Carlos Kessel
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A Vitrine e o Espelho O Rio de Janeiro de Carlos Sampaio PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Cesar Maia SECRETARIA DAS CULTURAS Ricardo Macieira DEPARTAMENTO GERAL DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO CULTURAL Antonio Olinto ARQUIVO GERAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Antonio Carlos Austregésilo de Athayde DIVISÃO DE PESQUISA Sandra Horta CONSELHO EDITORIAL Antonio Carlos Austregésilo de Athayde (presidente), Afonso Carlos Marques dos Santos, André Luiz Vieira de Campos, Antonio Torres, Carlos Lessa, Eliana Rezende Furtado de Mendonça, Franco Paulino, Jaime Larry Benchimol, Lana Lage da Gama Lima, Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, Mauricio de Almeida Abreu, Pedro Lessa, Sandra Horta, Vera Lins A Vitrine e o Espelho O Rio de Janeiro de Carlos Sampaio Carlos Kessel 2001 Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria das Culturas Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Divisão de Pesquisa Coleção Memória Carioca Volume 2 © 2001 by Carlos Kessel Direitos desta edição reservados ao Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro (C/DGDI/ARQ). Proibida a reprodução sem autorização expressa. Printed in Brazil/Impresso no Brasil ISBN: 85-88530-02-3 Edição de texto Diva Maria Dias Graciosa Projeto gráfico Inah de Paula Comunicações Editoração eletrônica Inah de Paula Comunicações Foto da capa Vista da exposição de 1922. Foto: Augusto Malta. FMIS/RJ Agradecimentos especiais à Fundação Museu da Imagem e do Som – FMIS/RJ, Secretaria de Estado de Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro. Catalogação: Serviço de Biblioteca/Arquivo Geral da Cidade K42 Kessel, Carlos A vitrine e o espelho: o Rio de Janeiro de Carlos Sampaio / Carlos Kessel. – Rio de Janeiro: Secretaria das Culturas, Departamento Geral de Documentação e Informação Cultural, Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, 2001. 140 p. : il. ; 26 cm. – (Memória carioca; v. 2) Bibliografia: p. 119 - p. 122 1. Rio de Janeiro (RJ) – Política e governo, 1920-1922. 2. Urbanização – Rio de Janeiro (RJ) – Evolução urbana – 1875-1930. I. Título. II. Título: O Rio de Janeiro de Carlos Sampaio. III. Série CDD: 352.08154 CDU: 351.712(815.41)"1875/1930" Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro Rua Amoroso Lima, 15 – Cidade Nova 20211-120 – Rio de Janeiro – RJ Telefax: (0XX21) 2273- 4582 e-mail: [email protected] http://www.rio.rj.gov.br/arquivo sumário Prefácio ..................................................................................................................................................... IX I. Cidade e personagem........................................................................................................................ 1 II. Cidade e tempo .................................................................................................................................11 1. De Passos a Frontin ................................................................................................... 12 2. O Rio de Janeiro em 1920 .................................................................................................... 18 III. Trajetória biográfica.................................................................................................................. 25 1. Engenheiro e professor ......................................................................................................... 26 2. A Empresa Industrial de Melhoramentos do Brasil .......................................................... 28 3. A Light e a Brazil Railway.................................................................................................... 33 IV. Texto e gestão .................................................................................................................................47 1. O urbanismo de Carlos Sampaio .......................................................................................... 48 1.1 Produção textual e produção construída ................................................................... 48 1.2 Urca e Copacabana ...................................................................................................... 53 1.3 O Passeio Público ........................................................................................................ 54 1.4 A lagoa Rodrigo de Freitas ......................................................................................... 54 1.5 O problema das enchentes.......................................................................................... 56 1.6 O arrasamento do morro do Castelo e a Exposição do Centenário ....................... 57 2. O caso dos telefones .............................................................................................................. 62 3. Política e administração ........................................................................................................ 65 3.1 O Conselho Municipal ................................................................................................ 65 3.2 Diálogo e contenda ..................................................................................................... 68 V. A construção da imagem.............................................................................................................91 1. Polêmica: o olhar dos contemporâneos .............................................................................. 92 2. Alaor Prata: a visão do sucessor............................................................................................ 97 VI. Ensaios de urbanismo.............................................................................................................. 109 Referências bibliográficas ............................................................................................................. 119 Tabelas ...................................................................................................................................................... 123 prefácio A HISTÓRIA DA CIDADE: ENTRE O MATERIAL E O SIMBÓLICO A história da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro ocupa um lugar singular nos estudos históricos brasileiros. Capital da América portuguesa desde 1763, sede da Monarquia lusitana de 1808 a 1821, Corte imperial de 1822 a 1889 e capital federal, da Proclamação da República à inauguração de Brasília em 1960, a cidade se transformou no principal cenário do exercício do poder e laboratório de várias experiências civilizatórias, desde as tentativas iluministas de vice-reis como Luís de Vasconcelos e Sousa às experiências republicanas no século vinte. Contudo, já era possível detectar um processo de racionalização do espaço urbano antes mesmo da transferência da capital, notadamente nas intervenções do brigadeiro Alpoim, durante a longa gestão do conde de Bobadela, o último a dirigir o Rio na condição de governador da capitania. Esses marcos da história administrativa corresponderam a alterações no status da cidade onde se evidenciava o seu papel de centro de poder, mas também as funções de representação de uma cidade capital no Novo Mundo. A história urbana do Rio de Janeiro foi marcada, desde o setecentismo, por iniciativas de racionalização no uso do espaço correspondentes às transformações que as cidades do Antigo Regime começavam a sofrer. É assim que o nosso terreiro do Paço vai sendo definido sob a inspiração do seu correspondente metropolitano, um largo da Sé é projetado, o Rossio vai sendo demarcado na mesma posição do seu congênere lisboeta e os aterros se sucedem na conquista do mar e dos terrenos alagados. A cidade encontrada pela Corte, em 1808, já estava dotada de um Passeio Público, tendo ultrapassado os limites da muralha projetada após as invasões francesas do início do século dezoito. Tratava-se agora de imprimir uma feição mais européia, despindo-a dos traços que a aproximavam das cidades asiáticas. É o caso da abolição das gelosias e dos muxarabis e da imposição de práticas civilizadas, com vistas a construir um ambiente favorável para a Corte transplantada.1 Mas estes eram apenas os primeiros passos de um projeto civilizatório que tentaria superar os limites impostos pelas condições sociais e naturais. No século dezenove, a cidade foi uma protagonista decisiva no processo de construção do Estado imperial e se constituiu no alvo preferencial das idealizações e ações que tentavam atualizá-la tanto do ponto de vista funcional como estético.2 Grande parte dos planos e discussões permaneceram no papel, mas foram constituindo um substrato, no campo das idéias, para as transformações radicais que só viriam nas primeiras décadas republicanas. Daí o interesse de estudar a cidade também do ponto de vista da sua construção imaginária, identificando as representações do espaço urbano real ou desejado. Marcel Roncayolo chama a atenção para o fato de que o essencial da cidade moderna é que, a partir do século dezessete, ela é projetada. Assim, as representações da cidade cumprem um papel fundamental, onde importa conhecer, como sugere Roncayolo, “os conceitos empregados para definir a cidade tal como deveria existir”.3 Não é por acaso que os médicos elaboram, desde o final do século dezoito, verdadeiros diagnósticos do espaço urbano, propondo intervenções cirúrgicas na paisagem, como a derrubada de alguns morros cariocas para favorecer a aeração e a eliminação dos miasmas. Nasce daí a busca de uma credibilidade científica para embasar a transformação da cidade. Nesse sentido, todo o equipamento mental de uma época é mobilizado para renovar os conceitos e modelar a ação sobre a cidade deletéria4