INTERFACES COMUNICACIONAIS REITOR Paulo Gabriel Soledade Nacif VICE-REITOR Silvio Luiz Oliveira Soglia

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INTERFACES COMUNICACIONAIS REITOR Paulo Gabriel Soledade Nacif VICE-REITOR Silvio Luiz Oliveira Soglia INTERFACES COMUNICACIONAIS REITOR Paulo Gabriel Soledade Nacif VICE-REITOR Silvio Luiz Oliveira Soglia SUPERINTENDENTE Sérgio Augusto Soares Mattos CONSELHO EDITORIAL Alessandra Cristina Silva Valentim Ana Cristina Fermino Soares Ana Georgina Peixoto Rocha Robério Marcelo Ribeiro Rosineide Pereira Mubarack Garcia Sérgio Augusto Soares Mattos (presidente) Simone Seixas da Cruz SUPLENTES Ana Cristina Vello Loyola Dantas Geovana Paz Monteiro Jeane Saskya Campos Tavares EDITORA FILIADA À JORGE CARDOSO FILHO RENATA PITOMBO CIDREIRA (Organizadores) INTERFACES COMUNICACIONAIS Cruz das Almas - Bahia / 2014 Copyrigth©2014 Jorge Cardoso Filho e Renata Pitombo Cidreira (org.) Direitos para esta edição cedidos à EDUFRB Projeto gráfico, capa e editoração eletrônica: Júnior Bianchi Revisão, normatização técnica: Carlos Alexandre Venancio Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme decreto nº 1.825, de 20 de dezembro de 1907. A reprodução não-autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou parcial, constitui violação da Lei nº 9.610/98. I61 Interfaces comunicacionais / organizado por Jorge Cardoso Filho; Renata Pitombo Cidreira. – Cruz das Almas/BA : UFRB, 2014. 296 p. ISBN 978-85-61346-76-8 1. Comunicação 2. Cultura 3. Arte e ciência I. Cardoso Filho, Jorge II. Cidreira, Renata Pitombo. CDD 302.3 Ficha catalográfica elaborada por: Ivete Castro CRB/1073 Campus Universitário Rua Rui Barbosa, 710 – Centro - 44380-000 Cruz das Almas – BA - Tel.: (75) 3621-7672 [email protected] - www.ufrb.edu.br/editora www.facebook.com/editoraufrb SUMÁRIO Apresentação ................................................................................7 PARTE I - INFORMAÇÃO, CIÊNCIA E JORNALISMO A cobertura de meio ambiente pela Globo News: análise do Jornal das Dez e do Cidades e Soluções ............................. 15 Leila Nogueira Programas de variedades: entretenimento e informação jornalística .................................................................37 Jussara Maia Saúde e divulgação científica: interesses, conflitos e o fator tempo na rotina produtiva de jornalistas do A Tarde ........................63 Márcia Rocha A Saúde em notícia na seção Ciência &Vida do jornal A Tarde, em 2011: um primeiro retrato da desigualdade de gênero nas fontes de informações ..................................................79 Maria de Fátima Ferreira O lugar da verdade no discurso jornalístico ....................................101 Péricles Diniz PARTE II - CULTURA, MEMÓRIA E POLÍTICA Comunicação e mudança social ....................................................115 Robério Marcelo Ribeiro Entre Comunicação e História: em busca de vestígios do passado ....................................................................125 Hérica Lene Pequena história da televisão no estado da Bahia ........................... 147 Sérgio Mattos Rádio-poste: um estudo do serviço de linha modulada em Cachoeira-BA ....................................................................... 171 Rachel Neuberger O príncipe do cotidiano: Maquiavel, Gramsci, Ianni e o fazer político contemporâneo ............................................................. 189 Luiz Nova PARTE III - ARTE, MÍDIA E TEXTUALIDADES Crítica de moda: entre o entretenimento e a arte ............................215 Renata Pitombo Cidreira Imagens, violência e comunicação: aspectos históricos ...................231 Juciara Barbosa Experiências estéticas com o Rock: os casos de Acabou Chorare ...... 257 (Novos Baianos) e Selvagem? (Paralamas do Sucesso) Jorge Cardoso Filho O cronista no espelho ................................................................. 275 Carlos Ribeiro Autores .................................................................................... 291 O DISCURSIVO E O AFETIVO NA COMUNICAÇÃO Renata Pitombo Cidreira Jorge Cardoso Filho Há toda uma tradição do pensamento sobre a comunicação e sua efetividade que se baseia na dialética argumentativa e reflexiva, que nos afasta, certamente, de tudo que, na esfera do afeto, não é conceitual e contratual. A hipostasia que aparece em Habermas da argumentação transparente em função de um consenso negligencia uma instância fundamental de toda discursividade a qual os filóso- fos de Frankfurt (com algumas exceções) raramente se reportam: a corporeidade da linguagem, ou seja, o fato de que todo ato discur- sivo se efetiva num corpo, numa presença. A acentuação do valor comunicacional dos enunciados nos faz esquecer que a enuncia- ção está ancorada numa presença espaço-temporal, que, de algum modo, serve de obstáculo à reflexividade transparente e a raciona- lidade argumentativa. De certa maneira, podemos dizer que autores como McLuhan (1964), Benjamin (1936), entre outros foram sensíveis a este aspecto da sensibilidade humana nos processos comunicacionais. Ao enunciar que “o meio é a mensagem”, McLuhan deslocou a atenção dos enun- ciados, daquilo que se diz, e procurou enfatizar o efeito do ato comu- nicacional em função dos seus suportes midiáticos, revelando a força de cada mídia na modelagem das estruturas sensório-motoras do ho- mem, agindo sobre suas práticas comportamentais e, portanto, sobre seus gostos, condutas e valores. A ideia seria pensar os meios a partir do tipo de envolvimento que eles suscitam, provocando diferentes mo- dos de atribuição de sentido as coisas e dinâmicas da vida simbólica. Benjamin, por sua vez, ao refletir sobre as técnicas de reprodução vai nos fazer perceber que, de certa forma, as mídias reestruturam nos- sas formas de ver e agir, alterando, inclusive, o ambiente no qual esta- mos imersos. Destaca o aspecto cultural envolvido nessas mudanças, Jorge Cardoso Filho e Renata Pitombo Cidreira (organizadores) | 7 sobretudo quando considera que “no interior de grandes períodos his- tóricos, a forma de percepção das coletividades humanas se transforma ao mesmo tempo que seu modo de existência” (s/d, p.169). Mas a dimensão pragmática da comunicação que conjuga de modo fecundo o enunciado e a enunciação certamente tiveram na chamada Escola de Palo Alto a sua mais forte contribuição. Ao afir- mar que “é impossível não comunicar”, um autor como Watzlawick (1993, p. 45) dilui a hegemonia dos enunciados e mostra que as con- dições práticas da enunciação são fundamentais para a configuração dos sentidos, introduzindo a importância do contexto nas dinâmicas comunicacionais, bem como a presença corporal. As reflexões de McLuhan e Benjamin, de certa forma, prepa- ram o solo para as discussões contemporâneas sobre os efeitos pro- duzidos pela comunicação digital e interativa. A discursividade em torno das novas tecnologias e a própria rede, acabam evidenciando de forma talvez mais incisiva, justamente, a fluidez, a ambiguidade e a reversibilidade dos supostos espaços/lugares de emissores e recep- tores; suportes e usuários. Reforça, assim, as reflexões – no campo das Teorias da Co- municação - que refutam o esquema EMR, a exemplo da midiologia (Régis Debray, 1993), de uma vertente da escola de Palo Alto (a di- nâmica do duplo vínculo proposta por Gregory Bateson incorpora- da por Massimo Canevacci, 2001, Daniel Bougnoux, entre outros). Demonstrando, assim, que “qualquer aparelho midiático conspi- ra para essa produção narcísica de auto-referência ou visibilidade” (BOUGNOUX, 1994, p. 61) e que a comunicação é antes de tudo uma dinâmica na qual nos engajamos, em que é muito difícil nomear o sujeito, a fonte, ou delimitar linearmente a pretensa sequência co- municacional. Como diria Daniel Bougnoux: “comunicar é pôr em comum e entrar em uma orquestra (participar de um meio ambiente, de uma comunidade [...] que engloba, precede e transborda, neces- sariamente os parceiros da comunicação” (1994, p. 38). Incorporada desta forma mais ampla, a comunicação está as- sociada ao comportamento e nos afeta a todos e transita e interfere de 8 | Interfaces Comunicacionais modo radical nas nossas vidas. Os entrelaçamentos entre os meios, a arte, a cultura, a política, a memória, a informação e a afetividade humana é o foco desta coletânea que revela parte do empenho des- te corpo docente. Para além dos discursos disciplinares ou mesmo aqueles que defendem a interdisciplinaridade, o que nos interessa é compreender que a comunicação nos constitui e vários discursos po- dem ser concernidos por ela. Segundo José Luiz Braga, é cansativo e ocioso o debate sobre o estatuto acadêmico da Comunicação, mas é importante a “cons- tatação inarredável, na presente situação histórico-social, da obje- tivação de um espaço de estudos, reflexões e pesquisa percebidos largamente como relevantes, espaço este que, ao ser nomeado pelo termo ‘Comunicação’ ou pela expressão ‘Comunicação Social’, en- contra forte consenso quanto ao que se está falando – ainda que o contorno e a organização interna desse espaço estejam longe de ser consensuais” (Braga, 2001, p. 11). Uma alternativa seria, de forma mais circunscrita, enfocar apenas o que ocorre nos meios de comunicação de social. Apesar de ser um recorte, essa alternativa não se apresenta de forma extrema- mente restrita, uma vez que os meios de comunicação, reconheci- damente, exercem uma fundamental importância na constituição da cultura contemporânea. A outra alternativa, em contrapartida, seria tomar como objeto da comunicação as interações comunicacionais – que é considerar “que se trata aí dos processos simbólicos e práticos que, organizando trocas entre os seres humanos, viabilizam as diver- sas ações e objetivos em que se vêem engajados (por exemplo, da área política, educacional, econômica, criativa
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