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UNIVERSIDADE DO SUL DE

MONIQUE MARTINS COELHO

PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL DE DUAS EQUIPES CATARINENSES

Palhoça

2011

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MONIQUE MARTINS COELHO

PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL DE DUAS EQUIPES CATARINENSES

Relatório de Estágio apresentado ao Curso de Educação Física da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Educação Física.

Orientador: Prof. Gustavo de Sá e Souza, MSc

Palhoça

2011 2

MONIQUE MARTINS COELHO

PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ATLETAS DE FUTEBOL PROFISSIONAL DE DUAS EQUIPES CATARINENSES

Este relatório de estágio foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Educação Física e aprovado em sua forma final pelo Curso de Educação Física, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 30 de outubro de 2011.

Prof. e orientador Gustavo de Sá e Souza, MSc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. Jucemar Benedet, MSc. Universidade do Sul de Santa Catarina

Prof. Simone Karmann Souza, MSc. Universidade do Sul de Santa Catarina

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Dedico este trabalho a Deus por tudo que me proporciona na vida, e pela força de espírito que me guia. Aos meus pais, meu irmão e meu marido pela paciência e compreensão. 4

AGRADECIMENTOS

Á aquele que me permitiu mais essa conquista é a quem dirijo minha maior gratidão. Deus, mais do que me criar, deu propósito à minha vida, e a quem reconheço em todos os momentos, que é o maior mestre que alguém pode ter. Ao meu orientador Gustavo de Sá e Souza pelo tempo e dedicação prestados, todo o meu reconhecimento profissional. Á professora Elinai Dos Santos F. Schutz, Coordenadora de Estágio, pelo seu apoio, paciência e dedicação durante esta jornada. Aos Professores que compõem a banca de avaliação, Prof. Jucemar Benedet e Simone Karmann, não á toa escolhidos, pelas contribuições ao meu desenvolvimento acadêmico. Á vocês, minha admiração pessoal e profissional. Aos meus pais, Nem e Laureci, pelo exemplo de vida, pela oportunidade de estudo e por formarem os fundamentos da minha índole. Obrigada por serem a minha referência de tantas maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável. Ao meu irmão e cunhada, Eduardo e Júlia, pelo apoio e ensinamentos nos momentos de crise e pela alegria e carinho nos momentos de folga. Ao meu marido Jean, pela compreensão nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo e por toda a paciência e incentivo quando precisei. Á minha irmã de coração, Aline dos Santos pela sua presença constante e por me fazer rir quando eu passava horas em frente do computador. Á todos os meus familiares e amigos que sempre me incentivaram. Aos colegas de classe, por tornar inesquecíveis esses anos que passamos juntos e em especial á minha amiga Anne K. Amorim por ser minha “agenda” em todos os momentos e pela amizade que levaremos para sempre. Aos Clubes Avaí Futebol Clube e Figueirense Futebol Clube, que apoiaram minha pesquisa. Aos representantes Alexandre Souza e Francisco Lins, pois sem suas contribuições este estudo não teria sido realizado. Sou grata a todos aqueles que acreditam no meu potencial, e que de alguma forma contribuem para que eu me esforce para melhorar a cada dia.

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“Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”. (Confúcio) 6

RESUMO

O futebol está presente no cotidiano dos brasileiros, sendo considerada a paixão nacional. O estudo trata da análise da incidência de lesões ocorridas nos clubes de futebol catarinense Avaí Futebol Clube e Figueirense Futebol Clube, com o intuito de auxiliar na prevenção das mesmas, procurando fortalecer com os exercícios resistidos, as áreas mais afetadas pela ocorrência de lesão. O método utilizado na pesquisa foi: quanto a sua natureza, aplicado; quanto a abordagem do problema, estudo quantitativo; quanto aos seus objetivos, foi classificado como descritivo, e pelos procedimentos técnicos, teórico documental. A população foi composta pelos atletas inscritos no turno do Campeonato Brasileiro da Série A, do ano de 2011, dos clubes supra citados. O instrumento de pesquisa foi uma ficha de registro, elaborada pelos autores, e entregue ao departamento médico dos dois clubes. Para análise de dados, os resultados foram tabulados em uma planilha específica criada na plataforma eletrônica Microsoft Excel for Windows®, utilizando a estatística descritiva. Os resultados obtidos comprovaram o alto índice de lesão nos jogadores dos clubes e apontam a região posterior da coxa como a área mais afetada por lesão, revelando a importância do trabalho preventivo nessa musculatura. Sugere- se a realização de futuros estudos visando a prevenção, para fornecer orientações para os profissionais de Educação Física que trabalham com esta modalidade.

Palavras-chave: Futebol. Lesão. Prevenção.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Localização anatômica das lesões nos clubes A e B...... 39

Gráfico 2 - Região mais afetada pelas lesões nos Clubes A e B...... 40

Gráfico 3 - Lesões diagnosticadas nos clubes A e B...... 42

Gráfico 4 - Distribuição das lesões segundo posição em campo do clube A...... 44

Gráfico 5 - Ambiente da ocorrência da lesão do Clube A...... 45

Gráfico 6 - Gravidade da Lesão a partir do tempo de afastamento dos atletas dos Clubes A e B...... 46

Gráfico 7 - Número total de lesões nos Clubes A e B...... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Gravidade da lesão em função do tempo de afastamento do atleta aos treinamentos...... 11 Tabela 2: Fatores que contribuem para o risco de lesões no futebol...... 31

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...... 10 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROLEMA...... 10 1.2 OBJETIVO GERAL...... 13 1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...... 13 1.4 JUSTIFICATIVA...... 13 2 REVISÃO DE LITERATURA...... 15 2.1 O FUTEBOL...... 15 2.1.1 Futebol no Brasil...... 16 2.1.2 Futebol em Santa Catarina...... 19 2.2 O TREINAMENTO DESPORTIVO NO FUTEBOL...... 21 2.2.1 Preparação Física...... 23 2.2.2 O Departamento Médico...... 26 2.3 MUSCULAÇÃO...... 27 2.4 LESÕESE ATLETAS DE FUTEBOL...... 30 2.4.1 Fatores para o surgimento de lesões...... 31 3 METODO...... 35 3.1 TIPO DE PESQUISA...... 35 3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA...... 36 3.2.1 Critérios para a seleção da amostra...... 36 3.3 INSTRUMENTO DE PESQUISA...... 36 3.4 PROCESSO DE COLETA DE DADOS...... 37 3.5 ANÁLISE DOS DADOS...... 37 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS...... 38 5 CONCLUSÃO...... 50 6 REFERÊNCIAS...... 53 ANEXOS...... 60

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA E PROBLEMA

Tema de músicas, de filmes, de dissertações, o futebol é a paixão nacional. Não à toa, o Brasil é conhecido como “O País do Futebol” e é notório observar como os brasileiros adotaram esse esporte, que foi nascido na Europa, de tal forma que ele é praticado, hoje, em todos os estados, por quaisquer pessoas de diferentes idades, raça e nível social.

Os jogos com bola, especialmente os praticados com os pés, existem desde o início do homem no planeta. O mais distante que podemos chegar quanto à origem dos jogos com bola e particularmente o futebol, seja através de relatos escritos ou pinturas, é o oriente, onde relatos japoneses fazem menção a um jogo chamado “KEMARI”, praticado pela realeza, onde a bola deveria ser passada de pé em pé sem tocar o solo sem o objetivo de marcar gol ou pontos, sendo mais importante o controle e a arte de chutar a bola. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999, p. 3).

Segundo Ferreira (2005), o futebol como entendemos nos dias de hoje, teve o seu ambiente inicial, nas tradicionalíssimas instituições de ensino inglesas, que serviram como um verdadeiro laboratório para a unificação das regras deste esporte. Após longas discussões com as faculdades rivais de Eton e Rugby, favoráveis à permissão de pontapés nas canelas e do uso das mãos, os alunos da faculdade de Harrow tomaram a iniciativa de, em 1863, codificar as regras do chamado football association (FA), enquanto que os alunos de Rugby criaram as regras do esporte batizado com o nome daquela mesma instituição de ensino. Rodrigues (2003) relata que no Brasil, o futebol chegou somente no final do século XIX, quando Charles Miller retorna da Inglaterra, em 1894, trazendo materiais próprios desse esporte: bolas, camisas, calções e chuteiras.

Visto como uma atividade de grande popularidade, o futebol deve isto graças a seu fascínio, à facilidade de poder ser praticado em pequenos espaços e ao baixo custo do material, pois, uma simples bola feita de meias velhas, recheada de papel, jogada por pés descalços, excita, diverte e socializa uma coletividade. (LEAL, 2000, p.25).

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De acordo com Rodrigues (2003) a passagem do amadorismo para o futebol profissional no Brasil, é marcada pela entrada em cena de jogadores de origens populares nos grandes clubes, apesar dos obstáculos quase instransponíveis que tiveram que enfrentar. Para Rinaldi (2000) o Futebol no Brasil tem assumido um papel que vai além de uma simples modalidade esportiva, configurando-se como um fenômeno social, e Salles (1998) alega que o futebol no cotidiano dos brasileiros é referencial de lazer, seja na possibilidade de prática ou como torcedor, pois para o autor "o futebol conquistou o referencial de lazer - espetáculo como espaço aceitável para liberação das tensões que no seu mundo real não é permitido". Cruz (2009), afirma que somente nas últimas décadas houve uma considerável melhora no desempenho de jogadores de futebol, devido, sobretudo, a exigência e o aumento das cargas de treinamentos físicos, sendo que em um programa de preparação o principal objetivo é a maximização da performance. Para que o alto desempenho seja alcançado, o treinamento adequado deve servir de sustentação para uma melhor condição física, técnica, tática dos atletas e, assim, suportar uma temporada inteira de vários jogos e campeonatos a partir de uma periodização destas etapas que são distintas. Contudo, teóricos das ciências do esporte têm advertido sobre o aumento dos malefícios, caso não ocorra uma periodização do treinamento adequada, pois os atletas podem desenvolver o fenômeno denominado overtraining ou sobretreino. O overtraining pode ser definido como um distúrbio neuroendócrino, que ocorre no eixo hipotálamo-hipófise, resultado do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade de resposta do organismo. Embora muitos atletas e técnicos desportivos desconheçam este problema, alguns estudos demonstraram que o overtraining afeta aproximadamente 50% de jogadores profissionais de futebol durante uma temporada competitiva de 5 meses. (SILVA; SANTHIAGO; GOBATTO, 2006).

Quando atletas de alto nível apresentam uma rotina de treinamento que excede as exigências físicas e psíquicas e a recuperação se torna insuficiente, o equilíbrio necessário entre a proporção de estimulo e resposta ficam comprometidos. Desta forma, o desempenho do esportista pode ser prejudicado, abrindo espaço para o surgimento de lesões ou transtornos relacionados ao excesso de treinamento. (CRUZ, 2009, p.20).

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Porém, de acordo com Altimari, Dias e Goulart (2007 apud OLIVEIRA; FERMINO; CANCIGLIERI, 2009) a ocorrência de lesões nos atletas de futebol, não acontecem somente por falta – ou excesso – de preparação física, afinal o futebol é um esporte dinâmico, e uma de suas principais características é o contato físico dos atletas, o que leva á uma série de lesões por trauma. Neste contexto ganha importância o treinamento resistido na prevenção de lesões, pois a musculação aumenta a resistência muscular localizada e o fortalecimento muscular, auxiliando o futebolista na prevenção das contusões. (MATSUDO, 1997 apud GRILLO; SIMÕES, 2003). Ainda assim, as evidências comprovam que a maioria das lesões ocorre em ações motoras que não envolvem o contato físico e que grande parte destas é resultante dos treinamentos direcionados e específicos a uma determinada musculatura, como confirmam Cohen et al. (1997) em um estudo realizado em oito clubes brasileiros de futebol de regiões não identificadas, onde das 964 lesões encontradas, no período de 3 anos nesses clubes, 392 decorreram do contato direto, contra 572 lesões onde este não ocorreu. No estado de Santa Catarina (SC) ainda não há registros de um levantamento desse porte. Verkhoshanski (1999 apud BORIN; GOMES; LEITE, 2007) afirma que a ausência ou carência de conhecimentos científicos e a tradicional atuação dos treinadores baseada apenas na intuição pessoal e vivências passadas enquanto atletas, não podem, em muitas circunstâncias, resolver com eficácia os complexos problemas do treinamento, podendo inclusive, colocar em risco a saúde do atleta. O profissional de Educação Física, além do treinamento físico, tem que ser capaz de formar valores, de formar seres humanos íntegros, preservando sempre sua saúde física, mental e psíquica e com excelente qualidade de vida. (CHIMINAZZO; MONTAGNER, 2004). Ainda existe uma grande carência de informações científicas acerca das lesões futebolistas profissionais e por conta disso, o presente estudo tem como objetivo fazer um levantamento para identificar a prevalência de lesões nos atletas de futebol dos clubes catarinenses Avaí e Figueirense durante o turno do Campeonato Brasileiro da Série A de 2011, bem como seus fatores associados: tempo de afastamento, posição do jogador, localização e mecanismo da lesão.

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1.2 OBJETIVO GERAL

Realizar um levantamento da prevalência de lesões nos atletas profissionais dos clubes Avaí e Figueirense durante a disputa do turno do Campeonato Brasileiro da Série A de 2011.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever as prevalências de lesões nos jogadores dos dois clubes Catarinenses participantes da Série A do campeonato brasileiro, com base na relação sobre seu posicionamento em campo; - Verificar o uso da musculação como procedimento preventivo de lesões no futebol; - Apontar a localização, o mecanismo de lesão e o tempo de afastamento a partir do relato do Departamento Médico; - Discutir, a partir de uma busca na literatura, de que forma a preparação física pode influenciar na prevenção de lesões; - Comparar a prevalência de lesões em atletas profissionais do Avaí e do Figueirense durante a disputa do turno do Campeonato Brasileiro série A.

1.4 JUSTIFICATIVA:

O futebol, dentre as modalidades coletivas, é uma das que mais possui atletas que encerram precocemente a sua carreira, por diversos motivos, inclusive a incidência de lesões. Estas são reconhecidas por estarem associadas a uma taxa elevada de prejuízo. É incrível como mesmo no “país do futebol”, e numa modalidade altamente difundida no mundo, com investimentos milionários a cada temporada esportiva, ainda carece de pesquisa científica sobre os efeitos da preparação na ocorrência de efeitos negativos de um “sobre treino”, temos muito aspecto subjetivo 14

e pouco estudo. A necessidade de investigação epidemiológica tem sido amplamente abordada por vários autores e é necessária para desenvolver guias de reabilitação, estratégias e programas de prevenção de lesões. É objetivo desta pesquisa, prover informações que possam servir como apoio de estudo e discussão aos profissionais envolvidos com o futebol: jogadores, preparadores físicos, fisiologistas, técnicos e apreciadores deste desporto mundialmente difundido.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 O FUTEBOL

De acordo com Ferreira (2005), o ambiente inicial do futebol no mundo foram as instituições inglesas de ensino no ano de 1863 que acolhiam, naquela época, os filhos de algumas das famílias mais abastadas do planeta, além dos descendentes dos cidadãos britânicos espalhados pelos quatro cantos do globo, que, após travarem contato com a modalidade que despontava, tiveram papel fundamental na difusão do futebol nos seus países de origem, funcionando como verdadeiros "missionários da bola". Um desses “missionários” nasceu no bairro do Brás, São Paulo, e era filho de pai inglês e mãe brasileira e por isso foi estudar na Inglaterra. Charles Miller foi o precursor do futebol no Brasil. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Para se ter uma ideia do que representa o futebol mundial, Normando (2004) conta que a Fédération Internationale de Football Association (FIFA) realizou no primeiro semestre de 2000, um grande censo dirigido às confederações nacionais, com o objetivo de detectar o efetivo crescimento do futebol mundial na última década do século XX. Os resultados divulgados no ano seguinte pela entidade confirmaram o senso comum: o futebol aglutina pessoas em dimensões únicas, tanto como prática, quanto espetáculo esportivo. Segundo dados do censo, no mundo inteiro quase 250 milhões de pessoas jogam futebol regularmente de maneira profissional ou amadoristicamente como prática associada ao lazer, e Aidir e Leoncini (2002) comparam os números da copa do mundo de 1998 que contou com 4,1 bilhões de expectadores em todo o mundo contra apenas 2,1 bilhões nas Olimpíadas de 1996. Estudo publicado pela revista Sportex Medicine, em janeiro de 2011, revelou que o futebol é a modalidade mais praticada entre mulheres e homens, com aproximadamente 265 milhões de jogadores registrados em todo o mundo. Comparando com o estudo feito pela FIFA no ano 2000, tem-se a prova de como ocorreu um aumento considerável na prática do futebol pelo mundo. (HOLLY, 2011). 16

2.1.1 Futebol no Brasil

O elitismo é uma marca do nascimento do futebol no Brasil, já que inicialmente Charles Miller introduziu a modalidade entre os jovens da elite paulistana. Negros e mulatos eram excluídos dessa “nobre prática esportiva”, e somente nas primeiras décadas do século XX que teve início a popularização do futebol. (RODRIGUES, 2003). Para ter uma ideia do que significava o racismo no futebol brasileiro, o futebol carioca na década de 20 é apontado como uma das principais provas da mentalidade racista que rondou esta modalidade. O Clube de Regatas Vasco da Gama era formado, em 1923, por um time de jogadores negros, mestiços e brancos pobres, e ao vencer os burgueses e aristocratas brancos dos Clubes Fluminenses, Botafogo, América e Flamengo não teve sua vitória aceita consensualmente pelos clubes considerados “clubes de brancos” que reagiram formando a “liga branca” com o intuito de excluir o Clube do Vasco. (SOARES, 2001). Os autores observam que não são poucos os textos acadêmicos que reproduzem a história do Vasco como o clube que rompeu com o racismo no futebol brasileiro. Honorato e colaboradores (2009) afirmam que a inclusão dos negros no futebol brasileiro possibilitou o surgimento de verdadeiros “artistas da bola”, como Leônidas da Silva, Domingos da Guia, e mais tarde as figuras de Didi e Pelé, este último reverenciado pelo Brasil e pelo mundo como o “Rei” do futebol. De acordo com Lopes (1998 apud RODRIGUES, 2003), os jogadores negros e mestiços foram os pioneiros no que viria a ser chamado de “estilo brasileiro de jogar futebol” e esses serão os atletas socialmente identificados como os criadores e a razão de ser do conhecido futebol-arte, uma das peculiaridades brasileiras nessa modalidade. A construção da identidade da sociedade brasileira teve no futebol, um alicerce importante. Futebol, alegria, festa, carnaval e músicas são alguns dos “temperos” fundamentais dessa construção. A identidade brasileira passou a ser representada pela “alegria do futebol”, cuja essência foi posta por Garrincha: “o povo que enfrenta as adversidades com alegria”. (LOVISOSO, 2001). 17

Frisselli e Mantovani (1999) afirmam que o clube Sport Club Rio Grande- RS, criado em 1900, é considerado oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o mais antigo fundado especialmente para o futebol. Apenas 48 dias depois ocorreu a fundação da Associação Atlética Ponte Preta-SP e 2 anos depois o Fluminense Futebol Clube, que é o mais antigo clube carioca. De acordo com o ex-jogador de futebol Tostão (1997 apud COSTA, 2009, p. 7) em seu livro - Lembranças e Reflexões sobre Futebol – o futebol brasileiro tem o seu jeito próprio de ser:

Com os anos, o futebol começou a desenvolver-se, com as jogadas ensaiadas, estatísticas, análise, técnica individual e coletiva dos adversários, nutrição especial, fisiologia do esforço, efeitos psicólogos, medicina computadorizada, dentre outras coisas. Tudo isso foi muito importante para o futebol e para todos os esportes. Carlos Alberto Parreira, e outros foram os responsáveis, precursores do futebol científico. Esse suporte é essencial para o atleta, mas não pode anular a sua qualidade técnica nem o seu talento.

Tostão (1997 apud COSTA, 2009) esclarece ainda que o Brasil passou uma longa fase seduzida por computadores e estatísticas, “esquecendo” de jogar futebol. Acrescenta que houve uma piora expressiva na qualidade do futebol brasileiro, mas a euforia passou, e voltamos a nos deslumbrar com o passe de curva, o drible, a improvisação e a molecagem. Segundo o autor, isso é que faz a diferença do nosso futebol. O estilo brasileiro de jogar futebol é fruto do tipo de formação a que está submetido, e essa formação envolve valores éticos e estéticos onde a cultura é sempre pano de fundo de qualquer manifestação humana. São inúmeros os aspectos da cultura que influenciaram o estilo nacional de jogar futebol ao longo do tempo, como os sambas, a capoeira, a valorização do drible assim como o “jogo de cintura” cotidiano; e a suposta igualdade esportiva tão distante da desigualdade socioeconômica imposta à população brasileira. (HONORATO et al., 2009). O autor ressalta ainda que o futebol está presente no cotidiano do brasileiro, sendo discutido em bares, local de trabalho, clubes, enfim por toda à parte de nosso território. O futebol no Brasil exerce um enorme fascínio, uma paixão incomum a ponto de unir a todos, ricos e pobres, pessoas dos mais variados credos e ideologias. 18

Caldas (1990) afirma que o momento que marca realmente a consolidação do profissionalismo no futebol brasileiro pode ser datado em 23 de janeiro de 1933. A luta pelo profissionalismo pode ser traduzida em lutas entre classes e grupos sociais. Antes desta data, havia o famoso “profissionalismo marrom”, aonde os jogadores recebiam para jogar, mas o pagamento era disfarçado para burlar as proibições e legislações vigentes. Silva (2011) acrescenta ainda que ao longo desses poucos mais de 100 anos de história, o futebol saiu do amadorismo e se tornou um negócio profissional, com os atletas sendo os artistas dos espetáculos. A todo o momento surgem ídolos que despertam o interesse de crianças em se tornarem jogadores profissionais e esse sucesso e fama desses jogadores fazem com que jovens de todo o País sonhem em chegar às grandes equipes. Eles saem de casa muito cedo para tentar a sorte nos gramados. Algo comum em todos é o desejo de ganhar dinheiro e um dia chegar à Seleção Brasileira. Os autores Silva e Campos (2006) destacam que o futebol como um negócio representa uma oportunidade de alavancagem socioeconômica, tendo por base que essa modalidade movimenta cerca de US$ 250 bilhões por ano. Silva (2011) colabora afirmando que o futebol sendo um esporte que desperta a paixão e a emoção de bilhões de torcedores ao redor do mundo, fez com que os campeonatos, torneios e até jogos amistosos virassem verdadeiros espetáculos. O mercado da bola passou a movimentar vultosas quantias financeiras em transferência de atletas, patrocínios e cotas de transmissão televisiva. Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, considerado o maior jogador de todos os tempos, afirma no prefácio do livro “A nova gestão do futebol”, que o futebol transformou-se em uma atividade que ultrapassa os limites da disputa esportiva para ganhar contornos de negócios. O futebol é parte da grande e nova indústria do entretenimento e exige um emprego de trabalho e capital que excede o tradicional universo de atletas, técnicos, dirigentes e bilheteiros. Em torno do tablado de grama gira uma indústria mundial de “alguns” bilhões de dólares, cuja soma se refere a grandes redes de mídia, marcas de material esportivo, patrocinadores e fabricantes licenciados de produtos de consumo. (AIDAR; LEONCINI; OLIVEIRA, 2002). Com o aumento dos investimentos, cresceu o profissionalismo e com ele a exigência com os profissionais envolvidos nessa área. Neste contexto, Frisselli e Mantovani (1999, p. 32) afirmam que: 19

“(...) a comissão técnica não se resume apenas à figura do técnico e um assistente. A evolução das ciências relacionadas ao processo de preparação esportiva fez surgir especialistas nas mais diversas áreas, fragmentando e elevando o nível dos profissionais e conteúdos necessários à preparação de uma equipe de futebol”.

Os clubes de futebol utilizam tecnologias e valorizam os conhecimentos científicos e novos profissionais, como preparadores físicos, fisiologistas, supervisores, nutricionistas, psicólogos dentre outros na formação de atletas. Assim, segundo o administrador do futebol profissional do São Paulo, Marco Aurélio Cunha: “[...] daquele trabalho agregado entre departamento médico e comissão técnica, todos agindo com um instrumental fundamental - os dados da fisiologia - ‘nascem’, entre outros meninos então franzinos, craques como Cafu, Muller, Juninho [...]”. (A Gazeta Esportiva, 16/11/1986; 23/1/1997apud RODRIGUES, 2003). Atualmente, o órgão que rege este desporto em todo o mundo é a FIFA que foi criada em 21 de maio de 1904 e sediada em Zurique, na Suíça. A principal competição internacional de futebol é a Copa do Mundo, realizada a cada quatro anos. Este evento é o mais famoso e com a maior quantidade de espectadores do mundo. (FIFA, 2011). Já no Brasil a entidade máxima é a CBF, fundada em 20 de agosto de 1919, é responsável pela organização de campeonatos de alcance nacional, como o Campeonato Brasileiro das séries A, B, C e D, além da . Também administra as Seleções Brasileiras de Futebol Masculina e Feminina, assim como as seleções de categorias de base. Sua sede localiza-se na Barra da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. (CBF, 2011).

2.1.2 Futebol em Santa Catarina

O futebol no estado muito deve seu início á inauguração do ginásio Santa Catarina – atual Colégio Catarinense – onde ocorreu à inclusão do futebol como atividade esportiva aos alunos. Foi no mesmo ginásio que em 14 de agosto de 1910, ocorreu a primeira partida de futebol (com regras, árbitro e times uniformizados) de que se tem registro em Santa Catarina. Tornando-se um marco na história do futebol 20

estadual, a partida aconteceu entre um grupo de advogados, que fizeram um desafio aos atletas ginasianos do colégio. (KLUSER, 2008). Kluser (2008) destaca ainda que a primeira tentativa de formar um time ocorreu em 1904, quando Paulo Demoro, Orlando Formiga e Alfredo Trampowski, membros de tradicionais famílias de Florianópolis, tentaram fundar o “Sport Club Catharinense”, mas a ideia não logrou êxito. “Até o ano de 1924 a modalidade era praticada no Estado, por clubes que disputavam diversas modalidades como: atletismo, natação, remo, tiro ao alvo e também futebol”. (FCF, 2011). Assim em Florianópolis surge a necessidade de uma entidade que disciplinasse a prática desses esportes e a partir daí, nasce a ideia de fundar um órgão que possa congregar os praticantes de todas as modalidades esportivas. No dia 12 de abril de 1924 no salão do Theatro do Gymnasio Catharinense compareceram os representantes dos clubes de futebol: Florianópolis, Figueirense, Internato, Trabalhista e Avahy, os quais se tornaram fundadores da “Liga Santa Catharina de Desportos Terrestres” que subvencionada pelo Governo do Estado, passou a organizar campeonatos de atletismo, tiro ao alvo e futebol, filiando-se à Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Três anos mais tarde a liga seria substituída pela Federação Catarinense de Desportos (FCD). (FCF, 2011). Apenas em 1937 foi fundada a Liga Florianopolitana de Futebol, que afiliada á FCD assumia o controle do futebol na capital. Com a evolução na prática das diversas modalidades esportivas por todo o estado, fez-se necessária a criação de federações específicas para cada modalidade. Assim, em 1951 a FCD transformou-se em Federação Catarinense de Futebol (FCF), sendo extinta a Liga Florianopolitana de Futebol e criando-se o Departamento de Futebol da Capital, incentivando assim a criação de ligas no interior, com a filiação dos clubes que passaram a tomar parte nos campeonatos oficiais. (FCF, 2011). Atualmente a FCF tem sua data de fundação como sendo a data do início da Liga, ou seja, 1924 e é sediada em Balneário Camboriú. A FCF é responsável por todos os torneios oficiais que envolvem as equipes do Estado, como o e a Copa Santa Catarina, cabendo-lhe, ainda, representar os clubes catarinenses junto à CBF. (FCF, 2011). Em 2004 o futebol catarinense sofreu uma reestruturação e três novas séries foram criadas: séries A1 (divisão principal), A2 (divisão especial) e B1 (divisão 21

de acesso). O Campeão e o Vice-Campeão da divisão de acesso garantem vaga na Divisão Especial do ano seguinte. Os times que disputaram o campeonato catarinense na divisão principal (A1) de 2011 foram: Avaí, Brusque, Chapecoense, Concórdia, Criciúma, Figueirense, Imbituba, Joinville, Marcílio Dias e Metropolitano. (SILVA; FEITOSA, 2010). O acontecimento mais importante do futebol catarinense foi o título de campeão da Copa do Brasil que o Criciúma Futebol Clube conquistou em 1991, onde depois de ter passado por todos os adversários no sistema de “mata-mata”, decidiu a partida contra o Grêmio, no Estádio Heriberto Hulse. (GHEDIN, 2006). Atualmente o futebol catarinense vive boa fase de seus principais clubes. O Clube Atlético Metropolitano, da cidade de Brusque, foi fundado á apenas 9 anos e já conquistou o acesso para a Série D no ano de 2010. Seu rival da mesma cidade, o também se encontra na mesma divisão. O , que possui o nome da sua cidade de fundação, subiu este ano para a série C, onde se encontra também a Associação Chapecoense de futebol. O Criciúma Esporte Clube conquistou o acesso para a série B com a 3ª colocação no campeonato da série C de 2010. (FCF, 2011). Participante da série B de 2010, o Figueirense conquistou o acesso á elite do futebol, retornando a primeira divisão após ter permanecido por dois anos na série B após sua queda no ano de 2008. O Avaí garantiu a sua permanência na série A de 2011 após escapar por pouco do rebaixamento, o que deu uma maior visibilidade ao estado, já que desde o ano de 1976 que as duas equipes da capital catarinense não se encontravam na série A. No formato atual do campeonato brasileiro – pontos corridos e 20 clubes – é o primeiro duelo entre os dois times de Florianópolis. (FCF, 2011).

2.2 O TREINAMENTO DESPORTIVO NO FUTEBOL

Quando uma equipe entra em campo para uma partida de futebol, a grande maioria dos torcedores não imagina o que há por trás disso. Um complexo esquema de preparação técnica, física, psicológica, e um grande número de profissionais de diversas áreas envolvidos, cuja responsabilidade é dar condições 22

para que o conjunto desenvolva satisfatoriamente dentro de campo o seu objetivo. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). O treinamento não é um hábito da civilização contemporânea. Na Antiguidade Clássica havia treinamentos para as atividades militares e olímpicas. Hoje, os atletas preparam-se para atingir um objetivo fisiológico, melhorando as funções orgânicas e aprimorando o desempenho. (BOMPA, 2002). Barbanti (2001, p. 67) afirma que se no passado o treinamento era baseado principalmente nos métodos dos técnicos e treinadores que tiveram sucessos com suas equipes - embora essa situação ainda persista - hoje a ciência tem dado contribuições racionais para o treinamento. Sobretudo o relacionamento estreito entre teoria e prática trouxe ao universo da preparação, uma evolução no que diz respeito á treinamento físico apropriado, já que nenhuma teoria pode comprovar sua validade ou sua exatidão se não for confirmada por uma aplicação prática. O autor complementa ainda que:

“Técnicos, treinadores, preparadores físicos, instrutores, monitores têm grande influência sobre as pessoas com quem trabalham através daquilo que dizem e fazem. Por isso eles são modelos. Devem ter valores a defender, entusiasmar os outros, ser otimistas e motivar as pessoas, sem esquecer que cada uma delas deve ser respeitada na sua individualidade, contribuindo sempre para elas alcançarem o que desejam, tanto no esporte como na própria vida”.

O treinamento desportivo é um processo que objetiva romper o equilíbrio interno do organismo humano e, assim, proporcionar adaptações para a melhoria do rendimento atlético. No futebol, este processo tem ganhado cada vez mais importância devido ao calendário intenso que as equipes têm que cumprir com várias competições ao longo da temporada. (FREITAS, 2009). A evolução do treinamento no futebol, fez com que especialistas nas Ciências do Esporte buscassem cada vez mais, novas formas de atingir-se o alto rendimento, dentro de um menor tempo e em condições favoráveis, nascendo daí o interesse não só pelo processo do treinamento durante a temporada de competições, mas também sobre o processo de treino durante o desenvolvimento humano. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). Rodrigues (2003) afirma que no futebol moderno basicamente tudo é ensinado, exceção do talento que é algo natural, porém aperfeiçoado por meio de treinamentos. Assim sendo o jogador de futebol é uma força de trabalho, produto do 23

disciplinamento, treinamentos físicos, técnicos e táticos e do desenvolvimento de suas capacidades genéticas. Nesse contexto, ganha importância o papel do preparador físico e os trabalhos preventivos.

2.2.1 Preparação física

”A preparação física, dentro do treinamento desportivo, apresenta como principal finalidade o desenvolvimento das capacidades físicas”. (PINNO; GONZÁLEZ, 2005, p. 206). De acordo com Barbanti (2001) o treinamento físico é uma atividade sistemática, de longa duração, progressiva e persistente, que visa modelar as funções fisiológicas e psicológicas sendo que não é um conceito simples e assim deveria ser planejado, organizado e conduzido por especialistas competentes. Treinadores, técnicos e preparadores físicos deveriam adquirir conhecimentos em várias áreas básicas como a fisiologia, anatomia, psicologia, sociologia, pedagogia, entre outras, afinal treinar é uma atividade que envolve pessoas e é preciso ter desenvolvida a capacidade de trabalhar com elas. Cunha (2003) alega que a preparação física no futebol é um dos fatores que mais evoluiu nas últimas décadas e continua evoluindo. O conhecimento científico do condicionamento físico para o futebol é de vital importância para o sucesso de uma equipe dentro de uma competição. Barros (1990) conta que a primeira atuação de um preparador físico ocorreu somente em 1954, na Copa do Mundo, onde, notou-se a em algumas seleções, a presença de um elemento junto ao técnico, que tinha a finalidade de dirigir as atividades físicas da equipe. Enquanto na Europa já se corria atrás do aperfeiçoamento físico, e a preparação começava a se tornar algo altamente profissional com a obtenção de uma razoável tecnologia em nível de aparelhagem - sobretudo na área de recuperação, o Brasil vivia sob o rótulo de melhor do mundo e “engatinhava” comparado aos clubes europeus. O “preparador físico” era um professor de ginástica e nada mais. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999). 24

Barros (1990) relata que com o insucesso da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1966, começou-se a observar que somente o aspecto técnico não era mais fundamental para se vencer uma Copa do Mundo. Outro agravante foi que o nosso preparador físico nunca havia trabalhado com futebol, mas sim em esportes de luta e na caça submarina. Rigo (1977 apud CUNHA, 2003) complementa ainda expondo que até o ano em que o Brasil foi tricampeão no ano de 1970, poucos eram os clubes no país que faziam uma preparação física e bem menor era o número de equipes que utilizavam métodos atualizados ou científicos. Hoje o aspecto científico da preparação física está muito desenvolvido. Os profissionais se especializam cada vez mais utilizando computadores e os mais variados aparelhos eletrônicos possíveis, para determinar o nível de condicionamento e a evolução dos atletas. (CUNHA, 2009). Frisselli e Mantovani (1999) esclarecem que por mais que seja uma de suas funções cuidar do estado atlético dos jogadores, a busca de um nível de treinabilidade adequada para se enfrentar uma condição competitiva, exige que o preparador físico apresente um conhecimento sólido de todas as ciências pertinentes aos diferentes aspectos da preparação esportiva moderna. Portanto, percebe-se que o treinamento evoluiu de tal maneira que seria impensável a falta de um profissional especializado em preparação física, integrando a comissão técnica de uma equipe.(CUNHA, 2009). O treinamento físico faz o uso propositado de exercícios físicos para desenvolver e aprimorar as capacidades motoras que ajudam a melhorar o nível de desempenho em atividades musculares específicas, e quando um atleta treina sob influência de alguma sobrecarga dirigida para o desenvolvimento de uma capacidade, ele eleva o seu rendimento. É importante saber que para o rendimento esportivo basicamente três qualidades ligadas ao músculo são importantes: força, potência e resistência muscular. (BARBANTI, 2001). No futebol há o englobamento de atividades como saltos, corridas de alta intensidade, arrancadas e chutes, o que exige o desenvolvimento de diversos componentes da aptidão física para o um bom desempenho. Assim esses fatores devem ser levados em conta num processo de qualificação dos atletas, durante a avaliação física dos jogadores. (RAMPINI et al., 2007 apud FERNANDES, 2008). 25

Atualmente, o perfil fisiológico dos futebolistas deve, necessariamente, ser adaptado às exigências da competição alvo, determinadas pelo conhecimento minucioso dos seus aspectos qualitativos e quantitativos. A carga de treinamento é prescrita de acordo com a individualidade de cada um. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999, p. 66).

Um dos maiores desafios encontrados por fisiologistas e preparadores físicos se dá quanto à dosagem correta de treinos. A elaboração de programas se faz com um bom controle de variáveis. Estímulos decorrentes de exercícios físicos causam adaptações nas células musculares, denominadas micro lesões, e uma nova repetição de estresse nesse músculo, sem o devido descanso, pode levar a uma lesão muscular, afastando temporariamente o atleta de suas atividades diárias. (KNIFS et. al., 2008 apud OLIVEIRA; FERMINO; CANCIGLERI, 2009). Desta forma, Santos (2010) explica que o profissional responsável pela preparação física dos atletas deve saber montar os treinos conforme a competição, pois dentre as fases de uma periodização, deve-se dar atenção não somente ao calendário de jogos. Sabendo da necessidade de uma periodização no treinamento, Bompa (2002) explica que deve haver um período de diminuição da carga antes de prosseguir com o treinamento, desenvolvendo as bases fisiológicas do atleta durante o período preparatório e melhorando-os à medida que surgir necessidade durante o período de competição, ou seja, durante o período preparatório, o volume de treino deve ser mais alto, comparavelmente com a intensidade, para que ao longo da fase de preparação essa relação volume-intensidade seja aos poucos invertida. No Anais do 8º encontro de extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, ficou constatado em um estudo realizado em um clube de futebol mineiro, que a pré-temporada apresentou um maior numero de lesões, e o autores acreditam que esse fato possa ser explicado pelo excesso de treinamento visando uma boa campanha nas competições de alto nível, o que gera maior desgaste estrutural. Assim, muitas vezes a lesão ocorre por uma sequencia de fatores que vem ocorrendo desde o inicio da temporada e acaba aparecendo somente meses depois, o que não necessariamente significa que a lesão ocorreu no momento em que o atleta não consegue mais movimentar a região lesionada. (UFMG, 2005). Freitas (2009) define ainda que a pré-temporada, é um período no qual os atletas retomam suas atividades após as férias e precisam estar em boas condições para iniciar o calendário competitivo e suportar a carga de treinos e jogos durante a 26

temporada. Santos (2010) complementa que após estudar o calendário esportivo da equipe, o preparador físico deve sugerir ao técnico a quantidade de carga de jogos e treinamento para os atletas. Com base nisto, é notório que a função do preparador físico é difundida e aceita como imprescindível na comissão técnica de qualquer equipe de futebol, independente inclusive da categoria, seja ela infantil, juvenil ou juniores, pois existem intensidades e cargas diferentes para cada faixa etária. Porém, carece ainda de um melhor entendimento por parte dos dirigentes esportivos, imprensa especializada e o público em geral, pois em inúmeras situações esse profissional é tratado como o responsável por uma pura e simples cultura do físico e da forma dos futebolistas. (FRISSELLI; MANTOVANI, 1999).

2.2.2 O Departamento médico

Paglilla e Carugati (2003) afirmam que um departamento médico deve conter um médico ortopedista especialista em lesões desportivas, um nutricionista, fisioterapeuta, dentista, e como corpo auxiliar um massagista. Valentin (1986 apud FRISSELLI; MANTOVANI, 1999) defende que a comissão técnica deverá sempre integrar-se por tarefas e por um propósito em comum, onde a atuação de cada um depende da atuação dos demais, ainda que se mantenha a especificidade de cada elemento integrante da equipe. Médico, preparador físico, técnico, massagista, fisioterapeuta, médico ou roupeiro, todos tem em comum um objetivo, e cada um deve desempenhar seu papel para auxiliar a função do outro. Um atleta geralmente é considerado um modelo de saúde, e esta é uma das razões pela qual aceita com dificuldade, quando é acometido por alguma lesão, ter que trocar o campo de futebol, pelo departamento médico. Em algumas situações, frente às lesões em atletas profissionais, o médico deve ter conduta exemplar, pois, no futebol, podem-se sofrer pressões para o não afastamento ou volta mais precoce do jogador em tratamento. (COHEN et al., 1997). Além do médico, um profissional que ganha cada vez mais importância no meio futebolístico é o fisioterapeuta com especialização na aérea esportiva. Este 27

membro do departamento médico dedica-se tanto ao tratamento do atleta lesado, quanto à adoção de medidas preventivas, a fim de reduzir a ocorrência de lesões. Baseado no levantamento dos fatores de risco das lesões referentes à modalidade da área esportiva específica é traçado um trabalho preventivo, que geralmente é realizado de maneira eficaz. (UFMG, 2005). Beirão e Marques (2007) afirmam que há relatos no Brasil sobre a importância da atuação de fisioterapeutas no meio esportivo, não somente no tratamento, mas preferencialmente na prevenção das lesões, contribuindo com uma menor frequência dos atletas ao departamento médico e, por consequência, seu maior aproveitamento nos treinamentos e competições. Confirmando a importância do departamento médico na prevenção de lesões esportivas, um relato sobre um projeto firmado entre o Departamento de Fisioterapia de uma faculdade e um clube de futebol profissional, mostrou bons resultados referentes á prevenção e reabilitação de lesões esportivas dos atletas. (UFMG, 2005). O trabalho do preparador físico em conjunto com o departamento médico que faz o diagnóstico, encaminhamento e o tratamento dos atletas levam á uma estrutura sólida dos clubes na prevenção das lesões de seus atletas. Santos (2010) ainda contribui que o acompanhamento médico é de extrema importância para que o técnico não utilize jogadores que não estão em condições clinicas e físicas para a realização de jogos.

2.3 MUSCULAÇÃO

Atualmente o termo “musculação” costuma ser utilizado para designar o treinamento com pesos. Santarem (1999 apud GRILLO; SIMÕES, 2003) afirma que os exercícios resistidos, não se tratam de uma modalidade esportiva, mas de uma forma de preparação física, utilizada por atletas em geral. Há também o uso destes exercícios com objetivos terapêuticos e de reabilitação. Grillo e Simões (2003) afirmam que os conceitos básicos do treinamento físico neuromuscular, consistem basicamente na aplicação de sobrecargas dos 28

sistemas musculoesquelético, com o objetivo de estimular adaptações na musculatura solicitada. A sobrecarga é uma situação de estresse que leva á uma desestruturação tecidual já que ocorre uma solicitação da função, acima dos níveis de repouso e um treinamento físico, bem orientado com sobrecargas bem dosadas, traz um aumento significativo na capacidade física de força, o que tornou a musculação quase que imprescindível na preparação física de atletas. (SANTAREM, 1999 apud GRILLO; SIMÕES, 2003). Em modalidades como o futebol, a inclusão da musculação na prática esportiva dessa área ganhou atenção e interesse, permitindo informações mais profundas acerca desse método de treinamento, o que provocou uma verdadeira revolução nos últimos anos em quase todas as modalidades esportivas, com meios de treinamento mais eficazes e relativamente mais rápidos. (BARBANTI, 2001). Apenas nas últimas décadas os trabalhos de preparação física começaram a ser mais bem direcionados. O treinamento de força, por exemplo, foi um dos últimos a ser desenvolvido e pesquisado pelos cientistas da área. Durante algum tempo foi reconhecido, principalmente por treinadores, como um freio para os atletas, ou seja, o atleta que treinasse força ficava “travado” e perdia sua agilidade. A utilização da musculação para este tipo de treinamento foi um dos principais fatores que levaram os preparadores físicos a essa má interpretação. (PINNO; GONZÁLEZ, 2005). Cappa (2001 apud PINNO; GONZÁLEZ, 2005) frisa ainda que quase não eram realizadas pesquisas, e o treinamento, na maioria das vezes, era incorreto, utilizando como princípio as técnicas do fisiculturismo e movimentos irregulares, cuja consequência principal era à lesão muscular e Pinno e González (2005) contribuem afirmando que as pesquisas muito evoluíram a respeito do treinamento de força, no entanto, ainda há caminhos a percorrer. Com a substituição da ênfase na técnica (futebol-arte) pelos componentes físicos (futebol-força) e táticos, houve uma mudança no estilo de jogar futebol. No futebol atual, os atletas têm uma exigência muito maior, tanto na capacidade anaeróbia durante as ações de jogo, especialmente velocidade e explosão muscular, quanto na resistência aeróbica, para os curtos períodos de recuperação entre as ações de jogo. (RAYMUNDO et al., 2005). 29

Raymundo et al. (2005) explica que esse aumento das exigências físicas tem aumentado o risco de lesões musculares, seja pelo excesso de treinos e jogos, ou pela ocorrência de movimentos bruscos que ocorrem em curtos intervalos de tempo. Devido á esse novo estilo de jogar futebol, os choques também são cada vez mais frequentes, o que aumenta consideravelmente o risco de contusões e lesões musculares por choque. É perceptível, de acordo com muitos autores, que a força é uma das principais capacidades para esportes coletivos de invasão, como o futebol. A força muscular, juntamente com a velocidade, determina a força explosiva/potência e/ou força rápida que se apresentam nas principais ações destes esportes. Os principais métodos utilizados para o desenvolvimento das capacidades de força são a musculação e a pliometria, esta última, aplicada exclusivamente à força explosiva. (PINNO; GONZÁLEZ, 2005). Barbanti (2001) afirma que o treinamento deve ser o mais específico possível devendo estar relacionado com a característica da modalidade, envolvendo os músculos que participam dos gestos executados na modalidade, e também a forma como esses músculos trabalham, bem como a velocidade de execução dos exercícios e a amplitude dos movimentos, que devem ser similares àquelas utilizadas durante uma partida de futebol, por exemplo. Dantas (1995 apud MARQUES, 2004) colabora afirmando que é imprescindível determinar a localização exata do gesto desportivo para poder exercitá-los na musculação e Verkhoshanski (1993 apud MARQUES, 2004) explica que o professor de Educação Física deve analisar a biomecânica competitiva do desportista, e em seguida selecionar os exercícios com peso iguais às ações de disputa e prescrever o programa de musculação com os movimentos desportivos da modalidade. Com mais de 15 trabalhos publicados em revistas e congressos especializados em saúde e alto rendimento, o professor Evangelista (2010) mostra ainda que o treinamento resistido além de combater doenças crônicas degenerativas, aumentar a força, a massa muscular e a densidade óssea, melhorar em geral a qualidade de vida e saúde, a musculação contribui também para melhora da flexibilidade, e consequentemente, no aumento da amplitude muscular, o que leva a uma melhor compreensão da necessidade da musculação na rotina de atletas. 30

Para Matsudo (1997 apud GRILLO; SIMÕES, 2003) os exercícios com pesos são considerados os mais completos entre todas as formas de treinamento físico, pois além de estimular várias capacidades físicas, ainda podem enfatizar o trabalho de resistência muscular localizada e a capacidade de aceleração, que são extremamente importantes para o futebolista, já que por ser uma modalidade de contato físico muito forte, auxilia na prevenção de lesões por choque. A musculação como ação preventiva em conjunto com o departamento médico são considerados eficientes na prevenção de lesões no futebol.

2.4 LESÕES EM ATLETAS DE FUTEBOL

Muito comentadas, as lesões futebolísticas crescem de modo que encerram precocemente a carreira de muitos atletas, e ainda assim, o número de estudos relacionados com as lesões no futebol profissional é limitado e, a conhecimento de Gallo et al. (2006) nenhum estudo referente á esse assunto foi realizado na América do Sul, sendo que esse continente concentra 9 titulos dos 18 campeonatos mundiais disputados e de onde vieram alguns dos mais bem sucedidos jogadores. Os autores citam como exemplo que em 2006 entre as 13 equipes que participaram da fase final da UEFA - Liga dos Campeões da Europa - contavam com 28 jogadores só da Argentina. Para Torres (2004 apud SILVA; SOUTO; OLIVEIRA, 2008), o esporte de competição nada tem a ver com saúde. Isso se dá porque o corpo humano, principalmente o sistema músculo-articular é muito exigido em atletas e estes participam de treinamentos diários e jogos periodicamente, tendo pouco tempo para descansar. Oliveira, Fermino e Cancicleri (2009) afirmam que o futebol é uma modalidade dinâmica que têm como uma de suas principais características o contato físico dos atletas, fato que relaciona esse às ocorrências de lesões. Cohen et al. (1997) complementa ainda que “os movimentos realizados no futebol são muito variados, exigindo, em média, mudanças inesperadas a cada seis segundos”. Este dinamismo da modalidade pode ser um dos fatores associados ás lesões que ocorrem no futebol. Merron et al. (2006) mostra que embora ainda não 31

haja consenso sobre sua definição, uma lesão no futebol em geral, implica em todos os tipos de danos ocorridos durante a participação do atleta tanto em ações de jogos como de treinos. Assim uma lesão em atletas de futebol pode ocorrer tanto por excesso de treinamentos ou falta de uma preparação física adequada, quanto por traumas ocorridos pelo contato entre atletas, ou com fatores externos (objetos em campo, tipo de gramado, etc). Existem diversos parâmetros para classificar a severidade de uma lesão, e um desses é o tempo de afastamento, conforme tabela proposta por Merron et al. (2006) que segue abaixo:

Tabela 1 – Gravidade da lesão em função do tempo de afastamento do atleta aos treinamentos.

Gravidade da Lesão Tempo de Afastamento Grau 1 - Baixa 3 a 7 dias Grau 2 - Moderada 8 a 28 dias Grau 3 - Severa 29 ou mais dias Fonte:Merron et al. (2006).

As lesões que possuem tempo de afastamento com menos de 3 dias são consideradas leves já que o jogador não necessariamente tenha que se afastar dos treinos ou jogos.

2.4.1 Fatores para o surgimento de lesões

Sonhando com a carreira de astro esportivo, os jogadores inseridos em um contexto de cobranças, se submetem às exigências de seus treinadores e/ou “agentes” para que possam se tornar bem sucedidos profissionalmente e assim alavancar uma possível transação econômica que seja rentável a todos, inclusive ao clube que fazem parte. Não apresentando os níveis de desempenho esperado, muitos treinadores aumentam ainda mais a carga de trabalho o que se torna ainda 32

mais preocupante, por prejudicar e deixar esses mesmos atletas vulneráveis e suscetíveis á doenças e à queda de desempenho. (CRUZ, 2009). No âmbito do futebol como uma prática de lazer, esta modalidade que conta com uma variedade de efeitos positivos na promoção da saúde e do bem- estar, como queda nas taxas de doenças sistêmicas, obesidade mórbida, diabetes do tipo II e doenças cardíacas, faz com que aumente consideravelmente o número de adeptos ao futebol a cada ano, especialmente entre mulheres. Diante disto, tem sido documentada uma correlação direta entre este crescimento e os riscos de uma lesão relacionada ao futebol e por isso nas últimas décadas, foi feito uma série de tentativas para uma melhor compreensão sobre essas lesões e meios de como preveni-las. (HOLLY, 2011). Cohen et al. (1997) divide as variáveis intervenientes em lesões no futebol em dois grupos: intrínsecas - inerentes ao esporte em si, como corridas curtas e longas, saltos, mudanças rápidas de movimento, cabeceios, etc.; e extrínsecas – em que se avaliam as condições do campo, tipo de chuteira, condições físicas e de saúde, sexo, quantidade de jogos, treinos, motivação, etc. Holly (2011) relata que os fatores que contribuem para o risco de lesões no futebol são diversos e incluem fatores humanos, ambientais, biomecânicos e neuromusculares conforme tabela abaixo:

Tabela 2 – Fatores que contribuem para o risco de lesões no futebol.

Fatores Humanos Fatores Ambientais F. Biomec. eNeuro.

- Gênero - Protetores de joelhos - Carga Excessiva - Idade - Calçado - Forças extremas de - Nível da competição - Superfície de jogo (sintético, torção - Posição no campo gramado, madeira). - Aquecimento ou - Ambiente - Condições de Campo treinamento muscular - Localização da lesão - Condições Climáticas. inadequado - Tempo de - Manobras Súbitas ou recuperação. inapropriadas (aterrissagens, dribles).

Fonte: Holly (2011). 33

Como modalidade esportiva profissional, o futebol tem sofrido muitas mudanças nos últimos anos, principalmente em função das exigências físicas cada vez maiores, o que obriga os atletas a trabalharem perto de seus limites máximos de exaustão, com maior predisposição às lesões, já que é consenso que, em nível mundial, o chamado futebol-arte está dando lugar ao futebol-força. (COHEN et al. 1997). No treinamento esportivo há uma linha tênue entre os resultados positivos (aprimoramento da condição física) e negativos (efeitos deletérios) proporcionados pelo estresse das cargas de treino, principalmente em atletas que estão sempre no limite psicofísico do seu organismo. Fatores intervenientes no treinamento esportivo como a intensidade, o volume do treinamento, e tempo de recuperação entre as sessões sucessivas, têm sido uma grande preocupação para técnicos, preparadores físicos, fisiologistas e cientistas. (FREITAS, 2009).

Elevar a condição atlética requer aumento do volume e da intensidade do treinamento de forma ondulatória, como proposto pelo princípio da progressão de carga. A competição e o treinamento intenso no período específico apresentam um alto componente de estresse. As fases de alto estresse, como aquelas em que a concentração deve ser máxima e que acarretam fadigas ao sistema nervoso central (SNC), não devem ser longas e é importante alternar períodos de atividade estressante com períodos de recuperação, durante os quais os atletas experimentam um alívio da pressão. Geralmente, o período de transição entre uma fase estressante e uma recuperativa, leva a um humor favorável, fornecendo uma base sólida para o período de trabalho estressante que vem em seguida. (BOMPA, 2002, p. 208).

Cohen et al. (1997) afirma que no Brasil, tem sido difícil atingir um ponto de equilíbrio entre o preparo e exigências ao atleta. Por um lado, com o avanço da medicina desportiva, ocorreu um melhor conhecimento da fisiologia do esforço, permitindo protocolos específicos para cada atleta, de acordo com suas características. Em contrapartida, há o excesso de jogos e treinamentos, que colocam o atleta nos limites de ocorrência de lesões musculares e osteoarticulares. Os fatores associados ao overtraining ou “super treinamento”, podem prejudicar a saúde do atleta e afastá-lo momentaneamente de treinamentos e competições, podendo comprometer completamente a carreira do mesmo. Admite- se que a principal causa desta síndrome é o tempo inadequado de recuperação. O foco principal do processo da preparação é que os resultados sejam alcançados sem comprometer a saúde e a integridade psicofísica e social do atleta, surgindo 34

assim, a necessidade da periodização dos programas de treinamento para analisar a relação direta entre recuperação e estresse da carga de treino. (FREITAS, 2009). Porém, sendo o futebol uma modalidade de contato físico, existe um grande número de lesões que pouco tem relação com o treinamento ou desgaste físico do atleta, e sim com a ocorrência por trauma. Ainda assim evidências comprovam que a maioria das lesões futebolísticas no Brasil, ocorre em ações motoras que não envolvem o contato físico e que grande parte destas é resultante de treinamentos direcionados e específicos a uma determinada musculatura. (ALTIMARI; DIAS; GOULART, 2007 apud OLIVEIRA; FERMINO; CANCIGLIERI, 2009). Estudo realizado por Cohen et al. (1997) por um período de 3 anos, corroborou com estes dados, já que 59,4% das lesões de seu estudo, ocorreram sem trauma. Não é somente no Brasil que é alto o índice de lesões que ocorrem sem contato. Estudo realizado por Holly (2011) mostra que 70% do total das lesões acometidas no ligamento cruzado anterior dos joelhos nos Estados Unidos da América, aconteceram sem contato físico e somente 30% das lesões ocorreram com contato com outro jogador, equipamentos, objeto no campo ou quadra e superfície de campo. Outro estudo realizado na Universidade de Linkopingna Suécia, durante a “Suécia Premier League” no ano de 2005, mostrou que do total de 548 lesões ocorridas nas equipes masculinas, apenas 192 ocorreram com contato, contra 356 lesões sem contato. E nas equipes de futebol feminino foram 299 lesões totais, sendo 78 com contato, contra 221 lesões onde este não ocorreu. (HAGGLUND; WALDÉ; EKSTRAND, 2008). A visibilidade mundial que gira em torno do futebol tem sido objeto de crescente interesse de estudo e consequentemente tem aumentado o foco nas lesões futebolísticas. É importante salientar que estudos epidemiológicos que possuam um relativo rigor científico auxiliam no processo preventivo, para que possibilite a elaboração de um método que possa minimizar a incidência de lesões.

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3 MÉTODO

3.1 TIPO DE PESQUISA

Esta pesquisa quanto a sua natureza, caracterizou-se como uma pesquisa aplicada, pois segundo Thomas e Nelson (2002) este tipo de pesquisa tende a remeter a problemas imediatos, utilizando os chamados ambientes do mundo real, tendo controle limitado sobre o ambiente de pesquisa, o que condiz com o papel do estudo. Em relação à abordagem do problema o estudo foi quantitativo pois considera que tudo pode ser quantificado, o que significa traduzir em números informações para classificá-las e analisá-las. Utilizou o uso de técnicas estatísticas e os dados coletados foram numéricos. (SILVA et al., 2011). Quanto aos objetivos, ficou classificada como do tipo descritiva, pois os estudos descritivos procuram especificar as propriedades, as características e os perfis importantes de pessoas, grupos, comunidades ou qualquer outro fenômeno que se submeta à análise, neste caso os atletas de futebol profissional, e os fatos, aqui descritos como as lesões, foram observados, registrados, analisados, classificados e interpretados sem que o pesquisador interferisse neles. (FREITAS, 2011). Por último, quanto às procedimentos técnicos o estudo se enquadrou como uma pesquisa teórica documental, pois as fontes que a constituem foram documentos e não apenas livros publicados e artigos científicos divulgados, como é o caso da pesquisa bibliográfica; Utilizaram-se fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação, como tabelas estatísticas, relatórios e documentos arquivados do departamento médico dos dois clubes. (FREITAS, 2011).

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

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A população foi composta pelos atletas inscritos no turno do Campeonato Brasileiro da Série A do ano de 2011, dos clubes de futebol catarinense Avaí Futebol Clube e Figueirense Futebol Clube.

3.2.1 Critérios para seleção da amostra

A amostra foi composta apenas pelos atletas lesionados durante o turno do Campeonato Brasileiro da série A do ano de 2011 e que possuíssem registro do atendimento no Departamento Médico dos clubes. Também foram somente considerados os atletas inscritos na competição. Foram excluídos os atletas que apresentaram lesões ocorridas antes ou depois da disputa do turno do Campeonato Brasileiro da série A do ano de 2011.

3.3 INSTRUMENTOS DA PESQUISA

Foi construído um instrumento para a coleta de dados que serviu ao departamento médico dos dois clubes como uma ficha de registro. Nela foram preenchidas informações sobre os atendimentos realizados, destacando o tipo, a localização, a gravidade, o tempo de afastamento e o ambiente da lesão. Foi levantado também se o atleta fez uso da musculação como procedimento preventivo durante a sua preparação para competição. No item tipo de lesão, foi registrada a intercorrência médica ocorrida (p. ex. entorse, luxação etc.). Quanto à localização da lesão, o responsável indicou em que parte do corpo humano a lesão ocorreu (p.ex. tornozelo esquerdo). Para a gravidade da lesão, o critério utilizado foi o tempo de afastamento dos treinos, segundo a tabela proposta por Merron et al. (2006). Deve-se ressaltar que a contagem do tempo de afastamento cessava no momento em que o atleta retornava às atividades de treinamento com bola. Por ambiente da lesão, as possibilidades foram em jogo, treino ou outros, onde nessa última categoria foi especificado o local.

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3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETAS DE DADOS

Primeiramente, foram contatados os departamentos médicos dos clubes Avaí e Figueirense sobre o objetivo da pesquisa. Após a concordância dos mesmos e assinatura do Termo de Ciência e Concordância entre Instituições, foi apresentada a cada um dos departamentos a ficha de registro de lesões, e esclarecido as dúvidas quando necessário. Vencida essa etapa, a pesquisadora submeteu o projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da UNISUL. Foram agendados os dias para início dos registros nas fichas de atendimento. Os participantes foram orientados sobre o objetivo da pesquisa e que em caso de qualquer dúvida deveriam solicitar informações ao pesquisador. Iniciou-se o levantamento das lesões ocorridas durante as disputas das rodadas do Campeonato Brasileiro diretamente com os responsáveis pelo departamento médico dos clubes Avaí e Figueirense.

3.5 ANÁLISES DOS DADOS

Para análise de dados, os resultados foram tabulados em uma planilha específica criada na plataforma eletrônica Microsoft Excel for Windows®. Os procedimentos adotados para análise foram a estatística descritiva (média e desvio- padrão).

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4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para apresentação dos resultados, optou-se por dividi-los em caracterização das amostras dos clubes, a utilização da musculação como meio preventivo de lesão, a localização anatômica da lesão, a região mais acometida, a prevalência do diagnóstico das lesões, a distribuição do atleta lesionado referente ao posicionamento em campo, o tempo de afastamento e a comparação entres os dois clubes, a partir do índice de lesões registradas. Estudou-se uma amostra de 67 jogadores de futebol profissional divididos em dois clubes catarinenses. Os clubes serão identificados nos resultados como clube A e clube B, sendo 39 jogadores do time A e 28 jogadores do time B. Os dados foram coletados durante o turno do campeonato brasileiro da série A do ano de 2011, durante as 19 rodadas iniciais. A coleta dos dados se deu através da leitura das fichas de registro entregues ao Departamento Médico (DM) de cada um dos dois clubes. Como o preenchimento das fichas foi feito pelo próprio DM, alguns dados não foram totalmente esclarecidos. O clube identificado como “CLUBE A” entregou as fichas devidamente preenchidas, porém o “CLUBE B” os fez com alguns erros de preenchimento como, por exemplo, a ausência da informação sobre a posição do jogador lesionado e o ambiente que gerou a lesão (treino, jogo ou outro). Por este motivo alguns gráficos e tabelas serão explicados separadamente. No total obteve-se um cadastro de 66 lesões, sendo que destas 17 (25,7%) foram constatadas no clube A e 49 (74,3%) no clube B, o que resulta em um número médio de 0,98 lesões por atleta, mais uma vez comprovando que o índice de lesões no futebol profissional é extremamente alto e este fato é comprovado em vários estudos. (COHEN, 1997; MERRON et al., 2006; RAYMUNDO et al., 2005; SANTOS, 2010; SILVA, SOUTO, OLIVEIRA, 2008). No aspecto da preparação física na prevenção de lesões, os dois clubes fazem uso de treinamento resistido (musculação) todos os dias, com exceção de dias em que ocorrem jogos. No futebol brasileiro, a preparação física depende muito do técnico da equipe, sendo assim a cada troca de técnico, geralmente há uma mudança do preparador físico e consequentemente do treino preparatório. Um dos dois clubes 39

analisados esteve com o mesmo preparador físico desde o inicio do turno, enquanto que o outro teve uma troca no modo de preparação. Atualmente os dois clubes fazem uso da musculação periodicamente para o treinamento de força e prevenção de lesão. Do número total de registros, pode-se observar de acordo com o gráfico 1 que a topografia anatômica predominante da lesão, como esperado, foi a dos membros inferiores.

2% 6%

Membros superiores Tronco Membros inferiores

92%

Gráfico 1: Localização anatômica das lesões nos clubes A e B. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Os valores encontrados no gráfico 1 referentes á localização anatômica mais afetada no futebol, estão de acordo com a literatura, o que é compreensível na modalidade, já que esta é praticada – com exceção do goleiro – somente com os pés. (COHEN, 1997; RAYMUNDO et al., 2005; SILVA; SOUTO; OLIVEIRA, 2008). Dentre as lesões de membros inferiores, ao se analisar especificamente a região mais afetada, observou-se que das 66 lesões registradas, 60,5% delas incidiram na coxa, sendo que afetou em maior escala a região posterior, seguida pelas regiões anterior e adutor da mesma, conforme pode ser comparado no gráfico 2.

40

OMBRO OBLÍQUO INTERNO DO ABDOME LOMBAR REGIÃO COCCÍGEA PÚBIS GLÚTEOS TENSOR DA FÁSCIA LATA REGIÃO DO TRATO ILITIBIAL ADUTOR DE COXA POSTERIOR DE COXA ANTERIOR DE COXA JOELHO POSTERIOR DE PERNA ANTERIOR DE PERNA TORNOZELO

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Gráfico 2: Região mais afetada por lesões nos Clubes A e B. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Ao comparar o número total de lesões somente na coxa (n=40), temos como resultado que 52,5% das lesões que afetaram esse membro ocorreram na parte posterior, o que mostra a importância de intensificar na musculação o fortalecimento dessa região, a fim de minimizar esse risco. A parte anterior e adutora da coxa também possuem altos índices de risco, seguida pelo tornozelo e perna. Curiosamente o índice de lesionados no joelho foi pequeno, comparado á outros autores. Ristolainen et al. (2009) destaca que a região dos isquiotibiais é a que mais comumente é atingida por lesões em esportes caracterizados por corridas máximas, chutes e acelerações súbitas, como o futebol. Diversos estudos corroboram com os dados da amostra, como por exemplo, o artigo publicado pelo fisioterapeuta da Associação Portuguesa de Desportos, na revista “Superatletas” que mostra que em uma análise dos prontuários médicos de clubes de futebol profissional, ortopedistas constataram que a coxa é a região com maior predomínio de lesões, em torno de 35% do total, com 17,6% de lesões no tornozelo e 11,8% no joelho. (LERA, 2010). Não é somente no Brasil que os dados coincidem. Em um estudo realizado durante a Liga de futebol feminino e masculino da Suécia, foi registrado um total de 548 lesões nos clubes profissionais de futebol masculino, e deste total 41

124 se concentravam na coxa, 88 no joelho e 74 no tornozelo, e destacam ainda que da coxa, a maioria das lesões afetou os isquiotibiais. (HAGGLUND; WALDÉ; EKSTRAND, 2008). Estudo realizado em um dos clubes de futebol profissional mais conhecidos da Argentina, Gallo et al. (2006) constataram que 58% das lesões ocorreram na coxa, seguidos pela perna (12%) e joelho (8%). Merron et al. (2006) vai ainda mais longe e compara entre jogadores jovens e adultos os valores dos dados coletados durante 4 anos que foi feito nos campeonatos de futebol inglês, e mais uma vez as regiões mais acometidas foram o joelho (24%) e coxa (22%) para jogadores da equipe sênior e joelho (19%) e tornozelo (19%) para a equipe juvenil. No total de lesões ocorridas durante a Liga com todas as equipes, os valores percentuais divergiram do nosso estudo, pois ficou constatado que a região mais acometida de lesão foi o joelho (21%), seguido do tornozelo (16%) e coxa (16%). Ortopedistas da Finlândia, publicaram no Journal of Sports Science and Medicine, um artigo de pesquisa que buscou diferenças de gênero em atletas de 4 esportes diferentes – esquiadores cross-country, nadadores, corredores de provas de fundo e jogadores de futebol – mostra que não é só futebol que essas regiões são as mais afetadas, ou que estas ocorrem somente em homens, pois os dados mostram que a regiões mais afetadas em ordem de acometimento foram: tornozelo, joelho e coxa. (RISTOLAINEN et al., 2009). Mesmo com diferentes percentuais nos vários estudos analisados, pode- se constatar que as regiões que merecem uma maior atenção por parte dos preparadores físicos, são o joelho, tornozelo e em particular a coxa, que aparece com frequência nos mais altos índices de lesões em atletas dessa modalidade, principalmente quando relacionadas á região posterior desta. Santos (2010) explica que isso se deve ao fato de que no futebol é muito comum que os músculos posteriores da coxa ou seus tendões, sofram uma ruptura como resultado de uma lesão por contração forçada, o que pode acontecer, por exemplo, quando o atleta tenta dar uma arrancada (Sprint) em dias com temperaturas baixas ou ainda quando seus músculos estão endurecidos por causa de uma lesão prévia ou de uma fadiga por ter treinado no dia anterior. Em relação ao diagnóstico das lesões, a dor muscular é a que aparece com maior frequência, sendo que esta ocorrência curiosamente foi apenas relatada pelo clube B. Outras lesões mais graves como estiramentos e tendinite tiveram altos 42

índices de ocorrência como mostra o gráfico 3. Vale destacar ainda que todos os casos de entorse foram relatados pelo clube A.

DESLOCAMENTO LIGAMENTO PUBALGIA MIALGIA TRAUMA SINDROME DO IMPACTO EDEMA ARTICULAR LOMBALGIA CONTUSÃO ENTORSE CONTRATURA TENDINITE ESTIRAMENTO DOR MUSCULAR

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22

Gráfico 3: Lesões diagnosticadas nos clubes A e B. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

As lesões musculares – neste caso sendo contabilizados os estiramentos, contratura e dor muscular - são as que ocorrem com maior frequência (60,6%) seguida pelas tendinites (15,0%), entorses (6,0%) e as contusões (6,0%). O estudo de Gallo et al. (2006) confirmou na mesma proporção os dados obtidos no presente estudo. Das 391 lesões registradas no Club Atlético Boca Juniors da Argentina durante a temporada do ano 2000 ao ano 2001, obteve-se um total de 75,0% de lesões musculares do tipo contratura e tensão, seguidas pelas tendinites (7,7%), entorses (5,0%) e contusões (4,6%). Raymundo et al. (2005) forneceu nos dados do seu estudos valores de 47,0% de lesões musculares, seguidas por 25,0% de entorses, 13,0% tendinites e 13,0% de contusões. O único diferencial aqui é que o número de entorses se sobressaiu ao número de tendinites. Curiosamente Ristolainen et al. (2009) constatou que em 4 diferentes modalidades, incluindo o futebol, em uma comparação entre gênero, apontou que as 43

mulheres sofrem mais com lesões ligamentares, enquanto os homens têm maior propensão às lesões musculares. Possivelmente a dor muscular, aparece com maior frequência pelo excesso de treinos e jogos, o que leva o músculo á um cansaço natural. Cabe aqui o questionamento sobre a inexistência de relatos de casos de dores musculares no clube A e de entorses no clube B. As entorses são comuns em modalidades de alta performance como o futebol, onde há a ocorrência de movimentos bruscos a todo momento. As tendinites ocorrem através do excesso de repetições de um mesmo movimento, e é exatamente isso o que um atleta faz durante sua vida esportiva. Diversas repetições para alcançar um melhor nível de execução, treinos e jogos com movimentos de alta intensidade e curta duração, pouco tempo para descansar entre as sessões de treino e o extenso calendário de jogos são apontadas como as maiores causas de desgaste do atleta, o que leva á uma maior disposição ao acometimento das indesejáveis lesões. Sem contar ainda nas lesões por choque, muito comum no futebol já que esta é uma modalidade de invasão, o que resulta nas chamadas contusões, que são as lesões musculares por trauma direto. (COHEN et al., 1997; FREITAS, 2009; LERA, 2010; OLIVEIRA, FERMINO, CANCIGLERI, 2009;TORRES, 2004 apud SILVA, SOUTO, OLIVEIRA, 2008). No estudo realizado no América Futebol Clube de Minas Gerais, a explicação dada para a distensão ou estiramento muscular ser maior no grupo de atletas profissionais é devido à diminuição da flexibilidade muscular, a qual está relacionada com o aumento da idade, assim como pela alta intensidade da carga de treinamento ou mesmo por erros de condicionamento que não valorizam muito o trabalho de flexibilidade. (UFMG, 2005). Com base nas lesões referentes ao posicionamento dos jogadores em campo, ficou constatado que os que mais sofrem lesões são os atacantes, volantes e meias, conforme o gráfico 4. Este fato talvez seja explicado pela quantidade de faltas ocorridas nestes jogadores, já que são estes os atletas que chegam com maior frequência à área de gol do adversário.

44

6% 12% 29% Atacante Volante Meia 24% Zagueiro Lateral 29%

Gráfico 4: Distribuição das lesões segundo posicionamento em campo do clube A. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Ressalta-se aqui que os dados se referem apenas as lesões relatadas pelo Clube A. Nesse contexto, encontrou-se uma dificuldade de análise comparativa já que o clube B não fez o registro de posição do atleta lesionado. Neste quesito específico, conforme apontado pelo gráfico, não foi relatada durante o turno do campeonato brasileiro, nenhuma lesão nos goleiros do clube A. Barros e Guerra (2004, apud SILVA; SOUTO; OLIVEIRA, 2008) explicam que a baixa incidência de lesão entre os goleiros pode estar relacionada ao fato de que essa posição exige uma demanda fisiológica menor do que as outras posições, considerando também que os goleiros atingem uma longevidade na carreira profissional maior que outros atletas de outras posições. Os dados obtidos em relação ao alto índice de lesão nos jogadores de ataque, quando comparados aos de defesa, está de acordo com o estudo de Cohen et al. (1997). Porém ocorrem divergências quando comparados ao estudo divulgado pela UFMG (2005), pois este cita os goleiros como sendo o segundo jogador que mais sofre com o surgimento de lesões, ficando atrás somente dos atacantes. Outro estudo que divergiu nos dados foi o de Raymundo et al. (2005) que apresenta os jogadores que jogam na posição de laterais como sendo os segundos jogadores que mais se lesionam, sendo que tanto no presente estudo, quanto no estudo de Silva, Souto e Oliveira (2008) essas duas posições em campo – laterais e goleiros – são os que menos sofrem com a ocorrência deste dano. 45

Em relação ao ambiente que ocorre a lesão no futebol, pode haver variação quando relacionado á fase em que se encontra a preparação física (choque, transição, etc.), ao estilo do treinador e do preparador físico de realizar os treinos, ao período do ano em que se disputa o campeonato (início, meio ou final da temporada de jogos) e ainda a cultura do país, pois em algumas regiões o futebol é jogado com mais passe de bola, dribles e toques, e em outras o futebol é mais aguerrido, e os jogadores apresentam uma força física maior. A preparação física nos clubes da Europa, como exemplo, é feita mais com trabalho de bola e jogo e praticamente não têm musculação. São poucos os estudos que relacionam o ambiente de lesão e os dados obtidos no presente estudo apontaram um maior índice de lesões ocorridas em jogos do que em treinos:

41%

59% Jogo Treino

Gráfico 5: Ambiente da ocorrência da lesão do Clube A. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

O estudo de Merron et al (2006) durante um campeonato de futebol inglês apoiou os dados obtidos, já que apresentaram um número muito maior de lesões em jogos (média de 24 lesões por 1000 horas de jogo) do que em treinamento (média de 5 lesões por 1000 horas de treinamento). Porém os dados obtidos no gráfico 5 estão em contraste dos resultados de outros estudos, como os de Silva, Souto e Oliveira (2008) que foi realizado no Brasil e também com o de Hagglund, Waldén e 46

Ekstrand (2008) que foi realizado na Suécia em que ambos tiveram valores aproximados de 45,0% de lesões em jogos contra 55% em treinos. Na Argentina essa diferença foi ainda maior, Gallo et al. (2006) alcançou dados altíssimos em relação á lesões em treinamentos, foram 70,0% contra apenas 30% que ocorreram em jogos. Estima-se que os dados encontrados possam ter discordado da maioria dos estudos por ser uma amostra relativamente pequena, pois neste quesito somente o Clube A forneceu dados referentes ao ambiente de lesão, já que o Clube B não faz esse tipo de registro. Um quesito muito importante para avaliação da gravidade da lesão é o tempo de afastamento dos treinos e jogos que causa ao atleta. Conforme mencionado anteriormente, foi considerada a tabela proposta por Merron et al. (2006) que classifica as lesões em 3 graus de severidade distintos. Merron et al. (2006) divide as lesões em baixa (de 3 a 7 dias), moderada (de 8 a 28 dias) e severa (29 ou mais dias). As lesões que causaram menos de 3 dias de afastamento foram consideradas neste estudo como sendo lesões leves. Em relação ao tempo de afastamento contabilizados em dias, o gráfico 6 classifica separadamente os clubes A e B em relação ao nível de gravidade, mostrando a diferença percentual entre os clubes.

60% 55% 50% 45% 40% 35% 30% Clube A 25% Clube B 20% 15% 10% 5% 0% Leve Baixa Moderada Severa

Gráfico 6: Gravidade da Lesão a partir do tempo de afastamento dos Clubes A e B. Fonte: Elaboração da Autora, 2011.

47

Estudos comprovam que a maioria das lesões registradas são consideradas de grau leve á baixo, e o percentual diminui conforme o grau de severidade, ou seja, quanto maior o tempo de afastamento, menor o número de lesões, e esta afirmação coincide com os dados revelados no gráfico 6, pois ambos os clubes tiveram maiores índices de lesões com grau de afastamento baixo do que severo. (GALLO et al., 2006; HAGGLUND, WALDÉN, EKSTRAND, 2008; RAYMUNDO et al., 2005). É necessário ressaltar a diferença encontrada entre o nível da gravidade das lesões dos dois clubes, já que o clube A teve a maioria das lesões consideradas de baixa gravidade e não apresentou nenhuma lesão considerada leve, ou seja, que tenha deixado o atleta com menos de 3 dias de afastamento dos treinos. Em contrapartida, o clube B apresentou 58% de lesões leves, das quais inexistiram ao clube A. Questiona-se o porquê do clube A não ter registro de lesões leves, já que essas são classificadas pelo tempo de afastamento, pois o menor tempo de afastamento encontrado nos dados obtidos neste clube foi de 4 dias. Um dado interessante que talvez possa explicar este fato, é que houve uma grande diferença entre a média de afastamento dos dois clubes. O clube A teve uma média de 20 dias de afastamento do atleta, contra uma média de 4,3 dias do clube B, demonstrando que ambos possuem definições diferentes de recuperação de seus atletas. As lesões que causaram um maior tempo de afastamento do atleta ás atividades físicas, foram os estiramentos (média de 21 dias) e as entorses (média de 27 dias) e esses dados estão de acordo com os estudos de Gallo et al. (2006), Hagglund, Waldén e Ekstrand (2008) e Raymundo et al. (2005). Em relação ao número de lesões relatadas por cada um dos dois clubes a diferença percentual foi grande, conforme pode ser observado no gráfico 7.

48

26%

Clube A Clube B 74%

Gráfico 7: Número total de lesões nos Clubes A e B. Fonte: Elaboração da autora, 2011.

Nesse quesito, um ponto a ser levantado é que o clube A contava com um plantel maior do que o clube B durante o turno do campeonato, o que aumenta a probabilidade do surgimento de lesões. No entanto o critério de registro de lesões diferiu no que tange à dor muscular, pois o clube A não relatou em nenhum momento a dor muscular como sendo uma lesão, e esta foi justamente a lesão mais ocorrida no clube B, que relatou a dor muscular como sendo uma lesão com média de afastamento de apenas 1 dia. Talvez em decorrência desse fato, houve a grande diferença no número de lesões entre os dois clubes, pois se desconsiderarmos a dor muscular apresentada no clube B, ambos apresentariam números de lesões de 63,0% e 36,0% respectivamente. Outro dado importante a ser considerado neste gráfico é que o Clube A foi o clube de futebol que mais utilizou escalações diferentes no campeonato brasileiro, desde a primeira rodada até o prezado momento – 30 jogos. (GLOBO, 2011). Como a maioria das lesões relatadas neste estudo foi registrada no momento do jogo e não dos treinamentos, e segundo Cohen et al. (1997) a exposição aos riscos de lesão é maior a cada jogo, pode-se constatar que consequentemente um clube que quase não utilizou os mesmo jogadores como titulares, pode ter tido um menor número de lesões. 49

Cohen et al. (1997) contribui ainda afirmando em seu estudo, que em cada equipe de futebol pelo menos 11 jogadores titulares estavam mais sujeitos às lesões no decorrer das partidas, e esse fato pode explicar a diferença no número total de lesões entre os clubes. Esses dados atentam para a importância de estudos relacionados ao índice de lesão, com o objetivo de auxiliar os preparadores físicos na montagem dos programas de prevenção e reabilitação dos atletas de futebol.

50

5 CONCLUSÃO

Com o grande número de variáveis, os dados encontrados em estudos referentes às lesões no futebol podem ser bem diferentes. Fatores como clima, posição do jogador, condições do campo, lesões prévias e fase em que se encontra a competição, podem influenciar positiva ou negativamente a ocorrência de lesões. O futebol, uma modalidade altamente difundida em todos os cantos do planeta, é umas das modalidades que mais sofre com o alto índice de lesões, e este estudo ratificou essa afirmação, já que a média de lesões foi próximo á 1 por atleta. Lesões geram inúmeras implicações para o clube, como perda econômica e abalo do grupo de atletas quando o índice de lesionados é alto. Para o jogador uma lesão causa desmotivação, pois mesmo recuperada, a lesão pode influenciar a sua carreira para sempre. Após revisão literária, coleta e análise dos dados obtidos, estima-se que o alto número de lesionados justifica-se pelo extenso calendário de jogos, pois antes mesmo de terminar os campeonatos estudais, ocorre o início das rodadas do campeonato brasileiro, sem contar nas outras competições que ocorrem juntamente com o nacional, como a Copa Sul-americana e a Taça Libertadores da América. Assim, além do estresse físico dos jogos e treinamentos, o atleta possui pouco tempo de recuperação, e um novo estímulo na musculatura já fragilizada, pode aumentar o risco da ocorrência de lesões. Acrescentando ainda que o futebol é uma modalidade intensa aonde os participantes realizam movimentos bruscos de curta duração e sofrem com os choques diretos, aumentando ainda mais o risco de lesão. Sabendo que as lesões musculares aqui encontradas e confirmadas por outros estudos são as mais frequentes, nota-se a importância do trabalho de musculação para fortalecimento muscular. Em relação à coxa ser a região mais acometida por lesão, sugere-se uma maior atenção por parte do departamento médico para o seu fortalecimento e que o trabalho físico de força e resistência seja mais expressivo nessa região, sendo previamente planejados de acordo com o calendário de jogos, para que o treinamento resistido não prejudique o descanso que deve ser dado entre as sessões de treinos e jogos. 51

Recomenda-se que as medidas preventivas possam ser centradas na coxa, especialmente na parte posterior que foi a mais acometida de lesão, onde ficam os músculos isquiotibiais, com o propósito de reduzir o prejuízo que esse tipo de lesão oferece. Sendo a gravidade de uma lesão classificada pelo tempo de afastamento do atleta da rotina de jogos e treinos, observou-se que a grande maioria das lesões foi de maneira geral de grau leve, permitindo em sua grande maioria o retorno aos treinamentos em até uma semana. Com os dados obtidos em relação ao tempo de afastamento dos atletas analisados neste estudo, cabe o questionamento de não haver registro de lesões que causaram menos de 4 dias de afastamento de um jogador no clube A e assim de existir um maior número de lesões justo nos atletas do clube B, que foi o clube que teve a menor média de dias de afastamento dos atletas. Supõe-se que esse fato pode estar relacionado ao número de lesão ser maior em um clube no qual os atletas retornam mais rapidamente aos treinamentos e que consequentemente possuem uma recuperação incompleta, já que o clube A possuiu uma média de afastamento 4 vezes maior em dias, do que o clube B. Neste quesito é importante frisar que o retorno precoce do jogador lesionado aos treinos e jogos foi relatado em diversos estudos como sendo uma das grandes causas de lesões recorrentes. Na presente amostra, as lesões no ambiente de jogo foram as mais registradas, porém esse dado diverge da maioria dos estudos encontrados na literatura. Em relação à posição dos jogadores em campo, ficou constato que os atacantes, na maioria das vezes, são os atletas que mais se lesionam, porém com divergências nos resultados de outros estudos supõe-se que o período analisado, apenas um turno do Campeonato Brasileiro, foi relativamente pequeno, e acredita-se que as possibilidades de análise comparativa seriam maiores caso fossem registradas as posições dos atletas em ambos os clubes investigados, já que um dos clubes não faz esse tipo de registro. Sendo assim, sugere-se a realização de futuros estudos visando a prevenção, que envolvam e comparem o número de lesões e suas implicações em amostras de outras regiões do país, em outras divisões, em amostras de futebol 52

feminino e com durações distintas, para fornecer orientações para os profissionais de Educação Física que trabalham com esta modalidade. Não obstante, foi detectado quando da tabulação dos dados que o Clube B não fez o registro dos dados conforme orientação da pesquisadora e muito menos buscou esclarecimento de dúvidas. Isso acarretou em fichas com dados incompletos e/ou não registrados, fato que gerou uma limitação ao estudo em seu momento de análise. Coube à pesquisadora em acordo com o professor orientador a tomada de decisão de desconsiderar alguns dados ou mesmo realizar análises em apenas um Clube devido a esse fato.

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60

ANEXOS

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INSTRUMENTO DE PESQUISA

FICHA PARA LEVANTAMENTO DE LESÕES EM ATLETAS DE FUTEBOL

( ) Avaí Futebol Clube ( ) Figueirense Futebol Clube

POSIÇÃO DO ATLETA:

( ) goleiro ( ) zagueiro ( ) lateral ( ) meia/volante ( ) atacante

Tipo de lesão: ______

Localização da lesão: ______

Gravidade da lesão: ______

Gravidade da Lesão Tempo de Afastamento Grau 1 - Baixa 3 a 7 dias Grau 2 - Moderada 8 a 28 dias Grau 3 - Severa 29 ou mais dias Fonte: Merron et al. (2006).

Tempo de afastamento real (em dias): ______

Ambiente da lesão: ( ) treino ( ) jogo ( ) outro ______

Realizou trabalho de musculação para prevenir lesões: ( ) sim ( ) não