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João Miranda Nuno Cunha Rodrigues (coordenadores) Organização de Carla Amado Gomes e Tiago Antunes Com o patrocínio da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento João Miranda e Nuno Cunha Rodrigues (coordenadores) Edição: www.icjp.pt | [email protected] www.ideff.pt | [email protected] Fevereiro de 2015 ISBN: 978-989-8722-04-1 Alameda da Universidade 1649-014 Lisboa Foto da capa: Thinkstock – licenciamento royalty free Produzido por: OH! Multimédia [email protected] DIREITO E FINANÇAS DO DESPORTO 3 ÍNDICE Prefácio ► João Miranda / Nuno Cunha Rodrigues I – FEDERAÇÕES DESPORTIVAS Federações desportivas - renovação do estatuto de utilidade pública desportiva: problema jurídico ► João Tiago Rôlo Maurício Marques II – AGENTES DESPORTIVOS Do direito à imagem de praticantes desportivos profissionais ► Tiago Freitas Coelho Pereira Antunes O regime jurídico do contrato de trabalho do praticante desportivo ► Filipe Alexandre da Silva Paula As cláusulas de rescisão do contrato de trabalho desportivo no contexto do regime de cessação do contrato de trabalho ► Telma Filipa Santos Rocha A regulação dos agentes de jogadores de futebol em Portugal e no Brasil ► Allison Garcia Costa Mudança de paradigma na (des)regulamentação da actividade dos empresários/intermediários desportivos ► José Gomes Mendes Livre circulação de trabalhadores e incentivos à formação de jovens futebolistas no âmbito da EU ► Lourenço Bragança de Almeida e Silva As perigosas ligações entre as apostas desportivas online e o match fixing ► Luís Alexandre Serras de Sousa Corrupção no desporto ► Elisabete Maria Cleto dos Reis III – FINANÇAS DO DESPORTO Direitos económicos de terceiros ► Maria Lagoa Ghira Zinho A (proibição da) detenção de direitos económicos por terceiros ► Miguel Jorge de Almeida Pinto Vieira 4 Prefácio Prefácio O desporto tem vindo gradualmente a assumir um papel mais relevante no contexto social. Por um lado, o desporto converteu-se numa indústria com peso nas economias nacionais e locais. É o que se passa com a indústria do futebol que emprega directamente centenas de pessoas e indirectamente milhares. Mas igualmente com outros desportos, tais como o golfe, o automobilismo, o surf ou o atletismo. Por outro lado, a consciência colectiva vai despertando para a importância económica e social e para os benefícios para a saúde de uma prática desportiva regular. Convém recordar que o Direito já regula múltiplos aspectos do fenómeno desportivo, designadamente os que se prendem com as federações desportivas e com os clubes e as sociedades desportivas, o estatuto dos diferentes agentes desportivos, a fiscalidade aplicável ao desporto, o combate à violência e à dopagem e as formas de resolução dos litígios desportivos. A tudo isto acresce a necessidade recente de assegurar a sustentabilidade financeira do modelo de desenvolvimento desportivo face, nomeadamente, ao regime dos auxílios de Estado, à fiscalidade ou ao denominado “fair play financeiro”, recentemente instituído pela UEFA. Poderíamos, de certo modo, falar num novo paradigma do desporto, com implicações jurídicas as quais visam dirimir conflitos e definir regras no tocante à organização do desporto profissional e amador. A Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, atenta ao desenvolvimento de novos ramos do Direito, não podia por isso alhear-se do significado que o Direito do Desporto já hoje possui. No momento em que o Direito do Desporto se começa a afirmar como uma disciplina com uma teoria e uma praxis, decidiram o ICJP e o IDEFF organizar uma pós-graduação em desporto, cientes do seu irrecusável interesse, tendo em vista uma perspectiva essencialmente prática, destinada a todos os que se interessam por matérias desportivas nas dimensões jurídica e financeira. DIREITO E FINANÇAS DO DESPORTO 5 O primeiro curso realizado visou conferir uma formação transversal nas áreas jurídica e financeira, sendo vocacionado para juristas e para outros profissionais que exercem a atividade no setor do desporto. Para tanto, a composição do corpo docente foi diversificada e interdisciplinar, compreendendo não só académicos e outros juristas mas também economistas, gestores e dirigentes desportivos. Na estruturação do programa, privilegiou-se uma pedagogia prática que estimulasse o estudo de casos e a exposição das experiências concretas, assim como o networking entre oradores e participantes do curso e destes entre si. Algumas hesitações iniciais relativas à iniciativa foram rapidamente dissipadas, como se viu do número de inscrições – implicando que o número de vagas disponíveis fosse esgotado muito antes do início do curso – bem como pelo prestígio dos intervenientes e pela qualidade das intervenções efectuadas. No final da pós-graduação, os participantes puderam optar por uma avaliação final, através da apresentação de um trabalho. Foi assim que surgiu a oportunidade de se proceder à publicação de alguns dos estudos redigidos, como forma de divulgar o Direito do desporto e propiciar o conhecimento de alguns dos temas tratados na pós-graduação. São esses trabalhos que agora se publicam. Estão em causa áreas diferenciadas do Direito do desporto que compreendem questões tão diversas como o estatuto de utilidade pública das federações desportivas; o direito à imagem de praticantes desportivos profissionais; o contrato de trabalho do praticante desportivo ou as cláusulas de rescisão; a regulação dos agentes de jogadores de futebol; a livre circulação de trabalhadores e a formação de futebolistas; as apostas desportivas; a corrupção no desporto ou os direitos económicos de terceiros, tema recente e muito discutido. A publicação deste e-book é produto e corolário do sucesso alcançado com a realização da I pós-graduação em direito e finanças do desporto que deu origem a que o ICJP e o IDEFF renovassem a sua parceria, organizando a segunda edição do referido curso, no ano lectivo de 2014/2015. 6 Prefácio Os organizadores do primeiro curso de pós-graduação pretendem agradecer, nesta oportunidade, a todos os que nele colaboraram. Aos docentes, a quem é devida uma palavra de gratidão pelo esforço e dinamismo que, sem excepção, prodigalizaram. Ao IDEFF e ao ICJP, à Associação Portuguesa de Direito Desportivo e ao secretariado do Curso, porque sempre acreditaram na iniciativa e a apoiaram, desde a primeira hora, na organização e divulgação. Por fim, o agradecimento é devido aos pós-graduandos que contribuíram, decisivamente, como pudemos testemunhar, para o sucesso do Curso. João Miranda Nuno Cunha Rodrigues Voltar ao índice ► Voltar ao ínicio do texto ► DIREITO E FINANÇAS DO DESPORTO 7 Federações desportivas - renovação do estatuto de utilidade pública desportiva: problema jurídico João Tiago Rôlo Maurício Marques 1. Introdução Numa era dominada pela massificação da informação, amplamente difundida pelos mais variados meios de comunicação hoje existentes, assistimos diariamente à publicação de notícias envolvendo não só a actividade desportiva praticada pelos seus agentes, mas também, e cada vez com maior proeminência, envolvendo a regulamentação jurídica do universo desportivo, quer nacional, quer internacional. Na verdade, nos últimos anos multiplicou-se a publicação em Portugal de diplomas legais que, quer incindindo sobre a estrutura do Desporto em geral, quer sobre a estrutura dos mais diversos desportos em específico, têm procurado conceder à área do Desporto a mesma importância e tratamento jurídico concedidos a muitas outras áreas da vivência em sociedade. Este fenómeno de expansão jurídica do mundo desportivo encontra-se intimamente ligado ao exponencial crescimento da sua vertente económica, que atinge actualmente patamares de rendimento financeiro apenas ao alcance das actividades estritamente económicas, as quais, ao invés, se encontram presentemente em declínio. Em Portugal, a regulamentação jurídica da actividade das federações desportivas tem assumido particular relevância no seio do direito do Desporto, pelo facto de se tratarem de entidades com poderes públicos, exercendo funções constitucionalmente atribuídas ao Estado1 e por este legalmente delegadas/atribuídas O impacto das federações desportivas na organização e funcionamento das ligas profissionais e, consequentemente, nas competições desportivas por estas organizadas, tem atraído a atenção dos agentes desportivos e da sociedade portuguesa em geral para a relevância e necessidade de uma correcta e atenta regulamentação jurídica. 1 O artigo 79.º da Constituição da República Portuguesa estabelece, no seu n.º 2, que “incumbe ao Estado, em colaboração com as escolas e as associações e colectividades desportivas, promover, estimular, orientar e apoiar a prática e a difusão da cultura física e do desporto, bem como prevenir a violência no desporto.” 8 Renovação do estatuto de utilidade pública desportiva… Atenta a manifesta actualidade do tema, evidenciada pela recente publicação do Decreto-Lei n.º 93/2014, de 23 de Junho, propomo-nos aqui a analisar e solucionar, de forma sucinta e despretensiosa, um dos vários problemas encontrados na aplicação prática dos normativos legais que regulamentam a actividade das federações desportivas, mais precisamente no mecanismo legal de renovação do seu estatuto de utilidade pública desportiva, previsto no Decreto-Lei n.º 248-B/2008, de 31 de Dezembro, na redacção em vigor. 2. Federações Desportivas - Conceito e Características O conceito de federações desportivas encontra-se actualmente definido na Lei, mais precisamente no artigo 14.º da Lei de Bases da Actividade Física e do Desporto (LBAFD), aprovada