Brazilian Journal of Development
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76549 Brazilian Journal of Development Levantamento de Ochnaceae DC. no núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, SP, Brasil Survey of Ochnaceae DC. in núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, São Paulo State, Brazil DOI:10.34117/bjdv6n10-178 Recebimento dos originais:01/10/2020 Aceitação para publicação:08/10/2020 Juliana Moreira Bianchi Bacharela em Ciências Biológicas – UNISA Instituição: Herbário Unisa – Universidade Santo Amaro Endereço: Rua Enéas de Siqueira Neto 330, São Paulo, SP E-mail: [email protected] Paulo Affonso Doutor em Ciências – Botânica – USP Instituição: Herbário Unisa – Universidade Santo Amaro Endereço: Rua Enéas de Siqueira Neto 330, São Paulo, SP E-mail: [email protected] ABSTRACT (Survey of Ochnaceae DC. in núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, São Paulo State, Brazil). This paper consists of the taxonomic survey of the Ochnaceae DC. in núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, São Paulo State, Brazil. Identification keys, morphological descriptions, illustrations, geographical distribution and phenology are presented. The family is represented in the area by three species: Ouratea parviflora, O. sellowii and Sauvagesia erecta. Keywords: Atlantic Forest, Malpighiales, Ouratea, Sauvagesia, Taxonomy. RESUMO (Levantamento de Ochnaceae DC. no núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, SP, Brasil). Este trabalho consiste no levantamento taxonômico de Ochnaceae DC. no núcleo Curucutu, Parque Estadual Serra do Mar, São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil. Chaves de identificação, descrições morfológicas, ilustrações, distribuição geográfica e fenologia são apresentados. A família está representada na área por três espécies: Ouratea parviflora, O. sellowii e Sauvagesia erecta. Palavras-chave: Mata Atlântica, Malpighiales, Ouratea, Sauvagesia, Taxonomia. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 10, p. 76549-76557 oct. 2020. ISSN 2525-8761 76550 Brazilian Journal of Development 1 INTRODUÇÃO A familia Ochnaceae DC. compreende 33 gêneros e 542 espécies com distribuição pantropical, (Stevens 2001). No Brasil ocorrem 13 gêneros e 208 espécies, das quais 124 são endêmicas, em São Paulo ocorrem dois gêneros e 22 espécies (Chacon et al. 2015). A família é composta por ervas, subarbustos, arbustos ou árvores, folhas simples, alternas, com estípulas perenes ou caducas; flores pentâmeras, raramente tetrâmeras, dialissépalas, dialipétalas, hipóginas; anteras poricidas ou rimosas, estaminódios presentes ou não; ovário súpero, 2-10-carpelar, sincárpico, óvulos 1-muitos por lóculo, placentação parietal, basal ou axilar, apenas um estilete, estigma punctado; Frutos capsulares ou esquizocarpos, com os mericarpos (1-10) suculentos sobre o receptáculo expandido, sementes com ou sem albúmen (Yamamoto & Sastre 2004, Salvador et al. 2010). O gênero Ouratea Aubl. é o maior da família, com cerca de 124 espécies, das quais 18 estão no Estado de São Paulo (Chacon & Yamamoto 2015) com distribuição exclusivamente neotropical (Stevens 2001). O gênero Sauvagesia L. tem distribuição pantropical e possui cerca de 40 espécies (Stevens 2001) das quais 37 ocorrem no Brasil e quatro em São Paulo (Cardoso & Chacon 2015). A família apresenta poucas aplicações econômicas, que estão relacionadas a algumas espécies ornamentais, como “ocna” (Ochna serrulata Walp.) (Souza & Lorenzi 2012), condimento, como o “coração de bugre” (Ouratea parviflora DC. (Baill.)), e medicinal, como a “erva de São Martinho” (Sauvagesia erecta L.) (Guimarães & Pereira 1966). O presente trabalho faz parte do estudo da Flora do núcleo Curucutu, realizado pela Universidade Santo Amaro e o Herbário PMSP em parceria. Com o objetivo de desenvolver o estudo taxonômico de Ochnaceae no núcleo Curucutu, foram realizadas coletas, identificações, descrições, confecção de chave de identificação, ilustrações e dados de distribuição geográfica e fenológica das espécies encontradas. 2 MATERIAL E MÉTODOS Em 1977 o núcleo Curucutu foi criado a partir de uma fazenda produtora de carvão, que foi adquirida pelo Estado e transformada em Reserva Florestal, fazendo parte do Parque Estadual Serra do Mar e tinha o objetivo de preservar as nascentes e mananciais da região metropolitana de São Paulo por meio dos rios Capivari, Monos e Embu Guaçu, que alimentam o reservatório Guarapiranga no planalto, e, no litoral, o Sistema Mambu/Rio Branco, em Itanhaém. Atualmente o Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 10, p. 76549-76557 oct. 2020. ISSN 2525-8761 76551 Brazilian Journal of Development núcleo abrange parte dos municípios de Itanhaém, Juquitiba, Mongaguá e São Paulo, com uma área de 37.512 hectares (Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente 2020). Encontramos no núcleo Curucutu áreas de dois grandes compartimentos do relevo, no Planalto Paulistano trechos com altitudes entre 700 e 800 metros e na escarpa da Serra do Mar, o compartimento de maior expressão em área no núcleo, onde as altitudes variam entre 800 e 1000 metros (Bellato & Mendes 2002), a precipitação anual é de 2000-3000 mm/ano e um clima temperado chuvoso, com verões quentes e chuvosos e invernos com temperaturas mais amenas (Garcia 2003), a vegetação é predominante de florestas nebulares e campestres. O núcleo Curucutu abriga as nascentes dos rios Capivari e Embu-Guaçu, integrantes do Sistema Guarapiranga que abastece a região metropolitana de São Paulo e parte do rio Mambu, que abastece a abastece Itanhaém (Garcia & Pirani 2005). Para o levantamento de Ochnaceae foram utilizados exemplares coletados durante a realização deste estudo, bem como aqueles que se encontram depositados na coleção científica da Universidade Santo Amaro, e nos Herbários ESA, PMSP, SPSF, SPF, esses exemplares foram provenientes do setor de planalto, dentro do município de São Paulo. As coletas e os procedimentos de preparação e conservação dos materiais seguiram a metodologia de Fidalgo & Bononi (1989). Para as identificações e descrições foram utilizadas literaturas específicas para a família (Jung- Mendaçolli 1996, Yamamoto 1995, Yamamoto & Sastre 2004, Salvador et al. 2005, Salvador et al. 2010, Chacon 2011). Os dados de floração e frutificação foram obtidos por meio das análises das exsicatas e das observações em campo. Os termos morfológicos seguiram os descritos em Gonçalves & Lorenzi (2011). As ilustrações foram confeccionadas a mão livre com o auxílio de um estereomicroscópio e finalizadas pelo ilustrador Klei Rodrigo de Sousa. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram registrados para o núcleo Curucutu, três espécies da família Ochnaceae distribuídas em dois gêneros, Ouratea (O. sellowii e O. parviflora) e Sauvagesia erecta. Chave de Identificação de Ochnaceae do núcleo Curucutu 1. Erva. Estípulas ciliadas, não ramificadas. Pétalas alvas ligeiramente rosadas....................................................................................................Sauvagesia erecta 1. Árvore ou arbusto. Estípulas deltoides. Pétalas amarelas. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 10, p. 76549-76557 oct. 2020. ISSN 2525-8761 76552 Brazilian Journal of Development 2. Lâminas, 2–4.2x0.4–2 cm. Pétalas e sépalas quatro, raramente cinco. Estames oito, raramente 10 ........................................................................................Ouratea sellowii 2. Lâminas, 2–9 x 1.4–3 cm. Pétalas e sépalas cinco, raramente quatro. Estames dez, raramente oito..................................................................................Ouratea parviflora Ouratea Aubl. Árvores ou arbustos. Folhas simples e alternas, margem plana, lisa, serreada no terço superior. Estípulas cedo caducas, deltoides. Inflorescência panícula, provida por brácteas semelhantes às estípulas, caducas ou persistentes. Cálice dialissépalo, sépalas verdes em botão e amarelas na frutificação; corola dialipétala, imbricada, muitas vezes assimétrica, pétalas amarelas; anteras subsésseis, eretas, deiscência poricida; carpelos fundidos numa coluna basal, ovário súpero; estilete único originado da base das unidades férteis, filiforme; carpóforo piriforme ou clavado, mericarpos elípticos ou oblongos. Ouratea sellowii (Planch.) Engl., Fl. Bras. (Martius)12(2): 347.1876. Figura 1. f, g, h Árvores ou arbustos 1.5–2 (-10) m alt. Folhas com pecíolo 2–4.2 mm compr., estípulas restritas ao par lateral as folhas, 1.5–2.7 x 0.5–1 mm; lâminas cartáceas, glabras, 2–4.2 x 0.4–2 cm, elípticas ou elíptico-ovais, base atenuada, aguda ou obtusa, ápice agudo ou obtuso, margem plana com ápice serreado. Inflorescência terminal, laxa, ca. 9 flores, eixo primário ca. 2.5 cm compr.; brácteas deltoides 1.5–2.5 x 0.5–1.4 mm, presentes na base do eixo da inflorescência, cedo caducas. Pedicelos florais 4–11.3 mm compr. Botões florais 1.5–4.6 x 1.5–3.2 mm, ovoides a cônicos, ápice agudo. Sépalas quatro, raramente cinco, 3–4.8 x 1.8–2 mm, elípticas, margem lisa, ápice agudo. Pétalas quatro, raramente cinco, 4–6.5 x 3–4.9 mm, geralmente espatuladas. Estames 8 (-10), anteras 2.9–3 mm, lisas ou transverso-rugosas. Gineceu tetracarpelar, ginóforo 0.8–1.5 mm compr., ovário ca. 0.7 mm compr., estilete 2–3 mm compr. Fruto com carpóforo 4–7 x 4–5 mm, clavado ou piriforme, mericarpo 3–9 x 5–6.2 mm, elíptico ou oblongo; 1 semente por mericarpo. Material examinado: BRASIL. SÃO PAULO: São Paulo, Parque Estadual da Serra do Mar, Trilha do Mirante, 15.XI.1997, fl., R.J.F. Garcia 1379 (UNISA); Trilha do Mirante, 07.III.1998, fl. e fr., P. Affonso 216 (UNISA); Trilha do Mirante, 29.X.1999, fl., M.A.S. Mayworm 1288 (UNISA);Trilha do