Vol.1 Nº3 23 DEZEMBRO DE 2005 Director: Mario Carvalho Site Web: www.oacoriano.org Boas Festas do Natal Feliz Ano Novo 2006 Pauleta Mike Ribeiro Nelly Furtado Luis Miranda Mario Silva Nélia Jorge Ferreira Shawn Desman Meaghan Benfeito Presépio de Francisco e Clarinha Laranjo 23-12-2005-final.indd 1 21/12/05 01:05:05 2 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 EM DESTAQUE O Acoriano Faial - Navio continua encalhado O navio “CP Valour” continuava costa Norte da ilha do Faial desde EDITOR: encalhado ontem junto à costa Norte sexta-feira ao fim da tarde, foram AS EDIÇÕES MAR da ilha do Faial, prevendo-se para o suspensas no sábado à noite devido 4231, Boul. St-Laurent final da tarde uma nova tentativa para às más condições meteorológicas. Montréal, Québec desencalhar o porta- contentores. Esteve prevista para cerca das 10 H2W 1Z4 horas de ontem , por altura da preia- Tel.: (514) 284-1813 Segundo adiantou à agência Lusa a mar, uma nova tentativa para desen- Fax: (514) 284-6150 mesma fonte, um rebocador oceânico calhar o navio de bandeira das Ber- russo, que esteve fundeado durante a Site Web:www.oacoriano.org mudas, mas que não se chegou a con- noite no canal entre as ilhas do Faial e cretizar, por razões desconhecidas. E-mail: [email protected] Pico, está a dirigir-se para o local para O “pequeno foco de poluição” PRESIDENTE: Sandy Martins VICE-PRESIDENTE: Nancy Martins DIRECTOR: Mario Carvalho DIRECTOR ADJUNTO: Antero Branco REDACÇÃO: Kevin Martins Foto Humberto Tibúrcio CONCEPÇÃO E MONTAGEM: Sylvio Martins iniciar uma operação de desencalhe que foi detectado junto ao navio do “CP Valour”, que tem a bordo cer- continua confinado entre o por- COLABORADORES: ta-contentores e a costa, numa Damião de Sousa faixa de cerca de 300 metros. Os 21 tripulantes continuam bem de Guilhermo Cabral saúde e não correm risco de vida, Maria Calisto mas está já planeada a sua evacu- Pe. José Vieira Arruda ação por via aérea, com recurso Alamo de Oliveira (Açores) a um helicóptero PUMA da For- Jorge da Rocha (Açores) ça Aérea, se assim for solicitado Jeremias Martins (Porto) Foto Humberto Tibúrcio pelo comandante do “CP Valour”. Com cerca de 180 metros de com- FOTOGRAFIA: primento e que transporta carga não ca de 1.100 toneladas de combustível. Humberto Tibúrcio (Açores) perigosa, o navio seguia de Montreal, As operações para desencalhar o no Canadá, para Valência, em Espa- Michael Estrela porta-contentores, que está junto à nha. Ricardo Santos 23-12-2005-final.indd 2 21/12/05 01:05:15 EM DESTAQUE 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 3 Para a defesa da classe Carne de coelho bravo - Criada Associação de é mais benéfica para a O folclore dos Açores Cantadores dos Açores saúde Vítor Reino A carne de coelho bravo da O folclore dos Açores é, de todo o país, aquele que, ilha Terceira é mais bené- em nosso entender, se apresenta hoje como um todo fica para a saúde humana musical de características mais vincadamente próprias que a do coelho domésti- e inconfundíveis, facto para o qual terão porventura co, por possuir mais ácido contribuído diferentes ordens de factores. linolénico com proprieda- Como assinala José Homem Machado, “as ilhas dos des anti-cancerígenas, con- Açores, pelo seu isolamento, conservam ainda costu- cluiu um estudo de um in- mes e tradições, introduzidos pelos primeiros povoa- vestigador da universidade dores continentais e que, lá no continente, ou já não açoriana. existem, ou se modificaram por influências várias”. Os cantadores ao desafio dos Açores têm, finalmente, uma Associação de âmbito regio- nal para a defesa da classe que tem como objectivo cul- tural e social, definido nos seus estatutos, “preservar a tradição das cantigas ao desa- fio, de forma a manter sempre activa está tradição nos Aço- res”, bem como na diáspora Associação das Ligas açoriana. Europeias Emanuel Medeiros discutiu contrato colectivo de trabalho Não esqueçamos, por outro lado, que o povoamento PEIXÃO / GORAZ do Arquipélago envolveu, para além de portugueses Descrição: Barbatana dor- O director-geral da Associa- ção das Ligas Europeias de provenientes de diversas províncias, uma grande hete- sal composta por 12-13 raios rogeneidade de nacionalidades e raças – europeus (fla- duros e 11-13 raios moles; Futebol Profissional (EPFL), o português de origem Aco- mengos, alemães e outros), judeus, mouros e negros, o barbatana anal composta por que originou inevitavelmente uma rica e fecunda inte- 3 raios duros e 11-12 raios riana Emanuel Medeiros, discutiu em Paris com o sin- racção cultural de importância não despicienda. moles. Possui um ponto pre- Dir-se-ia que da música dos Açores emana um sen- to acima da base da barbatana dicato internacional FIFPro “o embrião” de um contrato timento nostálgico, dolente e repousado, simultane- peitoral; focinho mais peque- amente alegre e melancólico, comunicativo e intro- no que o diâmetro do olho. colectivo de trabalho à esca- la europeia. vertido, a que o carácter insular não será certamente Biologia.São omnívoros, mas alheio. Afigura-se-nos, ainda, que a tradição musical alimentam-se sobretudo de desta região é a mais fortemente ritualizada de todo crustáceos, moluscos, minho- o país, objecto de uma atitude peculiar de reverência cas e pequenos peixes. São quase cerimo¬nial que parece transcender e isolar os hermafroditas protrândricos, lugares e momentos em que se pratica relativamente tornando-se fêmeas quando às regras do restante espaço-tempo quotidiano. atingem os 20-30 cm de com- primento. 23-12-2005-final.indd 3 21/12/05 01:05:17 4 - O AÇORIANO - 23 DEZEMBRO 2005 TRADIÇÕES Tradições natalícias nos Açores Nos Açores, os preparativos para o energia eléctrica, a carne tinha de ser te não havia a comercialização dos Natal começam logo no principio do salgada e conservada assim até ser afectos”. E adianta: “hoje o «meni- mês de Dezembro. Nas nove ilhas do consumida. Ao mesmo tempo, havia no» está longe” mas “no nosso tempo arquipélago, a preparação da ceia e enchidos e carne fresca com abundân- era mais Ele do que as coisas”. Ao do presépio é uma das tradições mais importantes das terras açoreanas. Uma das especificidades natalícias da Ilha Terceira “é «correr os meni- nos»”. Os elementos dos vários gru- pos paroquiais “visitam-se reciproca- mente entre o Natal e o Ano Novo” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Ricardo Henriques, do clero açoria- no. Uma visita ao menino Jesus de cada casa que implica “um petisco” – referiu. Os cantares e os ranchos “são expressões sociais” também uti- lizadas entre o Natal e o Ano Novo. Durante estes dias “é típico cantar os anos bons”. O presépio, além de representar a gruta de Belém, serve também para representar cenas do quotidiano das cia para a ceia de Natal. Nas Flores, nível de preparação para o Natal, o ilhas. As figuras são feitas de barro, para além dos enchidos, a tradição é Pe. Octávio Medeiros realça que “co- os montes são feitos de leiva de bur- servir galinha assada recheada com locávamos muito a tónica no espiri- recas - nome que se dá ao musgo fofo debulho, torresmos, não esquecendo tual e nem se falava em presentes”. E e fresco, as ruas que circulam entre as os inhames com linguiça. recorda: “se tivéssemos uma galinha casas são feitas com bagaço ou baga- A melhor parte continuam a ser as era uma maravilha”. cina e, para a cobertura dos telhados sobremesas, como o arroz doce e o A noite do dia 24 acaba sempre com utiliza-se o musgo seco. Na ilha de bolo de frutas, na ilha das Flores, a a tradicional Missa do Galo, à meia Santa Maria, é costume colocar-se à massa sovada e os biscoitos de orelha noite. volta do Menino, pratinhos de trigo e de aguardente, em Santa Maria, os Em São Jorge, o dia da Consoada era grelado a que se chama relvões. suspiros, rosquilhas de aguardente e de especial importância para as rapa- Na Ilha Graciosa há quem faça o Al- figos passados em São Jorge, e os li- rigas porque, ao contrário do resto do tar do Menino, pondo sobre uma mesa cores caseiros – carinhosamente tra- ano, elas tinham liberdade para sair à forrada de tecido branco, alguns de- tados por «mijinho do Menino - um noite, até à hora da missa. Segundo a graus, também forrados e, no cimo, a pouco por todo o lado. crença popular, nessa noite nada de imagem do Menino Jesus, com flores Actualmente, a vivência natalícia é mau lhes podia acontecer, enquanto naturais e outro tipo de ofertas espa- mais uniformizada. O prato do baca- nos restantes dias, depois das Trinda- lhadas pela casa. Montado o presépio lhau tornou-se universal. O Pe. Oc- des - mais ou menos às seis da tarde, segue-se a ceia. Era costume coinci- távio Medeiros, natural da Ilha de - já não podiam sair, havendo até um dir o mês de Dezembro com a matan- S. Miguel, recordou o Natal na sua ditado que dizia : “Trindades batidas, ça do porco, porque com a falta de infância e sublinhou que “antigamen- meninas recolhidas” 23-12-2005-final.indd 4 21/12/05 01:05:18 TRADIÇÕES 23 DEZEMBRO 2005 - O AÇORIANO - 5 Natal pelo país fora A tradição impõe o bacalhau e a car- te, na Consoada é servido o bacalhau há já muitas décadas nas mesas por- ne de porco ou de perú nas mesas na- cozido, acompanhado por couves tuguesas. Mas as festas incluem tam- talícias, seguidos da rica doçaria por- portuguesas, batatas e ovos também bém sabores universais. tuguesa. Mas também novos hábitos cozidos, tudo bem regado com azei- Os patês são cada vez mais procu- alimentares vão-se introduzindo nes- te.
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages16 Page
-
File Size-