend pas le coût Puis Gaspar et Miguel Cortes Real, des Açoriens, sont les de la vie. Maintenant, je vois les enfants qui m’entourent premiers Européens à ramener de leurs explorations des et je me revois enfant dans leur regard. Que signifie Noël? Amérindiens. Entre 1521 et 1525, Alvares Fagundes et Une fête de famille, la fête préférée des enfants. Mais je ne plusieurs dizaines de colons portugais s’installent au Cap peux pas m’empêcher de penser à ces millions d’enfants Breton, mais la population sera anéantie par un hiver très qui n’ont rien tant à noël, qu’a l’année longue, ces enfants dur. D’autre part, le premier Noir d’Amérique, Mathieu pour qui le matériel ne veut rien dire. À chaque année il y Da Costa, était un ressortissant portugais d’origine afri- a des lignes dans les magasins, surtout les deux dernières caine, traducteur personnel de Pierre de Gua et de son gé- semaines avant noël, les enfants sont très excités, ont leurs ographe Samuel de Champlain. Il a passé les années 1606 fait croire à pleines d’histoires. Ces enfants qui grandissent et 1607 en Acadie. Le premier courrier québécois était et qu’un jour comprennent que la vraie importance de Pedro Da Silva, surnommé le Portugais, qui travaillait noël, autre de célébrer la naissance de Jésus Christ, c’est à la solde du gouverneur de la Nouvelle-France, entre de se rassembler en famille et de partager un bon repas Québec et Montréal. Marié à une Québécoise en 1677, il ensemble et de se dire « JE T’AIME ». Malheureusement, a 14 enfants et 70 petits-enfants, et on lui doit certaine- plus notre société évolue et plus les nouvelles générations ment les patronymes actuels de Da Silva très répandus à grandissant avec la mentalité matérialiste. Mes noëls Montréal, et même les nombreux Messieurs et Mesdames aux Açores étaient peut-être des noëls sans grandes Portugais…! valeurs matérielles, mais c’était un noël étoilé, un noël Enfin, la première communauté juive et première con- ou l’amour était au centre de tout. Mes parents, nous ont grégation non-chrétienne de Montréal était composée toujours montré que le vrai bonheur n’est pas dans les de Sépharades anglais d’origine portugaise, installés en cadeaux, mais dans l’honnêteté, l’amour, le respect. Les 1768. Mais ce n’est qu’en 1953 que le Québec connaît enfants d’aujourd’hui ne sont-ils pas un peu trop gâtés? sa première vague d’immigration portugaise. La majorité Mais n’empêche que c’est une joie de voir leurs yeux illuminés, de voir le sourire dans leurs visages. À vous tous un très JOYEUX NOËL et une très BONNE ANNÉE 2006, beaucoup de santé et d’amour. On se donne Les premiers immigrants du SS-Saturnia rendez-vous en janvier pour célébrer une nouvelle des immigrants portugais proviennent des îles atlantiques année, pour continuer à des Açores (pour la moitié), province particulièrement maintenir O Açoriano, pauvre, ainsi que du Minho qui se trouve être l’arrière_ notre journal mensuel en pays de Porto (15%), de la région de Lisbonne (12%), et vie. de Madère(5%).

23-12-2005-final.indd 12 21/12/05 01:06:14 UN PEU DE NOUS... 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 13 nes. Pour ses huit ans, Nelly reçoit son premier magnéto- Nelly Furtado phone: c’est à ce moment qu’elle va commencer à enre- Une jeune chanteuse de a fait son apparition sur scène et gistrer des chansons. A neuf ans, elle commence à jouer le succès semble la suivre de très près. Nelly Furtado, une de la guitare hawaïenne (appelée ukulele, cette guitare jeune canadienne d’origine portugaise, nous fait vibrer au est composée de quatre cordes), puis du trombone, et va son d’une musique entraînante et d’inspiration multicul- en jouer jusqu’à ses dix-huit ans. A douze ans, elle écrit turelle depuis bientôt 2 ans. Ses parents viennent des îles déjà ses propres chansons. Nelly va écrire durant cette Açores, situées à 900 milles de la côte du Portugal. Ils y période un livre de chansons du style de R&B. Puis à possédaient une ferme d’environ 50 ares, dont ils culti- ses seize ans, elle passe l’été au Portugal et est exposée à vaient la terre. Ils ont immigré vers la fin des années 60 la musique portugaise (par exemple Os Delfins et Pedro sur l’île de Vancouver (Victoria) au Canada. Issue d’un Abrunhosa). milieu ouvrier, une mère femme de ménage et un père maçon travaillant à des aménagements paysagers, elle Durant cette année, pour la première fois, elle enregis- aussi participera à ce monde du travail avant de percer tre en studio comme chanteuse de soutien, pour un ami, dans la musique. Pendant huit étés, Nelly a aidé sa mère d’un groupe de hip-hop à Toronto. A dix-huit ans, ne se comme femme de chambre. De plus, après son secondai- sentant pas capable de poursuivre une carrière musica- re, elle a travaillé dans une compagnie d’alarme. Elle a le puisqu’elle ne savait pas composer les chansons à la fait progressivement son entrée dans le monde de la mu- guitare, elle retourne étudier au Collège à Victoria. Elle sique, un monde qui existait depuis déjà bien longtemps participe à un spectacle, le “Toronto talent show “ où ha- en elle. bituellement on retrouve majoritairement des interprètes féminines noires. C’est à ce moment qu’elle va rencontrer celui qui va devenir son manager, Chris Smith, qui repré- sente aussi “” soit Gerald Eaton et . Ceux-ci vont écrire plusieurs chansons pour l’Album “Whoa, Nelly!”. C’est à vingt ans qu’elle se pro- duit en spectacle pour la première fois. Une musique qui lui est propre et un style unique, cela dans tous les sens, qui lui auront valu 4 junos en 2001.

Son style musical très coloré et vivant est le produit d’un contact avec le monde entier. Le multiculturalisme trans- pire dans ses chansons; elles sont le reflet des cultures qui l’on entourée lorsqu’elle était jeune. Nelly Furtado a compris que le monde change et que les cultures se fusionnent. “Le monde a influencé mon enregistrement, et le fait que je suis canado-portugaise et que je viens d’une culture différente; je pense que tout reflète la façon “Je me souviens que je me cachais derrière le sofa dont le monde est en train de changer, et aussi l’influence pour écouter ma mère et d’autres dames de l’église d’Internet et de tous les moyens de communication, qui qui répétaient leurs chansons en vue de grandes font que les gens apprennent à connaître les différentes cultures.” Ses chansons nous font voyager à travers la fêtes, comme la Fête du Portugal.” planète et nous emportent avec elles. Cette jeune fem- me aux multiples talents musicaux et qui s’exprime en A quatre ans, elle a fait sa première prestation dans une diverses langues (anglais, portugais, hindi) est apparue église, en duo avec sa mère. A cette occasion, elles ont comme une brise fraîche; elle va venir soulever la beauté chanté en portugais devant une audience de 400 person- de toutes les couleurs qui nous entourent.

23-12-2005-final.indd 13 21/12/05 01:06:15 14 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 BREVES NOTICIAIS Autarquias Desporto O Deputado Regional do 1,5 milhões de euros. Diogo Melo e João Agra prova inserida no quadro terminaram 2005 da me- competitivo do Centro Re- PSD, António Pedro Costa, Propostas Graciosa acaba de dirigir à popula- lhor maneira ao garantir o gional de Treino. Declaração de voto Os ção último título da época no do Concelho de Ribeira vereadores do Partido So- Judocas Micaelenses So- Grande uma carta a anun- escalão de sub-16 e sub-12 cialista, José Manuel Gre- bem ao Pódio no Campeo- ciar respectivamente. que estará disponível gório de Ávila e Manuel nato Nacional de Judo para atender os organismos Avelar Cunha Santos, justi- A Federação Portuguesa de e a população em geral da- No, passado, dia 18 de No- ficam a não aprovação das Judo levou a efeito no pas- quele vembro decorreu, em Lis- Concelho, no âmbito GRANDES OPÇÕES DO sado Domingo, em Lisboa, das suas novas funções. boa, o Campeonato Nacio- PLANO E ORÇAMENTO nal de equipas no escalão o Campeonato Nacional de O vice-presidente do Go- PARA 2006, por entende- de Esperanças masculinos Seniores. verno Regional, Sérgio rem que os documentos em e femininos. A organização “Estão criadas as condições Ávila, elogiou domingo à apreciação são irrealistas e do referido campeonato para que se abram novos noite, nas Quatro Ribei- não constituem investimen- foi da responsabilidade da horizontes para o desporto ras, na ilha Terceira, “todos to reprodutivo, com seria Federação Portuguesa de equestre na Região”. Quem aqueles que, ao longo de 30 expectável. Judo. o garante são os sócios fun- anos, em liberdade e demo- Caso a assembleia inter dadores da primeira Asso- cracia, A Associação de Judo do tomaram as rédeas e municipal da Associação ciação Regional da moda- o pulso das suas comunida- Arquipélago dos Açores re- de Municípios dos Açores alizou no dia 17 do corren- lidade nos Açores e que dá des” e contribuíram, assim, tivesse aprovado a polémi- pelo nome de ARDEA–As- para o progresso das fre- te mês, na sala de Judo da ca questão das “senhas de sociação Regional do Des- guesias açorianas. Escola Básica 2, 3 dos Ar- presença”, o seu custo seria rifes, o Torneio de Natal. porto Equestre dos Açores. Câmara solidárias com as de 300 mil euros por ano. O Governo Regional dos Vai ter início no Clube de IPSS´S de Ponta Delgada O valor proposto por Rui Ténis de São Miguel, o úl- A Presidente da Câmara Melo ir no sentido de se- Açores está disponível para apoiar, já no próximo ano, timo Torneio de Iniciados Municipal de Ponta Del- rem pagos mil euros a cada e Cadetes. Esta prova ser- gada reafirmou a solida- autarca por reunião. a construção do pavilhão do Candelária Sport Clu- virá para observar algumas riedade e a disponibilidade Os autarcas reúnem no mí- das maiores esperanças do da autarquia em continuar nimo, em média, uma vez be, uma colectividade des- portiva da ilha do Pico que futuro mais próximo da a apoiar as Instituições de por mês. modalidade nos Açores e Solidariedade Social de vem obtendo classificações Duas propostas foram acei- contará com alguns atletas Ponta Delgada, na medida de relevo a nível regional e tes pela Comissão de Aber- continentais, mais concre- dos recursos camarários. nacional. tura do procedimento do tamente da zona norte, que O Governo Regional de- Concurso Público para a Açorianos acabam época na poderão assim medir forças cidiu comparticipar os en- segunda fase da Empreita- Maia. Nadia Belinska, Ma- com os nossos melhores re- cargos com a remodelação, da de Concepção, Projecto nuel Mont’Alverne, João presentantes das camadas ampliação e equipamento e Construção do Prolonga- Bettencourt e Frederico jovens.teira contou com a de um edifício destinado mento da Avenida Marginal Páscoa, em Infantis, e Vas- presença de duas equipas a acolher um lar de idosos de Ponta Delgada para São co Martins e Steffi Ringel- açorianas, uma da ilha de em Vila Franca do Campo, Roque. berg em Juniores, partiram S. Miguel e outra da Ter- esta semana para o Porto ilha de S. Miguel, num li- Leia e divulgue O Açoriano ceira, além dos campeões mite máximo de cerca de a fim de disputar a última nacionais.

23-12-2005-final.indd 14 21/12/05 01:06:17 CRÓNICA DA MARIA 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 15 Esméria Ferreira Os lençóis Boletim da Santa Cruz A Senhora Esmeria Ferreira, com 91 anos de idade tam- Um casal acabava de se mudar para um novo bairro. Na bém gosta de ler O Açoriano nas muitas horas livres que primeira manhã que passaram na casa, enquanto tomava hoje merecidamente dispõe na sua vida, depois de muito ter lutado e sofrido ao longo da sua vida. Nasceu no dia 20 de Outubro do ano de 1914, na vila da Povoação ilha de São Miguel Açores, e viúva do Senhor Manuel Ferrei- ra com quem casou em Fevereiro de 1942 e poucos anos depois perdeu o seu marido num trágico acidente de tra- balho no mês de Fevereiro do ano 1958 mãe de seis filhos cinco raparigas e um rapaz dos quais dois já faleceram, criou os filhos praticamente sozinha com imensas dificul-

o café, a mulher reparou que uma vizinha pendurava len- çóis no estendal e comentou com o marido. • Repara só como estão sujos os lençóis que aquela se- nhora está a pendurar! Está a precisar de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade com ela, perguntava-lhe se ela queria que eu ensinasse a lavar roupa!” O Marido observou calado. Três dias depois, também de manhã, a vizinha pendurava lençóis no estendal, e nova- mente a mulher comentou com o marido: • A nossa vizinha continua a estender lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade com ela, perguntaria se ela queria que eu ensinasse a lavar!” E cada vez que a vizinha estendia roupa, era o mesmo discurso. Passado um mês, a mulher ficou surpreendida ao ver os lençóis da vizinha muito brancos e foi toda con- vencida contar ao marido: • “Repara bem! A nossa vizinha aprendeu, finalmente, a lavar a roupa. Será que foi outra vizinha que lhe ensinou? Feliz Natal Sim, porque eu não fiz nada. O marido, calmamente, respondeu: • “Não é isso. Eu hoje acordei muito cedo e resolvi lavar a vidraça da nossa janela! dades, a filha mais nova tinha apenas 9 meses de idade E assim é...Tudo depende da janela, através da qual ob- quando o pai morreu. servamos as coisas. Antes de criticar, verifique os seus Emigrou para o Canada em Fevereiro do ano de 1975 próprios defeitos e limitações. onde fixou residência na cidade de Montreal vive com a Devemos olhar, antes de tudo e de criticar os outros, para sua filha Margarida desde que chegou ao Canada. a nossa própria casa e para dentro de nós mesmos. O de- A avó de 9 netos e tem 8 bisnetos O Açoriano se orgulha feito que vemos nos outros não estará, antes, na sujidade da tia Esméria e deseja a ela e a toda a sua família Boas da nossa janela??? Festas do Natal e um Feliz Ano Novo. ADVENTO! Lavemos as nossas vidraças!!!

23-12-2005-final.indd 15 21/12/05 01:06:19 16 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 Bolo de Natal Bacalhau de Natal Ingredientes: 1 xícara de manteiga (200g) 600g de bacalhau 1 xícara de açúcar (170g) 5 decilitros de leite 4 ovos 2 cebolas 1 lata de creme de leite 2 dentes de alho 2 xícaras de farinha de trigo (240g) 1 pimento vermelho 2 pacotes de fermento 1,5 decilitros de azeite 1/8 de colherinha de sal salsa e louro 1 xícara de rum ou vinho branco 125g de purê instantâneo 1 xícara de frutas cristalizadas 3 ovos cozidos 1/3 xícara de passas de uva sem caroço 50g de amêndoas peladas 1/8 de colherinha de cravo moído 8 colheres de sopa de maionese. Depois de bem demolhado o bacalhau, coloque-o no leite. ½ xícara de nozes picadas Corte as cebolas em meias luas fi nas e os alhos e o pimento papel manteiga para forrar a forma Para a decoração: em tiras. Refogue em metade do azeite e junte o louro e a Glacê preparado com ¼ Kg de açúcar de confeiteiro, cerejas e fi gos salsa. Coza o bacalhau no restante azeite, junte o refogado cristalizados e leve ao forno para acabar de cozer. Depois de acabado de Modo de preparação: cozer, coloque num pirex, decore com o purê de batata e Misturar numa tigela as frutas cristalizadas picadas, as no- salpique com ovo cozido picado e as amêndoas laminadas. zes, as passas de uva e o rum. Peneirar a farinha, o fermento, Cubra com maionese e leve ao forno para corar. Quando o sal e o cravo moído. Reservar.Untar uma forma de bolo servir, decore a gosto com azeitonas, salsa ou rodelas de ovo cozido. inglês com margarina, forrar com o papel manteiga e untar cozido. novamente. Bater em creme a manteiga com o açúcar e jun- tar os ovos, um a um,m, sempre batendo. Misturar o creme de leite. Acrescentar a farinha peneirada e misturar levemente. Vinho branco terra de lava Misturar as frutas, por último.Colocar na forma já preparada Vinho da Ilha do Pico. Produzido a partir das castas e levar ao forno já aquecido. Deixar no forno quente nos Seara nova, Generosa e Arinto. Aspecto brilhante, aroma primeiros quinze minutos e depois baixar a temperatura para intenso e frutado, sabor evoluíd o e persistente. Conjunto brando.Virar o bolo num prato retangular e derramar o glacê. harmonioso. Enfeitar com cerejas e frutas cristalizadas. Glacê - Coloque numa tigela o açúcar de confeiteiro e vá adicionando 4 ou 5 Optimo para acompanhar com peixes, mariscos, carnes colheres de água até formar uma pasta grossa. brancas e queijos. Deve servir entre os 8-108-10ºC.ºC.

Ilha do Pico

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